1 Os benefícios da drenagem linfática no aspecto da pele em mulheres com fibro edema gelóide Elissandra Maia Silva1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia2 Pós-Graduação em Fisioterapia em Dermato-Funcional_ Faculdade Cambury Resumo A pesquisa refere-se aos benefícios da drenagem linfática no aspecto da pele em mulheres com fibro edema gelóide (FEG), pois, atualmente, grande parte do público feminino tem recorrido a métodos e técnicas da área de Fisioterapia Dermato-Funcional na expectativa de obter resultados para seus problemas relacionados à saúde e estética. O presente estudo caracterizou-se por ser analítico descritivo de revisão bibliográfica. A seleção dos artigos ocorreu a partir de busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LiLacs) e Scientific Eletronic Library Online ScieLo, publicados entre 2004 a 2014. Foi realizado um levantamento e análise em materiais bibliográficos. Os descritores utilizados para a busca das referências foram: “Drenagem Linfática”; “Pele”; “Fibro Edema Gelóide”. Os artigos escolhidos foram criteriosamente analisados extraindo informações primordiais relacionados aos benefícios da drenagem linfática no aspecto da pele em mulheres com FEG. Pode-se concluir que a aplicabilidade da drenagem linfática, traz resultados satisfatórios a paciente com FEG, especialmente quando este se encontra em fase inicial, pois, a melhora visual no aspecto do FEG se deve ao fato de a drenagem promover a remoção do excesso do líquido presente no interstício. Palavras-chave: Drenagem Linfática; Pele; Fibro Edema Gelóide. 1. Introdução Atualmente, grande parte do público feminino tem recorrido a métodos e técnicas da área de Fisioterapia Dermato-Funcional na expectativa de obter resultados para seus problemas relacionados à saúde e estética, como é o caso do Fibro Edema Gelóide (FEG), popularmente conhecido como celulite (MEYER et al, 2011). Segundo Weiber (2006), quando se iniciam as alterações hormonais na adolescência, a mulher adquire um corpo com formas mais arredondadas pela presença de tecido adiposo nos quadris, coxas, culotes, glúteos e abdômen. Nesses locais, em 90% das mulheres sucedem o aparecimento do FEG. De acordo Weiber (2006), o FEG é uma afecção benigna, não apresentando risco de vida, porém um problema que causa importante desconforto emocional. Ela é um problema causado por vários fatores, um dos maiores responsáveis é o hormônio feminino estrogênio que favorece o acumulo de gordura nas pernas e quadris. Existem três graus de FEG. O grau I ou brando, ocorre quando as alterações cutâneas são percebidas somente durante a compressão dos tecidos, geralmente na posição ortostática. O grau II ou moderado, apresenta as alterações cutâneas de forma espontânea, sem compressão dos tecidos. O grau III ou grave, apresenta alterações cutâneas tanto em posição deitada ou em ortostatismo, ficando com a pele enrugada e flácida (MACHADO et al, 2009). __________________________________________________________________________________________________________________________________ 1 Pós graduanda em Fisioterapia em Dermato-Funcional, Pós graduada em Fisioterapia em Traumatologia com ênfase em terapias manuais e graduada em Fisioterapia. 2 Mestrando em Bioética e Direito em Saúde, Especialista em Metodologia do Ensino Superior e graduada em Fisioterapia. 2 Atualmente com o crescimento da fisioterapia dermato-funcional e a necessidade de técnicas aprimoradas para manter os padrões de beleza de uma sociedade cada vez mais vaidosa, a drenagem linfática passou a ser aplicada em muitos tratamentos como no FEG (LESSA et al, 2012). De acordo com Gravena (2004), a drenagem linfática manual provoca ativação circulatória, a qual proporciona absorção de produtos e substâncias, fusão de acúmulos de gorduras do tecido subcutâneo, reduzindo-o e eliminando resíduos metabólicos, liberando aderências. Diante disto, o presente estudo tem o objetivo de os benefícios da drenagem linfática no aspecto da pele em mulheres com FEG. 2. Fundamentação teórica A Fisioterapia Dermato Funcional é uma área da fisioterapia que tem procurado justificar alguns tratamentos estéticos amplamente utilizados, uma vez que tem investido na comprovação científica dos métodos e técnicas abordados para o tratamento de diversas afecções, como é o caso da FEG, popularmente chamada de celulite (FEDERICO et al, 2006). 