1 2 3 4 5 Caracterização morfológica de 25 genótipos de tomateiro tipo cereja – caracteres da planta 6 7 8 9 10 11 12 13 MARINETE BEZERRA RODRIGUES1; ANA LÚCIA CUNHA DORNELLES2; FABIANO SALGUEIRO2; BÁRBARA CRISTINA DE SOUZA SERRALHA3; FRANCY JUNIOR GONÇALVES. LISBOA4; DEBORA ALVES GONZAGA DA SILVA5 MAURÍCIO BALLESTEIRO PEREIRA6. 14 1 Lic. Ciên. Agrícola, Aluna do curso de Eng. Agronômica da UFRRJ. 15 2 Dra., Prof Adjunto, Departamento de Genética, UFRRJ. 16 3 Bolsista do PIBIC. Aluno do curso de Eng. Agronômica da UFRRJ 17 4 Aluno do curso de Eng. Agronômica da UFRRJ 18 2 Dra., Prof Adjunto, Departamento de Fitotecnia, UFRRJ. 19 6 Dr., Prof. Associado, Departamento de Genética, UFRRJ. [email protected] Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 1 1 RESUMO: Rodrigues, M.B.; Dornelles, A. L. C.; Salgueiro, F.; Serralha, B. C. S.; Lisboa, F. 2 J. F.;Gonzaga-da-Silva, D. A.; Pereira, M. B.Caracterização morfológica de 25 genótipos 3 de tomateiro tipo cereja – caracteres da planta. Vinte e cinco genótipos da coleção de 4 tomate cereja da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) foram avaliados para 5 características da planta dentre as indicadas como descritores do tomate para fins de registro 6 de cultivar. Entre os genótipos estudados predominaram os de hábito de crescimento 7 indeterminado, sendo somente dois genótipos de crescimento determinado. A percentagem da 8 presença de antocianina no epicótilo das plântulas (57,1 a 100%) e no terço superior da planta 9 adulta (46,7 a 100%) foi variável. Predominaram folhas do tipo 1, bipinadas, flores amarelas e 10 inflorescências uníparas na maioria dos genótipos. O caráter ângulo das folhas não apresentou 11 valor de F significativo; o caráter intensidade da cor verde das folhas apresentou valor de F 12 significativo ao nível de 5%, enquanto os caracteres comprimento e a largura da folha e 13 “comprimento da haste com cinco pencas” apresentaram valores significativos ao nível de 14 1%. Assim, o caráter ângulo da folha foi considerado menos adequado para diferenciar entre 15 os genótipos. No entanto, a análise de componentes principais das variáveis quantitativas 16 indicou como variável menos importante o “comprimento da haste” seguida da “intensidade 17 da cor verde”, contrariando os resultados do teste F individual. Não foi possível fazer 18 agrupamentos claros com a análise do gráfico obtido com os dois primeiros componentes. 19 Palavras chaves: Solanum licopersicon, variação genética, caracteres qualitativos. 20 21 ABSTRACT: Rodrigues, M.B.; Dornelles, A. L. C.; Salgueiro, F.; Serralha, B. C. S.; Lisboa, 22 F. J. F.;Gonzaga-da-Silva, D. A.; Pereira, M. B. Morphological Characterization of 25 23 genotypes of cherry tomato – plant traits. Twenty five genotypes from the “Universidade 24 Federal Rural do Rio de Janeiro” (UFRRJ) cherry tomato collection were evaluated for some 25 morphologic characteristics of the plant, some used as descriptors for cultivar registration. 26 Among these genotypes, indeterminate growth prevailed; only two genotypes have 27 determinate growth. The percentage of seedlings presenting anthocyanin color (57,1 to 100%) 28 and adult plant presenting anthocyanin in the superior branches (46,7 to 100%) were variable. 