OS ENSINAMENTOS DE BOAVENTURA E AS ALTERAÇÕES EDUCACIONAIS DO FINAL DO SÉCULO XIII Conceição Solange Bution Perin PPE/UEM Terezinha Oliveira DFE/PPE/UEM Palavras-chave: Boaventura; Idade Média; Educação; Ensinamentos Sagrados. Essa comunicação é um estudo sobre a educação na segunda metade do século XIII, e contempla alterações que evidenciaram algumas mudanças de comportamentos, que levaram homens da época a questionarem a nova forma de interpretação de mundo. São Boaventura de Bagnoregio (1217-1274), mestre da Universidade de Paris e seguidor das pregações de São Francisco de Assis, foi um dos grandes pensadores do período que procurou explicar aos indivíduos que as ações humanas não poderiam ser entendidas sem a explicação divina. Para tanto, esse autor, procurou mostrar aos homens do seu tempo que a fé em Deus e na Sagrada Escritura possibilitava a unificação do conhecimento interior (inteligência) com as atividades terrenas. Bougerol explicita melhor essa questão afirmando que, para Boaventura “[...] la sagesse infinie de Dieu gît em toute connassaince em toute activité de l’homme”. (BOUGEROL, 1963, p. 94). Logo, podemos considerar que os ensinamentos desse teólogo, acentuaram uma nova interpretação de mundo, entendendo que o eixo central, para ele, era os indivíduos saberem refletir sobre as palavras de Deus e fazerem uso de seus mandamentos. As discussões realizadas por Boaventura e a necessidade que o mesmo elencava sobre uma vida mais regrada pautada nos Ensinamentos Sagrados, se explicavam pela sociedade que ele presenciava no cotidiano parisiense, na qual evidenciava uma re/organização com valores e comportamentos voltados para bens materiais, devido ao desenvolvimento do comércio. Essas alterações de costumes evidenciavam as raízes de uma nova sociedade e, conseqüentemente, as prioridades centravam-se nas exigências voltadas para as atividades comerciais e citadinas. Desse modo, a descoberta, a circulação de dinheiro, a novidade de diferentes mercadorias, a proximidade e a necessidade de convivência com outras culturas e costumes apresentavam uma nova forma de agir, de pensar e de sobreviver. Essas mudanças, que já ocorriam há longo tempo, paulatinamente, mostravam-se mais fortalecidas e também explicitavam, cada vez mais, o sentido de pobreza que a sociedade apresentava. Isto é, a miséria estava expressa na população que não conseguia um meio de sobrevivência. Ser pobre, numa sociedade agrária, como a feudal, significava não possuir o mínimo de terra arável para sustentar a família. Some-se a isto o fato de que no período carolíngio o vocabulário das categorias sociais, ao distinguir o dominus do servus, atribuía ao primeiro a propriedade tanto da terra como do trabalhador, e deixava o segundo com direitos muito limitados, sem armas e até mesmo sem liberdades. Neste caso, o estado de pobre era apenas em parte dependente da situação econômica, e era tido como algo normal dentro da sociedade, a qual, através da Igreja, providenciava pelo sustento de tais pessoas. Porém, com o incremento do comércio, a monetarização da economia e o surgimento das cidades, os tempos mudaram. Ora, o crescimento da produção agrícola, a fim de sustentar as cidades nascentes, serviu para diferenciar ainda mais os camponeses – que constituíam a grande maioria da população – levando muito deles a uma situação de verdadeira miséria que acabou até por expulsá-los do campo. E, então no correr dos anos, com a economia de mercado, pobre tornou-se sinônimo de errante e vagabundo, geralmente perambulando pelas cidades à busca de subsistência (DE BONI, 2003, p.217-218). De Boni apresenta que o sentido de pobreza alterou-se com o desenvolvimento do comércio e das cidades. Aqueles que, anteriormente, eram considerados pobres por dependerem de um amparo econômico para sobreviver, aos poucos, passaram a ser considerados errantes. De Boni, ainda acrescenta que, foi nesse contexto de desenvolvimento econômico, nos maiores centros, que surgiram os movimentos religiosos de pobreza, nos quais, visava-se a pobreza como proximidade de Deus, seguindo os seus Mandamentos e obedecendo os seus princípios. Conforme De Boni, esses movimentos, que já se desencadeavam por grupos de cristãos no século XII, a partir do século XIII, um deles foi direcionado por Francisco de Assis e alguns companheiros que assumiram a pobreza como uma virtude. Alegavam que Cristo foi pobre e fez da pobreza um meio de se aproximar de Deus, demonstrando humildade, caridade e desapego aos bens materiais. De Boni, cita alguns regulamentos que Francisco de Assis estabeleceu, devido ao aumento de seguidores ao movimento e a preocupação de algum adepto não resistir à tentação aos bens materiais. [...] “Todos os irmãos, onde quer que estejam junto a outras pessoas, não sejam camareiros ou chanceleiros, nem presidamas honras daqueles a quem servem; nem aceitem qualquer cargo que provoque escândalos e prejuízo para a alma, mas sejam menores e submissos a todos os que residem na mesma casa [...]