CONTEÚDO 1. Introdução ................................................................................ 4 2. Fisiologia da planta .................................................................. 5 2.1. Fenologia/ciclo ................................................................. 5 2.2. Propagação ..................................................................... 6 2.3. Condições de temperatura .............................................. 8 2.4. Luz ................................................................................... 9 3. Implantação da cultura ............................................................ 9 3.1. Solos ................................................................................ 9 3.2. Preparo do solo e espaçamento de plantio ..................... 9 3.3. Adubação ........................................................................ 12 3.4. Escolha da variedade ...................................................... 12 4. Tratos culturais ........................................................................ 14 4.1. Capinas ........................................................................... 14 4.2. Irrigação ........................................................................... 14 4.3. Tutoramento .................................................................... 15 4.4. Amontoa .......................................................................... 16 5. Controle Fitossanitário ............................................................. 16 5.1. Doenças .......................................................................... 16 5.1.1. Podridão Fusariana ou Murcha de Fusarium ........ 17 5.1.2. Podridão de Botritis ou Mofo-Cinza ....................... 18 5.1.3. Ferrugem ............................................................... 19 5.1.4. Podridão de Curvulária .......................................... 20 5.1.5. Viroses ................................................................... 20 5.1.6. Medidas de Prevenção ......................................... 21 5.2. Pragas ............................................................................. 22 5.2.1. Trips ....................................................................... 22 5.2.2. Pulgões .................................................................. 23 5.2.3. Nematóides ........................................................... 23 5.2.4. Lagartas ................................................................ 23 6. Colheita, Tratamento, Embalagem e Transporte .................... 24 7. Pulsing (Tratamento Pós-Colheita) ......................................... 26 8. Armazenamento das Flores .................................................... 26 9. Colheita dos Bulbos ................................................................. 27 10. Armazenamento dos bulbos e Quebra de Dormência .......... 28 11. Considerações Finais ............................................................ 29 12. Referências Bibliográficas ..................................................... 30 CULTURA DO GLADÍOLO 1 Patrícia Duarte de Oliveira Paiva Fernanda Cristiane Simões 2 Fernanda Aparecida Vieira 2 Mirian Gilbert Fuini 2 Renato Paiva3 I INTRODUÇÃO O gladíolo, também conhecido como Palma ou Palma-deSanta-Rita, é uma planta bulbosa originária da África. É uma flor de corte muito comum dentre as plantas ornamentais, tradicionalmente utilizada para ornamentação de túmulos no dia de Finados. Também é usada para decoração dos mais diversos ambientes, em ocasiões especiais, como as datas festivas, casamentos, formaturas, etc. O gladíolo é uma cultura de grande importância, devido a seu ciclo curto, fácil condução, baixo custo de implantação e rápido retorno financeiro, fatores esses que permitem o seu cultivo em pequenas áreas, além da possibilidade da produção comercial de bulbos para o mercado interno e exportação. 