VIII ENCONTRO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA ECOLÓGICA 5 a 7 de agosto de 2009 Cuiabá - Mato Grosso - Brasil ECONOMIA ECOLÓGICA E TECNOLOGIA SOCIAL: UM EXEMPLO AGOSTINHO FERREIRA DA SILVA FILHO (Unb) - [email protected] ECONOMIA ECOLÓGICA E TECNOLOGIA SOCIAL: UM EXEMPLO Agostinho Ferreira da Silva Filho1 RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar a Tecnologia Social – Produção Agroecológica Integrada e Sustentável – PAIS como uma prática onde as visões da Economia Ecológica possam ser expressas. Para isto, conceituamos tecnologia e tecnologia social descrevemos detalhadamente o PAIS, contextualizamos a economia e a economia ecológica e descrevemos a atuação da Fundação Banco do Brasil como mola propulsora das tecnologias sociais. ABSTRAT The main objective of this article is to present the Social Technology known as Agro-ecological, Integrated, Sustainable Production (PAIS) in a way which the Ecological Economy can be envisioned. To achieve this one described technology and social technology, detailed PAIS, asserted economy and ecological economy concepts and described the works of Banco do Brasil Foundation (Fundação Banco do Brasil) as a driving spring of social technologies. Palavras-chave: Economia Ecológica, Tecnologia Social, Fundação Banco do Brasil. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. TECNOLOGIA E TECNOLOGIA SOCIAL 2.1. PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA INTEGRADA E SUSTENTÁVEL – PAIS. 3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ECONOMIA ECOLÓGICA 4. A FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL COMO MOLA PROPULSORA DAS TECNOLOGIAS SOCIAIS. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 1 Economista, Mestrando em Gestão Econômica do Meio Ambiente – Centro de Estudos em Economia, Meio Ambiente e Agricultura.- CEEMA – Unb. Assessor Técnico da Fundação Banco do Brasil. 1 1 - INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é caracterizar a atuação da Fundação Banco do Brasil - FBB na reaplicação de uma Tecnologia Social1 à luz da Economia Ecológica 2. Por entender que a disseminação das estratégias de atuação da FBB pode contribuir no fomento às reflexões acadêmicas na construção e fortalecimento do arcabouço teórico para as proposições da Economia Ecológica, pontuaremos a Tecnologia Social PAIS – Produção Agroecológica Integrada e Sustentável espelhando os destaques do processo que corroboram na construção de instrumentos socioeconômicos que expressem a filosofia da Economia Ecológica.3 O motivo da escolha do tema deveu-se a vontade de contribuir para a disseminação da atuação da FBB na Tecnologia Social – PAIS – Produção Agroecológica Integrada e Sustentável, bem como associar pontos de vistas acadêmicos da economia ecológica ao processo de produção proposto pela tecnologia em questão. Neste cenário, valorizam-se aspectos objetivos da tecnologia tais como: a contextualização histórica da estratégica dos investimentos sociais da FBB, a conceituação e aplicabilidade da tecnologia social, publicações produzidas pelos técnicos da Fundação Banco do Brasil e visitas às unidades do PAIS. 1 Tecnologia Social compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social. É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras. Este é conceito adotado pela Fundação Banco do Brasil. Em Lassanger Jr et all (2004) encontramos conceito complementar onde as tecnologias sociais representam um conjunto de técnicas e procedimentos, associados a formas de organização coletiva, que representam soluções para inclusão social e melhoria da qualidade de vida. As tecnologias sob análise são: O Programa de O Sistema PAIS – Produção Agroecológica Integrada e Sustentável - é uma Tecnologia Social de apoio à agricultura familiar. 2 Segundo Amazonas, a Economia Ecológica funda-se no princípio de que o funcionamento do sistema econômico, considerado nas escalas temporal e espacial mais amplas, deve ser compreendido tendo-se em vista as condições do mundo biofísico sobre o qual este se realiza, uma vez que é deste que derivam a energia e matérias-prima para o próprio funcionamento da economia. Uma vez que o processo econômico é um processo também físico, as relações físicas não podem deixar de fazer parte da análise do sistema econômico, o que a tornaria incompleta. AMAZONAS, M.C. O Que é Economia Ecológica. Disponível na Internet. http://www.ecoeco.org.br. 26/05/09. 