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QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS DO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO – UNIDADE PRESIDENTE DUTRA (HU-UPD)
BERRÊDO, Valéria Cristina Menezes.
CARVALHO, Celene Santos de
RESUMO: Estudo exploratório, descritivo sobre a qualidade de vida de pacientes que se
submeteram ao transplante renal no Hospital Universitário – Unidade Presidente Dutra (HUUPD), cujo objetivo foi conhecer a qualidade de vida, a partir da percepção dos mesmos, após
a realização do transplante. Os dados foram coletados com uma amostra de 22 pacientes, no
setor de Nefrologia do referido hospital e em suas residências, durante o mês de julho, após o
parecer favorável do Comitê de Ética. Os resultados nos mostraram que a maioria dos
pacientes que receberam transplante renal e que participaram da pesquisa, referiram melhora
na sua qualidade de vida e encontram-se entre satisfeitos e muito satisfeitos. Concluímos por
meio dos resultados encontrados, que a realização do transplante renal levou esses pacientes a
uma vida mais feliz, saudável, independente e uma qualidade melhor, a viverem menos
limitados e com menos desconforto.
Palavras-chave: Insuficiência renal crônica. Transplante renal. Qualidade de vida.
QUALITY OF LIFE OF PATIENTS WHO IF HAD SUBMITTED TO THE RENAL
TRANSPLANT IN THE UNIVERSITY HOSPITAL UNIT PRESIDENT DUTRA (HUUPD)
ABSTRACT: Exploratory, descriptive study on the quality of life of patients who if had
submitted to the renal transplant in the University Hospital Unit President Dutra (HU-UPD),
whose objective was to after know the quality of life, from the perception of the same ones,
same the accomplishment of the transplant. The data had been collected with a sample of 22
patients, in the sector of Nephrology of the related hospital and in its residences, during the
July month after favorable seeming of the Committee of Ethics. The results in had shown
them that the majority of the patients who had received transplant renal and that they had
participated of the research had related improvement in its quality of life and meet enter very
satisfied and satisfied. We conclude that the joined results had taken these patients to a
happier, healthful, more independent life and a quality of better life, to live less limited and
with little discomfort.
Keywords: Chronic renal insufficiency. Transplant of the kidneys. Quality of life.
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1
INTRODUÇÃO
Transplante de órgãos, mais do que um procedimento técnico-científico, constitui-
se numa reavaliação de hábitos, valores sociais, princípios religiosos, éticos e morais. Os
procedimentos terapêuticos e cirúrgicos do programa de transplante, envolvem a capacitação
de órgãos, manutenção da saúde, recuperação do receptor e do doador e um atendimento de
enfermagem sistematizado ao cliente candidato ao transplante (FIGUEIREDO; CRUZ, 2003).
O transplante constitui-se em uma prática cirúrgica que vem crescendo e se
aperfeiçoando nos últimos anos, pois oferece uma melhor qualidade de vida, não só física
como também psicológica, aos seus usuários.
Os órgãos e tecidos que podem ser transplantados são: córneas, coração, pulmões,
rins, fígado, pâncreas, ossos e pele.
Neste trabalho será abordado o transplante renal. O primeiro aloenxerto renal foi
realizado em 1936 na Ucrânia. Porém, devido ao insucesso da técnica, pela falta de
conhecimento científico suficiente, levou quase ao abandono do procedimento de transplante
de órgãos. A partir dos anos 50, já com incipiente conhecimento dos mecanismos
imunológicos e a disponibilidade de hemodiálise, a idéia do transplante renal se renovou,
sendo que os primeiros transplantes com doadores cadáveres e vivos foram feitos em Paris e
Boston na década de 50 (MANFRO, 1999 apud SILVA, 2001). O primeiro transplante de rim
da América Latina foi realizado na Unidade de Transplante Renal (UTR) do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 1965
(SANTOS et al., 1991). No Maranhão, o Centro de Transplante foi criado em fevereiro de
2000. Neste mesmo ano foram realizados três transplantes de rins, e hoje já foram realizados
37 transplantes de rins entre doador vivo, segundo relato da enfermeira responsável pela
Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) do Maranhão.
Existem três tipos de doadores: o doador vivo relacionado, o doador vivo não
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relacionado e o doador cadáver (FAQS ..., 2003).
Doador vivo relacionado, quando o doador é um parente (avós, pai, mãe, irmãos,
irmãs, filhos, tios, sobrinhos, primos até segundo grau). Estes doadores geralmente
apresentam certa semelhança nos testes de histocompatibilidade (sistema HLA). Outro tipo é
o doador vivo não relacionado, que é o indivíduo que não tem nenhum grau de parentesco.
Este tipo de doação só é permitida mediante autorização judicial. E, doador cadáver, onde o
doador é uma pessoa que está em morte encefálica e cuja família autorizou a equipe de
captação de órgãos a realizar a retirada de órgãos para transplante.
A transplantação de rim é um procedimento médico-cirúrgico no qual um rim, de
um doador vivo ou cadáver, é colocado no receptor, cujos rins não desempenham mais suas
funções orgânicas, com objetivo de restituir essas funções e assim manter sua vida (FAQS ...,
2003).
O transplante é indicado para os casos de insuficiência renal crônica terminal, com
restrição para os portadores de neoplasia e processos cardiovasculares sintomáticos (SANTOS
et al. 1991).
A insuficiência renal crônica terminal refere-se a uma doença crônica incurável, em que o
rim perde a capacidade de filtrar o sangue adequadamente. Como terapêutica substitutiva ao
funcionamento dos rins, o paciente pode optar entre os tratamentos dialíticos e ou transplante renal,
sendo que, geralmente, inicia o tratamento dialítico antes de efetivar o transplante (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2003 ).
Entre os tratamentos dialíticos destacam-se a hemodiálise e a diálise peritoneal.
A hemodiálise é um procedimento que filtra o sangue, com a ajuda de um dialisador.
Através da hemodiálise são retiradas do sangue as substâncias que, em excesso, trazem prejuízo ao
organismo como: uréia, potássio, água, entre outras. É realizada geralmente três vezes por semana
durante 4 horas (INSUFICIÊNCIA ..., 2003).
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Diálise Peritoneal tem o mesmo objetivo da hemodiálise, retirar os excessos de
água e substâncias não mais aproveitadas pelo corpo, utilizando para isto o revestimento
interior do abdômen, a membrana peritoneal. Introduz-se na cavidade peritoneal uma solução
de diálise, através de um cateter, para, através da difusão, osmose e ultrafiltração as
substâncias tóxicas serem removidas (SORKIN; BUXO, 1996).
O transplante pode prolongar a vida com melhor qualidade que os tratamentos
dialíticos citados. Contudo, o transplantado exige tratamento médico rigoroso, cuidados de
enfermagem constantes e a utilização dos medicamentos imunossupressores como prednisona,
azotioprina, ciclosporina e anti-corpos monoclonais pelo resto da vida. É uma forma de
substituir um problema de saúde incontrolável por outro sob o qual se tem controle.
O paciente será capaz de retornar a uma dieta mais próxima do normal e a beber
líquidos sem maiores restrições. Tornar-se-á um participante ativo nas atividades físicas e terá
maior autonomia na vida diária. Por último, não será mais dependente da diálise para seu
bem-estar.
Porém, agora terá que passar por uma avaliação multiprofissional constante
durante toda a vida (FAQS ..., 2003).
O papel do enfermeiro inclui não somente os cuidados técnicos de enfermagem,
que são importantes e fundamentais, mas, principalmente, a abertura de um espaço onde os
sonhos, as fantasias e projetos do paciente possam ser elaborados, e essa perspectiva de
mudança de vida, ou melhor, de viver possa tornar-se real. Pois um transplante não envolve
apenas a colocação de um órgão no corpo de uma pessoa, mas objetiva uma possibilidade e
uma condição mais satisfatória de vida. “Vida”, com todas as implicações que essa palavra
acarreta. Enfim, objetiva-se uma reintegração, uma melhor qualidade para a vida do paciente
renal crônico (SANTOS et al., 1991).
Devido à carência de um estudo descritivo em relação à qualidade de vida do
paciente transplantado renal do Hospital Universitário - Unidade Presidente Dutra (HU-UPD),
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fez-se necessário aprofundar-se um pouco mais no que diz respeito à vida do paciente no póstransplante renal, acompanhando a sua rotina, verificando o que mudou em sua vida, a visão
do transplantado de si próprio, sua alimentação, sua terapia medicamentosa, sua saúde, enfim,
sua qualidade de vida após o transplante renal.
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
- Avaliar a qualidade de vida dos pacientes que se submeteram à cirurgia de
transplante renal no Hospital Universitário - Unidade Presidente Dutra (HUUPD).
2.2 Específicos
- Caracterização das condições demográficas e socioeconômicas dos pacientes
transplantados;
- Verificar o nível de satisfação e Qualidade de Vida desses pacientes após a
realização do Transplante.
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REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Anatomia e Fisiologia Renal
Os rins são órgãos duplos situados lateralmente à coluna vertebral na porção
posterior da cavidade abdominal, desde a 12ª vértebra torácica até a 3ª vértebra lombar
(SANTOS et al., 1991).
Os rins possuem duas regiões distintas: o córtex externo e a medula interna. A camada
cortical é composta essencialmente por: glomérulos, túbulos contornados (distal e proximal),
pequena porção dos segmentos descendente e ascendente da alça de Henle, túbulos coletores e
capilares peritubulares. A camada medular contém a maior extensão dos segmentos descendente e
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ascendente da alça de Henle, túbulos coletores e seus capilares correspondentes (BEVILACQUA, et
al., 1985).
Cada rim é formado por cerca de 1 milhão de néfrons, as unidades funcionais do
rim. Sendo que cada néfron é dividido em duas partes funcionalmente distintas: o corpúsculo
renal e o túbulo renal. Por sua vez, o corpúsculo renal é formado: pelo glomérulo, que é uma
rede capilar e pela Cápsula de Bawman, que envolve o glomérulo, de onde parte o túbulo
renal (GUYTON, 1998).
O néfron depura (limpa) o plasma das suas substâncias indesejáveis por dois
mecanismos distintos: filtração, de grande quantidade de plasma, em condições normais cerca
de 125 ml por minuto, o que corresponde a 180 litros a cada dia, através das membranas
glomerulares do próprio néfron. Então, conforme esse líquido filtrado flui ao longo dos
túbulos, as substâncias indesejáveis (como, uréia – produto final do metabolismo das
proteínas, creatinina, ácido úrico, fosfatos, sulfatos e nitratos) não são reabsorvidas, sendo
assim eliminadas pela urina, cerca de 1 litro ou pouco mais a cada dia, enquanto as
substâncias necessárias são seletivamente reabsorvidas para o plasma; Secreção, isto é, as
paredes dos túbulos removem, por processos ativos, substâncias do sangue (como íon
potássio, íon hidrogênio, amônia, alguns medicamentos como a penicilina e outras substâncias
tóxicas) para secretá-las para o interior dos túbulos (GUYTON, 1998).
Assim, as principais funções dos rins são: formação da urina; excreção dos
produtos de degradação; regulação dos eletrólitos; regulação do equilíbrio ácido-básico;
controle do equilíbrio hídrico. Além dessas funções principais o rim também está envolvido
no controle da Pressão Arterial, através da produção da renina, substância que se transforma
em angiotensina e provoca a vasoconstricção; Clearance renal, capacidade dos rins de depurar
os solutos do plasma; regulação da produção de eritrócitos, através da produção renal de
eritropoetina, que estimula a medula óssea na produção dos eritrócitos; síntese de vitamina D
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para a forma ativa, necessária para manter o equilíbrio normal do cálcio no corpo; e, secreção
de prostaglandinas, que apresentam um efeito vasodilatador e são importantes na manutenção
do fluxo sanguíneo renal (SMELTZER; BARE, 2002).
3.2 Insuficiência Renal Crônica
A insuficiência renal crônica (IRC) ocorre quando o rim começa a perder sua
capacidade de filtrar, de forma progressiva e irreversível, os líquidos do sangue, devido a
perda de néfrons por processos patológicos (RETRATO ..., 2003). Quando o rim deixa de
cumprir suas funções, as impurezas e substâncias tóxicas começam a se acumular no sangue,
dando origem a uma falência geral no organismo, a pessoa começa então, a exibir inúmeros
sinais e sintomas manifestados em todos os sistemas orgânicos. A gravidade desses sinais e
sintomas depende sobretudo do grau de comprometimento renal, além de outros distúrbios
subjacentes e da idade do paciente (SMELTZER; BARE, 2002; FISIOLOGIA ..., 2003).
