PORQUE NÃO SOU ASTRÓLOGO

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Porque não sou astrólogo
Sobre a astrologia já tudo foi dito e escrito. De que não funciona, de que não tem qualquer
fundamento científico, de que não passa de uma pseudociência ultrapassada. Mas os
astrólogos continuam a existir e multiplicam-se como os mosquitos, esse insecto que
incomoda muita gente, mas que está longe da extinção. É vê-los na televisão, nos jornais,
nas revistas do coração a tecerem as suas previsões assombrosas. Normalmente falam
do futuro ou então das nossas características nativas relacionadas com um determinado
signo. O problema é que muita gente acredita que por ser Escorpião não pode dar-se
bem com Gémeos ou que por ser Leão não pode dar-se bem com Carneiro, o que até é
natural dado que nenhum Leão deve ser boa companhia para um Carneiro. Mas a
verdade é que os signos estão todos errados. Quem acredita que é Carneiro, Leão ou
Gémeos está muito bem enganado. Em astrologia, cada signo é caracterizado pela
posição do Sol numa constelação do zodíaco no momento em que cada pessoa nasce.
É por isso que temos um signo. Imaginem, por exemplo, uma pessoa que nasceu na
primeira semana de Maio. Segundo a astrologia é Touro, pois nessa altura do ano, o Sol
deverá estar no céu na direcção dessa constelação. No entanto, sabemos que não é
bem assim. Em Maio, o Sol está em Carneiro e não em Touro, o que significa que quem
pensava que era Touro nunca foi Touro. Na verdade, desde que nasceu sempre foi um
Carneiro. Deste modo, podemos dizer que grande parte de nós pertence na verdade a
um signo mais para trás daquele que pensávamos ser o nosso. Isto acontece porque o
eixo de rotação da Terra roda no espaço como se fosse um pião a girar, fazendo um
ligeiro movimento cónico, que ao longo de alguns milénios, faz com que a posição
aparente do Sol se altere nas constelações do zodíaco no mesmo mês do ano. Este
movimento faz também com que a estrela polar não seja sempre a mesma. Ora, isto
significa que o Sol já não está na direcção das mesmas constelações do zodíaco em que
estava há três mil ou há quatro mil anos atrás. Portanto, os signos mudam com o passar
do tempo. Isto quer dizer que muita gente anda ler o signo do vizinho do lado sem saber
e a pensar que esse é que é o seu verdadeiro signo. Talvez aqui esteja uma boa
explicação para quem não tinha muita sorte com os astros. Andava a ler o signo errado.
Mas mesmo que a astrologia usasse as posições correctas do Sol teríamos um outro
problema, que é o facto de termos pessoas a nasceram à mesma hora com os mesmo
astros no céu e que depois apresentam personalidades e vidas completamente
diferentes umas das outras. Neste caso, os astros deviam de influenciar de igual modo
estas pessoas fazendo com que fossem iguais, mas pelos vistos não influenciam.
Sabemos também que o Sol, a Lua e os planetas são os astros dominantes na astrologia,
mas porque não também uma astrologia dos buracos negros, dos quasares, dos
pulsares, das anãs brancas, dos cometas, dos asteróides Terra-próximos e por aí fora.
São também astros que estão no espaço. E porque não uma astrologia que tenha em
conta a posição de Ganimedes à volta de Júpiter ou de Titã à volta de Saturno, que são
corpos maiores do que Mercúrio ou Plutão e que não entram nas cartas astrológicas? E
o que dizer de todos os horóscopos feitos antes de 1930, que não contavam com a
existência de Plutão? Estavam todos errados? E se for um dia descoberto um décimo
planeta no sistema solar, o que dirão então os astrólogos? E o signo do Ofíuco, onde o
Sol passa nas primeiras duas semanas de Dezembro. O que dizer dele?
Outro problema é que as constelações na verdade não existem. São apenas figuras que
imaginamos no céu para o ordenar melhor. Os antigos viam nelas significados
astrológicos e lendas fantásticas, mas elas não passam de desenhos no céu
convencionados por nós ao longo do tempo. Quem vê um touro no céu também pode ver
uma vaca ou um porco ou um outro animal qualquer. Depende da imaginação de cada
um. Mas imaginem que ao invés de um touro tínhamos realmente uma vaca desenhada
no céu e que no lugar do carneiro tínhamos um porco. Haveria assim pessoas que seriam
do signo da vaca e outras do porco. E depois? Seriam diferentes do que são agora?
É óbvio que as estrelas e os planetas não fazem nenhuma influência nas nossas vidas.
A astrologia é na sua origem um sistema de pensamento e de crenças usado para
explicar acontecimentos comuns e comportamentos humanos. Tem o mesmo papel que
os deuses ou as forças sobrenaturais na ordenação do mundo e do Universo. Mas a
verdade é que é um sistema muito inconsistente com tudo aquilo que sabemos hoje
sobre o Universo.
Talvez, por isso, os astrólogos modernos tenham alterado a sua linguagem, dizendo
agora que a astrologia prevê apenas tendências gerais e não acontecimentos concretos,
dado que o homem pode dominar, orientar ou inflectir as tendências que os astros
exercem sobre ele. Digamos que a astrologia serve apenas para orientar as pessoas na
sua vida, havendo sempre o livre arbítrio humano. Mas sendo assim, podemos dizer que
a Psicologia e a Psicanálise fazem o mesmo sem recorrerem aos astros. E não devemos
nós duvidar de um sistema tão vago como este, que nos indica apenas tendências
gerais? Tudo é possível na astrologia moderna. Se algo acontece é porque a tendência
dos astros se verificou ou se fez sentir, se algo não acontece é porque o Homem
modificou essa tendência com a sua acção. Desta forma, qualquer sistema funciona por
muito errado que esteja. A astrologia é assim um sistema que dá para tudo. Depende
apenas da maneira como manipulamos e interpretamos os resultados. Desta forma é
fácil ser astrólogo. Acerta-se sempre de alguma maneira e o sucesso é garantido. Até eu
podia ser astrólogo. Não o sou porque prefiro de longe a ciência à superstição. Também
não tenho grande jeito para vender ilusões. Prefiro, por isso, vender astronomia. Diria
que é o meu karma, se fosse crente em alguma filosofia oriental. Ou talvez alguma
conjunção fortuita de astros me tenha colocado neste caminho. Quem sabe? Deixo este
pequeno mistério para os astrólogos e termino com um pequeno texto de Vergílio
Ferreira que para mim diz tudo a respeito deste assunto.
“Escrevi algures que numa carroça quem tem menos problemas é o cavalo. Mas
precisamente por isso foi a sorte do cavalo que normalmente e no fundo o homem para
si pretendeu. Alguém que tome conta de nós. Alguém, alguma coisa que tome sobre si
o peso do nosso excesso. (...) É difícil bem o sabemos. Porque a vida pesa imenso”...
Vergílio Ferreira in Espaço do Invisível 5
José Augusto Matos
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