3 Reconhecemos que Economia Ecológica é um embrião de um novo paradigma das ciências econômicas. Na atual conjuntura global vivemos momentos onde a forma hegemônica de ver o mundo não gera expectativas de sobrevivência com qualidade para a raça humana. Aprofundaremos esta questão. Contudo Romeiro (2003) admite a existência de duas correntes principais no debate acadêmico em economia do meio ambiente. Uma representada pela economia ambiental e considera que os recursos naturais não representam a longo prazo um limite à economia e outra a Economia Ecológica que vê o sistema econômico com um subsistema de um todo maior que o contém, impondo restrições absolutas à sua expansão. 2 Como referencial teórico foram utilizadas bibliografias especializadas em Economia, Economia do Meio Ambiente, Economia Ecológica, Economia do Conhecimento, Economia Solidária, Ciência e Tecnologia, Tecnologia Social, e outras áreas não explicitadas a priori.1 Diante do desafio, a metodologia utilizada é qualitativa-descritiva, baseada na revisão bibliográfica relacionada anteriormente. Como qualitativa e descritiva entende-se uma abordagem que norteie a interpretação de teorias que sirvam de suporte às proposições inseridas na tecnologia social associada à economia ecológica. 2 – TECNOLOGIA E TECNOLOGIA SOCIAL O conceito de tecnologia remete inexoravelmente às constatações científicas sendo, portanto, necessária a distinção simplificada entre ciência e tecnologia para atingirmos o propósito deste estudo. PRAIA & CACHAPUZ (2005) sugerem oportunamente que a atividade da ciência evolui, quase só, no sentido da abstração e da teoria, enquanto que a atividade tecnológica se desenvolveu, sobretudo no sentido da concretização de algo e de uma forte ação prática. Quadro 1. Diferenças entre Ciências e Tecnologia Foco Ciência Tecnologia Propósito Explicação Fabricação Interesse Objeto Natural Objeto Artificial Processo Analítico Sintético Procedimento Simplifica o fenômeno Aceita a complexidade da necessidade Resultado Conhecimento Objeto particular Generalizável Extraído de Praia & Cachapuz (2005) – “Foco” adaptação. 1 Dado o nível de abrangência da questão e da proposta da Economia Ecológica adotamos uma visão transdisciplinar na abordagem do tema. 3 Cabe complementar que alguns admitem a tecnologia como aplicação da ciência e outros como precedendo o processo científico. Nosso tratamento admite que ambas, ciência e tecnologia, são interativas num processo simbiótico, como propõe PRAIA & CACHAPUZ (2005). Isto aproxima a tecnologia sob análise à economia ecológica, uma vez que esta é centrada na visão sistêmica conforme ROMEIRO (2003). Posto isto, temos que Tecnologia Social1 - TS é um conjunto de instrumentos, técnicas e processos, de baixo custo, que podem ser utilizados em qualquer ponto do País, desde que haja a participação da comunidade, de fácil reaplicação e impacto comprovado. (CARTILHA DO PAIS). Para PENA & MELLO2 (2004) um bom exemplo de TS é o do soro caseiro: um pouco de sal, açúcar e água fervida podem evitar a desidratação tanto no Nordeste, no Sul ou no Sudeste brasileiro quanto na África ou na Ásia. A TS tem a capacitada de solucionar um grave problema social se aplicada em larga escala, o mesmo por ser tido do PAIS. Para facilitar a contextualização histórica alertamos que as expressões acerca da tecnologia evoluíram no decorrer das décadas de 1970 e 1980 (DANIGNO et al 2004) no sentido de caracterizar uma diferenciação da Tecnologia Convencional – TC, em função da percepção de que esta não tem conseguido resolver, podendo agravar, os problemas sociais e ambientais, vasto campo para reflexões da Economia Ecológica. Neste contexto surge, entre outras dezenas de nomeclaturas,2 a expressão Tecnologia Apropriada – TA que para Danigno et al (2004) significa um conjunto de técnicas de produção que utiliza de maneira ótima os recursos disponíveis de certa sociedade maximizando, assim, seu bem-estar, aproximando-se do conceito de TS adotado pela Fundação Banco do Brasil. Cabe destacar que a maior crítica feita à TA é formulada a partir de uma posição fundamentada nas idéias da neutralidade da ciência e do determinismo tecnológico3. 1 Conceito consagrado pela Fundação Banco do Brasil. Jacques Pena é presidente da FBB e Claiton Mello gerente de comunicação. 2 Ver Danigno et all (2004 p. 22). 3 O assunto exige maior profundidade no contexto acadêmico, nossa intenção aqui é apenas situar o tema no contexto da economia ecológica. 2 4 DANIGNO (2004) propõe simplificadamente como é ou como deveria ser a Tecnologia Social: Adaptada a pequeno tamanho físico e financeiro; Não discriminatória (patrão x empregado); Orientada para o mercado interno de massa; Libertadora do potencial e da criatividade do produtor; Capaz de viabilizar economicamente os empreendimentos autogestionários e as pequenas empresas. 