cultura do gladíolo

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CONTEÚDO
1. Introdução ................................................................................
4
2. Fisiologia da planta ..................................................................
5
2.1. Fenologia/ciclo .................................................................
5
2.2. Propagação .....................................................................
6
2.3. Condições de temperatura ..............................................
8
2.4. Luz ...................................................................................
9
3. Implantação da cultura ............................................................
9
3.1. Solos ................................................................................
9
3.2. Preparo do solo e espaçamento de plantio .....................
9
3.3. Adubação ........................................................................
12
3.4. Escolha da variedade ......................................................
12
4. Tratos culturais ........................................................................
14
4.1. Capinas ...........................................................................
14
4.2. Irrigação ...........................................................................
14
4.3. Tutoramento ....................................................................
15
4.4. Amontoa ..........................................................................
16
5. Controle Fitossanitário .............................................................
16
5.1. Doenças ..........................................................................
16
5.1.1. Podridão Fusariana ou Murcha de Fusarium ........
17
5.1.2. Podridão de Botritis ou Mofo-Cinza .......................
18
5.1.3. Ferrugem ...............................................................
19
5.1.4. Podridão de Curvulária ..........................................
20
5.1.5. Viroses ...................................................................
20
5.1.6. Medidas de Prevenção .........................................
21
5.2. Pragas .............................................................................
22
5.2.1. Trips .......................................................................
22
5.2.2. Pulgões ..................................................................
23
5.2.3. Nematóides ...........................................................
23
5.2.4. Lagartas ................................................................
23
6. Colheita, Tratamento, Embalagem e Transporte ....................
24
7. Pulsing (Tratamento Pós-Colheita) .........................................
26
8. Armazenamento das Flores ....................................................
26
9. Colheita dos Bulbos .................................................................
27
10. Armazenamento dos bulbos e Quebra de Dormência ..........
28
11. Considerações Finais ............................................................
29
12. Referências Bibliográficas .....................................................
30
CULTURA DO GLADÍOLO
1
Patrícia Duarte de Oliveira Paiva
Fernanda Cristiane Simões 2
Fernanda Aparecida Vieira 2
Mirian Gilbert Fuini 2
Renato Paiva3
I INTRODUÇÃO
O gladíolo, também conhecido como Palma ou Palma-deSanta-Rita, é uma planta bulbosa originária da África.
É uma flor de corte muito comum dentre as plantas
ornamentais, tradicionalmente utilizada para ornamentação de
túmulos no dia de Finados. Também é usada para decoração dos
mais diversos ambientes, em ocasiões especiais, como as datas
festivas, casamentos, formaturas, etc.
O gladíolo é uma cultura de grande importância, devido a
seu ciclo curto, fácil condução, baixo custo de implantação e
rápido retorno financeiro, fatores esses que permitem o seu
cultivo em pequenas áreas, além da possibilidade da produção
comercial de bulbos para o mercado interno e exportação.
1. Professora Adjunta, Departamento de Agricultura, Universidade Federal de
Lavras (UFLA) C.P. 37, CEP 37.200, Lavras--MG
2. Engenheira Agrônoma, UFLA
3. Professor Adjunto, Departamento de Biologia, UFLA.
2 FISIOLOGIA DA PLANTA
2.1. Fenologia/ciclo
As variedades de gladíolo podem ser de ciclo curto, médio
e longo, com a floração ocorrendo entre 65 até 120 dias após o
plantio.
De modo geral, o desenvolvimento do gladíolo ocorre da
seguinte forma:
a) 1-3 semanas após o plantio: surgimento de raízes e início de
emissão das folhas;
b) 4-6 semanas após o plantio: desenvolvimento vegetativo;
c) 7-10 semanas após o plantio: lançamento de espiga floral e
abertura das flores;
d) 11-18 semanas após o plantio: senescência das folhas,
formação de novo bulbo e bulbilhos.
