AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE ESCOLAS DO INTERIOR DO MUNICÍPIO DE CRUZ ALTA BÜCHELE, Daniele Santos1; RIZZARDI, Aline2; AMARAL, Carlos Henrique3 Palavras-chave: Água. Qualidade. Consumo. Introdução A água é um recurso essencial à sobrevivência de todos os seres vivos e o seu fornecimento em quantidade e qualidade é fundamental para a perfeita manutenção da vida humana (SHIKLOMANOV, 1997). No meio urbano, a depreciação da água esta relacionada com o rápido e desordenado crescimento da população mundial e sua concentração em megalópoles mal estruturadas. No meio rural, a contaminação da água tem relação, principalmente, com as atividades agrícolas desenvolvidas, as quais possuem diferentes níveis de impacto ao ambiente (CASALI, 2007). Existe uma preocupação com as águas oferecidas nas escolas localizadas nos espaços rurais uma vez que é local de concentração de crianças que passam pelo menos metade do dia no estabelecimento. Além disso, as crianças são mais propensas à aquisição de doenças devido á menor imunidade, o que obriga a existir um fornecimento periódico de água livre de contaminantes (CASALI, 2007). Dados revelam que, as infecções parasitárias transmitidas pela água e pelo mau saneamento atrasam o potencial de aprendizagem de mais de 150 milhões de crianças (PNUD, 2006). A qualidade da água destinada ao consumo humano é orientada pela Portaria nº 518 de 2004 (BRASIL, 2004), emitida pelo Ministério da Saúde, que aborda especificamente o tema. Nela são definidos os parâmetros e os seus respectivos valores de aceitação que uma água ofertada ao consumo humano deverá apresentar. 1 Acadêmica do 6°semestre do curso de Ciências Biológicas da UNICRUZ. E-mail: [email protected]. Bolsista PIBIC/UNICRUZ 2 Bióloga, M.Sc. Laboratório de Análise de Água, Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ. Colaboradora PIBIC/UNICRUZ. E-mail: [email protected] 3 Químico, M.Sc. Professor Curso de Química, Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ. Orientador Projeto PIBIC/UNICRUZ. E-mail: [email protected] Objetivou-se com esta pesquisa conhecer a qualidade da água consumida pelas escolas da área rural da rede Municipal de Ensino de Cruz Alta. Metodologia As três escolas municipais localizadas na área rural do município de Cruz Alta, RS foram os pontos de coleta. Amostras de águas consumidas pelos estudantes e comunidade escolar foram coletadas do bebedouro, cozinha e saída do poço artesiano e direcionadas ao Laboratório de análise de água onde se procedeu as análises físico-químicas e microbiológicas. As amostras coletadas para as análises microbiológicas foram acondicionadas em frascos esterilizados com capacidade para 100 mL. Para assepsia dos pontos de coleta usou-se álcool 70% (v/v). Os parâmetros adotados para as análises microbiológicas foram: contagem de coliformes totais, coliformes termotolerantes (Escherichia coli) e determinação do número de bactérias heterotróficas. A técnica de Presença e Ausência (PA) identificou os coliformes totais e termotolerantes. Em casos positivos de contaminação, foram realizados testes para a confirmação da presença de coliformes totais e termotolerantes, de acordo com Silva (2005). O Agar Padrão Para Contagem – Plate Count Agar (PCA) foi utilizado para a quantificação de bactérias heterotróficas. Através do método de plaqueamento em superfície (Spread Plate). Simultaneamente às análises microbiológicas, os seguintes parâmetros físico-químicos foram analisados: cor, turbidez, condutividade, ph, dureza, cloretos, sólidos totais dissolvidos, sódio, potássio e silicatos. As análises foram realizadas de acordo com a metodologia descrita por APHA (1998). Os parâmetros tanto químicos como microbiológicos estão previstos na Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde. Os trabalhos foram realizados no Laboratório de Análises de Águas da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ. Resultados e discussões As análises microbiológicas, na maioria dos pontos mostraram resultados insatisfatórios, isto significa que os parâmetros analisados não estão de acordo com a legislação vigente. Das três escolas analisadas, a que menos contaminação apresentou foi a escola