Desenvolvimento inicial de variedades de cana-de- açúcar

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola
Desenvolvimento inicial de variedades de cana-deaçúcar em LATOSSOLO do cerrado mato-grossense
submetidas a níveis de compactação do solo
ELIANE APARECIDA ANTUNES FAGUNDES
RONDONÓPOLIS-MT
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola
Desenvolvimento inicial de variedades de cana-deaçúcar em LATOSSOLO do cerrado mato-grossense
submetidas a níveis de compactação do solo.
ELIANE APARECIDA ANTUNES FAGUNDES
Bióloga
Orientador: Prof. Dr. Tonny José Araújo da Silva
Dissertação apresentada ao Curso
de Pós- Graduação em Engenharia
Agrícola da Universidade Federal de
Mato Grosso para a obtenção do
título de mestre em Engenharia
Agrícola.
RONDONÓPOLIS – MT
2012
Aos meus filhos, Ana
Carla, Amanda e Ian, pelo amor, carinho, paciência e
cumplicidade em todos os momentos, auxiliando e dando
todo o apoio, sem o qual, a realização deste ou de qualquer
outro trabalho seria impossível.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela oportunidade da vida e por me proporcionar
mais esta vitória.
A minha família, que mesmo à distância, me apoia em
todos os projetos, me incentivando e elogiando.
Ao Professor Orientador Dr. Tonny José Araújo da Silva
por acreditar em mim, pela orientação e valiosos ensinamentos.
A amiga e chefe Analy Castilho Polizel
pela
disponibilização dos horários, paciência, compreensão e
aconselhamento, fundamentais para a realização desse projeto.
A Professora Drª Edna Maria Bonfim da Silva pelo
incentivo, colaboração e coorientação.
Aos professores Dr. Márcio Koetz, Dr. Carlos Caneppele e
Dr. Carlos Triveño que contribuíram para o meu aprendizado.
Aos acadêmicos do Grupo de Pesquisa em Água e Solo
da UFMT que me ajudaram e em especial a acadêmica Simone
Ferreira pela valiosa contribuição na implantação e
acompanhamento do experimento.
As amigas conquistadas ao longo desta jornada: Tânia
Fátima Silveira dos Santos e Rebeca de Andrade Porto.
À primeira turma do curso de Pós-Graduação em
Engenharia Agrícola da UFMT e especialmente aos colegas
Thiago Luiz Queiroz Arnoldo e Cláudia Cardoso dos Santos pelo
companheirismo na execução dos trabalhos.
Aos Professores Dr. Renildo Luiz Mion e Dr. Roberto
Carlos Orlando pela participação na banca de qualificação e
defesa da dissertação, respectivamente.
À Universidade Federal de Mato Grosso, ao Curso de
Engenharia Agrícola e Ambiental e ao Programa de PósGraduação em Engenharia Agrícola, pela possibilidade de
realização do curso de mestrado.
A todos, que me ajudaram, orientaram e me
acompanharam direta ou indiretamente, meu muito obrigado.
DESENVOLVIMENTO INICIAL DE VARIEDADES DE CANA-DEAÇÚCAR EM LATOSSOLO DO CERRADO MATO-GROSSENSE
SUBMETIDAS A NÍVEIS DE COMPACTAÇÃO DO SOLO
RESUMO - A substituição da colheita manual de cana-de-açúcar
(Saccharum L.) pela mecanizada demanda pesquisas relacionadas ao
desenvolvimento de genótipos que se desenvolvam e produzam bem em
condições de maior compactação do solo. Assim, objetivou-se pelo presente
estudo avaliar os efeitos da compactação do crescimento e desenvolvimento
inicial de variedades de cana-de-açúcar em níveis de compactação em
LATOSSOLO vermelho do cerrado mato-grossense. O experimento foi
conduzido na área experimental da Universidade Federal de Mato Grosso,
campus de Rondonópolis, em casa de vegetação, com delineamento de blocos
casualizados composto de esquema fatorial 3X5 correspondente a três
variedades e cinco níveis de compactação do solo respectivamente e quatro
repetições, no período de setembro a dezembro/2012. Foram estudadas as
variedades de cana-de-açúcar RB002504, RB867515 e RB931011 em cinco
níveis de compactação do solo (1,0, 1,2, 1,4, 1,6 e 1,8 Mg m -3). As variáveis
avaliadas foram: número de perfilhos, número de folhas, área foliar, massa
fresca e seca das folhas, comprimento e diâmetro de colmos, massa fresca e
seca de colmos, altura de plantas, massa fresca e seca de raiz, condutância
estomática, teor de clorofila e consumo de água. Para as variáveis qualitativas
utilizou-se o Teste de Tukey para a comparação de médias e para as variáveis
quantitativas análises de regressão, ambos até 5% de probabilidade. O
aumento da densidade do solo influenciou o desenvolvimento inicial das três
variedades de cana-de-açúcar estudadas. A variedade RB002504 produz maior
número de perfilhos, folhas e maior área foliar se destacando na densidade 1,8
Mg m-3 em massa seca e fresca de folhas. A variedade RB867515 apresenta
maior diâmetro, massa seca de raiz e condutância estomática e a variedade
RB931011 demonstrou melhores resultados nas variáveis: massa seca e fresca
de colmos, altura de plantas, comprimento e diâmetro de colmos e teor de
clorofila.
Palavras chaves: densidade do solo, Saccharum L., genótipos.
INITIAL DEVELOPMENT OF VARIETIES OF SUGARCANE IN A
LATOSOL OF SAVANNA IN MATO GROSSO STATE UNDER SOIL
COMPACTION LEVELS
ABSTRACT- The replacement of manual harvesting of sugar cane
(Saccharum L.) by mechanized demands researches related to the
development of genotypes that develop and produce well under conditions of
greater soil compaction. Thus, the aim of the present study was to evaluate
the effects of compaction on the initial growth and development of sugarcane
varities with compaction levels in Dystrophic Red cerrado of Mato Grosso.
The experiment was conducted in the experimental area at the Federal
University of Mato Grosso, campus of Rondonópolis, in a greenhouse with a
randomized block design consisting of 3X5 scheme factorial and
corresponding to varieties and compaction levels respectively and four
replicates, from September to december/2012. It was studied the varieties
RB002504, RB867515 and RB931011 into five levels of soil compaction
(1.0, 1.2, 1.4, 1.6 and 1.8 Mg m-3). The variables evaluated were: number of
tillers, number of leaves, leaf area, fresh and dry weight of leaves, length
and diameter of culms, fresh and dry mass of culms, plant height, root fresh
weight, root dry weight, stomatal conductance, chlorophyll content and
comsumption of water. For qualitative variables it was used the Turkey test
for comparison of means and for quantitative variables regression analyzes,
both until 5% probability. The increase of soil density influenced the early
development of the three varieties of sugar cane studied. The variety
RB002504 produces more tillers, leaves and greater leaf area and
highlighting in the density 1.8 Mg m-3 in dry and fresh leaves. The variety
RB867515 features larger diameter, root dry weight and stomatal
conductance and variety RB931011 showed better results in variables: fresh
and dry mass of stems, plant height, length and stalk diameter and
chlorophyll content.
Palavras chaves: soil density, Saccharum L., genotypes.
LISTA DE FIGURAS
Páginas
1. Figura 1 - Fases fenológicas da cana-de-açúcar ............................... 21
2. Figura 2 - Croqui de distribuição dos tratamentos na área
experimental ...................................................................................... 31
3. Figura 3 - Instalação (A) e leitura (B) do sistema Irrigás .................... 33
4. Figura 4 – Curva de retenção de água no solo .................................. 33
5. Figura 5. - Utilização de vasador (A) e retirada (B) das amostras para
estimativa de área foliar ..................................................................... 36
6. Figura 6 - Número de perfilhos da cana-de-açúcar, variedade
RB002504 em função da densidade do solo. . ................................... 39
7. Figura 7 - Número de folhas da cana-de-açúcar, variedade RB867515
em função da densidade do solo. . .................................................... 41
8. Figura 8 - Área foliar de cana-de-açúcar, variedade RB867515 em
função da densidade do solo. . .......................................................... 43
9. Figura 9 - Área foliar de cana-de-açúcar, variedade RB931011 em
função da densidade do solo . ........................................................... 43
10. Figura 10 - Massa fresca de folhas de cana-de-açúcar, variedade
RB002504 em função da densidade do solo. . ................................... 45
11. Figura 11 - Massa fresca de folhas de cana-de-açúcar, variedade
RB867515 em função da densidade do solo. . ................................... 46
12. Figura 12 - Massa fresca de folhas de cana-de-açúcar, variedade
RB931011 em função da densidade do solo. . ................................... 46
13. Figura 13 - Massa seca de folhas de cana-de-açúcar, variedade
RB002504 em função da densidade do solo. .................................... 48
14. Figura 14 - Massa seca de folhas de cana-de-açúcar, variedade
RB867515 em função da densidade do solo. . ................................... 48
15. Figura 15 - Massa seca de folhas de cana-de-açúcar, variedade
RB931011 em função da densidade do solo. . ................................... 49
16. Figura 16 - Comprimento de colmo de cana-de-açúcar, variedade
RB002504 em função da densidade do solo. . ................................... 51
17. Figura 17 - Comprimento de colmo de cana-de-açúcar, variedade
RB867515 em função da densidade do solo. . ................................... 52
18. Figura 18 - Comprimento de colmo de cana-de-açúcar, variedade
RB931011 em função da compactação do solo. . .............................. 52
19. Figura 19 - Massa fresca de colmo de cana-de-açúcar, variedade
RB002504 em função da densidade do solo. . ................................... 54
20. Figura 20 - Massa fresca de colmo de cana-de-açúcar, variedade
RB867515 em função da densidade do solo. . ................................... 54
21. Figura 21 - Massa fresca de colmo de cana-de-açúcar, variedade
RB931011 em função da densidade do solo. . ................................... 55
22. Figura 22 - Massa seca de colmo de cana-de-açúcar, variedade
RB002504 em função da densidade do solo. . ................................... 56
23. Figura 23 - Massa seca de colmo de cana-de-açúcar, variedade
RB867515 em função da densidade do solo. . ................................... 57
24. Figura 24 - Massa seca de colmo de cana-de-açúcar, variedade
RB931011 em função da densidade do solo. .................................... 57
25. Figura 25 - Altura de plantas de cana-de-açúcar, variedade RB867515
em função da densidade do solo. . .................................................... 59
26. Figura 26 - Altura de plantas de cana-de-açúcar, variedade
RB931011 em função da densidade do solo. . ................................... 59
