A importância de ser vitriólico

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A importância de ser vitriólico
O ácido sulfúrico é uma
substância
de
eleva da
viscosidade cujo aspecto oleoso
lhe merece u o nome Za yt al-Zaj,
óleo de vitríolo, por parte do seu
mais provável descobridor, Jābir
ibn Hayyān ou Geber.
Alguns autores atribuem a
descoberta do ácido sulfúrico a
Abu
Bakr
Muhammad
ibn
Zakaryya
al-Razi
(866-925),
Rahzes em latim, nascido na
cidade de Ra y ou Rhagae. alRazi escreveu 21 livros de
alquimia, dos quais o mais
conhecido é o Kitab Sirr alAsrar (Livro do Segredo dos
Segredos) onde o filósofo ou
escrevia
Hakim
que
abertamente sobre os truques dos
profetas, a sua descrença em
milagres e que pregava contra os malefícios das religiões - discorre
sobre os equipamentos e as substâncias utilizadas na alquimia.
Outro dos seus tratados de alquimia, traduzido para latim como
Liber Experime ntorum, marca va cla rame nte o aspecto expe rimental
da alquimia, despindo-a da componente mística característica da
escola de Alexandria.
Rhazes é mais conhecido pelas suas contribuições médicas já
que se debruçou sobre quase todos os aspectos da medicina. Entre
os numerosos tratados médicos que escreveu, que incluem a
primeira descrição da varíola, De Variolis et Morbillis, o mais
importante foi al-Hawi, traduzido para latim como Liber continens,
«O Livro C omp reensivo », uma enciclopédia médica de 20 volumes,
d os quais 10 sobre vive ram. Os seus escritos sã o fulc rais para o
desenvo lvimento da ciência em geral, e da medicina em particula r,
área em que a sua contribuição só empalidece para Abu Ali alHusayn ibn Abd Allah Ibn Sina ou Avicena (980-1037).
O ácido inorgânico descoberto por um alquimista no século
VIII é actualmente o produto químico mais produzido no mundo
(em termos de massa, em número de moléculas perde para a
amónia). Praticamente todos os produtos manufacturados entraram
em contacto com H2SO4 em algum estágio da sua produção a tal
p onto que até há bem pouco tempo o grau de in dustrialização de um
país era medido pela produção anual de ácido sulfúrico. Hoje em
dia é a produção de fertilizantes a principal utilização de ácido
sulfúrico, progressivamente substituido na produção de aço por
outro ácido mineral descoberto por Geber, o ácido clorídrico, pelo
que a sua produção passou a ser uma medida da actividade agrícola
de um país.
Até
ao
século
XVII,
quando
Johann
Glauber preparou
ácido
sulfúrico
queimando
enxofre
com
salitre (nitrato de
potássio,
KNO3)
na
presença
de
vapor de água, a produção de ácido sulfúrico permaneceu a
p reconizada pelos alqu imistas árabes: a «destilação» seca de
sulfatos sortidos, nomeadamente vitríolo verde ou sulfato ferroso
(FeSO4.7H2O) e vitríolo azul, sulfato de cobre (CuSO4.5H2O).
A síntese de Glauber, aperfeiçoada por vários químicos, entre
eles Gay-Lussac, foi utilizada até ao século XIX. Em 1831 um
comerciante britânico de vinagre, Peregrine Phillips, patenteou um
processo novo de produção de ácido sulfúrico que, embora só tenha
sido extensivamente utilizado a partir de finais do século XIX,
dominou a produção deste composto a partir de meados do século
XX. Actualmente o ácido sulfúrico é essencialmente produzido de
f o r m a «v e r d e », i s t o é , r e c u p e r a n d o s u b - p r o d u t o s e r e s í d u o s d e
indústrias outrora muito poluentes.
Como nota de curiosidade, algumas lesmas do mar produzem
ácido sulfúrico para afastar possíveis predadores. De facto, os
n udibrâ nquios - l ite ralmente, gue lr as ou brân quias nua s -,
presentes em todos os oceanos e em praticamente todos os habitats
marinhos, são especialistas em guerra química, recorrendo a um
vasto arsenal de compostos como defesa contra predadores
esfomeados. Enquanto algumas espécies produzem ácidos, outras
se gre gam toxinas po derosas e ou tras ainda, os e olídeos, u tilizam a s
a rmas químicas das espécies que lhe s servem de alimento, os
celenterados de outrora agora divididos em dois filos - Cnidaria e
Ctenophora -, especialmente hidróides e anémonas-do-mar. Os
cnidários produzem nematocistos, túbulos urticantes que injectam
uma toxina pouco simpática, como o sabe quem já tenha tido o azar
de entrar em contacto com alforrecas. Os eolídios neutralizam os
n e m a t o c i s t o s «m a d u r o s » d a s s u a s p r e s a s e u t i l i z a m o s r e s t a n t e s
como armas, concentrando-os nos ceratos. Em outra espécie, a
Dollabela aulicolaria, foram descobertas as dolastatinas, das quais
a dolastatina 10 se revelou um eficaz anti-cancerígeno. Para saber
mais sobre estes gastrópodes coloridos pode visitar esta pá gina.
Fonte: Blog De Rerum Natura
Data: Maio de 2007
Au tor: Palmira F. da Silva
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