Dependendo da parcela de néfrons funcionantes, Smeltzer e Bare (2002)
enumeram três estágios sucessivos para a IRC, demonstrados no quadro 1:
Quadro 1 – Estágios da IRC
ESTÁGIOS
CARACTERÍSTICAS
1
Reserva renal reduzida, caracterizada por uma perda de 40 a 75% da função
do néfron. Geralmente, o paciente não apresenta sintomas porque os néfrons
remanescentes são capazes de realizar as funções normais do rim.
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a insuficiência renal, ocorre quando são perdidos 75 a 90% da função do
néfron. Ocorre aumento da uréia e creatinina séricas, o rim perde a capacidade
de concentrar a urina e a anemia se desenvolve.
3
Doença renal em estágio terminal (DRET), também chamada de síndrome
urêmica. Ocorre quando resta menos de 10% da função do néfron. Todas as
funções reguladoras e secretoras do rim estão gravemente comprometidas.
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Na fase final da IRC, incluindo o período dialítico, a síndrome urêmica se manifesta
completamente. A seguir, algumas das manifestações clínicas nos órgãos e sistemas mais afetados,
segundo Santos et al. (1991) e Smeltzer e Bare (2002) (Quadro2):
Quadro 2 – Manifestações clínicas da IRC
ÓRGAOS E
SISTEMAS
AFETADOS
Gerais
Cardiovasculares
Digestivas
ÓRGAOS E
SISTEMAS
AFETADOS
Pulmonares
Tegumentares
Hematológicas
Neurológicas
Muscoloesqueléticas
Reprodutivas
MANIFESTAÇÕES
as primeiras manifestações que surgem, caracterizam-se por fadiga,
fraqueza e letargia.
hipertensão (devido à retenção de água e sódio ou à ativação do
sistema renina-angiotensina-aldosterona), insuficiência cardíaca
congestiva e edema de pulmão (devido a sobrecarga hídrica) e
pericardite (devido a irritação do revestimento pericárdico pelas
toxinas urêmicas).
anorexia, náuseas e vômitos, constipação ou diarréia, hálito urêmico,
sangramentos no trato gastrointestinal
Contin...
Continuação
MANIFESTAÇÕES
as mais freqüentes: edema pulmonar, atrito e derrame pleural, além
de predisposição a infecções respiratórias e pneumonia bacteriana.
prurido intenso, devido ao acúmulo de toxinas; coloração cinzaacastanhada na pele, devido pigmentos retidos; e, a presença de
anemia. Pele seca e descamosa, pela diminuição da atividade das
glândulas sebáceas e sudoríparas. Após pequenos traumas o paciente
pode apresentar hematomas e equimoses, devido à alteração da
coagulação e a fragilidade capilar.
anemia, causada pela diminuição da produção de hemácias,
secundária a um déficit da produção renal de eritropoetina;
alterações plaquetárias de glóbulos brancos e tendência ao
sangramento.
fraqueza e fadiga, confusão, incapacidade de concentração,
desorientação, tremores, convulsões, inquietação nas pernas.
cãibras musculares, perdas da força muscular, dor e fraturas ósseas,
devido à falta da conversão da vitamina D para sua forma ativa,
responsável pela absorção do cálcio nos alimentos.
amenorréia, atrofia testicular, infertilidade e libido diminuída.
Outros problemas não menos importantes dizem respeito à dignidade do paciente.
São problemas de ordem psicossociais, causados pela perda da saúde, das condições de
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trabalho, do autodomínio, o medo do desconhecido, da dependência familiar à qual pode ser
submetido, além do estado emocional que o envolve, afetando também todos os componentes
da família (SANTOS et al., 1991).
Para minimizar estas manifestações orgânicas é necessário que o portador de IRC,
mantenha um controle dietético rigoroso, com restrições à ingestão de proteínas, substâncias
ricas em potássio e líquidos, pois os rins perderam a capacidade de filtrar e eliminar os
produtos de degradação dos alimentos, em conseqüência de patologias prévias.
As doenças mais comuns que lesam as diferentes estruturas dos rins, e que se não
tratadas adequadamente ao longo do tempo podem levar ao quadro de IRC, são: as
glomerulonefrites, diabetes, hipertensão arterial, história familiar e infecções urinárias
repetidas, que ocorrem quando há dificuldade de escoamento de urina, presença de coágulos
ou cistos. Algumas doenças levam anos ou até mesmo décadas para que seu dano se torne
aparente (INSUFICIÊNCIA ..., 2003).
O tratamento para a IRC consiste em controlar a doença de base tratando a
hipertensão, o diabetes, e as infecções, seguindo uma dieta balanceada e com o uso de
medicamentos de forma adequada. No entanto, como visto, no caso da IRC em fase terminal,
as opções de tratamento são: Diálise, que pode ser de dois tipos: diálise peritoneal e
hemodiálise, e/ou o Transplante de rim.
3.3 Tratamento à Pacientes Portadores de DRET
3.3.1 Tratamento Dialítico
Os métodos dialíticos apresentam como objetivo principal a depuração extra-renal
de água, eletrólitos e outras substâncias normalmente eliminadas pelo rim. Esta depuração
pode ser feita por um sistema extracorpóreo, hemodiálise, ou pela cavidade abdominal, diálise
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peritoneal (HERING, 1998).
3.3.1.1 Hemodiálise
A hemodiálise é um processo terapêutico destinado a remover os catabólitos do
organismo, a corrigir as alterações do seu meio interno e a remover o excesso de água através da
circulação do sangue em um aparelho externo específico para este fim, por meio da difusão, osmose
e ultrafiltração (PAOLUCCI, 1982).
A difusão é utilizada para retirar do organismo as toxinas e os resíduos do sangue,
que normalmente são filtrados pelo rim normal, enquanto que a osmose e a ultrafiltração
visam essencialmente a retirada de água (WATANABE, et al., 1982). A osmose ocorre
quando a água se movimenta de uma área de concentração de soluto mais elevada (sangue)
para uma área de menor concentração de soluto (banho de dialisado). A ultrafiltração é
definida como a água que se movimenta sob alta pressão para uma área de menor pressão. A
ultrafiltração é efetuada ao se aplicar a pressão negativa ou uma força de aspiração na
membrana da diálise (SMELTZER; BARE, 2002).
Como refere Hering (1998) o sangue do paciente é levado até o dialisador, através
de uma bomba de sangue da máquina de hemodiálise. Nesta, o sangue do paciente entra em
contato com a solução da diálise através de uma membrana semipermeável, formada por um
conjunto de tubos finos de celofone e vai se depurando das substâncias indesejáveis no banho
de diálise (continuamente renovado), e que possui concentração semelhante à do plasma de
uma pessoa com funções renais normais. O sangue do paciente é, então, bombeado de volta
através de um circuito de retorno. A duração do tratamento é em geral de 3 a 5 horas, devendo
ser repetido três vezes por semana. No entanto, para isto é necessário um acesso vascular
resistente e suficientemente acessível que permita ser puncionado no tratamento da
hemodiálise.
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Existem dois tipos de acesso vascular: acesso temporário e acesso permanente. O
acesso temporário é indicado para pacientes que agudamente necessitam de diálise, a via de
acesso mais comum é a obtida através da passagem de um cateter venoso de duplo lúmen na
veia subclávia, jugular ou femoral. O acesso permanente é conseguido através de uma fístula
arteriovenosa (FAV) feita cirurgicamente. É feita uma anastomose entre a veia e a artéria,
geralmente no antebraço, agulhas são inseridas dentro do vaso a fim de se obter o fluxo
sanguíneo adequado para passar através do dialisador. A fístula leva 4 a 6 semanas para
amadurecer, antes de estar pronta para o uso (SMELTZER; BARE, 2002). A sobrevida da
fístula a longo prazo é alta, porém revisão periódica deste acesso pode ser necessária. Em
alguns pacientes, o acesso vascular permanente torna-se difícil ou impossível devido a
condições vasculares e/ou presença de coagulopatias. Nestes casos, o uso de próteses ou
enxertos naturais (carótida bovina, veia umbilical e safena) constituem alternativas
importantes (HERING, 1998).
No entanto, a hemodiálise, por se tratar de um método invasivo pode trazer
algumas complicações como referem Smeltzer e Bare (2002): hipotensão, à medida que o
líquido é retirado, com manifestações de náuseas, vômitos, diaforese, taquicardia e vertigem;
cãibras musculares, a longo prazo quando os líquidos saem rapidamente do espaço extra
celular; exsanguinação que pode ocorrer quando linhas sanguíneas se desconectam, ou
quando as agulhas da diálise são deslocadas acidentalmente; arritmias por alterações
eletrolíticas ou do pH ou remoção de medicamentos antiarrítmicos durante a diálise; embolia
gasosa, quando penetra ar no sistema vascular do paciente; dor torácica, em pacientes com
cardiopatia aterosclerótica ou devido a anemia.
Além disso, conforme refere uma pesquisa realizada pelo clínico geral João
Felício Rodrigues Neto, nos Estados Unidos, logo no primeiro mês de hemodiálise há uma
queda brusca na qualidade de vida dos pacientes, sobretudo nos aspectos físicos e emocionais.
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É comum o paciente apresentar um quadro depressivo, dificuldades de
relacionamento em casa e no trabalho, medo de dirigir veículos
automotores, entre outras limitações. O paciente passa de uma vida
normal para um quadro de fraqueza, mal estar e cansaço, e depois
descobre que depende de uma máquina para sobreviver (O FILTRO
..., 2003).
3.3.1.2 Diálise Peritoneal
É um método artificial que, utilizando a membrana peritoneal, depura o sangue,
fazendo a troca com a solução de diálise. A superfície peritoneal tem uma área aproximada de
22.000cm², equivalendo a área dos capilares glomerulares. O peritônio possui características
de uma membrana dialisadora, comportando-se como uma membrana inerte semipermeável
(WATANABE, 1982).
O sangue que circula na membrana peritoneal, assim como o sangue de todo o
corpo, está em excesso de potássio, uréia e outras substâncias que devem ser eliminadas. Na
diálise peritoneal, um líquido especial contendo dextrose é inserido, em intervalos, na
cavidade abdominal por meio de um cateter siliconizado, flexível e compatível para uso
interno no organismo, colocado através de uma pequena cirurgia. As substâncias tóxicas
passarão, aos poucos, através das paredes dos vasos sanguíneos da membrana peritoneal para
a solução da diálise. Após algumas horas, a solução é drenada do abdômen e a seguir volta-se
a encher o abdômen com uma nova solução de diálise para que o processo de purificação seja
repetido (INSUFUCIÊNCIA..., 2003). Assim, a diálise peritoneal é realizada basicamente em
três fases: infusão, permanência e drenagem.
A infusão é feita por gravidade para a cavidade abdominal. Cerca de 5 a 10
minutos são comumente necessários para infundir 2 litros de líquido. O tempo de retenção ou
equilíbrio, prescrito permite que ocorram a difusão e a osmose. Ao término do tempo de
retenção, começa a parte de drenagem da troca. Solta-se a pinça do tubo de drenagem, e a
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secreção drena da cavidade peritoneal por gravidade, através de um sistema fechado, em geral
a drenagem é completada em 10 a 30 minutos. A troca inteira (infusão, permanência e
drenagem) leva de 1 a 4 horas, dependendo do tempo de retenção prescrito. O número de
ciclos ou trocas e sua freqüência são prescritos com base no estado físico do paciente e na
acuidade da doença (SMELTZER; BARE, 2002).
As principais técnicas de diálise peritoneal são: Diálise Peritoneal Intermitente
(DPI); Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (CAPD); Diálise Peritoneal Cíclica
Contínua (CCPD).
Diálise Peritoneal Intermitente (DPI) – realizada em casa ou na unidade, por um
período de 20 a 36 horas, duas a três vezes por semana. O período de permanência é
geralmente de 30 minutos. O líquido de diálise é infundido e drenado manualmente. A
cavidade abdominal fica vazia durante o intervalo entre as sessões.
Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (CAPD) – feita em casa pelo
paciente através da infusão e drenagem de 2 a 3 litros de solução de diálise com trocas 4 a 5
vezes ao dia, antes das refeições e ao dormir. O tratamento é ininterrupto. O líquido dialisado
permanece sempre na cavidade abdominal.
Diálise Peritoneal Cíclica Contínua (CCPD) – similar à diálise intermitente,
exceto que a diálise é feita durante à noite enquanto o paciente dorme, o cateter peritoneal é
conectado a uma máquina cicladora durante a noite, e o paciente recebe três a cinco trocas de
2 litros durante esse período. O dialisado é deixado na cavidade durante o dia (HERING,
1998).