27. Figura 27 - Diâmetro de colmos das variedades estudadas aos 93
DAP . .................................................................................................. 60
28. Figura 28 - Diâmetro de colmos das variedades RB002504,
RB867515 e RB931011 em função da densidade do solo. . .............. 61
29. Figura 29 - Massa fresca de raiz das variedades estudadas aos 93
DAP. . ................................................................................................. 62
30. Figura 30 - Massa fresca de raiz das variedades RB002504,
RB867515 e RB931011 em função da densidade do solo. ................ 63
31. Figura 31 - Massa seca de raiz das variedades RB002504,
RB867515 e RB931011 em função da densidade do solo . ............... 64
32. Figura 32 - Teor de clorofila das variedades estudadas aos 93 DAP .
........................................................................................................... 65
33. Figura 33 - Teor de clorofila das variedades RB002504, RB867515 e
RB931011 em função da densidade do solo. .................................... 66
34. Figura 34 - Condutância estomática das variedades estudadas aos
93 DAP .............................................................................................. 67
35. Figura 35 - Consumo de água das variedades RB002504, RB867515
e RB931011 em função da densidade do solo................................... 69
LISTA DE TABELAS
Páginas
1. Tabela 1 - Resultados da análise química e granulométrica de
amostra de Latossolo Vermelho na camada de 0-20 cm. ................. 28
2. Tabela 2. Valores de água para reposição da umidade à capacidade
de campo, em cada densidade do solo ............................................. 35
3. Tabela 3 - Número de perfilhos nas variedades de cana-de-açúcar
nos cinco níveis de densidade do solo, aos 93 dias após o plantio. .. 38
4. Tabela 4 – Número de folhas nas variedades de cana-de-açúcar nos
cinco níveis de densidade do solo, aos 93 dias após o plantio ......... 40
5. Tabela 5- Área Foliar nas variedades de cana-de-açúcar nos cinco
níveis de densidade do solo, aos 93 dias após o plantio. .................. 42
6. Tabela 6 – Massa fresca de folhas nas variedades de cana-de-açúcar
nos cinco níveis de densidade do solo, aos 93 dias após o plantio ..44
7. Tabela 7– Massa seca de folhas nas variedades de cana-de-açúcar
nos cinco níveis de densidade do solo, aos 93 dias após o plantio. .. 47
8. Tabela 8 – Comprimento de colmos de cana-de-açúcar nos cinco
níveis de densidade do solo, aos 93 dias após o plantio. . ................ 50
9. Tabela 9 – Massa fresca de colmos nas variedades de cana-deaçúcar nos cinco níveis de densidade do solo, aos 93 dias após o
plantio................................................................................................. 53
10. Tabela 10 – Massa seca
de colmos nas variedades de cana-de-
açúcar nos cinco níveis de densidade do solo, aos 93 dias após o
plantio................................................................................................. 56
11. Tabela 11 – Altura de plantas nas variedades de cana-de-açúcar nos
cinco níveis de densidade do solo, aos 93 dias após o plantio ......... 58
SUMÁRIO
Páginas
RESUMO.................................................................................................................. 06
ABSTRAT................................................................................................................. 07
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. 09
LISTA DE TABELAS............................................................................................. 11
1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 13
2. REVISÃO DE LITERATURA...............................................................14
2.1. Aspectos gerais da cultura ..................................................... 14
2.2 . Fisiologia da cana-de-açúcar .................................................. 20
2.3. Variedades estudadas ............................................................ 23
2.4. Compactação .......................................................................... 24
3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................... 27
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 37
4.1 . Número de perfilhos .............................................................. 37
4.2 . Número de folhas .................................................................. 40
4.3 . Área foliar .............................................................................. 41
4.4 . Massa fresca de folhas .......................................................... 44
4.5 . Massa seca de folhas ............................................................ 47
4.6 . Comprimento de colmos ........................................................ 50
4.7 . Massa fresca de colmos ........................................................ 52
4.8 . Massa seca de colmos .......................................................... 55
4.9 . Altura de plantas.................................................................... 58
4.10 . Diâmetro de colmos ............................................................. 59
4.11. Massa fresca de raiz........................................................... 61
4.12. Massa seca de raiz .............................................................. 63
4.13. Teor de clorofila ................................................................... 65
4.14. Condutância estomática ...................................................... 66
4.15. Consumo de água. ........................................................................... 68
5 CONCLUSÕES. ..................................................................................... 70
6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 70
13
1. INTRODUÇÃO
A busca por combustíveis alternativos tem apresentado um
crescimento acentuado por razões ambientais e econômicas. O Estado de
Mato Grosso teve sua área plantada com cana-de-açúcar aumentada
consideravelmente, o que demandou uma grande necessidade de genótipos
para a implantação das novas áreas de produção de cana-de-açúcar no
Estado.
De acordo com o terceiro levantamento da Companhia Nacional de
Abastecimento (CONAB/2012), a produção de açúcar na safra 2011/2012
foi de 37 milhões de toneladas e a produção de etanol foi de 22.858 bilhões
de litros. A expansão da área plantada com cana-de-açúcar é diferenciada
em todo o país, de acordo com o clima da região. A região Centro-Oeste
apresentou crescimento significativo na área de expansão, e o Estado de
Mato Grosso aumentou sua área em 16 mil hectares, totalizando 220 mil
hectares de área plantada com cana-de-açúcar.
A compactação do solo reduz a absorção de nutrientes nas plantas e
consequentemente afeta o seu desenvolvimento. De acordo com Bonelli et
al. (2011) a produção de colmo, folha e relação folha/colmo de gramíneas
são afetadas pela compactação do solo. Corrêa et al. (1998), constataram,
em testes com variedades de cana-de-açúcar em solos sob diferentes níveis
de compactação, que ficou reduzida a concentração de Zn, B e Fe na parte
aérea das plantas, pois a compactação dificulta a absorção de nutrientes,
alterando as propriedades físicas do solo, podendo causar redução no
comprimento do sistema radicular e aumento do diâmetro das raízes
(Vepraskas, 1994).
Como a compactação não pode ser evitada, mas apenas atenuada, é
necessário o conhecimento de parâmetros que podem auxiliar na tomada de
decisão em relação ao manejo. Uma questão que deve ser levada em
consideração refere-se ao nível suportável da compactação, no qual a
14
produtividade da cana-de-açúcar seja satisfatória (EMBRAPA, 2012a) e
quais variedades produzem melhor em maiores níveis de densidade do
solo.
Sendo assim, torna-se importante o conhecimento da adaptação de
diferentes variedades em cada ambiente, buscando o aumento da
produtividade e a obtenção de características exigidas pela indústria
sucroalcooleira. Segundo Machado et al. (1982) a análise de crescimento é
considerada como o primeiro passo da análise de produção vegetal e requer
informações
que
podem
ser
alcançadas
sem
a
necessidade
de
equipamentos sofisticados. Tais informações referem-se a quantidade de
matéria seca contidas na planta toda ou em suas partes (folhas, colmos,
raízes, etc.) e ao tamanho do aparelho fotossintetizante (área foliar). Essas
informações são obtidas em intervalos durante os estágios de crescimento
da planta (Pereira e Machado, 1987).
Assim, objetivou-se pelo presente estudo avaliar o crescimento e
desenvolvimento do estádio inicial de variedades de cana-de-açúcar em
níveis de compactação em LATOSSOLO Vermelho do Cerrado.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Aspectos gerais da cultura
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar com produção
de 698 milhões de toneladas em 8,8 milhões de hectares (FNP, 2011). De
toda cana-de-açúcar produzida no Brasil, cerca de 652 milhões de
toneladas são empregadas na fabricação de álcool e açúcar, enquanto 46
milhões de toneladas são empregadas na fabricação de cachaça, rapadura
e de mudas para reforma dos canaviais. O segundo maior produtor mundial
é a Índia, seguida pela China, Tailândia e Paquistão. Os Estados Unidos
ocupam a décima posição, a qual deverá mudar em virtude dos incentivos
15
dados pelo governo americano para a produção de combustíveis
alternativos (FNP, 2011).
Atualmente, a cana-de-açúcar é considerada
como uma das melhores opções dentre as fontes de energia renováveis
com grande importância no cenário agrícola brasileiro-mundial (Souza et al.,
2005).
Segundo Daniels e Roach (1987), a cultura da cana-de-açúcar no
mundo e no Brasil é constituída por híbridos provenientes do cruzamento
entre as espécies do gênero Saccharum resultado da hibridação natural
entre Saccharum officinarum e Saccharum barberi. É uma cultura que
apresenta ciclo semiperene e influenciada por grandes variações climáticas
durante o ano, o que pode interferir na produção, maturação e qualidade da
cultura. Para manter índices de produção satisfatórios, esta cultura
necessita de período quente e úmido, com intensa radiação solar durante o
estádio vegetativo, seguido de período seco na fase de maturação e
colheita (Alfonsi et al.,1987). A qualidade e a intensidade luminosa exercem
influência no crescimento vegetativo e na maturação, pois estabelecem
correlação direta com a síntese, translocação e acúmulo de carboidratos
das folhas para o colmo (Marques et al., 2001).
Matsuoka et al. (1998) afirmam que cada variedade tem um grau
diferente de adaptabilidade aos mais diversos ambientes em que ela é
cultivada, e esta não se refere apenas ao ambiente físico (solo e clima), mas
também a todas as condições de manejo da cultura, desde o plantio até a
colheita. A substituição de variedades por outras mais produtivas, melhor
adaptadas às condições de manejo, tem-se mostrado uma necessidade
constante, segundo Zambon (1999).
Para a obtenção de derivados de cana-de-açúcar de qualidade, de
acordo com Fernandes (2005) torna-se necessário também que o genótipo
apresente características como: boa produtividade de colmos; alto teor de
sacarose; teor médio/baixo de fibra da cana; resistência as principais
doenças e pragas; fácil despalha; resistência ao tombamento; boa
16
adaptação aos diferentes tipos de solo e clima; ausência de florescimento;
boa brotação de soqueira; rápido crescimento inicial e fechamento e
ausência de rachaduras. Segundo Oliveira et al. (2004) a análise do
crescimento da cultura tem sido utilizada como instrumento significativo para
avaliar o desempenho das variedades.
A cultura da cana-de-açúcar está alicerçada em genótipos que são
híbridos, obtidos por cuidadoso e criterioso trabalho de seleção (Matsuoka
et al.,1998). Além disso, os genótipos têm um período útil de cultivo que é
por volta de dez anos, quando então deverão ser substituídas, pois entram
em degenerescência, isto é, perdem o seu vigor, diminuindo sua produção.
Antes do primeiro corte a cana-de-açúcar é chamada de cana planta, e as
canas provenientes do segundo corte em diante recebem o nome de canasoca. Neste contexto, deve ser considerado que os genótipos estão
interagindo com o solo, a atmosfera e com o manejo ao qual é submetida à
cultura e, dessa interação resulta o grau de adaptabilidade do genótipo a
esse ambiente.
Com objetivo de fornecer subsídios técnicos visando a expansão e
produção sustentável de cana-de-açúcar no território brasileiro, o Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou em 2003 o documento
Zoneamento Agroecológico da cana-de-açúcar. De acordo com a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) o Estado de Mato Grosso
tem potencial de 6.812.854 ha para expansão do cultivo da cana-de-açúcar
e conforme o Zoneamento Agroecológico da cana-de-açúcar (Decreto nº
6961) Mato Grosso apresenta uma área total de 90.335.790 ha e
atualmente estão plantados com cana-de-açúcar 223.200 ha (BRASIL,
2009).
No manejo do solo, temos de considerar duas situações distintas: se
a cana vai ser implantada pela primeira vez ou se o terreno já se encontra
ocupado com cana. No primeiro caso, faz-se uma aração profunda, com
bastante antecedência do plantio, visando à destruição, incorporação e
17
decomposição dos restos culturais existentes, seguida de gradagem, com o
objetivo de completar a primeira operação. Em solos argilosos é normal a
existência de uma camada impermeável, a qual pode ser detectada através
de trincheiras abertas no perfil do solo, ou pelo penetrômetro. No segundo
caso utiliza-se implemento montado no trator, que realiza a chamada tríplice
operação (escarificação, adubação e cultivo). Em seguida, pode-se fazer
controle químico com herbicida, após aproximadamente 30 dias da
operação mecânica (AGROBYTE, 2012).
Para renovação do cultivo, algumas indústrias canavieiras fazem, a
cada quatro ou cinco anos, plantios de leguminosas (soja) que recuperam o
solo pela fixação de nitrogênio. Quanto aos problemas advindos da queima
controlada na época do corte, como a perca de nutrientes como o N, S e C,
existe um movimento em direção à mecanização da colheita que aumenta
de ano para ano, além de rigorosos protocolos que prevem o fim da queima
até o ano de 2014.
A melhor época para o plantio na região Centro-Sul é no período de
setembro-outubro, podendo também ser realizado de janeiro a março. A
cana-de-açúcar deve ser plantada em sulcos, com profundidade próxima a
30 cm, mantendo-se um espaçamento entre sulcos de 0,90 m a 1,40 m.
Quanto mais adensado for o plantio, menor será o diâmetro dos colmos e
consequentemente a produtividade. Desta forma é recomendado o
espaçamento de até 1,20 m entre sulcos, o que facilita as operações com
tratos culturais e colheita. Os colmos serão cobertos com uma camada de 5
cm a 10 cm de solo (EMBRAPA, 2000).
O broto rompe as folhas da gema e se desenvolve em direção à
superfície do solo, ao mesmo tempo surgem as raízes do tolete. A
emergência do broto ocorre de 20 a 30 dias após o plantio, sendo este um
caule em miniatura que surge acima da superfície do solo (chamado de
colmo primário). Esta fase depende da qualidade da muda, ambiente, época
e manejo do plantio. Neste estágio ocorre, ainda, o enraizamento inicial
18
(duas a três semanas após a emergência) e o aparecimento das primeiras
folhas (EMBRAPA, 2012c).
Os ciclos evolutivos da cultura podem ser de 12 a 18 meses. Os
tratos culturais na cana-planta limitam-se geralmente ao controle das ervas
daninhas, adubação em cobertura e adoção de uma vigilância fitossanitária
para controlar a incidência do carvão. O manejo da adubação nitrogenada
em cana de açúcar é um fator importante de produtividade especialmente
nas soqueiras (Malavolta et al., 1997). Atualmente há uma tendência em
substituir a adubação química das socas pela aplicação de vinhaça, cuja
quantidade por hectare esta na dependência da composição química da
vinhaça e da necessidade da lavoura em nutrientes. O período crítico da
cultura, devido à concorrência de ervas daninhas, vai da emergência aos 90
dias de idade.
