O SR. PASTOR PEDRO RIBEIRO (PMDB-Ce.) pronuncia o seguinte discurso: - Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, no dia 29 de novembro do corrente ano, comemoramos o quinquagésimo sexto aniversário de aprovação da Resolução nº 181, da Organização das Nações Unidas, que permitiu a criação do Estado de Israel. Impelido por sua tradição religiosa e por suas ligações culturais, o bravo povo judeu lutou durante gerações para se estabelecer em sua própria terra. E já em 1897, o Primeiro Congresso Sionista proclamou o direito deste povo de se fixar no seu próprio País. Estavam, assim, lançadas as bases da conexão entre os judeus e sua verdadeira Pátria: ISRAEL. Com o holocausto, quando milhões de judeus, na Europa, foram massacrados, reafirma-se a luta pelo estabelecimento do Estado de Israel, que passaria a abrigar todo o povo judeu que vivia em diáspora, espalhado pelo mundo. Como coroamento desta luta, no dia 29 de novembro de 1947, a Assembléia Geral da ONU, presidida, naquela oportunidade, pelo brasileiro, Ministro Oswaldo Aranha, aprovou a Resolução que determinou o estabelecimento de um Estado Judeu, em Eretz-Israel, que foi, oficialmente, proclamado em 14 de maio de 1948. A presença de um brasileiro foi, portanto, marcante na realização daquele fato histórico de elevado significado mundial. A ação do Chanceler brasileiro foi, portanto, decisiva no processo de negociação política que antecedeu a votação da Resolução nº 181, que terminou sendo aprovada por 33 países. A atuação de Oswaldo Aranha foi intensamente elogiada não só pelo povo de Israel, mas por representantes de vários países 1 com assento na Assembléia Geral da ONU. Foram ressaltados o seu “espírito de objetividade, sua sabedoria e justiça, sua imparcialidade e frieza” no encaminhamento das discussões e na direção dos trabalhos acerca da questão da Palestina. Foi bem claro, ainda, o reconhecimento da liderança de Oswaldo Aranha pela Agência Judaica para a Palestina que assim se manifestou: “a profunda compreensão que demonstrou do problema judaico no tocante à Palestina foi motivo de grande conforto e satisfação para todos nós”. Enfática, também, foi a declaração de Chaim Weizmann - líder e pioneiro do Movimento Sionista e depois escolhido Presidente de Israel - a respeito do papel de Oswaldo Aranha: “a sessão da Assembléia não podia ter terminado com esta decisão histórica (...) se não fosse vosso esforço persistente e vossa devoção como presidente. (...) Vossa compreensão do nosso problema e da justiça de nossa causa ganham a permanente gratidão do povo judaico”. A luta daquele povo heróico não parou aí. Logo depois da instalação do Estado, Israel já teve de enfrentar os exércitos do Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque, que invadiram o País, travando-se sangrentas lutas conhecidas como “Guerra da Independência”, que durou 15 meses e custou a vida de quase 1% da população judaica fixada naquele País, à época. Finda a guerra, com a assinatura de acordos de armistício, o líder David Ben-Gurion, no cargo de Primeiro Ministro, iniciou os trabalhos de acolhimento dos judeus “exilados”, de construção do novo Estado e de reorganização de sua economia, promovendo o desenvolvimento industrial, a mecanização da agricultura, a montagem da infra-estrutura econômica (rodovias, energia, telecomunicações) e da infra-estrutura social (habitação, escolas, hospitais). 