GLOSSÁRIO HINDUÍSMO Ācārya – professor ou líder espiritual. Adharma – falta de rectidão ou de integridade moral; caos. Adhyāsa – sobreposição; atribuição ilusória de predicados. Advaita Vedānta – visão não‐dual da realidade, monista, defendida pelo filósofo indiano, Śankara. ṃ Aha kāra – egoidade. ṃ Ahi sā – não‐violência. Apsarā – ninfa que navega sobre as águas Artha – riqueza, um dos objectivos da vida no âmbito do pensamento hindu a par de dharma (cf.), kāma (cf.) e mokṣa (cf.) Ārya – nobre. Āsana – posição propícia à meditação. Asat – não‐ser. Asura (Āsura) – demónio; em certos textos védicos designava igualmente alguns dos deuses superiores (por exemplo, Varuṇa). Āśrama – estádio da vida; tem igualmente o sentido de uma “comunidade espiritual” (ashram) Atharva Veda – um dos quatro conjuntos de hinos védicos. Ātman – um dos conceitos filosóficos centrais do pensamento indiano ‐ ipseidade; identidade de si próprio; experiência de si (por vezes identificado com alma). Avatāra – incarnação. Avidyā – ignorância. Bhakti – devoção; amor. Bhava – existência. Brahmā – o demiurgo ou deus criador do hinduísmo. Brahmacarya – discípulo que segue uma vida espiritual. 1 Brahman – um dos conceitos centrais do pensamento indiano – Realidade Última, Absoluto, Uno (não deve ser confundido com Brahmā, cf.). Brāhmaṇa ou brahmin – sacerdote ou membro da primeira casta. Brāhmaṇas – livros litúrgicos. Brahmanismo – período religioso que antecedeu o hinduísmo na Índia, dominado pela casta brahmânica e pelos ritos sacrificiais védicos. Buda – “desperto” ou “iluminado”: título daquele que atingiu a iluminação, identificado, por vezes, com Siddhatta Gotama, conhecido como o Buda histórico. Cakra – “roda”, “disco”, centro corporal de energia. Casta – palavra de origem português para traduzir a divisão social rígida da sociedade tradicional indiana em quatro estratos ou varnas (“cores”): brāhmana (sacerdotes); kṣatrya (guerreiros e aristocratas); vaiśya (mercadores e agricultores) e śūdra (servos). Darśaņa – filosofia; ponto de vista. Deva – divindade. Devī – deusa. Dhāraṇā – concentração mental num objecto interior. Dharma – noção central da cultura indiana. Assume múltiplos sentidos conforme o contexto: ordem cósmica ou ṛtā; ordem social; lei; rectidão moral; doutrina religiosa; átomos primordiais da realidade. Dharma Śāstra – livro de códigos sociais (ex: livro de Manu). Dhyāna – meditação. Dīkṣā – iniciação. Dīvālī – festival da luz, um dos festivais mais populares da sociedade indiana, celebrado habitualmente nos meses de Outubro e Novembro. Dvaita – dualidade. 2 Dyaus Pitar – “pai celeste”, “deus pai”, um dos demiurgos da mitologia védica que criou o mundo com a “Mãe Terra” (Pṛthivī Mātar). Eka – Uno. Gandharva – músico celestial, fauno, versão masculina de apsarā (cf.). Ganeśa – uma das principais divindades hindu; habitualmente associado ao princípio que afasta qualquer tipo de dificuldades e propicia a prosperidade. Gopī – vaqueiras, raparigas que cuidam do gado; simbolizam habitualmente a alma humana. Guṇa – “cordas” ou qualidades, a saber, a pureza, energia e inércia. A realidade manifesta é constituída em partes desiguais por estas três “gunas” potências. Harijans – “filhos de Deus” (Gandhi), os intocáveis ou sem‐casta, Dalits. Holī – festival popular indiano realizado na Primavera (Fevereiro/Março), associado ao amor. Indra – uma das mais importantes divindades do Brahmanismo e da cultura védica. Deus celestial muitas vezes ligado à chuva fertilizadora. Īśa/Īśvara – Deus supremo. Itihāsa – história ou narrativa. Jīva – vida: alma individual. Jñāna – conhecimento. Ka – quem. Kalpa – um dia de Brahmā (cf.), correspondente a 4320 milhões de anos. Kāma – desejo; amor sensível, um dos objectivos centrais da vida segundo a cultura clássica indiana. Karma/karman – acção; lei cósmica de retribuição pelos actos praticados. Krishna/Kṛṣṇa – uma das incarnações de Viṣṇu (o deus que preserva). Krishna é objecto de um enorme culto popular e de devoção (bhakti, cf.), muitas vezes considerado o Deus supremo. 