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ANÁLISE DA GESTÃO DA INOVAÇÃO DE UMA EMPRESA
O GRUPO SCC
César Panisson
Mariana Zanivan
Vanessa Eleutheriou
Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento – PPGEGC/UFSC
EGC510035 - Gestão da Inovação na Prática das Empresas
Profs. Eduardo Moreira da Costa e Neri dos Santos
RESUMO
Este trabalho foi desenvolvido como resultado final da disciplina de Gestão da Inovação na
Prática das Empresas, ministrada pelo Departamento de Engenharia e Gestão do
Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, durante o primeiro semestre do ano
de 2014. O presente trabalho busca fazer uma avaliação da forma como é percebida a gestão
da inovação dentro de uma grande empresa, no caso grupo de empresas do Sistema
Catarinense de Comunicações (SCC). A avaliação foi conduzida através do preenchimento de
um questionário elaborado pelos alunos da disciplina de Gestão da Inovação na Prática das
Empresas, do Departamento de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da
Universidade Federal de Santa Catarina.
Palavras-chave: gestão da inovação; gestão do conhecimento; empresa de telecomunicações.
1. OBJETIVO
O objetivo geral é analisar os aspectos de gestão da inovação de uma empresa ou
grupo de empresas localizada(o) em Santa Catarina, buscando compreender se a cultura da
inovação é desenvolvida dentro dessa empresa e como ela aparece na observação do discurso
dos funcionários da empresa com relação ao tema. Posteriormente, o trabalho pretende ser um
guia inicial para a criação de um plano estratégico de inovação para a empresa, ou alteração
de um plano já existente, baseada nas informações encontradas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A liderança deve proporcionar e incentivar o ambiente inovador na organização. O
estímulo a inovação deve partir da liderança, e esta deve facilitar a sustentação e apoio as
novas ideias no ambiente inovador. A liderança deve definir a estratégia de inovação na
organização, com desenvolvimento de projetos e portfólios para realização da inovação,
criando modelos e incentivos aos talentos humanos, objetivando o crescimento
organizacional. As estratégias de inovação criadas devem estar alinhadas as estratégias de
negocio da organização (DAVILA; EPSTEIN; SHELTON, 2007).
Segundo Nonaka (2008), a organização pode ser considerada como um ambiente
criador de conhecimento, quando esta exerce atividades que desenvolvedoras de inovação. No
ambiente é criado o novo conhecimento, o novo conhecimento é compartilhado dentro da
organização, e logo é colocado em prática através de novos produtos e tecnologias. Praticando
constantemente a inovação. No ambiente criador do conhecimento, não é necessário um setor
exclusivo para criação e desenvolvimento da inovação, todos são produtores e
desenvolvedores da inovação. A disseminação do conhecimento em todos os ambientes da
organização faz parte de uma atividade da empresa criadora do conhecimento, atingindo todos
os níveis da hierarquia da organização.
Não existe um padrão de estrutura da organização para criação de valor, cada
organização deve identificar e criar portfólios para inovação de acordo com a sua estratégia de
negocio. Mas as organizações devem estar sempre atentas ao seu ambiente externo e interno.
No ambiente externo devem ser avaliados possibilidades de parcerias para auxiliar os projetos
de inovação da organização, e ainda estarem atentos com a inovação da concorrência,
avaliando de que forma isto pode ajudar ou afetar sua organização (DAVILA; EPSTEIN;
SHELTON, 2007).
Conforme Molina (2010), a organização deve ser estruturada de forma a compartilhar
a informação em toda a organização. A tecnologia da informação quando inserida de forma
adequada na organização proporciona melhor comunicação e visualização da informação
através de diferentes mídias, facilitando a disseminação da informação e conhecimentos
corporativos.
3. METODOLOGIA
De início, foram definidos quais aspectos seriam avaliados. Foi conduzida entre os
alunos da disciplina uma pesquisa informal, que incluía a seleção de, primeiramente, um caso
de fracasso reportado na literatura com relação a uma inovação criada ou aplicada por uma
empresa conhecida, tanto na fabricação de um produto ou serviço inovador em si quanto na
utilização de um processo inovador dentro da empresa. Depois, a mesma pesquisa ocorreu
para os casos de sucesso disponíveis na literatura, de outras empresas ou das mesmas que
apresentaram casos de fracasso. Em ambas as situações, buscou-se entender o que se passou
na empresa durante o período, observando a condição interna dentro da empresa e também o
cenário externo - o contexto no qual ela se inseria, incluindo público-alvo, situação de
concorrentes, momento histórico, tecnologia disponível, entre outros. Ao observar os motivos
para tal resultado - tanto positivo quanto negativo - foram percebidas algumas características
em comum na forma em que a inovação foi gerenciada dentro das empresas na situação em
destaque.