As complicações e riscos associados à diálise peritoneal, envolvem grande
incidência de surgimento da peritonite (infecção do peritônio), caracterizada clinicamente por
dor abdominal, náuseas, vômitos ou diarréia e febre, perfuração intestinal ou de outras
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vísceras, complicações metabólicas como hiperglicemia, perda protéica, além de distúrbios
hidroeletrolíticos e de ácido-base (HERING, 1998).
Estes métodos dialíticos acarretam restrições, como a necessidade de assídua
freqüência à centros de hemodiálise durante horas, ou realizações de complexos
procedimentos em seus lares (CAPD), restrições alimentares, restrições na vida ativa e
impotência sexual. Os tratamentos dialíticos também costumam provocar conflitos familiares
e em relações sociais, devido à presença, no portador da IRC, de baixa-estima e sentimento de
inadequação. Desta forma, a Insuficiência Renal Crônica conduz o paciente à deparar-se com
perdas significativas em sua vida, dados confirmados por R. Sesso et al. em 1987.
Conseqüentemente, o transplante renal é um tratamento que traria ganhos, na medida em que
algumas perdas fossem reparadas, propiciando melhor condição de saúde física e mental
(CAUIBY, 2002, apud SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2003).
3.4 Transplante Renal
O transplante renal é um método terapêutico para o paciente com IRC. Consiste
na substituição do órgão doente, por um sadio, e visa recuperar a função renal e permitir a
reintegração social total do paciente (HERING, 1998).
3.4.1 História do Transplante Renal
A possibilidade da substituição de um órgão irremediavelmente doente por um
sadio foi sempre uma aspiração dos estudiosos da terapêutica.
Em 1902 Carrel desenvolveu as bases definitivas da técnica de sutura vascular,
passo inicial indispensável à realização de transplantes. No caso específico do rim, tentativas
dessa ordem datam desde o começo do século. Em 1936 foi realizada uma tentativa de
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transplante renal na Ucrânia, porém, sem grandes resultados, a técnica foi praticamente
abandonada. Somente após 1955 com os esforços solidamente fundamentados em
experimentação de Hamburger, em Paris, e Merril, em Boston, que tal possibilidade passou do
terreno das aspirações para o terreno da execução prática (RIELLA, 1988). Sendo o primeiro
alotransplante realizado em 1955, com sucesso temporário, usando técnica de imunodepressão
atualmente em desuso (PAOLUCCI, 1982).
Nos anos 60, a equipe do Dr Hamburger e Merril transplantaram com sucesso o
rim de uma vítima fatal de acidente em seu irmão gêmeo univitelino. Este foi o 1º transplante
renal com boa evolução a longo prazo, e abriu as portas para que novos experimentos fossem
feitos (RIELLA, 1996).
Na América Latina o 1º transplante renal foi realizado no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em 1965. O 1º transplante renal com
órgão de doador cadáver teve início em 1968, na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
(DADOS ..., 2003).
Em 1986 foi fundada a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO)
com o objetivo de integrar todos os profissionais em atuação na área de transplante e
responsabilizou-se pelo registro dos transplantes no Brasil (GARCIA apud SILVA, 2001).
No Maranhão, com a crescente necessidade dos renais crônicos que tinham que se
deslocar para outros centros para realizar o transplante, foi inaugurada em 25 de fevereiro de
2000 a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), sendo o
primeiro transplante realizado no dia 18 de março deste mesmo ano.
Durante os últimos 40 anos, mais de 380.000 transplantes de rim foram realizados
no mundo inteiro, sendo mais de 169.000 só nos Estados Unidos (CECKA; TERASAKI,
1996, apud SMELTZER; BARE, 2002). No Brasil, o SUS realizou em 2002, 2.528
transplantes de rim conforme refere o Ministério da Saúde. No Maranhão, até o momento, já
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16
foram realizados 37 transplantes renais. Os pacientes escolhem o transplante renal por
inúmeros motivos, como o desejo de evitar a diálise ou a de melhorar sua sensação de bemestar e o desejo de levar uma vida, mais normal. Além disso, o custo de manter um transplante
bem sucedido é um terço do custo de tratar um paciente com diálise (SMELTZER; BARE,
2002).
3.4.2 Tipos de Transplante
Tendo em vista a origem do enxerto e seu receptor, conforme cita Paolucci, 1982,
os transplantes podem ser classificados em: Auto-enxerto; Isoenxerto; Aloenxerto e
Xenoenxerto.
Auto-enxerto – doador e receptor são a mesma pessoa, havendo
apenas troca de posição de um órgão ou tecido dentro do corpo.
Isoenxerto – doador e receptor, são geneticamente idênticos, como no
caso de gêmeos univitelinos.
Aloenxerto – doador e receptor são da mesma espécie, mas
geneticamente diferentes, sendo este o caso da maioria dos
transplantes.
Xenoenxerto – transplante onde doador e receptor são de espécies
diferentes.
Clinicamente os transplantes renais realizados se classificam, quanto à relação
doador/receptor, segundo Riella (1996), em três tipos: doador vivo parente (ou relacionado);
doador vivo não-parente (ou não-relacionado) e doador cadáver.
Doador vivo-parente – neste transplante o doador está geneticamente
relacionado ao receptor, como é o caso de doadores irmãos, pais ou
filhos que possuem metade de seu material genético em comum com o
receptor.
Doador vivo não-parente – trata-se de doador sem relação genética
com o receptor. Enquadra-se aqui o doador cônjuge que, apesar do
laço afetivo, não é relacionado geneticamente.
Doador cadáver – é o doador em morte encefálica, decorrente de
traumatismo ou acidente vascular craniano, que do ponto de vista
ético, seria o doador de órgãos ideal para todo o tipo de transplantes. É
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o único doador possível para órgãos vitais como coração. No caso do
transplante renal, sua utilização tem sido crescente em nosso meio.
Neste tipo de transplante não há parentesco com o receptor e é
possível graças aos esforços das equipes multidisciplinares de
captação de órgãos, seguindo-se a lista de espera.
3.4.3 Seleção do Receptor
Transplante renal está em princípio indicado para todos os pacientes portadores de
insuficiência renal crônica terminal, na faixa etária de 0 a 65 anos, desde que não sejam
portadores, neste último caso, de doenças neoplásicas nem de processos cardiovasculares
profundamente sintomáticos (RIELLA, 1988).
Há alguns anos, certas doenças como lúpus, Diabetes mellitus, gota, amiloidose,
polineurite, hanseníase e oxalose, contra-indicariam o transplante renal. Hoje isso não mais
acontece. Renais crônicos portadores dessas doenças também podem ser transplantados
(SANTOS et al., 1991).
Constituem contra-indicações ao transplante renal: a incompatibilidade ABO (ver
adiante), cross-match positivo (ver adiante); infecções – as infecções em atividade contraindicam o transplante porque a medicação imunossupressora provoca invariavelmente a sua
disseminação. Caso a infecção, especialmente por bactérias e fungos, não possa ser
erradicada, o transplante não poderá ser realizado; neoplasias – tumores malignos já
disseminados, ou efetivamente tratados, mas sem um seguimento mínimo pós-tratamento de
12 meses, são contra-indicações, tanto pelo mau prognóstico a curto-prazo, como pela
possibilidade de reativação do tumor pelas drogas imunossupressoras; doenças graves –
quaisquer enfermidades graves de órgãos vitais (coração, fígado, pulmão, cérebro) cujo
prognóstico a curto prazo seja sombrio, não justificam a cirurgia (PAOLUCCI, 1982).
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18
3.4.4 Seleção do Doador
Como já foi referido anteriormente, o doador pode ser vivo parente vivo não-parente ou
cadáver. A vantagem do doador vivo parente é a melhor sobrevida do paciente e do enxerto. O uso
do doador cadáver, além das dificuldades na obtenção do órgão, oferece uma sobrevida bem menor,
quer para o enxerto, quer para o paciente. Os resultados com doador vivo não-relacionado são
melhores que com doador cadáver e comparáveis aos resultados com doador parente (IANHEZ,
2001).
Doador Vivo
O doador vivo deve ser adulto, idade superior a 21 anos, dando-se preferência para
doadores acima de 30 anos, com idade máxima não superior a 70 anos. O doador deve ser normal
do ponto de vista clínico emocional (IANHEZ, 2001).
Do ponto de vista ético-legal, como refere Paolucci (1982), não existe qualquer
preceito que impeça um indivíduo, em perfeito gozo de suas faculdades mentais, de doar um
órgão seu, não-vital, a outra pessoa que dele esteja necessitando. Não obstante isto, a equipe
de transplante deve se assegurar de que as quatro proposições éticas seguintes sejam
satisfeitas:
1. O risco da operação do doador deve ser mínimo.
2. O doador tem que ser voluntário e não pode receber compensação
material pela doação.
3. O receptor não deve ter outra alternativa melhor senão o
transplante.
4. A probabilidade de êxito do transplante tem que ser alta.
O potencial doador vivo deve ter função renal normal, avaliado através dos
seguintes exames de investigação (SANTOS et al., 1991; IANHEZ, 2001):
Exames laboratoriais – hemograma completo, “clearance” de creatinina, Na, K,
Ca, P, FA, TGO, TGP, bilirrubinas, eletroforese de proteínas, amilase, glicemia, colesterol,
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19
triglicérides, lipidograma, parasitológico de fezes, coagulograma, sorologia diversa (chapas,
HIV, HBS, toxoplasmose, CMV e VDRL), urina I, urocultura e proteína de 24 horas.
Exames auxiliares – raios X de tórax, eletrocardiograma, urografia excretora,
ultra-sonografia e arteriografia renal. Este último é muito importante para o cirurgião, porque
lhe dá a visão exata dos grandes vasos que irrigam o rim. Em casos de irregularidades, como
duplicidade de artéria renal, esta pode ser visualizada e o cirurgião pode programar com
antecedência a técnica cirúrgica mais adequada para o caso.
Entre os prováveis doadores estudados será escolhido o que tiver maior
semelhança do ponto de vista imunológico (ver adiante em seleção imunológica dos
doadores), porque assim se espera uma evolução mais favorável (SANTOS et al., 1991).
Doador Cadáver
Embora o transplante com este tipo de doador seja inferior, em termos de
resultados, àquele com doador vivo parente, o fato de não suscitar problemas ético-morais de
monta o tornam o enxerto ideal. A aceitação quase universal do conceito de morte cerebral,
com manutenção artificial de outras funções vitais até o término da nefrectomia, tem
permitido melhor aproveitamento destes rins. Assim, tem sido possível fazer a tipagem
prospectiva, o pré-tratamento do doador e a prevenção da insuficiência renal aguda decorrente
da hipotensão agonal (PAOLUCCI, 1982).
Sendo assim, considera-se como potencial doador todo paciente em morte
encefálica. No Brasil, o diagnóstico de morte encefálica é definido pela Resolução CFM Nº
1480/97 (Anexo C), devendo ser registrado, em prontuário, um Termo de Declaração de
Morte Encefálica, descrevendo os elementos do exame neurológico que demonstram ausência
dos reflexos do tronco cerebral, bem como o relatório de um exame complementar. Para
constatação diagnóstico de Morte Encefálica é, inicialmente, necessário certificar-se de que
(BRASIL, 2003a):
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- O paciente tenha identificação e registro hospitalar;
- A causa do coma seja conhecida e estabelecida;
- O paciente não esteja hipotérmico (temperatura menor que 35ºC);
- O paciente não esteja usando drogas depressoras do Sistema
Nervoso Central;
- O paciente não esteja em hipotensão arterial.
Após estas certificações, o paciente deve ser submetido a dois exames
neurológicos que avaliem a integridade do tronco cerebral. Após o segundo exame clínico, é
realizado um exame complementar que deve demonstrar: ausência de perfusão sanguínea
cerebral, ausência de atividade elétrica cerebral ou ausência de atividade metabólica cerebral.
Estando o paciente em morte encefálica comprovada, deve continuar na UTI, com
alguns cuidados específicos como: aquecimento, PA mantida por expansão volêmica e/ou
com uso de drogas vasoativas. Permanecendo intubado, com ventilação mecânica (SANTOS
et al., 1991).
Há necessidade de uma avaliação clínica dos antecedentes do possível doador
cadáver, incluindo sorologia negativa para HIV e hepatite B e C. Também é necessário
conhecer seu perfil sorológico para citomegalovírus e toxoplasmose, não podendo ser IgM
positivo. A positividade para doença de Chagas não é uma contra-indicação absoluta
(IANHEZ, 2001).