29 Leaves bipinnate, “type one”, yellow flowers and uniparous inflorescences prevailed in most 30 of the genotypes. Angle of the leaves didn't present a significant F value; intensity of the 31 leaves green color presented a significant F (P<5%), while “length” and the “width” of the 32 leaf and "length of the stem with five bunches" presented significant values (P<1%). Thus, the 33 character angle of the leaf was considered less appropriate to differentiate among the 34 genotypes. The principal components analysis for quantitative variables indicated "length of Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 2 1 the stems" the less important variable followed by "intensity of the green color", contradicting 2 the results of the individual F test. It was not possible to cluster genotypes clearly with 3 graphic analysis using the first two principal components. 4 Key words: Solanum lycopersicon, genetic variation, qualitative traits. 5 6 INTRODUÇÃO 7 O tomate (Solanum lycopersicon L. sinon. Lycopersicon esculentum Mill), ocupa um 8 lugar de destaque entre as hortaliças cultivadas. É a segunda hortaliça mais cultivada 9 mundialmente, perdendo somente para a batata (Solanum tuberosum L.). No Brasil o 10 tomateiro supera em volume de produção inclusive da batata. O Brasil está entre os dez países 11 com maior produção de tomates (4.106.138 toneladas em 2009), sendo o terceiro em 12 produtividade. De acordo com o “Levantamento Sistemático da Produção Agrícola” do IBGE, 13 os estados com maiores volumes de produção foram, pela ordem, Goiás, São Paulo, Minas 14 Gerais, Paraná, Bahia e Rio de Janeiro (IBGE, 2009). 15 Atualmente existem muitos grupos de melhoristas desenvolvendo cultivares de tomate 16 para atender o mercado de consumo fresco e de tomate industrializados. No entanto, os 17 autores não têm conhecimento de trabalhos direcionados para o desenvolvimento de 18 genótipos adequados para o cultivo orgânico, setor da agricultura em expansão e com grande 19 resposta de mercado. Os produtos orgânicos podem oferecer diversas vantagens, entre elas, a 20 possibilidade de mercado e preços diferenciados, menores riscos aos agricultores e 21 consumidores e menores impactos para o meio ambiente. No entanto, conforme Sousa (2003), 22 a agricultura orgânica é praticada usando cultivares melhoradas para o sistema tradicional, ou 23 usando cultivares crioulas não melhoradas. 24 As cultivares brasileiras de tomate são derivadas basicamente de material genético 25 cultivado na Europa e Estados Unidos. Mesmo as variedades tradicionais são originadas de 26 sementes trazidas por imigrantes europeus, embora alguns materiais selvagens sejam 27 encontrados eventualmente (CARELLI et al., 2006). 28 Os tomateiros são distribuídos didaticamente cinco em grupos: Santa Cruz, Salada (Maçã, 29 Caqui ou Tomatão), Cereja, Italiano (Saladete ou San marzano) e Agroindustrial (FIGUEIRA, 30 2008). 31 O tomate cereja (Solanum lycopersicum var. cerasiforme), considerado por diversos 32 autores como o ancestral mais próximo dos genótipos tradicionalmente plantados (JENKINS, 33 1948; TAYLOR, 1986; RICK, 1995), por ser mais primitivo têm sido considerado, e as Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 3 1 observações a campo têm confirmado, mais rústico que os tomates cultivados. Os frutos do 2 tomateiro do grupo cereja são pequenos e as plantas são geralmente de crescimento 3 indeterminado, com 15 a 50 frutos por penca; frutos redondos ou compridos pesando entre 10 4 e 30 g (DIEZ NICLOS,1995). 5 Há poucas cultivares de tomate cereja selecionados, existindo uma grande variabilidade 6 ainda não explorada, no entanto, a partir do início dos anos foram introduzidos no mercado 7 brasileiro alguns cultivares híbridos, caracterizados por frutos minúsculos (15-25 g), 8 biloculares, com coloração vermelha viva, lembrando uma cereja, e com excelente sabor. A 9 maioria dessas cultivares produz frutos globulares, mas há também com frutos alongados, são 10 usados na ornamentação de pratos, sendo considerados iguaria. As plantas são de 11 crescimento indeterminado, devendo ser tutoradas (FIGUEIRA, 2008). 