Mudanças – Psicologia da Saúde, 13 (2), jul-dez 2005, 271-471p Copyright 2005 pelo Instituto Metodista de Ensino Superior CGC 44.351.146/0001-57 A adesão de pacientes portadores de glomerulopatias ao tratamento da equipe multidisciplinar: uma contribuição da Psicologia Valdeli Vieira* Gianna M. Kirstajn** Leila S. de La Plata C. Tardivo*** Resumo O estudo teve como objetivo verificar junto a uma amostra de pacientes portadores de glomerulopatias quais os possíveis fatores relacionados ao comportamento aderente e não-aderente bem como avaliar se determinadas variáveis de personalidade podem estar significativamente prevalentes em algum grupo. Descritores: adesão; personalidade; glomerulopatias. Compliance of glomerulopathies affected patients to the multidisciplinary treatment team: a psychological contribution Abstract The purpose of the present study was the evaluation of possible factors that may be significantly involved in the establishment of compliance or noncompliance behavior, in a sample of glomerulopathy affected patients, as well evaluate if some personality variables can be significantly prevalent to one group. Index-terms: compliance; personality; glomerulopathy. * Psicóloga hospitalar, supervisora do Setor de Psiconefrologia da EPM-Unifesp, mestranda da disciplina de Nefrologia da EPM-Unifesp. Endereço para correspondência sobre este artigo: [email protected] ** Médica nefrologista, professora-doutora em Nefrologia da EPM-Unifesp. ***Psicóloga, livre-docente do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP. 310 VIEIRA, V.; KIRSTAJN, G. M. & TARDIVO, L. S. DE LA P.C. Adhesión de pacientes con glomerulopatías al tratamiento multidisciplinar: una contribución psicológica Resumen El objetivo de este estudio fue identificar posibles factores significativamente relacionados al comportamiento de adhesión o no-adhesión al tratamiento multidisciplinar, en una muestra de pacientes con glomerulopatías, además de evaluar sí algunas variables de personalidad tienen una prevalencia significativa en el grupo. Descriptores: adhesión; personalidad; glomerulopatía. L’adhésion de patients porteurs de glomérulopathies au traitement de l’équipe multidisciplinaire: une contribution de la Psychologie Résumé L’étude a eu comme objectif de vérifier auprès d’un échantillon de patients porteurs de glomérulopathies, quels sont les facteurs possibles en rapport avec un comportement adhérent et non adhérent et également d’évaluer si certaines variables de personnalité peuvent êtres significativement dominantes dans un groupe. Mots clés: adhésion; personnalité; glomérulopathie. Introdução Uma questão que se impõe cotidianamente aos profissionais da área da saúde diz respeito ao grau com que o indívíduo, acometido por uma condição de saúde que exige cuidados médicos, consegue cumprir as recomendações feitas pela equipe de saúde que o assiste: a questão da adesão ao tratamento, que, em algum grau, é universal. As glomerulopatias são patologias que consistem em uma lesão no glomérulo, podendo aparecer isoladamente (glomerulopatias primárias) ou associadas a doenças sistêmicas (glomerulopatias secundárias) (Carvalho, Franco & Soares, 1996). A questão da adesão ao tratamento no caso dos pacientes acometidos por glomerulopatias Mudanças – Psicologia da Saúde, 13 (2) 309-319, jul-dez 2005 A ADESÃO DE PACIENTES PORTADORES DE GLOMERULOPATIAS 311 é muito importante, na medida em que alguns dos tipos de doenças glomerulares, se não forem devidamente tratadas, podem levar à perda da função renal. São muitos os fatores que interferem na adesão ao tratamento, e devido a essa complexidade não se fala em uma variável que isoladamente seja determinante desse comportamento, mas sim em vários fatores que atuam conjuntamente. De forma geral, essas variáveis podem ser subdivididas em três