Texto 19 - São Boaventura (1217/21-1274) “[São Boaventura] é contra uma filosofia não cristã e contra uma razão auto-suficiente, incapazes de captar no mundo o signum, as pegadas de Deus” (Reale) Propiamente Giovanni Fidenza, llamado «Buenaventura», quizá por san Francisco de Asís mismo, a cuya orden pertenecía. Una de las figuras centrales del apogeo de la filosofía escolástica del s. XIII; teólogo y filósofo de la orden de los franciscanos, al que la tradición otorgó el título de «doctor seráfico». Nació en Bagnorea, o Bagnoregio, cerca de Viterbo, en la Toscana (Italia) y estudió en París, de 1232-1246, donde fue discípulo de Alejandro de Hales, a quien llama «maestro y padre», y en donde ingresó en la orden franciscana. De 1253 a 1255 enseña en París por la misma época en que lo hace Tomás de Aquino, nombrados ambos por el papa, que medió en la discusión que se produjo entre órdenes mendicantes y clero secular que se disputaban la enseñanza en la universidad de París. Uno y otro encarnan dos enfoques distintos de la filosofía escolástica, que se perpetuaron en sus respectivas órdenes religiosas; ambos mueren el mismo año. Su Comentario a las sentencias, se considera un modelo de comentario escolástico a las sentencias de Pedro Lombardo; y sus Colaciones sobre los diez mandamientos, [conferencias], constituyen un ataque al aristotelismo averroísta (ver texto ) y a diversas «sectas heréticas» que se oponen a la fe: Buenaventura es un místico que, al hacer teología, razona sus creencias bajo el lema agustiniano de «no entenderéis si no creéis», con el trasfondo de los principios filosóficos de Agustín de Hipona y del «Aristóteles» platónico de Avicena. En su Itinerario de la mente hacia Dios, o camino que sigue la mente para ir a Dios, escrito en el monte Alvernia, escenario de fenómenos místicos para los franciscanos, no tiene reparos en fundir la mística con la filosofía, como habían hecho ya la escuela de san Víctor y san Bernardo en el s. XII, y al exponer el séptimo grado de subida hacia Dios deja el entendimiento para atribuir la llegada sólo al corazón, al éxtasis. Esta síntesis de pensamiento y mística, propia de san Buenaventura, pasó a caracterizar lo que se denominó escuela franciscana de la escolástica, entre cuyos autores principales están Roberto Kilwardby († 1279), Guillermo de la Mare († 1928), Juan Peckham († 1292) y Mateo de Aquasparta (1240-1302). Juan Duns Escoto, de la misma orden y tendencia, representa una nueva interpretación de Aristóteles y una mayor racionalización del pensamiento. Extraído de: Textos de Diccionario Herder de filosofía Colaciones sobre el Hexámeron, colación 6 (en F. Canals Vidal, Textos de los grandes filósofos. Edad Media, Herder, Barcelona 1979, p. 84-86). São Boaventura e os vértices da Escola Franciscana São Boaventura (1217/18 – 1274) inspira-se na tradição platônico-agostiniana, da qual retoma sobretudo a teoria das Idéias e o conceito geral de dependência do mundo em relação a Deus. Ele funde estes temas em um pensamento orientado em sentido místico, no qual a fé tem proeminência e a razão é instrumento da fé. O objetivo polêmico de Boaventura é o aristotelismo em geral, enquanto filosofia da autonomia do mundo, e o averroísmo em particular, por causa de algumas teses que claramente contradiziam os dogmas cristãos (unidade do intelecto passivo, eternidade do mundo, etc.). O paradigma que Boaventura propõe é o de um mundo que seja signium Dei e de uma filosofia que alimente o sentido religioso: tal lhe parecia ser o pensamento agostiniano e platônico. O Aristotelismo se afasta da verdade no momento em que nega a doutrina das Idéias (como pensamentos de Deus), porque negar as Idéias significa reduzir Deus a causa final do mundo e, portanto, afundar o mundo em uma espécie de fatalismo no qual não há lugar para a liberdade e para a responsabilidade humana. Também a unidade do intelecto potencial é conseqüência da negação das Idéias e isto torna impossível o juízo