1. Professora Adjunta, Departamento de Agricultura, Universidade Federal de Lavras (UFLA) C.P. 37, CEP 37.200, Lavras--MG 2. Engenheira Agrônoma, UFLA 3. Professor Adjunto, Departamento de Biologia, UFLA. 2 FISIOLOGIA DA PLANTA 2.1. Fenologia/ciclo As variedades de gladíolo podem ser de ciclo curto, médio e longo, com a floração ocorrendo entre 65 até 120 dias após o plantio. De modo geral, o desenvolvimento do gladíolo ocorre da seguinte forma: a) 1-3 semanas após o plantio: surgimento de raízes e início de emissão das folhas; b) 4-6 semanas após o plantio: desenvolvimento vegetativo; c) 7-10 semanas após o plantio: lançamento de espiga floral e abertura das flores; d) 11-18 semanas após o plantio: senescência das folhas, formação de novo bulbo e bulbilhos. Figura 1. – Desenvolvimento dos bulbos de gladíolo. (Adaptado de Tanaka, sd). 2.2 Propagação O gladíolo é propagado vegetativamente através de bulbos e bulbilhos. A propagação através dos bulbos destina-se à produção de flores de corte e os bulbilhos são cultivados para a produção de novos bulbos. O gladíolo apresenta diferentes tamanhos de bulbos e o tamanho da inflorescência está diretamente relacionado às dimensões do bulbo, ou seja, bulbos de maiores tamanhos produzem inflorescências com maior comprimento de haste. Comercialmente os bulbos são classificados em pequenos, médios, grandes e bulbilhos. Para a produção comercial de flores somente são utilizados os bulbos médios e grandes. Os bulbos médios são divididos por tamanho de perímetro: bulbos “10-12” e “12-14” apresentam respectivamente 10 a 12 cm e 12 a 14 cm de perímetro. Os bulbos grandes são encontrados nos tamanhos 14-16 e 16-18, valores esses também correspondentes às medidas de perímetro. Os bulbos pequenos assim como os bulbilhos são cultivados apenas para a produção de novos bulbos. A cada ciclo de produção, bulbos de maior tamanho são produzidos, isto é, quando se planta bulbilhos, estes produzem bulbos pequenos; os bulbos pequenos produzem bulbos de tamanho médio, além de novos bulbilhos, e os bulbos médios produzem bulbos grandes e diversos bulbilhos. C Figura 2. – Classificação dos bulbos de gladíolo: A – em formação; B – bulbo “velho”; C – bulbilhos em formação; D – bulbo grande; E – bulbo médio; F – bulbilho. 2.3 Condições de temperatura A temperatura ótima para cultivo de gladíolo situa-se entre 20-25oC, mas eles desenvolvem-se bem também quando cultivados na faixa de 15-30oC. As plantas são bastante sensíveis a geadas ou temperaturas muito baixas pois, além de provocar queimaduras nas folhas, atrasam a produção de flores. Em regiões sujeitas a geadas, não se recomenda o cultivo durante o inverno. A utilização de cobertura plástica pode amenizar o problema. 2.4 Luz O gladíolo é cultivado a pleno sol, mas produz bem em estufas e casas-de-vegetação, especialmente em regiões de temperatura mais amena. Em dias longos (verão), seu crescimento e desenvolvimento ocorrem com maior rapidez e intensidade. 3 IMPLANTAÇÃO DA CULTURA 3.1 Solos O gladíolo é uma planta bastante rústica e se adapta bem a diferentes tipos de solos, com restrição apenas para os mal drenados e sujeitos a encharcamento. 3.2 Preparo do solo e espaçamento de plantio O preparo do solo para plantio do gladíolo deve ser constituído de aração seguida de gradagem para destorroamento do terreno. Em solos muito infestados com plantas daninhas, recomenda-se a aplicação de herbicidas. O plantio dos bulbos é feito em sulcos que devem ser abertos com profundidade média de 15 cm e espaçados entre si entre 60-70 cm. Em cada sulco são dispostas duas linhas de plantio, proporcionando um espaçamento final de 15 cm entre as linhas, no sistema chamado de “Linhas duplas”. O espaçamento entre bulbos numa linha é de 7-10 cm, sendo recomendado o plantio na forma de “um bulbo sim, outro não”. A utilização de réguas graduadas, confeccionadas a partir de ripas de madeira ou bambus com marcas para colocação dos bulbos, auxiliam no plantio e locação dos bulbos na linha. 3.3 Adubação Para a recomendação de adubação, que deve ser feita por um engenheiro agrônomo, é fundamental realizar previamente uma análise do solo. Antes do plantio do gladíolo, recomenda-se que seja incorporado ao solo: - Calcário (conforme a necessidade determinada na análise de solo); - Esterco (20 litros / m2 de esterco de curral bem curtido); - NPK (conforme a análise de solo); - Boro: 0,4 a 1,0 kg/ha A adubação de cobertura deve ser realizada aos 30 e 50 dias após o plantio, aplicando 10-30g de sulfato de amônia/m2, visando a um bom desenvolvimento da parte aérea, flores e bulbos. 