. Cuidem os irmãos de não se apossar de nenhum lugar ou coisa, nem tomem a defesa de propriedades alheias [...] Se encontrarmos dinheiro, não lhe demos importância e o consideremos com a poeira que calcamos aos pés [...] Quando for necessário, os irmãos peçam que Nosso Senhor Jesus Cristo [...] não se envergonhou. Foi pobre, peregrino, viveu de esmolas, ele com seus discípulos”. (SÃO FRANCISCO DE ASSIS Apud DE BONI, 2003, p. 218) A percepção de São Francisco coadunou com as possíveis questões que se sucederam, pois suas pregações sobre a palavra de Deus e a necessidade de aceitação à pobreza reuniram um número muito grande de seguidores, o que levou o movimento, aos poucos, a apresentar alguns desvios quanto aos regulamentos relacionados à conquista de bens. Após a morte de São Francisco, o movimento de pobreza persistiu com representantes que procuraram assumir o seu papel, mas, segundo Bougerol e De Boni, não conseguiram conduzir as regras estabelecidas por São Francisco, do mesmo modo que foi pregada por ele. Nesse contexto, de grandes questionamentos sobre o desapego aos bens materiais, na segunda metade do século XIII, Boaventura, integrante da ordem e um grande admirador de São Francisco e de suas pregações, assumiu o movimento e procurou seguir da mesma forma que ele o direcionava. Para Boaventura, São Francisco analisava que a vida deveria pautar-se na humildade, na pobreza, nos ensinamentos de Deus e nas ações que seguiam as de Cristo na terra. E, em sua obra Legenda Maior e Legenda Menor: vida de São Francisco de Assis, Boaventura observa que, A humildade, defesa e ornamento de todas as virtudes, havia cumulado o homem de Deus de bens superabundantes. Aos próprios olhos, era apenas um pobre pecador. Na realidade, porém, era o espelho resplendente de toda santidade. Como um arquiteto prudente, que começa pelas fundações, ele se empenhou de corpo e alma a construir unicamente sobre a humildade, conforme aprendera de Cristo. “O Filho de Deus, dizia ele, deixando o seio do Pai, desceu das alturas do céu até a nossa miséria para nos ensinar a humildade. Ele, que é o Senhor e o Mestre, tanto pelo exemplo quanto pela palavra.”Por isso, como verdadeiro discípulo de Cristo, procurava diminuir-se aos próprios olhos e dos demais [...] (BOAVENTURA, Introd. Les Six Jours de la Création, p. 56). Segundo Boaventura, São Francisco era um verdadeiro seguidor dos ensinamentos de Cristo, pois entendia que as virtudes eram o espelho da alma e que a humildade representava as ações de Cristo na Terra. Conforme De Boni, Boaventura e São Francisco pregavam sobre a pobreza, a desvinculação de qualquer bem ou poder, procuravam mostrar aos homens que os valores correspondentes à humildade, ao respeito para com os outros, estavam sendo esquecidos e desvalorizados. Para esses teóricos medievais, as questões do dia-a-dia e voltadas para o comércio, estavam, na maioria das vezes, centradas em preocupações que enalteciam os indivíduos com o poder, com a vaidade e outros sentimentos que não faziam parte dos ensinamentos cristãos. Esses ensinamentos, gradativamente, ganharam grande proporção social e, com isso, o movimento de pobreza adentrou na sociedade e seguiu até as universidades medievais e levaram mestres, como Boaventura, a discutirem sobre o desapego aos bens e ensinarem os discípulos a seguirem as palavras divinas, dentre vários ensinamentos cristãos sobre o amor, a caridade e a fraternidade. As universidades, nesse momento, representavam um local com uma grande diversidade cultural, pois estudantes e mestres vinham de vários países para receber ou dar ensinamentos conforme suas atividades. Assim, as corporações universitárias cresciam cada vez mais e causavam uma grande efervescência intelectual. Steenberghen, afirma que, O fenômeno da concentração escolar acentuava-se no século XIII: alguns centros de estudo assumem uma importância verdadeiramente excepcional. Vê-se afluírem lá os mestres e os estudantes; o ensino ganha aí um desenvolvimento novo; enfim e sobretudo, estes centros recebem uma organização jurídica análogo à das corporações de ofício. Tal é a origem das universidades (STEENBERGHEN, s.d., p. 90). Dentre as corporações universitárias, algumas, segundo Steenberghen (s.d., p. 90), tornaram-se célebres na Idade Média, sobretudo as da França (Notre-Dame e São Vitor). Os universitários ansiavam pelo saber, pela discussão sobre as questões, que prevaleciam nessa “nova” sociedade. Boaventura, nessa transição, compreendia que diferentes necessidades estavam postas pelo desenvolvimento do comércio e das cidades e que os homens desenvolveram exigências que abrangiam a conquista de novos espaços e de alterações no conhecimento, mas para esse autor, os ensinamentos de Deus