De posse dessas informações, foram extraídos os aspectos que foram ou deveriam ter
sido levados em conta para a apresentação de casos de inovação bem-sucedidos dentro das
empresas, ou seja, fatores preponderantes para que uma empresa inove de fato em produtos e
serviços no mercado. Destacaram-se 7 dimensões gerais: Liderança; Talentos Humanos;
Gestão do Conhecimento; Ambiente Externo; Dinheiro; Estrutura e Processos Internos; e
Tecnologia.
A seguir, foi elaborado de forma conjunta entre o professor e os alunos um
questionário que abarcasse tais dimensões apresentadas como importantes para a análise da
inovação. Este questionário pode ser observado no Anexo I ao final deste trabalho.
Por questões de logística, tempo e disponibilidade dos autores, sendo que a sede do
grupo SCC fica em Lages-SC e a disciplina é ministrada em Florianópolis-SC, o questionário
foi aplicado através da ferramenta Google Forms e distribuída para os funcionários do grupo
por sua Gestora de Recursos Humanos, que solicitou, segundo indicação dos autores deste
trabalho, o preenchimento em três níveis hierárquicos diferentes: colaborador, gerencial e
executivo.
4. RESULTADO
Para conduzir a análise, os pesquisadores coletaram os resultados dos respondentes das
empresas que compões o Grupo SCC e fizeram a média das notas indicadas pelos
respondentes, sendo que uma empresa que possuísse nota média 7, ou seja, a nota máxima,
idealmente faria uma perfeita gestão da inovação, enquanto que uma média 1 seria
classificada como a menor nota possível em termos de execução de uma gestão da inovação
na empresa. O Resultado final encontrado no Grupo aplicado gerou uma nota 5,07, ou seja,
relativamente próxima à nota máxima possível de 7. Abaixo, apresenta-se a análise por cada
uma das 7 dimensões indicadas no início deste trabalho e respectivos gráficos dos resultados:
1) DIMENSÃO LIDERANÇA: O resultado do Tema é 5,59, fica acima do Resultado Final,
mostrando uma boa Gestão da Inovação alinhada com os valores da organização:
2) DIMENSÃO TALENTOS HUMANOS: relacionados à incentivos, estímulos,
desenvolvimento de recursos humanos e ambiente de trabalho, ainda existem pontos a
melhorar, levando o resultado do tema ficar em 4,84:
3) DIMENSÃO GESTÃO DO CONHECIMENTO: constatamos novamente uma necessidade
em relação a gestão, mostrando oportunidades de melhoraria no ambiente da empresa e
mecanismos de acesso a informação, sendo avaliada em 4,80:
4) DIMENSÃO AMBIENTE EXTERNO: o relacionamento com a concorrência mostra-se
novamente como um aspecto que não é praticado pela empresa Os demais pontos referentes
aos relacionamentos externos, ambiente, localização e monitoramento de mercado a
organização tem se destacado obtendo um resultado de 5,05:
5) DIMENSÂO DINHEIRO: Contata-se novamente a necessidade de algumas considerações
na gestão referente ao planejamento e controle dos recursos financeiros. Quanto à captação de
recursos para manutenção dos projetos de inovação mostra-se positiva, mantendo o Resultado
do Tema acima do Resultado Final. Resultado 5,27:
6) DIMENSÃO ESTRUTURA E PROCESSOS INTERNOS: mostra-se novamente
problemas relacionados a gestão organizacional; aqui fica evidente que a inovação está sob
responsabilidade dos níveis hierárquicos mais altos, encontrando dificuldade na disseminação
da estratégia de inovação para os demais níveis da organização. Dessa forma o Resultado
ficou em 4,69
7) DIMENSÃO TECNOLGIA: demonstra a busca e o uso da Tecnologia pela organização, o
qual torna-se peça fundamental para geração de inovação utilizando-a para seu processo de
produção de conteúdo e novos produtos, resultado 5,27:
Através da Média dos Resultados de cada um dos 7 temas, temos o Resultado Final
pontuando em 5,07, em uma escala de 1 a 7 pontos, tendo como destaque aspectos
relacionados aos Temas Liderança, Dinheiro e Tecnologia. Os Resultados dos temas Talentos
Humanos, Gestão do Conehcimento e Estrutura e Processos Internos tiveram grande
influência dos aspectos de Gestão Organizacional relacionadas ao ambiente, estrutura, modelo
de gestão.