3.4 Escolha da variedade A variedade a ser plantada deve ser escolhida conforme cor, ciclo vegetativo e demanda de mercado. Por exemplo, no Natal, a cor vermelha deve ser preferida; no Ano Novo, branca e amarela, e para o dia de Finados, todas as cores são comercializadas, com destaque para as flores brancas, as quais são também mais consumidas ao longo de todo o ano. Comercialmente, as variedades mais plantadas são as que apresentam ciclos curtos e médios. 4 TRATOS CULTURAIS 4.1 Capinas As capinas devem ser feitas sempre que necessárias. É importante que a cultura seja mantida livre da concorrência com plantas invasoras. No caso de produção de bulbos, a cultura deve ser mantida sem plantas daninhas até o fim do ciclo. A eliminação das plantas daninhas pode ser manual, quando em pequenas áreas onde se utilizam enxadas, enxadetas e até o próprio arranquio com as mãos entre as plantas; ou químico, através do uso de herbicidas seletivos, de acordo com a planta daninha infestante. Alguns produtos recomendados e seletivos para o gladíolo são: Karmex (Diuron), Surflan (Pendimethalin), Sethoxydin (Poast) e Fusilad (Fluazifop). Tabela 1. - Variedades de gladíolo recomendadas para cultivo comercial, segundo o ciclo médio de florescimento. UFLA, Lavras/MG, 1999. Cor das flores Vermelha Rosa Laranja Lilás Branca Amarela Salmão Variedades Ciclo Curto (60-65 dias) * Red Beaty Life flame Carmem Cordula Friendship Wild rose Peter Pears White friendship White goddess Ciclo Médio (75-85 dias)* Ardent Eurovision Traderhoen Fidelio Her Majesty Snow princess Nova lux Gold field Jester Jester gold Spice span Jenny Lee * Período entre o plantio e o florescimento Ciclo longo (100-120 dias)* San souci New europe Aristocrat 4.2 Irrigação O gladíolo necessita ser irrigado freqüentemente, mantendo o solo sempre úmido. Deficiência no fornecimento de água prejudica o desenvolvimento vegetativo e florescimento, formando inflorescências com comprimento reduzido. Irrigações freqüentes em condições de temperatura adequada podem proporcionar precocidade à produção de flores. A falta de água pode provocar queima na ponta das espigas e apressar o ciclo, enquanto que o excesso pode causar retardamento do ciclo e até apodrecimento dos bulbos. Durante o desenvolvimento e floração, o gladíolo necessita de um bom teor de umidade. Por meio de irrigações mais freqüentes, é possível conseguir produções mais precoces. 4.3 Tutoramento É uma das práticas mais importantes na cultura do gladíolo, cujas plantas apresentam grande tendência de tombamento, ocorrendo, em conseqüência, o desenvolvimento de inflorescências com haste deformada, sem valor comercial. Através do tutoramento, é possível manter as plantas com crescimento vertical, com produção de flores em hastes eretas. Para o tutoramento, utilizam-se ripas de madeira ou bambu e fitas plásticas ou fitilhos. Barbantes não são recomendados, pois rompem-se com facilidade. Arames também não são utilizados pela dificuldade de se trabalhar com esses materiais. O sistema de tutoramento deve ser implantado logo no início da cultura, ou seja, de 15 a 20 dias após o plantio. O primeiro fio é instalado a 30 cm do solo, sendo ainda colocadas mais 2 a 3 fiadas, de acordo com o crescimento da planta, também espaçados de 30 cm. Figura 4. Esquema de tutoramento das plantas de gladíolo. UFLA, Lavras/MG, 1999. 4.4 Amontoa Consiste em “chegar terra” nas plantas para proporcionar cobertura dos bulbos que por ventura estejam aparentes, além de auxiliar na sustentação das plantas. 5 CONTROLE FITOSSANITÁRIO 5.1 Doenças Entre as doenças do gladíolo, as que mais se destacam são as podridões que afetam os bulbos, podendo sua infecção ocorrer no campo e a doença se manifestar com maior intensidade durante o armazenamento ou no plantio subseqüente. 