A, onde dois dos pontos analisados não indicaram contaminação, mesmo assim a água retirada da torneira da cozinha teve contaminação por mesófilos heterotróficos (Tabela 1). A contagem de bactérias heterotróficas que representam os microorganismos que requerem carbono orgânico como fonte de nutrientes, fornece informações sobre a qualidade bacteriológica da água de maneira geral. O teste inclui a detecção, inespecífica, de bactérias ou esporos de bactérias, sejam de origem fecal, componentes da flora natural da água ou resultantes da formação de biofilmes (popular limo) no sistema de distribuição. Servindo, portanto, de indicador auxiliar da qualidade da água, ao fornecer informações adicionais sobre eventuais falhas na desinfecção, colonização e formação de biofilmes no sistema de distribuição ( GUERRA et al, 2006 & BRASIL, 2004). A grande contaminação das águas das escolas das áreas rurais por bactérias do grupo coliformes totais é fator preocupante, uma vez que estas bactérias podem transmitir doenças. As bactérias patogênicas encontradas na água e/ou alimentos constituem uma das principais fontes de morbidade em nosso meio (WHO, 1996). Tabela 1. Resultados das análises microbiológicas das águas analisadas nas três escolas. Escolas A B C Pontos de Parâmetros/Resultados coleta Coliformes Coliformes Mesófilos Totais Termotolerantes Heterotróficos Resultados Portaria 518 MS 1. Bebedouro 2. Cozinha 3. Saída do Poço 1. Bebedouro 2. Cozinha 3. Saída do Poço 1. Bebedouro 2. Cozinha 3. Saída do Poço Ausente Ausente Ausente Satisfatório Ausente Ausente Ausente Ausente Incontáveis Ausente Insatisfatório Satisfatório Presente Ausente Ausente Insatisfatório Presente Presente Ausente Ausente Ausente Ausente Insatisfatório Insatisfatório Presente Ausente Ausente Insatisfatório Presente Presente Ausente Ausente 50 UFC/mL Ausente Insatisfatório Insatisfatório A presença de coliformes totais e termotolerantes assumem importância como parâmetro indicador da possibilidade da existência de microorganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre tifóide, febre paratifóide, disenteria bacilar e cólera (ROITMAN et al., 1988). Esses resultados podem dever-se ao ambiente em que as escolas se encontram, por serem áreas expostas a ação constante dos agricultores que cultivam seu entorno, ou pelo descuido nas condições sanitárias que podem ser fonte de contaminação dessas águas. Quanto as análises físico-químicas,cabe ressaltar que nenhum dos parâmetros analisados apresentou alterações. Conclusão É possível concluir nesta pesquisa que as escolas das áreas rurais têm a qualidade microbiológica de suas águas comprometidas, daí a importância do monitoramento ambiental desses locais e a implantação de um sistema de tratamento da água consumida pela comunidade escolar a fim de evitar contaminação por doenças de veiculação hídrica. Referências AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. p. 9-33,1998. BRASIL.Portaria nº 518, de 25 de março de 2004: Normas de qualidade da água para consumo humano. Ministério da Saúde: Brasília,15p., 2004. CASALI, C.A. Qualidade da água para consumo humano ofertada em escolas e comunidades rurais da região central do Rio Grande do Sul. Dissertação (Mestrado em Ciências do Solo) Universidade Federal de Santa Maria,173p,fevereiro 2008. GUERRA, N.M.M.; Otenio, M.H.; Silva, M.E.Z.; Guilhermetti, M.; Nakamura, C.V.; Nakamura, T.U.; Dias Filho, B.P. Ocorrência de Pseudomonas aeruginosa em água potável. Acta Sci. Biol. Sci. V.28,n.1, p.13-18, janeiro/março 2006. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD). Relatório do Desenvolvimento Humano. A água para lá da escassez: poder, pobreza e a crise mundial da água. New York,10017,USA.1101p., 2006. ROITMAN,I.; TRAVASSOS,R.L; AZEVEDO,J.L. Tratado de Microbiologia. São Paulo: Manole, 1988. SHIKLOMANOV, I. A. Comprehensive assessment of the Freshwater resources to the world. In: Assessment water resources and water availability in the world. WMO/SEI,85p,1997. SILVA, N. da; NETO, R. C.; NELIAN, V. C. A. Manual e Métodos de Análise Microbiológica da Água. São Paulo: Livraria Varela, 2005. WHO (World Health Organization), Guidelines for Drinking-Water Quality. Geneva: WHO, 1996.