2.1 Tecido epitelial Segundo Guirro e Guirro (2002 apud Gravena, 2004), o tecido epitelial pode ser classificado em duas categorias: membrana de revestimento; glandular. Sua principal função é proteger as estruturas internas subjacentes do organismo formando uma verdadeira barreira protetora [...] [...] Também reveste as cavidades naturais como: boca, as fossas nasais e o canal auditivo. O epitélio é composto unicamente por células justapostas. Para que estas células formem uma membrana contínua, suas camadas superficiais são unidas por junções celulares. Este tecido tem como funções principais: revestimento, absorção, secreção e sensorial. 2.2 Tecido conjuntivo O tecido conjuntivo sustenta a epiderme, que são caracterizados por apresentar tipos diversos de células, separados por abundante material intercelular, que é sintetizado por elas e representado pelas fibras do conjuntivo e pela substância fundamental amorfa [...] [...] As Fibras podem ser do tipo: colágenas, proteína mais abundante do corpo humano, sendo que a do tipo I é a mais comum na pele, possuem pouca elasticidade; elásticas, são fibras que cedem a trações mínimas e retornam a posição original após o término da força de tração e reticulares. É no tecido conjuntivo subcutâneo que se iniciam as alterações que favorecerão o surgimento do FEG. São diversas as funções do tecido conjuntivo, tais como: sustentação, preenchimento, defesa e nutrição. Este faz parte da formação dos tendões, dos ligamentos, dos tecidos ósseos e do cartilaginoso. São as diversas variações do tecido conjuntivo. O papel de nutrição decorre de sua íntima relação com os vasos sanguíneos, onde através de difusão os nutrientes são levados até as camadas superficiais do epitélio (PRAVATTO, 2007). O tecido adiposo amarelo ou unilocular é um tipo especializado de tecido conjuntivo subcutâneo, sendo um grande reservatório de gordura sob a forma de triacilgliceróis, apresentando grande capacidade de hipertrofia. Encontra-se disperso pelo organismo, em depósitos sem ligação física entre si, cuja atividade secretória é regulada por mecanismos humorais e hormonais, não totalmente esclarecidos. Nesses depósitos individuais, encontramse vários tipos celulares: macrófagos, fibroblastos, pré-adipócitos e adipócitos (HOPPE et al, 2010). 3 2.3 Pele A pele é o maior órgão do corpo humano. Recobre a superfície corporal, formando uma fronteira anatómica, fisiologicamente especializada entre o meio interno e externo, essencial à vida. A barreira que cria, entre o meio interno e o meio externo, permite-lhe proteger o corpo das agressões externas e influenciar a regulação corporal, assumindo também funções sensoriais, imunológicas e bioquímicas [...] [...] Por ser a parte mais visível do corpo, a pele funciona também como um espelho do que se passa internamente, revelando desequilíbrios e manifestando necessidades do organismo. Mas, para além das suas funções biológicas, tem ainda um papel fundamental na aparência física, estando fortemente associada à percepção da idade e da beleza dos indivíduos (DIAS e ARMADA, 2008). Fonte: http://www.reginaambar.com.br/cursos/artigo_anatomia_da_pele.html Figura 1: Pele A pele desempenha as seguintes funções [...] [...] Proteção– a queratina, proteína cuja síntese você irá estudar ainda nesta aula, protege a pele contra o atrito e contra a perda de água por evaporação. O pigmento melanina protege a pele contra a ação lesiva dos raios ultravioleta; as células de Langerhans presentes na epiderme e outras células de defesa presentes na derme protegem a pele contra a invasão de microorganismos. Termorregulação– a pele apresenta importante função na regulação da temperatura corpórea através da sua extensa rede vascular, das suas glândulas sudoríparas e do tecido adiposo nela presente. Excreção– além da importante função na termorregulação, as glândulas sudoríparas eliminam vários produtos tóxicos do metabolismo celular, como uréia, amônia e ácido úrico. Sensorial– através das células de Merkel e das terminações nervosas livres presentes na epiderme e também de vários tipos de terminações nervosas sensitivas presentes na derme, a pele recebe informações do meio ambiente e as envia para o sistema nervoso central. Metabólica– a vitamina D, essencial para a fixação do cálcio nos ossos, é produzida na pele sob a ação dos raios solares. O tecido adiposo da hipoderme constitui uma importante reserva de energia para o corpo (CEDERJ, 2004; BRAVIM e KIMURA, 2007). 