Serão excluídos aqueles pacientes portadores de insuficiência orgânica que
comprometa o funcionamento do órgão ou tecido a ser doado; portadores de enfermidades
infecto-contagiosas transmissíveis por meio do transplante, como soropositivos para HIV,
hepatite B e C, e todas as demais contra-indicações utilizadas para a doação de sangue e
hemoderivados; pacientes em sepse ou em Insuficiência de Múltiplos Órgãos e Sistemas
(IMOS); doenças degenerativas crônicas e com caráter de transmissibilidade; portadores de
neoplasias malignas, excetuando-se tumor restrito ao sistema nervoso central, carcinoma
basocelular e carcinoma de cérvix uterino (BRASIL, 2003a).
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A retirada de órgãos de doadores cadáver e os casos de doador vivo não
relacionado devem obedecer às normas da lei vigente, que foi alterada recentemente: Lei nº
10.211 de 20 de março de 2001 (Anexo B).
3.4.4.1 Seleção Imunológica dos Doadores – Testes de Compatibilidade
Tipagem ABO
Receptores devem ter tipos sanguíneos compatíveis com o do doador. Tipos
sanguíneos incompatíveis inviabilizam a realização do transplante, por isso a importância de
determinar os tipos sanguíneos dos doadores e receptores antes da sua realização. São eles: A,
B, AB e O. Pacientes do tipo sanguíneo A devem receber um rim de doador do tipo sanguíneo
A ou O; pacientes do tipo sanguíneo B devem receber rim de doadores tipo B ou O; pacientes
do tipo AB devem receber rim do sangue A, B, AB ou O e pacientes do tipo sanguíneo O só
podem receber um rim de doadores tipo O (INSUFICIÊNCIA..., 2003).
O fator Rh não contra indica o transplante (INSUFICIÊNCIA..., 2003).
Tipagem HLA
No transplante renal o doador e o receptor, além de serem compatíveis para o
sistema ABO, também devem ser compatíveis em termos de tecidos, isto é histocompatíveis.
A medida de histocompatibilidade é expressa em termos de compatibilidade HLA sigla em
inglês para Antígeno Leucocitário Humano, que induz a formação de anticorpos. Quando
duas pessoas compartilham os mesmos antígenos do sistema HLA elas são compatíveis, isto
é, seus tecidos são imunologicamente compatíveis. Quando não compartilham os mesmos
antígenos elas não são compatíveis induzindo ao processo de rejeição pela formação de anticorpos (TRANSPLANTE ..., 2003).
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22
O
sistema HLA se situa no braço menor do cromossomo 6 e é dividido
basicamente em dois grupos: antígenos classe I e antígenos classe II. Os antígenos da classe I
são codificados no lócus A-B-C, e os antígenos classe II são expressos nos lócus DR-DQ-DP
(RIELLA, 1988).
Prova Cruzada (“Cross-match”)
A prova cruzada tem a finalidade de determinar se o receptor tem anticorpos
contra o potencial doador. No teste de “cross-match”, uma porção de soro do receptor é
misturada com uma parte de glóbulos brancos do doador. Se o soro do receptor destruir as
células do doador o “cross-match” é positivo, o que inviabiliza o transplante renal
(TRANSPLANTE ..., 2003).
3.4.5 O Momento do Transplante
O transplante renal envolve três etapas específicas, tanto aos receptores quanto
aos doadores: o pré-transplante – que consiste dos exames preparatórios; o transplante – que
se refere ao procedimento cirúrgico de retirada e implantação do órgão; e o pós-transplante –
onde o paciente transplantado segue em acompanhamento para a avaliação da evolução, assim
como da administração do uso de medicações imunossupressoras e o doador retorna após
alguns dias para avaliação e retirada de pontos cirúrgicos (CAIUBY, 2002, apud
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2003).
Pré-Transplante
Doador e receptor são internados de rotina no dia anterior ao transplante no HUUPD. A diálise do receptor é realizada no dia da internação (24 horas antes do transplante) em
caso de doador vivo, e no dia do transplante em caso de doador cadáver. A medicação
imunossupressora do receptor é também iniciada no dia anterior ao transplante.
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O doador e o receptor deverão ser retipados ABO/Rh. Colher: U, C, Na, K,
Glicemia, HMG, Gasometria venosa só do receptor, TGO, TGP, Bílis, Coagulograma
completo. Doador e receptor deverão fazer Radiografia de Tórax e ECG. No prontuário
devem constar a Urografia excretora e a Arteriografia renal do doador e a Uretrocistografia
Retrógrada e Miccional do receptor.
A nefrectomia bilateral dos rins primitivos é indicada em poucas situações:
calculose, refluxo vésico ureteral importante, neoplasia renal, nos casos de portadores de
doença renal policística, quando os rins são volumosos, impedindo a colocação do enxerto, ou
nos casos de sangramento ou infecção dos rins (RIELLA, 1996).
O Transplante - Manuseio do Doador e do Receptor no Ato Cirúrgico
O doador vivo deve ser hidratado no pré-operatório imediato. É rotina a
utilização, nas 2 horas que antecedem o início da cirurgia, de solução fisiológica 500ml mais
solução glicosada 5% 500ml e, durante o ato cirúrgico, solução fisiológica ou ringer lactado
para mantê-lo com diurese alta. No momento da dissecção do íleo renal, é administrado
100ml de manitol a 20%.
Em doador cadáver utiliza-se 4 frascos de albumina endovenosa durante a
implantação do rim, para redução de necrose tubular aguda pós-transplante renal (IANHEZ,
2001).
Após a nefrectomia o rim é perfundido com solução de Euro Colins em
temperatura média de 4ºC e submerso em uma cuba contendo ringer lactado também em
temperatura de 4ºC mantida por gelo estério.
Em seguida à retirada do rim a artéria e a veia renais são suturadas. A ferida
cirúrgica é então fechada por planos.
O receptor também deve ser hidratado com 2 litros de solução fisiológica.
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A cirurgia do receptor tem início após o acesso renal do doador. O local para
implantação do rim geralmente é na fossa ilíaca. Quando o órgão doado é o rim esquerdo, a
opção é para a fossa ilíaca direita, sendo o contrário no caso de doação do rim direito, com
objetivo de exteriorizar a pelve renal para evitar a compressão dos vasos ilíacos pelo pólo
inferior do rim (PEREIRA, 2000).
A artéria renal do doador é geralmente anostomosada à arteira hipogástrica do
receptor e a veia do doador anostomosada à veia ilíaca do receptor (PEREIRA, 2000).
A parede lateral da bexiga é dissecada, para permitir o reimplante ureteral. Faz-se
um pequeno orifício distal na mucosa, onde será anostomosada a extremidade do ureter com a
mucosa vesical (PEREIRA, 2000).
Após uma revisão cuidadosa das anastomoses vasculares, procede-se o
fechamento da parede abdominal.
O Pós-Transplante
O doador recebe alta hospitalar por volta do 3º a 5º dia pós-operatório. E, deverá
fazer avaliação com um nefrologista regularmente a cada dois anos.
Receptor – o receptor permanece internado geralmente durante 15 dias, se não
houver nenhuma intercorrência.
Medicações Imunossupressoras
A sobrevida do rim depende da capacidade de bloquear a resposta imune do
organismo ao rim transplantado. São prescritos os medicamentos imunossupressores,
azatioprina (Imuran), corticosteróides (prednisona), ciclosporina e OKT-3 (um anti-corpo
monoclonal), para suplantar ou minimizar o mecanismo de defesa do corpo (SMELTZER;
BARE, 2002).
A droga atual mais importante é a ciclosporina (CsA), cuja utilização aumentou
em 10% a sobrevida do enxerto após o primeiro ano de Tx renal, sem melhorar a sobrevida a
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25
longo prazo do enxerto. Na maioria dos protocolos ela é combinada com azotioprina e
corticóide. A terapêutica imunossupressora é iniciada no dia anterior ao Tx em doador vivo e
no ato cirúrgico em caso de doador cadáver. Todos os esquemas de imunossupressão utilizam
doses maiores na fase inicial (fase de indução), reduzindo-se progressivamente após alguns
meses para os níveis de manutenção (PEREIRA, 2000).
Pesquisadores da Universidade de Stanford, testam a possibilidade de evitar a
rejeição ao transplante de rim sem o uso de medicamentos. Essa nova abordagem para o
transplante de rim iniciou-se de maneira habitual, com cirurgia seguida por medicamentos
imunossupressores,
que
foram
necessários
para
evitar
a
rejeição
ao
órgão
(TRANSPLANTATION, 2002).
No entanto, o receptor do rim recebeu várias doses pequenas de radiação,
focalizando o sistema imune, combinadas a um medicamento para reduzir o número de
células capazes de um ataque imune. A equipe, então, injetou células tronco provenientes do
sangue do doador do rim, no receptor. As células migraram para a medula óssea do receptor.
Após esse procedimento, as células imunes do receptor reconhecem o órgão do doador como
um aliado, muito mais do que como um estranho (TRANSPLANTATION, 2002).
A equipe de Stanford monitorou o novo sistema imune híbrido do receptor procurando
uma mistura de células do receptor e do doador. Essas células foram testadas em laboratório e não
atacaram as células retiradas do doador. Isso significa que o novo sistema imune híbrido não
atacaria o órgão transplantado. Na ocasião, a equipe já havia lentamente afastado o paciente dos
medicamentos imunossupressores.
Segundo Millain, uma das pesquisadoras da equipe, esse estudo representa a
direção que o transplante tomará no futuro. No passado, a meta era o funcionamento do órgão
transplantado no receptor. Atualmente, os pesquisadores procuram maneiras de aumentar a
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26
sobrevivência a longo prazo do órgão transplantado, mantendo a qualidade de vida dos
receptores.
3.4.6 Complicações do Pós-Transplante
Das complicações cirúrgicas, as mais comuns são as urológicas, as quais levam à
fístulas urinárias e obstrução do trato urinário que, se não corrigidas a tempo, podem levar a
complicações graves como infecções, perda do enxerto e até óbito. Menos freqüentes são as
complicações vasculares representadas por trombose, estenose de artéria ou veia renal, ruptura da
anastomose arterial e hematoma de parede, podendo aumentar o índice de morbidade e mortalidade
(SANTOS et al., 1991).
Das complicações clínicas, as mais freqüentes são:
Insuficiência Renal Aguda (IRA) – devido a necrose tubular aguda (NTA), mais
freqüente em órgão de doador cadáver. Pode estar relacionado ao ato cirúrgico do doador e
receptor como: doador obeso, hidratação inadequada, dificuldade de perfusão, anastomose
difícil (RIELLA, 1996).
Rejeição – as rejeições são as principais causas de perda dos enxertos. E são
classificadas, de acordo com o tempo em que surgem após o transplante em: hiperaguda,
ocorre logo após o transplante; vascular aguda ou aguda acelerada, ocorre nos primeiros dias
após o transplante; aguda celular, ocorre após a primeira semana da cirurgia; e crônica, é um
processo de perda funcional tardia, geralmente lenta e progressiva (SANTOS et al., 1991;
HERING, 1998).
Infecção – é a principal causa de óbito do paciente transplantado. O estado de
imunossupressão predispõe estes pacientes a vários agentes infecciosos: virais, bacterianos,
fúngicos, protozoários e helmintos (HERING, 1998).
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27
3.4.7 Sobrevida do Enxerto
Segundo Ianhez (2002), existem dois problemas ainda sem solução em pacientes
com longo tempo de seguimento: perda crônica do enxerto e alta prevalência de lesões
cutâneas e tumores malignos.
Este é o grande dilema do transplante renal no início do século XXI, apesar da
melhora na sobrevida do paciente e do enxerto no primeiro ano pós-transplante, a perda
crônica do enxerto e a mortalidade tardia ainda é alta. Três são as principais causas de óbito
de pacientes com longo tempo de pós-transplante: doença cardiovascular, neoplasia maligna e
doenças infecciosas (IANHEZ, 2002).
Ainda Ianhez (2002) refere que a maior prevalência de uma ou outra destas três
causas dependem de muitos fatores. De acordo com pesquisas realizadas por este autor, um
paciente de classe social baixa falece mais em decorrência de infecções, enquanto que
pacientes de classe social média ou alta a causa de óbito mais freqüente é a cardiovascular. A
prevalência de doenças neoplásicas independe da classe social, e está atrelada a múltiplos
fatores do paciente transplantado como idade, tempo pós-transplante, predisposição genética e
drogas imunossupressoras.
A sobrevida maior ou menor do enxerto é variável, e individual, depende de
inúmeros fatores, como os citados acima, além do estado emocional e psicológico do
paciente, que contribui para a sua adesão ao tratamento, e dos cuidados pessoais de cada um,
para minimizar ou mesmo evitar as complicações, complicações estas que diminuem a
sobrevida do enxerto e põe em risco a própria vida do transplantado.
