Conhecendo o Hinduísmo - Instituto Indiano de Yoga Vivekananda

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Conhecendo o Hinduísmo
Escrito por Subhashini Arora
Dom, 29 de Novembro de 2009 12:58
Swami Vivekananda e diversos filósofos indianos indicam que o nome correto para o
“Hinduísmo” deve ser “Sanatana Dharma”, a “Fé Eterna” ou “Ensinamento Eterno”. É
denominada de “eterna” porque a fé não tem início nem fim. Os princípios de Sanatana
Dharma não se restringem somente para os que têm fé, mas se estendem para todos os seres
humanos.
O Hinduismo ou Sanatana Dharma é praticado atualmente por cerca de 800 milhões de
indianos, além dos seguidores fora da Índia, sendo considerado a tradição espiritual e filosófica
mais antiga da Humanidade.
Características do Hinduísmo:
- Não é baseado em nenhum livro em particular, tampouco em um único mestre ou profeta.
No entanto, existem centenas de livros e escrituras para guiar tanto o iniciante quanto e
estudioso.
- O Hinduísmo fala do princípio eterno, que sustenta todo o Universo e todas as
manifestações de vida e que existe por detrás de tudo o que é transitório.
- Ensina o ideal de liberação para todos.
- Não exclui nenhuma forma de prática religiosa.
Principais Livros Sagrados:
1. SHRUTIS
Significa aquilo que foi ouvido ou revelado. Estes ensinamentos são tidos como de origem
divina e foram recebidos por sábio (rishis) durante estados elevados de consciência.
Segundo Feuerstein, a Cosmogonia Védica é uma psicocosmogonia, assim como as tradições
do Samkhya e da Yoga, pois postulam um Fundamento Transcendental do qual se originam
tanto as diversas realidades objetivas quanto as mentes multiestruturadas que as percebem.
Os Shrutis compõem-se dos Vedas e dos Upanishads.
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- Vedas (4.500 – 2.500 a.C.)
São quatro Vedas: Rig Veda, Yajur Veda, Sama Veda e Atharva Veda.
Rig Veda consiste em uma coleção de hinos (mantras) que expressam verdades espirituais
através do simbolismo e da mitologia. Os outros três Vedas detalham rituais e ritos que guiam
o ser humano em sua jornada material e espiritual.
Os Upanishads (1.500 – 1.000 a.C.) chamados de Vedanta (final dos Vedas), representam um
refinamento dos ensinamentos espirituais dos Vedas, contendo a essência da sua filosofia.
Existem em torno de 108 Upanishads, sendo 12 mais importantes: Isa, Kena, Katha, Prasna,
Mundaka, Mandukya, Aitareya, Taittirya, Chandogya, Brihadaranyaka, Kaushitaki e
Svetasvatara.
2. SMRITIS
Significa “memórias”. Diferentemente dos Shrutis, que são de origem divina, os Smritis foram
produzidos por sábios com a intenção de regular e orientar os indivíduos em suas condutas
diárias, listando regras para governar tanto as ações dos indivíduos quanto da comunidade, da
sociedade e da nação. São conhecidos como Dharma Shastras ou leis que governam a correta
conduta.
3. ITIHASAS (Épicos)
Constituem parábolas ou historias que contém a filosofia dos Upanishads, no intuito de
torná-la mais interessante, compreensível e popular. Os mais conhecidos são: Mahabharata e
Ramayana.
- Mahabharata (500 a.C.)
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Maior épico religioso do mundo, do qual faz parte o Bhagavad-Gita.
Trata da guerra entre os primos das famílias Pandavas e Kauravas, e contém várias
referências a Yoga e ao Samkhya.
Ramayana (300 a.C.)
Relata a história de amor entre Rama e Sita. Sua importância está na proclamação dos valores
morais, da ética e da filosofia de vida. Para os hindus, Rama e Sita personificam o casal ideal.
4. PURANAS (500 – 1.300 d.C.)
Dezoito enciclopédias populares que retratam os Vedas e os Dharma Shastras em forma de
pequenas histórias. Misturam mito e história e constituem uma coleção de vários contos
detalhados sobre os deuses e suas encarnações.
Tratam de cinco temas principais: a criação do mundo, a sua recriação após a destruição ao
término de um ciclo (kalpa), as genealogias dos sábio e das divindades, a descrição
mitológicas das eras cósmicas e as genealogias das dinastias reais.
5. ÁGAMAS
Estas escrituras têm a finalidade de guiar o devoto no seu culto a uma das manifestações
divinas no Hinduísmo: Shiva (Shaiva Ágama), Vishnu (Vaishnava Ágama) ou Shakti (Shakta
Ágama).
Cada Ágama tem diversas sessões. A primeira consiste no conhecimento filosófico e espiritual
envolvido na veneração da deidade. A segunda fala da disciplina mental mental necessária a
cada escola de veneração. A terceira parte engloba as regras para a construção dos templos.