grupos: os fatores relacionados ao tratamento propriamente dito, à relação médicopaciente e ao próprio paciente. Para fins deste estudo, nos fixamos no último grupo. Fatores relacionados à adesão referentes ao paciente Ao nascer, o homem é um organismo com funções que se destinam à manutenção da vida e do alívio de tensões que possam vir a afetar seu equilíbrio interno. A partir das trocas que esse organismo começa a estabelecer com o meio ambiente, podemos observar um processo de diferenciação de uma parte, surgindo o psiquismo apoiado no somático (Winnicott, 1945, 1949). O psiquismo emergente passa a ser o responsável por encontrar formas de alívio frente à ansiedade que emerge no sujeito, todas as vezes que ele se sentir ameaçado interna ou externamente (Freud, 1926; Laplanche & Pontalis, 1996). Uma das fontes de ansiedade para o homem é aquela que decorre do adoecimento do corpo, na medida em que revela ao sujeito sua fragilidade (Schiller, 1991). A maneira como o indivíduo vai administrar essa nova condição de saúde, incluindo o tratamento a que será submetido, vai depender em grande parte das suas características individuais, que podem interferir no comportamento de adesão ao tratamento e vêm sendo objeto de recentes estudos pelos pesquisadores que se interessam por essa questão. As características individuais mais comumente estudadas são: idade (Valle et al., 2000; Mucci et al., 2002), raça (Lessa & Fonseca, 1997), nível de escolaridade (Lignani Jr , Greco & Carneiro, 2001), conhecimento da doença (Mion Jr. et al., 1995; Mucci et al., 2002). Mudanças – Psicologia da Saúde, 13 (2) 309-319, jul-dez 2005 312 VIEIRA, V.; KIRSTAJN, G. M. & TARDIVO, L. S. DE LA P.C. No que se refere às características de personalidade, que são estudadas no sentido de se verificar possíveis correlações com o comportamento de adesão, podemos destacar as seguintes: traço de neuroticismo (Christensen et al., 2002), traço de hostilidade (Christensen, Wiebe & Lawtow, 1997), depressão (Almeida & Meleiro, 2000). Alguns estudos apontam que pacientes pouco aderentes apresentam uma vida social pobre, sem relações de muita intimidade ou proximidade afetiva (Isaksson, Konarski & Theorell, 1992). Diversas formas de avaliação dos aspectos de personalidade são empregadas no sentido de que possamos compreender melhor esse comportamento tão complexo. No entanto, até o presente momento, não há relato na literatura da utilização de instrumentos projetivos nessas avaliações, nem tampouco da avaliação do comportamento de adesão nos pacientes portadores de glomerulopatias. Método Participaram deste estudo 38 pacientes consecutivos, incluídos aleatoriamente, por ordem de chegada às consultas médicas ambulatoriais com diagnóstico de glomerulonefrite (primária ou secundária) há pelo menos dois meses. Foram considerados critérios de exclusão: idade inferior a 20 anos, ausência de tratamento médico e/ou nutricional quando da realização deste estudo, tempo de tratamento inferior a dois meses e diagnóstico médico de doença mental. A todos os pacientes foi aplicado, em uma única entrevista, um questionário padronizado de forma a detectar quais pacientes apresentavam comportamento auto-relatado de adesão e quais não os apresentavam, bem como avaliar as seguintes variáveis: idade, sexo, escolaridade, conhecimento da doença, nível de adesão ao tratamento, tempo de tratamento e perspectivas do paciente em relação ao seu futuro. Nessa mesma ocasião, foram também utilizadas duas diferentes técnicas projetivas psicodiagnósticas (Questionário Desiderativo e Método de Rorschach) com o intuito de atingir os objetivos deste estudo. Considerou-se como comportamento aderente seguir de forma plena as orientações terapêuticas prescritas. A partir do levantamento dessas respostas formaram-se Mudanças – Psicologia da Saúde, 13 (2) 309-319, jul-dez 2005 A ADESÃO DE PACIENTES PORTADORES DE GLOMERULOPATIAS 313 dois grupos de pacientes (aderentes e não-aderentes) com 19 pacientes em cada grupo. As variáveis selecionadas do Método de Rorschach para avaliação foram as seguintes: Índice de Depressão (Depi), Quociente Afetivo (Afr), Índice de Egocentrismo, quantidade de respostas com Conteúdo Humano (H) e Tipos de Conteúdo e Respostas Humanas Representativas (GHR, PHR). Cabe ressaltar que as instruções de aplicação e de realização do inquérito apresentadas neste estudo seguiram a padronização do Sistema Compreensivo padronizado por John Exner (Exner Jr., 1999; Exner Jr. & Sendín, 1999, Exner Jr., 2000). As variáveis selecionadas do Questionário Desiderativo para serem avaliadas neste estudo, a partir de Nijamkin e Braude (2000) e Grassano (1996), foram: ansiedade predominante e indicadores psicopatológicos. Após a coleta, todos os dados e avaliação geral foram submetidos a tratamento estatístico apropriado. Resultados Inicialmente, a comparação entre os grupos foi feita para cada uma das variáveis de forma univariada. Em relação ao conhecimento da doença, os grupos foram semelhantes. No grupo não-aderente, foram encontrados uma porcentagem maior de indivíduos com perspectivas negativas de futuro. Em relação à variável “sexo”, o grupo não-aderente apresentou uma porcentagem um pouco maior de homens. Os dois grupos apresentaram o mesmo número de pacientes com tempo de tratamento inferior a dois anos. O grupo não-aderente apresentou mais da metade dos pacientes com o menor nível de escolaridade, primeiro grau incompleto. Em relação ao tipo de ansiedade apresentada (depressiva ou paranóide), os grupos foram praticamente iguais. Em relação aos indicadores psicopatológicos, constatamos uma maior prevalência dos indicadores de traços depressivos na ordem de 47% nos pacientes do grupo não-aderente e 61% no grupo de pacientes aderentes. Em relação às variáveis numéricas, pode-se dizer que não há evidência de diferenças entre os grupos. Ambos são semelhantes em Mudanças – Psicologia da Saúde, 13 (2) 309-319, jul-dez 2005 314 VIEIRA, V.; KIRSTAJN, G. M. & TARDIVO, L. S. DE LA P.C. relação às variáveis “idade”, “número de respostas”, “Índice de Egocentrismo”, “Quociente Afetivo” e “Respostas Humanas Representativas”. Em relação ao “Índice de Isolamento”, o grupo aderente apresenta patamares acima do não-aderente. Em relação ao “Índice de Depressão”, a maioria dos pacientes do grupo aderente apresentou escore igual a 4 pelo Método de Rorschach. A análise inferencial foi realizada pelo teste do qui-quadrado ou do teste de probabilidade exata de Fisher, quando mais apropriado para comparar as variáveis categóricas (Agresti, 1990). Para as variáveis numéricas, utilizou-se o teste t de Student não-pareado (Bussab & Morettin, 2002). Os resultados demonstraram apenas evidências para as variáveis “Isolamento” (p=0,054) e para a variável “Conteúdos Humanos” H (p+0,003), sendo que o grupo nãoaderente apresentou um escore de “Isolamento” maior que o grupo aderente, e com relação à variável H é possível perceber que o grupo não-aderente apresentou 65% dos indivíduos com escore nulo em comparação com 11% do grupo aderente. Apesar de serem encontrados valores de níveis descritivos baixos para as variáveis “Isolamento” e “Conteúdo Humano” H, em virtude do grande número de comparações feitas, é mais adequado dizer que ocorreu uma diferença estatisticamente significante apenas para a variável H (p=0,003). Discussão Os resultados encontrados demonstram que, para a maioria das variáveis estudadas, não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos. Ao olharmos para as variáveis que traduzem similaridade entre os grupos, percebemos que, na sua maioria, aquelas que se referem não a traços de personalidade específicos, mas