Em seguida, foi executada uma análise por Nível Hierárquico, na qual podemos
observar cada tema sob a ótica dos diferentes atores da organização, o que fornece uma
informação mais próxima da realidade sobre o que de fato ocorre com a gestão da inovação
dentro de uma empresa. Abaixo o gráfico demonstra os resultados por nível hierárquico:
7,00
6,00
5,07
5,00
5,28
4,85
DIMENSÃO 1
Série1
5,01
DIMENSÃO 2
Série2
DIMENSÃO 3
Série3
4,00
DIMENSÃO 4
Série4
DIMENSÃO 5
Série5
3,00
DIMENSÃO 6
Série6
2,00
DIMENSÃO 7
Série7
Série8
1,00
RESULTADOS
Série9
0,00
Geral
Executivo
Gerencial
Colaborador
5. CONCLUSÃO
Como resultado geral, pode se observar que existe uma discrepância de visões sobre a
inovação com relação aos diferentes níveis hierárquicos dentro do grupo. Os executivos têm
uma visão abaixo da pontuação final, os gerentes uma visão mais positiva sobre a Gestão da
Inovação de modo geral e os colaboradores uma visão dentro da média. Isso demonstra que
em alguns aspectos não há uma conciliação dos diferentes níveis hierárquicos em relação a
Gestão da Inovação da Organização; portanto, estudos futuros poderiam analisar mais a fundo
os aspectos que motivaram tais respostas ao questionário e pontuações recebidas em cada
dimensão, dentro de cada nível hierárquico. Dessa forma, poderia-se compreender melhor o
motivo de tal diferença nos resultados.
Vale destacar que o grupo de empresas analisado neste trabalho se mostrou bastante
solícito em sua participação e interessado nos resultados, o que demonstra uma preocupação
com o desenvolvimento de tais aspectos relativos à inovação dentro das empresas que
compõem o grupo.
Conclui-se, assim, que o Grupo possui ainda alguns aspectos a serem melhorados em sua
gestão da inovação, o que inclui uma melhoria da comunicação interna para alinhamento e
compreensão das opiniões acerca do assunto em díferentes níveis hierárquivos; mas por sua
história e disponibilidade no tratamento deste é possível dizer que, havendo empenho, há
grandes chances de tais aspectos alcançarem melhores números em curto prazo.
REFERÊNCIAS
CARAVANTES, Geraldo R. O ser total. Porto Alegre: AGE, 2000.
Christensen, C.M. and Raynor, M.E.: The Innovator’s solution. (HBS Press, Cambridge.
2003). 304 pp
DAVILA, Tony; EPSTEIN, Marc J.; SHELTON, Robert. As regras da inovação. São Paulo:
BOOKMAN, 2007.
Drucker, P.: Innovation and Entrepreneurship. (Butterworth-Heinemann, 2007). 272 pp
Reis, D.R.: Gestão da Inovação Tecnológica – 2.ed. (Manole, Barueri, 2008). 206 pp
Kelley, T. with Littman, J.: The ten faces of innovation. (Doubleday, New York. 2005). 276
pp
Arvidsson, N. and Mannervik, U.: The innovation platform. (NormannPartners, Estocolmo.
2009). 112 pp
MOLINA, Letícia G. Tecnologias de informação e comunicação para gestão da informação e
do conhecimento: proposta de uma estrutura tecnológica aplicada aos portais corporativos In:
VALENTIN, Marta. Gestão, mediação e uso da informação. São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2010.
NONAKA, Ikujiro. A empresa criadora do conhecimento In: NONAKA, Ikujiro;
TAKEUCHI, Hirotaka. Gestão do conhecimento. Porto Alegre: ARTMED, 2008.
Cesar Panisson, Fernando Rodrigues da Silva, Gabriela Mattei de Souza, Ivana Fossari,
Kamila Patrícia Bittarello, Micheline Krause, Michelle Melo e Édis Mafra Lapolli. Capítulo
Capacidade Empreendedora, em Capacidade empreendedora: teoria e casos práticos /Édis
Mafra Lapolli, Ana Maria Bencciveni, Vitória Braga de Souza, org. 1.ed. - Florianópolis:
Pandion, 2012 pp. 37a 69.
ANEXO I
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