Culinária tradicional Altieres Priprá Os alimentos

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Culinária tradicional
Altieres Priprá
Os alimentos tradicionais consistiam da caça, da pesca e da coleta de
tudo o que a vasta Mata Atlântica preservada oferecia. Os alimentos eram um
grande motivo de disputa territorial entre os povos indígenas da região sul. Os
povos indígenas que mais disputavam o território com o povo Laklãnõ/Xokleng
eram os povos Guarani e Kaingang. O povo Laklãnõ/Xokleng dominava a região
serrana, que ia desde o que hoje conhecemos por Curutiba, no Paraná, até Porto
Alegre no Rio Grande do Sul. A presença de muitas Araucárias, que produziam
o pinhão foi um dos principais fatores que definiu este território e motivou
embates com outros povos.
Os alimentos eram preparados de forma única e tinham que superar as
dificuldades da vida nômade pela mata. Com isso eles desenvolveram técnicas
de preparo e conservação eficientes e ágeis. A agilidade no preparo dos
alimentos fez com que o povo Laklãnõ/Xokleng resistisse nos tempos de
confronto pelo território, tanto a outros povos indígenas como a imigrantes e
bugreiros.
Eles
armavam e
desmontavam acampamento
rapidamente
conseguindo despistar quem os perseguia.
Os alimentos eram coletados por pessoas escolhidas e designadas pelo
Kujá (curandeiro ou chefe do povo). Estas tarefas eram distribuídas entre
homens e mulheres. A tarefa de limpeza dos alimentos era incumbência dos
homens e o preparo dos alimentos era tarefa das mulheres. Os homens eram
responsáveis por encontrar locais para o armazenamento dos alimentos
excedentes, que seriam guardados que seriam guardados no local escolhido até
a próxima passagem do grupo por aquela região, e também por outro grupo que
passasse por ali. Eles sempre deixavam sinais na mata para que todos
soubessem onde estavam os alimentos guardados. O principal alimento
guardado era o pinhão, que ficava dentro de um cesto colocado em um riacho.
A água auxiliava na conservação do pinhão.
A professora Miriam Vaicá Priprá, hoje com 48 anos de idade, conta que
ainda lembra dos tempos de criança, quando caminhava na mata com os seus
avós:
“Nós estávamos caminhando no mato, perto do rio e de repente os
homens saiam para perto do rio e tiravam e tiravam de dentro dele um balaio
cheio de pinhão. Tinham algumas folhas por cima. Eles tiravam um pouco para
matar a fome das crianças, para elas aguentarem a caminhada até chegar em
casa e depois guardavam o restante para o próximo grupo que vinha atrás.”
Quando o povo ia caçar e coletar na mata eles respeitavam e ainda
respeitam muito os espíritos da mata. Cada animal e cada planta possui um
espírito que precisa ser respeitado. Quando se sacrifica um animal ou uma planta
para alimentar o povo precisa conversar com eles e pedir permissão. O povo
também toma o cuidado de nunca caçar ou coletar além do necessário.
Hoje a alimentação do povo mudou bastante. Houve muitas influências
do contato e da convivência com outros povos indígenas e com a sociedade não
indígena. O milho e a mandioca veio com outros povos indígenas. Com as
culturas não indígenas vieram os alimentos industrializados, o sal, o açúcar,
cheios de corantes e conservantes. Esta última influência gera muitos problemas
à saúde da comunidade. Muitos hoje são obesos, têm pressão alta e até mesmo
câncer. A diminuição do território Laklãnõ/Xokleng diminuiu bastante a caça e a
coleta e obrigou o povo a mudar seus hábitos alimentares. Hoje todas as famílias
dependem de alimentos industrializados.
Os principais alimentos tradicionais são:
Akle – carne de caça
Gal ze pag – bolo de milho verde
Kaklo pag – peixe assado no caeté
Kapug – carne assada na taquara; pinhão assado na taquara
Kó jãle ve gla – aipim assado
Tutol – fubá torrado
Zág – pinhão
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