2 Quando o Estado de Israel celebrou o seu 10º aniversário, a sua população já era de mais de 2 milhões de habitantes e pujante se tornava a sua economia, com o crescimento acelerado da produção industrial, ampliação das áreas agrícolas cultivadas, autosuficiência no suprimento de alimentos e elevação do volume de exportações. Na década seguinte (1958-68), as exportações duplicaram e o Produto Nacional Bruto apresentou taxas anuais de crescimento da ordem de 10%. O processo de construção e de organização do Estado de Israel continuou, porém, sendo entrecortado por períodos de intranquilidade, destacando-se os conflitos, em 1967, com a “Guerra dos Seis Dias”, finda a qual aquele País manteve sob seu controle vastas áreas, inclusive a cidade de Jerusalém. Não durou muito o período de paz: explodiu a “Guerra do Yom Kipur”, em 1973, quando o País foi atacado pelo Egito e pela Síria, acarretando elevados prejuízos à sua economia. Mas, já em 1974, as atividades econômicas tinham voltado à normalidade e Israel torna-se membro do Mercado Comum Europeu, em 1975. Em 1978, a paz parece bem perto, com a assinatura dos Acordos de Camp David, que asseguraram as linhas básicas para a consolidação de uma convivência pacífica na região. Restabelecida a paz, o Estado de Israel continuou absorvendo imigrantes e com a realização de um amplo programa de controle inflacionário, a economia apresenta expansão acelerada, “atingindo um dos maiores índices de crescimento do PIB entre os países ocidentais”. O Estado de Israel, estabelecido como a Nação independente do povo judeu em sua “Terra Prometida”, é baseado nos princípios da liberdade, da justiça e da paz. Foi criado para 3 abrigar os judeus exilados, garantindo a todos os que ali se fixarem a igualdade de direitos, a plena liberdade religiosa, de consciência, de linguagem, de cultura e a garantia de preservação dos lugares santos e de Jerusalém como o “centro da vida espiritual judaica”. Jerusalém preservada continuará sendo o ícone do conteúdo religioso do povo judeu. O Estado de Israel continua tendo diante de si inúmeros desafios, dos quais o mais importante é a consolidação do processo de paz, a garantia da segurança do seu povo e a ampliação dos laços diplomáticos em todo o mundo. Todo cidadão de Israel está envolvido na luta diária pela paz e na batalha contra o anti-sionismo, que nega ao povo judeu o direito inalienável de ser uma nação. Testemunhando este profundo e heróico esforço pela paz, queremos, aqui, manifestar o nosso apreço e apoio a esta luta do povo judeu para reconstruir a sua própria história. Os exemplos de dignidade deste povo merecem o nosso respeito e consideração. Tivemos, recentemente, oportunidade de manifestar a nossa admiração pela incansável luta do povo judeu pela paz e pela consolidação de sua Nação, ao participar da Audiência da Frente Parlamentar Evangélica com o Embaixador de Israel, Daniel Gazit, ocasião em que reafirmamos, em nome do Congresso Nacional, a necessidade de estreitar o relacionamento Brasil/Israel e de fomentar o intercâmbio cultural entre os dois países. Como passo importante para o aprofundamento dos laços de amizade entre estes dois países, a Associação Cristã Amigos Brasil/Israel e a Frente Parlamentar Evangélica realizarão, em Jerusalém, em novembro de 2004, o “Seminário Internacional de Intercâmbio Cultural Haverim de Israel”. Este evento de tão elevada significação histórico-cultural, será, inegavelmente, um momento de 4 reflexão sobre os valores que integram os dois países na luta por um mundo mais humano, sem desigualdades, sem injustiças e onde reine uma paz duradoura. A realização deste evento é uma continuidade dos trabalhos desenvolvidos pela Associação Cristã Amigos Brasil/Israel-HAVERIMBRIL, que vem desenvolvendo grandes esforços no sentido de fomentar os laços de amizade e fraternidade entre estes dois países amigos, sob a Presidência do Evangelista Pedro Laurindo da Silva. Ressalto, mais uma vez, a importância do relacionamento permanente entre estas duas nações democráticas, em função dos laços históricos, religiosos, culturais, sociais e políticos que unem Israel, berço do cristianismo e o Brasil, nação de reconhecida formação cristã. Era o que tínhamos a dizer. 5