sim as que indicam a presença de sofrimento psíquico. Somente os resultados relevantes deste estudo serão discutidos considerandose não só o que revelam per se, mas também no sentido subjetivo que podem ter na população estudada. A primeira variável que analisaremos diz respeito ao sexo, com o grupo de pacientes não-aderentes tendo uma porcentagem Mudanças – Psicologia da Saúde, 13 (2) 309-319, jul-dez 2005 A ADESÃO DE PACIENTES PORTADORES DE GLOMERULOPATIAS 315 maior de homens que de mulheres. Na população aqui avaliada não parece ser uma variável determinante do comportamento do paciente, tendo em vista que essa diferença se mostra pequena em termos absolutos. Essa diferença pode ser explicada pelo fato de que mulheres costumam buscar mais os serviços de saúde do que homens em uma ordem de 70% a 30% (Tardivo, Paulo & Fráguas Jr., 2001). Quando analisamos a questão da escolaridade, podemos perceber que o grupo dos pacientes aderentes apresenta sujeitos com nível de escolaridade mais elevado. Porém, quando comparamos esses dados com o conhecimento da doença, quesito em que os dois grupos se mostraram homogêneos, podemos perceber que o nível de escolaridade não interfere significantemente no conhecimento que os doentes têm sobre sua doença. Cabe aqui uma reflexão. A doença representa uma descontinuidade no processo de existência e, portanto, provoca ansiedades no sujeito uma vez que mostra sua fragilidade e a impossibilidade de controle sobre si e sobre seus processos orgânicos. Desperta também fantasias sobre a doença e sobre seu mundo interno, uma vez que nossos órgãos e funções são impregnados por nossas produções imaginárias (Schiller, 1991). Em sendo assim, a forma como o paciente vai lidar com sua doença vai depender, em grande parte, das fantasias desencadeadas em seu mundo interno e dos mecanismos de defesa que utilizará para lidar com a ansiedade subjacente a essas fantasias. Um dos mecanismos de defesa utilizados pelo ego é a racionalização, em cujas explicações coerentes do ponto de vista lógico (Laplanche & Pontalis, 1996), o paciente consegue manter sua ansiedade controlada de forma a não se desorganizar internamente. Portanto, a explicação e o conhecimento que o paciente apresenta sobre sua doença, apesar da coerência e da lógica com que os apresenta, podem, nessa situação, estar mais ligados a um comportamento defensivo e racional do que a uma real elaboração e entendimento do impacto desse evento em sua vida no sentido mais amplo dessas palavras. Isso explicaria o fato de que o conhecimento da doença não aparece neste estudo como um achado relevante para o comportamento de adesão. Mudanças – Psicologia da Saúde, 13 (2) 309-319, jul-dez 2005 316 VIEIRA, V.; KIRSTAJN, G. M. & TARDIVO, L. S. DE LA P.C. Uma informação importante surge quando avaliamos o nível de não-adesão dos pacientes, uma vez que, do total de pacientes nãoaderentes ao tratamento, 84% deles não cumpriam a dieta. Podemos pensar que, ao seguir o tratamento no que se refere às restrições nutricionais, a pessoa doente pode se sentir diferente e possivelmente inferior em relação aos demais membros da família. Assim sendo, pode observar essa diferença como constatação da sua imperfeição e insuficiência e vivenciá-la como um ataque ao narcisismo, não conseguindo responder às limitações do tratamento de forma mais sadia (Zimerman, 1999). Informações relevantes surgem quando analisamos as perspectivas de futuro manifestadas pelos pacientes. Observamos que 53% dos pacientes do grupo aderente apresentam o maior índice de perspectivas positivas de futuro, o que reforça a hipótese aventada anteriormente de que quanto mais a personalidade da pessoa é integrada, tendo superado o narcisismo, mais ela pode aceitar a doença e as limitações e, ao mesmo tempo, manter a esperança. Um outro resultado