5.1.1 Podridão Fusarium Fusariana ou ou Murcha Fusariose de (Fusarium oxysporium f. gladioli) É a mais séria doença do gladíolo, pela intensidade e severidade com que afeta a cultura e dificuldade de controle. O ataque na parte aérea é caracterizado pela seca das folhas. Essa seca inicia-se no ápice foliar e desenvolve-se em direção à base. podendo atingir também as flores, ocorrendo manchas de cor palha (seca) nas pétalas. As inflorescências podem ainda apresentar deformação, com abertura desuniforme (falhas) de flores. O fungo pode ocorrer de forma latente (inativo) nos bulbos e assim permanecer por meses, suportando inclusive armazenamento em baixa temperatura. Quando a doença se manifesta nos bulbos, os sintomas são identificados pela presença de manchas de tamanhos variados, coloração escura e deprimidas, caracterizando uma podridão seca. Nos bulbos infectados armazenados podem ocorrer evolução de tal maneira que ocorre desintegração total do material. O controle dessa doença deve ser principalmente preventivo; o plantio não deve ser feito em solos onde as plantas anteriormente cultivadas já tenham apresentado a doença, pois esse fungo permanece latente nos solo. Os bulbos, após serem colhidos e antes de serem plantados, devem ser tratados através de imersão em solução de fungicida. Os produtos recomendados para tratamento de bulbos são: - Benlate (Benomyl): 200g + Captan (Captan) 500g/ 100litros de água, 15-20 min. - Sportak (Prochloraz): 40 g / 100 litros de água, 15-20 min. - Tecto (Thiabendazole): 170 g / 100 litros de água, 15-20 min. Ocorrida a doença, o controle nem sempre é eficiente, mas pode-se aplicar Thiabendazole (170-350g/100 litros de água) no início de incidência. Recomenda-se, ainda, a eliminação e queima das plantas infectadas. 5.1.2 Podridão de Botritis ou Mofo-Cinza – (Botrytis gladiolorum ) A infecção deste fungo nas folhas e haste provoca manchas de coloração parda que, com o tempo, tornam-se secas. Os botões e pétalas ficam recobertos por uma massa pulverulenta cinza. As flores apodrecem e não abrem. Nos bulbos pode ocorrer podridão-mole ou seca, variando de acordo com as condições de armazenamento. São formadas manchas de coloração palha. Pode ocorrer ainda desintegração total do bulbo devido à podridão-mole de coloração marromescura. O controle preventivo é feito através de tratamento de bulbos. Quando se realiza tratamento químico objetivando o controle de Fusarium, (prática obrigatória na cultura do gladíolo), também se previne a incidência de Botritis. Em culturas infectadas recomenda-se a pulverização com produtos à base de Captan, Clorotalonil, Mancozeb. 5.1.3 Ferrugem (Uromyces transversalis) A ferrugem é caracterizada pela formação de pústulas de coloração amarela, as quais infectam as folhas, pedúnculo floral e sépalas. As inflorescências produzidas em plantas infectadas são de qualidade inferior. O controle deve ser feito pela aplicação de fungicidas como Dithane e Clorotalonil. As plantas doentes devem ser eliminadas e queimadas. 5.1.4 Podridão de Curvulária (Curvularia lunata ) Nas hastes e folhas ocorre a formação de manchas ovais escuras. Em infecção intensa, ocorre amarelecimento e seca prematura da planta, não havendo abertura floral. A infecção nos bulbos é mais severa onde ocorrem lesões escuras e deprimidas. A ocorrência de temperatura e umidade elevadas favorecem a incidência da doença. O controle preventivo realizado para Fusarium, através de tratamento de bulbos, também previne a ocorrência de Curvulária. Em plantas infectadas, recomenda-se a pulverização com produtos à base de Maneb e Clorotalonil. 5.1.5 Viroses O gladíolo pode ser infectado por algumas viroses, cujos sintomas são: clorose foliar, distorção da inflorescência, crestamento e atrofia da planta, além de manchas nas flores. Os principais vírus que infectam as plantas são o do Mosaico do Tomateiro, Mosaico do Tabaco e o Mosaico Amarelo do Feijoeiro. O controle de insetos transmissores de viroses, como o trips) e eliminação de plantas infectadas são práticas recomendadas para evitar a instalação e disseminação da doença. A utilização de material sadio e de boa procedência é sempre recomendável. 