Simpósio e Lançamento da Monografia: Limpeza e desinfecção de superfícies e ambiente em serviços de saúde e RSS 15 de junho de 2013 COLETA DE AMOSTRAS AMBIENTAIS PARA CULTURA Dra Luci Corrêa Alguns esclarecimentos... Não sou a autora do capítulo “Coleta de amostras ambientais para cultura” Não sou microbiologista Agradeço à Farm. Biom. Inneke Marie van der Heijden, o Biólogo Mauro Cintra Giudice e a Dra Silvia Figueiredo Costa pela elaboração do capítulo e por muito ter aprendido com a leitura deste material para o preparo desta aula Plano para estes próximos 20 minutos... Discutir a coleta de amostras ambientais, especialmente de superfícies Destacar os principais métodos Quais devem ser os objetivos e indicações destas coletas Sem abordar controle de água de diálise Fatos: O meio ambiente pode ser fonte de infecção e de surtos hospitalares O meio ambiente hospitalar não é estéril Presença de microrganismos com capacidade de resistir a temperatura ambiental, umidade e produzir biofilme Portanto... Quem procura, acha... Monitorização do ambiente no hospital, alguns exemplos... Controle da água potabilidade ou pesquisa de Legionella spp Processos de esterilização autoclaves Amostras de superfícies área limpa da farmácia Amostras de ar farmácia, salas cirúrgicas, TMO, laboratórios (ex. células tronco, fertilização in vitro) Meio ambiente hospitalar como fonte de IRAS Fonte Principais microrganismos Superfícies Bactérias: BGN, VRE, MRSA, C.difficile Fungos filamentosos: Aspergillus spp, Fusarium spp Virus: norovirus Água Bactérias: BGN não fermentadores, Legionella spp, micobactérias Fungos filamentosos Vírus Ar Bactérias: M.tuberculosis, B.pertussis Fungos filamentosos Vírus: respiratórios, varicela zoster van der Heijden IM, Giudice MC , Costa SF. Coleta de amostras ambientais para cultura. In: Limpeza e desinfecção de superfícies e ambiente em serviços de saúde e RSS, APECIH, 2ª edição, 2013 As superfícies como fonte de transmissão de microrganismos Eliminação pelas pessoas paciente ou PS Contaminação pelas secreções Raramente é fonte direta de infecção Transmissão secundária ocorre pelas mãos contaminadas 20 a 40% das IRAS são decorrentes do contato direto do paciente ou indireto por meio dos PS com superfícies inanimadas Weber DJ, Am J Infect Control. 2010;38(5 Suppl 1):S25-33 Contaminação do ambiente Maçaneta da porta do quarto MRSA Bomba de infusão VRE Maçaneta da porta do banheiro Grades da cama Esfigmomanômetro Mesa de cabeceira Roupas do paciente Roupas de cama 0 10 20 30 40 50 60 % de superfícies contaminadas Hota B. Clin Infect Dis 2004;39(8):1182-9 Sobrevivência no ambiente Bactéria Persistência no ambiente Acinetobacter spp 3 dias a 5 meses; em piso seco: 5 sem. Pseudomonas aeruginosa 6 horas a 16 meses, Escherichia coli 1.5 horas a 16 meses Proteus vulgaris 1 a 2 dias Klebsiella spp 2 horas a >30 horas Serratia marcescens 3 dias a 2m; em piso seco: 5 sem. Enterococcus spp (VRE ou VSE) 5 dias a 4 meses Staphylococcus aureus (MRSA ou MSSA) 7 dias a 7 meses Clostridium difficile (esporos) 5 meses Mycobacterium bovis >2 meses Mycobacterium tuberculosis 1 dia a 4 meses Kramer et al. BMC Infectious Diseases 2006, 6:130 Coleta de amostras de superfícies Coleta de rotina de amostras de superfícies não é recomendada Mais frequentemente fazem parte da investigação de surtos ou protocolos de monitorização dos processos de limpeza/desinfecção Há vários métodos descritos na literatura Não há um critério aceito globalmente para definir se uma superfície está limpa ou não (ponto de corte) O nível de contaminação ambiental que mais se correlaciona com transmissão é desconhecido CDC, Sehulster L, Chinn RYW. Guideline for environmental infection control in health-care facilities. MMWR 2003;52(RR10):1-43 http://www.cdc.gov/hicpac/pdf/guidelines/eic_in_HCF_03.pdf Galvin S. J Hosp Infect. 2012;82(3):143-51 Dolan A. J Hosp Infect. 