12 O conhecimento das características dos diversos materiais encontrados nas coleções é 13 o ponto de partida para os programas de melhoramento. Portanto, o objetivo neste trabalho foi 14 o de estudar caracteres agronômicos da planta, que possam ser usados como descritores ou 15 tenham importância para o cultivo, em 25 genótipos de tomate cereja, além de identificar a 16 existência de variabilidade genética na Coleção de Variedades de Tomateiro da UFRRJ. 17 18 MATERIAL E MÉTODOS 19 O trabalho foi realizado na Casa de Vegetação e Campo Experimental do Instituto de 20 Agronomia – Departamento de Fitotecnia – UFRRJ e no Laboratório de Melhoramento 21 Genético Vegetal – Departamento de Genética, Instituto de Biologia – UFRRJ. 22 O experimento de campo foi instalado dentro de uma área que vem sendo manejada 23 sob cultivo orgânico há vários anos. Antes do preparo da área foi feita a análise de fertilidade 24 do solo para recomendação de adubação, na qual foram usados somente produtos permitidos 25 pela agricultura orgânica. As sementes foram colocadas para germinar em 22 de fevereiro de 26 2007, em bandejas de polipropileno, preenchidas com substrato comercial para mudas. O 27 transplante para área experimental foi realizado quando as plantas apresentaram dois pares de 28 folhas definitivas. O plantio no campo foi feito com o espaçamento de 1,50m entre linhas e 29 0,40m entre plantas. As plantas foram conduzidas com uma haste, no sistema de tutoramento 30 em fios segundo metodologia adaptada de Figueira (2008). 31 Foram usados 25 genótipos constantes da coleção de tomate cereja do Departamento 32 de Fitotecnia da UFRRJ, a saber: 1) Cereja riscado; 2) Cereja Amarelo; 3) Perinha ; 4) 33 Chawick cherry; 5) Perinha amarelo; 6) Joanna ou Sol da manhã; 7) Perinha vermelho; 8) I 34 pitanga amarelo; 9) N; 10) Bobina; 11) Tomate Rósea; 12) Riscado Pêra; 13) F; 14) Ea; 15) Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 4 1 G; 16) Furtado;17) Cerejão; 18) Chocolate; 19) H; 20) L; 21) M amarelo; 22) Riesentraube; 2 23) I Cereja; 24)Cereja Laranja; 25) 23 Amarelo. Os genótipos Perinha; Chawick cherry; 3 Perinha amarelo; Joanna ou Sol da manhã; G; M amarelo; Riesentraube; I Cereja e 23 4 Amarelo foram escolhidos entre os melhores já avaliados em dois experimentos anteriores 5 (ROCHA, 2008). Os demais nunca haviam sido avaliados anteriormente. 6 As características avaliadas foram algumas das indicadas como descritores do tomate 7 para fins de registro de cultivar, de acordo com as “Instruções Para Execução dos Ensaios de 8 Distingüibilidade, Homogeneidade e Estabilidade de Cultivares de Tomate (Lycopersicon 9 esculentum Mill.)”, usadas pelo Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC) da 10 Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDAC) do Ministério da 11 Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, MAPA, 2005), a saber: 1. Pigmentação 12 antociânica no hipocótilo das plântulas (percentagem de plântulas apresentando antocianina 13 no hipocótilo); 2. Hábito de crescimento predominante; 3. Pigmentação antociânica no terço 14 superior das hastes (percentagem de plantas apresentando antocianina); 4. Comprimento 15 médio do entrenó (medido como comprimento da haste para cinco cachos); 5. Ângulo da 16 folha (medido no terço médio da planta); 6. Comprimento da folha; 7. Largura da folha; 8. 