LÚPUS INDUZIDO POR DROGAS MIMETIZANDO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: RELATO DE CASO LUCAS CORCINO DOS SANTOS1; RODRIGO CORCINO DOS SANTOS; DOUGLAS ALFREDO PEREIRA ARANTES1; FÁBIO LUIZ PANTALEÃO ABDALLA1; FELIPE PRATA MISIARA1 1-Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba-MG, Brasil. Contato: [email protected] INTRODUÇÃO O lúpus induzido por drogas (LID) é descrito como o surgimento de quadro clínico semelhante ao lúpus eritematoso sistêmico (LES) decorrente de exposição contínua a uma droga, que se resolve espontaneamente após a suspensão da mesma. Desde sua primeira descrição em 1945, tem sido relatado sua associação com mais de 80 tipos de drogas. OBJETIVOS Discutir as dificuldades no diagnóstico de pacientes com LID simulando LES. MÉTODOS Relato de caso realizado através de história clínica, exames complementares e informações obtidas em revisão de prontuário. RELATO DE CASO Mulher, 26 anos, foi internada em hospital universitário com quadro de poliartralgia, mialgia, tonturas, epigastralgia, disúria, febre não aferida e crises convulsivas de repetição. Apresentava antecedente de doença do nó sinusal, implante de marcapasso cardíaco, e mudança recente no seu tratamento de epilepsia, quando iniciou o uso de carbamazepina. Evoluiu durante internação com anasarca, derrame pleural e ascite. Não apresentou leões de pele, mucosa ou sinais de artrite. Exames laboratoriais apresetaram hemograma com bicitopenia (anemia e leucopenia), urina sem alterações, transaminases elevadas, TAP e TTPA alargados, albumina baixa, FAN 1:640 padrão pontilhado fino denso, anti-DNA dupla-hélice 1:320 e anti-histona: 9,2 (VR<1,5). Foi suspeitado de LID por carbamazepina, sendo substituída por fenitoína. Paciente evoluiu com melhora progressiva do quadro, tendo recebido alta após 18 dias de internação. No acompanhamento ambulatorial, evoluiu sem queixas expressivas, controle das crises convulsivas e conversão permanente do anti-DNA duplahélice para negativo. CONCLUSÕES A dificuldade inicial decorreu das crises convulsivas que a paciente apresentou, o que sugeria LES neuropsiquiátrico. Além disso, apresentava derrames cavitários sugestivos de serosite, leucopenia em mais de uma ocasião, FAN e anticorpo anti-DNA dupla-hélice positivos. Este último, embora comum no LES é notadamente raro no LID, sendo positivo em menos de 5% dos casos. Assim, a paciente apresentava critérios para LES, mas devido ao início do quadro logo após a introdução de uma nova droga, a presença do anticorpo anti-histona em altos títulos e a melhora após a suspensão da droga, foi concluído que se tratava de lúpus induzido por carbamazepina. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. MOTA, Licia Maria Henrique da et al . Lúpus induzido por drogas: da imunologia básica à aplicada. Rev. Bras. Reumatol., São Paulo , v. 47, n. 6, p. 431-437, Dec. 2007 . 2. Antonov D, Kazandjieva J, Etugov D, Gospodinov D, Tsankov N: Drug-induced lupus erythematosus. Clin Dermatol 22: 157-66, 2004. 3. Pelizza L, De Luca P, La Pesa M, Minervino A: Drug-induced systemic lupus erythematosus after 7 years of treatment with carbamazepine. Acta Biomed 77(1): 17-9, 2006. 4. Hoffman BJ: Sensitivity to sufadizine resembling acute disseminated lupus erythematosus. Arch Dermatol Physiol 51: 90-2, 1945.