2.1. PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA INTEGRADA E SUSTENTÁVEL – PAIS. O PAIS é uma iniciativa que representa uma alternativa de trabalho e renda para agricultores familiares. Mas pode ser usada por todo produtor que queira melhorar a qualidade da própria produção.1 No sentido de organizar a análise desta Tecnologia, cabe penetrar mais profundamente nas dimensões embutidas no próprio nome: A primeira dimensão é a agroecológica – a produção agrícola do PAIS evita qualquer prática de agressão aos recursos naturais e ao meio ambiente, o processo produto é sem agrotóxicos, sem queimadas, sem desmatamento. A segunda dimensão é a integração – o processo produtivo associa a criação de animais com a agricultura ou produção vegetal e utiliza insumos gerados na propriedade. A terceira dimensão é a sustentabilidade2 – expressa no modelo que tem na preservação da qualidade do solo e das fontes de água a razão de sua concepção, além de incentivar o associativismo dos produtores propõe práticas alternativas de comercialização dos produtos, permitindo boas colheitas no presente e no futuro. Os participantes do PAIS são prioritariamente os produtores rurais de baixa renda, os assentados da reforma agrária, os produtores de áreas remanescentes dos quilombos e os participantes de programas sociais do governo federal. 1 2 Conceito extraído da CARTILHA (2008) Não entramos no mérito do conceito, focamos apenas a descrição do projeto. 5 Figura 1 – Integração 2.1.1. A IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DO PAIS O primeiro passo é a escolha do terreno adequado às especificidades da área na qual será implantado. O local deve ser protegido contra ventos fortes, caso não haja uma proteção natural é recomendável a plantação de árvores locais de médio porte para suprir esta necessidade. É importante destacar que a implantação é preferencialmente realizada em forma de mutirão dos produtores locais. O terreno das hortas circulares e do galinheiro devem ser planos, ter presença de luz na maior parte do dia, área de 5.000 quadrados ou 0,5 hectare, espaço para expansão dos canteiros circulares, além dos três iniciais, fonte de água próxima, que tem de oferecer condições para encher a caixa d´água a fim de fazer funcionar por gravidade o sistema de irrigação por gotejamento. 6 Figura 2 - PAIS PAIS no sertão de Alagoas A próxima etapa de implantação do PAIS é a demarcação do galinheiro central e dos círculos de hortas. Os principais motivos para a adoção deste formato são: Concentra e integra, de forma eficiente, a produção animal e vegetal; Facilita o aproveitamento dos resíduos de ambas as atividades – os estercos do galinheiro são usados como adubo das hortas e as sobras dos plantios servem de alimento das aves; Torna simples o trabalho do agricultor no transporte de utensílios, adubos, mudas e etc, pois matem a mesma distância em relação ao ponto central do galinheiro; Permite ao produtor ter melhor visualização do sistema como um todo. Isto auxilia na tomada de decisão em relação às tarefas mais urgentes; Assegura o aproveitamento total da área dos canteiros pela inexistência de quinas e bordas, uniformizando a qualidade do produto. 7 No uso de energia elétrica para acionar a bomba que fará o enchimento da caixa d’água pode-se usar, alternativamente, a instalação de placas de energia solar. O sistema de irrigação por gotejamento economiza água e energia, além de propiciar aumento de produtividade. Na produção de adubos naturais usa-se o sistema de compostagem constituído pelo processo de transformação de materiais grosseiros, como palha e esterco, em materiais orgânicos utilizáveis na agricultura. Deste processo surgem outros adubos naturais como os biofertilizantes. Por fim, o PAIS prevê a constituição de um quintal ecológico1e incentiva o associativismo, além de viabilizar canais de comercialização por meio de contatos com as prefeituras, órgãos públicos federais e estaduais e o comércio local. No que diz respeito à viabilidade econômica o PAIS, requer um investimento2 médio de menos de R$ 4 mil para gerar 55 produtos na horta e 12 no quintal ecológico. A lucratividade mensal é de 60%3, já descontado o consumo familiar. Em algumas regiões a produção tem sido comercializada com as prefeituras que compra os produtos para utilização na merenda escolar servindo de base para um sociosistema mais harmônico pois, além de possibilitar alimentação saudável para as crianças a renda dos impostos é revertida diretamente para os empreendimentos da população de mais baixa renda. 