Figura 1. – Desenvolvimento dos bulbos de gladíolo. (Adaptado de
Tanaka, sd).
2.2 Propagação
O gladíolo é propagado vegetativamente através de
bulbos e bulbilhos. A propagação através dos bulbos destina-se à
produção de flores de corte e os bulbilhos são cultivados para a
produção de novos bulbos.
O gladíolo apresenta diferentes tamanhos de bulbos
e o tamanho da inflorescência está diretamente relacionado às
dimensões do bulbo, ou seja, bulbos de maiores tamanhos
produzem inflorescências com maior comprimento de haste.
Comercialmente os bulbos são classificados em pequenos,
médios, grandes e bulbilhos. Para a produção comercial de flores
somente são utilizados os bulbos médios e grandes. Os bulbos
médios são divididos por tamanho de perímetro: bulbos “10-12” e
“12-14” apresentam respectivamente 10 a 12 cm e 12 a 14 cm de
perímetro. Os
bulbos grandes são encontrados nos tamanhos
14-16 e 16-18, valores esses também correspondentes às
medidas de perímetro.
Os bulbos pequenos assim como os bulbilhos são
cultivados apenas para a produção de novos bulbos. A cada ciclo
de produção, bulbos de maior tamanho são produzidos, isto é,
quando se planta bulbilhos, estes produzem bulbos pequenos; os
bulbos pequenos produzem bulbos de tamanho médio, além de
novos bulbilhos, e os bulbos médios produzem bulbos grandes e
diversos bulbilhos.
C
Figura 2. – Classificação dos bulbos de gladíolo: A – em
formação; B – bulbo “velho”; C – bulbilhos em formação; D –
bulbo grande; E – bulbo médio; F – bulbilho.
2.3 Condições de temperatura
A temperatura ótima para cultivo de gladíolo situa-se entre
20-25oC, mas eles desenvolvem-se bem também quando
cultivados na faixa de 15-30oC.
As
plantas
são
bastante
sensíveis
a
geadas
ou
temperaturas muito baixas pois, além de provocar queimaduras
nas folhas, atrasam a produção de flores. Em regiões sujeitas a
geadas, não se recomenda o cultivo durante o inverno. A
utilização de cobertura plástica pode amenizar o problema.
2.4 Luz
O gladíolo é cultivado a pleno sol, mas produz bem em
estufas e casas-de-vegetação, especialmente em regiões de
temperatura
mais
amena.
Em
dias
longos
(verão),
seu
crescimento e desenvolvimento ocorrem com maior rapidez e
intensidade.
3 IMPLANTAÇÃO DA CULTURA
3.1 Solos
O gladíolo é uma planta bastante rústica e se adapta bem
a diferentes tipos de solos, com restrição apenas para os mal
drenados e sujeitos a encharcamento.
3.2 Preparo do solo e espaçamento de plantio
O preparo do solo para plantio do gladíolo deve ser
constituído de aração seguida de gradagem para destorroamento
do terreno. Em solos muito infestados com plantas daninhas,
recomenda-se a aplicação de herbicidas. O plantio dos bulbos é
feito em sulcos que devem ser abertos com profundidade média
de 15 cm e espaçados entre si entre 60-70 cm. Em cada sulco
são dispostas duas linhas de plantio, proporcionando um
espaçamento final de 15 cm entre as linhas, no sistema chamado
de “Linhas duplas”. O espaçamento entre bulbos numa linha é de
7-10 cm, sendo recomendado o plantio na forma de “um bulbo
sim,
outro
não”.
A
utilização
de
réguas
graduadas,
confeccionadas a partir de ripas de madeira ou bambus com
marcas para colocação dos bulbos, auxiliam no plantio e locação
dos bulbos na linha.
3.3 Adubação
Para a recomendação de adubação, que deve ser feita por
um engenheiro agrônomo, é fundamental realizar previamente
uma análise do solo.
