Horticultura Ficha técnica Autores • António Marques (coord.) • Leonardo Opitz (coord.) • Mónica Afonso (coord.) • Elder Lima Leite • João Paulo Pacheco • Paulo Sousa • Regina Pacheco Design Gráfico e CD-ROM • ECTEP, Lda. Horticultura Índice Horticultura 1. Introdução .............................................................................................................................1 2. O Sector Agrícola em Portugal ...........................................................................................3 3. Algumas Especificidades da Formação Profissional Agrícola .......................................5 4. Caracterização do Público-alvo ..........................................................................................7 5. Pressupostos de Elaboração do Manual de Horticultura ..............................................11 6. Identificação do Curso .......................................................................................................15 Área Profissional : .................................................................................................................15 Curso: Horticultura ................................................................................................................15 Saída Profissional: ................................................................................................................15 Nível de Formação:...............................................................................................................15 Objectivos Gerais de Formação ...........................................................................................16 Estrutura Curricular e Componentes de Formação ..............................................................17 Síntese Programática............................................................................................................18 Época Ideal de Desenvolvimento .........................................................................................20 Sequência Pedagógica .........................................................................................................21 Organização da Formação ...................................................................................................22 7. Avaliação .............................................................................................................................23 Avaliação Formativa..............................................................................................................23 Avaliação Somativa...............................................................................................................24 Módulo 01 ................................................................................................................................25 Cultura Protegidas..................................................................................................................25 8. Culturas Protegidas ...........................................................................................................25 8.1. Sistemas utilizados no controlo do meio ambiente.....................................................27 8.1.1. Temperatura................................................................................................................27 8.1.2. Humidade relativa .......................................................................................................30 8.1.3. Ventilação ...................................................................................................................30 8.1.4. Luminosidade..............................................................................................................32 8.2. Factores a ter em conta na instalação de uma estufa .................................................35 8.2.1. Solo .............................................................................................................................35 8.2.2. Orientação...................................................................................................................37 8.2.3. Materiais de sustentação ............................................................................................38 8.2.4. Materiais de cobertura ................................................................................................39 Módulo 02 ................................................................................................................................43 Multiplicação de hortícolas ...................................................................................................43 Horticultura 9.1. Multiplicação sexuada ....................................................................................................43 9.1.1. Definição da semente .................................................................................................43 9.1.2. Características da semente ........................................................................................44 9.1.3. Tratamentos das sementes ........................................................................................46 9.1.4. Vantagens e inconvenientes da multiplicação sexuada .............................................47 9.1.5. Tipos de sementeira ...................................................................................................48 9.2. Multiplicação assexuada ................................................................................................51 Módulo 03 ................................................................................................................................53 Cultura da Alface ....................................................................................................................53 10.1. Generalidades ................................................................................................................53 10.2. Classificação e variedades...........................................................................................55 10.3. Exigências edafo – climáticas......................................................................................57 10.3.1 Clima ..........................................................................................................................57 10.3.2 Solo ............................................................................................................................57 10.4. Técnicas culturais .........................................................................................................59 10.4.1 Preparação do solo, armação do terreno e outras práticas ......................................59 10.4.2 Fertilização.................................................................................................................60 10.4.3 Sementeira.................................................................................................................62 10.4.4 Plantação ...................................................................................................................62 10.4.5 Regas.........................................................................................................................63 10.4.6 Outras técnicas culturais............................................................................................64 10.5. Doenças..........................................................................................................................67 10.5.1 Doenças não parasitárias ..........................................................................................67 10.5.2 Doenças parasitárias .................................................................................................68 10.6. Pragas.............................................................................................................................75 10.6.1 Afídeos .......................................................................................................................75 10.6.2 Larvas mineiras – Liriomyza spp ...............................................................................76 10.6.3. Lesmas e caracóis ....................................................................................................77 10.6.4. Nóctuas .....................................................................................................................78 10.6.5. Tripes – Thrips spp ...................................................................................................78 10.6.6. Nemátodos das galhas – Meloidogyne spp..............................................................79 Módulo 04 ................................................................................................................................81 A Cultura do Tomate ..............................................................................................................81 11.1. Generalidades ................................................................................................................81 11.2. Classificação e variedade.............................................................................................83 11.3. Exigências edáfo-climáticas.........................................................................................87 11.3.1. Clima .........................................................................................................................87 11.3.2. Solo ...........................................................................................................................88 11.4. Técnicas culturais .........................................................................................................89 Horticultura 11.4.1. Preparação do solo, armação do terreno e outras práticas .....................................89 11.4.2. Fertilização................................................................................................................91 11.4.3. Sementeira................................................................................................................96 11.4.4. Plantação ..................................................................................................................97 11.4.5. Regas........................................................................................................................97 11.4.6. Outras técnicas culturais do tomate .........................................................................98 11.5. Doenças........................................................................................................................101 11.5.1. Doenças não parasitárias .......................................................................................101 11.5.2. Doenças parasitárias ..............................................................................................103 11.6. Pragas...........................................................................................................................115 11.6.1. Ácaros do tomate - Aculops lycopersici Massee e Tetranychus urticae ................115 11.6.2. Lagartas das folhas e dos frutos.............................................................................116 11.6.3. Larvas mineiras - Liriomyza spp .............................................................................117 11.6.4. Mosquinhas brancas - Trialeurodes vaporariorum West; Bemisia tabaci Gennadius ............................................................................................................................................118 11.6.5. Tripes - Thrips spp; Frankliniella occidentalis.........................................................120 11.6.6. Nemátodos das galhas - Meloidogyne spp.............................................................121 Módulo 05 ..............................................................................................................................122 A Cultura do Feijão Verde....................................................................................................122 12.1. Generalidades ..............................................................................................................122 12.2. Classificação e variedades.........................................................................................124 12.3. Exigências edafo-climáticas.......................................................................................126 12.3.1. Clima .......................................................................................................................126 12.3.2. Solo .........................................................................................................................126 12.4. Técnicas culturais do feijão-verde em estufa...........................................................128 12.4.1. Preparação do solo, armação do terreno e outras práticas ...................................128 12.4.2. Fertilização..............................................................................................................129 12.4.3. Sementeira e Plantação..........................................................................................131 12.4.4. Outras técnicas culturais.........................................................................................133 