individual depois da morte. Deus é semelhante a um artista que cria aquilo que pensou e participa ao criado parte de si: o mundo, pó sua vez, reflete a Trindade que o criou em proporções diversas, ou como vestígio (o mundo externo), ou como imagem (as realidades espirituais), ou como semelhança (as realidades transcendentes e deiformes). Estes sinais analógicos de Deus espalhados no mundo podem ser seguidos pelo homem como um itinerário da mente para Deus; todavia, a condição para que isso aconteça é a de não perder o sentido da sacralidade do mundo. Com efeito, mesmo a parte material do mundo não é totalmente informe, porque Deus já a equipou, no momento da criação, das razões seminais que correspondem a um início de forma (ratio seminalis), que dirige a ação das causas naturais. A natureza sacral do mundo faz com que a intuição dos objetos (exemplados) leva à “cointuição” dos modelos divinos (exemplares). Apenas nesta direção, ou seja, graças à luz divina, podese captar os universais (por exemplo, a idéia de perfeito, necessário, etc.), que não se encontram na natureza e que também são necessários ao conhecimento. Como fundamento do conhecimento intelectivo está o conceito de ser, é a irradiação do ser absoluto em que estão todas as Idéias, mas das quais não conseguimos ter um conhecimento adequado. Uma vez que tudo fala de Deus, o filósofo não tem necessidade de provar sua existência, e sim sua presença no mundo, e sobretudo em nossa alma (o homem é imagem de Deus). Por meio deste contato particular com o divino, a alma goza de certa autonomia em relação ao corpo e existe por si. Por conseguinte, tanto a alma como o corpo são compostos de matéria e forma. Boaventura e Tomás: “uma” fé e “duas” filosofias É a partir de Cristo que Boaventura olha e lê a história do homem e do universo inteiro. A filosofia de Boaventura, portanto, é filosofia cristã. Boaventura é um cristão-que-filosofa e não um filósofo-que-é-também-cristão. Ele é um místico. Olha o mundo com os olhos da fé. A razão é instumentum fidei: a razão lê aquilo que a fé ilumina, é gramática escrita com o alfabeto da fé. Por isso, pode-se compreender perfeitamente por que as filosofias de são Boaventura e de santo Tomás, de certa forma, são incomensuráveis para usar uma expressão da epistemologia contemporânea. Naturalmente, há pontos em comum, pois trata-se de dois filósofos cristãos. E toda ameaça contra a fé os encontra unidos. Mas essa concordância se dá a propósito das linhas, não da forma. Os dados são os mesmos, mas vistos sob luz diferente. Em 1879, Leão XIII falou de Tomás e Boaventura como de duae olivae et duo candelabra in domo Dei lucentia. Mas o que se deve destacar logo é que os dois candelabros iluminam as coisas de modo diferentes. Na realidade, a concordância não é identidade. Está claro que as duas doutrinas foram elaboradas com base em duas preocupações diferentes, nunca vendo os mesmos problemas sob o mesmo aspecto. Trata-se de duas filosofias complementares: a fé em Deus é única, mas as tentativas humanas de nos situar na e pela fé são múltiplas. Em suma, podemos dizer que a fé é libertadora, permitindo-nos e impondo-nos que sejamos despreconceituosos, ao passo que todas as tentativas humanas são relativas (ao tempo, ao espaço, à cultura da época, aos instrumentos disponíveis e assim por diante). Extraído de: REALE, G.;ANTISERI, D. História da Filosofia. Patrística e Escolástica. São Paulo: Paulus, 2003. cap. 14, p.253-268 Leituras complementares: BONAVENTURA. Itinerário dell !anima a Dio. Milano: Rusconi, 1996. DE BONI, Luis Alberto. A escola franciscana: de Boaventura a Ockham. Veritas, v.45, n.3, (2000), p.317-338 DE BONI, Luis Alberto. Boaventura. In: _____. Filosofia Medieval. Textos. Porto Alegre: EdipucRS, 2000, p. 203-220 MAGNAVACCA, Sílvia. Léxico Técnico de Filosofía Medieval. Buenos Aires: Mino y Davila, 2005. . MERINO, José Antonio; FRESNEDA, Francisco Martinez (coord.) Manual de Filosofia Franciscana. Petrópolis: Vozes, 2006.