Antes do plantio do gladíolo, recomenda-se que seja
incorporado ao solo:
-
Calcário (conforme a necessidade determinada na
análise de solo);
-
Esterco (20 litros / m2 de esterco de curral bem curtido);
-
NPK (conforme a análise de solo);
-
Boro: 0,4 a 1,0 kg/ha
A adubação de cobertura deve ser realizada aos 30 e 50
dias após o plantio, aplicando 10-30g de sulfato de amônia/m2,
visando a um bom desenvolvimento da parte aérea, flores e
bulbos.
3.4 Escolha da variedade
A variedade a ser plantada deve ser escolhida conforme
cor, ciclo vegetativo e demanda de mercado. Por exemplo, no
Natal, a cor vermelha deve ser preferida; no Ano Novo, branca e
amarela, e para o dia de Finados, todas as cores são
comercializadas, com destaque para as flores brancas, as quais
são também mais consumidas ao longo de todo o ano.
Comercialmente, as variedades mais plantadas são as que
apresentam ciclos curtos e médios.
4 TRATOS CULTURAIS
4.1 Capinas
As capinas devem ser feitas sempre que necessárias. É
importante que a cultura seja mantida livre da concorrência com
plantas invasoras. No caso de produção de bulbos, a cultura
deve ser mantida sem plantas daninhas até o fim do ciclo.
A eliminação das plantas daninhas pode ser manual,
quando em pequenas áreas onde se utilizam enxadas, enxadetas
e até o próprio arranquio com as mãos entre as plantas; ou
químico, através do uso de herbicidas seletivos, de acordo com a
planta daninha infestante. Alguns produtos recomendados e
seletivos
para
o gladíolo são:
Karmex
(Diuron),
Surflan
(Pendimethalin), Sethoxydin (Poast) e Fusilad (Fluazifop).
Tabela 1. - Variedades de gladíolo recomendadas para cultivo
comercial, segundo o ciclo médio de florescimento. UFLA,
Lavras/MG, 1999.
Cor das flores
Vermelha
Rosa
Laranja
Lilás
Branca
Amarela
Salmão
Variedades
Ciclo Curto
(60-65 dias) *
Red Beaty
Life flame
Carmem
Cordula
Friendship
Wild rose
Peter Pears
White friendship
White goddess
Ciclo Médio
(75-85 dias)*
Ardent
Eurovision
Traderhoen
Fidelio
Her Majesty
Snow princess
Nova lux
Gold field
Jester
Jester gold
Spice span
Jenny Lee
* Período entre o plantio e o florescimento
Ciclo longo
(100-120
dias)*
San souci
New europe
Aristocrat
4.2 Irrigação
O
gladíolo
necessita
ser
irrigado
freqüentemente,
mantendo o solo sempre úmido. Deficiência no fornecimento de
água prejudica o desenvolvimento vegetativo e florescimento,
formando inflorescências com comprimento reduzido. Irrigações
freqüentes em condições de temperatura adequada podem
proporcionar precocidade à produção de flores.
A falta de água pode provocar queima na ponta das
espigas e apressar o ciclo, enquanto que o excesso pode causar
retardamento do ciclo e até apodrecimento dos bulbos.
Durante o desenvolvimento e floração, o gladíolo necessita
de um bom teor de umidade. Por meio de irrigações mais
freqüentes, é possível conseguir produções mais precoces.
4.3 Tutoramento
É uma das práticas mais importantes na cultura do
gladíolo,
cujas
plantas
apresentam
grande
tendência
de
tombamento, ocorrendo, em conseqüência, o desenvolvimento de
inflorescências com haste deformada, sem valor comercial.
Através do tutoramento, é possível manter as plantas com
crescimento vertical, com produção de flores em hastes eretas.
