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Agência de Notícias Brasil-Árabe - SP
16/04/2007 - 07:00
Estação Ciência mostra tesouros de
Tutancâmon
Ver as peças encontradas na tumba do faraó egípcio sem ir ao Museu do Cairo. Essa
é a proposta de uma apresentação que mostra fotos dos objetos em terceira
dimensão e dá explicações arqueológicas sobre o tema. O projeto é do médico Ciro
Ferreira da Silva e do egiptólogo Antonio Brancaglion Junior. A próxima
apresentação vai ocorrer em maio em São Paulo.
isaura daniel
Ciro Ferreira da Silva
Isaura Daniel
[email protected]
São Paulo - Tudo começou com uma visita do
neurologista e professor da Universidade de São Paulo
(USP), Ciro Ferreira da Silva, ao Museu do Cairo, em
outubro de 2001. Com câmeras fotográficas em mãos,
Silva, um estudioso do Egito Antigo, registrou as imagens
dos objetos encontrados na tumba do faraó egípcio
Tutancâmon que estão expostos no museu da capital
egípcia. As peças foram encontradas pelo britânico
Howard Carter, no Vale dos Reis, sul do Cairo, em uma
das maiores descobertas arqueológicas de todos os
tempos, em 1922. "A tumba estava praticamente intacta",
diz Silva. Nela foram achadas mais de dez mil peças
juntamente com a múmia do próprio faraó.
Uma das milhares de peças achadas na
tumba de Tutancâmon, hoje exposta no
De posse do material fotográfico, Silva voltou ao Brasil e
juntou o seu conhecimento em tecnologia 3D ao do
arqueólogo e estudioso do Egito Antigo, Antonio
tumba de Tutancâmon, hoje exposta no
Museu do Cairo
Brancaglion Junior. Os dois montaram uma apresentação
na qual se pode ver as peças da tumba de Tutancâmon
sem ir ao Egito. As fotos foram feitas simultaneamente por
duas câmeras postas lado a lado, imitando os olhos humanos, e depois alinhadas no
computador. O trabalho é projetado em Data Show com filtro e tela especial, o que permite que,
com óculos especiais, se possa ver os objetos em terceira dimensão.
A projeção é acompanhada pelas explicações do egiptólogo Brancaglion, uma das maiores
autoridades em arqueologia egípcia do Brasil. As apresentações começaram a ser feitas no ano
de 2002 para alunos de cursos de extensão universitária de História e Arqueologia da USP e
hoje fazem parte da programação da Estação Ciência, museu da área administrado pela
universidade. No dia 26 de maio haverá uma apresentação. "As imagens têm volume. É como
se as pessoas estivessem no Museu do Cairo", explica Silva. A duração média é de uma hora e
meia, mas ela pode se prolongar dependendo dos questionamentos do público.
O projeto é ligado ao Instituto de Ciências Biomédicas, para o qual Silva trabalha, e à
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. O neurologista tem vontade de levar as
apresentações também para outros locais, além da Estação Ciência. Silva tem planos também
de fazer outros trabalhos no Egito em locais externos, como as pirâmides e monumentos, fora
de museus. Apesar de ser neurologista e dar aulas nesta área na USP, Silva sempre teve um
interesse pessoal pela história do Egito. A curiosidade veio ainda da infância, a partir de livros
que ele leu sobre o assunto.
O faraó
A história do faraó Tutancâmon é cercada de mistérios. Ele assumiu o trono ainda quando
criança e morreu muito cedo, com cerca de 19 anos. A sua tumba não era grande, mas nela foi
encontrada uma infinidade de objetos como peças de ouro, mobília e tecidos. Há divergências
sobre os motivos da sua morte e também quanto à sua paternidade, atribuída ao faraó Amenófis
III e também a Akhenaton, que instituiu o monoteísmo entre os egípcios.
As escavações da tumba de Tutancâmon também foram cercadas de lendas. Acreditava-se que
o faraó teria determinado uma maldição a quem descobrisse seu túmulo e por isso pessoas que
trabalham nas escavações morriam. Depois detectou-se que as mortes ocorreram, na verdade,
em função do ambiente contaminado por fungos.
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