2.3.1 Epiderme A epiderme é altamente resistente ao desgaste e as infecções, suas camadas superficiais são virtualmente impermeáveis à água, prevenindo contra a dessecação e também contra a passagem de água através da superfície corporal externa (DALSASSO, 2007). 4 2.3.2 Derme A derme é a camada cutânea mais profunda presente entre a epiderme e o tecido subcutâneo, ricamente constituída por fibras colágenas e elásticas. É capaz de promover a sustentação da epiderme, e tem rica participação nos processos fisiológicos e patológicos do órgão cutâneo [...] É caracterizada por uma variedade de tipos celulares como fibroblastos, mastócitos, células T e células dendríticas dermais, envolvidas com a defesa imunológica da pele. É dividida estruturalmente em duas camadas: a camada papilar e a camada reticular. A primeira é a camada menos espessa da derme, rica em tecido conjuntivo frouxo e fibroblastos, constituída por colágeno tipo III e vasos sanguíneos de menor espessura e calibre. Já a camada reticular caracteriza-se por feixes dérmicos constituídos por colágeno tipo I e permeados por colágeno tipo III e vasos sanguíneos calibrosos (OLIVEIRA, 2011). 2.3.3 Hipoderme A hipoderme é formada por tecido conjuntivo frouxo, que une de maneira pouco firme a derme e aos órgãos subjacentes. Funcionalmente, a hipoderme além de depósito nutritivo de reserva, participa no isolamento térmico [...] [...] e na proteção mecânica no organismo às pressões e traumatismos externos e facilita a mobilidade da pele em relação às estruturas subjacentes. Dependendo da região e do grau de nutrição do organismo, poderá ter uma camada variável de tecido adiposo, constituindo o panículo adiposo (DALSASSO, 2007). 2.3.4 Microcirculação da pele Existem dois plexos arteriais que suprem a pele: um que se situa no limite entre a derme e a hipoderme e outro entre as camadas papilar e reticular. Deste último plexo partem finos ramos para as papilas dérmicas (GRAVENA, 2004). O autor citado acima relata ainda que se distinguem três plexos venosos na pele, dois na posição descrita para as artérias e um na região da derme. O sistema de vasos linfáticos iniciase nas papilas dérmicas e converge para um plexo entre as camadas papilar e reticular. 2.4 Fibro Edema Gelóide O FEG é uma afecção que provoca deficiência na circulação sanguínea e linfática, hipotonia muscular frequente, podendo levar à quase total imobilidade dos membros inferiores, além de dores intensas e problemas emocionais. Pode estar presente em três graus diferenciados de acordo com suas manifestações. Existem diversos nomes utilizados para designar o FEG, como lipodistrofia localizada, infiltração celulítica, hidrolipodistrofia, infiltração celulálgica, etc. Entretanto, a definição fibro edema gelóide tem-se demonstrado como conceito mais aceito atualmente para descrever esse quadro (MENDONÇA, 2011). 2.4.1 Patologia do FEG No tecido adiposo, existem algumas fibras ao redor da célula que se ligam à musculatura encontrada abaixo e que separam as células adipócitas em grupos. Na mulher essas fibras são retas e perpendiculares à pele permitindo que quando há um aumento dessas células, a gordura se insinue na pele formando as famosas covinhas de depressões. No homem as fibras são obliquas e quando a gordura a aumenta é formada para baixo em direção ao músculo e não em direção à pele como nas mulheres (KLEIN, 2012). 5 2.4.2 Clinicamente De acordo com Corrêa (2005), as transformações ocorridas no tecido epitelial, principalmente o aumento da sua densidade, em vez de permitir a mobilidade da pele, fixam-na aos planos profundos. Tais alterações nem sempre se fazem por igual, de maneira que a pele apresentará um aspecto acolchoado, o pregueamento cutâneo, em espessamento aparente, irregular, que nos mostra uma sucssão de saliências e depressões, correspondente ao edema intercelular, hipertrofia e hiperplasia adipocitária, além da fibro-esclerose. 