Para o tutoramento, utilizam-se ripas de madeira ou bambu e fitas
plásticas ou fitilhos. Barbantes não são recomendados, pois
rompem-se com facilidade. Arames também não são utilizados
pela dificuldade de se trabalhar com esses materiais. O sistema
de tutoramento deve ser implantado logo no início da cultura, ou
seja, de 15 a 20 dias após o plantio. O primeiro fio é instalado a
30 cm do solo, sendo ainda colocadas mais 2 a 3 fiadas, de
acordo com o crescimento da planta, também espaçados de 30
cm.
Figura 4. Esquema de tutoramento das plantas de gladíolo.
UFLA, Lavras/MG, 1999.
4.4 Amontoa
Consiste em “chegar terra” nas plantas para proporcionar
cobertura dos bulbos que por ventura estejam aparentes, além de
auxiliar na sustentação das plantas.
5 CONTROLE FITOSSANITÁRIO
5.1 Doenças
Entre as doenças do gladíolo, as que mais se destacam
são as podridões que afetam os bulbos, podendo sua infecção
ocorrer no campo e a doença se manifestar com maior
intensidade
durante
o
armazenamento
ou
no
plantio
subseqüente.
5.1.1 Podridão
Fusarium
Fusariana
ou
ou
Murcha
Fusariose
de
(Fusarium
oxysporium f. gladioli)
É a mais séria doença do gladíolo, pela intensidade e
severidade com que afeta a cultura e dificuldade de controle.
O ataque na parte aérea é caracterizado pela seca das
folhas. Essa seca inicia-se no ápice foliar e desenvolve-se em
direção à base. podendo atingir também as flores, ocorrendo
manchas de cor palha (seca) nas pétalas. As inflorescências
podem ainda apresentar deformação, com abertura desuniforme
(falhas) de flores.
O fungo pode ocorrer de forma latente (inativo) nos bulbos
e
assim
permanecer
por
meses,
suportando
inclusive
armazenamento em baixa temperatura. Quando a doença se
manifesta nos bulbos, os sintomas são identificados pela
presença de manchas de tamanhos variados, coloração escura e
deprimidas, caracterizando uma podridão seca. Nos bulbos
infectados armazenados podem ocorrer evolução de tal maneira
que ocorre desintegração total do material.
O
controle
dessa
doença
deve
ser
principalmente
preventivo; o plantio não deve ser feito em solos onde as plantas
anteriormente cultivadas já tenham apresentado a doença, pois
esse fungo permanece latente nos solo.
Os bulbos, após serem colhidos e antes de serem
plantados, devem ser tratados através de imersão em solução de
fungicida.
Os produtos recomendados para tratamento de bulbos
são:
- Benlate (Benomyl): 200g + Captan (Captan) 500g/
100litros de água, 15-20 min.
- Sportak (Prochloraz): 40 g / 100 litros de água, 15-20 min.
- Tecto (Thiabendazole): 170 g / 100 litros de água, 15-20
min.
Ocorrida a doença, o controle nem sempre é eficiente, mas
pode-se aplicar Thiabendazole (170-350g/100 litros de água) no
início de incidência. Recomenda-se, ainda, a eliminação e
queima das plantas infectadas.
5.1.2 Podridão de Botritis ou Mofo-Cinza –
(Botrytis gladiolorum )
A infecção deste fungo nas folhas e haste provoca
manchas de coloração parda que, com o tempo, tornam-se
secas. Os botões e pétalas ficam recobertos por uma massa
pulverulenta cinza. As flores apodrecem e não abrem.
Nos bulbos pode ocorrer podridão-mole ou seca, variando
de acordo com as condições de armazenamento. São formadas
manchas de coloração palha. Pode ocorrer ainda desintegração
total do bulbo devido à podridão-mole de coloração marromescura.
O controle preventivo é feito através de tratamento de
bulbos. Quando se realiza tratamento químico objetivando o
controle de Fusarium, (prática obrigatória na cultura do gladíolo),
também se previne a incidência de Botritis. Em culturas
infectadas recomenda-se a pulverização com produtos à base de
Captan, Clorotalonil, Mancozeb.