não poderiam ser esquecidos e suas palavras deveriam ser seguidas. Inserido nesse cenário de grandes mudanças educacionais e como um dos docentes da universidade de Paris, Boaventura procurou tratar das questões divinas, contradizendo alguns mestres que mostravam o conhecimento pautado em uma divisão entre a Teologia e a Filosofia. O autor explicava a Teologia, mas fazia suas discussões fundamentadas na Teologia, pois ele procurava mostrar aos homens que os ensinamentos de Deus estavam na Sagrada Escritura. Para Boaventura, a reflexão (Filosofia) sobre as coisas terrenas, só poderia ser realizada por meio da Teologia, pois somente os Escritos Divinos esclareciam a existência de Deus. Para ele, Deus explicava todas as dúvidas humanas, pois ele deu a vida aos homens e deles a tirava. Segundo o autor, os seres humanos quando morriam voltavam a sua origem e para chegar ao paraíso, assim denominado por Boaventura, era necessário que o indivíduo soubesse percorrer o seu caminho na Terra e discernir os valores morais e intelectuais, conforme os ensinamentos deixados por Deus “[..] l’Esprit saint instruit l’homme prudent de ceux à qui il doit adresser sa prédication par où elle doit commencer, et où doit s’achever” (BOAVENTURA, Prémiere conférence, § 1). Partindo desse princípio, Boaventura apresentou afirmações e implicações acerca do poder que Deus exercia sobre a vida dos homens. Era necessário formular uma interpretação da Sagrada Escritura, um entendimento reflexivo das palavras nela contidas. Ele ainda afirma que a Teologia e a Sagrada Escritura eram distintas, porém se fundiam em uma só explicação, pois falavam de Deus e, portanto, não deveria haver distorção das palavras divinas, ou dos ensinamentos que Deus deixou aos homens “La théologie et l’Écriture sont distinctes, mais la structure de la théologie est celle de l’Écriture. La théologie et l’Écriture traitent de Dieu, elles sont unifiées par um même objet et non pas incertaines” (BOAVENTURA, Introd. Les Six Jours de la Création, p. 56). Boaventura discorreu sobre as definições do conhecimento cristão e de reflexão sobre os ensinamentos de Deus. Para ele, os dois temas: Teologia e Filosofia possuíam cada qual sua importância e os indivíduos necessitavam entendê-los e conciliá-los para tê-los como fundamentos à boa conduta e à conquista posterior do paraíso: “Para Boaventura, era impossível fazer uma filosofia que não se encontrasse de todo envolvida pela Teologia” (DE BONI, Obras Escolhidas, 1999, p. 33). Segundo o autor, a ciência, fundamentada nas explicações divinas, era um quesito primordial para toda essa compreensão, no sentido de que cada época se fundamentava em um entendimento voltado para uma explicação das próprias exigências. Ele afirmou que as ciências de épocas anteriores favoreciam uma estrutura para o entendimento de períodos posteriores. Isto é, para o autor, cada momento desenvolvia uma ciência a qual entendesse as questões que estavam vigentes e, segundo ele, o desenvolvimento humano e intelectual se pautava nas conquistas realizadas pelas descobertas das ciências mais complexas. Les sciences antérieures fournissent leurs principes aux science postérieures. Et dans cette hiérarchie nouvelle les sciences antérieures sont plus simples et les plus élémentaires, celles qui servent d’instruments aux sciences plus complexes (BOAVENTURA, Introd. Les six Jours de la Création, p. 59). Boaventura analisou a ciência como prioridade essencial para a vida do homem, pois por meio da ciência o mesmo conseguia refletir sobre o universo. Dessa forma, ele procurou avaliar a necessidade de entender o mundo em uma época com prioridades voltadas, em grande parte, para o dinheiro, o conforto e para o luxo, por meio das explicações de Deus. Para Boaventura, o homem precisava da sabedoria e do conhecimento, mas esses sentimentos seriam bem usados quando tivessem a elevação e o reconhecimento de Deus. Portanto, era necessário que os indivíduos soubessem interpretar as palavras do Criador. Portanto, aquele que quer elevar-se a Deus deve evitar o pecado que desfigura a natureza [...] para adquirir pela oração a graça que reforma, por uma vida santa a justiça que purifica, pela meditação a ciência que ilumina, pela contemplação a sabedoria que aperfeiçoa. E, como ninguém chega à sabedoria sem a graça, sem a justiça e sem a ciência, assim também ninguém pode chegar à contemplação sem uma meditação profunda, sem uma vida pura e sem uma oração fervorosa. Ora, a graça é o princípio da retidão da vontade e da iluminação da inteligência. Por conseguinte, devemos antes de tudo orar, depois viver santamente e, enfim, aplicar nosso espírito às belezas da verdade e nos elevar gradativamente, contemplandoas, até chegarmos à montanha excelsa, onde se vê o sumo Deus no esplendor de sua glória (BOAVENTURA, Itinerário... cap. I, § 8). As discussões desse autor