VÍRUS DO POLIOMA E TRANSPLANTE RENAL Luís Martins IPOFG EPE Laboratório de Virologia I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 27 de Novembro 2012 VÍRUS DO POLIOMA HUMANOS • BKV (B. K. virus) - 1971 • JCV (John Cunningham Virus ) - 1971 • KIV (Karolinska Institutet Virus ) - 2007 • WUV (Washington (W hi U i University i Virus Vi ) - 2007 • MCV (Merkel Cell Virus) – 2008 • SV40 (Simian Virus) – 1960 2 I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 27 Novembro 2012 VÍRUS DO POLIOMA | Família - Polyomaviridae y Nã tê Não têm envelope l – vírus í nús ú – com cerca de d 45 nm y Sã constituídos São tit íd por 72 capsómeros ó com simetria icosaédrica y S vírus São í a DNA A de d cadeia d i dupla d l com cerca de d 5000 bp - associado a diversas histonas celulares l l - H2a, H2 H2b, H2b H3 H3, e H4 ( Imperiale, 2001) 3 I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 27 Novembro 2012 VÍRUS DO POLIOMA | Organização genomica: y Região codificante | Proteínas Early y–p proteínas de regulação: g ç | | | Proteínas Late - proteínas estruturais | y | VP1,, V V VP2 e VP3 V 3 Região não codificante – Região controlo | | Large T antigen Small t antigen Contem a origem de replicação e local de ligação dos factores de transcrição Homologia de 72% entre o DNA de BKV e JCV Homologia de 80-94% de aa de BKV e JCV 4 I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 27 Novembro 2012 TRANSMISSÃO, PERSISTÊNCIA/LATÊNCIA, REACTIVAÇÃO | Transmissão: y A via de transmissão das infecções primárias podem ser, fecal oral respiratória, fecal-oral, respiratória transplacentaria ou a partir do tecido do dador (Vanchiere, 2005; Bofill-Mas, 2001; Bohl, 2005; Reploeg, 2001) | | Os primo - infecções geralmente são assintomáticas ocorrem na infância A seroprevalência aumenta com a idade (60 infância. (60-90% 90% dos adultos são seropositivos) (Knowles, 2003; Stolt, 2003) Persistência/Latência: y Durante D t a fase f de d virémia, i é i o vírus í infecta i f t os tecido t id alvo, l que incluem uroepitélio, o tecido linfóide, e o cérebro, estabelecendo infecções persistentes ou latentes (Reploeg, 2001; Eash, 2004) | Reactivação: y As reactivações estão directamente relacionadas com o estado imunológico do indivíduo. indivíduo Flutuações fisiológicas da função imune, como gravidez e envelhecimento podem contribuir o para o aparecimento de virúria, contudo, sem g clínico. significado I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 5 27 Novembro 2012 DOENÇAS ASSOCIADAS | BKV y y Cistites hemorrágicas N f Nefropatia i | y y y | A nefropatia associada ao BKV afecta cerca de 8% dos transplantados, provocando a rejeição do rim em 10-80% dos casos (Hirsch,2006) (Hi h 2006) Encefalites/Meningoencefalites Retinites Pneumonias JCV y y y Leucoencefolopatia multifucal progressiva Cistites hemorrágicas Nefropatia | Há poucos casos descritos de nefropatia associada ao JCV, pelo que há pouca informação acerca da real importância da sua reactivação ç em termos de transplantes p renais ((Drachenberg,g, 2007)) I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 6 27 Novembro 2012 REACTIVAÇÃO RENAL – TRANSPLANTE A virémia ocorre em 10%-20% dos transplantados p em 8%. renais e a nefropatia | A reactivação parece estar relacionada quer com o dador quer com o receptor. Os factores de risco parecem ser: | Altos títulos de anticorpo (anti-BKV) no dador; | Idade, Id d sexo ((masculino), li ) raça ((caucasiano) i )d do receptor; t | Factores de risco relacionado com o transplante Imunossupressão | | A virúria clinicamente silenciosa precede a nefropatia, permitindo identificar os pacientes em risco. i A presença de d vírus í circulante i l t é fundamnetal para o estabelecimento da nefropatia nefropatia. I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 7 27 Novembro 2012 DIAGNÓSTICO - CITOLOGIA URINÁRIA | Citologia urinária - “decoy cells” y Aumento do núcleo y Padrões de cromatina irregulares y Marginação da cromatina y Corpos de inclusão nucleares múltiplos de várias formas e tamanho y Um único corpo p de inclusão com forma de “olho de pássaro” y Vacúolos nucleares ((muito raramente)) y Vacúolos citoplasmáticos (muito comum)) I Curso de Virologia Molecular em Oncologia Vários corpos de