3. A CONTEXTUALIZAÇÃO DA ECONOMIA ECOLÓGICA SILBERGER (1996) afirma que a economia estuda a maneira pela qual a sociedade distribui os recursos limitados para os insaciáveis apetites dos seres humanos. DOPFER (1976) declara que a economia sempre esteve em crise desde que rompeu com a filosofia social, em fins do século XVIII. Neste contexto o paradigma dominante da economia se 1 É uma área complementar destinada à produção de frutas, grãos e outras culturas com o objetivo de complementar a alimentação familiar e dos animais e melhorar a renda do produtor. 2 Todos os dados técnicos foram fornecidos pela Fundação Banco do Brasil. Este estudo abre uma nova frente para pesquisas sobre os resultados do PAIS. 3 Este número difere conforme a localidade, contudo é cabe ressaltar que o objetivo básico do PAIS é a garantia da segurança alimentar da família. Uma avaliação de impacto deve ocorrer nos próximos anos. 8 constitui na teoria neoclássica1 que tem como objetivo central a investigação das forças de “mercado”2, mas nos parece razoável dizer que, como toda ciência, a economia avança e busca novas formas de ver o processo de produção e consumo de bens e serviços e na sociedade. A economia ecológica se posiciona de forma intensa na construção deste novo paradigma para as ciências econômicas. A partir da década de 60 a escala da economia passou a originar impactos preocupantes sobre o meio ambiente (MULLER 2001) despertando algumas correntes do pensamento econômico que consideram mais explicitamente a questão ambiental, surge então a economia ambiental neoclássica. Para Muller, a economia ambiental neoclássica tem um viés de médio prazo e está bem adaptada ao exame de problemas ambientais das economias industrializadas, enquanto a economia da sobrevivência3 focaliza o longo prazo, preocupa-se principalmente com as crescentes ameaças à sanidade e a estabilidade do meio ambiente implícitas na tendência recente da evolução mundial. Para ROMEIRO (2003) no debate acadêmico em economia do meio ambiente, as opiniões se dividem em duas correntes principais de interpretação: A primeira corrente é representada pela chamada economia ambiental e considera que os recursos naturais não representam, a longo prazo, um limite absoluto à expansão da economia. A segunda corrente é representada pela economia ecológica, que vê o sistema econômico como um subsistema de um todo maior que o contém, impondo uma restrição absoluta à sua expansão, na literatura esta visão é referida através do conceito de sustentabilidade forte. CAVALCANTI (2003) destaca os pontos expoentes da economia ecológica: É multidisciplinar, transdisciplinar, interdisciplinar; A compreensão da economia está assentada em fundamentos biofísicos; Os sistemas interagem: ecossistema (sistema ecológico) e sociedade (sistema humano); A produção do ecossistema está em formação contínua de matéria e energia; 1 Versão moderna e mais estreita da teoria clássica acredita que o livre jogo das forças de mercado, em situação de livre competição, será capaz de promover a mais eficiente alocação dos recursos, a mais elevada produção, a mais justa distribuição de renda, o mais rápido progresso tecnológico e a mais apropriada utilização da natureza CAVALCANTI (2004). Obviamente o autor é um economista defensor da economia ecológica. 2 Institucionalmente, mercado é concebido como sendo composto por produtores ou consumidores que têm em seu comportamento o pressuposto da maximização de suas satisfações de forma racional (DOPFER 1976). Este tipo de comportamento nos remete à filosofia do utilitarismo. 3 Para o autor constitui-se em um ramo da economia ecológica 9 Compreendemos que a experiência do PAIS reflete em maior ou menor grau os pontos acima explicitados. No contexto PAIS e economia ecológica, encontramos um universo rico para pesquisas acadêmicas. É importante acrescentar que o PAIS também pode ser reconhecido como uma iniciativa da economia popular e solidária., pois segundo ARROYO & SCHUCH (2006) a economia solidária entende “economia” como um conjunto de atividades humanas sistêmicas que se relaciona com o desenvolvimento e a organização da sociedade para atender o conjunto das demandas humanas individuais e coletivas, envolvendo produção, transformação, comercialização e consumo de produtos primários, ou até idéias, artes e confissões religiosas. Perfeitamente aderente à economia ecológica. 