2011;79(3):227-30 Métodos de coleta de amostras de superfícies Swab de nylon Esponja Placa de contato (Rodac) Laminocultivo (Dip slide) Pano Métodos de coleta de amostras de superfícies Método Tipo de objeto Como é realizado Placa de contato (Rodac) Superfícies lisas Funciona como um carimbo Contato direto com a superfície incubação observação de crescimento > recuperação de bactérias Gram+ Laminocultivo (Dip slide) Superfícies lisas Usado mais comumente na Inglaterra Semelhante às placas de contato Cada lado da pá é pressionado contra a superfície submergido em caldo e incubado Swab umedecido Objetos irregulares, instrumentos O swab é o método mais usado no Brasil, deve ser umedecido antes da coleta Para aumentar a sensibilidade : Pré-umedecer o swab coletar passar na mesma superfície um swab seco para absorção do líquido remanescente inoculação em meio líquido Esponja Superfícies relativa/e grandes, lisas (ex. mesas, vaso sanitário, grades da cama, pisos) A esponja é colocada em um saco com solução tampãohomogeneizado fluido efluente é centrifugado placas de agar incubação observação de crescimento Pano Superfícies grandes, lisas, não absorventes Panos pequenos (ex. 2x2cm) pré-umedecidos coletar colocar em caldo vortex incubação subcultivo em meio sólido Algumas comparações entre os métodos Método Vantagens Desvantagens Placa de contato (Rodac) Muito simples de ser executado, com maior padronização Os resultados podem ser expressos em UFC (resultado quantitativo) Pode ser o método de escolha para bactérias Gram positivas (ex. MRSA) Disponibilidade de meio neutralizante para cultivo (meio de Dey-Engley) Custo mais elevado Apenas uma pequena área pode ser amostrada por cada placa (representatividade da amostragem) Disponibilidade do meio de cultivo Swab umedecido Simples Baixo custo, mas requer meios de cultura sólido e caldo Mais sensível que a placa de contato, especialmente para BGN Requer mais tempo para execução que a placa de contato Resultados disponíveis 24h mais tardiamente que a placa de contato Fornece resultado qualitativo, a menos que o caldo seja inoculado imediatamente em ágar Esponja umedecida Uma única esponja pode ser utilizada para grandes superfícies Mais aplicável que as placas de contato para superfícies irregulares Mais sensível e com maior possibilidade de crescimento comparado ao swab, em virtude da maior área de coleta Custo e disponibilidade das esponjas Utilização de mais recursos laboratoriais e maior consumo de tempo Métodos moleculares para superfícies Poucos estudos tem utilizado PCR (reação de polimerase em cadeia) para detectar microrganismos em superfícies Pode ser utilizada para detecção de vírus, ex. norovirus Vantagens Rapidez do método Elevada sensibilidade Desvantagens Pode não diferenciar microrganismos viáveis e não viáveis Recursos laboratoriais e custo mais elevado van der Heijden IM, Giudice MC , Costa SF. Coleta de amostras ambientais para cultura. In: Limpeza e desinfecção de superfícies e ambiente em serviços de saúde e RSS, APECIH, 2ª edição, 2013 Microrganismos que podem ser transmitidos pela água no ambiente hospitalar Legionella spp Pseudomonas spp Aeromonas spp Stenotrophomonas spp Burkholderia spp Serratia spp Sphingomonas spp Chryseobacterium spp Achromobacter spp Acinetobacter spp Micobactérias Fungos Água nos serviços de assistência à saúde - seus principais usos Ingestão: gelo, consumo humano, preparação da nutrição Banho, hidroterapia, piscina Terapia substitutiva renal : hemodiálise Laboratório clínico Reprocessamento de materiais médicohospitalares Sistemas de refrigeração, ventilação, aquecimento e condicionamento do ar Quais são as amostras de água que devem ser coletadas para cultura? Depende da situação... 1. Surtos 2. Monitorização de rotina de acordo com a legislação Objetivo desta coleta 1. Busca do agente causal de um surto 2. Assegurar a qualidade – comparação com padrões já estabelecidos Contaminação nos pontos de uso Vários surtos descritos, ex. contaminação de pias para LM por Pseudomonas aeruginosa Importância da rotina de limpeza versus rotina de coleta Monitorização do ambiente no hospital, alguns exemplos... Controle da água potabilidade ou pesquisa de Legionella spp Processos de esterilização autoclaves Amostras de superfícies área limpa da farmácia Amostras de ar farmácia, salas cirúrgicas, TMO, laboratórios (ex. células tronco, fertilização in vitro) O ar e os microrganismos Vírus, bactérias e partículas fúngicas (fragmentos de hifas ou esporos) podem ser encontrados no ar aerossóis estes podem conter um único organismo livre ou um aglomerado de células bacterianas, poeiras e material orgânico ou inorgânico seco