Jô Andrada - Heróis da mitologia grega Vol. 1

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Heróis Gregos
Heróis da mitologia grega
Belerofonte
Jasão
Orfeu
Perseu
Teseu
Volume 1
Jô Andrada
[email protected]
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BELEROFONTE
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Era filho de Poseidon e de Eurimede, filha de Nisos, rei de Megara e esposa de Glauco,
ficando este último como pai presumido do herói corÃntio, também
destruidor de monstros, na mesma linha de Teseu, Hércules e Perseu.
Sua lenda começa com a morte involuntária de um homem, motivo pelo qual teve que
sair de Corinto e ir para Tirinto, a fim de ser purificado pelo rei de
lá, Proitos. Steneboia, mulher de Proitos, ao ver Belerofonte, apaixonou-se. Não
querendo encrenca, principalmente por ter ido para lá a fim de se purificar,
o herói rechaçou-a, o que deixou a mulher irada. Por conta disso, disse ao marido que
Belerofonte havia tentado forçá-la. Proitos, de mãos atadas por causa
do princÃpio da hospitalidade, mandou Belerofonte para a corte de Iobates, rei de Liquia,
seu sogro. Enviou também uma carta na qual pedia ao sogro que
matasse Belerofonte. Lendo a carta, Iobates resolveu mandar o rapaz combater a
Quimera.
O herói, montado sobre Pégasos, acabou facilmente com o monstro. Então Iobates
enviou-o contra os Solimes, povo selvagem e feroz, uma vizinhança muito perigosa.
Foram derrotados. A seguir, o rei da Liquia mandou-o lutar contra as amazonas, tendo-as
liquidado. Por fim, Iobates, já não tendo mais para onde enviar
Belerofonte, resolveu partir para a ignorância: juntou um grupo e emboscou o herói:
mas ele matou a todos. Sem ter remédio, Iobates, notando que certamente
havia ajuda divina ali, mostrou a Belerofonte a carta de Proitos, em seguida casou-o com
sua filha Filonoé e o fez compartilhar seu reino. Com Filonoé
teve dois filhos: Isandro e Hipolocos, e uma filha, Laodaméia, a quem Zeus fez mãe
de Serpedón.
Mas a maré de proteção a Belerofonte, muda: de favorecido, passa a ser duramente
perseguido. Vê morrer a dois de seus filhos: Laodaméia, vÃtima das flechas
de Artemis e Isandro nas mãos de Ares, em combate contra os Solimes. Acabou o herói
sozinho, vagando pela Grécia, não havendo explicação para este destino,
exceto a de PÃndaro: conforme este, Belerofonte foi castigado por tentar entrar no Olimpo,
já que estava montando Pégaso. Na tragédia de EurÃpedes, Belerofonte
era um herói audaz e Ãmpio, que gostava de provocar os deuses em sua morada celeste.
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JASÃO
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Jasão era filho de Aison. Este era tio de Pelias, que o despojou do reino de Iolcos (cidade
da Tessália que tinha sido fundada por Kreteus, pai de ambos)
e que, depois, o condenou a morte. Podendo escolher o tipo de morte, Aison pereceu
envenenando-se com sangue de touro. Segundo OvÃdio, sua sorte foi diferente,
posto que conseguiu ver seu filho e inclusive foi rejuvenescido pelas artes mágicas de
Medeia. Uma vez tirado do poder, e temendo pela vida de seu filho,
Jasão, que era ainda um menino, resolveu confiar a sua educação ao centauro
Quirião, que lhe deu uma educação forte e viril. Pelias, contudo, estava inquieto
porque sabia não ter feito boa coisa. Interrogou um oráculo e soube que devia desconfiar
de um homem com uma só sandália (ton monos sandalón). O que aconteceu
depois, tem duas versões: segundo PÃndaro, nas PÃticas, havendo chegado Jasão aos
vinte anos, deixou Quirião e voltou a Iolcos, coberto com uma pele de
pantera, levando uma lança em cada mão e nos pés uma só sandália. Chegando
à cidade, se fez conhecer ao povo e reclamou a Pelias o poder que havia usurpado
de Aisão. Pelias prometeu ceder-lhe o trono, mas com uma condição: que fosse
buscar e lhe trouxesse o velo de ouro, e com ele a alma de Firxos, com objetivo
de cessar a maldição que desde a morte de
Atamas (
leia a nota sobre
Atamas) se abatia sobre os aiolidos.
