História 1º Ano O Escravismo na Antiguidade Clássica Grécia.pd

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O Ofício da História
Prof. Ubiratã F. Freitas
Aula 03
História 1º Ano Ensino Médio
O Escravismo na Antiguidade Clássica: Grécia
A expressão Antiguidade Clássica faz referência ao grande significado atribuído à civilização grecoromana, cuja importância histórica foi resgatada no contexto do Renascimento durante os séculos XV e XVI
pelos humanistas. Para eles os valores culturais greco-latinos, considerados de alta qualidade, portanto
clássicos (expressão origem latina associada àquilo que é considerado excelente), estavam na gênese
histórica do mundo ocidental. A história da Grécia Antiga pode ser dividida em vários períodos que tiveram
características específicas. Observe a linha do tempo no qual estes vários períodos são representados.
2000 a.C.
1200 a.C.
Período
Período
Creto-Micênico
Homérico
Estendeu-se do ano
2000 a 1200 a.C.
tendo como um dos
seus símbolos o
Palácio de Cnossos.
800 a.C.
Período
Arcaico
É marcado pelo
seguimento dos
genos, grupos
familiares que
viviam em aldeias
camponesas com
maior autonomia.
500 a.C.
Caracterizado pelo
surgimento das
polis (CidadesEstados) que
diferentemente das
cidades atuais,
tinham total
autonomia política.
Esse período foi
marcado também
pela expansão
grega no
Mediterrâneo e
colonização de
várias regiões.
338 a.C.
Período
Clássico
Consolidaram-se
os conceitos de
cidadania e
democracia em
diversas cidadesEstados gregas.
Esse período foi
marcado também
pelas guerras
entre gregos e
persas e, no
século V a.C.
entre 431 e 404
a.C.
145 a.C.
Período
Helenístico
Mascado pelo
domínio da
Macedônia
(pequeno reino
localizado ao Norte
da Grécia) sobre o
mundo grego e pela
formação da
cultura helenística,
resultante da fusão
de elementos da
cultura grega com
as culturas
orientais, iniciou-se
em 338 a.C. e
estendeu-se até a
dominação romana
(145 a.C.).
O mundo grego transcendeu os limites geográficos da Grécia na atualidade. Aliás, o próprio conceito
de ‘grego’ na Antiguidade era bastante diferente do que é corrente nos dias de hoje. De acordo com o senso
comum, acredita-se que a Grécia Antiga era um ‘país’, assim como os que existissem na atualidade. Porém,
esse conceito seria estranho no mundo grego da Antiguidade. Afinal, eram considerados gregos aqueles que
se identificavam como tal, isto é, falavam a mesma língua, tinham tradições comuns, acreditavam ter uma
ascendência também comum, cultuavam os mesmos deuses, embora cada pólis tivesse o seu próprio deus da
cidade (ou deusa) protetor, e tinham, portanto, uma identidade cultural específica.
No final do Período Arcaico (do século VIII a.C. ao século a.C.) que, em diversos momentos e em
várias regiões da Grécia (Continental, Peninsular e Insular), surgiram e se multiplicaram as pólis.
Diferentemente das cidades contemporâneas, a pólis era autônoma, isso é, gozava de uma total
independência, tendo suas próprias leis, moeda, força militar, organização política e deuses protetores.
O conceito do que era ser grego na Antiguidade ganhou maior complexidade com a expansão
colonial, uma vez que, a partir desse momento, eles passaram a se autodenominar helenos, isto é, habitantes
da Hélade, ou seja, do mundo grego. Assim, onde houvesse gregos, lá estava a Grécia, presente, portanto,
nas várias colônias fundadas tanto no litoral do Mar Negro quanto no sul da Itália (Magna Grécia) ou litoral
sul da atual França.
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A expansão colonial provocou inúmeras transformações no mundo grego, dentre as quais se
destacam:
 Uma intensa relação comercial entre as colônias fundadas e as “cidades-Estados”;
 A produção de excedentes, tanto na agricultura quanto na indústria artesanal, destinados a
exportação;
 O surgimento de um novo grupo social formado por comerciantes enriquecidos que passaram a
rivalizar com os amigos eupátridas, isto é, os ‘bem-nascidos’, tradicionais proprietários das
melhores terras e que, no período anterior (Homérico), haviam dominado a vida política que se
organizava em torno dos genos (grande família grega);
 Desenvolvimento de uma economia crescente monetária, com a utilização inicialmente de
moedas de cobre, mais tarde, de prata (a unidade monetária era chamada de dracma);
 Difusão da cultura grega e da visão de mundo dos antigos helenos, fortalecendo sua identidade
cultural e definindo com mais clareza, tanto para eles próprios quanto para os outros, o
significado do ideal da Paideia, expressão utilizada para designar a formação integral do homem,
tanto no plano físico quanto no plano intelectual;
 Expansão da vida urbana em função do crescimento do artesanato e da atividade comercial;
 Início de uma série de reformas em função das pressões dos grupos sociais emergentes que
exigiam maior participação política, no limite, em muitas das pólis essas reivindicações
contribuíram para o aparecimento de regimes políticos nos quais todo o demos, isto é, o povo
participava;
 Surgimento, no final do período, da democracia em algumas pólis, com destaque para Atenas,
que se tornou o modelo clássico da demokratia.