3.5 Qualidade de Vida
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28
Barros (2003) refere, a dificuldade de se precisar a origem da expressão Qualidade
de Vida. Porém, pode-se afirmar que ela teve um aumento significativo de popularidade com
o aquecimento da economia após a II Guerra Mundial, mas somente na década de 60 é que
iniciou o verdadeiro interesse científico pelo conceito.
Sendo que a expressão “Qualidade de Vida” foi empregada pela primeira vez pelo
presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson em 1964 ao declarar que “os objetivos não
podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles só podem ser medidos através da QV
que proporcionam às pessoas” (BRASIL, 2003b).
O crescente desenvolvimento tecnológico da Medicina e ciências afins trouxe
como uma conseqüência negativa a sua progressiva desumanização. Assim, a preocupação
com o conceito “Qualidade de Vida” refere-se a um movimento dentro das ciências humanas
e biológicas no sentido de valorizar parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, a
diminuição da mortalidade, ou o aumento da expectativa de vida (BRASIL, 2003b).
Qualidade de Vida ligada à saúde baseia-se em dados objetivos e mensuráveis,
aplicando-se à pessoas que se sabem doentes do ponto de vista físico. Diz respeito ao grau de
limitação e desconforto que a doença e/ou seu tratamento acarretam ao enfermo e à sua vida,
sendo, conforme Johnson, Wicks e Milstead (1998, apud Barros) influenciada por fatores
internos e externos. Os primeiros incluem características psico-emocionais e biofísicas, tais
como, auto-estima e função autônoma. Os externos, dizem respeito às características
situacionais, como recursos pessoais e econômicos (BARROS, 2003).
O termo QV é atributo do indivíduo, ou seja, altamente individual e
multidimensional, pois deixamos de observar apenas a visão biológica e partimos para
conceitos multidimensionais, incluindo áreas com características subjetivas como atividade,
estado psicológico e expectativas sobre o tratamento. Portanto, é a capacidade de um
indivíduo em desempenhar tarefas ou atividades da vida diária, obtendo assim, satisfação. Isso
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29
significa que QV pode ser compreendida em termos das expectativas pessoais do indivíduo, e
se estas foram ou não atingidas (LEMOS; CANTINELLI, 2001 apud MELO, 2003).
Rodrigues Martin (1995, apud BARROS, 2003), define QV no doente crônico,
como o nível de bem-estar e satisfação vital da pessoa, enquanto afetada por uma doença, seu
tratamento e os efeitos que daí advém. Esta definição abrange a globalização, subjetividade e
generalização, haja vista que o conceito é multidimensional, abrangendo pelo menos quatro
esferas: o status funcional, os sintomas relacionados à doença e ao tratamento, funcionamento
psicológico e o funcionamento social.
Para Souza e Guimarães (1999, apud MELO, 2003), a QV é complexa, pois há
diferenças entre diversas culturas em momentos diferentes. De acordo com o grau de sucesso
que as pessoas vão atingindo, suas metas impostas a si mesmas, em diferentes estágios da
vida, elas vão refletir melhor ou pior qualidade de Vida.
Embora não haja um consenso a respeito do conceito de QV, três aspectos
fundamentais referentes ao construto qualidade de vida foram obtidos através de estudiosos
de diferentes culturas: (1) subjetividade; (2) multidimensionalidade (3) presença de dimensões
positivas (exemplo mobilidade) e negativas (exemplo dor).
O desenvolvimento destes elementos conduziu a definição de qualidade de vida
como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de
valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações” (BRASIL, 2003b). O reconhecimento da multidimensionalidade do construto
refletiu-se na estruturação do instrumento da WHOQOL GROUP baseada nos 6 domínios:
domínio físico, domínio psicológico, nível de independência, relações sociais, meio-ambiente
e espiritualidade/ religião/ crenças pessoais, de onde foi fundamentado este trabalho
(BRASIL, 2003b).
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30
4 PROCESSO METODOLÓGICO
4.1 Tipo de Estudo
Estudo exploratório, descritivo sobre a qualidade de vida dos pacientes que se
submeteram ao transplante renal no HU-UPD, à partir da percepção dos mesmos.
4.2 Local
Setor de Nefrologia do HU-UPD (1º andar), no momento de espera das consultas
dos pacientes transplantados e nas residências dos mesmos, durante o mês de Julho após
aprovação do Projeto de Monografia pela comissão de Ética.
O espaço físico do setor de transplante do HU-UPD é composto por oito
enfermarias, quinze leitos, um posto de enfermagem, uma sala de prescrição, um repouso
médico, um repouso de enfermagem, lavanderia e expurgo.
4.3 População
A população é constituída de 37 pacientes que realizaram a cirurgia de transplante
renal. A amostra foi composta por 22 pacientes que tenham realizado o transplante há pelo
menos um mês, para que o momento pós-operatório não interferisse em suas respostas, e que
aceitaram participar da pesquisa e assinaram o termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Apêndice B), elaborado de acordo com a resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS)
196/96.
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31
A pesquisa foi realizada depois do parecer favorável do Comitê de Ética em
Pesquisa do HU-UPD. Após, apresentarmos a proposta do estudo, objetivo e método de coleta
de dados aos pacientes, solicitamos a colaboração dos mesmos.
4.4 Coleta de Dados
Os dados foram coletados através de um questionário com perguntas fechadas,
formulado pela pesquisadora e orientadora, onde constam dados demográficos e
socioeconômicos e perguntas que envolvem os domínios físico, psicológico, nível de
independência, relações sociais, ambiente e espiritualidade, fundamentado no parâmetro de
qualidade de vida da Divisão de Saúde Mental, formulado pela Whoqol Group baseado nos 6
(seis) domínios acima descritos e validado pela OMS.
4.5 Análise dos Dados
Foi realizada uma análise estatística dos dados, utilizando-se o programa excel,
sendo então apresentados sob forma de tabelas.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
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32
Tabela 1 – Distribuição dos dados demográficos e socioeconômicos dos pacientes submetidos
à cirurgia de Transplante Renal no Hospital Universitário -Unidade Presidente
Dutra (HU-UPD)
Nº
%
Sexo
Masculino
Feminino
11
11
50,0
50,0
Idade
15 a 30 anos
31 a 40 anos
41 a 50 anos
mais da 50 anos
9
5
5
3
41,0
22,7
22,7
13,6
Estado Civil
Solteiro
Casado
Separado/Divorciado
Viúvo
11
11
-
50,0
50,0
-
Religião
Católica
Protestante
Sem Religião
13
5
4
59,1
22,7
18,2
Grau de Instrução
Analfabeto
Fundamental Incompleto
Fundamental Completo
Médio Incompleto
Médio Completo
Superior
9
2
3
6
2
41,0
9,10
13,6
27,2
9,10
Renda Familiar
Até 1 salário
Entre 2 e 3 salários
Mais de 3 salários
Não Informou
3
6
7
6
13,6
27,2
32,0
27,2
22
100
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
TOTAL
Conforme mostra a tabela 1, observa-se o mesmo percentual de 50% de
transplantes realizados no sexo masculino e no sexo feminino.
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33
Duarte (2002 in JORNADA OSWALDO RAMOS, 2003) refere um percentual
superior de casos de IRC em mulheres com um percentual de 63% contra 37% no sexo
masculino.
A faixa etária com maior número de transplantes realizados encontra-se entre 15
a 30 anos com 41% dos procedimentos, seguida pelas faixas de 31 a 40 anos e 41 a 50 anos,
ambas com 22,7% dos procedimentos e 13,6% nas faixas etárias com mais de 50 anos.
Ainda Duarte (2002 in JORNADA OSWALDO RAMOS, 2003) demonstra em
sua tese que a idade média, com maior incidência de portadores de IRC e possíveis candidatos
a um futuro transplante, foi de 47 anos, com variação de 23 a 60 anos.
A idade do paciente não representa mais empecilho para a realização de
transplante renal, sendo que no HU-UPD a idade recomendada é de até 60 anos, observando
as suas condições clínicas e psicológicas.
No entanto, como cita Santos et al. (1991), com idade superior a 55 anos o
transplante renal oferece maior risco ao paciente que o tratamento dialítico.
Em relação ao estado civil, observa-se o mesmo percentual de 50% entre solteiros
e casados.
Segundo Souza e Guimarães (1999, apud MELO, 2003) observa-se uma melhor
QV nas pessoas com relacionamentos conjugais e familiares positivos em detrimento de uma
maior insatisfação com a vida naquelas divorciadas, separadas ou viúvas.
Quanto à religião, 59,1% dos entrevistados são católicos, 22,7% protestantes e
18,2% referiram não possuir religião.
Pesquisas sugerem que pessoas religiosas atravessam com mais facilidade
momentos difíceis do que aquelas sem uma religião.
Em se tratando da escolaridade, 41% dos pacientes transplantados apresentam
nível fundamental incompleto, seguidos por 27,2% de pacientes com nível médio
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34
completo, 13,6% com nível médio incompleto e 9,1% com nível fundamental completo e
mesmo percentual com nível superior.
O nível de escolaridade dos pacientes influencia na QV, quanto à capacidade de
compreensão e adesão ao tratamento, como será confirmado na discussão da pergunta 5 da
tabela 4.
Quanto à renda familiar, pode-se notar que 32% dos entrevistados possuem renda
superior a 3 salários, 27,2% possuem renda entre 2 e 3 salários, 13,6% com renda de até 1
salário e igualmente 27,2% dos entrevistados não informaram sua renda.
O aspecto socioeconômico será discutido nas perguntas 5 da tabela 4 e 1 e 2 da
tabela 6.
Tabela 2 – Distribuição das respostas, segundo o domínio físico para a avaliação da
Qualidade de Vida dos pacientes submetidos à cirurgia de Transplante Renal no
Hospital Universitário - Unidade Presidente Dutra (HU-UPD)
DOMÍNIO FÍSICO
Nº
%
1. Quão satisfeito você está com sua saúde?
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Nem satisfeito nem insatisfeito
Satisfeito
Muito satisfeito
-
4,50
18,2
77,3
1
4
17
2. Você sente algum tipo de dor ou desconforto em decorrência do Transplante?
Sim
Não
2
20
9,00
91,0
Contin...
Continuação
DOMÍNIO FÍSICO
Nº
%
3. Você apresentou alguma complicação após o Transplante?
Sim
Não
4. Em caso positivo, qual(is)?
7
15
31,8
68,2
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35
Rejeição
Infecção
IRA
Efeitos colaterais das medicações
2
2
3
28,5
28,5
43,0
5. Quão satisfeito você está em relação à sua dieta, após o transplante?
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Nem satisfeito nem insatisfeito
Satisfeito
Muito satisfeito
3
8
11
13,6
36,4
50,0
6. Você notou melhora em sua disposição e energia, após o transplante?
Sim
Não
19
3
86,4
13,6
7. Quão satisfeito você está em relação ao seu sono e repouso?
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Nem satisfeito nem insatisfeito
Satisfeito
Muito satisfeito
1
3
8
10
4,50
13,7
36,4
45,4
Na pergunta 1 da tabela 2, observou-se 77,3% de pacientes transplantados renais
muito satisfeitos com sua saúde após o transplante, 18,2% apenas satisfeitos e 4,5% de
pacientes responderam nem satisfeitos nem insatisfeitos com a sua saúde.
A saúde aqui abordada está relacionada ao aspecto físico com o retorno à função
renal através do novo órgão transplantado.
Pode-se observar através das entrevistas que a maioria dos pacientes que se
diziam muito satisfeitos com a sua saúde faziam uma correlação à sua vida, antes da
realização do transplante, do sofrimento que a doença crônica lhes acarretava e a sensação de
melhor bem-estar oferecida pelo transplante.
Ainda na tabela 2, 91% dos entrevistados referiram não sentir qualquer tipo de
dor ou desconforto em decorrência do transplante, contra apenas 9% que responderam sim,
que sentiam algum tipo de dor ou desconforto.
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36
Nos primeiros dias pós-operatório, é normal o desconforto e a dor no local da
cirurgia, como em qualquer outra cirurgia, relacionado à presença de secreção, à incisão e ao
próprio processo de cicatrização da F.O. (ferida operatória). Após esse período o paciente se
recupera e deixa de sentir dor ou desconforto.
Alguns pacientes continuam a sentir um leve desconforto e mal-estar aos médios
esforços no local da cirurgia, principalmente aqueles com pouco tempo de transplante.
No entanto, se a dor persistir e se intensificar pode sugerir possível infecção ou
rejeição.
Ao ser perguntado sobre o surgimento de alguma complicação após o Transplante
68,2% responderam que não, não apresentaram qualquer complicação após o transplante e
31,8% disseram que sim. Sendo que deste total de 31,8%, 43% referiram outras complicações
não relacionadas à infecção, rejeição ou IRA e 28,5% referiram rejeição, com mesmo
percentual para infecção, não aparecendo casos de IRA.
