Análise Comparativa

Propaganda
Com base na análise elaborada em cada concelho, torna-se possível explicitar as
grandes linhas de convergência e de divergência existentes entre eles.
TABELA 1. ASPECTOS GLOBAIS DA POPULAÇÃO DO ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA NO
PERÍODO DE 1991-2001
VARIAÇÃO
ABSOLUTA
IMPORT.
REL.1991
%
IMPORT.
REL.2001
%
TAXA DE
CRESCIMENTO
TOTAL
CRESCIMENTO
ANUAL MÉDIO
EM %
11946
-1059
5.1
4.8
-0.00846
-0.85
31476
34614
+3138
12.4
14.1
+0.00956
+0.96
FUNCHAL
115403
103961
-11442
45.5
42.2
-0.01038
-1.04
MACHICO
22016
21747
-269
8.6
8.9
-0.00123
-0.12
PONTA
SOL
8756
8125
-631
3.5
3.3
-0.00746
-0.75
3432
2927
-505
1.4
1.3
-0.01578
-1.58
4706
4474
-232
1.9
1.8
-0.00505
-0.51
13170
12494
-676
5.2
5.1
-0.00525
-0.53
SANTA
CRUZ
23465
29721
+6256
9.3
12.1
+0.02391
+2.39
SANTANA
10302
8804
-1498
4.1
3.9
-0.01558
-1.56
SÃO
VICENTE
7695
6198
-1497
3.0
2.5
-0.02143
-2.14
253426
245011
-8415
100
100
-0.00337
-0.34
CONCELHOS
POP.
1991
POP.
2001
CALHETA
13005
C. DE LOBOS
DO
PORTO
MONIZ
PORTO
SANTO
RIBEIRA
BRAVA
TOTAL
Deste modo, a desigualdade do número de habitantes nos vários concelhos madeirenses
constitui a característica que de imediato se nos apresenta.
Este aspecto é particularmente significativo se atentarmos por ordem de grandeza
populacional no concelho de Funchal, visto que, nos dois períodos censitários e, não obstante a
diminuição do seu número de habitantes de 115403 para 103961, continuava a agregar cerca de
42,0 % da população do Arquipélago.
A propósito deste fenómeno Nazareth refere que “ (…) a principal realidade do
povoamento da Madeira é a fortíssima macrocefalia representada pela excessiva dimensão da
capital, Funchal, relativamente à Região.”1
Sendo a disparidade de volume populacional entre os diferentes concelhos bastante
acentuada, deparamo-nos no extremo oposto com a situação registada em Porto Moniz, que em
2001 agregava apenas cerca de 1,3 % do total da população madeirense, visto que a sua
população não atingia os 3000 habitantes.
Durante estes dois períodos censitários todos os concelhos madeirenses perderam
população, com excepção de Câmara de Lobos e Santa Cruz. Deste modo, enquanto que o
concelho de Câmara de Lobos registou um aumento de volume populacional de 11,0 %, este
acréscimo foi bastante mais significativo no concelho de Santa Cruz, com um aumento de
volume populacional de 27,0 %. Contudo, não obstante este aumento substancial, que se
traduziu num acréscimo de 6256 indivíduos, número duas vezes superior ao registado em
Câmara de Lobos, este último concelho continuou a assumir-se como o segundo mais populoso
do Arquipélago, com um peso de 14,1 % face ao total regional, enquanto que Santa Cruz
detinha em 2001 uma importância relativa de 12,1 %.
Podemos pois, considerar, que dos três concelhos com maior volume populacional,
respectivamente, Funchal, Câmara de Lobos e Santa Cruz, apenas os dois últimos aumentaram a
sua importância relativa, porquanto o concelho de Funchal perdeu população.