4. A FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL COMO MOLA PROPULSORA DAS TECNOLOGIAS SOCIAIS. Fundada em 1988 atuando com projetos do Financiamento à Pesquisa Científica (FIPEC) e do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FUNDEC), a Fundação Banco do Brasil nasce com um traço marcante no apoio a ciência e tecnologia. Em 2001 foi instituído o programa Banco de Tecnologias Sociais com o objetivo de tornar conhecidas experiências de tecnologias sociais desenvolvidas por outras instituições. Assim, segundo PENA &MELLO (2004) o Banco de Tecnologia Social é a forma pela qual a FBB dissemina soluções geradoras de transformação social, considerando tecnologia social (TS) todo processo, método ou instrumento capaz de solucionar algum tipo de problema social e que atenda aos quesitos de simplicidade, baixo custo, fácil reaplicabilidade e impacto social comprovado. E bom destacar que o site www.tecnologiassociais.com.br armazena todas as tecnologias certificadas pelo Banco de Tecnologias Sociais. Em 2001 a FBB estrategicamente institui o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, foram mobilizadas Universidades, ONG, governos estaduais, prefeituras, fundações e institutos do todo o país, o que possibilitou um cadastro de soluções inovadoras pra os problemas sociais em áreas diversificadas: o Banco de Tecnologia Sociais. Esta iniciativa reafirma a diretriz de disseminação de conhecimento e experiências geradoras de 10 transformação social e a coloca, objetivamente, a FBB perseguindo sua missão de mobilizar, articular, desenvolver e gerir ações sustentáveis de inclusão e transformação social, contribuindo para a promoção da cidadania. Certificada em 2007, o PAIS foi incluído no programa de geração de trabalho e renda da Fundação em parceria como o SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas empresas, o Ministério da Integração Social e outras entidades. Hoje são 3600 unidades implantadas, com uma meta de expansão para 5000 até dezembro de 20091. Estes números evidenciam a Fundação Banco do Brasil como uma verdadeira mola propulsora mola propulsora para a tecnologia social do PAIS. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS CAPRA (1996) inicia o livro intitulado “A teia da Vida” alertando que a obra é uma nova compreensão científica da vida em todos os níveis dos sistemas vivos – organismos, sistemas sociais e ecossistemas. ALLIER (1996) afirma que a economia ecológica começa ridicularizando grande parte do instrumental da economia ortodoxa. Profundo demais. Este rápido estudo não se destinou a apresentar nenhum paradigma como alternativo para equacionar os problemas econômicos da humanidade ou as percepções dos economistas a respeito da questão, mas colocar a tecnologia social – PAIS como um exemplo prático para os firmamentos teóricos da economia ecológica e, por conseguinte, do desenvolvimento sustentável. Objetivamente encontramos vários elementos da teoria da economia ecológica na aplicação da tecnologia social - PAIS visto no decorrer do estudo, tais como visão sistêmica do processo produtivo e profundo respeito no uso dos recursos naturais. Não obstante, acreditamos que a TS apresentada é uma grande contribuição como instrumento socioeconômico para o desenvolvimento sustentável do País, podendo ser alvo de novas pesquisas. 1 Apenas com o apoio da Fundação. Outras entidades estão apoiando esta tecnologia. 11 Por fim, o grande desafio da Fundação Banco do Brasil é criar as condições para que as experiências de Tecnologias Sociais identificados e certificadas sejam transformadas em políticas públicas. Este é o caminho do PAIS. 12 BIBLIOGRAFIA ALIER, Juan Martínez –Economia e ecologia -questões fundamentais AMAZONAS, M.C. O Que é http://www.ecoeco.org.br. 26/05/09 Economia Ecológica. Disponível na Internet. 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Julho (2007) MULLER, Charles C. - Manual de Economia do Meio Ambiente – Departamento de Economia – Núcleo de Estudos e Políticas de Desenvolvimento Agrícola e de Meio Ambiente Unb (2001). PENA, Jacques de Oliveira e MELLO, Claiton José. Tecnologia Social: a experiência da Fundação Banco do Brasil na disseminação e reaplicação de soluções sociais efetivas. (2004) PRAIA, João; CACHAPUZ Antonio: Ciência,Tecnologia e Sociedade - Um compromisso ético. Revista Iberoamericana de Ciência Tecnologia e Sociedade – Dezembro/volume 2 pag. 172 a 194/2005 ROMEIRO, Economia ou economia política da sustentabilidade (2003) SILBERGER, Steven – MBA em 10 lições – Editora Campus 5a. edição (1996). 14