Jasão, aceitando a combinação, enviou emissários a todas as direções
convidando aos que quisessem para se juntar a ele na busca, que não seria fácil, pois
ninguém sabia onde estava o tal do velo de ouro. Mas bastava a incerteza e o perigo para
incitar os heróis: Hércules e os dioscuroi, filhos de Zeus, Equião
e Euritos, filhos de Hermes, Zetes e Calais, vassalos de Bóreas, cujo papel seria
importante ao chegar junto a Fineus, e muitos outros, inclusive Orfeu.
O navio foi construÃdo por um filho de
Frixos (
leia
a nota sobre Frixos), chamado Argos, sob a orientação de Atena.
O Argo construÃdo em Pagasai, porto da Tessália, foi colocado na água em
presença de uma grande multidão, com sacrifÃcios em honra a Apolo. Os presságios,
interpretados por Idmon, o adivinho dos argonautas, não podiam ser mais favoráveis:
todos voltariam sãos e salvos, menos ele, Idmon. Nem por isso deixou
de embarcar. Sobre sua morte há várias versões: ora se admite que tenha chegado a
Colchis, ora que foi morto por um javali numa estada em Bitinia.
A primeira escala da viagem foi na ilha de Lemnos, onde só havia mulheres. Afrodite
havia castigado as mulheres da ilha, que não a honravam suficientemente,
com um cheiro tão insuportável que seus maridos só se uniam às escravas
trácias. Furiosas, elas formularam um complô e mataram todos os homens, sobrando
apenas Toas, o rei, salvo por sua filha, Hipsipile, nomeada rainha. Assim estavam as
coisas quando os argonautas chegaram e, como diz o ditado, não há
pão duro quando se tem fome, lhes deram filhos. Jasão teve dois com Hipsipile: Lineios
e Nefronios. Mais tarde, quando já haviam partido os argonautas,
as mulheres de Lemnos souberam da traição de Hipsipile (que tinha salvado seu pai) e
quiseram matá-la. Mas ela escapou, metendo-se numa barca e, recolhida
por piratas, foi vendida como escrava a Licurgo, rei de Neméia. Euridique, mulher de
Licurgo, encarregou Lipsipile de cuidade d eseu filho Ofeltes. Quando
os Sete Chefes por ali passaram a caminho de Tebas, Hipsipile passeava com a criança
pelo bosque. Sendo-lhe perguntado onde havia uma fonte, Hipsipile
colocou o menino no chão e foi acompanhá-los. Mas, neste breve intervalo, surgiu uma
serpente enorme que matou o menino. Os pais da criança quiseram fazer
o mesmo com ela, mas neste momento chegaram seus filhos que, mediante tratados,
conseguiram libertá-la e levá-la de volta a Lemnos.
Ao sair de Lemnos, os argonautas navegaram até Samotrácia, onde, a conselho de
Orfeu, se fizeram iniciar nos mistérios. Logo entraram no Helesponto e alcançaram
a ilha de Quisicos, cujo rei, de mesmo nome (acabara de se casar com Clité) os acolheu
muito bem. Na noite seguinte os heróis partiram. Porem, apenas haviam
se afastado um pouco da ilha, ventos contrários os empurraram de volta a costa. Os locais,
acreditando ser um ataque de piratas, os atacaram e, em plena
escuridão, ocorreu uma batalha onde o rei perdeu a vida. Só no dia seguinte que se
deram conta do que havia ocorrido e os argonautas passaram tres dias
em rituais de lamentação e jogos fúnebres. Klité, desesperada, enforcou-se. As
ninfas choraram tanto sua morte que as lágrimas deram origem a uma fonte,
chamada então de Klité.
A etapa seguinte os levou ao leste, Ã costa de Misia. Ao desembarcar, os habitantes da
região oferecerem tudo que tinham. Enquanto preparavam a comida,
Hércules foi ao bosque procurar madeira para fazer um novo remo euquanto Hilai, seu
efebo preferido, ia a uma fonte buscar água. Ao chegar encontrou ninfas
bailando. Essas, surpresas com sua presença, mas admiradas de sua beleza, resolveram
guardá-lo com elas. Ele não quis e gritou. Polifemo, um dos argonautas,
ouviu o grito e correu ao seu socorro, indo também Hércules. Os dois começaram a
procurar, passando a noite na busca.