Estes microrg. são provenientes: do solo e transportados por correntes de ar da superfície da água por onde se desprendem e se espalham de depósito de resíduos de ambientes associados à presença de animais ou da circulação frequente de seres humanos van der Heijden IM, Giudice MC , Costa SF. Coleta de amostras ambientais para cultura. In: Limpeza e desinfecção de superfícies e ambiente em serviços de saúde e RSS, APECIH, 2ª edição, 2013 Ambiente protetor Indicado para pacientes submetidos a TCTH alogênico e algumas outras neoplasias hematológicas Objetivo: reduzir a concentração de esporos fúngicos no ar e o risco de aquisição de infecções fúngicas invasivas a partir desta exposição Siegel JD, Rhinehart E, Jackson M, et al. 2007 Guideline for isolation precautions: preventing transmission of infectious agents in healthcare settings. 2007 Am J Infect Control 2007;35(10 Suppl 2):S65–164 http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/isolation2007.pdf O ambiente protetor consiste em... Uso de filtro HEPA no ar que entra no quarto Fluxo dirigido Pressão positiva em relação ao corredor ≥12 trocas por hora Estratégias para poeira revestimentos e mobiliário adequados limpeza freqüente e padronizada Vedação adequada de portas e janelas Proibição de flores/plantas Durante períodos de construções ou reformas no hospital: utilizar a máscara do tipo respirador (N95) ao sair do quarto http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/pdf/isolation2007.pdf Monitoramento e parâmetros Para o ambiente protetor Não há em recomendação para realização de controle microbiológico do ar rotina ou durante obras (assunto não resolvido) CDC, Sehulster L, Chinn RYW. Guideline for environmental infection control in health-care facilities. MMWR 2003;52(RR10):1-43 http://www.cdc.gov/hicpac/pdf/guidelines/eic_in_HCF_03.pdf Resolução no 9, ANVISA, de 16/01/2003 Estabelece os parametros de qualidade do ar ambiental interior Valor máx. recomendável (VMR) de contaminação microbiológica : ≤750 UFC/m3 de fungos, para relação I/E ≤1.5 Tipos de amostradores de ar Volumétricos Biotest Air Sampler Andersen N6 Dual Head Sampler SAS Super 180 Amostrador de Andersen - 6 níveis Simulação do Sistema Respiratório Esquema de funcionamento do amostrador de Andersen, mostrando a analogia com as vias aéreas do ser humano Adaptado de: Siqueira LFG. Sindrome do edificio doente, o maio ambiente e a infecção hospitalar. In: Fernandes AT. Infecção Hospitalar e suas interfaces na área da saúde 2000; vol 2:1314 Amostrador de Andersen Passagem do ar por orifícios de ≠ dimensões impactação de particulas/microrg. em placas de agar Amostras coletadas durante 5min. a 28,3 L/min Modelo com 1 até 8 estágios Meio de cultivo de fungos, em amostragem realizada pelo amostrador de Andersen Adaptado de: Siqueira LFG. Sindrome do edificio doente, o maio ambiente e a infecção hospitalar. In: Fernandes AT. Infecção Hospitalar e suas interfaces na área da saúde 2000; vol 2:1315 Coleta do Ar Out-door e in-door Mesma metodologia de leitura Ideal: expresso em UFC/m3 Eficácia do filtro HEPA - monitorada por teste de partículas (0.3 um) CDC, Sehulster L, Chinn RYW. Guideline for environmental infection control in healthcare facilities. MMWR 2003;52(RR10):1-43 http://www.cdc.gov/hicpac/pdf/guidelines/eic_in_HCF_03.pdf Dúvidas Falta de padronização nos critérios de vigilância para aspergilose invasiva de aquisição comunitária e hospitalar Aquisição hospitalar >1 semana de internação e menos de 2 semanas após a alta Paterson. Infect Control Hosp Epidemiol 1997;18:104-8 Nº de ufc aceitáveis em um ambiente protetor Nº de coletas e quando realizá-las O que fazer quando uma análise não está dentro dos padrões estabelecidos Avaliação minuciosa do ambiente Eliminar móveis, equipamentos, materiais armazenados desnecessários e/ou em excesso Revisão dos processos de limpeza Treinamento da equipe de limpeza Revisão das atividades cotidianas, em busca de mudanças, especialmente em áreas limpas, CC Para finalizar Amostras ambientais (de superfícies, água ou ar) devem ser coletadas APENAS se houver um objetivo claro cumprimento da legislação, investigação de surtos ou monitoramento de práticas de limpeza e/ou desinfecção E deve SEMPRE haver um plano de ação OBRIGADA! [email protected]