12.5. Doenças........................................................................................................................136 12.5.1. Doenças parasitárias ..............................................................................................136 12.6. Pragas...........................................................................................................................144 12.6.1. Ácaros – Tetranichus spp .......................................................................................144 12.6.2. Afídeos – Aphis craccivora .....................................................................................145 12.6.3. Larvas mineiras – Liriomyza spp ............................................................................145 12.6.4. Mosquinhas brancas – Trialeurodes vaporariorum West; Bemisia tabaci Gennadius ............................................................................................................................................146 12.6.5. Tripes – Thrips spp; Frankliniella occidentalis Pergande .......................................148 12.6.6. Nemátodos – Meloidogyne spp ..............................................................................149 Horticultura Módulo 06 ..............................................................................................................................152 A Cultura das Brássicas ......................................................................................................152 13.1. Generalidades ..............................................................................................................152 13.2. Classificação e Variedades ........................................................................................154 13.3. Exigências edáfo-climáticas.......................................................................................156 13.4. Técnicas culturais .......................................................................................................158 13.4.1. Preparação do solo e outras técnicas ....................................................................158 13.4.2. Fertilização..............................................................................................................158 13.4.3. Sementeira..............................................................................................................159 13.4.4. Plantação ................................................................................................................159 13.4.5. Regas......................................................................................................................159 13.4.6. Outras técnicas culturais.........................................................................................160 13.5. Doenças........................................................................................................................162 13.5.1. Doenças não parasitárias .......................................................................................162 13.5.2. Doenças parasitárias ..............................................................................................162 13.6. Pragas...........................................................................................................................168 13.6.1. Afídeos – Brevicoryne brassicae (L.) ......................................................................168 13.6.2. Álticas das crucíferas – Phyllotreta nemorum L.; Phyllotreta atra F.......................169 13.6.3. Lagartas da couve – Pieris brassica L.; Pieris rapae L. .........................................169 13.6.4. Lesmas e caracóis ..................................................................................................170 13.6.5. Mosquinha branca da couve – Aleyrodes proletella L............................................171 13.6.6. Mosca da couve – Delia radicum L.........................................................................172 Módulo 07 ..............................................................................................................................174 A Cultura do Pimento ...........................................................................................................174 14.1. Generalidades ..............................................................................................................174 14.2. Classificação e variedades.........................................................................................176 14.3. Exigências edáfo-climáticas.......................................................................................178 14.3.1. O clima ....................................................................................................................178 14.3.2. O solo......................................................................................................................178 14.4. Técnicas culturais .......................................................................................................180 14.4.1. Preparação do solo e armação do terreno .............................................................180 14.4.2. Fertilização..............................................................................................................180 14.4.3. Sementeira..............................................................................................................182 14.4.4. Plantação ................................................................................................................183 14.4.5. Regas......................................................................................................................183 14.4.6. Outras técnicas culturais do pimento......................................................................184 14.5. Doenças........................................................................................................................186 14.5.1. Doenças não parasitárias .......................................................................................186 14.5.2. Doenças parasitárias ..............................................................................................186 Horticultura 14.6. Pragas...........................................................................................................................196 14.6.1. Ácaros – Aculops lycopersici Massee; Tetranichus spp.........................................196 14.6.2. Afídeos – Aphis gossypii; Aulacortum solani; Macrosiphum euphorbiae e outras. 