17 Forma da folha; 9. Divisão do limbo da folha; 10. Intensidade da coloração da folha; 11. Tipo 18 de Inflorescência e 12. Coloração da flor. 19 O ensaio foi instalado em um delineamento em blocos incompletos (látice triplo 5x5), 20 com 25 genótipos, onde cada parcela foi composta por uma linha contendo sete plantas, 21 plantadas conforme descrito acima. Somente as 5 plantas centrais foram usadas para 22 avaliação. Para os caracteres quantitativos, foi feita a análise preliminar do látice, 23 considerando modelo misto com médias e tratamentos (genótipos) fixos e os demais 24 componentes aleatórios. Foram determinadas as médias corrigidas, as variâncias dos erros 25 efetivos e a matriz de covariância residual, com auxílio do aplicativo computacional GENES 26 (CRUZ, 2008). Após a ANOVA, foi calculado para cada característica individualmente a 27 DMS (t a 5%) (RAMALHO, et al. 2005), para auxiliar na comparação das médias. 28 29 As características qualitativas foram analisadas pela determinação de suas freqüências em cada parcela experimental e aplicação de testes não paramétricos, quando necessário. 30 31 RESULTADOS E DISCUSSÃO 32 A tabela 1 apresenta os caracteres qualitativos estudados. Onde se observa que dentre 33 os genótipos estudados somente os cultivares “Cerejão” e “23 amarelo” apresentaram 34 crescimento determinado. As demais apresentavam plantas com crescimento indeterminado, Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 5 1 refletindo a tendência geral da cultura do tomate para mesa. A percentagem de plântulas com 2 presença de antocianina no epicótilo variou de um genótipo para o outro, na faixa de 57,1 a 3 100%, já a percentagem de plantas com presença de antocianina na fase adulta (terço 4 superior) variou de 46,7 a 100%. Uma observação interessante é que o genótipo “Perinha”, 5 que apresentou menor valor da percentagem de antocianina no epicótilo, apresentou 100% de 6 plantas com antocianina no terço superior, na fase adulta e o genótipo Cereja riscado, que 7 apresentou menor valor da percentagem de antocianina no terço superior, na fase adulta, 8 apresentou 100% de plantas com antocianina no epicótilo, indicando não haver associação 9 entre as características. De fato o coeficiente de correlação por posto, de Spearman (STEEL e 10 TORRIE, 1980) foi apenas 0,007 (não sig). Isso reflete o fato de que o gene que determina a 11 presença de antocianina no epicótilo das plântulas não é o mesmo que determina a presença 12 de antocianina no terço superior de plantas adultas. (COLOCAR AQUI A TABELA 1) 13 Com relação à forma das folhas, predominou as do tipo 1 em quase todos os genótipos 14 exceto nos genótipos “I pitanga amarelo”, “Bobina”, “Cerejão” e “L” onde predominou as do 15 tipo 4, embora apresentassem também folhas do tipo 1(“I pitanga amarelo”, “Cerejão” e “L”) 16 ou do tipo 2 (“Bobina”). Folhas do tipo 3 apareceram em algumas plantas dos genótipos 17 “Cereja amarelo”, “Perinha amarelo” e “G”. 18 Predominaram genótipos com folhas bipinadas, mas muitos apresentaram folhas 19 pinadas. Quase todos os genótipos apresentaram cor das flores amarelas. Apenas os genótipos 20 “Cereja Laranja” e “23 Amarelo” tinham flores alaranjadas. A forma de inflorescência 21 predominante foi a unípara na maioria dos genótipos, com alguns com predominância da 22 forma bípara e nenhum com predominância de inflorescências multíparas. 23 Entre os caracteres quantitativos analisados (tabela 2) apenas o ângulo das folhas não 24 apresentou valor de F significativo. O caráter intensidade da cor verde das folhas teve valor de 25 F significativo ao nível de 5% e os demais valores significativos ao nível de 1%. 