Biossegurança e organismos geneticamente modificados (OGM) Helena C. F. Oliveira 2016 Biossegurança n n A Biossegurança é um conjunto de ações, regras e procedimentos voltados para a prevenção, controle e minimização de riscos advindos da prática de diferentes tecnologias, seja na clínica, em laboratório ou no meio ambiente (lato sensu). No Brasil, restringe-se a manipulação e utilização seguras de todo organismo vivo modificado por engenharia genética (OGM). (Site CTNBio http://www.ctnbio.gov.br) BIOSSEGURANÇA NO BRASIL OGM = “todo organismo (microrganismo, animal ou vegetal) cujo genoma (DNA ou RNA) tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética.” Portanto, exclui: técnicas de fusão celular, mutantes naturais ou induzidas por agentes naturais, clonagem de organismos, etc. BIOSSEGURANÇA NO BRASIL n n n n O genoma de um determinado organismo pode ser modificado por: introdução de genes exógenos; eliminação de genes do genoma do organismo manipulado; remanejamento dos próprios genes do organismo. BIOSSEGURANÇA NO BRASIL Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005 PNBS (Política nacional de biossegurança) CNBS CTNBio CIBio Interesse nacional no uso comercial OERF (Orgãos e entidades de registro e fiscalização: ANVISA) A Unicamp possui várias CIBios (Instituto de Biologia, Química, FCM, CBMEG, CEMIB, Hemocentro, FOP, FCA) com Certificados de Qualidade em Biossegurança (CQB). A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://saude.gov.br/bvs http://new.paho.org/bra/images/publicacoes/marco%20legal%20web.pdf Graus de risco biológico dos OGMs Os OGMs são classificados em quatro classes (de 1 a 4), de acordo com o grau de risco que oferecem à saúde humana, de animais ou ao meio ambiente. RISCOS BIOLÓGICOS Natureza do agente n Agentes patogênicos selvagens; n Agentes patogênicos atenuados; n Agentes patogênicos que sofreram processo de recombinação; As principais vias de contaminação biológica: n a via cutânea ou percutânea (com ou sem lesões), n a via respiratória (aerossóis), n a via conjuntival e a via oral. Esses riscos são avaliados em função: n do poder patogênico do agente infeccioso, n da sua resistência no meio ambiente, n do modo e da intensidade (dose) da contaminação, n do estado de defesa imunitária do manipulador, n da possibilidade de tratamento preventivo e curativo eficazes. As classificações de risco existentes (OMS, NIH, CTNBio) são bastante similares: •Classe 1 - agentes de baixo ou nenhum risco para o manipulador, nem para a comunidade (ex.: E. coli, B. subtilis); •Classe 2 – agentes com risco MODERADO para o manipulador e BAIXO para a comunidade e há sempre um tratamento preventivo (ex.: bactérias - Clostridium tetani, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus; vírus - Epstein-Barr (EBV), herpes; fungos - Candida albicans; parasitas - Plasmodium, Schistosoma); •Classe 3 - agentes que apresentam risco GRAVE para o manipulador e MODERADO para a comunidade, sendo que as lesões ou sinais clínicos são graves e nem sempre há tratamento (ex.: bactérias - Bacillus anthracis, Brucella, Chlamydia psittaci, Mycobacterium tuberculosis; vírus - hepatites B e C, HTLV 1 e 2, HIV, febre amarela, dengue; fungos - Blastomyces dermatiolis, Histoplasma); •Classe 4 - agentes que apresentam risco GRAVE tanto para o manipulador como para a comunidade, não existe tratamento e os riscos em caso de propagação são bastante graves (ex.: vírus de febres hemorrágicas - ebola). Níveis de Biossegurança ü ü Condições (instalações físicas, equipamentos e procedimentos) nas quais os OGMs podem ser manipulados com segurança. Quatro Níveis de Biossegurança (NB), crescentes do menor para o maior grau de contenção e complexidade do nível de proteção: OGM tipo: 1 2 3 4 Laborat. Nível: NB-­1 NB-­2 NB-­3 NB-­4 http://www.ib.unicamp.br/comissoes/cibio_principal Níveis de Biossegurança Cada nível de Biossegurança pressupõe o atendimento de condições particulares à classe de risco biológico do OGM manipulado, no que diz respeito a: n Práticas microbiológicas n Práticas laboratoriais especiais n Equipamentos de contenção n Instalações laboratoriais MEDIDAS DE SEGURANÇA • Conhecimento dos riscos pelo manipulador;; • Conhecimento das pessoas envolvidas na manipulação sobre contaminação e biologia do microrganismo ou vetor com o qual se trabalha;; • Conhecimento e respeito às regras gerais de segurança: 1- Boas Práticas de Laboratório (Guia de Conduta nos Laboratórios do IB/UNICAMP da Comissão de Gestão Ambiental) 2- Uso de EPI e EPC 3- Utilização da capela/cabine de fluxo laminar corretamente; 4- Autoclavagem de material biológico patogênico, antes de eliminá-lo no lixo; 5- Utilização de desinfetante apropriado para inativação de um agente específico. EPIs e EPCs EPI: sapatos/botinas, avental, luvas descartáveis (e/ou lavagem das mãos antes e após a manipulação), máscara, óculos de proteção ou viseira (para evitar aerossóis ou projeções, nos olhos), capacete, cinto de