5.1.3 Ferrugem (Uromyces transversalis)
A ferrugem é caracterizada pela formação de pústulas de
coloração amarela, as quais infectam as folhas, pedúnculo floral e
sépalas. As inflorescências produzidas em plantas infectadas são
de qualidade inferior.
O controle deve ser feito pela aplicação de fungicidas
como Dithane e Clorotalonil. As plantas doentes devem ser
eliminadas e queimadas.
5.1.4 Podridão de Curvulária (Curvularia lunata )
Nas hastes e folhas ocorre a formação de manchas ovais
escuras. Em infecção intensa, ocorre amarelecimento e seca
prematura da planta, não havendo abertura floral.
A infecção nos bulbos é mais severa onde ocorrem lesões
escuras e deprimidas. A ocorrência de temperatura e umidade
elevadas favorecem a incidência da doença.
O controle preventivo realizado para Fusarium, através de
tratamento
de
bulbos,
também
previne
a ocorrência de
Curvulária. Em plantas infectadas, recomenda-se a pulverização
com produtos à base de Maneb e Clorotalonil.
5.1.5 Viroses
O gladíolo pode ser infectado por algumas viroses, cujos
sintomas
são:
clorose
foliar,
distorção
da
inflorescência,
crestamento e atrofia da planta, além de manchas nas flores. Os
principais vírus que infectam as plantas são o do Mosaico do
Tomateiro, Mosaico do Tabaco e o Mosaico Amarelo do Feijoeiro.
O controle de insetos transmissores de viroses, como o
trips)
e
eliminação
de
plantas
infectadas
são
práticas
recomendadas para evitar a instalação e disseminação da
doença.
A utilização de material sadio e de boa procedência é
sempre recomendável.
5.1.6 Medidas de Prevenção
Algumas medidas são recomendadas para evitar o
aparecimento e disseminação de doenças:
-
eliminar e queimar as plantas e bulbos doentes;
-
selecionar
os
descartando
todos
bulbos
que
para
armazenamento,
apresentam
suspeita
de
infecção e manchas;
-
arrancar os cuidadosamente, evitando ferimentos; em
seguida, eles devem ser secos e limpos;
-
manter os bulbos armazenados em prateleiras bem
ventiladas em baixa temperatura (preferencialmente
câmaras frias). Periodicamente fazer uma inspeção,
retirando bulbos apodrecidos ou mumificados;
-
fazer rotação de cultura;
-
fazer tratamento dos bulbos após a colheita e antes do
plantio.
5.2 Pragas
5.2.1 Trips – (Taeniotrips simplex)
Os trips atacam os bulbos, folhas, botões florais e flores do
gladíolo.
Nos
bulbos,
o
ataque
se
verifica
durante
o
armazenamento, e a região atacada apresenta coloração
amarronzada.
No campo,
inflorescências
atacam
onde
as
brotações
se reproduzem.
As
novas, folhas e
folhas
atacadas
apresentam manchas de coloração prateada, tornando-se de cor
amarelada, e os botões atingidos não se abrem normalmente. As
pétalas das flores abertas apresentam pequenas manchas de
coloração escura.
O trips é ainda um inseto responsável pela transmissão de
viroses.
O controle do trips deve ser feito pelo tratamento dos
bulbos com produtos à base de Diazinon e Monocrotofós. Na
parte aérea deve-se pulverizar com produtos sistêmicos à base
de Parathion Methyl. O controle de plantas daninhas auxilia na
prevenção da incidência desta praga.
5.2.2
Pulgões – (Myzus sp)
Os pulgões sugam as brotações dos bulbos tanto na fase
de armazenamento quanto no campo. Bulbos atacados murcham
e originam plantas fracas. No campo, o ataque destes insetos
causa redução no crescimento da planta e pode ser controlado
pela utilização de inseticidas sistêmicos à base de Parathion
Methyl
e
Aldicarb.