Podemos ainda generalizar considerando que cerca de 70,0 % da população madeirense
se encontrava nestes três concelhos, facto que se deveu à construção de novos eixos rodoviários,
facto que centrou o povoamento em torno de Funchal, ou seja, nos concelhos vizinhos. 2
Deste modo, é pelos outros oito concelhos que integram este Arquipélago, que se
distribuía a restante população madeirense, cerca de 30,0 %. Nestes os volumes populacionais
além de reduzidos ainda registaram uma diminuição entre os Recenseamentos de 1991 e 2001.
Assim, as suas importâncias relativas são bastante diminutas face ao total regional, variando
entre menos de 2,0 %, correspondente ao concelho de Porto Santo, e o valor de cerca de 9,0 %,
referente a Machico.
Os ritmos de crescimento, avaliados pela Taxa de Crescimento Anual Médio mostram
as disparidades entre os concelhos. Assim, Santa Cruz ao registar um aumento de 6256
1
2
J. Manuel Nazareth, Princípios e Métodos de Análise Demográfica…p.143.
Sobre esta temática, veja-se J. Manuel Nazareth, ob. cit., p.143.
efectivos entre 1991 e 2001, apresentou o maior crescimento populacional de todo o
Arquipélago seguido pelo concelho de Câmara de Lobos.
Ao invés, todos os outros municípios madeirenses expressaram Taxas de Crescimento
Anual Médias negativas que oscilaram entre o valor mais acentuado de -2,14 % registado em
São Vicente e o valor de -0,12 % correspondente ao concelho de Machico.
Deste modo, no período 1991-2001 a tendência do decréscimo populacional foi notória
em todos os concelhos madeirenses, à excepção de Câmara de Lobos e Santa Cruz.
Estas diferenças observadas, embora relevantes para a compreensão da especificidade
do Arquipélago no que concerne aos aspectos demográficos, terão de ser avaliadas tendo em
atenção não só o volume, mas este conjuntamente com a dimensão, ou seja, mediante as
densidades populacionais.
TABELA 2. DENSIDADE POPULACIONAL DO ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA NO
PERÍODO 1991-2001
CONCELHOS
CALHETA
CÂMARA DE
LOBOS
FUNCHAL
MACHICO
PONTA DO SOL
PORTO MONIZ
PORTO SANTO
RIBEIRA BRAVA
SANTA CRUZ
SANTANA
SÃO VICENTE
TOTAL
115.65
POPULAÇÃO
RESIDENTE
1991
13005
POPULAÇÃO
RESIDENTE
2OO1
11946
DENSIDADE
POPULACIONAL
1991
112.45
DENSIDADE
POPULACIONAL
2001
103.29
52.37
31476
34614
601.03
660.95
115403
103961
1588.91
1431.39
22016
8756
3432
4706
13170
21747
8125
2927
4474
12494
325.15
199.91
42.69
111.60
202.30
321.17
185.50
36.40
106.09
191.92
23465
29721
348.71
441.68
10302
7695
253426
8804
6198
245011
110.66
97.78
325.35
94.56
78.72
314.55
ÁREA
(KM2)
72.63
(a)
67.71
43.80
80.40
42.17
65.10
67.29
(b)
93.10
78.70
778.92
a) Excluímos a área de 3,62 km2 correspondente às Ilhas Selvagens e que se encontra
integrada neste concelho, uma vez que as mesmas são desabitadas.
b) Excluímos a área de 14,23 km2 correspondente às Ilhas Desertas e que se encontra
integrada neste concelho, uma vez que as mesmas são desabitadas.
Relativamente ao número de habitantes por Km2, a Madeira apresentava situações
bastante diversas, cujos casos extremos nos dois Recenseamentos eram os verificados nos
concelhos de Funchal e Porto Moniz com valores de cerca de 1500.00 e 40.00 habitantes por
Km2, respectivamente. Deste modo, tal como podemos constatar a partir da Tabela 2, Funchal,
Câmara de Lobos e Santa Cruz, eram os concelhos mais densamente povoados e
simultaneamente os de maior volume populacional.
Além de Porto Moniz, também os concelhos de São Vicente e Santana apresentavam as
menores densidades populacionais não tendo estes dois últimos atingido os 100.00 habitantes
por Km2.