26 O caráter ângulo da folha foi medido na folha central das plantas, com auxílio de um 27 transferidor de ângulos e variou de 61º até 109,5º, com média 92,9º, indicando assim que os 28 genótipos estudados têm a tendência de produzirem folhas horizontais. Essa posição das 29 folhas provavelmente não é a mais eficiente em plantios densos, pois leva a um maior 30 sombreamento das folhas inferiores, dessa forma poder-se-ia supor que as mesmas não 31 tenham passado por processos intensos de melhoramento. Pelo fato do valor de F calculado 32 não ter sido significativo, conclui-se, de forma preliminar, que essa característica não é 33 adequada para diferenciar as cultivares. (COLOCAR AQUI A TABELA 2) Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 6 1 O caráter comprimento das folhas apresentou valor de F altamente significativo, 2 indicando que os genótipos apresentaram médias discrepantes para essa característica. Dessa 3 forma, essa característica apresenta condição favorável para ser usada como descritora para 4 essa espécie. Os valores variaram de 24,3 cm a 50,0 cm, com média 31,8. O Cvg foi 5 ligeiramente maior que o Cve, o que indica que há potencial para seleção de genótipos com 6 valores superiores para essa característica. O comprimento e a largura da folha, bem como a 7 forma da mesma, são determinantes da área foliar, que por sua vez, em conjunto com o 8 ângulo das folhas, vai influenciar na capacidade da planta fazer fotossíntese. Para largura da 9 folha a análise mostra situação semelhante a do comprimento, com mínimo de 17,7 cm, 10 máximo de 38,4 cm e média de 26,6 cm. A relação do Cvg/Cve foi semelhante. O genótipo 11 com maior produto comprimento largura da folha foi o “Cerejão”, que teria maior área 12 fotossintética, por folha. 13 A intensidade da cor verde das folhas foi avaliada usando uma escala, baseada no 14 sistema RGB (red; green; blue), obtendo padrões do aplicativo “Office”. Por esse padrão, 15 números menores indicam uma cor verde mais escura e números mais altos um verde mais 16 claro. Os valores observados variaram de 60 a 120, com média 75,9. O valor de “F” para 17 genótipos foi significativo, mas a relação CVg/CVe não foi tão grande quanto as do 18 comprimento e largura das folhas, indicando uma menor participação da variação genotípica 19 na variação total. Esta característica, portanto, não separou muito bem os genótipos. O ideal é 20 que as folhas apresentem um verde intenso, que indicaria um maior teor de clorofila, embora 21 esta relação não seja absoluta. Assim, o genótipo que apresentou maior intensidade da cor 22 verde foi o “Ea”, com média 60,7, seguido dos genótipos “Perinha Amarelo” e 23 “Riesentraube”, ambos com 61,3. 24 A característica “comprimento da haste com cinco pencas” nos dá uma idéia da 25 produção que a planta vai apresentar por unidade de altura. Este valor pode variar segundo a 26 arquitetura da planta, pois as pencas podem ser produzidas em axilas de folhas subseqüentes, 27 alternadas ou ainda a cada três folhas. Este valor portanto é importante na determinação da 28 precocidade da produção no tomate. Dois genótipos (“Cerejão” e "23 Amarelo”) não foram 29 avaliados, pois eram de crescimento determinado e não atingiram cinco pencas na haste. O 30 valor de “F” para esta característica foi altamente significativo e a relação CVg/CVe foi a 31 mais alta entre os caracteres estudados, indicando que este valor separou bem os genótipos. 32 Os genótipos com os menores valores foram “M amarelo”, “Cereja Amarelo”, “Joanna” e 33 “Perinha”. Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 7 1 A tabela 3 apresenta as correlações residuais entre os caracteres estudados. Estas 2 correlações são isentas dos efeitos dos blocos e dos tratamentos. Dessa forma refletem a 3 relação entre os caracteres dentro dos genótipos. A correlação entre o ângulo e comprimento 4 das folhas foi significativa e negativa, indicando a tendência de folhas maiores serem mais 5 caídas. O comprimento foi correlacionado (P<0,01) com a largura e com a intensidade da cor. 6 E a largura foi correlacionada (P<0,01) com a cor. Isso provavelmente se deu devido ao fato 7 que essas três características são dependentes do estado nutricional das plantas. (COLOCAR 8 AQAUI A TABELA 3) 9 Uma técnica que pode ser usada para entender as inter-relações entre variáveis é o 10 estudo dos componentes principais. Por essa técnica as variáveis originais são transformadas 11 em outras (componentes), que são não correlacionadas e apresentadas em ordem de 12 importância, definida pela sua variância. 13 A aplicação da análise de componentes principais às variáveis quantitativas estudadas 14 (tabela 4), mostrou que o primeiro componente explica cerca de 45% da variação total e os 15 dois primeiros explicam cerca de 70%. Nessa condição seria possível usar apenas os dois 16 primeiros componentes para explicar a variação dos dados (CRUZ, 1990). 17 Observando os coeficientes das variáveis nos dois primeiros componentes, verificou- 18 se que o primeiro componente apresenta coeficientes positivos para as características de folha 19 e negativo para a característica comprimento da haste. O segundo componente tem 20 coeficientes positivos para largura das folhas, intensidade da cor verde e comprimento da 21 haste e negativos para ângulo e comprimento das folhas. A interpretação biológica dos 22 componentes não fica clara, mas aparentemente o que mais explica a variação entre as 23 cultivares é um contraste entre caracteres das folhas e o crescimento da haste. (COLOCAR 24 AQUI A TABEL4) 25 O grau de importância das variáveis pode ser deduzido da sua correlação com os 26 componentes, ou de suas cargas (MARDIA et Al., 1979). Uma maneira de avaliar essa 27 importância é fazer a soma dos quadrados das cargas nos componentes que serão estudados 28 (PEREIRA e PEREIRA, 2004). Usando esse critério, a variável menos importante e que 29 portanto poderia ser descartada, seria o comprimento das hastes, seguida da intensidade da cor 30 verde. 31 A figura 1 mostra o gráfico de dispersão do componente 1 pelo componente 2, onde 32 foram marcadas as médias dos 23 genótipos de crescimento indeterminado. Esse gráfico pode 33 ser usado para verificar a posição relativa dos genótipos e tentar fazer agrupamentos dos 34 mesmos. Pode-se dizer que as variáveis estudadas não permitiram visualizar agrupamentos Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 8 1 claros desses genótipos, mas alguns grupos podem ser definidos, como o grupo formado pelos 2 genótipos: Cereja riscado, “I Pitanga Amarelo” e “Riscado Pêra”. Ou pelos genótipos: 3 “Bobina”, “Tomate Rosa” e “Furtado”; ou ainda pelos genótipos: “F”, “Risentraube”, 4 Chawick Cherry”, “G” e “L”; ou ainda: Cereja Amarelo e “I Cereja”. Esses agrupamentos, no 5 entanto, não ficaram muito claros e seriam necessárias outras variáveis para definir grupos 6 para esses genótipos de tomate. 