revelavam a angústia de presenciar uma mudança na educação dos homens, no que diz respeito a uma nova forma de pensar, de agir e de se relacionar. Nesse sentido, Boaventura compreendeu que as questões que estavam se evidenciando, principalmente às voltadas para o comércio, dificilmente seriam mudadas, pois já estavam inseridas no dia-a-dia. Entretanto, a fé em Deus e o entendimento das suas palavras não poderiam deixar de ser estudadas e compreendidas reflexivamente, analisando que o homem foi criado por Deus, e que a ele um dia retornaria. O percurso terreno, segundo Boaventura, deveria ser realizado como o Criador deixou revelado pelas Suas Palavras. Isto é, sempre buscar os bons sentimentos para o bem do espírito, não o caminho que priorizasse os bens materiais e sentimentos considerados como maus, por exemplo, de vaidade, de inveja, de ganância, de ira etc. Desse modo, esse autor se fundamentou na Bíblia, para mostrar que na criação do indivíduo, foi dado a este a sensibilidade de analisar as substâncias do mundo, por meio dos sentidos e que essa sensibilidade revelava o prazer, o desejo, a beleza e vários outros sentimentos. Boaventura explicita essa idéia fazendo o seguinte comentário, Deve-se notar em primeiro lugar, que este mundo sensível, chamado <<macrossomo>> - isto é, grande mundo – penetra em nossa alma, denominada <<microssomo>> - ou seja, pequeno mundo – pela porta dos cinco sentidos, de três maneiras: pela percepção das coisas sensíveis, pelo prazer que a alma experimenta nesta percepção e pelo juízo que destas coisas ela faz. [...] Quando a percepção tem por objeto uma coisa que nos convém, então ela vem acompanhada de prazer. Efetivamente, o sentido se compraz no objeto percebido mediante a imagem ou semelhança abstraída dele, seja por causa de sua beleza – quando se trata da vista – seja por causa de sua suavidade – como no olfato e no ouvido – seja por causa de sua salubridade – quando se trata do gosto e do tato. Mas a razão de todo prazer é a proporção. Ora, a imagem donde provém o prazer é simultaneamente forma, virtude e ação. É forma em relação ao objeto donde emana. É virtude ou potência em ordem ao meio pelo qual passa. É ação em razão ao término sobre o qual age (BOAVENTURA, Itinerário..., cap. II, § 25). O juízo a que Boaventura se refere era o uso da razão para entender e discernir o necessário para a sobrevivência e aquilo que era dispensável e que, muitas vezes, traria o prazer, o desejo, mas sem benevolência para a própria vida e para a vida de outrem. O juízo segue à percepção e ao prazer. Com o juízo não se julga apenas se uma coisa é branca ou preta – o que pertence a um sentido particular – ou se é nociva ou benéfica – o que é próprio do sentido interior ou comum. Mas também se julga e se dá a razão do por que essa coisa nos é agradável. Com o juízo, portanto, procuramos a causa do prazer que a percepção dum objeto nos faz experimentar (BOAVENTURA, Itinerário... cap. 2, § 6). . Logo, o conhecimento humano estava pautado em Deus, no sentido de que, se havia juízo, inteligência ou a possibilidade do homem julgar, entender o que era favorável para ele ou para a sociedade, era porque o Criador deu aos humanos essa propriedade. Portanto, conforme o autor, era preciso o amor. O amor era a verdadeira sabedoria e era o início e fim de tudo, pois o amor fazia com que os homens agissem para o bem, voltados para sentimentos que envolvessem ações e comportamentos sem os pecados que o Ser Supremo exaltava nas suas Sagradas Palavras. Nesse sentido, segundo a análise do autor, em todas as suas obras, sobre o amor como um comportamento humano e primordial para todas as questões terrenas e divinas, talvez de maneira mais especial em Itinerário da mente para Deus, na qual Boaventura revela que a sabedoria só se torna verdadeira quando realizada por meio de objeto de amor, demonstrado com sincera invocação aos santíssimos mandamentos. O amor para Boaventura representava a vida regrada, sem pecados, de boa convivência e de preocupação com o próximo. O desenvolvimento do comércio, o anseio pela descoberta e aventura, pautadas nas negociações voltadas para o dinheiro, o luxo e a riqueza, desfavoreciam as atitudes de proximidade, de caridade, de invocação da Graça Divina, e outros estados de consciência que inspirassem o amor nesse sentido. Os homens centravam os seus interesses em disputas e conquistas de poder. Essas questões, para Boaventura, poderiam ser entendidas pelos indivíduos, porém, para tanto seria necessário fazer uso da reflexão, ter sabedoria e para isso era preciso o desenvolvimento intelectual. Esse autor, considerado, por vários autores, dentre eles Bougerol e Marc Ozilou, como um dos maiores intelectuais da universidade de Paris, do século XIII, pôde, por meio de seus ensinamentos mostrar à seus ouvintes a possibilidade de entender o mundo sob as instruções