que merece ser considerado refere-se aos fatores relatados pelos pacientes e que se relacionam à não-adesão ao tratamento. Surpreendentemente, 58% dos pacientes que não aderem ao tratamento o fazem por concentrarem-se nas dificuldades em fazer o tratamento e não por não acreditarem nos seus benefícios. Isso significa que esses pacientes, mais do que descrentes da possibilidade de restabelecerem uma condição de saúde, não estão aderindo ao tratamento por não conseguirem lidar com os limites e as frustrações que ele provoca. As variáveis analisadas pelo “Questionário Desiderativo” não revelaram diferenças significantes entre os grupos. Porém, ao olharmos para essas variáveis, podemos constatar que elas avaliam o sofrimento psíquico do paciente. Assim pode-se pensar que os pacientes de ambos os grupos estão apresentando algum nível de sofrimento psíquico, e que todo tipo de sofrimento psíquico, sem distinção, teria efeito similar sobre o comportamento de adesão. O “Questionário Desiderativo” mostrou que os traços psicopatológicos de maior prevalência em ambos os grupos foram os traços Mudanças – Psicologia da Saúde, 13 (2) 309-319, jul-dez 2005 A ADESÃO DE PACIENTES PORTADORES DE GLOMERULOPATIAS 317 depressivos (não-aderentes: 47%; aderentes: 61%). Esse resultado também é confirmado pelo Método de Rorschach, analisando a variável “Índice de Depressão” (Depi), por meio do qual pudemos observar que um elevado número de pacientes apresentou escores iguais a quatro (oito não-aderentes; 12 aderentes) e cinco (cinco nãoaderentes; três aderentes), o que representa a presença de um humor depressivo, talvez em decorrência da situação de perda da saúde. Em relação ao “Índice de Isolamento”, apesar de os resultados apresentados estarem dentro do esperado para a população brasileira (Nascimento, 2002), pudemos observar índices mais elevados no grupo de pacientes não-aderentes, o que aponta para um comportamento, nesse grupo, marcadamente voltado à baixa interação social. Esse aspecto de personalidade é reforçado quando observamos que 65% dos indivíduos do grupo não-aderente (resultado estatisticamente significante) apresentaram escores nulos da variável H (respostas de conteúdos humanos), revelando um baixo interesse pelos demais e uma propensão ao isolamento (Exner Jr. & Sendín, 1999), o que também confirma o maior índice de narcisismo nesse grupo. Possivelmente esse é o grupo que, por ter mais dificuldade em aceitar a doença e o tratamento, parece também se isolar mais, considerando-se o isolamento um mecanismo defensivo bastante empregado por depressivos. Conclusão Apesar das limitações deste estudo, ele nos dá uma noção da complexidade dos fatores envolvidos no comportamento de adesão ao tratamento nessa amostra de pacientes portadores de glomerulopatias. Sem pretender ser definitivo, sugere que o adoecimento pede o olhar de toda a equipe da saúde, uma vez que o sofrimento psíquico revelado pelos pacientes certamente interfere na forma como o paciente vai lidar com sua doença e, conseqüentemente, com o seu tratamento. Mudanças – Psicologia da Saúde, 13 (2) 309-319, jul-dez 2005 318 VIEIRA, V.; KIRSTAJN, G. M. & TARDIVO, L. S. DE LA P.C. Referências Agresti, A. (1990). Categorical Data Analysis. New York: Jonh Wiley & Sons. Almeida, A. M., & Meleiro, A. M. A. S. (2000). Revisão: depressão e insuficiência renal crônica. J Bras Nefrol, 22 (1), 16-24. Bussab, W. O., & Moratin, P. A. (2002). Estatística básica. São Paulo: Saraiva. Carvalho, M. F. C., Franco, M. F., & Soares, V. (1996). Glomerulonefrites Primárias. In M. C. Riella (Ed.), Princípios de nefrologia e distúrbios hidroeletrolíticos (3. ed., pp. 287-303). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Christensen, A. J., Wiebe, J. S., & Lawtow, W. J. (1997). 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