O percentual de 43% está relacionado aos efeitos colaterais e tóxicos dos
medicamentos imunossupressores, pois estes medicamentos deixam o organismo mais
susceptível a infecções e tumores (INSUFICIÊNCIA ..., 2003).
A rejeição aguda é o tipo de rejeição mais comum e se desenvolve entre a
primeira e a sexta semana após o transplante, o tratamento indicado é a pulsoterapia com
metilprednisolona ou anticorpos monoclonais (PEREIRA, 2000).
Segundo Pereira (2000), as complicações predominantes no primeiro mês são as
complicações do ato operatório: infecções de ferida e trato urinário e formação de abscessos
perirrenais. Ele diz ainda que as infecções ocorrem em até 80% dos casos de transplante ainda
no primeiro ano, se configurando como uma grave causa de morbimortalidade.
As infecções são mais freqüentes em pacientes com nível socioeconômico baixo,
como será observado na questão 5 da tabela 4 e nas questões 1 e 2 da tabela 6.
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37
Quanto à dieta, 50% dos pacientes transplantados se mostraram muito satisfeitos
com sua dieta após o transplante, 36,4% estão satisfeitos e somente 13,6 % se dizem nem
satisfeitos nem insatisfeitos com a sua dieta.
A IRC impõe aos portadores uma severa dieta com restrições de sódio, potássio,
fósforo, proteína e ingesta hídrica diminuída (Insuficiência..., 2003). O transplante renal
proporciona ao paciente transplantado uma dieta menos rigorosa e sem restrição hídrica.
Ao ser perguntado aos pacientes “Você notou melhoria em sua disposição e
energia após o Transplante?”, 86,4% dos pacientes responderam que sim e somente 13,6%
responderam que não.
Os portadores de IRC principalmente na fase inicial do tratamento dialítico
apresentam sintomas físicos de mal-estar, fraqueza e cansaço além de sentimentos de solidão,
tristeza e temor da morte (O FILTRO ..., 2002). Com a realização do transplante o paciente
apresenta uma melhora significativa no seu estado físico e psíquico (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2002).
O último item da tabela 2 diz respeito ao grau de satisfação dos transplantados
com o sono e repouso, sendo que 45,4% dos entrevistados responderam estar muito
satisfeitos com seu sono e repouso, 36,4% disseram estar satisfeitos, 13,7% disseram estar
nem satisfeitos nem insatisfeitos e apenas 4,5% disseram estar insatisfeitos com seu sono e
repouso.
O percentual de 4,5% foi descrito em decorrência de uma insônia adquirida ainda
na fase do tratamento dialítico, que continua se manifestando após o transplante.
Tabela 3 – Distribuição das respostas, segundo o domínio psicológico para a avaliação da
Qualidade de Vida dos pacientes submetidos à cirurgia de Transplante Renal
no Hospital Universitário - Unidade Presidente Dutra (HU-UPD)
DOMÍNIO PSICOLÓGICO
Nº
%
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38
1. Você recebeu de sua família o apoio que necessitou para a realização do
transplante?
Nada
Muito pouco
Médio
Muito
Completamente
2
10
10
9,20
45,4
45,4
2. Você se sente satisfeito com a sua aparência física?
Sim
Não
19
3
86,4
13,6
21
1
95,5
4,50
3. Você se sente satisfeito consigo mesmo?
Sim
Não
A pergunta 1 da tabela 3, diz “Você recebeu de sua família o apoio que necessitou
para a realização do transplante?” 45,4% dos entrevistados responderam completamente e
igualmente 45,4% responderam muito e 9,2% disseram que receberam médio.
A QV, como já foi referido, abrange não só a condição de saúde de uma pessoa,
mas todo seu contexto social, emocional, físico e profissional. Assim sendo, aquelas que
referiram ter recebido um maior apoio familiar para a realização do transplante tem maior
probabilidade de apresentar um maior ajustamento familiar e conseqüentemente uma maior
QV nesse contexto.
Ao ser perguntado “você se sente satisfeito com a sua aparência física?”, 86,4%
dos pacientes responderam que sim e apenas 13,6% responderam que não.
Um
dos
efeitos
colaterais
dos
medicamentos
imunossupressores,
mais
especificamente corticosteróide (prednisona) é o aumento de peso e a face cushingóide, e a
ciclosporina pode provocar crescimento aumentado de pêlos e cabelos (INSUFICIÊNCIA...,
2003). Estes efeitos afetam diretamente a aparência física do paciente. Sendo que dos que
responderam não estarem satisfeitos com a sua aparência, referiram esses efeitos causados
pelos medicamentos. O restante respondeu estar satisfeito, apesar desses efeitos,
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39
correlacionando o seu estado geral e sua aparência antes do transplante, referindo uma
aparência anêmica e abatida.
E, ao ser questionado “você se sente satisfeito consigo mesmo?” 95,5%
responderam sim, contra apenas 4,5% que responderam não.
Nesta questão pode-se perceber através das entrevistas, que a resposta positiva
estava muito atrelada ao tratamento dialítico anterior ao transplante, pois a maioria referiu os
sentimentos negativos de medo da morte, dependência da máquina de hemodiálise para
sobreviver. Só o fato de não terem mais de se submeter às sessões de hemodiálise lhes
proporciona uma sensação de satisfação plena e independência.
Tabela 4 – Distribuição das respostas, segundo o nível de independência para a avaliação da
Qualidade de Vida dos pacientes submetidos à cirurgia de Transplante Renal no
Hospital Universitário - Unidade Presidente Dutra (HU-UPD)
NÍVEL DE INDEPENDÊNCIA
Nº
%
1. Você passou a depender de medicamentos após o transplante. Quanto você acha
que isso interfere na sua satisfação com o transplante?
Nada
14
63,6
Muito pouco
2
9,10
Médio
6
27,3
Muito
Completamente
2. Você realiza alguma ocupação atualmente?
Sim
Não
17
5
77,3
22,7
5
-
100
-
3. Em caso negativo foi em decorrência do transplante?
Sim
Não
4. Quão satisfeito você está com a sua capacidade para o trabalho?
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40
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Nem satisfeito nem insatisfeito
Satisfeito
Muito satisfeito
1
6
4
11
4,5
27,3
18,2
50,0
5. Você acha que a sua situação financeira atende as suas necessidades?
Sim
Não
8
14
36,4
63,6
Na tabela 4, a pergunta 1 diz “você passou a depender de medicamentos após o
Transplante. Quanto você acha que isso interfere na sua satisfação com o Transplante?”
63,6% responderam que a dependência dos medicamentos não interfere em nada na sua
satisfação com o transplante, 27,3% responderam médio, e 9,1% responderam muito pouco.
Pereira (2000) refere que estudos estatísticos sucessivos mostram os progressos da
terapêutica imunossupressora e da seleção imunogenética, aumento da sobrevida do paciente
transplantado, sem a necessidade de utilização de procedimentos dialíticos.
Essa sobrevida significa uma vida normal, na maioria das vezes, e até acima da
expectativa, em alguns casos. A afirmativa baseia-se na revisão dos prontuários de
transplantes renais realizados nos últimos 26 anos no Hospital das Clínicas da UFMG
(PEREIRA, 2000).
A pergunta 2, da tabela 4, é “Você realiza alguma ocupação, atualmente?” 77,3%
dos entrevistados responderam sim, realizam algum tipo de ocupação, e 22,7% responderam
que não, não exercem nenhuma atividade ocupacional. A pergunta 3 é “Em caso negativo é
em decorrência do transplante?” o total de 22,72%, representando 100%, responderam que
sim, é em decorrência do transplante.
Esse percentual de 22,7% que referiram não realizar alguma ocupação em
decorrência do transplante, a principal razão, está relacionada ao tempo precoce da realização
do transplante, impossibilitando-lhes exercer qualquer atividade.
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41
Cauiby, 2002 (apud SOCIEDADE BRASIELRIA DE NEFROLOGIA, 2003),
relata que o transplante renal é um tratamento que traria ganhos, na medida em que algumas
perdas fossem reparadas, propiciando melhor condição de saúde física e mental. Isto ocorre
em decorrência da melhora da QV do paciente, pois ele não realiza um tratamento que
restringe horário em sua rotina diária, possibilitando a retomada de atividades profissionais ou
em seus lares. Portanto, o transplante renal pode caracterizar-se por ser um tratamento efetivo
para a reabilitação física e psíquica do paciente.
A pergunta 4 complementa a anterior, refere-se ao grau de satisfação do
transplantado renal com a sua capacidade para o trabalho, 50% dos pacientes referiram estar
muito satisfeitos com sua capacidade para o trabalho, 27,3% referiram estar nem satisfeitos
nem insatisfeitos, 18,2% referiram estar satisfeitos e apenas 4,5% referiram estar
insatisfeitos.
Como já foi citado na discussão da pergunta 6 da tabela 2, os pacientes portadores
de IRC em tratamento dialítico apresentam diversos sintomas físicos em resposta à patologia,
que são amenizados temporariamente com a diálise e hemodiálise. O transplante permite uma
reabilitação mais próxima do normal e maior disposição para as atividades profissionais e do
dia-a-dia.
Ao ser perguntado “Você acha que a sua situação financeira atende às suas
necessidades?” 63,6% responderam que não e 36,4% responderam que sim.
A situação financeira do paciente pode interferir diretamente em sua QV, pois sua
má condição socioeconômica aumenta muito a probabilidade do surgimento de complicações,
conforme ressalva Ianhez (2002) ao afirmar que o paciente de classe social baixa vem a
falecer mais por causas infecciosas. Outro fato importante citado pelo autor no seguimento do
transplantado renal, principalmente em pacientes jovens de classe econômica baixa, é a não
adesão à terapêutica imunossupressora, causa importante de perda de enxerto.
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42
Tabela 5 – Distribuição das respostas, segundo o domínio das relações sociais para a
avaliação da Qualidade de Vida dos pacientes submetidos à cirurgia de
Transplante Renal no Hospital Universitário - Unidade Presidente Dutra (HUUPD)
RELAÇÕES SOCIAIS
Nº
1. Quão satisfeito você está com as suas relações sociais?
Muito insatisfeito
Insatisfeito
1
Nem satisfeito nem insatisfeito
3
Satisfeito
8
Muito satisfeito
10
%
4,5
13,6
36,4
45,5
Contin...
2. Quão satisfeito você está com a sua vida sexual?
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Nem satisfeito nem insatisfeito
3
Satisfeito
4
Muito satisfeito
6
Não Informou
9
Continuação
13,6
18,2
27,2
41,0
A pergunta 1 da tabela 5 questiona o grau de satisfação dos transplantados renais,
com as suas relações sociais, após a realização do transplante. Observou-se que 45,5% dos
entrevistados responderam estar muito satisfeitos, 36,4% responderam estar satisfeitos,
13,6% disseram estar nem satisfeitos nem insatisfeitos e apenas 4,5% disseram estar
insatisfeitos com suas relações sociais após o transplante.
O paciente renal crônico, conforme afirma Barros (2003), experimenta
sentimentos de solidão, isolamento social e rejeição psicológica. Com a realização do
transplante os pacientes adquirem sentimentos de confiança, maior adequação e inclusão
social.
Quando foi perguntado sobre o grau de satisfação destes pacientes com a sua vida
sexual, obteve-se, 41% não informaram, 27,2% responderam estar muito satisfeitos, 18,2%
responderam estar satisfeitos e 13,6% responderam nem satisfeitos nem insatisfeitos.
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43
Dos que não responderam, a razão primordial igualmente, foi o tempo precoce da
realização do transplante.
Uma das conseqüências da IRC aos seus portadores do sexo masculino é a
disfunção erétil (DE). Um trabalho realizado com 302 homens em tratamento hemodiálico
confirmou a alta incidência de DE neste grupo de pessoas. A incidência de algum grau de DE
nos homens abaixo de 50 anos foi de 63%, e com idade superior a 50 anos foi de 90%. A
média para todos os homens foi de 82%. Desta forma pode-se constatar a alta incidência de
DE, principalmente nos homens submetidos à hemodiálise bem como o alto impacto que o
tratamento do mesmo acarreta em sua QV (QUALIDADE ..., 2003).
Pode-se observar ainda nos portadores de IRC uma diminuição da libido.
O transplante pode reverter alguns desses sintomas na medida em que o novo rim
retoma as funções do antigo rim não mais funcionante.
Tabela 6 - Distribuição das respostas, segundo o domínio do ambiente para a avaliação da
Qualidade de Vida dos pacientes submetidos à cirurgia de Transplante Renal no
Hospital Universitário - Unidade Presidente Dutra (HU-UPD)
AMBIENTE
Nº
1. Quão satisfeito você está com as condições
do local onde mora?