Os maturadores químicos são produtos que tem a propriedade de
paralisar o desenvolvimento da cana induzindo a translocação e o
armazenamento dos açúcares. Vêm sendo utilizados como um instrumento
auxiliar no planejamento da colheita e no manejo varietal. Muitos compostos
apresentam, ainda, ação dessecante, favorecendo a queima e diminuindo,
portanto, as impurezas vegetais.
O ponto de maturação pode ser determinado pelo refratômetro de
campo e complementado pela análise de laboratório. Com a adoção do
sistema de pagamento pelo teor de sacarose, há necessidade do produtor
conciliar alta produtividade agrícola com elevado teor de sacarose na época
da colheita.
Após a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e
pontas, cuja permanência prejudica a nova brotação e dificulta os tratos
culturais. A maneira de eliminar esse material (paliço) seria a queima pelo
fogo, porém essa prática não é indicada devido aos inconvenientes que ela
acarreta, como falhas na brotação futura, perdas de umidade e matéria
orgânica do solo e quebra do equilíbrio biológico (AGROBYTE, 2012). O
19
solo fica superficialmente adensado e dificulta a penetração de água, ar e
fertilizantes. Diversos métodos e implementos podem ser usados para evitar
o adensamento do solo, pois existem no mercado implementos dotados de
hastes semi-subsoladoras ou escarificadoras, adubadoras e cultivadores
que realizam simultaneamente, operações de escarificação, adubação,
cultivo e preparo do terreno para receber a carpa química. Devido ao rápido
crescimento das soqueiras, o número de carpas exigidos é menor que o da
cana planta.
A colheita inicia-se em maio na região Centro-Sul e em algumas
unidades sucroalcooleiras em abril, prolongando-se até novembro, período
em que a planta atinge o ponto de maturação, devendo, sempre que
possível, antecipar o fim da safra, por ser um período bastante chuvoso, que
dificulta o transporte de matéria prima e faz cair o rendimento industrial.
O corte pode ser feito manual ou mecanicamente, através de
colhedoras. Existem basicamente dois tipos: colhedora para cana inteira e
colhedora para cana picada (automotrizes). Após o corte, a cana-de-açúcar
deve ser transportada o mais rápido possível ao setor industrial, por meio de
caminhão ou carreta tracionada por trator para ser processada e evitar
possíveis perdas de sacarose (inversão da sacarose)
e contaminação
bacteriana.
O Estado do Mato Grosso possui características peculiares que
podem favorecer o cultivo da cana-de-açúcar, como solos adequados, alta
luminosidade, grande quantidade de áreas cultiváveis, mão de obra, entre
outros. Como a introdução da cultura é relativamente nova no Estado, há
poucos estudos demonstrando a indicação de melhores genótipos
adaptados à região, destacando a importância da pesquisa, na geração de
dados técnicos para a cultura.
20
2.2 Fisiologia da cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar ( Saccharum ssp.) é uma gramínea, geralmente
cultivada em áreas tropicais ou subtropicais, sendo originária do Sudeste
Asiático. Pertence à classe Liliopsida, sub-classe Commelinidae, ordem
Cyperales,
família
Poaceae,
tribo
Andropogoneae
e
sub-tribo
Saccharinineae (Castro e Kluge, 2001). Perfilha de maneira abundante, na
fase inicial do desenvolvimento. Quando se estabelece como cultura, o
autosombreamento induz inibição do perfilhamento e aceleração do colmo
principal. O crescimento inicial acelerado é responsável pelo fechamento do
dossel, e uma importante característica da planta, sendo o ideal que a
planta tenha baixo número de perfilhos por área, diminuindo a competição
entre a plantas (Terauchi e Matsuoka, 2000) e a área foliar é uma das
características que influenciam a eficiência fotossintética da cana, segundo
Rodrigues (1995).
Desenvolve-se na forma de touceira e a parte aérea é formada por
colmos. A gradativa queda de temperatura e redução das precipitações é
determinante para a ocorrência do processo de maturação (Adorna, 2011).
O crescimento em altura continua até a ocorrência de alguma limitação no
suprimento de água, ocorrência de baixas temperaturas ou ainda devido ao
florescimento, sendo este processo indesejável em culturas comerciais
(Rodrigues, 1995).
Com informações disponíveis sobre o ciclo da planta, é possível
identificar as relações e a influência dos fatores envolvidos no processo de
produção, favorecendo a previsão de problemas, o manejo e a tomada de
decisão. Para favorecer a compreensão das fases de desenvolvimento
(Figura 1), existe uma escala fenológica que se constitui em um conjunto de
fases apresentadas em sequencia, de forma a descrever o crescimento e o
desenvolvimento desde sua emergência até a maturação (EMBRAPA,
2012b).
21
Figura 1. - Fases fenológicas da cana-de-açúcar
Fonte: Gascho e Shih (1983).
Considerada uma cultura altamente eficiente na conversão de energia
luminosa em energia química, através de sua alta atividade fotossintética as
plantas de metabolismo C4 possuem alta taxa de crescimento, adaptação a
condições climáticas adversas, como temperaturas elevadas e deficiência
hídrica e eficiência do uso da água de duas a três vezes maior que as
plantas C3 (Taiz e Zeiger, 2006). Mesmo de certa tolerância à deficiência de
água, a cultura necessita de grandes quantidades desse elemento para
suprir suas necessidades hídricas (Inman-Bamber, 2004; Inman-Bamber;
Smith, 2005).
A cana-de-açúcar pode ser atacada por pragas, dependendo da
espécie da praga presente no local, bem como do nível populacional dessa
espécie, com reduções significativas na produtividade dessa cultura. De
acordo com Conceição e Silva (2011)
as principais pragas que podem
causar danos a cana-de-açúcar são a broca da cana-de-açúcar, cigarrinhas
das raízes, cupins, migdolus, Sphenophorus levis, formigas e lagartas,
22
sendo que a broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis) encontra-se
amplamente distribuída por todo o Brasil sendo a de maior relevância
O colmo da cana-de-açúcar é cilíndrico, sendo composto de nós e
entrenós nos diferentes estádios fisiológicos: entrenós maduros (base), em
maturação (meio) e imaturos (ponta), que se formam a cada dez dias
produzindo uma nova folha a cada internódio. As folhas, que são formadas
por lâmina e bainha e que se encontram no colmo de modo alternado e
oposto, e responsável pela inflorescência, que é do tipo panícula (Miller e
Gilbert, 2009). O número de folhas no colmo de cana-de-açúcar é, em
média de oito a nove no período do auge do perfilhamento, sendo que a
interceptação solar necessária à realização da fotossíntese ocorre nas seis
folhas mais apical (Golinski, 2009). O colmo é um reservatório onde, em
condições favoráveis à maturação, acumula-se grande quantidade de
sacarose. Durante seu crescimento o teor de sacarose é maior nos entrenós
basais e menos nos apicais, invertendo-se o processo à medida que a cana
vai amadurecendo (Machado, 1987).
O seu crescimento é variável, dependendo da época de plantio, tipo de
muda e condições ambientais, de acordo com Castro et al. (2008) há uma
produção média de 2 a 4 entrenós por mês, com 10 a 15 cm de
comprimento cada um. A maturação é um processo que acontece de nó
para nó e o grau de maturação de cada nó depende da idade destes. O
conteúdo de açúcar vai diminuindo gradualmente desde o inferior ao
superior, sendo quase nulo no ultimo nó superior do colmo da cana. Quando
o conteúdo de açúcar é uniforme em toda longitude do colmo se diz que a
cana chegou ao estado de maturação completa e de forma geral, pode-se
dizer que a maturação da cana-de-açúcar é o acúmulo de sacarose nos
colmos (Legendre, 1975).
As raízes da cana-de-açúcar são do tipo fasciculado ou em “cabeleiras”
sendo
que
85%
delas
encontram-se
nos
primeiros
50
cm,
e
aproximadamente 60% entre os primeiros 20-30 cm de profundidade. Os
23
rizomas são constituídos por nós internos, e gemas, as quais dão origem
aos perfilhos, responsáveis pela formação das touceiras. As novas touceiras
da soca ou ressoca se originam dos rizomas que se formam após a colheita
(Lucchesi, 2001).
2.3 Variedades estudadas
Atualmente o Brasil conta com quatro programas de melhoramento
genético da cana de açúcar, disponibilizando as atuais e futuras variedades
para o cultivo. São eles: Canavialis (variedades CV); Centro de Tecnologia
Canavieira (variedades CTC, sucessor da Copersucar – variedades SP);
Instituto
Agronômico
de
Campinas
(variedades
IAC)
e
Rede
Interuniversitária para o desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro –
RIDESA (variedades RB).
De acordo com o Censo Varietal (2010) em 2.844.895 ha cultivados
com cana-de-açúcar na região Centro-Sul do País as variedades mais
usadas foram: RB com 57,8%, SP com 34,6%, CTC com 3,7%, IAC 1,1% e
outras 2,7%.
A variedade RB867515 foi uma das mais plantadas, no Brasil, com
área aproximadamente de 628.105 ha, o que equivale a 22,1% de toda a
área plantada na região Centro-Sul (Censo Varietal, 2010). Ela apresenta
alta velocidade de crescimento, porte alto, hábito de crescimento ereto, alta
densidade de colmo, de cor verde arroxeado que se acentua quando
exposto, fácil despalha e entrenós cilíndricos. O perfilhamento é médio com
colmos de diâmetro médio e alta uniformidade. Apresenta pouca rachadura
e o aspecto é liso e com pouca cera. Nos ambientes de alto potencial de
produção há possibilidades, devido à alta produtividade agrícola, de
tombamento e atraso de maturação. Tolerante à seca e boa brotação de
soqueira, mesmo colhida crua; alto teor de sacarose, crescimento rápido
com alta produtividade. (variedade obtida pela Universidade Federal de
Viçosa).
24
A RB931011 é uma variedade alagoana (UFAL) lançada no inicio de
2010. Ideal para colher no meio e fim de safra apresenta fechamento entre
linhas bom, crescimento rápido e boa produtividade. No caso da RB931011
o ideal é plantar no verão e colher na mesma estação. Destaca-se pela
excelente performance em solos de textura arenosa. Possui folhas eretas e
de largura média com bainha verde amarelada, palmito longo com intensa
presença de cera.
A variedade RB002504, obtida por meio de um policruzamento na
Universidade Federal Rural de Pernambuco, apresenta boa brotação em
cana-planta e socarias; alto teor de sacarose e florescimento raro; além de
baixa exigência quanto aos solos, tem perfilhamento bom e porte alto sem
tombamento, apresenta maturação precoce/média, baixa exigência quanto
ao solo, de fácil despalha e uniformidade final dos colmos.
2.4 Compactação
O solo é um sistema complexo em que seus diversos componentes
encontram-se interligados e em constante transformação, sendo que seu
uso e manejo alteram suas condições físicas, químicas e biológicas
(Valpassos et al., 2001).
No entanto, a pressão pelo uso de fontes de energia alternativa aos
combustíveis fósseis, observada nas últimas décadas, vem fazendo com
que os agrossistemas canavieiros sejam cada vez mais explorados com
tecnologias baseadas no uso de máquinas agrícolas em todas as etapas do
processo produtivo (Paulino et al., 2004). Para tanto, faz-se a opção por
veículos de maior capacidade unitária de carga, os quais, muitas vezes,
trafegam sobre o solo em condições desfavoráveis em termos de conteúdo
de água, tornando praticamente inevitável a ocorrência da compactação do
solo (Iaia et al., 2006). Esse problema tem sido considerado um dos
principais fatores de degradação da sua estrutura (Mosaddeghi et al., 2007).
25
Essas ações mecânicas deixam o solo compactado, que apresenta
sua porosidade diminuída e sua densidade aumentada. Isso quer dizer que
os espaços por onde circulariam o ar e água diminuem. Oliveira (1992)
destaca, neste processo, a dispersão de argila, provocada por uma maior
taxa de oxidação da matéria orgânica do solo, e por alterações químicas
quando esses solos são colocados em produção agrícola.