Ao chegar a manhã o barco foi ao mar, sem se darem conta de que haviam ficado alguns
em terra. Polifemo fundou uma cidade, ficando por ali mesmo e Hércules
foi cuidar de sua vida em outras paragens.
O Argo chegou em seguida ao paÃs dos bebriques, onde reinava o rei Amicos. Esse Amicos
era um gigante, filho de Poseidon, de estatura enorme, força tremenda
e instintos bestiais. Havia inventado o pugilato e tinha o costume de atacar os estrangeiros
que chegavam a seu paÃs, matando-os a socos. Quando os argonautas
desembarcaram, Amicos os desafiou. Poludeiques aceitou o desafio e sua habilidade e
rapidez foram superiores à brutalidade do outro. A apósta foi que o
vencedor teria a vida do vencido, mas Poludeiques fez apenas Amicos prometer que não
mais incomodaria os estrangeiros.
No dia seguinte, partiram. Mas por causa de uma tempestade, antes d eentrar em Bósforos,
tiveram que fazer uma escala da costa da Traquia, ou seja, no lado
europeu do Helespontoo. Ali deram com Fineu, personagem de uma lenda bastante
complexa. Diziam que, tendo dotes de adivinho, havia preferido viver muito
tempo em troca de ficar cego. Por causa disso o Sol, indignado de tivesse preferido outra
coisa que não a luz e o brilho, enviou contra ele as harpias,
demônios alados que o atormentavam de mil maneiras e especialmente arrebatando-lhe,
quando sentava à mesa, os melhores pratos e lançando seus dejetos
sobre a comida. Outra tradição dizia que estava cego por ter abusado de seus dotes
de adivinho, revelando aos homens as intenções dos deuses, ou por ter
indicado a Frixos
(leia a nota sobre Frixos) o caminho de Colchis. Outra lenda conta que, tendo se casado
com Cleópatra, filha de Bóreas, teve com ela dois filhos, Plexipos
e Pandião, e a tinha repudiado para casar com Idaia, filha de Dárdanos. Idaia, com inveja
dos filhos do casamento anterior, acusou-os de entar violentá-la
e Fineus, como castigo, teria os deixado cegos. Como vingança, as boréades, irmãs
de Cleópatra, fizeram o mesmo com ele.
Em todo o caso, os argonautas pediram a Fineus que lhes informasse sobre como andava
sua viagem. Mas o adivinho colocou, como condição, que o livrassem
das harpias. Então, quando essas apareceram, Calais e Zetes que, sendo filhos de Bóreas,
deus do vento, tinham asas, começaram a persegui-las até rendê-las
e fazê-las prometer, pelas águas do rio Stix, não molestar mais Fineus. Então Fineus
revelou aos argonautas o que estava por vir. Avisou-os sobre as Rochas
Azuis (as “Kuaneiaipetrai―, rochas de um azul sombrio na entrada do Bósforos –
“passagem para um boi―, hoje estreito de Constantinopla), rochas móveis
que se batiam entre si, esmagando quem passasse. Fineus disse que soltassem uma pomba
na passagem e, se essa não fosse esmagada, poderiam passar, mas se
a pomba fosse morta, deveriam desistir da empreitada.
Assim, ao chegar às rochas azuis, soltaram o pássaro que conseguiu passar. Só quando
estava bem na saÃda, as rochas se juntaram, arrancando algumas penas
da cauda, o mesmo acontecendo com a Argo, que teve sua popa roçada pelas rochas.
Havendo penetrado no Pontos Euxeins (Mar Negro), chegaram ao paÃs dos mariandinos,
cujo rei, Licos, os acolheu favoravelmente. Aqui morreu Idmon, o adivinho,
e Tifis, o piloto. Cruzaram a embocadurua do Termodon (em cujas margens situava-se o
território das amazonas) e acabaram chegando em Colchis.
Desembarcaram e Jasão se apresentou a Aietes, expondo-lhe o objetivo de sua viagem e
a ordem quue havia recebido de Pelias. Aieter não se negou a dar-lhe
o velo, mas acreditando que podia se livrar dele, impôs como condições: que subjugase, sem ajuda, dois de seus touros, que nunca conseguiram se adaptar.