Independente de onde for construído o templo, ele sempre preserva as mesmas
características. Também assinala as regras para esculpir ou talhar as deidades. A quarta parte
orienta os rituais feitos em casa ou na comunidade.
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6. DARSHANAS
Significa literalmente “visão” ou “ponto de vista”. Darshanas são as seis escolas de filosofia
indiana, que têm em comum o objetivo de libertar o homem da sua ignorância existencial.
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Samkhya de Kapila
Yoga de Patanjali
Nyaya de Gautama
Vaishesika de Kanada
Purva-Mimansa de Jaimini
Vedanta de Vyasa
Formas de Culto no Hinduísmo
Existem cinco grandes tradições religiosas na Índia:
-
Vaishnavismo (culto à Vishnu)
Shaivinismo (culto à Shiva)
Shaktismo (culto à Shakti)
Ganapatyas (culto à Ganesh)
Sauras (culto à Surya)
Alguns Princípios do Hinduismo:
1. Deus para os Hindus é Nirguna, ou seja, sem forma, começo ou fim. Ele é imanente e
transcendente, transcendendo tempo e espaço. Os Upanishads ensinam que todo o Universo é
uma manifestação de Brahman. Uma vez que Brahman é sem forma, não é considerado nem
homem nem mulher, sendo chamado de TAT. Brahman também é descrito como
“Satchitananda”. Sat é aquele que existe, Chit é pura consciência e Ananda é pura felicidade. Para a maioria das pessoas, Nirguna Brahman é difícil de ser compreendido. Dessa forma,
para facilitar essa compreensão do Espírito Universal, surgiu Saguna Brahman, ou seja,
Brahman como forma e atributos, que é conhecido por Ishwara.
“A realidade é Uma, mas os sábios a chamam de diferentes nomes” Rig Veda.
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Brahman é o Ser Uno e Supremo. Todos os diferentes deuses são manifestações de Brahman.
O hindu não considera a adoração à imagem o objetivo final da sua devoção, pois sabe que
este é apenas um caminho. Swami Surnimalananda afirma que este é apenas o primeiro
estágio. O segundo é pensar em Deus que está no céu, o terceiro, pensar em Deus que está
no coração, e o último passo é pensar em Deus onipresente.
2. De acordo com o Hinduísmo, existem quatro ideais a serem seguidos durante a
existência:
1.
2.
3.
4.
Dharma – Virtude
Artha – Riqueza
Kama – Desejos
Moksha – Liberação
O desejo (Kama) por conquistar e desfrutar as coisas do mundo e a riqueza (Artha) devem ser
equilibrados pela virtude (Dharma) e pela busca da liberação (Moksha).
3. Para praticar esses quatro ideais, o Hinduísmo dividiu a vida em quatro etapas
(Ashrams):
1. Brahmacharya: Até os 20/25 anos, representa o estágio da vida de estudante.
2. Garhasthya: Até por volta dos 50 anos. O jovem está pronto para casar e levar uma vida
de chefe de família.
3. Vanaprastha: Até por volta dos 75 anos. Após completar suas responsabilidades
familiares e profissionais, vem o estágio de aposentado, em que ele estuda as escrituras
religiosas.
4. Sannyasa: Dos 75 em diante. A alma se prepara para partir do mundo e de todas as
suas relações, dedicando-se a pensar em Deus.
4. Sistema de Castas (Varn)
O sistema Varn foi inicialmente usado para diferenciar os níveis de pureza de gerações e
raças e para estabelecer uma indicação para as funções exercidas pelas pessoas na
sociedade. Acreditava-se que as pessoas são diferentes e têm aptidões e habilidades distintas
em função da família da qual se originam. Dividem-se em:
1. Brâmanes: Advindos da boca de Bhahman e direcionados para os estudos e atividades
religiosas.
2. Kshatriyas: Advindos dos braços de Brahman para atuar como guerriros.
3. Vaishyas: Advindos das coxas de Brahman para cuidar das atividades comerciais.
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4. Sudras: Advindos dos pés de Brahman para desempenhar as atividades de serviços
orientados.
Os intocáveis (párias) eram excluídos do sistema de castas e faziam outros serviços,
indesejáveis para as outras castas, como: cuidar dos dejetos. A origem desta casta é atribuída
a existência de pessoas que violaram o conjunto de normas de comportamento social e foram
banidas de suas castas. Uma vez que o sistema é hereditário, elas passam sua casta aos seus
descendentes.
5. Os Três Principais Caminhos para Brahman
1. Bhakti Yoga: Yoga da devoção. É o mais comum na Índia. O devoto escolhe uma forma
de Saguna Brahman ou Ishwara e realiza Deus através do amor e da devoção.
2. Karma Yoga: Yoga da ação. Significa a união com Deus através da ação. O trabalho em
si é o fim, e não o meio para se obter uma recompensa. O trabalho é uma forma de adoração.
3. Jnana Yoga: Yoga do conhecimento. Não é apenas o conhecimento racional que se
busca neste caminho, mas a iluminação espiritual através do conhecimento, que permite
discernir o Real do irreal, o Self, do “não-Self”.
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