Nesse sentido, Souza et al. (2005), ao avaliarem o efeito de sistemas
de manejo da cultura da cana-de-açúcar nos atributos físicos de um
Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico de textura média, constaram que a
compactação do solo, em decorrência da colheita mecanizada dessa
cultura, pode promover reduções superiores a 50% no volume de
macroporos do solo. Por sua vez, tal alteração estrutural pode vir a
comprometer a sustentabilidade dessa atividade agrícola, uma vez que essa
classe de poros, em última análise, determina a taxa de movimentação de
água no solo (Mesquita e Moraes, 2004), a recarga do lençol freático e,
consequentemente, potencializam as perdas de solo e nutrientes por erosão
e o assoreamento dos mananciais (Izidorio et al., 2005).
A compactação, de acordo com Rosolem (1994), é um dos fatores que
podem impedir a formação de novas raízes e consequentemente prejudicar
o desenvolvimento de plantas, pois observou que a raiz não responde à
compactação do solo, mas sim, a resistência do solo a penetração, da qual
a compactação é um dos fatores e essa resistência depende da densidade,
da umidade e da textura do solo. Também pode provocar redução no
comprimento do sistema radicular, alterando o diâmetro da raiz para
maiores valores, como forma de compensar a redução do comprimento
(Vepraskas, 1994). Raízes longas e finas são características desejáveis nos
genótipos melhorados, especialmente por aumentarem a eficiência de
absorção de nutrientes pouco móveis no solo, como o fósforo, cuja
movimentação é altamente dependente do mecanismo de difusão
(Anghinoni e Meurer, 1999).
26
A compactação sendo excessiva pode limitar a adsorção e, ou,
absorção de nutrientes, infiltração e redistribuição de água, trocas gasosas
e o desenvolvimento do sistema radicular (Bicki e Siemens, 1991),
resultando em decréscimo da produção, aumento da erosão e da energia
necessária para o preparo do solo (Soane, 1990), portanto, a compactação
do solo pode ter seu efeito na produtividade das culturas, principalmente em
anos com baixos índices pluviométricos (Torres e Saraiva, 1999).
Os impactos no solo causados pelo tráfego de veículos também foram
estudados por Raper (2005), que recomendou, quando necessário: reduzir a
carga, utilizar sistemas que controlam o tráfego e fazer subsolagem para
eliminar a camada compactada no perfil do solo na zona de crescimento
radicular. Ele concluiu que a compactação do solo resultante do tráfego de
veículos não pode ser completamente eliminada, mas pode ser controlada e
reduzida através de um gerenciamento racional.
Os métodos para detecção da camada compactada do solo podem ser
divididos, segundo Lanças (1996), em três grupos principais:

Visuais, subjetivos ou grosseiros: sulcos de erosão, fendas nos rastros
dos rodados, crostas superficiais, sistema radicular raso e espalhado,
falhas localizadas de germinação, plantas com tamanhos menores que o
padrão, emergência lenta, coloração deficiente, sintomas de carência de
N e P e toxidez de Mn mesmo com adubação adequada e análise do
perfil do solo pela abertura de trincheiras avaliando-se a "dificuldade" de
penetração de um estilete ou canivete ao longo do perfil para "sentir" a
camada compactada.

Métodos precisos: determinação do coeficiente de condutibilidade
hidráulica, a porosidade, a densidade do solo, a taxa de infiltração, a
análise do sistema radicular, com abertura de trincheiras adequadas
para esse fim.

Métodos intermediários:
resistência
à penetração.
Embora
a
densidade do solo seja a medida quantitativa mais direta no diagnóstico
27
da compactação, Camargo e Alleoni (1997) ressalvam a influência
exercida pela textura e estrutura do solo nesse atributo, limitando a
escolha de um valor absoluto de referência.
Assim, o solo é um dos componentes de um conjunto complexo de
fatores de produção, destacando-se pelo seu importante papel de
fornecer às plantas suporte físico, água e nutrientes.
3. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido na área experimental de pesquisa do
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, na Universidade
Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Rondonópolis-MT, em
ambiente protegido (casa de vegetação) com as coordenadas geográficas:
16º28’ Latitude Sul e 50º34’ Longitude Oeste. A umidade do ar na casa de
vegetação ficou em torno de 59% e a temperatura média era de 28ºC.
O município de Rondonópolis está situado na região Sul de Mato
Grosso com altitude de 227 m em uma região de cerrado. De acordo com a
classificação de Koppen o clima da região é AW – Clima tropical com
estação seca no inverno e temperatura média de 24ºC. O experimento foi
instalado no período de agosto a dezembro de 2011.
O solo utilizado foi LATOSSOLO Vermelho, textura franco arenosa,
coletado na camada de 0-20 cm, em área de reserva de cerrado. Uma parte
do solo foi passada em peneira de 2 mm de malha para realização das
análises químicas e o restante em peneira de 4 mm de malha para
instalação do experimento. Posteriormente foi acondicionado em sacos
plásticos contendo 12 dm-3 de solo em cada saco.
De acordo com a caracterização do solo (Tabela 1) a calagem foi
realizada dois dias após a coleta do solo com o objetivo de elevar a
saturação por bases para 60%. Realizou-se a aplicação de 3,6 t ha-1 de
28
calcário. As adubações de plantio foram realizadas aplicando-se 30 kg ha-1
de N, 200 kg ha-1 de K2O e 180 kg ha-1 de P2O5, na forma de ureia, cloreto
de potássio e superfosfato simples, respectivamente. A recomendação de
adubação foi estabelecida de acordo com as normas do Boletim Técnico
100 (Raij et al., 1996 ) e aplicada diretamente dentro dos sacos plásticos.
Tabela 1. Resultados da análise química e granulométrica de amostra de
Latossolo Vermelho na camada de 0-20 cm.
pH
CaCl2
4,1
P
K
mg dm-3
2,4
28
Ca
0,3
mg
Al
Cmolc dm-3
0,2
1,1
H
SB
CTC
4,2
0,6
5,9
V
%
9,8
M.O.
g dm-3
22,7
Areia
549
Silte
g kg-1
84
Argila
367
A unidade experimental foi constituída pela sobreposição e encaixe de
três anéis de PVC rígido, com diâmetro de 200 mm. Cada anel media 100
mm de altura. Na parte inferior da unidade experimental havia uma tela de
polietileno com malha de 1 mm, fixada com anel de borracha obtido pela
secção transversal de câmara de ar utilizada em pneus de caminhão. No
encaixe dos anéis foi realizada uma fixação com fita adesiva. Foram
colocados pratos plásticos de 300 mm de diâmetro embaixo de cada
unidade experimental para servir como fundo do recipiente.
Os anéis superores e inferiores foram preenchidos com massa de solo
equivalente para manter a densidade de 1,0 Mg m-3, enquanto o anel central
foi mantido com os níveis de compactação de acordo com os tratamentos
(1,0, 1,2, 1,4, 1,6 e 1,8 Mg m-3 ). A massa de solo destinada ao anel
mediano foi compactada com a utilização de uma prensa hidráulica modelo
P15ST, marca BOVENAU.
Nos anéis superiores e inferiores, foram colocados 3,140 dm3 de solo.
Ensaios prévios de compactação em laboratório (ensaio de proctor normal)
foram realizados e estabelecendo-se a umidade ideal de compactação em
16% a base de massa. Para a obtenção dos níveis de compactação
desejados, foram adicionadas quantidades calculadas de solo ao anel
29
central que foi preenchido conforme os níveis de densidade do solo (1,0,
1,2, 1,4, 1,6 e 1,8 Mg m-3).
A equação 2 foi utilizada para determinação da massa de solo seco a
ser utilizado em cada nível de compactação, a partir da relação de
densidade, ou seja, da massa do solo seco e volume total.
(1)
(2)
onde:
MSS – Massa do solo seco (g)
VT - Volume total do anel (cm3)
Ds - Densidade do solo (g cm-3 )
A quantidade de solo colocada na prensa foi estabelecida de acordo
com a umidade apresentada em cada vaso. Foi utilizada a equação 3 para o
cálculo do peso da massa do solo úmido a ser utilizado (MSU):
(3)
onde:
MSU - Massa do solo úmido (g)
MSS - Massa do solo seco (g)
θm - umidade a base de massa (%)
As três variedades de cana-de-açúcar (RB867515, RB931011 e
RB002504) foram selecionadas a partir de material genético com
características agronômicas promissoras para a produção de etanol e
açúcar e desenvolvidas pela Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento
Sucroalcooleiro (RIDESA).
As mudas das variedades foram obtidas do campo experimental da
Companhia Agroindustrial de Goiana-PE (unidade associada à RIDESA). Os
colmos foram selecionados, seccionados em mini-toletes e plantados em
copos plásticos, sendo posicionados de forma que todas as gemas ficassem
30
ligeiramente voltadas para cima. Em seguida foram cobertos com camada
de 50 mm de solo.
As mudas de cana-de-açúcar foram transplantadas para os vasos após
30 dias do plantio dos toletes, logo após o estabelecimento da brotação. O
delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, composto por três
variedades (RB867515, RB931011 e RB002504) e cinco níveis de
compactação (1,0; 1,2; 1,4; 1,6 e 1,8 Mg m-3) em quatro repetições,
totalizando 60 vasos.
A variedade RB867515 foi selecionada por ser a mais cultivada no
Brasil e apresentar como características rápido crescimento, alta densidade
de colmo e perfilhamento médio. A variedade RB931011 apresenta bom
desenvolvimento em solos arenosos e bom fechamento de entrelinhas e a
variedade RB002504 apresenta alto perfilhamento e alta produtividade. O
croqui da área experimental é apresentado na Figura 2.
31
RB867515
RB931011
RB002504
1.0
1.2
1.6
RB931011
RB931011
RB931011
1.0
RB002504
1
1,8
.2
RB867515
1
1.4
.6
RB002504
1
1.0
.0
RB931011
1.8 1
RB867515
.8
1.8 1
RB867515
.4
1.6 1
.0
RB002504
1.2 1
.8
RB867515
1.6 1
.8
RB002504
1.0 1
.6
RB867515
1.4 1
.2
RB002504
1.2
RB002504
1
1.6
.0
RB002504
1
1.6
.4
RB931011
1
1.2
.2
RB867515
1.4 1
RB867515
.6
1.2 1
1.2 1
RB002504
.6
RB931011
.2
1
1.8
.2
RB002504
1
1.4
.2
RB867515
1
1.0
.8
RB867515
1
1.0
.4
RB867515
1.0
1.4 1
.4
RB931011
1
1.8
.4
RB931011
BLOCO
IV
BLOCO
III
1
1.6
.8
RB867515
RB867515
1
1.8
.0
RB002504
1.6 1
.6
RB002504
1.2 1
RB867515
.0
1.2 1
.8
RB002504
1.4 1
RB002504
.6
1.8 1
RB931011
.2
1.6 1
RB931011
.2
1.8 1
RB867515
.4
1.4 1
RB867515
.8
1.0 1
RB931011
.6
1.0 1
RB931011
.8
1.4 1
RB002504
.4
1.2 1
RB931011
.0
1.8 1
1.0 1
1.6 1
RB002504
1
1
1.2
.0.0
.8
RB931011
.4
RB002504
1
1.6
.0
RB931011
.2
RB002504
1
1.8
.6
RB867515
1.8 1
RB002504
.2
1.0 1
RB867515
.6
1.0 1
RB931011
.8
BLOCO
1.0 1
RB867515
.8
1.4 1
RB867515
.0
1.2 1
RB931011
.0
II
1.2 1
1.8 1
1.4 1
RB867515
.0
RB002504
.4
RB931011
.2
1.6 1
.2
1.4 1
.8
1.6 1
.4
BLOCO
I
1
1
1
Figura 2. Croqui
de distribuição
dos tratamentos
em casa de vegetação
.6
.4
.6
32
Foi utilizado em cada unidade experimental um sistema sinalizador
para de controle de irrigação, tipo Irrigás (Calbo e Silva, 2005). Esse
sistema era composto por uma cápsula porosa (sensor), conectada em um
tubo flexível, e na outra extremidade desse mesmo tubo a uma seringa
transparente (3 ml), que servia como dispositivo indicador da umidade do
solo. A cápsula foi instalada na profundidade de 80 mm, próxima ao sistema
radicular. A porosidade da cápsula utilizada na construção do Irrigás
permitia a permeabilidade do ar a partir da tensão de 25 kPa. Assim,
quando o sinalizador indicava a permeabilidade do ar através dos poros do
sensor, a tensão de água no solo encontrava-se equivalente a 25 kPa
(tensão crítica).