deixadas pelo Filho de Deus. Para esse autor, algumas questões que estavam sendo discutidas dentro da Universidade Parisiense, apesar de serem essenciais para o crescimento intelectivo dos homens, discordavam pela falta de reflexão sobre a metafísica1, sobre os mandamentos de Deus aos homens. A partir dessa análise, Boaventura fez intervenções, por meio de conferências, avaliando as discussões que estavam sendo realizadas e contradizendo alguns dos ensinamentos lá veiculados que ele denominou de “desastres na Teologia”. La philosophie d’Aristote, commentée par Averroès, avait conquis la Faculté des Arts. La dialectique et la physique, études primordiales dans cette Faculte, n’étaient qu’occasion d’aborder lês problèmes métaphysiques et, outrepassant lês limites de la philosophie, de pénétrer sur le terrain de la théologie. L’infraestructure de toutes les études philosophiques dês maîtres ès arts étant l’interpretation averroïeste d’Aristote, le courant doctrinal, qui en est issu, reçut le nom d’averroïsme latin. Ce courant provoquait de véritables désastres em théologie (BOAVENTURA, Introd. Les Six Jours de la création, 1991, p. 91). De acordo com o autor, estava ocorrendo um grande distanciamento da Bíblia e uma valorização da lógica de Aristóteles, comentada por Averrois. Boaventura citou diversas vezes Aristóteles em suas obras e em alguns pontos discordou de sua concepção: “Discorda [...] quando julga necessário, por parecer-lhe contrário à fé cristã, como quando fala de Deus [...]” (Boaventura APUD DE Boni, 1999, p.31). Porém, a questão suscitada era sobre a interpretação que os averroístas faziam na universidade de Artes e que levavam a dúvida sobre a existência cristã. Boaventura teve, durante a sua vida, a preocupação da unidade do saber cristão. Para um pensador cristão, a filosofia não poderia ser mais que um elemento, uma etapa na aquisição da sabedoria integral. Boaventura condenou, cada vez mais 1 “Neste meio [Cristo} consiste toda metafísica, isto é, o conhecimento último da emanação, da relação com o exemplar e da realização final: partir do supremo, passar pelo supremo e retornar ao supremo” (BOAVENTURA APUD DE BONI, 1999, p. 38-39). severamente, os filósofos que queriam fazer da filosofia uma sabedoria completa e separada (STEEMBERGHEN, s/d, p. 106). Dentro e fora da universidade, pairava formulações sobre a existência de Deus e da alma. Com isso, a Filosofia e a Teologia se distanciaram e as dúvidas entremearam os homens. Logo, a credibilidade por tudo que era abstrato, passou a ser questionada pela sociedade. A compreensão, posta por Boaventura, que interpretava a Teologia vinculada à reflexão das coisas terrenas, leva-nos a analisar a importância de suas afirmações e suas conferências como embate no interior das universidades, no sentido de explicar o mundo fundamentado nos ensinamentos da Sagrada Escritura. Para ele, Toda a dádiva preciosa e todo dom perfeito vem de cima, descendo do Pai das luzes, diz São Tiago, no capítulo primeiro. Nestas palavras alude-se à origem de toda a iluminação e, ao mesmo tempo, insinua-se com elas a liberalidade com que múltiplas luzes emanam daquela luz primeira, fonte de toda luz. Embora toda a iluminação do conhecimento seja interna, podemos contudo introduzir uma distinção de razão e dizer que há uma luz exterior, a luz da arte mecânica; uma luz inferior, a luz do conhecimento sensitivo; uma luz interior, a luz do conhecimento filosófico; e uma luz superior, a luz da graça da Sagrada Escritura. A primeira luz ilumina no que se refere às figuras ou objetos artificiais; a segunda, no que se refere à forma natural; a terceira, no que se refere à verdade intelectual; e a quarta e a última, no que se refere à verdade da salvação (BOAVENTURA, Redução das ciências.... § 1). Segundo Boaventura, Deus é a luz maior de tudo e de todos, mas que dessa luz derivam-se várias outras. A partir dessa luz maior ele explica todas as outras luzes a que se refere, em uma ordem crescente de importância, e diz que a primeira supre as necessidades do proveito e do prazer do corpo. A segunda, está relacionada com os cinco sentidos e faz com que os homens percebam as formas corpóreas, vindas do exterior para a luz interior, isto é, a sensibilidade interna de cada ser humano. A terceira luz é aquela que diz respeito ao conhecimento filosófico “[...] que se chama interior, porque inquire as causas interiores e secretas, o que se obtém pelos primeiros princípios das ciências e da verdade natural [...] (Boaventura, 1983, p.209)”. Para o autor, essa luz divide-se em racional, natural e moral, podendo ser entendido que a filosofia racional proporciona a compreensão do discurso, a natural o entendimento das coisas na sua totalidade e moral é a dos costumes. O conhecimento filosófico pode ainda ser entendido de três maneiras: enquanto rege o entendimento das faculdades