No entanto, as densidades populacionais entre concelhos apresentavam-se bastante
diferenciadas. As oscilações entre os 200.00 e os 600.00 habitantes por Km2 permitiram-nos
concluir que a diversidade de volumes populacionais não resultou exclusivamente das diferentes
dimensões concelhias.
Temos, portanto, que não só os vários concelhos possuíam um número de efectivos
bastante diferenciado como também ritmos de crescimento desiguais que permitiram maiores e
menores concentrações populacionais.
Aos traços de desigualdade e de concentração populacional já explicitados, não
podemos deixar também de acrescentar a ideia da existência de uma permanência, visível quer
na importância relativa quer na densidade de todos os concelhos madeirenses. Funchal, Câmara
de Lobos e Santa Cruz, os concelhos de maior volume e densidade, mantiveram estas posições
durante estes dois Recenseamentos, embora não se possa menosprezar o aumento bastante
significativo que este último concelho registou.
Para além da evidente diversidade, a tendência à concentração consubstanciou-se na
formação de dois grupos, sendo o primeiro constituído pelo Funchal e pelos concelhos
limítrofes de Santa Cruz e Câmara de Lobos, situados na vertente sul com uma temperatura
amena e fraca pluviosidade durante todos os meses do ano. Os restantes concelhos, enquadramse no grupo dos menos populosos, e em termos geográficos encontram-se mais afastados da
capital do Arquipélago.
TABELA 3. PESO RELATIVO DE CADA UM DOS CONCELHOS DA MADEIRA
RELATIVAMENTE AO ARQUIPÉLAGO DE 1991 A 2001
Concelhos
1991
2001
Porto Moniz
1.4
1.3
Santana
4.1
3.9
São Vicente
3.0
2.5
Costa Norte - Total
8.5
7.7
Calheta
5.1
4.8
Câmara de Lobos
12.4
14.1
Funchal
45.5
42.2
Machico
8.6
8.9
Ponta do Sol
3.5
3.3
Ribeira Brava
5.2
5.1
Santa Cruz
9.3
12.1
Costa Sul - Total
89.6
90.5
Porto Santo
1.9
1.8
Contudo, este fenómeno não é específico da década em que enquadramos o nosso
estudo, visto que na análise concelhia dos volumes populacionais da Madeira entre 1864 e 1991
encetada por Oliveira, foi já possível constatar a existência do “peso determinante da costa sul
da ilha da Madeira relativamente à costa norte”3, tendência que continua a manter-se e a
acentuar-se, conforme a apreciação da Tabela 3, onde optámos por agrupar geograficamente os
concelhos (costa norte/costa sul).
Assim, embora a importância de alguns concelhos da costa sul tenha diminuído ao
longo desta década, nomeadamente, Funchal, Calheta, Ponta do Sol e Ribeira Brava, o
acréscimo verificado nos restantes concelhos desta vertente, permitiram que esta continuasse a
aumentar a sua importância. Deste modo, na costa sul da Ilha da Madeira residia cerca de 90,0
% da população madeirense.
No entanto, convém salientar que mesmo à escala local, muitas situações idênticas do
ponto de vista das respectivas densidades populacionais se revestem de características sociais
inteiramente diferentes, pelo que é oportuno referir Dollfus quando afirma que “ a densidade de
ocupação do solo só adquire significado quando comparada com o espaço concreto em que se
inscreve, em relação com a estrutura sócio-profissional, o seu modo e o seu nível de vida […]”4
3
Isabel Oliveira, “ A Ilha da Madeira – Transição Demográfica e Emigração”…pp.28-29.
Citação de Ollivier Dollfus, L’Espace Géographique, Presses Universitaires de France («Que
sais-je?»), Paris, 1973, p. 59, in José Madureira Pinto, Estruturas Sociais e Práticas SimbólicoIdeológicas nos Campos…p.76.
4
Download