Eram dois animais terrÃveis, de pés de bronze e que soltavam fogo pelas ventas, presente
de Hefaistos. Deveria, depois, arar o campo com esses animais
e semear dentes de dragão. E ainda deveria ele próprio apanhar o pelego, guardado por
um dragão.
Medéia, filha de Aietes, tendo se apaixonado por Jasão, propôs-se a ajudá-lo, já
que era uma feiticeira consumada (Medeia forneceu a Jasão uma pomada com
a qual deveria se untar para chegar perto dos touros sem se queimar. Depois, aconselhou-o
a jogar pedras nos gigantes que nasceram dos dentes de dragão
e há uma versão que diz ter ela fornecido um sonÃfero ao dragão para que ele pegasse
o velo – a outra diz que ele dormiu pela arte da lira de Orfeu). Cumpridas
as tarefas, os argonautas partiram levando o ambicionado pelego, levando Medéia junto.
Porém, ao saber do auxÃlio dado pela filha, Aietes partiu atrás
dos argonautas. Para retardar o pai, Medéia esquartejou seu irmão mais jovem,
Apsirtos e jogava, de tempos em tempos, um pedaço dele ao ar, para que os
perseguidores parassem para recolher (leia sobre o
casamento
de
Jasão e Medéia).
Zeus, irado com a morte de Apsirtos, lançou uma tempestade que fez o barco sair de seu
caminho, ocasiao em que o navio começou a falar (a figura da proa),
revelando a cólera de Zeus. E nada aplacaria a cólera de Zeus enquanto os argonautas
não fossem purificados por Circe, a feiticeira. Então o Argo voltou
ao Eridanos e chegou a ilha de Aea, onde habitava a famosa maga que foi amante de
Ulisses. Circe, tia de Medéia, purificou os heróis e mandou-os partir.
Nessa parte da viagem o navio encontrou as Sereias, ocasiao em que Orfeu fez soar sua
música, tão deliciosa que os fez ignorar os cantos daquelas.
O Argo chegou então ao estreito de Squile e de Charibdes, depois a Kerkire, paÃs dos
faiaques, cujo rei era Alquinoo. Ali encontraram uma tropa enviada
pelo pai de Medéia, reclamando-a. Alquinoo consultou sua mulher Areté sobre se
devia ou não entregá-la ao que ela disse que se Medéia ainda fosse virgem,
devia devolvê-la, então Jasão, sabendo disso, apressou-se em resolver o assunto. Os
enviados, não se atrevendo a voltar sem ela, ficaram por ali mesmo.
Os argonautas voltaram para o mar.
Apenas tinham abandonado Kerkire e uma tempestade os arrastou a Sirtes, na costa da
LÃbia. Ali tiveram que transportar o navio nos ombros até o lago Tritonis,
onde graças ao deus do lago, conseguiram uma saÃda para o mar e puderam continuar
sua viagem em direção a Creta, mas nessa perderam dois companheiros:
Cantos e Mopsos.
Em Creta encontraram o monstro mecânico construÃdo por Hefaistos, a quem Minos
havia confiado a segurança da ilha. Lançava rochas enormes contra os navios
que encontrava durante as tres voltas diárias que dava pela ilha. Esse gigante de metal,
chamado Talos, era invulnerável, exceto por uma pequena portinhola
que tinha no pé que, se aberta, o mataria. Medéia, mediante suas mandingas,
conseguiu enlouquecer o monstro que, vÃtima de visões, jogou-se contra as
rochas, perecendo. Então os argonautas puderam desembarcar e passar a noite na orla.
No dia seguinte, após erigir um altar a Atena, foram-se.
Não haviam saÃdo ainda do mar de Creta quando foram colhidos por uma noite opaca,
misteriosa. Jasão implorou ajuda a Fobos-Apolo, que enviou uma flecha
luminosa para indicar-lhes o caminho.
Fizeram então escala em Aigina, e seguindo as costas de Euboia, chegaram a Iolcos,
após ter cumprido a missão em quatro meses. Uma vez o tosão nas mãos
de Pelias, Jasão conduziu o navio a Corintos, onde o consagrou como ex-voto a Apolo.