motoras é moral; quando relacionado o conhecimento próprio, é natural; quando se insere na faculdade interpretativa, é discursivo. O conhecimento filosófico discursivo, para Boaventura, exprime a reflexão que os indivíduos conseguiam fazer da própria vida, pois expressava o seu entendimento interior por meio da palavra oral ou escrita. Desse modo, quando bem interpretado, confere à compreensão da fé em Deus e de seus ensinamentos e poderá expressar o amor ou ódio “[...] por isso, a filosofia discursiva, ou racional, divide-se em gramática, lógica e retórica, sendo que a primeira ordena à expressão, a segunda à instrução e a terceira à persuassão” (BOAVENTURA, Redução das ciências... § 4). De acordo com Boaventura, a gramática, a lógica e a retórica cumprem funções essenciais para o desenvolvimento intelectual, pois a gramática envolve a apreensão, a lógica o julgamento e a retórica a função motiva. Logo, as três devem fazer parte do discurso reflexivo, a fim de complementarem, segundo o autor, a sua veracidade e a elegância com que se conduz essas três luzes. A quarta e última luz, que deriva da luz maior, pela ordem descrita, representa a de maior importância, pois é a luz da Sagrada Escritura e é aquela que conduz os objetivos superiores e que, também, é tripartida em sentidos espirituais da seguinte forma: o alegórico, o moral e o anagógico. Esses três sentidos, Boaventura explica desse modo, A quarta luz, que ilumina acerca da verdade sobrenatural, é a luz da Sagrada Escritura, a qual é chamada de luz superior pelo fato de conduzir a objetivos superiores, manifestando o que está para além da razão e também pelo fato de descer do Pai das luzes não pela descoberta humana, mas por inspiração divina. Esta luz, embora seja uma segundo o sentido literal, é contudo tríplice segundo o sentido espiritual e místico. Portanto, em todos os livros da Sagrada Escritura, além do sentido literal, que as palavras expressam exteriormente, encerram-se três sentidos espirituais, a saber: o alegórico, pelo qual se nos ensina o que devemos crer a respeito da divindade e da humanidade de Cristo; a moral, pelo qual se nos ensina como devemos viver; e o anagógico, pelo qual se nos ensina o caminho para aderir a Deus. Donde se deduz que toda a Sagrada Escritura nos ensina estas três coisas: a geração eterna e a encarnação de Cristo, a norma de viver, e a união entre Deus e a alma. A primeira refere-se à fé e a segunda aos costumes; sobre a segunda, a dos pregadores; sobre a terceira, a das almas contemplativas (BOAVENTURA, Redução das ciências... § 5). As discussões do autor levam a compreendermos que a luz divina conduzia todas as outras e era aquela que estava além do que o homem podia entender pelos olhos da razão. O autor ainda acrescenta que a luz, a princípio dividida de forma quádrupla, pode ser entendida por uma divisão de seis partes, pois para ele essa luz se referia à luz da Sagrada Escritura, à luz do conhecimento sensitivo, à luz da arte mecânica, à luz da filosofia racional, à luz da filosofia natural e à luz da filosofia moral “Portanto, há seis iluminações nesta vida, e elas terão ocaso [...] e suceder-lhe-á o repouso do sétimo dia, que não conhece o ocaso, o que é a iluminação divina” (BOAVENTURA, Redução das ciências... § 5). Para Boaventura, a luz maior, superior a tudo e a todos, era a luz divina, enviada por Deus e depois dividida, hierarquicamente, em demais luzes que determinavam uma seqüência para a estabilidade humana como filhos de Deus e, portanto, seus seguidores para a possibilidade de retornarem ao seu Criador. Acordando com a explicação do autor, podemos entender que a ordem das luzes, estabelecida por ele, relacionava-se com a ordem da criação do mundo e que, desse modo, a luz da Sagrada Escritura era a primeira formação. A segunda trata sobre a sensibilidade dos homens para crer e ter a fé cristã, essa luz vem do coração, da alma unificada a Deus e que provinha da sensibilidade de poder discernir o que era ruim e o que era bom para si e para o próximo. A terceira era a luz mecânica, voltada para a produção. A produção, conforme Boaventura, só era possível ser realizada pela mente, pois para ele, tudo que se produzia era anteriormente mentalizado e programado intelectivamente. Essa luz explicava, também, a credibilidade em Deus, isto é, a produção realizada na mente era produzida por meio de imagem, logo, o Criador, deu ao homem a possibilidade de, mentalmente, criar imagens “[...] e pelo qual produziu não só criaturas que têm razão de imagem, a fim poderem assemelhar-se a ele pelo conhecimento e pelo amor [...] Se considerarmos o fruto da arte mecânica, poderemos ver aí a união entre a alma e Deus” (BOAVENTURA, Redução das ciências... § 14). A quarta luz era a filosofia racional, que era explicada tendo como ponto principal o discurso. Ao analisar esse objeto, o autor visualizava