3 Kuṇdalinī – potencia energética e espiritual humana que através do yoga pode activar os seis centros (cakra) de energia corporal. Lakṣmī – deusa da beleza e do amor, deusa consorte de Vișņu. Iconografia muito semelhante a Afrodite/Vénus. Līlā – jogo, jogo da criação. Linga – símbolo fálico, habitualmente associado ao deus Śiva. Loka – mundo; esfera da existência. Mahābhārata – a grande epopeia da sociedade indiana que descreve em termos alegóricos a luta pelo triunfo do dharma (cf.). A Bhagavad Gītā (‘Canção do Abençoado’), o texto religioso mais importante do hinduísmo, corresponde a grande parte do sexto livro do Mahābhārata. Mahāpralaya – a grande dissolução do universo, acontecimento cíclico, na qual toda a realidade é absorvida no seio do divino, permitindo o surgimento de um outro universo, também ele sujeito à mahāpralaya. Maitreya – nome do futuro Buda redentor. Manas – Intelecto; Mente. Mantra – fórmula verbal ritual. Math(a) – comunidade monástica. Māyā – ilusão; realidade fenomenal; deusa; poder criativo de deus. Mokṣa – libertação – um dos objectivos da vida segundo a tradição clássica indiana; libertação do ciclo das reincarnações. Mudrā – gesto ritual. Mūrti – forma corporal; corpo. Naraka – inferno. Natarāja – Śiva como deus da dança. Nirguṇa – sem qualidades (cf.) – designação do Brahman (cf.) como realidade não‐ manifesta ou incondicionada. Nirvāṇa/Nibbāna (Pāli) – último estado de libertação; extinção do sofrimento. 4 Paramātman – a experiência de si como brahman, o supremo si. Pārvatī – deusa consorte de Śiva, mãe do Universo. Prajāpati – um dos nomes mais célebres para designar o demiurgo na cultura védica. Prakṛti – matéria ou natureza, animada por três potencias ou gunas (cf.). Prānāyama – disciplina da respiração (prāna). Pratyāhāra – afastamento mental da atenção em relação aos objectos sensoriais, sejam eles externos ou mentais. Pūjā – ritual de devoção religiosa. Purāṇa – histórias mítico‐religiosas da tradição hindu. Puruṣa – pessoa; ipseidade. Puruṣārta – quatro objectivos da vida pessoal para o hinduísmo: dharma (cf.), artha /cf.), kāma (cf.) e mokṣa (cf.). Rāga – emoção desiderativa; forma musical emotiva. Rajas – paixão; energia. Rākṣasa – demónios. Rāma – uma das incarnações de Vișņu (o deus que preserva). Designa habitualmente a ideia de príncipe perfeito, sendo a sua epopeia o Rāmāyana. Rāmāyaṇa – a epopeia de Rāma, uma das obras mais populares da cultura indiana. Rig/Ṛg Veda – uma das quatro colecções de hinos védicos, certamente a mais antiga (c. 1000 a.C.). ṣ Ṛ i – poeta ou vidente. Ṛta – ordem cósmica ou dharma universal. Rūpa – forma corporal. Sādhu – religioso, homem santo. Śakti – poder; energia divina; força criadora. Śaiva – corrente religiosa indiana que segue o culto a Śiva. 5 Samādhi – unificação; estado de profunda absorção meditativa. Sāma Veda – uma das quatro colecções de hinos védicos. Saṃhitā – colecção de hinos. Saṃsāra – ciclo de reincarnações. Sanātana Dharma – “Lei eterna”, designação correcta para traduzir a religião hindu. Sankhāra (Pāli) – formações mentais, emoções, hábitos, volições. Sāṃkhya – “discriminação”, uma das principais escolas filosóficas do pensamento clássico hindu. Funda‐se na distinção entre Puruṣa (cf.) e Prakṛti (cf.). Sannyāsi – renunciante. Śānti – paz, tranquilidade. Sat – existência; realidade. Satya – verdade. Smṛti – tradição; textos que não pertencem à revelação (śruti) religiosa, mas que possuem autoridade religiosa. É o caso das duas grandes epopeias hindus (Mahābhārata e Rāmāyaṇa). Sukha (Pāli) – bem‐estar; felicidade. Sūtra – “fio”; tratado habitualmente sobre a forma de aforismos ou de pequenos discursos. Svarga – céu. Śiva – umas principais divindades do Hinduísmo. Poder cósmico que cria e destrói os mundos. Identificado pelos seus adeptos ao supremo Brahman. Tamas – inércia; trevas. Tântrico – caminho espiritual assente na unidade de todos os opostos, em particular aqueles que derivam da polaridade sexual. Tāpas(ah) – calor; energia física ou espiritual, austeridade. Trimūrti – sistema trinitário das divindades hindus: Brahmā, o que cria, Vișņu, o que preserva, e Śiva, o que destrói. 6 Upaniṣad – escritos filosófico‐religiosos habitualmente colocados nos finais dos Veda. Neles se reflecte sobre o sentido da vida, em particular sobre a relação entre Brahman (cf.) e Ātman (cf.). Vaiṣṇaiva – crente hindu, devoto do deus Vișņu (cf.). Varuṇa – um dos principais deuses védicos, geralmente associado à divindade solar Mitra. Segundo os poemas védicos, são eles que conservam a ordem do mundo. Veda – escrituras sagradas do hinduísmo compreendendo quatro colecções de hinos e fórmulas sacrificais: Rig Veda, Sāma Veda, Yajur Veda e Atharva Veda. Incluem‐se nos Vedas, entre outros textos, as Upanișads, situadas na sua parte final (Vedānta). Vedānta – literalmente, o “fim dos Veda”. Designa umas das principais escolas filosóficas indianas, assente numa reflexão sobre o sentido das Upaniṣad. Viṣṇu – uma das principais divindades do hinduísmo; deus que conserva e preserva os mundos. Yajnã – sacrifício. Yajur Veda – uma das quatro colecções de hinos que compõem os Vedas. Yakṣas – espíritos da natureza. Yantra – instrumento ou diagrama de meditação. Yoga – disciplina de meditação. Yoni – origem, fonte, símbolo sagrado da sexualidade feminina. Yuga – idade do mundo ou período histórico. 7