inclusão no núcleo da mesma célula 8 27 Novembro 2012 DIAGNÓSTICO - MICROSCOPIA ELECTRÓNICA | Microscopia electrónica - virúria Marginação da cromatina. Os pontos cinzentos são partículas virais 9 I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 27 Novembro 2012 DIAGNÓSTICO – PCR EM TEMPO REAL | PCR em Tempo Real em urina e/ou plasma – viruria e/ouvirémia 10 I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 27 Novembro 2012 DIAGNÓSTICO – PCR EM TEMPO REAL | Virémia y A quantificação de DNA viral por PCR A presença de vírus circulante é fundamental para o estabelecimento da nefropatia. | A progressão da nefropatia está associada ao aumento do título de virémia. | Sugere-se Sugere se que títulos superiores a 104 cópias/ml estejam provavelmente associados a nefropatia. | 11 I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 27 Novembro 2012 DIAGNÓSTICO – TESTES NÃO INVASIVOS T t Teste Virémia- Detecção de DNA viral no Plasma (cópias/ml) V l de Valor d cutoff t ff VPP(%) VPN (%) ≥ 104 cópias/ml 50-85 100 ≥ 10 células 27-90 99-100 ≥ 107 cópias/ml 67 100 Citologia -Células Decoy Virúria- Detecção de DNA viral na Urina (cópias/ml) VPP – Valor Preditivo Positivo VPN – Valor Preditivo Negativo (Bohl, 2007) 12 I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 27 Novembro 2012 DIAGNÓSTICO – HISTOLOGIA | Histologia - Biópsia renal y Técnica “gold gold standart standart” para o diagnóstico da nefropatia Danos tubulares graves , tais como alterações necróticas no epitélio tubular (Setas vermelhas). pela seta azul), ), que q tem um núcleo Existem também células dentro do lúmen tubular ((indicado p bastante alargada e escuro. I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 13 27 Novembro 2012 DIAGNÓSTICO – HISTOLOGIA | Na presença de biópsia renal negativa associada a alta suspeita clínica, pode ser efectuada imunohistoquímica direccionada contra o BKV, utilizando a oa anticorpos co pos po policonais co a s a anti-SV40. SV 0. 14 I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 27 Novembro 2012 DIAGNÓSTICO | A replicação viral após o transplante renal ocorre geralmente “cedo” cedo e progride da seguinte forma: Virúria Virémia Nefropatia • Virúria p pode ser detectada p por: • PCR • Citologia • Microscopia electrónica • Virémia pode ser detectada por: • PCR • Nefropatia: •Biópsia renal Podem ocorrer casos, casos embora raros, raros de nepfropatia sem virémia ou de virémia sem virúria (Bohl, 2007) I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 15 27 Novembro 2012 DIAGNÓSTICO Nefropatia p Real Time PCR na Urina e no Plasma Urina : ≥ 107 cópias/ml Plasma: ≥ 104 cópias/ml (por mais de 3 semanas) P í l nefropatia Possível f i Plasma negativo: repetir PCR passadas 4 semanas (Hirsch, 2005) 16 I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 27 Novembro 2012 TRATAMENTO | O tratamento poderá passar por redução e/ou substituição dos imunossupressores após a detecção de virémia 17 I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 27 Novembro 2012 TRATAMENTO (Bohl, 2007) Desequilíbrio na supressão imunológica – Uma inadequada supressão imunológica pode resultal em rejeição, rejeição enquanto uma supressão excessiva pode resultar em nefropatia. Ambas as condições podem resultar em disfunção do enxerto, em nefrite tubulointersticial ou fibrose. I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 18 27 Novembro 2012 CONCLUSÃO A detecção de DNA na urina é muito sensível, embora apresente um valor preditivo positivo baixo. Uma vez que a sua detecção não reflecte necessariamente a presença de nefropatia. | Contudo, a detecção de DNA viral na urina , deve alertar o médico para verificar os níveis de virémia, bem como os níveis de creatinina. | O tratamento poderá d á passar por redução d ã e/ou / substituição dos imunossupressores após a detecção de virémia. virémia | y O maior problema da redução da imunosupressão é o risco de rejeição j ç aguda. g I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 19 27 Novembro 2012 The most important aspect of a virus particle is "The what it does. If you look at genomes, you are looking only at sequence structure " structure. Marc Van Regenmortel 20 I Curso de Virologia Molecular em Oncologia 27 Novembro 2012