O mundo do trabalho e a escravidão
Foi também no contexto da expansão colonial, mais precisamente a partir do Período Clássico
(século V e IV a.C.), que a escravidão – existente anteriormente em pequena escala – tornou-se a forma de
trabalho hegemônica no mundo grego, embora a mão de obra livre, sobretudo na agricultura, continuasse a
ter um peso expressivo na economia.
É interessante observar também que, a partir dessa época, muitas atividades produtivas, sobretudo
aquelas nas quais se exigia grande esforço físico, passaram a ser vistas como desprezíveis pelos homens
livres. Estes, cada vez mais, cultuavam a ociosidade, percebida como “irmã da liberdade”. O filósofo Platão,
no século VI a.C., afirmava que “é próprio de um home m bem nascido desprezar o trabalho”, enquanto seu
discípulo, Aristóteles, refletindo o pensamento dominante entre os homens livres, sugeria que “o privilégio
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do homem livre não é a liberdade, mas a ociosidade, que tem por complemento o trabalho forçado dos
outros, isto é, a escravatura”.
Em muitas pólis, sobretudo aquelas nas quais a indústria artesanal e a atividade comercial eram
muito expressivas, a população escrava chegou a ser maior que a população livre. No século V a.C.,
estudiosos apontam um total de 140 mil escravos em Atenas, numa população de 250 mil habitantes.
Considere ainda que até mesmo o Estado possuía escravos que trabalhavam nas obras públicas em
diversos ofícios como: segurança, limpeza de ruas, construções de obras, extração mineral, etc. também
outra origem da escravatura era o não pagamento de dívidas ao estado e grandes proprietários comerciais.
Durante o Período Clássico, a escravidão tornou-se uma importante fonte de renda para investidores
que adquiriam escravos e os alugavam para particulares ou até mesmo para o Estado, auferindo com essa
atividade grandes lucros. Nesse período (Clássico) que a organização da produção com base no trabalho
escravo atingiu seu momento máximo. Este período coincidiu com uma série de guerras entre gregos e
persas que se estenderam do ano 500 a.C. ao 479 a.C.. Nas origens dessa série de conflitos encontram-se o
choque entre a expansão grega na Ásia Menor, na qual diversas colônias haviam sido fundadas (Bizâncio,
Mileto, Êfeso, etc.) e as pretensões do Império Persas sobre a mesma região.
As vitórias sobre os persas garantiu a autonomia das pólis, reforçou a identidade cultural helênica,
garantiu um aumento do número de escravos na economia grega. Ao mesmo tempo, a disseminação da
escravidão provocou significativas mudanças no interior das sociedades das diversas pólis, além de
enriquecer algumas delas, sobre tudo Atenas que, a partir de então, se impôs no mundo grego.
A hegemonia ateniense foi reforçada com a criação da Liga de Delos, um conjunto de pólis que
haviam se unidos contra os persas e que, após o conflito, continuaram contribuindo com recursos financeiros
que eram administrados por Atenas.
Nesse contexto, acentuaram-se as rivalidades entre as pólis, e algumas delas, com governos
oligárquicos, formaram a Liga do Peloponeso, sob a liderança de Esparta, com o claro objetivo de se
contrapor à influência ateniense. Assim o precário equilíbrio que havia entre as cidades se rompeu e, entre
431 a.C e 404 a.C., o mundo grego mergulhou na Guerra do Peloponeso, vencida pelo conjunto de cidades
liderado por esparta.
Durante o período Helenístico, que se estendeu do século IV a.C. até o século II a.C., o mundo grego,
fragilizado por guerras e pelos conflitos sociais internos nas pólis que comprometeram a economia, acabou
sendo dominado por um novo poder político e militar emergente: a Macedônia, reino que ficava ao norte da
Grécia. Embora falassem uma língua semelhante ao grego e acreditassem que tinham ancestrais comuns, os
macedônios, sob a liderança do rei Felipe II, dominaram, em 338 a.C., as cidades gregas, que perderam sua
tradicional autonomia.
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Com a ascensão de Alexandre, filho de Felipe II, iniciou-se a formação de um vasto império, que
incorporou territórios até então pertencentes aos persas, inimigos comuns de gregos e macedônios. As
conquistas de Alexandre foram muito rápidas. Formou um dos maiores impérios da Antiguidade, porém com
curta duração e que, após a sua morte, terminou se fragmentando.
No século II a.C. o mundo grego e a Macedônia foram incorporados a um novo império político e
militar que surgia e se firmou no Mediterrâneo: Roma.
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