7 Por outro lado, o gráfico da figura 1 mostra também a distância dos genótipos, 8 considerando estes dois componentes. Essa distância pode ser calculada da mesma forma 9 como se calcula a distância Euclidiana (MARDIA et Al., 1979), pela expressão: 10 D= [(C1i-C1j)2 + (C2i- C2j)2](1/2), na qual C1i é o coeficiente do genótipo i no componente 1, C1j 11 é o coeficiente do genótipo j no componente 1, C2i é o coeficiente do genótipo i no 12 componente 2 e C2j é o coeficiente do genótipo j no componente 2. Os valores das distâncias 13 calculados desse modo permitem afirmar que os genótipos que mantêm maiores distâncias são 14 “M Amarelo” (21) e “I Cereja” (23) (2,89); “M Amarelo” (21) e “G” (15) (2,78), “Perinha” 15 (3) e “G” (15) (2,66), “Perinha” (3) e “I cereja” (23) (2,66), “M Amarelo” (21) e “Chawick 16 cherry” (4) (2,58), “Cereja Amarelo” (2) e “G” (15) (2,56), e “Cereja Amarelo” (2) e “I 17 Cereja” (23) (2,55). Estes genótipos poderiam ser considerados caso se deseje formar pares 18 com máxima divergência para efetuar cruzamentos. 19 20 (COLOCAR AQUI A FIGURA 1) 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS BRASIL, MAPA. Instruções para execução dos ensaios de distingüibilidade, homogeneidade e estabilidade de cultivares de tomate (Lycopersicon esculentum Mill.)”.Diário oficial da união, Seção 1, p. 4-5 de 01/12/2005. CARELLI, B. P.; GERALD, L.T.S.; GRAZZIOTIN, F.G. and ECHEVERRIGARAY, S. 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Avaliação de acessos de tomate cereja em cultivo orgânico: características agronômicas, físico-químicas e mercado. 2008. Tese (Doutorado em Fitotecnia), curso de pós-graduação em fitotecnia, UFRRJ, Seropédica, RJ. SOUSA, J. L. Tomateiro para mesa em sistema orgânico. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.24, n.219, p.108-120, 2003. STEELL, R.G. e TORRIE, J.H. Principles and procedures of statistic. A biometrical approach. New York. MaGraw- Hill Book Company.1980. TAYLOR, I.B. Biosystematics of the tomato. In: ATHERTON, J.G.; RUDICH, J. (Ed).The tomato crop: a scientific basis for improvement. London: Chapman & Hall, 1986, p1-34. Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 10 1 2 3 4 Tabela 1. Caracteres Qualitativos: (I) Percentagem de antocianina no epicótilo; (II) hábito de crescimento predominante: Indeterminado ou Determinado; (III) percentagem de antocianina no terço superior do caule; (IV) forma das folhas tipos 1: 2: 3: e 4: ; (V) divisão do limbo das folhas: Pinadas e Bipinadas; (VI) Cor das flores: Amarelas ou Alaranjadas e (VII) Forma das 5 inflorescências: Uníparas, Bíparas ou Multíparas. VII IV Variedade I II III VI 1 Cereja riscado Cereja Amarelo Perinha 100. 0 83.3 57.1 Chawick cherry Perinha amarelo Joana Perinha vermelho I pitanga amarelo N Bobina Tomate Rosa Riscado Pêra F 69.3 97.7 100. 0 100. 0 88.0 100. 0 100. 0 68.4 100. 0 94.9 Ea 96.8 100. 0 G Furtado 83.8 Cerejão 94.7 100. 0 Chocolate H 68.2 L 86.1 100. 0 M amarelo Riesentraube I Cereja Cereja Laranja 23 Amarelo X 2 91.3 100. 0 83.6 95.2 ** V 2 3 4 Pi Bi U B 13 2 5 6 9 15 M Am 2 13 Am 12 2 1 Am 12 2 1 15 Am 12 12 3 15 Am 1 12 2 15 Am 12 3 15 Am 10 5 Am 1 8 Am 10 5 I I I I I 46.7 15 80.0 9 100.0 13 2 80.0 10 5 73.3 11 100.0 10 53.3 15 78.6 5 100.0 15 1 4 I 5 I I 10 10 5 6 I 15 I 85.7 I 2 13 2 13 Am 8 2 5 85.7 10 4 2 12 Am 13 1 60.0 10 5 6 9 Am 5 10 100.0 15 3 12 Am 14 1 100.0 15 15 Am 14 60.0 11 13 Am 13 1 66.7 15 15 Am 7 5 3 93.3 5 10 Am 15 100.0 15 15 Am 15 73.3 15 15 Am 5 5 5 60.0 5 5 10 Am 10 5 86.7 15 8 7 Am 5 10 93.3 15 4 11 Am 3 7 100.0 10 15 Am 15 92.9 15 3 12 Al 15 100.0 ** 15 5 10 Al 12 I I I 1 I I D 3 1 10 5 I I I 10 I I 5 I I D 5 3 ** 6 Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 11 1 2 3 Tabela 2. Resumo das análises da variância para os caracteres quantitativos, contendo as médias das variáveis: Ângulo das