2.4.3 Aspectos histopatológicos O tecido com FEG encontra-se com aumento do número e do volume de células adiposas, lipoedema e dissociação lobular, espessamento e proliferação das fibras colágenas interadipocitárias e interlobulares, que provocam engurgitamento tecidual, rompimento das fibras elásticas, vasos linfáticos e sanguíneos ectásicos (BELONI, 2010). Consequentemente, o autor acima relata, que o tecido mal oxigenado, desorganizado e sem elasticidade, resultante do mau funcionamento circulatório e das consecutivas transformações do tecido conjuntivo. A provável causa das alterações microcirculatórias seria uma insuficiência dos esfíncteres pré-capilares, cuja função reguladora do fluxo sanguíneo encontra-se modificada nas áreas afetada. 2.4.4 Etiopatogenia Com relação aos agentes etiológicos ou etiopatogenia do FEG, estão presentes: fatores desencadeantes, fatores predisponentes e agravantes. Os fatores desencadeantes compreendem alterações de natureza hormonal que ocorrem na, sendo o principal hormônio envolvido com o aparecimento do FEG, o estrógeno. Os fatores predisponentes são hereditários e múltiplos como sexo, etnia, biotipo corporal, distribuição do tecido adiposo e ainda, quantidade, disposição e sensibilidade dos receptores das células afetadas pelos hormônios envolvidos. Fatores agravantes como hábitos alimentares inadequados, sedentarismo, estresse, patologias, medicamentos e gravidez podem acelerar desequilíbrio (ANA et al, 2007). 2.4.5 Sinais e sintomas ao exame físico É necessária uma avaliação detalhada, envolvendo toda a propedêutica da anamnese e do exame físico. Na inspeção, é possível observar alteração de relevo, varizes, equimoses, estrias, telangectasias, tonicidade muscular e postura, sendo esta realizada em posição ortostática [...] [...] Na palpação é possível notar nódulos fibróticos, aumento da sensibilidade dolorosa local, aumento do volume e da consistência do tecido celular subcutâneo, além da deformação da pele e dos tecidos pelas aderências. Os sinais patológicos do fibro edema gelóide são facilmente verificáveis por testes simples e seguros. Um dos testes é o da "casca de laranja", em que se pressiona o tecido adiposo entre os dedos polegar e indicador ou entre as palmas das mãos e apele adquire uma aparência rugosa, tipo casca de laranja. O outro teste é o denominado "teste de preensão", que, após uma preensão da pele, juntamente com a tela subcutânea, entre os dedos, promove-se um movimento de tração. Se a sensação dolorosa for mais incômoda do que o normal, este também é um sinal do FEG, onde já se encontra alteração da sensibilidade (LUZ et al, 2010). 2.4.6 Localizações O FEG pode aparecer em qualquer parte do corpo, com exceção das palmas das mãos, plantas dos pés e couro cabeludo, porém as áreas atingidas com maior frequência são a porção 6 superior das coxas, interna e externamente, a porção interna dos joelhos, região abdominal, região glútea e porção superior e anterior dos braços (PAES e HUGEN, 2010). 2.4.7 Formas Clínicas Segundo classificação feita por Leonard apud (PRAVATTO, 2007), os tipos de FEG distinguem-se pelas alterações teciduais como decorrência da tonicidade muscular associada ao problema. As formas clínicas levam em conta a consistência do infiltrado. As alterações podem caracterizar os seguintes quadros: Fibro edema gelóide consistente (duro): Grande espessamento da pele, aumento dos tecidos superficiais, nítido acolchoamento sem mobilidade ao teste da preensão. Percebem-se equimoses, varicosidades e extremidades frias, além de edema. Fibro edema gelóide brando ou difuso (flácido): É a forma mais importante, tanto em número quanto nas manifestações aparentes. Apresenta-se em indivíduos com hipotonia muscular. Na palpação notam-se vários núcleos endurecidos e placas rígidas. São comuns as varicosidades e sensação de peso nos membros acometidos, e pela diminuição da tonicidade muscular, tem-se a impressão de estar “arrastando um peso”. Fibro edema gelóide edematoso: Aspecto exterior de um edema tecidual puro e simples. À palpação, percebem-se placas rígidas, aspecto enrugado ou “casca de laranja” e pressão dos tecidos superficiais. Pode acometer indivíduos adultos ou jovens, obesos ou não; Fibro edema gelóide misto: Podemos encontrar fibro edema gelóide firme nas coxas associado a flácido no abdômen, ou então um fibro edema gelóide muito firme na coxa lateralmente, e um muito flácido medialmente. 