No
armazenamento,
recomenda-se
o
tratamento dos bulbos com Diazinon e Monocrotofós.
5.2.3 Nematóides – (Meloidogyne incognita)
Atualmente esses parasitas são bastante importantes para
a cultura do gladíolo, afetando raízes e bulbos. As plantas
atacadas param de crescer e murcham, além de ocorrer a
formação de galhas no sistema radicular e no bulbo.
O controle é feito através de desinfecção do solo com
produtos fumigantes à base de brometo de metila ou Aldicarb.
5.2.4 Lagartas (Spodoptera spp)
As lagartas alimentam-se dos bulbos, folhas e flores.
Culturas que apresentam amarelecimento da parte aérea
ocorrendo em reboleira podem estar tendo os bulbos atacados
por lagartas. O monitoramento do cultivo, identificando áreas
atacadas, é importante para se realizar o controle precocemente.
Recomenda-se a aplicação de produtos à base de
monocrotofós e triclorfon. Controle biológico também pode ser
realizado pela utilização de Bacillus thurigiensis.
6 COLHEITA, TRATAMENTO, EMBALAGEM E TRANSPORTE
A colheita deve ser realizada nas horas mais frescas do
dia. O corte deve ser feito na base da haste, evitando-se ao
máximo a retirada de folhas, pois a planta continuará vegetando
até o final do ciclo, quando os bulbos serão então coletados.
As inflorescências devem ser colhidas quando as quatro
flores basais estiverem com os botões “mostrando a cor”. As
hastes são então classificadas, amarradas em feixes de 5 dúzias
e embaladas em papel-jornal ou papelão e mantidas sempre na
posição vertical em recipiente com água.
As inflorescências são classificadas em função do
comprimento de haste e número de botões florais, conforme a
tabela 2.
Tabela 2. Classificação das inflorescências de gladíolo para
comercialização. – A. Classificação da Cooperativa Holambra e
B. Classificação do CEAGESP (Ceasa – SP)
A)
Tipo de
Comprimento
Número de
inflorescência
de haste
Botões/Inflorescência
EXTRA
> 120 cm
>16
I
100-120 cm
12 a 16
II
80-100 cm
8 a 12
III
60-80 cm
<8
B)
Inflorescência
Comprimento
Número de
de Haste
Botões/Inflorescência
Longas
> 120 cm
>16
Médias
90-120 cm
12 a 16
Curtas
< 90 cm
< 12
O transporte das inflorescências deve ser sempre feito
mantendo-as na posição vertical e normalmente a seco em
caminhões com sistema de refrigeração.
7 PULSING (TRATAMENTO PÓS-COLHEITA)
Recomenda-se que após a colheita as inflorescências
sejam submetidas a um tratamento que visa a torná-las mais
viçosas, aumentando, conseqüentemente, sua durabilidade. Este
tratamento consiste em imergir a base das hastes em solução
contendo sacarose e germicida, por um período de 20 a 24
horas. Como fonte de sacarose pode-se utilizar o açúcar cristal:
50 g diluído em 1 litro de água. Alguns produtos germicidas são
facilmente encontrados no mercado, como nitrato de prata (30
mg/litro); sulfato de alumínio (500 mg/litro); citrato de 8
hidroxiquinoleina (200 mg/litro).
Após o período de imersão, as hastes devem ser lavadas
em água corrente para retirar o excesso de açúcar aderido à
base e transferidas para recipiente com água pura.
8 ARMAZENAMENTO DAS FLORES
As
espigas
armazenadas
na
tratadas
posição
com
vertical
o
“pulsing”
(se
as
podem
hastes
ser
forem
armazenadas horizontalmente, pode ocorrer encurvamento da
inflorescência) em câmara fria a 4oC, com 90% de UR, no escuro
por até 20 dias. Retiradas da câmara fria, basta colocar as
inflorescências em água pura para ocorrer a abertura floral.