folhas; Comprimento das folhas; Largura das folhas; intensidade da cor verde das folhas e comprimento da haste com cinco pencas. Caracteres de folhas Cultivares Comprimento da haste com cinco pencas Ângulo Comprimento Largura Cereja riscado 88,4 36,0 30,4 Intensidade da cor verde 76,0 Cereja Amarelo 87,9 29,0 22,7 82,7 53,2 Perinha 91,6 28,3 23,1 99,3 56,8 Chawick cherry 96,7 34,8 30,7 72,0 80,5 Perinha amarelo 96,9 29,1 23,0 61,3 69,3 Joana 87,5 30,7 23,8 75,3 56,0 Perinha vermelho 99,0 29,3 24,0 71,3 65,1 I pitanga amarelo 85,3 31,4 29,3 68,7 74,3 N 96,9 27,7 22,8 88,7 65,8 Bobina 91,0 31,1 25,7 68,7 64,4 Tomate Rosa 97,6 32,7 27,8 93,3 64,8 Riscado Pêra 90,6 33,6 28,6 76,7 68,2 F 94,6 35,6 28,5 70,0 71,5 Ea 93,8 28,1 22,9 60,7 60,4 G 97,6 36,5 30,1 65,3 80,7 Furtado 96,6 32,8 26,9 86,7 66,1 Cerejão 93,4 43,4 34,3 86,7 Chocolate 88,4 28,7 25,5 88,0 73,0 H 93,4 28,8 24,3 80,7 66,3 L 97,7 32,0 28,5 72,0 85,2 M amarelo 93,2 26,4 23,4 76,7 50,3 Riesentraube 92,8 35,7 29,0 61,3 72,4 I Cereja 92,5 36,4 31,6 66,0 79,6 Cereja Laranja 93,3 28,1 23,0 66,7 62,1 23 Amarelo 85,6 28,9 24,2 81,3 Média 92,9 31,8 26,6 75,9 67,5 Mínimo 61,0 24,3 17,66 60,0 46,8 Máximo 109,5 50,0 38,38 120,0 88,4 QM Gen 47,9 ns 46,9** 34,0** 329,5 * 243,0** QM Res 79,3 10,1 6,8 165,9 33,1 Cve 9,589 10,0 9,8 17,0 8,5 Cvg 11,0 11,3 9,7 12,4 Cvg/Cve 1,10 1,16 0,57 1,45 Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 65,2 12 1 Tabela 3. Correlações residuais. 2 Variáveis Variáveis Ângulo Comprimento Largura da Intensidade da cor da folha folha verde da folha da -0,322* Comprimento da haste com cinco pencas -0,016 -0,214 0,011 0,665** 0,429** -0,137 0,592** -0,172 folha Comprimento Largura Intensidade da 0,040 cor verde Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 13 1 2 Tabela 4. Análise dos componentes principais dos caracteres ângulo, largura, comprimento e 3 intensidade da cor verde das folhas e comprimento das hastes. 4 Autovalores % da Variância Autovalores acumulados % acumulada da Variância Ângulo das folhas Largura das folhas Comprimento das folhas Intensidade da cor verde Comprimento da haste Ângulo das folhas Largura das folhas Comprimento das folhas Intensidade da cor verde Comprimento da haste Componentes 1 2 3 4 5 2,254 1,242 0,765 0,477 0,262 45,076 24,838 15,299 9,541 5,248 2,254 3,496 4,261 4,738 5,000 45,076 69,913 85,212 94,752 100 Carga (correlação da variável com o componente) 0,246 -0,858 0,394 0,060 -0,211 0,777 0,466 0,018 -0,271 -0,325 0,859 -0,171 0,177 -0,304 0,330 0,772 0,276 0,147 0,551 0,048 -0,506 0,428 0,746 -0,061 0,032 Coeficientes das variáveis no componente 0,109 -0,691 0,515 0,126 -0,805 0,345 0,375 0,024 -0,568 -1,240 0,381 -0,138 0,232 -0,637 1,257 0,343 0,222 0,192 1,156 0,184 -0,224 0,345 0,975 -0,129 0,121 5 6 Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 14 1 2 0,8 1 0,6 18 8 Componente 2 (24,8%) 0,4 0,2 23 12 3 13 6 2 11 22 16 0 9 15 20 10 -0,2 4 19 -0,4 -0,6 24 -0,8 14 -1 -1,5 21 -1 -0,5 7 5 0 0,5 1 1,5 2 Componente 1 (45,1%) 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Legenda: 1) Cereja riscado; 2) Cereja Amarelo; 3) Perinha ; 4) Chawick cherry; 5) Perinha amarelo; 6) Joanna ou Sol da manhã ; 7) Perinha vermelho; 8) I pitanga amarelo; 9) N; 10) Bobina; 11) Tomate Rosa; 12) Riscado Pêra; 13) F; 14) Ea; 15) G; 16) Furtado; 18) Chocolate; 19) H; 20) L; 21) M amarelo; 22) Riesentraube; 23) I Cereja; 24)Cereja Laranja. Figura 1. Dispersão das cultivares de tomate cereja pelos dois primeiros componentes principais. Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 30, n. 1, jan-jun, 2010, p. 00-00. 15