Muito insatisfeito
Insatisfeito
3
Nem satisfeito nem insatisfeito
3
Satisfeito
8
Muito satisfeito
8
2. Quão satisfeito você está com o seu acesso aos serviços de saúde?
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Nem satisfeito nem insatisfeito
4
Satisfeito
6
Muito satisfeito
12
3. Quais dessas atividades de lazer listadas abaixo, você realiza?
%
13,6
13,6
36,4
36,4
18,2
27,3
54,5
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44
Assistir TV
Caminhar
Andar de bicicleta
Jogar bola
Ir à igreja
Sair à noite
Viajar
Praticar esporte
Ir à praia/clube
Outros
12/22
7/22
5/22
2/22
5/22
3/22
6/22
2/22
3/22
6/22
54,5/100
31,8/100
22,7/100
9,10/100
22,7/100
13,6/100
27,2/100
9,10/100
13,6/100
27,2/100
As perguntas 1 e 2 da tabela 6 dizem respeito ao grau de satisfação dos pacientes
em relação ao local onde moram e quanto ao acesso aos serviços de saúde respectivamente.
Sendo que, para a pergunta 1,36,4% dos entrevistados responderam estar muito satisfeitos,
com mesmo percentual para os que estão satisfeitos com as condições do local onde moram, e
13,6% responderam estar nem satisfeitos nem insatisfeitos e o mesmo percentual
responderam insatisfeitos. Em relação à pergunta 2, 54,5% dos entrevistados, responderam
estar muito satisfeitos com o seu acesso aos serviços de saúde, 27,3% estão apenas
satisfeitos e 18,2% responderam estar nem satisfeitos nem insatisfeitos.
As condições de moradia e o acesso aos serviços de saúde estão diretamente
relacionados à situação socioeconômica dos entrevistados, complementando a discussão da
pergunta 5 da tabela 4.
A principal conseqüência de uma má condição de moradia e falta de acesso aos
serviços de saúde é novamente o maior risco de contrair infecções. Ianhez (2002) demonstrou
que a prevalência e a gravidade das infecções ambulatoriais são significativamente maiores na
população de classe socioeconômica baixa. Vários são os fatores implicados neste fato:
desnutrição, condições de habitação, de transporte, hábitos higiênicos, entendimento da
necessidade de procurar auxilio médico precocemente e outros.
Corroborando esta observação no Hospital das Clinicas da FMUSP (Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo), no qual foi observado que a infecção foi a causa de
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45
óbito mais freqüente, correspondendo a 48,5% do total de óbitos, haja vista a grande maioria
desses pacientes ter sido também encontrada entre os pertencentes à classe socioeconômica
baixa (IANHEZ, 2002).
Em relação à questão 3, da tabela 6, foi perguntado sobre qual atividade de lazer
os pacientes mais realizam, obteve-se 54,5% que responderam assistir TV, 31,8% disseram
fazer caminhada e 27,2% responderam viajar, 22,7% responderam andar de bicicleta igual
percentual de ir à igreja, 13,6% disseram ir à praia/clube, 9,1% responderam jogar bola, e
mesmo percentual para praticar algum esporte e 27,2% responderam outras atividades de
lazer não listadas.
Pode-se observar que a realização do transplante possibilitou ao paciente
transplantado renal voltar a desenvolver atividades de lazer, muitas das quais os próprios
entrevistados referiram não conseguir realizá-las antes do transplante, devido aos efeitos da
patologia.
Tabela 7 – Distribuição das respostas, segundo o aspecto espiritual e a percepção do próprio
paciente sobre a sua qualidade de vida para a avaliação da Qualidade de Vida
dos pacientes submetidos à cirurgia de Transplante Renal no Hospital
Universitário - Unidade Presidente Dutra (HU-UPD)
ASPECTOS ESPIRITUAIS
Nº
%
1. Quão satisfeito você está em relação a sua espiritualidade?
Muito insatisfeito
Insatisfeito
Nem satisfeito nem insatisfeito
Satisfeito
Muito satisfeito
1
7
14
4,5
31,9
63,6
A tabela 7 mostra o grau de satisfação dos pacientes com sua espiritualidade após
o transplante, 63,6% dos transplantados responderam estar muito satisfeitos com sua
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46
espiritualidade após o transplante, 31,9% responderam estar satisfeitos e 4,5% disseram estar
indiferentes ao seu nível de espiritualidade.
Os pacientes crônicos com patologia irreversíveis e com risco de vida, quando
existe sofrimento intenso, experimentam sentimentos contraditórios de medo, revolta, raiva,
indignação perguntas do tipo “por que comigo?” e ao mesmo tempo de esperança, paz e
conforto, questionam-se sobre temas como sentido e finalidade da vida, sentimentos que são
vivenciados e trabalhados através da religiosidade e fé (SANTOS et al., 1991).
Tabela 8 – Distribuição das respostas, segundo o grau de satisfação com sua qualidade de
vida de acordo com a percepção do próprio paciente para a avaliação da
Qualidade de Vida desses pacientes submetidos à cirurgia de Transplante
Renal no Hospital Universitário - Unidade Presidente Dutra (HU-UPD)
Como você avaliaria sua Qualidade de Vida, após o transplante?
Muito ruim
Ruim
Nem ruim nem boa
Boa
Muito boa
2
9
11
9,00
41,0
50,0
Ao ser perguntado “Como você avaliaria sua QV após o transplante?” observou-se
que 50% dos transplantados renais responderam ser muito boa, 41% responderam ser boa e
9% responderam ser nem boa nem ruim.
A QV aqui empregada abrangeu os 6 domínios formulado pela Whoqol Group
(1994 in BRASIL, 2003d) já descritos neste trabalho, baseado nestes domínios de QV obtevese os resultados acima descritos.
Pode-se perceber por meio das respostas obtidas, que os pacientes consideram sua
QV melhor após a realização do transplante com um percentual de 91% de transplantados
muito satisfeitos a satisfeitos.
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47
6 CONCLUSÃO
A proposta nesse estudo foi conhecer a Qualidade de Vida dos pacientes submetidos a
uma cirurgia de transplante renal no Hospital Universitário - Unidade Presidente Dutra. Para isto, se
fez inicialmente uma retrospectiva acerca da anatomia e fisiologia renal, fisiopatologia e principais
manifestações orgânicas da IRC, suas formas de tratamento, incluindo os tratamentos dialíticos,
diálise peritoneal e hemodiálise, e o transplante renal, que foi aqui abordado de forma mais
aprofundada. Utilizando-se, ao final deste estudo, uma pesquisa de campo para conhecer a
qualidade de vida desses pacientes através da aplicação de um questionário.
Tornou-se essencial a abordagem sobre Qualidade de Vida, apesar da dificuldade
em encontrar literatura pertinente ao assunto. Porém buscou-se um conceito padrão para ser
utilizado como parâmetro nessa pesquisa. Como pode ser observado, seu conceito é bastante
abstrato e complexo, pois apresenta múltiplos componentes, incluindo funcionamento físico,
emocional e social, interações com a família, trabalho, auto-imagem, atividade diária e
podendo ser único para cada pessoa, principalmente devido às influências de valores culturais,
religiosos e étnicos.
Observou-se, quanto aos dados demográficos, não haver predominância de sexo
entre os entrevistados, a idade que mais realizou transplante encontra-se na faixa etária entre
15 e 30 anos, não houve também predominância entre solteiros e casados, com 50% ambos.
Os dados socioeconômicos mostraram, que a maioria dos entrevistados tem ensino
fundamental incompleto com 41% dos casos, a renda familiar variou entre mais de 3 salários
com 32% dos casos, seguidos por 2 a 3 salários com 27,2% dos casos.
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48
A faixa etária jovem entre 15 e 30 anos foi a que obteve o maior índice de
indiferença quanto a sua satisfação após a realização do transplante, mais especificamente
entre aqueles com menos de 20 anos de idade. Pois o transplante não se configurou na
satisfação de todas as suas expectativas, visto que os pacientes devem ainda seguir as
determinações
da
equipe
multidisciplinar
e
tomar
rigorosamente
as
medicações
imunossupressoras todos os dias, por toda a vida, o que lhes causa um certo incômodo e influi
nessa satisfação.
O nível de satisfação maior esteve entre aqueles com grau de instrução e renda
familiar mais elevados. Isto deve estar relacionado à compreensão por parte desses pacientes
de que o transplante é um tratamento que tem suas limitações, mas consideravelmente
inferiores àquelas impostas pela IRC.
Quanto ao domínio físico, a maioria dos pacientes revelou estar ou muito
satisfeitos ou satisfeitos nas questões que envolvem este domínio, com um baixo percentual
de pacientes que tiveram alguma complicação após o transplante. Conclui-se assim, um alto
grau de satisfação por parte desses pacientes neste domínio, e uma boa qualidade quanto aos
serviços da equipe de transplante do HU-UPD, observada pelos baixos índices de
complicações no pós-transplante.
Ao ser avaliado o domínio psicológico, verificou-se novamente que os pacientes
encontram-se satisfeitos com sua aparência física e consigo mesmo.
Em relação ao nível de independência, houve uma prevalência de respostas
satisfatórias na maioria das questões, com exceção às suas condições financeiras, onde 63,6%
disseram que sua situação financeira não atende às suas necessidades. A situação socioeconômica,
como já foi referido anteriormente nesta pesquisa, pode favorecer o surgimento de complicações.
Mas não é uma conseqüência do transplante. Pois a condição socioeconômica afeta apenas a
sobrevida do enxerto, não as mudanças que o transplante ocasiona nas vidas dos transplantados.
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49
Observou-se que, em relação ao domínio relações sociais, a maioria encontravase entre muito satisfeitos e satisfeitos, e com igual satisfação entre aqueles que responderam
sobre sua vida sexual.
Quanto ao domínio ambiente, verificou-se que predominou o índice de muito satisfeito
e satisfeito em relação às condições do local onde moram e ao acesso aos serviços de saúde. E que a
maioria dos pacientes realizam alguma atividade de lazer, o que contribui para sua satisfação com o
transplante, visto que a maioria não conseguia realizar muitas destas atividades, como já foi citado
anteriormente. Quanto a satisfação dos pacientes ao seu acesso aos serviços de saúde, os que
responderam entre muito satisfeitos e satisfeitos se referiam ao seu atendimento no HU-UPD,
referindo insatisfação em relação ao acesso a outros serviços. Pode-se perceber que o trabalho da
equipe de transplante tem sido reconhecido por parte dos próprios pacientes transplantados, apesar
das dificuldades que todo hospital da rede pública enfrenta para efetivação de seus serviços.
Outro item referido na pesquisa, demonstrou igual predomínio de satisfação,
entre os entrevistados em relação à sua espiritualidade, onde se observou entre os
transplantados uma maior auto-estima e conseqüentemente maior Qualidade de Vida.
A mudança que o transplante renal acarreta na vida dos pacientes transplantados é
evidenciada por meio da presente pesquisa, demonstrada pelos altos índices de satisfação em
todos os domínios envolvidos. Pois, lhes permite um resgate de suas vidas, a possibilidade de
poder sonhar, projetar e lutar por seus objetivos, coisas primordiais para satisfação pessoal e
para alcançar uma maior qualidade de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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Martins. Tratamentos Dialíticos. Procedimentos Básicos de Enfermagem. São Paulo:
Sarvier, 1982.
APÊNDICES
APENDICE A – Questionário
1. IDENTIFICAÇÃO:
Sexo:
Idade:
Estado Civil:
Religião:
Grau de Instrução:
Renda Familiar:
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53
DOMÍNIOS A SEREM AVALIADOS NESTA PESQUISA: FÍSICO, PSICOLÓGICO,
NÍVEL
DE
INDEPENDÊNCIA,
RELAÇÕES
SOCIAIS,
AMBIENTE
E
ESPIRITUALIDADE.
DOMÍNIO I – Domínio Físico:
1. Quão satisfeito você está com a sua saúde?
( ) muito insatisfeito
( ) insatisfeito
( ) nem satisfeito nem insatisfeito
( ) satisfeito
( ) muito satisfeito
2. Você sente algum tipo de dor ou desconforto em decorrência do transplante?
( ) Sim
3.
( ) Não
Você apresentou alguma complicação após o transplante?