2.4.8 Graus De acordo com a classificação proposta por Ulrich10, existem três graus de FEG (MACHADO et al, 2009): O grau I ou brando ocorre quando as alterações cutâneas são percebidas somente durante a compressão dos tecidos (teste de casca de laranja ou contração muscular) geralmente na posição ortostática, pois quando a pessoa está deitada frequentemente não se percebe sua presença. O grau II ou moderado apresenta as alterações cutâneas de forma espontânea, sem compressão dos tecidos, pode ser visível com a voluntária deitada e com as margens bem delimitadas. O grau III ou grave apresenta alterações cutâneas tanto em posição deitada ou em ortostatismo, ficando com a pele enrugada e flácida adquirindo a aparência do chamado saco de nozes. Fonte: http://cuidadosamentepele.blogspot.com.br/ Figura 2: Graus do Fibro Edema Gelóide 7 2.12 Tratamento 2.12.1 Drenagem linfática A drenagem linfática é uma técnica de massagem composta por manobras suaves, lentas, monótonas e rítmicas, feita com as mãos, que obedecem ao trajeto do sistema linfático superficial e que tem por objetivos a redução de edemas e linfedemas e a prevenção ou melhoria de algumas de suas consequências [...] [...] Esta técnica diferencia-se de outros métodos de massagem, especialmente da massagem clássica, por não produzir vasodilatação arteriolar superficial (hiperemia) e por utilizar pressões manuais extremamente suaves (de até 30 a 40mmHg) e lentas (em média de 12 vezes por minuto) (TACANI e TACANI, 2008). A Drenagem Linfática é o modo de drenar, ou seja, esvaziar o interstício celular e os vasos linfáticos, retirando os líquidos que se encontram dentro destes, através de manobras específicas que visam eliminar os catabólicos produzidos pelo organismo decorrente do metabolismo celular [...] [...] A drenagem linfática é empregada com objetivos terapêuticos, estéticos e de relaxamento muscular, uma vez que estimula o funcionamento da circulação sanguínea, do sistema nervoso autônomo, proporciona alívio do stress muscular em geral, tratamento de edemas pós-traumático e póscirúrgicos, reumatismo, celulite e menopausa. Tais melhorias são possíveis pelo fato de que, este tipo de massagem aumenta a produção e a movimentação da linfa dentro do interstício celular, fazendo com que os líquidos intersticiais e os conteúdos dos vasos linfáticos, circulem com maior rapidez, facilitando desta forma as trocas gasosas e nutricionais no organismo, devido ao maior aporte sanguíneo no interior do músculo (FERMIANO et al, 2004). Fonte: http://cuidadosamentepele.blogspot.com.br/ Figura 3: Drenagem Linfática 2.12.1.1 Sistema linfático O sistema linfático tem origem embrionária no mesoderma e desenvolve-se junto aos vasos sanguíneos. Podem ocorrer modificações no desenvolvimento embrionário durante a vida intra-uterina, dando para cada indivíduo características morfológicas individuais [...] 8 [...] O sistema linfático consiste de um sistema vascular, constituído por capilares linfáticos, vasos coletores e troncos linfáticos, por linfonodos, que servem como filtros do líquido coletado pelos vasos e por órgãos linfóides, que incluem tonsilas, baço e o timo, encarregados de recolher, na intimidade dos tecidos, o líquido intersticial, e reconduzi-lo ao sistema vascular sanguíneo (PEREIRA, 2010). 3. Metodologia O presente estudo caracterizou-se por ser analítico descritivo de revisão bibliográfica. A seleção dos artigos ocorreu a partir de busca nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LiLacs) e Scientific Eletronic Library Online ScieLo, publicados entre 2004 a 2012. Foi realizado um levantamento e análise em materiais bibliográficos em artigos científicos, monografias, dissertações e livros no idioma Português. Os descritores utilizados para a busca das referências foram: “Drenagem Linfática”; “Pele”; “Fibro Edema Gelóide”. Como critério de inclusão as referências deveriam abordar a fisioterapia Dermato-Funcional com os benefícios da drenagem linfática no aspecto da pele em mulheres com FEG, ou que contribuíssem para o objetivo da pesquisa. Foram excluídas as referências publicadas antes de 2004 e que não se enquadraram no ponto de vista do presente estudo. Foi encontrado um total de 45 referências, onde 20 foram excluídas por não se enquadrarem no enfoque do estudo, sendo assim selecionadas 25 referências. Para análise dos resultados foi realizada uma tabela, que continha de forma organizada autores, metodologia e benefícios. 