197 14.6.3. Lagartas de nóctuas – Agrotis spp., Autographa gamma, Helicoverpa armígera, Spodoptera littoralis. ...........................................................................................................198 14.6.4. Larvas mineiras – Liriomyza spp ............................................................................199 14.6.5. Tripes – Frankliniella occidentalis; Thrips spp. .......................................................200 14.6.6. Nemátodos das galhas – Meloidogyne spp............................................................201 Módulo 08 ..............................................................................................................................204 Higiene e Segurança no Trabalho.......................................................................................204 15.1. Introdução ....................................................................................................................204 15.2. Definição de Conceitos...............................................................................................206 15.2.1. Acidente de trabalho ...............................................................................................206 15.2.2. E.P.I’s – Equipamentos de protecção individual ....................................................207 15.2.3. Segurança no trabalho............................................................................................209 15.2.4. Higiene no trabalho.................................................................................................212 15.2.5. Saúde......................................................................................................................214 15.3. Caracterização do Trabalho Agrícola........................................................................216 15.3.1. Especificidade/Diversidade do Trabalho Agrícola ..................................................216 15.3.2. Sinistralidade e as doenças profissionais...............................................................221 15.4. Movimentação Manual de Cargas..............................................................................224 15.4.1. Conceito ..................................................................................................................224 15.4.2. Precauções gerais ..................................................................................................224 15.4.3. Regras básicas .......................................................................................................225 15.4.4. Economia de esforço ..............................................................................................226 15.4.5. Pressupostos da Segurança...................................................................................227 15.5. Segurança com Máquinas Agrícolas.........................................................................230 15.5.1. A mecanização na actividade hortícola ..................................................................230 15.5.2. Princípios gerais de segurança com máquinas ......................................................232 15.5.3. Segurança com o tractor agrícola...........................................................................234 15.6. Segurança no uso de produtos fitofarmacêuticos ..................................................240 15.6.1. Os produtos fitofarmacêuticos ................................................................................240 15.6.2. A importância do rótulo ...........................................................................................244 15.6.3. Assistência a um acidentado/intoxicado.................................................................246 15.7. Conclusão ....................................................................................................................250 Anexo 1 ..................................................................................................................................251 Fichas de Consolidação da Aprendizagem........................................................................251 Anexo 2 ..................................................................................................................................339 Glossário ............................................................................................................................339 Horticultura Anexo 3 ..................................................................................................................................343 Bibliografia..........................................................................................................................343 Horticultura Horticultura 1. Introdução O presente manual é um recurso pedagógico, desenvolvido no âmbito do Projecto AGRICULTURA PARA O FUTURO, com o co-financiamento do POEFDS – Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (4.2.2. – Desenvolvimento de Estudos e Recursos Didácticos). È fruto de um trabalho desenvolvido por uma equipa multidisciplinar de Técnicos, especializados em Produção Agrícola e Animal, com larga experiência na Formação Profissional para o sector Agrícola, pelo que, todos eles, enquanto equipa, contribuíram, com legitimidade, para a concepção e o desenvolvimento deste trabalho, por referência e “à medida” dos perfis esperados da população-alvo do curso de Horticultura. Ao longo de mais de um ano de pesquisa, reflexão, debate e trabalho no desenvolvimento deste curso e dos seus conteúdos, centrados no objectivo de criar um manual bem estruturado, de qualidade científica que, num cenário de rápidas mudanças tecnológicas e organizacionais, vá de encontro ás necessidades efectivas do conjunto de agentes que intervêm no processo formativo (Formandos, Formadores e Equipas Pedagógicas). O quadro de referência é, actualmente e cada vez mais, o da valorização dos recursos humanos, em que os indivíduos assumem um papel pró-activo na construção dos seus próprios percursos de vida (pessoais, profissionais e sócio-económicos), assumindo-se competitivamente numa sociedade e numa economia cada vez mais globalizante e fundada no conhecimento. Neste contexto, a formação profissional assume relevância estratégica, como instrumento potenciador e facilitador de conhecimentos e competências que contribuem decisivamente para a redução dos défices de qualificação profissional e dos problemas de inserção profissional, promovendo a introdução de novas tecnologias e a mudança nos ciclos produtivos, rentabilizando os processos, dinamizando os sectores e contribuindo para a, necessária e tão desejada, competitividade da nossa economia. Visando, não só a redução dos desequilíbrios actuais, mas essencialmente a antecipação de desafios vindouros, cabe à formação profissional dar o exemplo, renovando-se, actualizando-se, criando novas metodologias, técnicas, programas e suportes pedagógicos. Pretendemos que este manual seja, nesse sentido, um contributo válido e efectivo. 