5.1.6 Medidas de Prevenção Algumas medidas são recomendadas para evitar o aparecimento e disseminação de doenças: - eliminar e queimar as plantas e bulbos doentes; - selecionar os descartando todos bulbos que para armazenamento, apresentam suspeita de infecção e manchas; - arrancar os cuidadosamente, evitando ferimentos; em seguida, eles devem ser secos e limpos; - manter os bulbos armazenados em prateleiras bem ventiladas em baixa temperatura (preferencialmente câmaras frias). Periodicamente fazer uma inspeção, retirando bulbos apodrecidos ou mumificados; - fazer rotação de cultura; - fazer tratamento dos bulbos após a colheita e antes do plantio. 5.2 Pragas 5.2.1 Trips – (Taeniotrips simplex) Os trips atacam os bulbos, folhas, botões florais e flores do gladíolo. Nos bulbos, o ataque se verifica durante o armazenamento, e a região atacada apresenta coloração amarronzada. No campo, inflorescências atacam onde as brotações se reproduzem. As novas, folhas e folhas atacadas apresentam manchas de coloração prateada, tornando-se de cor amarelada, e os botões atingidos não se abrem normalmente. As pétalas das flores abertas apresentam pequenas manchas de coloração escura. O trips é ainda um inseto responsável pela transmissão de viroses. O controle do trips deve ser feito pelo tratamento dos bulbos com produtos à base de Diazinon e Monocrotofós. Na parte aérea deve-se pulverizar com produtos sistêmicos à base de Parathion Methyl. O controle de plantas daninhas auxilia na prevenção da incidência desta praga. 5.2.2 Pulgões – (Myzus sp) Os pulgões sugam as brotações dos bulbos tanto na fase de armazenamento quanto no campo. Bulbos atacados murcham e originam plantas fracas. No campo, o ataque destes insetos causa redução no crescimento da planta e pode ser controlado pela utilização de inseticidas sistêmicos à base de Parathion Methyl e Aldicarb. No armazenamento, recomenda-se o tratamento dos bulbos com Diazinon e Monocrotofós. 5.2.3 Nematóides – (Meloidogyne incognita) Atualmente esses parasitas são bastante importantes para a cultura do gladíolo, afetando raízes e bulbos. As plantas atacadas param de crescer e murcham, além de ocorrer a formação de galhas no sistema radicular e no bulbo. O controle é feito através de desinfecção do solo com produtos fumigantes à base de brometo de metila ou Aldicarb. 5.2.4 Lagartas (Spodoptera spp) As lagartas alimentam-se dos bulbos, folhas e flores. Culturas que apresentam amarelecimento da parte aérea ocorrendo em reboleira podem estar tendo os bulbos atacados por lagartas. O monitoramento do cultivo, identificando áreas atacadas, é importante para se realizar o controle precocemente. Recomenda-se a aplicação de produtos à base de monocrotofós e triclorfon. Controle biológico também pode ser realizado pela utilização de Bacillus thurigiensis. 6 COLHEITA, TRATAMENTO, EMBALAGEM E TRANSPORTE A colheita deve ser realizada nas horas mais frescas do dia. O corte deve ser feito na base da haste, evitando-se ao máximo a retirada de folhas, pois a planta continuará vegetando até o final do ciclo, quando os bulbos serão então coletados. As inflorescências devem ser colhidas quando as quatro flores basais estiverem com os botões “mostrando a cor”. As hastes são então classificadas, amarradas em feixes de 5 dúzias e embaladas em papel-jornal ou papelão e mantidas sempre na posição vertical em recipiente com água. As inflorescências são classificadas em função do comprimento de haste e número de botões florais, conforme a tabela 2. Tabela 2. Classificação das inflorescências de gladíolo para comercialização. – A. Classificação da Cooperativa Holambra e B. Classificação do CEAGESP (Ceasa – SP) A) Tipo de Comprimento Número de inflorescência de haste Botões/Inflorescência EXTRA > 120 cm >16 I 100-120 cm 12 a 16 II 80-100 cm 8 a 12 III 60-80 cm <8 B) Inflorescência Comprimento Número de de Haste Botões/Inflorescência Longas > 120 cm >16 Médias 90-120 cm 12 a 16 Curtas < 90 cm < 12 O transporte das inflorescências deve ser sempre feito mantendo-as na posição vertical e normalmente a seco em caminhões com sistema de refrigeração. 