4. Resultados e Discussão Os artigos escolhidos foram criteriosamente analisados extraindo informações primordiais relacionados aos benefícios da drenagem linfática no aspecto da pele em mulheres com FEG. No presente trabalho cinco artigos científicos entram em discussão (Tabela 1). Autor Metodologia Benefícios 3 pacientes; Gravena, (2004) Duração: 2 meses Marcant, (2007) 10 Pacientes Brandão et al, (2010) 10 pacientes; 10 Sessões; 60 minutos cada Melhora do aspecto da pele no grau I e II Melhora no aspecto da pele Almeida (2011) Revisão bibliográfica Lessa et al, (2012) O FEG pode atingir estágios incapacitantes, dificultando assim a realização de suas atividades diárias e até o seu convívio social. Com este enfoque, Gravena (2004), realizou um estudo com o objetivo de estudar os efeitos da drenagem linfática no tratamento do FEG nos seus três a quatro estágios, sendo que foi delimitado neste trabalho até o terceiro estágio. Foram estudadas três pacientes, cada uma delas acometida por um dos três estágios do fibro edema, 9 foi aplicado uma avaliação fisioterapêutica específica, sendo também aplicado um protocolo de drenagem linfática manual, durante dois meses, com uma média de três atendimentos semanais, de trinta minutos cada sessão. Pôde ser observado que na paciente com estágio 1 do FEG foi possível reduzir as medidas de perimetria, bem como as alterações da pele significativamente. Na paciente com grau 2 os resultados obtidos foram moderados e, na de grau 3 não f oram obtidos resultados satisfatórios. Assim, o autor conclui que, através de um programa de drenagem adequado e precoce é possível reduzir as decorrências da patologia e melhorar o aspecto da pele. Já em estágios mais avançados, a drenagem mostrou se eficaz no efeito da analgesia, mas não mostrou resultados satisfatórios nas medidas de perimetria e no aspecto e mobilidade da pele, podendo, então, ser escolhida como técnica coadjuvante no início do tratamento, visando analgesia. O autor expõe que a drenagem linfática é de grande valia no tratamento do FEG diante do quadro de estase sanguínea e linfática. A massagem promove analgesia e incremento na circulação sanguínea e linfática, além de aumento da maleabilidade tecidual. Deve ser realizada de maneira intermitente, suave e superficial, a princípio, visando a dissensibilização. Segundo Marcant (2007), a Fisioterapia dermato-funcional atua no sentido de corrigir as disfunções estéticas através de uma variedade de técnicas. O autor relata em seu estudo que o objetivo da drenagem linfática no FEG é drenar o excesso de líquido acumulado nos espaços intersticiais através da pressão mecânica, mantendo o equilíbrio entre as pressões tissular e hidrostática, diminuindo assim, a probabilidade de fibrose. A drenagem linfática pode melhorar a tonicidade tissular e aumentar o transporte de metabólitos, promovendo um maior turgor da pele, e também pode ajudar no transporte de microestruturas, retornando ao seu estado inicial ou otimizando este estado. O autor relata ainda que não apenas drena o excesso de fluido acumulado nos espaços intersticiais, mas também tem como objetivo liberar mecanicamente as aderências e amolecer os tecidos fibrosos. O autor supracitado realizou um estudo com 10 participantes com idade variando de 21 à 31 anos. Observou-se que estas apresentavam como fatores de riscos predominantes para o FEG o consumo de bebidas alcoólicas, distúrbios circulatórios e o uso de medicamentos esteróides. Finalmente, o formato predominante do FEG foi o duro e o grau II. Em relação à influência do programa de US associado a drenagem linfática na redução de medidas, o autor evidencia uma redução em todos os pontos de referência, com exceção da Crista íliaca póstero-superior. A análise qualitativa dos registros fotográficos apresentou uma melhora do aspecto da pele e do grau de FEG. Brandão et al, (2010), realizou um estudo com 10 voluntárias com FEG, de grau I ao III, onde a avaliação constava de anamnese, inspeção, palpação, perimetria e testes específicos, além de registros fotográficos dos glúteos e das coxas, sendo que a terapia constou de drenagem linfática manual com 10 sessões de 60 minutos cada, pode concluir que todas as pacientes apresentaram melhora no aspecto da pele, comprovada por meio de da análise qualitativa das fotografias e pela inspeção visual das pacientes realizada no início e no fim do tratamento. Tais resultados foram obtidos, pois, a drenagem linfática é uma técnica que tem como finalidade estimular o sistema