1 Horticultura 2 Horticultura 2. O Sector Agrícola em Portugal A agricultura, sendo um sector produtivo de extrema importância no tecido sócioeconómico do nosso país (representa, de acordo com dados do AGRO.CES – Centro de 1 Estudos Sociais do Programa AGRO , do total de emprego e 10% do total das importações e exportações nacionais), é também, pelas suas características, uma realidade multifacetada e heterogénea. De facto, não obstante a existência de políticas nacionais e europeias que representam eixos de orientação mais ou menos genéricos, as políticas têm, necessariamente, que ser adaptadas, por referência ás especificidades locais, implicando, obviamente, um enfoque mais “micro”. Considerando o nosso país, com uma dimensão territorial bastante pequena comparativamente com outros países da Europa, a percepção da realidade do sector agrícola implica que se adopte uma perspectiva multidimensional, que considere as especificidades biológicas, climáticas e dos solos, as estruturas e os tipos de produção, as dimensões das propriedades e os contextos culturais, vivenciais e sócio-económicos da vida dos agricultores de cada uma das regiões agrárias que compõem, actualmente, o tecido nacional. A abordagem adoptada no presente manual pretende ser universal, na perspectiva de ser uma ferramenta útil ao agricultor de Beja como ao de Amarante, ao da Guarda e ao do Bombarral. Não obstante este esforço de homogeneização das temáticas, não nos demitimos da responsabilidade de, em alguns tópicos, termos dado um enfoque especial à região de Entre Douro e Minho, local de intervenção, por excelência, dos nossos técnicos. Tal situação ocorre, muitas vezes, de forma inconsciente e noutras, por necessidade de objectivação das matérias. A região de Entre Douro e Minho apresenta características essencialmente minifundiárias, caracterizadas por produções diversificadas, com incidência na Produção Animal, Horticultura e Vitinivicultura. As produções diversificadas constituem um modelo atípico de exploração agrícola na medida em que não apresentam nenhuma cultura dominante; são produções simultâneas e diversificadas quanto ao tipo e modo de exploração, assim como quanto aos produtos. No Entre Douro e Minho, produz-se vinho (com destaque para o vinho verde), carne e leite, hortícolas, frutas, cereais (em especial, milho), forragens, verificando-se que a maioria das explorações produzem em simultâneo dois ou mais tipos de culturas. 1 AGRO.CES (2001), Informação Agro-Económica in INOFOR (2002), O Sector da Agricultura em Portugal – Evolução das Qualificações e Diagnóstico das Necessidades de Formação, Lisboa, INOFOR. 3 Horticultura 4 Horticultura 3. Algumas Especificidades da Formação Profissional Agrícola Da análise SWOT realizada pelo INOFOR no âmbito da análise do sector agrícola em 2 Portugal , verifica-se que os pontos fortes incidem sobre as condições edafo-climáticas, a diversidade de culturas, o esforço de modernização do sector e os modos de saber e fazer tradicionais e aprofundados. Como pontos fracos, destacam-se o baixo nível de habilitações e qualificações da população agrícola, os problemas de desertificação e o envelhecimento populacional, as dificuldades de fixação das camadas jovens nas actividades agrícolas, o fraco desenvolvimento da tecnologia de produção e a pouca profundidade e desarticulação das cadeias formação / investigação / difusão da inovação. Como é possível aferir, um dos grandes handicaps do sector incide, sem dúvida, nos recursos humanos. Perante tais cenários, a formação profissional poderá ser, sem dúvida, um instrumento de eficácia estratégica para o desenvolvimento do sector agrícola. No entanto, a formação profissional agrícola reveste-se de algumas particularidades que importa, neste contexto, realçar. Entre vários condicionalismos, surgem desde logo características intrínsecas (o carácter sazonal da actividade agrícola e, consequentemente, a definição de períodos óptimos para o estudo de determinadas culturas, as condições práticas existentes nas explorações agrícolas, que comprometem a realização de tarefas inerentes a determinado perfil profissional em condições ideais) e características relativas ao públicoalvo (os hábitos de trabalho -“vícios”- que provêm muitas vezes de largos anos de experiência de trabalho, a pouca disponibilidade para colocar os agricultores em contextos formativos de sala, dificuldade essa que acresce se a formação for demasiado intensiva, uma vez que dificulta a conciliação da formação com o exercício diário das suas actividades profissionais). Isto implica que, no planeamento de qualquer acção formativa a desenvolver neste sector, se adoptem estratégias e metodologias formativas adequadas à cultura em estudo e às características da população alvo a abranger, de forma a desenvolver acções que actuem ao nível dos saberes e das competências técnicas dos agricultores, contribuindo, efectiva e eficazmente, para o desenvolvimento e dinamização do sector. 2 INOFOR (2002), O Sector da Agricultura em Portugal – Evolução das Qualificações e Diagnóstico das Necessidades de Formação, Lisboa, INOFOR 5 Horticultura 6 Horticultura 4. Caracterização do Público-alvo A abordagem e enfoques pedagógicos a adoptar deverão, portanto, consubstanciar-se claramente num diagnóstico de necessidades formativas que se fundamente nas necessidades de desenvolvimento do sector e nas características da população-alvo. Todas as estatísticas apontam para o facto de estarmos perante uma população predominantemente caracterizada por baixos níveis de escolaridade e de qualificação. Este é aliás, como já foi focado, um dos grandes entraves ao desenvolvimento do sector agrícola. De facto, quando analisamos os indicadores sócio-demográficos, quer numa perspectiva de unidade territorial, quer numa perspectiva sectorial, a esmagadora maioria da população activa do sector agrícola possui habilitações ao nível do 1º ciclo. Obviamente que estas habilitações já registaram um aumento comparativamente com estudos de décadas anteriores. È evidente, quando se comparam os dados dos censos 1991 e os 2001, que ocorreu uma evolução positiva no nível de habilitações da população. No entanto, esta evolução ocorre de forma demasiado lenta e o nível habilitacional actual continua a revelarse manifestamente insuficiente