A avaliação da umidade do solo era realizada imergindo-se o
sinalizador transparente (seringa) no recipiente de água. Se o solo estiver
“úmido”, a passagem de ar através da cápsula porosa fica bloqueada,
impedindo a ascensão da água no interior da seringa. Isto é, a água não
entra na seringa porque o ar não sai do sistema através dos poros da
cápsula. Por outro lado, quando o solo estava seco e a umidade diminuí
abaixo do valor crítico (tensão > 25 kPa), a cápsula porosa torna-se
permeável à passagem do ar, e nessa condição, quando se mergulhava a
seringa no frasco, a água preenchia a seringa. Quando o sinalizador Irrigás
indicava a necessidade de irrigação o vaso era irrigado, adicionando água
por superfície. Ao contrário, quando a cápsula úmida bloqueia a entrada de
água na seringa, então o solo ainda está suficientemente “úmido” (tensão <
25 kPa) não indicando a necessidade de irrigação. Diariamente era
realizada uma medição no final da tarde para monitorar a umidade de água
no solo (Figura 3).
33
A
B
Figura 3. Instalação (A) e leitura (B) do sistema Irrigás nos vasos.
Fonte: Autora
Foi obtida a curva característica de umidade do solo utilizando o
software SWCR (Dourado Neto et al., 2000) e os dados ajustados ao
modelo proposto por van Genuchten (1980), representados na figura 4.
Figura 4. Curva de retenção de água do solo. (Dourado Neto et al, 2000)
Os coeficientes matemáticos α, m, n, θr e θs que descrevem o modelo
representado foram obtidos pelo SWCR, sendo:
θ - umidade à base de volume (valor decimal)
n - 2,1771
m - 0,0567
θr – 0 (cm3 cm-3)
θs - 0,440 (cm3 cm-3)
α - 1,1546
ψm - 246,79 (cca)
34
O armazenamento de água para atingir a capacidade de campo foi
calculado por meio da equação 4:
(4)
Onde:
AL – Armazenamento de água (%)
∆θ1 e ∆θ3 – Diferença entre a umidade na capacidade de campo e a
umidade equivalente a tensão de 25 kPa na camada de densidade 1,0 Mg
m-3 (1o e 3o anéis).
∆θ2 - Diferença entre a umidade na capacidade de campo e a
umidade equivalente a tensão de 25 kPa na camada compactada (2o anel).
Para o cálculo da lâmina a ser aplicada nos vasos foi utilizada a
equação 5:
(5)
Onde:
L – Lâmina (cm)
AL – Armazenamento de água
H – Altura do anel (cm)
E o volume a ser aplicado foi calculado por meio da equação 6:
(6)
Onde:
V – Volume de água (cm3)
L – Lâmina aplicada (cm)
A – Área da seção circular do tubo (314,16 cm2)
O volume de água utilizado para a reposição da umidade à
capacidade de campo, em cada nível de densidade, foi calculado com base
nas equações 4, 5 e 6, conforme apresentado na Tabela 2.
35
Tabela 2. Reposição da umidade à capacidade de campo, em cada
densidade do solo.
Densidade
(Mg m-3)
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
Armazenamento
de água (AL) %
15
16
17
18
19
Lâmina (L)
cm
1,5
1,6
1,7
1,8
1,9
Volume aplicado
(V) cm3
471
502
534
565
597
Fonte: Autora
O corte das plantas ocorreu aos 93 dias após o plantio das mudas, na
fase de perfilhamento da cultura, no dia 19 de dezembro de 2011. As
variáveis analisadas foram: Fitométricas - número de perfilhos, número de
folhas, área foliar, massa fresca e seca das folhas, comprimento de colmos,
diâmetro de colmos, massa fresca e seca de colmos, altura de plantas,
massa fresca de raiz e massa seca de raiz. Fisiológicas - condutância
estomática, teor de clorofila (Índice SPAD) e consumo de água.
Avaliou-se o perfilhamento contando o número de perfilhos, sendo
considerado perfilho todo broto formando a partir do tolete plantado,
inclusive o broto primário. A contagem do número de folhas foi por meio da
identificação de todas as folhas com lígula visível, a partir da folha +1 e
apresentando mais de 20% de área verde.
A altura da planta foi mensurada com o auxílio de uma trena,
medindo-se a planta desde sua base rente ao solo até o ápice da folha mais
alta da planta.
O cálculo da área foliar foi realizado pelo método da pesagem de
disco foliar. Da folha +2, foram retirados, com auxílio de um vasador com
diâmetro interno de 2,14 cm (Figura 5), três discos para a determinação da
área foliar. Em seguida, pesaram-se as amostras. Cada conjunto de discos
retirado da folha foi pesado em balança com precisão de 0,01 gramas,
procedendo-se da mesma forma com o restante das folhas. Por meio da
massa dos discos (md) e a massa das lâminas foliares restantes (mf),
36
determinou-se a área das lâminas amostradas (AF), estimada pela equação
7.
(7)
A
B
Figura 5. Utilização de vasador (A) e retirada das amostras (B) para estimativa de área
foliar.
Fonte: Autora
Após o corte das folhas a massa fresca foi determinada por meio da
pesagem das folhas de cada planta em balança com precisão de 0,01
gramas.
A massa seca de folhas foi realizada por meio do acondicionamento
das folhas em sacos de papel e colocada em estufa de ventilação forçada a
65ºC, por 72 horas, para a obtenção da massa constante. Em seguida, as
amostras foram retiradas da estufa, deixadas à temperatura ambiente e
pesadas para determinação da massa seca.
O comprimento do colmo foi mensurado com uma trena, medindo o
colmo desde a sua base rente ao solo até a parte superior do último nódio
na inserção da bainha das folhas e as medições do diâmetro de colmo
foram realizadas com o auxílio de um paquímetro, na região mediana do
primeiro nódio formado.
A massa fresca de colmos foi determinada por pesagem em balança
com precisão de 0,01 gramas. Após a pesagem os colmos foram
acondicionados em sacos de papel e levados a estufa de ventilação forçada
a 65ºC, por 120 horas (tempo para obtenção da massa constante). Em
seguida, as amostras foram retiradas da estufa, deixadas à temperatura
ambiente e pesadas para determinação da massa seca.
37
A massa fresca de raiz foi alcançada após a lavagem em água
corrente para retirada do solo e o escoamento das mesmas sobre peneiras,
após esse processo, foram pesadas em balança com precisão de 0,01
gramas e a massa seca de raiz foi obtida por meio do acondicionamento
das raízes em sacos de papel e colocada em estufa de ventilação forçada
de ar a 65ºC, por 72 horas. Em seguida, as amostras foram retiradas da
estufa, deixadas à temperatura ambiente e pesadas em balança com
precisão de 0,01 gramas para determinação da massa seca.
A condutância estomática foi realizada por meio do Porômetro (Leaf
porometer, modelo SC-1, Decagon). As leituras foram realizadas no horário
das 08h00 às 09h30 com incidência de sol, ou seja, sem nebulosidade,
utilizando-se folhas adultas e completamente expandidas e situadas na
parte mediana do colmo principal. Foram selecionadas três folhas por
planta, sendo efetuada a leitura na parte abaxial da folha.
A leitura do Índice SPAD (determinação indireta do teor de clorofila)
foi obtido usando um clorofilômetro. As leituras foram feitas no terço médio e
em três pontos a cada lado da nervura das folhas +1 e +2, na face abaxial
sempre no período de incidência de sol (entre 10h00 e 14h00).
Os resultados foram submetidos ao programa Sisvar (Ferreira,
2008). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste
F, correlações simples e regressão. Para comparação das médias, utilizouse o teste de Tukey a 5% de probabilidade.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Número de perfilhos
38
O perfilhamento ocorre no segundo estádio fenológico da cana-deaçúcar sendo responsável pelo estabelecimento definitivo da cultura. O
número de perfilhos por unidade de área associada ao início do acúmulo de
sacarose nos colmos determina a futura produtividade ou fitomassa
(toneladas/ha) da cultura. O desenvolvimento da cana-de-açúcar é
favorecido nos três meses iniciais, sendo que o melhor aproveitamento
potencial na época de vegetação está associado ao bom desenvolvimento
da touceira do sistema radicular e que haja de 12 a 14 folhas em pleno
desenvolvimento (SEGATO et al., 2006).
Para o número de perfilhos houve interação significativa entre as
variedades de cana-de-açúcar e as densidades do solo. A variedade
RB002504 apresentou maior número de perfilhos na avaliação entre as
variedades dentro das densidades do solo 1,0, 1,2 e 1,4 Mg m-3 em relação
as variedades RB867515 e RB931011 (Tabela 3). De acordo com Hodgson
(1990), as gramíneas utilizam o perfilhamento como forma de crescimento e
sobrevivência e cada variedade apresenta um potencial de perfilhamento
que depende da emissão de folhas (Nabinger, 1997).
Tabela 3. Número de perfilhos nas variedades de cana-de-açúcar nos cinco
níveis de densidade do solo, aos 93 dias após o plantio.
Densidade (Mg m-3)
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
CV%
PERFILHOS (No vaso -1)
RB002504
3,50 A
3,25 A
2,50 A
1,50 A
1,00 A
VARIEDADES
RB867515
1,00 B
1,00 B
1,00 B
1,00 A
1,25 A
34,53
RB931011
1,00 B
1,20 B
1,00 B
1,25 A
1,00 A
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey a 5%.
Fonte: Autora
Pode-se observar que na variedade RB002504 houve redução do
número de perfilhos com o aumento dos níveis de compactação do solo,
cujo comportamento foi descrito por modelo linear de regressão (Figura 6).
Comparando-se a produção de perfilhos da variedade RB002504 na
39
densidade de solo 1,0 Mg m-3 com a produção de perfilhos da densidade de
solo 1,8 Mg m-3, pode observar redução de 73% na produção de perfilhos
para essa variedade, evento que pode ser justificado pelo aumento da
densidade do solo.
4
Número de Perfilhos (vaso -1)
A
NP RB002504 = 7,075-3,375**Ds
R² = 0,97
A
RB002504
3
A
2
RB867515
RB931011
A
A
1
0
B
B
B
B
B
B
A
A
A
A
c
1
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 6. Número de perfilhos da cana-de-açúcar (NP), variedade RB002504 em função da
densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
Segundo Castro (2000) a velocidade da emergência dos perfilhos
depende do cultivar e da aeração do solo (compactação e drenagem
deficientes levam à falta de oxigênio para a respiração dos tecidos e das
raízes).
Não houve efeito significativo de perfilhamento nas variedades
RB867515 e RB931011. O perfilhamento é altamente variável entre as
diversas variedades de cana-de-açúcar, dependendo das características
genéticas de cada uma (Casagrande, 1991). Os resultados corrobam com
Camilotti et al. (2005) que não obtiveram diferença significativa na produção
do número de perfilhos de cana-de-açúcar com a variedade RB855536, em
profundidade de 0-50 cm e densidades de 1,42 à 1,70 Mg m-3 .
Para Terauchi et al. (1999) o elevado perfilhamento é uma
característica inadequada para a obtenção de cultivares melhoradas, pois
40
promoveria um gasto energético para a produção destes perfilhos, não
representando uma correlação positiva com o aumento de produtividade da
cultura produzindo perfilhos com colmos mais finos.
4.2 Número de folhas
Para o número de folhas de cana-de-açúcar as interações foram
significativas entre variedades de cana-de-açúcar e as densidades do solo,
aos 93 dias após o plantio. A variedade RB002504 se destacou por produzir
maior quantidade de folhas nas densidades 1,0 e 1,4 Mg m-3 (Tabela 4).
Variedades que tem um período de crescimento curto beneficiam-se de um
espaçamento mais próximo para interceptar uma quantidade maior de
radiação solar e produzir maiores resultados. Porém com uma estação de
crescimento
longo
sombreamento
o
espaçamento
(EMBRAPA,
2012c)
maior
e
a
é
melhor
diminuição
para
da
evitar
atividade
fotossintética e, consequentemente, a produção. Essa variedade tem como
característica um rápido crescimento o que é comprovado com a grande
quantidade de folhas em relação às outras variedades.
Tabela 4. Número de folhas nas variedades de cana-de-açúcar nos cinco
níveis de densidade do solo, aos 93 dias após o plantio.
Densidade (Mg m-3)
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
CV%
FOLHAS (Nº vaso -1)
RB002504
21,75 A
13,75 A
20,25 A
14,25 A
12,50 A
VARIEDADES
RB867515
12,50 B
14,50 A
13,50 B
13,25 A
10,50 A
13,96
RB931011
12,75 B
13,75 A
12,25 B
12,50 A
11,25 A
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey a 5%.