três níveis de importância, quais sejam: o orador, que necessitava da mente para a formação da palavra e que, portanto, vinha também, do interior para o exterior; a pronúncia, referida ao ouvinte, pois se a palavra era ouvida, era porque o orador, por via intelectível, favorecia ao ouvinte entender sua mensagem e, quando bem proferida, era bem recebida pelo coração de quem a escutava. Desse modo, os dois últimos níveis se revelam pelo poder da palavra e pela possibilidade dessas palavras serem bens proferidas e entendidas pelo ouvinte. A quinta luz prossegue desse raciocínio e contempla a filosofia natural “cujo objeto principal são as razões formais na matéria, na alma e na sabedoria divina” (BOAVENTURA, Redução das ciências... § 19). Assim, para esse autor, a filosofia natural se explicava pela unificação da alma racional com a matéria corporal. Para ele, o homem precisava saber agir reflexivamente, com bons sentimentos, para unificar o intelecto com o corpóreo. Sendo que, os indivíduos que conseguiam essa união levavam o seu espírito à possível perfeição e que, dependeria da alma receber a luz divina, ou o conhecimento de Deus para se unir em perfeita harmonia à matéria. A sexta e última luz, para completar o ciclo, era a filosofia da moral. Esta, para Boaventura, correspondia as palavras pronunciadas por Santo Anselmo “é a retidão da vontade” (BOAVENTURA, Redução das ciências... § 23). A retidão referia-se a forma como o indivíduo conduzia as suas ações, para ser reto, colocar Deus como mediador de tudo em sua vida. O autor explica que o sentido de reto, também, na postura física do homem, ou melhor, poderia estar na estatura do homem, pois nessa acepção considerava-se Deus no alto e a mente do homem, cabeça em sentido reto, unindo Deus e o homem. Pelo que estas seis iluminações podem reduzir-se muito apropriamente às seis formações ou iluminações, pelas quais o mundo foi criado, de tal forma que o conhecimento da Sagrada Escritura corresponda à primeira formação, a saber, à formação da luz, e assim sucessivamente se passe por ordem às demais. – E assim como todas aquelas formações tiveram origem de uma única luz, assim também todos estes conhecimentos ordenam-se ao conhecimento da Sagrada Escritura, e de modo especial quanto à compreensão de seu sentido anagógico, pelo qual toda a iluminação refere-se a Deus, de quem teve seu princípio. E, portanto, aí se fecha o círculo, e completa-se o número seis e, conseqüentemente, se atinge a estabilidade perfeita (BOAVENTURA, Redução das ciências... § 7). . Boaventura fazia correspondências sobre o homem como uma totalidade de corpo e mente. Tratava do corpo e da mente e mostrava a necessidade da unificação de ambos para uma estabilidade. Com isso, esse autor, chamado por estudiosos, como exemplo Bougerol, de místico, estabelecia uma conjuntura de pontos entre o divino e o terreno e explicava cada um deles por meio das palavras de Deus. Também, revelava e tentava provar com argumentações fundamentadas, que o homem, assim como todas as coisas, foram criadas por Deus e que um dia a ele iriam voltar. Entretanto, para Boaventura, isso só ocorreria com perfeição se os indivíduos soubessem como agir na terra. Para tanto, ele trabalhou em suas obras, sempre fazendo relações necessárias para o uso do intelecto e a purificação da alma. Sendo que, o uso da reflexão favorecia a boa compreensão da Sagrada Escritura e levava a colocar Deus como mediador de todos os costumes e ações. Dessa forma, as discussões boaventurianas, revelam uma preocupação com a educação dos homens do século XIII, ao mostrar aos indivíduos que a vida terrena deveria perpassar pelos ensinamentos cristãos, sempre pensando na sociedade e na forma como suas ações comprometeriam e auxiliariam para a convivência com o amor e a fraternidade. As questões postas por Boaventura não se resumiam à junção de outros debates que levantavam dúvidas acerca da existência de Deus, mas sim, pautava-se em ensinamentos, que mostravam a necessidade de revelar à uma sociedade com mudanças de comportamentos e de sentimentos que as alterações sociais não, necessariamente, encaminhavam as pessoas à descrença divina. Segundo o autor, as transformações ocorriam, mas tudo que se transformava e era alterado pelos homens só era possível porque Deus oportunizou, por meio da sabedoria divina, essas mudanças. […] l’Écriture parle de lui comme l’exemplaire, en lequel vit toute créature dans les formes éternelles. Ainsi qu’il est écrit au chapitre premier de l’Evangile selon saint Jean: “Ce qui fut en lui était la vie”. Mais il vit par connaissance et par amour, et celui qui nie cela, nie la prédestination éternelle. En effet, Dieu connaît éternellement la créature et l’aime parce qu’il l’a preparée à la gloire et à la grâce (BOAVENTURA, Douzième Conferènce, § 7). Por essas afirmações, verificamos que a preocupação de