segurança, abafadores de ruído, etc. EPC: Sinalizadores de segurança, Extintores de incêndio, Lava-­olhos, Chuveiros de segurança, Exaustores, Redes de Proteção, Kit de primeiros socorros, etc http://www.ib.unicamp.br/comissoes/cibio_principal EXEMPLOS DE APLICAÇÕES DOS OGMs Bactérias (OGM) . produção de insulina humana e outras proteínas recombinantes; . bio-remediação (neutralizar agrotóxicos, metais pesados, etc...) No reino Vegetal (VGM) . resistência à herbicidas, pragas (insetos e fungos e vírus); . características nutricionais melhoradas; . síntese de produtos especiais (vacinas, hormônios, anticorpos, plásticos, ...) APLICAÇÕES DOS OGMs No reino Animal (AnGM) . produção de alimentos melhorados; . produção de substâncias de interesse farmacêutico; . tornar inofensivos insetos transmissores de doenças; . crescimento mais rápido (ex.: peixes) OGMs: vantagens J Broach Biosafety SBBq 2007 Duas maneiras de obter uma vaca com mais carne magra: Tradicional: -­ -­ -­ -­ Amostras de 1 bilhão de vacas Sequenciamento de DNA identificar a mutação espontânea (G para A) Usa os animais mutantes como reprodutores Engenharia Genética: -­ -­ -­ -­ -­ Usa equipamentos de síntese de DNA com a mutação desejada Altera o DNA de células-­tronco bovina Converte as células modificadas em embrião Implanta embriões nas vacas Usa os embriões nascidos como reprodutores Animais Transgênicos • Utilização dos animais transgênicos como biorreatores • • • Estudo da regulação e da expressão gênica Geração de modelos animais para estudos biomédicos Introdução de novas características importantes economicamente (ex. salmão transgênico cresce 10 x mais) Animais Transgênicos Enzimas produzidas por OGMs para muitas aplicações Detergentes As enzimas auxiliam na remoção de manchas, sem danificar as fibras e renovando as cores dos tecidos, além de ser um produto natural e 100% biodegradável. Papel As enzimas podem reduzir drasticamente a quantidade de cloro necessária para o branqueamento do papel. Logo estará disponível uma enzima que vai ser capaz de eliminar por completo o uso do cloro. Enzimas para muitas aplicações Sucos e Vinhos Utilizadas para aumentar a produtividade na extração da polpa das frutas e para melhorar a cor e aroma dos vinhos. Panificação Utilizando-­se enzimas na preparação do pão, o processo de envelhecimento pode ser retardado, mantendo o pão "fresco" por mais tempo. Bt: Bacillus Turigiensis OGMs/TRANSGÊNICOS Preocupações de Biossegurança AMBIENTAL -Transferência de genes para espécies próximas, efeitos indesejáveis sobre outras espécies, vantagem adaptativa sobre as espécies silvestres (extinção, redução da biodiversidade), etc SAÚDE HUMANA -­ potencial alergênico e toxicológico dos OGMs e de alimentos produzidos com OGMs. Avaliação de risco Competência técnica (CTNBio) para avaliação e ponderação das possíveis conseqüências do uso da biotecnologia n n PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO: “Ausência de evidência” não pode ser tomada como “evidência da ausência” Rigor na contenção, precaução e prevenção, para evitar acidentes indesejáveis à saúde humana e ao meio ambiente Resolução Normativa Nº 01, De 20 De Junho De 2006 Dispõe sobre a instalação e o funcionamento das Comissões Internas de Biossegurança (CIBios) e sobre os critérios e procedimentos para requerimento, emissão, revisão, extensão, suspensão e cancelamento do Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB). A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), no uso de suas atribuições legais e regulamentares, resolve: CAPÍTULO I -­ disposições preliminares CAPÍTULO II -­ da comissão interna de biossegurança CAPÍTULO III -­ do técnico principal CAPÍTULO IV -­ do certificado de qualidade em biossegurança (CQB) CAPÍTULO V -­ disposições finais e transitórias ANEXO -­ Informações necessárias para obtenção do Certificado de Qualidade em Biossegurança -­ CQB. D E C L A R A Ç Ã O REQUERIMENTO DE AUTORIZAÇÃO PARA ATIVIDADES EM CONTENÇÃO COM OGM E SEUS DERIVADOS Resolução Normativa Nº 2, de 27 de novembro de 2006 Dispõe sobre a classificação de riscos de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) e os níveis de biossegurança a serem aplicados nas atividades e projetos com OGM e seus derivados em contenção. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, no uso de suas atribuições legais e regulamentares, resolve: CAPÍTULO I – Disposições Gerais CAPÍTULO II -­ da apresentação de proposta de atividades e projetos com OGM em contenção CAPÍTULO III -­ da ocorrência de acidente ou de liberação acidental CAPÍTULO V -­ dos níveis de biossegurança CAPÍTULO IV -­ da classificação de risco CAPÍTULO VI -­ dos níveis de biossegurança em grande escala CAPÍTULO VII -­ das instalações físicas e procedimentos em contenção para atividades e projetos com vegetais geneticamente modificados CAPÍTULO VIII -­ das instalações físicas e procedimentos em contenção para atividades e projetos com animais geneticamente modificados