Fonte: Autora
A variedade RB867515 ajustou-se a modelo quadrático de regressão
em decorrência da densidade do solo, demonstrando que houve efeito da
41
compactação na produção de folhas pela cultura de cana-de-açúcar. A
avaliação mostrou que a variedade apresentou melhor rendimento na
densidade 1,3 Mg m-3 com 14 folhas (Figura 7)
18
Número de folhas
15
12
9
6
NF = - 12,850 +41,125*Ds -15,625*Ds2
3
R² = 0,92
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 7. Número de folhas da cana-de-açúcar (NF), variedade RB867515 em função da
densidade do solo (DS).
* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de F.
Bonelli et al., (2011), também verificaram redução no número de
folhas e de perfilhos em uma gramínea (capim mombaça) com o aumento
dos níveis de compactação de solo e Medeiros et al. (2005) concluíram, em
estudos com plantas de arroz sob efeito de compactação do solo, que
também houve diminuição no número de folhas. Os dados de número de
folhas não mostraram interações significativas nas variedades RB931011 e
RB002504 em relação aos níveis de compactação.
4.3 Área foliar
Para
a área foliar de
cana-de-açúcar as interações foram
significativas entre variedades de cana-de-açúcar e as densidades do solo,
aos 93 dias após o plantio (Tabela 5).
As variedades cultivadas no nível de compactação 1,0 Mg m -3 não
apresentaram diferença significativa. Na densidade 1,2 Mg m -3 a variedade
42
RB867515 apresentou maior área foliar diferenciando-se estatisticamente
das demais variedades. Ainda, a variedade RB867515 foi superior às
variedades RB002504 e RB931011 na densidade 1,4 Mg m-3, porém em
relação a variedade RB002504 a diferença não foi estatisticamente
significativa. Na densidade de 1,6 Mg m -3 não houve diferença significativa
entre as variedades e a variedade RB002504 se destacou na densidade 1,8
Mg m-3 apresentando uma menor redução de área foliar (11%) enquanto as
outras variedades apresentaram redução de área foliar em cerca de 46%.
Tabela 5. Área Foliar nas variedades de cana-de-açúcar nos cinco
níveis de densidade do solo, aos 93 dias após o plantio (DAP).
Densidade (Mg m-3)
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
CV%
ÁREA FOLIAR (cm2)
RB002504
2350,030 A
2214,805 B
2282,402 AB
2419,862 A
2061,290 A
VARIEDADES
RB867515
2274,992 A
3161,255 A
2938,202 A
2114,527 A
1129,577 B
20,09
RB931011
2088,235 A
2076,187 B
2154,855 B
1883,522 A
1113,405 B
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey a 5%.
Fonte: Autora
Segundo Silva (2005) a área foliar é uma importante variável de
crescimento e desenvolvimento, sendo bastante utilizada em estudos
agronômicos. Nesse sentido, Wahid (2004) acrescenta que em condições
de estresses ambientais, como deficit hídrico, genótipos sensíveis seriam
mais prejudicados por reduzirem sua massa de folhas e sua área foliar.
A resposta quantitativa de área foliar da variedade RB867515 em
relação à compactação do solo foi descrita por modelo quadrático de
regressão e obteve a maior área foliar de 3032,17 cm2 na densidade do solo
1,29 Mg m-3
(Figura 8). Terauchi e Matsuoka (2000) relatam que as
características ideais de cultivares de cana-de-açúcar estariam relacionadas
com o rápido crescimento e desenvolvimento na fase inicial. Portanto, para
43
se ter rápido crescimento nesta fase, necessita-se de características
morfológicas que favoreçam a interceptação da radiação solar.
Área Foliar (cm2)
3500
3000
2500
2000
1500
1000
AF= - 9920,229+ 20046,458**Ds-7755,441**Ds2
R² = 0,96
500
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 8. Área Foliar de cana-de-açúcar (AF), variedade RB867515 em função da
densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
A variedade RB931011 também apresentou efeito significativo de
área foliar em relação à compactação ajustando-se a um modelo quadrático
de regressão (Figura 9) com maior área foliar de 2199,62 cm2 na densidade
1,24 Mg m-3. Diversas variáveis influenciam a área foliar, entre essas, o
número de perfilhos e o número de folhas verdes, o tamanho e largura
dessas folhas, a eficiência fotossintética delas, além da influência dos
genótipos e dos fatores ambientais.
Área Foliar (cm2)
3500
3000
2500
2000
1500
1000
AF= - 2902,030+ 8259,537*Ds -3332,392*Ds2
R² = 0,95
500
0
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
Densidade do solo (Mg m-3)
Figura 9. Área Foliar de cana-de-açúcar (AF), variedade RB931011 em função da
densidade do solo (DS).
* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de F.
44
Nas avaliações foi possível observar que a variedade RB002504
apesar de produzir maior número de perfilhos não apresenta maior área
foliar. Observação semelhante às de Oliveira et al. (2007) que mostraram
que a variedade RB855536 apresentou o maior número de perfilhos até os
182 DAP, porém, esse comportamento não refletiu em aumento na área
foliar e na produção de massa foliar total, quando comparado às demais
cultivares.
4.4 Massa fresca de folhas
Houve diferença significativa na interação entre as variedades de
cana-de-açúcar e as densidades do solo na massa fresca de folhas (Tabela
6).
Tabela 6. Massa fresca de folhas nas variedades de cana-de-açúcar nos
cinco níveis de densidade do solo, aos 93 dias.
Densidade (Mg m-3)
MASSA FRESCA DE FOLHAS (g vaso-1)
RB002504
VARIEDADES
RB867515
RB93101
1
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
CV%
90,487 A
98,392 A
88,180 A
71,280 A
65,212 A
83,502 A
104,595 A
104,185 A
89,192 A
42,537 B
13,11
84,451 A
90,762 A
88,482 A
82,040 A
39,130 B
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey a 5%.
Fonte: Autora
Apenas na densidade 1,8 Mg m-3 houve diferença significativa entre
as variedades, sendo a RB002504 superior as demais. Esse resultado
mostra que a variedade possui um rápido desenvolvimento e consegue
produzir maior massa fresca de folhas mesmo em solos com uma maior
densidade. Essa explicação pode estar relacionada com a capacidade de
45
utilização da planta em aproveitar os recursos disponíveis como luz, água e
nutrientes de forma mais eficiente nessa condição de estresse.
De acordo com os resultados apresentados pelas variedades
estudadas, a variedade RB002504 apresentou ajuste a modelo linear de
regressão decrescente com o aumento da densidade do solo (Figura 10)
podendo-se observar que houve uma redução na produção de massa fresca
de folhas da densidade de solo 1,0 Mg m -3 para a densidade de solo de 1,8
Massa fresca folhas (g vaso-1)
Mg m-3 de 31,62%.
120
100
80
60
40
MFF = 137,07-38,831**Ds
R² = 0,78
20
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 10. Massa fresca de folhas de cana-de-açúcar (MFF), variedade RB002504 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
As variedades RB867515 e RB931011 apresentaram um modelo de
regressão quadrática comprovando que são mais tolerantes à compactação
do solo (Figuras 11 e 12). A primeira se desenvolve melhor na densidade
1,31 Mg m-3 apresentando a produção de massa fresca de folhas de 107,41
g e a segunda na densidade 1,26 Mg m -3 com produção de massa fresca de
folhas de 96,58 g.
Massa fresca folhas (g vaso-1)
46
120
100
80
60
40
MFF =- 350,890+701,710**Ds - 267,991**Ds2
R² = 0,99
20
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Massa fresca folhas (g vaso-1)
Figura 11. Massa fresca de folhas de cana-de-açúcar (MFF), variedade RB867515 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
120
100
80
60
40
20
MFF = - 197,878+ 463,273**Ds -183,200**Ds2
R² = 0,95
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 12. Massa fresca de folhas de cana-de-açúcar (MFF), variedade RB931011 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
A folha é a estrutura responsável pela produção da maior parte dos
carboidratos essenciais ao crescimento e desenvolvimento dos vegetais
(Hermann e Câmara, 1999) e a análise de seu desenvolvimento é primordial
para a uma boa produção e cada variedade responde de acordo com sua
programação genética e a interação com o ambiente (Ramão, 2010).
47
4.5 Massa seca de folhas
Os resultados para a produção de massa seca de folhas evidenciou
que houve diferença significativa para a interação entre variedade de canade-açúcar e as densidades do solo, nas três variedades estudadas. A
variedade RB002504 se destacou na densidade 1,8 Mg m -3 não
apresentando diferença significativa em relação a variedade RB867515 e
mostrando melhor rendimento que a variedade RB931011.
Nas densidades 1,4 e 1,6 Mg m-3
as variedades RB867515 e
RB931011 se destacaram por apresentarem resultados superiores de
produção de massa seca de folhas em relação a variedade RB002504,
apesar desta apresentar maior número de folhas e perfilhos (Tabela 7). Os
resultados corrobam com Ramesh e Mahadevaswamy (2000), que
estudando o efeito da seca nas fases do ciclo da cana-de-açúcar,
constataram
que
cultivares
com
menor
perfilhamento,
além
de
apresentarem menores porcentagens de mortalidade dos perfilhos,
possuem perfilhos com maior estatura, diâmetro de colmo e maior massa
seca.
Tabela 7. Massa seca de folhas nas variedades de cana-de-açúcar nos
cinco níveis de densidade do solo, aos 93 dias.
Densidade (Mg m-3)
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
CV%
MASSA SECA DE FOLHAS (g vaso-1)
RB002504
31,370 A
33,705 A
28,565 B
21,317 B
21,660 A
VARIEDADES
RB867515
28,732 A
38,357 A
35,630 A
32,132 A
15,737 AB
13,78
RB931011
29,332 A
33,020 A
32,035 AB
27,012 AB
14,277 B
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey a 5%.
Fonte: Autora
Para a produção de massa seca de folhas houve ajuste a modelo
linear de regressão para a variedade RB002504 (Figura 13) e ajuste a
48
modelo quadrático de regressão para as variedades RB867515 e RB931011
(Figuras 14 e 15). Comparando-se a produção de massa seca de folhas da
variedade RB002504 na densidade do solo 1,0 Mg m -3 com a produção de
massa seca na densidade do solo 1,8 Mg m -3, pode-se observar que houve
uma redução de 37,77% podendo assim ser observado que diante da
Massa seca de folhas (g vaso -1)
limitação física do solo há uma diminuição na massa seca de folhas.
40
30
20
10
MSF= 49,589 -15,904**Ds
R² = 0,80
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Massa seca de folhas (g vaso -1)
Figura 13. Massa seca de folhas de cana-de-açúcar (MSF), variedade RB002504 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
40
30
20
10
MSF = - 122,863+ 245,242**Ds-93,339**Ds2
R² = 0,97
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 14. Massa seca de folhas de cana-de-açúcar (MSF), variedade RB867515 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
Massa seca de folhas (g vaso -1)
49
40
30
20
MSF = - 71,402+ 166,353**Ds -65,861**Ds2
R² = 0,99
10
0
1
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 15. Massa seca de folhas de cana-de-açúcar (MSF), variedade RB931011 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
A variedade RB867515 apresentou melhor produção de massa seca
de folhas na densidade 1,3 Mg m-3 com 37,86 g e a variedade RB931011 na
densidade 1,3 Mg m-3 com 33,48 g nessa mesma densidade. Os resultados
se assemelham aos encontrados por Bonfim-Silva et al. (2011) em que
também teve produção de massa seca da parte aérea do trigo ajustada a
modelo quadrático de regressão com sua máxima produção observada na
densidade de 1,33 Mg m-3.
No trabalho de Gediga (1991), em estudos realizados com milho, a
matéria seca da parte aérea foi incrementada em 10% quando aumentou-se
a densidade do solo de 1,45 para 1,70 Mg m-3 . Os resultados dos trabalhos
são contraditórios, no entanto, tudo indica que o estádio de desenvolvimento
das plantas, por ocasião da avaliação, influenciaram a resposta do
crescimento vegetativo aéreo, o que reforça os relatos de Bennie (1996)
sobre
a
dificuldade
de
se
generalizar
conclusões
desenvolvimento das plantas em solos compactados.
quanto
ao
50
4.6 Comprimento de colmos
Constataram-se diferenças significativas para comprimento de
colmos dentro das três variedades. Foi possível observar que houve efeito
da densidade do solo sobre as plantas (Tabela 8).
Tabela 8. Comprimento de colmos de cana-de-açúcar nos cinco níveis de
densidade do solo, aos 93 dias.