Boaventura era mostrar aos homens, de sua época, que os ensinamentos divinos prevaleciam para entender o Universo como um todo e, estabelecia, assim, duas vias distintas para explicar o mundo: a Teologia, que se fundamentava nas explicações por meio da religião, e a Filosofia, que procurava explicações pelo plano do entendimento da natureza, propiciada pelo poder divino. Sobre a Filosofia, Boaventura esclarece: [...] elle consiste en effet dans l'étude de la nature. On ne peut pas dire que la philosophie naturelle soit sans objet, ni que l'univers des choses sensibles, tel qu'elle lê considere, se réduise à une purê illusion, mais l’objet qu’elle s'assigne, consideré prècisément et en lui même, est ncomplet, et elle l'absorbe par un tel biais que ce qui lui pourrait conférer une véritable intelligibilité cesse d'être visible (BOAVENTURA, Introd. Les Six Jours de la Création, p. 39-40). O autor defendia a Filosofia de maneira que ela possibilitasse um entendimento das questões terrenas pela via espiritual, ou seja, o caminho de todas as explicações se pautava na inteligência Suprema a filosofia sensitiva deveria ser compreendida por meio das coisas visíveis que Deus criou. Los seres finitos son distintos de Dios y distiontos entre si (pluralismo). Constituyen sombras, imagens, vestígios de la divinidad, y San Buenaventura se dedica incansablement a descubrir el parentesco que enlaza a la creatura com el Creador. Em ningún momento es interpretado por si mesmo el ser limitado; siempre se acentua la función divina que da acabado y sustento a su realidad y atividad (WULF, 1945, p. 102-103). Conforme a citação acima, Boaventura procurava justificar que o ser e a natureza, enquanto finitos, não se explicavam por si só, pois a sustentação da sua realidade estava pautada naquele que possibilitou sua existência. Quando o autor se reporta a essas discussões, a sua sensibilidade demonstra a preocupação por sentimentos que estavam sendo postos em dúvida, ou seja, Deus como Criador de tudo. A compreensão, posta por Boaventura, que interpretava a Teologia vinculada à reflexão das coisas terrenas, leva-nos a procurar entender qual a influência do seu pensamento na segunda metade do século XIII para a educação da época e que importância tiveram suas afirmações no interior das universidades, no sentido de explicar o mundo fundamentado nos ensinamentos da Sagrada Escritura. Podemos dizer que, Boaventura representou um dos mestres, dentro da Universidade de Paris, que procurou entender as alterações tratadas pelos homens, mas que, ao mesmo tempo, justificava o conhecimento, pautado na Sagrada Escritura, como necessário para direcionar as atitudes humanas. O autor apontava aos indivíduos que o entendimento, a sabedoria era necessário para a reflexão e que o pensamento reflexivo, favorecia a compreensão sobre a importância e interpretação da Sagrada Escritura para as ações dos homens na terra. Assim, a sociedade poderia caminhar pelos preceitos cristãos. Logo, os ensinamentos perpassados por esse autor dentro da Universidade de Paris, auxiliaram os homens, da segunda metade do século XIII, a refletirem sobre as questões sociais que estavam prevalecendo, e a compreender que os valores cristãos deveriam ser entendidos e seguidos para paz individual e coletiva. Conseqüentemente, as alterações educacionais eram exigidas, pois uma outra compreensão de mundo era preciso, nesse momento de re/organização social. Nessa perspectiva, este trabalho contempla algumas interpretações suscitadas por Boaventura, na segunda metade do século XIII, e analisa a re/organização social realizadas pelo autor, avaliando suas contestações e suas afirmações, que mostram a necessidade de entender Deus como criador de tudo e de todos. Referências BOAVENTURA DE BAGNOREGIO. Escritos Filosóficos-Teológicos. Trad. De Boni, L. A. Porto Alegre: Edipucrs, 1999. BOUGEROL, J.G. St Bonaventure: et La sagesse chrétienne. France : Aux Éditions du Seuil, 1963. DE BONI, L. A. Introdução. In: BOAVENTURA DE BAGNOREGIO. Escritos Filosóficos-Teológicos. Porto Alegre: Edipucrs, 1999. DE BONI, L. A. De Abelardo a Lutero. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003. OLIVEIRA, T. As Universidades na Idade Média (séc. XIII). São Paulo/Porto: Ed. Mandruvá, 2005. OZILOU, M. Introduction. In: SAINT BONAVENTURE. Les six jours de la création. Paris: Desclée/Clerf, 1991. SAINT BONAVENTURE. Les six jours de la création. Paris: Desclée/Clerf, 1991. SÃO BOAVENTURA. Obras Escolhidas. Org. Luis A. De Boni. Caxias do Sul : Livraria Sulina Editora, 1983. SÃO BOAVENTURA. Legenda Maior e Legenda Menor: vida de São Francisco de Assis. Petrópolis: Vozes, 1979. STEENBERGHEN, F. V.. História da Filosofia- período cristão. Trad. J.M. da Cruz Pontes. Lisboa: Gradiva, s/d. WULF, Maurice de. Historia de la Filosofia Medieval. Trad. Jesús Toral Moreno. México, Editorial Jus, 1945.