A sorte de Jasão tem muitas versões: uns dizem que viveu tranquilamente em Iolcos,
reinando ao lado de Medéia. Outra diz que Medéia, por conta de suas artes
mágicas, conseguiu dar fim a Pelias. E ainda que Jasão, ao retornar de Corintos,
encontrou Acastos, filho de Pelias reinando. Com a ajuda dos dioscouroi,
saquearam a cidade. E, ainda, que voltou com Medéia ao reino do pai desta.
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ORFEU
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Há uma controvérsia quanto ao caráter mÃtico ou não deste personagem, já que
não há referências a ele anteriormente ao século 6 (os poetas homéricos e hesiódicos
não o citaram). Acredita-se, inclusive, que ele possa ter sido o lÃder de uma escola de
poetas. Ésquilo falou de sua morte na tragédia “As Bacantes―. Há
citações a Orfeu ainda em PÃndaro, EurÃpedes e Platão. Porém, quem lhe dedicou
especial atenção foi VirgÃlio, nas Geórgicas, onde narra com precisão o
seu mito.
Orfeu era filho de Oiagros e da sua esposa, a musa CalÃope. Oiagros era um deus-rio, filho
de Ares e, segundo versões, rei da Trácia. Algumas versões posteriores
colocam-no, inclusive, como pai dos principais músicos gregos, Linos e Marsias. Quanto
a Orfeu, como filho de musa, foi um músico por excelência, poeta
inspirado e toda sua vida se refere aos seus feitos usando esses talentos. A ele é
atribuÃda, ou a invenção da lira, ou o aumento do seu número de cordas
de sete para nove (o número de musas). E é esta lira, seu instrumento de batalha, que
fazia as feras abandonarem suas tocas para ouvi-lo, deitando a seus
pés, e que nem as árvores podiam ouvir sem se comover. Quando acompanhou os
argonautas, sua lira acalmava as ondas do mar. As rochas movediças, que ameaçavam
amassar a nave Argo, deteram-se diante da beleza da melodia produzida por Orfeu. O
dragão que vigiava o velo de ouro, foi também submetido pelos seus acordes.
Quando desceu ao Inferno, o cão Cérbero lambeu-lhe os pés.
O mito mais célebre de Orfeu se refere à sua descida aos Infernos. O objetivo desta
viagem era implorar a Hades e Perséfone que lhe devolvessem EurÃdice,
sua esposa, sem a qual não podia viver. EurÃdice, passeando certo dia pela beira de
um rio, foi vista por Aristaios que, encantado com sua beleza, começou
a persegui-la. Na fuga, EurÃdice pisou sobre uma serpente que, picando-a, causou sua
morte. Orfeu, inconsolável, desceu aos Infernos. Hades e Perséfone,
comovidos pelo amor e seduzidos por sua música, consentiram devolvê-la, com a
condição de que não se voltaria para olhar EurÃdice exceto quando estivessem
fora da região infernal. Já estavam chegando à região da luz quando Orfeu, não
suportando mais (porque não tinha certeza se a mulher o estava seguindo
ou não), voltou à cabeça, perdendo para sempre a sua amada. Aqueronte, inflexÃvel, impediu-o de entrar novamente.
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A morte de Orfeu foi objeto de numerosas lendas. A mais corrente era que pereceu nas
mãos das mulheres da Trácia, furiosas ao ver que seu amor por EurÃdice
seguia tão vivo que delas, apaixonadas, não fazia caso. Dizia-se também que não
querendo contato com as mulheres, voltasse para os efebos, e que, inclusive,
teria inventado a pederastia.
Outra lenda dizia que, depois de sua volta dos Infernos, instituiu os mistérios que levam
seu nome, cuja iniciação negou às mulheres; só os homens se reuniam
com ele, durante a noite, numa casa fechada, deixando as armas do lado de fora. Numa
delas, as mulheres apoderaram-se das armas e, quando saÃram os homens,
entraram e mataram Orfeu. Outra lenda ainda atribui ainda sua morte a uma vingança de
Afrodite. Quando esta deusa e Perséfone disputaram o belo Adonis,
Zeus nomeou Orfeu como árbitro da disputa, e ele decidiu que o belo dividisse seu tempo
entre as duas. Afrodite, furiosa, pois queria Adonis só para
si, inspirou nas mulheres da Trácia um violento amor pelo músico e como ele as
desdenha-se, acabaram por matá-lo. E há ainda mais uma versão, dizendo que
Zeus fulminou-o com um raio por ter revelado os mistérios sagrados.