7 PULSING (TRATAMENTO PÓS-COLHEITA) Recomenda-se que após a colheita as inflorescências sejam submetidas a um tratamento que visa a torná-las mais viçosas, aumentando, conseqüentemente, sua durabilidade. Este tratamento consiste em imergir a base das hastes em solução contendo sacarose e germicida, por um período de 20 a 24 horas. Como fonte de sacarose pode-se utilizar o açúcar cristal: 50 g diluído em 1 litro de água. Alguns produtos germicidas são facilmente encontrados no mercado, como nitrato de prata (30 mg/litro); sulfato de alumínio (500 mg/litro); citrato de 8 hidroxiquinoleina (200 mg/litro). Após o período de imersão, as hastes devem ser lavadas em água corrente para retirar o excesso de açúcar aderido à base e transferidas para recipiente com água pura. 8 ARMAZENAMENTO DAS FLORES As espigas armazenadas na tratadas posição com vertical o “pulsing” (se as podem hastes ser forem armazenadas horizontalmente, pode ocorrer encurvamento da inflorescência) em câmara fria a 4oC, com 90% de UR, no escuro por até 20 dias. Retiradas da câmara fria, basta colocar as inflorescências em água pura para ocorrer a abertura floral. 9 COLHEITA DOS BULBOS Após a colheita das flores, a cultura é mantida sob irrigação, porém em menor intensidade do que exigido para o crescimento vegetativo, durante aproximadamente 8 semanas. Após esse período, a irrigação deve ser suspensa para que haja o secamento do solo e facilitar a colheita dos bulbos. As folhas começam a amarelecer e os bulbos começam a perder água e formar uma camada de folhas secas para proteção, os bulbilhos adquirem uma coloração escura, sinal de que a maturação se completou. A colheita dos bulbos pode ser feita com o uso de um enxadão ou cultivador mecânico. Deve-se cuidar para evitar ferimentos nos bulbos, o que pode ocasionar infecção de microrganismos e apodrecimento. Se os bulbos passarem do ponto de colheita, começam a ter as reservas consumidas, tornam-se podridões. murchos, escuros e podem ainda apresentar Após serem colhidos, bulbos e bulbilhos devem ser mantidos espalhados na sombra por aproximadamente uma semana, para se processar a cura. Curados, os bulbos são classificados e submetidos a tratamento com fungicidas para se prevenir a infecção de microrganismos. Pode-se utilizar solução de Benomyl (200 g /100 litros) associado com Captan (500 g / 100 litros) em imersão por 30 minutos e posterior secagem à sombra. Pode-se utilizar ainda tratamento térmico, que consiste na imersão dos bulbos em água quente (a 45oC) acrescido de fungicida por um período de uma hora, e posterior secagem à sombra. Esse mesmo tratamento deve ser repetido antes do plantio. 10 ARMAZENAMENTO DOS BULBOS E QUEBRA DE DORMÊNCIA O armazenamento pode ser feito à temperatura ambiente, em local seco e arejado ou em câmaras frias a 5-6 oC. Nunca se deve amontoar o material. Quando não se dispõe desse tipo de estrutura, os bulbos podem ser armazenados em geladeira ou em galpões bem arejados, livres de umidade. Devem ser dispostos em camadas bastante espalhadas para evitar que haja infecção principalmente por microorganismos decompositores. Os bulbos de gladíolo apresentam dormência, ou seja, existem fatores que inibem a sua germinação quando plantados logo após serem colhidos. Essa dormência é naturalmente quebrada após 4 a 6 meses para os bulbos, e 6 a 18 meses para os bulbilhos. O armazenamento dos bulbos em câmara fria a 5-6oC por um período de 20-30 dias ou dos bulbilhos por 5 a 6 meses pode apressar a quebra de dormência. 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por se tratar de uma planta de grande importância comercial e de fácil manejo, com baixo custo de implantação e exigir práticas simples de cultivo, a cultura do gladíolo é uma opção de renda alternativa especialmente para pequenos produtores. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, J.G.; LOPES, L.C. O cultivo do gladíolo. Viçosa: UFV - Imprensa Universitária, 1994. 13 p. GALLI, F. et al. Manual de Fitopatologia, Vol. II. 2 ed., Piracicaba: Editora Ceres, 1980. 587p. TANAKA, M. K. Curso de Produção Comercial de Gladíolos e Gipsofila. Apostila – AMIFLOR, 40 p. sd. PITTA, G. B. P.; CARDOSO, R. M. G.; CARDOSO, E. J. B. N. Doenças das Plantas Ornamentais. São Paulo: IBLC, 1990, 174p. SALINGER, J. P. Producción comercial de flores. Zaragoza: Editorial Acribia, 1991. ___ Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 4a aproximação. Lavras: CFSEMG, 1989. 159p. CULTURA DO GLA DÍOLO