( ) Sim
( ) Não
4. Em caso positivo qual (is)?
( ) Rejeição ( ) Infecção
( ) IRA
( ) Efeitos colaterais das medicações
5. Quão satisfeito você está em relação à sua dieta, após o transplante?
( ) muito insatisfeito
( ) satisfeito
(
(
) insatisfeito
(
) nem satisfeito nem insatisfeito
) muito satisfeito
6. Você notou melhoria em sua disposição e energia, após o transplante?
( ) Sim
(
) Não
7. Quão satisfeito você está em relação ao seu sono e repouso?
( ) muito insatisfeito
(
) insatisfeito
(
( ) satisfeito
(
) muito satisfeito
) nem satisfeito nem insatisfeito
DOMÍNIO II – Domínio Psicológico:
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54
1. Você recebeu de sua família o apoio que necessitou para a realização do transplante?
( )Nada
( ) Muito Pouco
( ) Médio
( ) Muito
( ) Completamente
2. Você se sente satisfeito com a sua aparência física?
( ) Sim
( ) Não
3. Você se sente satisfeito consigo mesmo?
( ) Sim
( ) Não
DOMÍNIO III – Nível de Independência
1. Você passou a depender de medicações após o transplante renal. Quanto você acha que
isso interfere na sua satisfação com o transplante?
( )Nada
( ) Muito Pouco
( ) Médio
( ) Muito
( ) Completamente
2. Quão satisfeito você está com sua capacidade para o trabalho?
( ) muito insatisfeito
(
) insatisfeito
(
(
) muito satisfeito
) satisfeito
(
) nem satisfeito nem insatisfeito
3. Você acha que a sua situação financeira atende as suas necessidades?
(
) Sim
(
) Não
DOMÍNIO IV – Relações Sociais:
1. Quão satisfeito você está com as suas relações sociais, após o transplante?
(
) muito insatisfeito
(
) insatisfeito
(
(
) satisfeito
(
) muito satisfeito
) nem satisfeito nem insatisfeito
2. Quão satisfeito você está com sua vida sexual, após o transplante?
( ) muito insatisfeito
(
) insatisfeito
(
(
) muito satisfeito
) satisfeito
(
) nem satisfeito nem insatisfeito
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55
DOMÍNIO V – Ambiente:
1. Quão satisfeito você está com as condições do local onde mora?
(
) muito insatisfeito
(
) insatisfeito
(
(
) satisfeito
(
) muito satisfeito
) nem satisfeito nem insatisfeito
2. Quão satisfeito você está com seu acesso aos serviços de saúde?
(
) muito insatisfeito
(
) insatisfeito
(
(
) satisfeito
(
) muito satisfeito
) nem satisfeito nem insatisfeito
3. Você realiza alguma dessas atividades de lazer listadas abaixo?
(
) assistir TV
(
) Ir ao cinema/teatro
(
) andar de bicicleta
(
) jogar bola
(
) sair à noite
(
) viajar
(
) ir à praia/clube
(
)outros
(
) caminhar
( ) ir à igreja
(
) praticar esporte
DOMÍNIO VI: ASPECTOS ESPIRITUAIS/ RELIGIÃO/ CRENÇAS PESSOAIS
1. Quão satisfeito você esta em relação a sua espiritualidade após o transplante?
( ) muito insatisfeito
(
) insatisfeito
(
( ) satisfeito
(
) muito satisfeito
) nem satisfeito nem insatisfeito
Como você avaliaria sua Qualidade de Vida após o transplante?
(
) muito ruim
(
) boa
(
(
) ruim
(
) nem boa nem ruim
) muito boa
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56
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57
APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre de Esclarecido
A presente pesquisa realizada com os pacientes pós-transplantados renais do HUUPD, realizada pela estagiária de Enfermagem do 8º período Celene Santos de Carvalho, tem
como objetivo principal colher dados referentes à qualidade de vida destes pacientes,
descrevendo as mudanças que a realização do transplante ocasionou em suas vidas.
Esta investigação será realizada através de um instrumento de pesquisa que se fará
com um questionário sobre a avaliação da qualidade de vida, onde os entrevistados não terão
qualquer comprometimento ou constrangimento. Fica declarado que as pessoas envolvidas
nessa pesquisa não terão sua identidade revelada, e estarão em total liberdade de escolha em
participar ou não participar da pesquisa, e não terão envolvimento em despesas que
porventura possam existir.
Os dados obtidos ao final da coleta serão computados para a construção de
trabalho escrito e, posteriormente apresentado.
São Luís, ______ de ______________ de 2003.
______________________________
Pesquisado
_____________________________
Pesquisadora
(Celene Santos de Carvalho)
______________________________
Orientadora
Valéria Cristina Menezes Berrêdo
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58
ANEXOS
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59
Anexo A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa do HU-UPD
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60
Anexo B – Principais Pontos da Lei Nº 9434 / 97 de 4 de Fevereiro de 1997
Art. 2º - A realização de transplantes ou enxertos de tecidos, órgãos ou partes do corpo
humano só poderá ser realizada por estabelecimento de saúde, público ou privado, e por
equipes médico-cirúrgicas de remoção e transplante, previamente autorizadas pelo órgão de
gestão nacional do Sistema de Saúde.
Art. 3º - A retirada “post mortem” de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a
transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada
e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante,
mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho
Federa de Medicina.
Art. 4º - A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas, para transplante
ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização de qualquer um de seus parentes
maiores na linha reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, do cônjuge, firmada em
documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.
Art. 8º - Após a retirada de tecidos, órgãos e partes, o cadáver será imediatamente
necropsiado, se verificada a hipótese do parágrafo único do artigo anterior, e, em qualquer
caso, condignamente recomposto para ser entregue, em seguida, aos parentes do morto ou
seus responsáveis legais para sepultamento.
Art. 9º - É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e
partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou
parentes consanguíneos até o quarto grau, inclusive, na forma de § 4º deste artigo, ou em
qualquer pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea.
§ 3º - Só é permitida a doação referida neste artigo quando se tratar de órgãos duplos, de
partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador
de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave
comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação ou
deformação inaceitável, e corresponda a uma necessidade terapêutica comprovadamente
indispensável à pessoa receptora.
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61
Art. 10º – O transplante ou enxerto só se fará com o consentimento expresso do receptor,
assim inscrito em lista única de espera, após aconselhamento sobre a excepcionalidade e os
riscos do procedimento.
§ 1º Nos casos em que o receptor seja juridicamente incapaz ou cujas condições de saúde
impeçam ou comprometam a manifestação válida da sua vontade, o consentimento de que se
trata este artigo será dado por um de seus responsáveis legais.
Lei Nº 10.211/01
Art. 2º As manifestações da vontade relativas à retirada “post mortem” de tecidos, órgãos e
partes, constantes na Carteira de Identidade Civil e da Carteira Nacional de Habilitação,
perdem a sua validade a partir de 22 de dezembro de 2000.
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62
Anexo C – Principais Pontos da Resolução CFM Nº 1480/97 de 8/8/97 sobre Critérios para
Diagnóstico de Morte Encefálica
Art. 1º - A morte encefálica será caracterizada através da realização de exames clínicos e
complementares durante intervalos de tempo variáveis, próprios para determinadas faixas
etárias.
Art. 2º - Os dados clínicos e complementares observados quando da caracterização da morte
encefálica deverão ser registrados no “termo de Declaração de Morte Encefálica”.
Parágrafo único. As instituições hospitalares poderão fazer acréscimos ao presente termo, que
deverão ser aprovados pelos Conselhos Regionais de Medicina da sua jurisdição, sendo
vedada a supressão de qualquer de seus itens.
Art. 3º - A morte encefálica deverá ser conseqüência de processo irreversível e de causa
conhecida.
Art. 4º - Os parâmetros clínicos a serem observados para constatação de morte encefálica são:
como aperceptivo com ausência de atividade motora supra-espinal e apnéia.
Art. 5º Os intervalos mínimos entre as duas avaliações clínicas necessárias para a
caracterização da morte encefálica serão definidos por faixa etária, conforme abaixo
especificado:
a) de 7 dias a 2 meses incompletos – 48 horas
b) de 2 meses a 1 ano incompleto – 24 horas
c) de 1 ano a 2 anos incompletos – 12 horas
d) acima de 2 anos – 6 horas
Art. 6º - Os exames complementares a serem observados para constatação de morte encefálica
deverão demonstrar de forma inequívoca:
a) ausência de atividade elétrica cerebral ou,
b) ausência de atividade metabólica cerebral ou,
c) ausência de perfusão sanguínea cerebral.
Art. 7º - Os exames complementares serão por faixa etária, conforme abaixo especificado:
a) acima de 2 anos – um dos exames citados no Art. 6º, alíneas “a”, “b” e “c”;
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63
b) de 1 a 2 anos incompletos - um dos exames citados no Art. 6º, alíneas “a”, “b” e “c”.
Quando se optar por eletroencefalograma, serão necessários 2 exames com intervalo
de 12 horas entre um e outro;
c) de 2 meses a 1 ano incompleto – 2 eletroencefalogramas com intervalo de 24 horas
entre um e outro;
d) de 7 dias a 2 meses incompletos – 2 eletroencefalogramas com intervalo de 48 horas
entre um e outro.
Art. 8º - O Termo de Declaração de Morte Encefálica, devidamente preenchido e assinado, e
os exames complementares utilizados para diagnóstico da morte encefálica deverão ser
arquivados no próprio prontuário do paciente.
Art. 9º - Constatada a morte encefálica, deverá o Diretor da instituição hospitalar, ou quem for
delegado, comunicar tal fato aos responsáveis legais do paciente, se houver, e à Central de
Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos a que estiver vinculada a unidade hospitalar
onde o mesmo se encontrava internado.
Art. 10º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação e revoga a Resolução
CFM nº 1.346/91.
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64
Anexo D – Termo de Autorização para Transplante Renal/Doador
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65
Anexo E – Termo de Autorização para Transplante Renal/Receptor
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66
Anexo F – Depoimento de um Paciente Transplantado Renal
“Após dez anos em tratamento de uma doença renal, descoberta por um exame
clínico ocasional, instalou-se em mim a insuficiência renal crônica com todo o seu corolário
de aflição, sofrimento e desespero.
O período entre a sua instalação e o inicio da hemodiálise (28 dias) foi-me bastante
doloroso e angustiante. Durante este período fui mantido apenas com medidas conservadoras
e dietéticas. Enfrentei então a verdadeira guerra na qual pude sentir toda a amargura da agonia
da morte próxima.
A irreversibilidade de sua trajetória fatal como doença terminal que é confere-lhe
um papel profundamente cruel na desagregação da ordem existencial da alma humana,
sustentada pela crença na esperança do bem-estar e felicidade.
No contexto deste quadro delineia a grande problemática que abala o mundo
íntimo do paciente, levando com raras exceções a inexoráveis repercussões na estabilidade da
estrutura e equilíbrio emocional do meio familiar.
O recurso proporcionado através dos vários métodos de diálise tem trazido sem
dúvida alguma, um grande avanço, tanto no que diz respeito à duração da sobrevida, como
também no alívio aos penosos sofrimentos que a doença produz.
Todavia, para os casos que têm indicação, o transplante renal constitui a solução
mais segura e de melhor prognóstico para uma maior longevidade e melhor qualidade de vida.
O desenvolvimento cada vez maior de nossos conhecimentos no campo da imunogenética e
da tecnologia e o surgimento de drogas cada vez mais eficazes no controle dos problemas de
rejeição acenam os portadores deste terrível mal um futuro promissor e mais otimista.
Quando iniciei na hemodiálise, a intenção do transplante era a minha meta. A
estrutura emocional e a disposição de temperamento levaram-me, no entanto, a uma
acomodação na nova situação à qual me adaptei com real facilidade. Por isso só depois de três
anos, por estímulo de colegas e amigos, despertei-me para a retomada da decisão a princípio
deliberada.
Nesta fase foi que contei com a valiosa contribuição da equipe multidisciplinar,que
me abriram as portas para que a 1 de agosto de 1989 eu aqui chegasse, para a realização com
pleno êxito do sonho ansiado por dois anos.
Neste particular é imperioso não esquecer do mais importante personagem desta
historia – o doador anônimo, responsável pela graça do meu reviver. A ele minha gratidão e o
respeito eternos, desejando que Deus na sua infinita justiça e sabedoria saiba recompensá-lo
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67
por mim. À sua família o reconhecimento pelo espírito de grandeza e fraternidade cristãtestemunho de nossa fé no altruísmo do ser humano.
Como responsável na prática por todo este magnífico trabalho, credor de nosso
maior orgulho, está a proficiência de toda esta equipe que compõe a Unidade de Transplante
Renal. A força e lucidez do espírito de liderança de suas chefias médica e de enfermagem,
juntas com a eficiência de seu corpo clínico, enfermeiras, auxiliares, psicólogas, assistentes
sociais, nutricionistas e demais funcionários justificam a excelência do êxito desta obra
pioneira, que tanto tem elevado o prestígio da Medicina deste país”.
JOÃO CANDIDO DOS SANTOS
Fonte: SANTOS et al., 1991.
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