9
COLHEITA DOS BULBOS
Após a colheita das flores, a cultura é mantida sob
irrigação, porém em menor intensidade do que exigido para o
crescimento vegetativo, durante aproximadamente 8 semanas.
Após esse período, a irrigação deve ser suspensa para que haja
o secamento do solo e facilitar a colheita dos bulbos.
As folhas começam a amarelecer e os bulbos começam a
perder água e formar uma camada de folhas secas para
proteção, os bulbilhos adquirem uma coloração escura, sinal de
que a maturação se completou.
A colheita dos bulbos pode ser feita com o uso de um
enxadão ou cultivador mecânico. Deve-se cuidar para evitar
ferimentos nos bulbos, o que pode ocasionar infecção de
microrganismos e apodrecimento. Se os bulbos passarem do
ponto de colheita, começam a ter as reservas consumidas,
tornam-se
podridões.
murchos,
escuros
e
podem
ainda
apresentar
Após serem colhidos, bulbos e bulbilhos devem ser
mantidos espalhados na sombra por aproximadamente uma
semana, para se processar a cura.
Curados, os bulbos são classificados e submetidos a
tratamento com fungicidas para se prevenir a infecção de
microrganismos. Pode-se utilizar solução de Benomyl (200 g /100
litros) associado com Captan (500 g / 100 litros) em imersão por
30 minutos e posterior secagem à sombra. Pode-se utilizar ainda
tratamento térmico, que consiste na imersão dos bulbos em água
quente (a 45oC) acrescido de fungicida por um período de uma
hora, e posterior secagem à sombra. Esse mesmo tratamento
deve ser repetido antes do plantio.
10
ARMAZENAMENTO
DOS
BULBOS
E
QUEBRA
DE
DORMÊNCIA
O armazenamento pode ser feito à temperatura ambiente,
em local seco e arejado ou em câmaras frias a 5-6 oC. Nunca se
deve amontoar o material. Quando não se dispõe desse tipo de
estrutura, os bulbos podem ser armazenados em geladeira ou em
galpões bem arejados, livres de umidade. Devem ser dispostos
em camadas bastante espalhadas para evitar que haja infecção
principalmente por microorganismos decompositores.
Os bulbos de gladíolo apresentam dormência, ou seja,
existem fatores que inibem a sua germinação quando plantados
logo após serem colhidos. Essa dormência é naturalmente
quebrada após 4 a 6 meses para os bulbos, e 6 a 18 meses para
os bulbilhos. O armazenamento dos bulbos em câmara fria a
5-6oC por um período de 20-30 dias ou dos bulbilhos por 5 a 6
meses pode apressar a quebra de dormência.
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por se tratar de uma planta de grande importância
comercial e de fácil manejo, com baixo custo de implantação e
exigir práticas simples de cultivo, a cultura do gladíolo é uma
opção de renda alternativa especialmente para pequenos
produtores.
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, J.G.; LOPES, L.C. O cultivo do gladíolo. Viçosa:
UFV - Imprensa Universitária, 1994. 13 p.
GALLI, F. et al. Manual de Fitopatologia, Vol. II. 2 ed.,
Piracicaba: Editora Ceres, 1980. 587p.
TANAKA, M. K. Curso de Produção Comercial de Gladíolos e
Gipsofila. Apostila – AMIFLOR, 40 p. sd.
PITTA, G. B. P.; CARDOSO, R. M. G.; CARDOSO, E. J. B. N.
Doenças das Plantas Ornamentais. São Paulo: IBLC, 1990,
174p.
SALINGER, J. P. Producción comercial de flores. Zaragoza:
Editorial Acribia, 1991.
___ Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em
Minas Gerais – 4a aproximação. Lavras: CFSEMG, 1989.
159p.
CULTURA DO GLA DÍOLO
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