linfático, ajudar o sistema imune, eliminar resíduos metabólicos, toxinas do corpo e reduzir o excesso de fluídos, portanto é considerada uma terapia adequada para o seu tratamento. Segundo sugeriram Terra nova, Berardesca e Maibach apud (Almeida, 2011), existem três teorias que buscam explicar a etiopatogenia do FEG. A primeira a descreve como sendo um edema crônico no tecido conjuntivo, que resultaria em fibrose desse mesmo tecido. A segunda sugere que o FEG é resultado de uma alteração micro circulatória que se caracteriza por compressão do sistema venoso e linfático. A última baseia-se no posicionamento perpendicular dos septos interlobulares do tecido subcutâneo. Devido ao fato de o FEG ser uma patologia de origem multifatorial, procedimentos variados e complementares devem ser 10 realizados para que se obtenham bons resultados em seu tratamento. A drenagem linfática, que é realizada por meio de movimentos de bombeamento com pressões suaves e rítmicas, estimula o fluxo linfático, reduzindo o edema. Lessa et al, (2012), realizou um estudo onde o objetivo foi verificar por meio da literatura os resultados da aplicação da drenagem linfática manual em indivíduos portadores de FEG. Os autores relatam que o FEG é uma patologia de maior frequência nos consultórios de Dermatofuncional e fisioterapia. Relatam ainda que a drenagem linfática deve ser executada observando alguns aspectos importantes sendo eles: o ritmo, as manobras, pressão e harmonia dos movimentos e o tempo de sessão que deve ter no mínimo 30 minutos, a pressão da mão sobre o corpo deve ser leve para não produzir colapso linfático, onde o valor sugerido gira em torno de 30-50 MMhg. Os resultados por meio da literatura foram que a drenagem linfática manual provoca ativação circulatória, a qual proporciona absorção de produtos e substâncias, fusão de acúmulos de gorduras do tecido subcutâneo, reduzindo-o e eliminando resíduos metabólicos, liberando aderências. O autor conclui que a fisioterapia por meio da drenagem linfática pode contribuir de forma efetiva, não apenas no processo de reabilitação, mas também no aspecto preventivo atuando na educação em saúde, pois o fisioterapeuta pode trazer grandes benefícios não só aos distúrbios estéticos, mas à saúde do paciente em todos os seus aspectos. 5. Conclusão O FEG é um problema estético que atinge muitas mulheres e provoca mudanças no aspecto e função da pele, podendo levar a quadros álgicos na área acometida e perda da auto-estima. Partindo do princípio que o FEG é caracterizado por uma alteração metabólica no tecido subcutâneo, que provoca acúmulo de líquido no interstício, causando edema e alterações na arquitetura da pele, a drenagem é considerada uma terapia adequada para o seu tratamento. Diante disto, ficaram evidenciados os benefícios da drenagem linfática no aspecto da pele em mulheres com FEG, no entanto, a uma certa discordância com relação ao grau III do FEG, pois alguns autores relatam que a drenagem linfática só elimina a dor e outros relatam em seu estudo que além de eliminar a dor, a uma melhora no aspecto da pele. Contudo, pode-se concluir que a aplicabilidade da drenagem linfática, traz resultados satisfatórios a paciente com FEG, especialmente quando este se encontra em fase inicial, pois, a melhora visual no aspecto do FEG se deve ao fato de a drenagem promover a remoção do excesso do líquido presente no interstício. Entretanto, sugere-se a realização de novos estudos sobre o tema desta pesquisa, objetivando a ampliação do conhecimento dos benefícios da drenagem linfática no tratamento do FEG. 6. Referências ALMEIDA, Adriana Ferreira. Avaliação do efeito da drenagem linfática manual e do ultrassom no fibroedema gelóide. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano 9, nº 28, abr/jun 2011. ANA, Estela Maria Correia Sant. et al. Fibro edema gelóide (celulite): fisiopalogia e tratamento com endermologia. Fisioterapia Especialidades, v. 1, n. 1, 2007. BELONI, Cláudia Regina Rodrigues. Análise do perfil lipídico sérico em mulheres após terapia por ultrassom de 3mhz e gel condutor acrescido de cafeína a 5%. Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde pelo programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde da Universidade de Brasília. Brasília, 2010. BRANDÃO. Daniele Silva Martins. et al. 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