A sua morte foi seguida de acontecimentos extraordinários. As Musas, as quais havia
servido toda sua vida, recolheram seu corpo destroçado e lhe deram sepultura
em seus domÃnios sagrados, Libetrião, aos pés do Olimpo. Mais tarde, seus ossos
foram transportados para Dião, cidade da Macedônia. Sua cabeça e sua lira,
que haviam sido arrojadas no rio Hebros, foram arrastadas até o mar da Trácia, indo
parar nas praias de Lesbos. Ali foram recolhidos e postos num santuário,
em Antissa. Dizia-se que o lugar em que repousavam a cabeça e a lira saiam às vezes
melodias belas. Em todo o caso, Lesbos passou a ser a terra da poesia
lÃrica.
A propósito da tumba de Orfeu, existiu na Tessália uma lenda curiosa. Essa tumba
estava, em outros tempos, em Leipetra, e um oráculo predisse que se as
cinzas de Orfeu vissem novamente a luz do sol, a cidade seria devastada por um porco. O
povo riu da previsão, não só pela parte do porco, mas porque as
cinzas do músico estavam muito bem protegidas num sarcófago de mármore.
Um dia, na hora da sesta, um pastor foi dormir no mausoléu de Orfeu, sob as colunas
que o mantinham. Durante seu sonho, foi possuÃdo pelo espÃrito do grande
músico e começou a cantar, com belÃssima voz, doces hinos órficos. Ao ouvi-lo, todos
que estavam por perto, pastores, camponeses, abandonaram suas tarefas
e correram, atraÃdos pelo canto maravilhoso, crendo que o cantor havia ressuscitado. E
tão afoitos estavam que acabaram por derrubar a nas colunas de
mármore que, por sua vez, fizeram tombar o sarcófago, que se fez em pedaços. Pois
bem, naquela mesma noite, caiu uma tormenta violentÃssima, acompanhada
de tal chuva que Sis, o rio que até então tinha corrido mansamente pela cidade, saiu de
seu leito, inundando a cidade e destruindo-a quase por completo,
cumprindo-se a profecia, pois “sis― em grego significa “porco―.
Orfeu teve um posto muito importante na arte. Figurou em numerosas pinturas, entre as
quais uma das mais famosas foi um afresco de Polignotos, em Delfos,
representando Orfeu nos Infernos. Existem ainda muita cerâmica com motivos a ele
relacionados.
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PERSEU
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Certa feita, quando Acrisio de Argos, pai de Danae, consultou o oráculo sobre a
possibilidade de ter um filho homem para herdar o reino, teve como resposta
que esta criança viria de Danae, mas que este filho mataria o avô. Com medo da
profecia, construiu, sob a terra, uma câmara de bronze, onde mantinha a
filha reclusa. Mas Zeus, metamorfoseando-se em chuva de ouro, penetrou na câmara
e fecundou Danae e desta relação nasceu Perseu.
Quando Acrisio soube da criança, não acreditou que ela era de Zeus e colocando a filha
e o neto numa arca, lançou-os ao mar. Navegaram os dois à deriva
até chegarem a umas ilhas chamadas Cicladas, onde o rei era Polidectes.
Polidectes apaixonou-se por Danae, sem ser correspondido, e principalmente não podia
ficar com ela por causa de Perseu (que já era um jovem, nesta época).
Afim de se livrar do guri, Polidectes fez o que se fazia muito à época: mandava-se o
incômodo para uma missão, geralmente suicida. Neste caso, mandou que
Perseu trouxesse a cabeça da
Medusa (
leia a
nota sobre esta Górgona). Nesta empreitada, foi o jovem auxiliado por Atena e Hermes.
Para encontrar o caminho que levava à Medusa, Perseu teve que primeiro ver sas três
Górgonas, irmãs velhas e tinham um só olho e que o dividiam entre si
por turnos. Perseu, aproveitando o momento em que passavam o olho de uma para outra,
pegou-o e disse que só devolveria quando dissessem o caminho para
as ninfas. As NINFAS eram guardiãs das sandálias aladas, de um saco e do manto da
invisibilidade, que pertencia à Hades.. De posse deste equipamento, Perseu
foi em busca de Medusa. Como ninguém podia olh...
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