miíase oral em tecidos periodontais

MIÍASE ORAL EM TECIDOS PERIODONTAIS
FERNANDO DOS REIS CURY
FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA - Centro Universitário de Volta Redonda - RJ
DISCIPLINA DE PERIODONTIA
RESUMO
• Miíase oral é uma condição singular, podendo ser manifestada na gengiva, feridas abertas em geral e diversas localizações na cavidade oral; conforme a localização das larvas ou tecidos envolvidos, há diferentes nomenclaturas: miíase dental,
miíase gengival, miíase periodontal e miíase oral. Ocorre principalmente na região tropical, em áreas rurais e está associada à falta de higiene pessoal e desinformação encontrada em pessoas com distúrbios psiquiátricos, etilistas crônicos,
desnutridos, imunodeprimidos e especialmente em pessoas com precário hábito de higiene corporal, bucal e de baixo grau de instrução. As moscas são conhecidas como varejeiras sendo de cor azul ou verde de brilho metálica, sendo mais
conhecida como Cochliomyia hominivorax. A miíase é uma patologia rara em humanos e afeta primeiro áreas expostas da pele. Os casos de miíase ocorrem principalmente em países em desenvolvimento, em especial na Ásia. Infestações fortes
podem causar problemas estéticos ou resultar na morte do hospedeiro, particularmente quando envolve o nariz, olhos, orelhas e o cérebro.
INTRODUÇÃO
• A miíase é uma zoodermatose caracterizada pela lesão da pele, mucosa ou orifícios de cavidades naturais do organismo, provocada pela invasão por larvas de espécies distintas de moscas, da ordem Díptera. O objetivo deste trabalho é mostrar
um caso clínico raro de miíase oral envolvendo tecidos periodontais em uma criança de 9 anos de idade, portadora de gengivite, sem hábitos de higiene oral, que morava em condições precárias de saneamento básico, apresentava-se com grave
infestação de larvas nos tecidos periodontais nos dentes superiores e na polpa dentária de um molar decíduo com grande lesão cariosa. O tratamento consistiu de raspagem e remoção das larvas dos tecidos, exodontias dos dentes decíduos
mais infectados, aplicação tópica de solução 0,12% de clorexidina e Clavulin 250mg por 7 dias. Foram dadas as instruções sobre higiene oral. Após sete dias, não havia mais larvas e o periodonto apresentava-se saudável. O tratamento teve
sucesso devido à ausência de comprometimento sistêmico de infecções oportunistas, facilidade de visualização das larvas e possibilidade de total remoção.
PROPOSIÇÃO
• O objetivo deste trabalho é mostrar uma patologia rara em humanos, que pode acometer a cavidade oral (gengiva e polpa dentária)
CASO CLÍNICO
• O caso relatado é de um paciente, 09 anos de idade, respirador bucal, raquítico, com hábito deletério de sucção de dedo e higiene bucal deficiente. O exame clínico verificou a movimentação de larvas, invadindo dentes com polpa exposta (el 65)
e a gengiva ( sulco gengival ), que se apresentava avermelhada e edemaciada (Figura 1). O elemento 62 e 21 apresentava-se com um grande foco de larvas, pela palatina ( figura 2 e 3 ). O tratamento efetuado foi anestesia local e remoção das
larvas com curetas periodontais, descontaminação local com irrigação de solução de digluconato de clorexidina a 0,12%, exodontia dos dentes decíduos mais infestados pelas larvas ( el 62 e el 65 ). Foi prescrito antibioticoterapia com Clavulin
250 mg por 7 dias e analgésico. Após a remoção das larvas, foi feito um acompanhamento diário durante sete dias (Figura 4). O tratamento foi efetivo, sendo que a infestação pelas lavras foi completamente eliminada. Imediatamente esse
período, o acompanhamento foi semanal com o especialista por um período de 3 meses.
FIGURA 1 – presença das larvas
FIGURA 2 – foco de larvas el 62 e 21 e larvas
na polpa dentária do el 65
CONCLUSÃO
FIGURA 3 – foco de larvas
FIGURA 4 – gengiva com aspecto
saudável após uma semana, Exodontia
dos els 62 e 65
• Após o tratamento de um raro caso de miíase oral, pode-se concluir que a miíase oral é um caso singular e dificilmente encontrado em área urbana e está associada com maus hábitos de higiene e alimentação. Seu prognóstico foi favorável
devido à ausência de comprometimento sistêmico de infecções oportunistas, facilidade de visualização das larvas e possibilidade de total remoção.