Densidade (Mg m-3)
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
CV%
COMPRIMENTO DE COLMOS (m)
RB002504
0,930 AB
0,992 B
0,880 B
0,787 B
0,702 A
VARIEDADES
RB867515
0,892 B
1,025 AB
1,045 AB
0,927 B
0,522 B
10,92
RB931011
1,102 A
1,180 A
1,150 A
1,137 A
0,672 AB
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey a 5%.
Fonte: Autora
As
variedades
RB002504
e
RB931011
se
destacaram
nas
-3
densidades do solo 1,0 e 1,8 Mg m apresentando significância em relação
a variedade RB867515. O comprimento de colmos é uma variável
importante, pois Barbosa et al. (2012) relatam que existe correlação positiva
entre a comprimento e a produtividade, ou seja, cultivares com maior
estatura teriam a tendência de maior produção de massa por colmo,
consequentemente, maior produtividade.
Comprimento de colmo (m)
51
1,2
1,0
0,8
0,6
CC = 1,320-0,330**Ds
R² =0, 82
0,4
0,2
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 16. Comprimento de colmo de cana-de-açúcar (CC), variedade RB002504 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
A variedade RB002504 apresentou efeito significativo linear de
regressão (Figura 16). Nessa avaliação observou-se uma redução de
26,70% no comprimento do colmo da densidade do solo 1,0 Mg m-3 para a
densidade 1,8 Mg m-3. As variedades RB867515 e RB931011 também
sofreram efeito da compactação. O modelo quadrático descreveu a resposta
da variedade RB867515 diante da limitação física do solo (Figura 17)
mostrando que nesta fase a planta apresentou melhor desenvolvimento de
colmos com 1,08 m na densidade 1,30 Mg m-3. A variedade RB931011
apresentou maior desenvolvimento de colmos com 1,23 m na densidade
1,28 Mg m-3 apresentando modelo quadrático de regressão (Figura 18) e
maior desenvolvimento.
Nos estudos de variedades de cana-de-açúcar realizados por Alves
Júnior (2009) a variedade RB867515 se destacou por apresentar os maiores
valores para altura de colmos e, de acordo com Ferreira et al. (2007) a
produção de colmos trata-se de variável de maior relevância nos programas
de melhoramento genético de cana-de-açúcar.
Comprimento de colmos (m)
52
1,2
1,0
0,8
0,6
CC= - 2,601+ 5,643**Ds-2,1651**Ds2
R² =0, 98
0,4
0,2
0,0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Comprimento de colmos (m)
Figura 17. Comprimento de colmo de cana-de-açúcar (CC), variedade RB867515 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
1,4
1,2
1,0
0,8
0,6
CC= - 1,903+ 4,886**Ds -1,906**Ds2
R² = 0,91
0,4
0,2
0,0
1
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 18. Comprimento de colmo de cana-de-açúcar (CC), variedade RB931011 em
função da compactação do solo.
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
4.7 Massa fresca de colmos
Houve diferença significativa entre variedades de cana-de-açúcar e
as densidades do solo para a produção de massa seca de colmos. Nesse
estudo foi possível obervar que a variedade RB931011 demonstrou maior
acúmulo de massa fresca ao longo do período experimental nos níveis de
densidade do solo 1,0 e 1,6 Mg m-3, não diferindo
estatisticamente da
53
variedade RB867515 nas densidades 1,2, 1,4 e 1,8 Mg m -3 e mostrando
melhor produção de massa seca de colmos em todos os níveis em relação a
variedade RB002504 (Tabela 9).
Na densidade 1,6 Mg m-3 a variedade RB931011 se destaca nas
variáveis comprimento de colmo e produção de massa fresca de colmos.
Esse resultado explica a maior produção de massa fresca por esta
variedade em relação às variedades RB002504 e RB867515. Observa-se
então que a resposta de cada variedade depende de sua característica
genética e da interação desta com o ambiente.
Tabela 9. Massa fresca de colmos nas variedades de cana-de-açúcar nos
cinco níveis de densidade do solo, aos 93 dias.
Densidade (Mg m-3)
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
CV%
MASSA FRESCA DE COLMOS (g)
RB002504
251,767 B
267,990 B
223,017 B
167,785 C
145,555 A
VARIEDADES
RB867515
243,505 B
333,547 AB
353,012 A
266,197 B
82,275 A
16,27
RB931011
372,307 A
403,585 A
389,760 A
347,852 A
132,180 A
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey a 5%.
Fonte: Autora
Para esta avaliação, foram analisadas as massas frescas de colmos
das
três
variedades
separadamente.
Foram
encontrados
modelos
quadráticos nas avaliações da massa fresca de colmo nas variedades
RB857515 e RB931011. A variedade RB002504 ajustou-se a modelo linear
de regressão comprovando ser uma variedade susceptível a compactação
do solo (Figura 19) e apresentando uma perda de 45,68% da densidade do
solo 1,0 Mg m-3 para a densidade do solo 1,8 mg m-3. A variedade
RB867515 apresentou maior quantidade de massa fresca de colmos na
densidade 1,32 Mg m-3 (Figura 20) com produção de 360,08 g e a variedade
RB931011 na densidade 1,26 Mg m-3 com 420,74 g (Figura 21).
Massa fresca colmo (g vaso -1)
54
500
400
300
200
100
MFC = 430,064 -156,315**Ds
R² = 0,87
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Massa fresca colmos (g vaso-1)
Figura 19. Massa fresca de colmo de cana-de-açúcar (MFC), variedade RB002504 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
500
400
300
200
MFC = - 1667,701+ 3076,145**Ds 1168,232**Ds2
R² = 0,99
100
0
1
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 20. Massa fresca de colmo de cana-de-açúcar (MFC), variedade RB867515 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
Massa fresca colmos (g vaso-1)
55
500
400
300
200
100
MFC = - 1048,041+ 2341,918**Ds -932,111**Ds2
R² = 0,96
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 21. Massa fresca de colmo de cana-de-açúcar (MFC), variedade RB931011 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
4.8 Massa seca de colmos
A análise dos resultados observados para a variável massa seca de
colmos apresentado evidenciou que houve diferença significativa nos
resultados de variedade de cana-de-açúcar e as densidades do solo, A
variedade RB931011 apresenta maior produção na densidade 1,0 Mg m-3
em relação as outras variedades (Tabela 10). Essa maior produção de
massa seca de colmo na densidade 1,0 Mg m-3 pode ser explicada, ao
comparar este resultado, com os dados de comprimento de colmo e massa
fresca de colmo na mesma densidade, onde esta variedade obteve o maior
índice demonstrando maior potencial no desenvolvimento dos colmos
56
Tabela 10. Massa seca de colmos nas variedades de cana-de-açúcar nos
cinco níveis de densidade do solo, aos 93 dias.
Densidade (Mg m-3)
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
CV%
MASSA SECA DE COLMOS (g)
RB002504
48,087 B
55,562 A
45,885 B
25,125 B
25,867 A
VARIEDADES
RB867515
49,810 B
67,832 A
91,782 A
53,137 A
15,530 A
26,38
RB931011
99,200 A
77,582 A
98,995 A
74,107 A
26,177 A
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey a 5%.
Fonte: Autora
Comparando-se a produção de massa seca de colmos da variedade
RB002504 na densidade do solo de 1,0 Mg m -3 em relação a densidade 1,8
Mg m-3 (Figura 22), pode-se observar redução de 54,37% na produção de
massa seca por essa variedade. Na variedade RB867515 ocorreu a máxima
de produção na densidade 1,33 Mg m -3 com 81,51 g de massa seca de
colmos (Figura 23) e a variedade RB931011 produziu 96,56 g de massa
seca de colmos na densidade 1,19 Mg m-3 (Figura 24).
Massa seca colmos (g vaso-1)
120
90
60
30
MSC =92,519 -37,438**Ds
R² = 0,73
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 22. Massa seca de colmo de cana-de-açúcar (MSC), variedade RB002504 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
Massa seca colmos (g vaso-1)
57
100
80
60
40
MSC= - 469,759+ 827,647**Ds -310,455**Ds2
R² = 0,92
20
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 23. Massa seca de colmo de cana-de-açúcar (MSC), variedade RB867515 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
Massa seca de colmos (g)
120
100
80
60
40
20
MSC = - 152,228+ 419,865**Ds -176,651**Ds2
R² = 0,83
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 24. Massa seca de colmo de cana-de-açúcar (MSC), variedade RB931011 em
função da densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
Guimarães e Moreira (2001), estudando compactação do solo na
cultura do arroz de terras altas, também verificaram que a massa seca
da parte aérea foi reduzida com o aumento da densidade do solo.
58
4.9 Altura de plantas
A análise dos resultados para a variável altura de plantas mostra que
houve efeito significativo em variedades de cana-de-açúcar e as densidades
de solo. As três variedades estudadas se destacam pelo seu crescimento
rápido apresentando um bom desenvolvimento vegetativo, entretanto as
variedades RB867515 e RB931011 se destacam na densidade 1,4 Mg m -3
em relação à variedade RB002504 (Tabela 11).
A avaliação do crescimento da planta pode identificar sua capacidade
produtiva e Leite et al. (2010) relata que o período de maior crescimento
vegetativo, observado pela estatura de planta, ocorreu em seu experimento
entre os 62 e 90 dias após plantio, o que pode explicar o rápido crescimento
das três variedades estudadas. A altura média das plantas foi de 2,26 m.
Tabela 11. Altura de plantas nas variedades de cana-de-açúcar nos cinco
níveis de densidade do solo, aos 93 dias.
Densidade (Mg m-3)
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
CV%
ALTURA DE PLANTAS (m)
RB002504
2,215 A
2,340 A
2,097 B
2,192 A
1,985 A
VARIEDADES
RB867515
2,210 A
2,502 A
2,355 AB
2,507 A
1,777 A
8,25
RB931011
2,437 A
2,570 A
2,492 A
2,507 A
1,700 A
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey a 5%.
Fonte: Autora
As variedades RB867515 (Figura 25) e RB931011 (Figura 26)
apresentaram modelo quadrático de regressão podendo ser observado os
efeitos da densidade do solo na altura das plantas. A variedade RB867515
apresentou um melhor resultado na densidade 1,33 Mg m -3 com 2,52 m e a
variedade RB931011 Mg m-3 na densidade 1,28 com altura de 2,64 m .
59
Altura de Plantas (m)
3
2,5
2
1,5
AP = - 2,985+ 8,295**Ds -3,116**Ds2
R² = 0,80
1
0,5
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 25. Altura de plantas de cana-de-açúcar (AP), variedade RB867515 em função da
densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
Altura de plantas (m)
3
2,5
2
1,5
AP = - 2,583+ 8,168**Ds -3,191**Ds2
R² = 0,89
1
0,5
0
1
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 26. Altura de plantas de cana-de-açúcar (AP), variedade RB931011 em função da
densidade do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F;
4.10 Diâmetro de colmos
Na avaliação do diâmetro dos colmos pode-se observar por meio da
análise de variância (Figura 27) que não houve interação significativa entre
as variedades de cana-de-açúcar e as densidades do solo, mas houve
diferença entre as variedades analisadas. A
variedade RB931011
60
apresentou maior diâmetro de colmos, apesar de não diferir da variedade
RB867515. Segundo Landell (2004) o diâmetro de colmos é um dos
principais componentes analisados para a formação do potencial agrícola,
pois está relacionado à produtividade.
A
Diâmetro de colmo (cm)
2,3
AB
2,2
2,1
B
2
1,9
RB002504
RB867515
VARIEDADES
RB931011
Figura 27. Diâmetro de colmos das variedades estudadas aos 93 DAP.
Colunas com letras iguais, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
CV(%) = 7,96
As variedades foram afetadas pelos níveis de compactação do solo
cujo comportamento foi descrito por modelo quadrático de regressão (Figura
28) e o maior diâmetro de colmo foi observado na densidade 1,21 Mg m-3
com 2,28 cm. O colmo da cana-de-açúcar constitui-se num reservatório
onde é acumulada grande quantidade de sacarose, principalmente nos
internódios basais (Casagrande, 1991) e de acordo com Masle e Passioura
(1987) um solo resistente à penetração influencia o desenvolvimento da
parte aérea das plantas.
61
Diâmetro de colmo (cm)
2,3
2,2
2,1
2
DC = 1,0361+ 2,062*Ds -0,854*Ds2
R² =0,94
1,9
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 28. Diâmetro de colmos (DC) das variedades RB002504, RB867515 e RB931011 em
função da densidade do solo (DS).
* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de F.
O diâmetro do colmo é definido pelas características varietais da
planta, mas pode ser influenciado pelo uso e manejo do solo, que se não for
feito de forma adequada, pode causar a compactação do solo, promovendo
decréscimo na produção da cultura.
4.11 Massa fresca de raiz
No que se refere a massa fresca de raiz houve diferença significativa
nos resultados das variedades, tendo as variedades RB002504 e RB867515
se destacado (Figura 29). A explicação pode estar na absorção de água,
pois, quanto maior a densidade do solo, mais a água se concentrava nos
primeiros 10 cm, devido às características físicas do solo e conforme com
Kluthcouski et al (2003) as gramíneas, pelo seu sistema radicular
fasciculado, têm maior facilidade que as plantas de sistema radicular
pivotante de penetrar suas raízes em camadas compactadas.
Resultados semelhantes foram encontrados por Freddi et al. (2007),
onde relatam que apesar da forte restrição no volume de macroporos em
um solo compactado pelo tráfego de tratores, houve crescimento radicular
de cultivares de milho na camada de 0 à 100 mm, o que é indicado pelo
62
aumento da superfície radicular ocasionado pelo aumento da densidade.
Rosolem
et al. (1994) também constataram incrementos no sistema
Massa fresca de raiz (g vaso-1)
radicular com o aumento da densidade do solo de 1,03 para 1,20 Mg m -3.
160
140
A
AB
120
B
100
80
60
40
20
0
RB002504
RB867515
VARIEDADES
RB931011
Figura 29. Massa fresca de raiz das variedades estudadas aos 93 DAP.
Colunas com letras iguais, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
CV (%) = 31,29
Em relação à compactação do solo houve resultado linear de
regressão (Figura 30). Comparando-se a produção de massa fresca de raiz
das variedades na densidade do solo 1,0 Mg m -3 com a produção na
densidade 1,8 Mg m-3 pode-se observar uma redução de 48,77%
produção de massa fresca de raiz.
na
Massa fresca de raiz (g vaso-1)
63
200
160
120
80
MFR = 248,431 -94,097**Ds
R² =0, 93
40
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 30. Massa fresca de raiz (MFR) das variedades RB002504, RB867515 em função
densidades do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
Os resultados corrobam com Queiroz-Voltan et al. (1998) que
encontraram raízes de plantas de cana-de-açúcar mais desenvolvidas na
densidade 1,19 Mg m-3. Essas raízes apresentavam células maiores
daquelas encontradas em densidades maiores, indicando maior espessura
do córtex das raízes das plantas.
4.12 Massa seca de raiz
O presente estudo não apresentou efeito significativo das variedades
em relação à produção de massa seca de raiz. Esses resultados podem ser
atribuídos, provavelmente, à umidade do solo, pois foram oferecidas as
mesmas condições de umidade a todas as plantas. De acordo com BallCoelho et al. (1992), aproximadamente 50% da massa seca das raízes
ficam nos primeiro 25 cm de profundidade e 90% nos primeiros 60 cm e
durante o desenvolvimento da cana-de-açúcar, a matéria seca radicular
distribui-se em função das condições ambientais (Machado, 1987), que
neste experimento é limitada pela densidade do solo.
64
Os resultados corrobam com os encontrados por Calonego et al.
(2011) que comparando plantas de cobertura em solo compactados não
encontrou diferença significativa na produção de raízes e Foloni et al. (2003)
obtiveram resultados semelhantes com cultivares de milho.
A compactação apresentou efeito significativo nas variedades, tendo
os resultados apresentado um modelo linear de regressão (Figura 31),
podendo ser observado melhor produção de massa seca na densidade 1,0
Mg m-3 . Comparando-se a produção de massa seca de raiz das variedades
na densidade do solo 1,0 Mg m-3 com a produção na densidade do solo 1,8
Mg m-3, pode observar redução de 50,42%. Freddi et al. (2007) também
verificaram redução na matéria seca de raiz em plantas de milho com o
Massa seca de raiz (g vaso-1)
aumento da densidade do solo.
35
30
25
20
15
MSR = 50,434-19,496**Ds
R² =0, 90
10
5
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 31. Massa seca de raiz (MSR) das variedades RB002504, RB867515 e RB931011 em
função daS densidades do solo (DS).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste de F.
Segundo Borges et al. (1999), valores altos de densidade do solo
prejudicam o desenvolvimento das plantas, pela restrição à penetração de
raízes. O maior desenvolvimento do sistema radicular pode proporcionar
aumento na absorção de água e nutrientes minerais, aumentando a área
65
foliar e o vigor das plantas (Tavares et al., 2007) e de acordo com este
trabalho podemos verificar este resultado na densidade 1,0 Mg m -3.
4.13 Teor de clorofila
Nos resultados dos teores de clorofila das folhas, representados pelo
índice SPAD mensurado pelo clorofilômetro (Figura 32) as variedades
revelaram efeito significativo, destacando a variedade RB931011 com maior
teor de clorofila. De acordo Martuscello et al. (2009) o teor de clorofila está
relacionado à maior produção de massa seca, o que justifica o resultado,
pois a variedade RB931011 também apresentou maior quantidade de
massa seca de colmos. As respostas fotossintéticas também podem ser
utilizadas como índices de tolerância à deficiência hídrica nas plantas (Smit
e Singles, 2006; Silva et al., 2007).
Índice SPAD
40
30
A
B
B
RB002504
RB867515
Variedades
20
10
0
RB931011
Figura 32. Teor de clorofila das variedades estudadas aos 93 DAP.
Colunas com letras iguais, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. CV(%) = 14,75
Em relação aos teores de clorofila das folhas, representados pelo
índice SPAD mensurado pelo clorofilômetro, os resultados apresentados na
66
Figura 33 mostram que a compactação apresentou efeito significativo com
um modelo quadrático de regressão na densidade 1,54 Mg m-3
apresentando 32,38 de teor de clorofila. Esses resultados ficaram abaixo
dos encontrados por Fonseca et al. (2012) em folhas de cultivares do milho
AGR 9010 YG, aos 61 dias com 45,12 de teor de clorofila, provavelmente
pela condição física do solo.
Índice SPAD
40
30
20
TC = - 12,031+ 57,758*Ds -18,794*Ds2
R² = 0,84
10
0
1,0
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg m-3)
1,8
Figura 33. Teor de clorofila (TC) das variedades RB002504, RB867515 e RB931011 em função
da densidade do solo (DS).
* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de F.
A clorofila é um pigmento que reflete a cor verde nas plantas e está
diretamente associado com o potencial da atividade fotossintética, assim
como o estado nutricional das plantas, geralmente, está associado com a
quantidade
e
qualidade
de
clorofila
(Zotarelli
et
al.,
2003)
e,
consequentemente com seu crescimento e adaptabilidade aos diferentes
ambientes.
4.14 Condutância estomática
Os resultados obtidos para a variável condutância estomática
evidenciou que houve diferença significativa entre as variedades, tendo a
variedade RB867515 se destacado com a média de 422,870 mmol m-2 s-1
67
(Figura 34). Graça (2009) avaliou o desempenho de três variedades de
cana-de-açúcar submetidas ao déficit hídrico e observou que as plantas
tolerantes exibiram uma concentração intercelular de CO2 de 295,80 mmol
m-2 s-1 para a variedade SP83-2847 e 323,80 mmol m-2 s-1 para a variedade
CTC15. Esses resultados são inferiores aos encontrados neste trabalho,
provavelmente porque as plantas não foram submetidas ao déficit hídrico.
Verifica-se que mesmo com a limitação física do solo, a condutância
estomática, que depende de vários fatores endógenos e ambientais
(Brodribb e Holbrook, 2003), e no caso, é representado pela maior
densidade do solo, as variedades de cana-de-açúcar estudadas conseguem
manter bom influxo de CO2 no interior das folhas.
Essa resposta é considerada uma das primeiras estratégias da planta
para impedir a desidratação excessiva das folhas (Inman-Bamber e Smith,
2005). A resistência à difusão gasosa e a diminuição na taxa de assimilação
de CO2 determina menor perda de água por transpiração e uma resposta
relativamente rápida ao estresse hídrico moderado podendo ser um traço
Condutância estomáatica (mmol m-2 s-1 )
importante na seleção de variedades de cana-de-açúcar (Silva et al., 2007).
500
A
400
B
B
300
200
100
0
RB002504
RB867515
Variedades
RB931011
Figura 34. Condutância estomática das variedades estudadas aos 93 DAP.
Colunas com letras iguais, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
CV(%) = 31,31
68
Não houve diferença significativa em relação aos níveis de densidade
mostrando que as variedades apresentam estratégias bem sucedidas nos
genótipos em relação ao fechamento dos estômatos. Estes resultados
embora não significativamente diferentes podem proporcionar maior taxa de
crescimento às plantas, pois, a abertura estomática regula a saída de vapor
de água da planta e, ao mesmo tempo, a entrada de CO2 para a
fotossíntese.
4.15 Consumo de água
Na avaliação do consumo de água não houve diferença significativa
entre as variedades, demonstrando que a demanda de água da cultura foi
suprida adequadamente. A compactação apresentou efeito significativo,
cujo comportamento foi descrito por modelo quadrático de regressão onde o
maior consumo de água foi observado na densidade 1,6 Mg m-3 com 10,47
litros de água por planta (Figura 35).
Os resultados se relacionam com a maior produtividade de massa
seca de folhas das variedades RB867515 e RB931011 que ocorrem na
densidade 1,6 Mg m-3 e com o teor de clorofila, que mostram, maior índice
na densidade 1,54 Mg m-3 e, de acordo, com Singel et al. (2005) o aumento
no desempenho da fotossíntese ocasiona maior consumo de água. A
utilização de água do solo pela planta depende do estádio de
desenvolvimento da cultura e é um dos fatores que interferem na
evapotranspiração (Viana e Azevedo, 2008).
Consumo de água (L vaso-1)
69
11000
10500
10000
9500
9000
CA = - 509,192 + 13786Ds - 4323,214Ds2
R² = 0,8832
8500
8000
1,0
Figura 35.
1,2
1,4
1,6
Densidade do solo (Mg M -3)
1,8
Consumo de água (CA) das variedades RB002504, RB867515 e RB931011 em
função da densidade do solo (DS).
* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de F.
A compactação do solo ocasiona uma drástica redução na
macroporosidade (Secco et al., 2004) podendo haver, em muitos casos,
maior volume de microporos, o que ocasiona aumento da capacidade de
armazenamento de água e, de maneira geral, aumenta a quantidade de
água contida na faixa de disponibilidade para as plantas (aproximadamente
entre 1 e 10 kPa, segundo Sanchez, (1981).
Neste estudo, a umidade do solo foi mantida acima de 25 kPa, pois
Leão et al. (2004) consideraram essa tensão limitante ao desenvolvimento
de plantas em solos sob pastagem e Lapen et al. (2004) também
consideraram 25 KPa como tensão limitante, durante cinco anos de estudos
em um Gleissolo do Canadá. Assim, de acordo com Gubiani (2008), plantas
que crescem em solo compactado podem completar seu ciclo sem serem
prejudicadas pela resistência à penetração, desde que a umidade do solo
seja mantida num teor acima do qual a resistência física dificultaria o seu
crescimento.
Bernardo (1996) relata que é necessário conhecer o comportamento
de cada cultura em função das diferentes quantidades de água a ela
fornecida, e os períodos críticos. Quando e quanto aplicar de água inseremse em uma decisão a ser tomada com base no conhecimento das relações
água-solo-planta-atmosfera.
70
5. CONCLUSÕES
O aumento da densidade do solo influência o desenvolvimento inicial
das variedades de cana-de-açúcar estudadas em LATOSSOLO Vermelho
do Cerrado.
A variedade RB002504 produz maior número de perfilhos, número de
folhas e área foliar e se destaca na densidade (1,8 Mg m-3) em massa fresca
e seca de folhas, não apresentando bom desenvolvimento de colmos em
relação as outras variedades.
A variedade RB867515 apresenta maior diâmetro de colmos, massa
fresca de raiz e condutância estomática, demonstrando ser resistente ao
aumento da densidade do solo e apresentando características que
favorecem o bom desenvolvimento da cultura.
A variedade RB931011 apresenta maior massa seca e fresca de
colmos, altura de plantas, comprimento e diâmetro de colmos e teor de
clorofila,
demonstrando
que
utiliza
bem
a
energia
fotossintética,
respondendo de forma eficiente à compactação do solo.
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