face aos desafios de competitividade com que se deparam actualmente as sociedades. Mais preocupante ainda é verificarmos que, associados a baixos níveis de escolaridade, estão os níveis de qualificação. De acordo com um estudo desenvolvido pelo Ministério do 3 Trabalho e da Solidariedade, em 1997 , cerca de 65% dos trabalhadores do sector agrícola não possuíam qualquer tipo de qualificação profissional e apenas 15% apresentavam qualificação profissional. Por outro lado, verifica-se uma tendência de envelhecimento da população agrícola. De acordo com o mesmo estudo, 61,2% da população possui mais do que 35 anos, dos quais 41% possui mais do que 45 anos. Este facto é, também, um reflexo da desertificação por parte das camadas mais jovens de algumas regiões do país, com características rurais. Com base em dados do EUROSTAT de 2000, Portugal apresentava 32% de empregados agrícolas com mais de 65%, o que é manifestamente superior aos 8% da média europeia. Na faixa etária dos 55 aos 64 anos, Portugal apresenta 26,7% de activos, ao passo que a média europeia se situava nos 18,4%. No que respeita aos jovens, a média da comunidade 3 Ministério do Trabalho e Segurança Social - Direcção Geral de Estudos, Estatística e Planeamento (1997) in INOFOR (2002), O Sector da Agricultura em Portugal – Evolução das Qualificações e Diagnóstico das Necessidades de Formação, Lisboa, INOFOR 7 Horticultura europeia aponta para 8,6% de jovens que se dedica à actividade agrícola, o que é bastante superior à média portuguesa (4%). Em suma, em resultado de análises documentais (indicadores estatísticos, estudos diagnósticos, publicações, etc.) e do mercado de trabalho (levantamentos de necessidades formativas da população local, dos agentes empregadores e dos organismos públicos e privados das políticas de emprego e formação) e, obviamente, com base no trabalho de proximidade e experiência de terreno por parte da MARQUIFOR e dos técnicos que intervieram na concepção deste manual, estamos em condições de definir, sucintamente, o perfil esperado do público-alvo deste curso: 1. No que respeita à estrutura etária, estimamos abranger indivíduos com idades compreendidas entre os 16 e 65 anos, em idade activa, embora com maior incidência a partir dos 35 anos. O escalão etário predominante deverá ser o dos 45 aos 54 anos. 8 Horticultura 2. No que respeita à estrutura etária e ao sexo, estimamos encontrar indivíduos de ambos os sexos, embora com ligeira predominância do sexo feminino. 3. Relativamente ao nível académico, este manual destinar-se-á predominantemente a indivíduos com escolaridade igual ou inferior ao 9º ano, com ligeira predominância do 6º ano. Esta estrutura apresenta indicadores ligeiramente elevados comparativamente com a caracterização real dos activos do sector. Tal facto explica-se por uma tendência de maior adesão à formação por parte de indivíduos com maior nível de formação escolar. 9 Horticultura 4. Tal como é representado pelo gráfico seguinte, estima-se abranger essencialmente agricultores, quer sejam empresários, não-empresários ou mão-de-obra familiar. Os assalariados (permanentes ou eventuais) são minoritários (16%), em resultado da falta de iniciativa empresarial na promoção de acções de formação dirigidas aos trabalhadores. A expectativa relativamente à abrangência de outras profissões é meramente marginal (4%). 5. No que respeita aos tipos de produção das explorações de origem dos Formandos, estima-se que sejam maioritariamente do tipo diversificado / indiferenciado. Por outras palavras, que se dediquem à produção de várias culturas em consociação. 10 Horticultura 5. Pressupostos de Elaboração do Manual de Horticultura Em termos gerais, a população portuguesa revela poucos recursos de competitividade comparativamente com outros países da união europeia. Mesmo os recentes 10 países que integraram a União Europeia, apesar de enfermidades que lhes trouxeram atrasos económicos, sociais e até de exercício pleno de cidadania, apresentam hoje mais indicadores de potencial de desenvolvimento. A situação difícil que atravessa a agricultura no nosso país é, hoje, um facto indesmentível. A questão central que se coloca actualmente é: O que fazer para tornar a nossa produção agrícola competitiva, num contexto europeu e numa economia cada vez mais à escala global? Na nossa óptica, a agricultura é um dos sectores em que o país deverá apostar decisivamente. A nossa capacidade produtiva no sector agrícola está, neste momento, subaproveitada. Temos os recursos humanos, as condições edafo-climáticas e a fertilidade do solo. Temos a vontade política que tem vindo a determinar o sector agrícola como área prioritária de investimento. Exemplos disto têm sido os diversos programas de incentivos comunitários e nacionais à produção agrícola: implementação de modos de produção que garantam a qualidade produtiva (produção integrada, produção biológica), determinação de produtos prioritários em termos regionais, apoios à promoção de acções de formação profissional especializada para activos agrícolas e, ainda, o apoio à instalação de jovens empresários agrícolas. No contexto actual do país, a formação profissional é um instrumento fundamental para o reforço da competitividade de todos os sectores, em especial o sector agrícola, que neste âmbito revela uma particular situação de carência. A formação profissional contribuirá decisivamente para dotar as empresas de competências adequadas ás mudanças que há muito se proclamam para o sector agrícola. E não deverá direccionarse em exclusividade a nenhum segmento específico de mão-de-obra, deverá ser o mais abrangente possível, dando respostas concretas e adequadas a gestores de topo, quadros intermédios e a trabalhadores (mais ou menos especializados). Este curso procura, na sua essência, adequar-se a este imperativo de abrangência. Procurámos, na sua elaboração, linguagens objectivas, concisas, directas. Mais do que um manual científico, este é um manual na “óptica do utilizador”. Pretende-se que 11 Horticultura constitua uma ferramenta, manejável e capaz de responder a problemas práticos, quotidianos com que se deparam os activos agrícolas. Pretende-se que seja um auxiliar pedagógico pertinente, a distribuir em acções de formação profissional a desenvolver no futuro. A sua correspondência estratégica com o manual do Formador contribuirá para maior sucesso nas acções de formação profissional que se desenvolvem no sector, permitindo uma maior eficiência e eficácia na abordagem dos conteúdos. A sua estrutura, modular, permitirá a adopção deste manual em cursos monográficos ou, em alternativa, em determinados módulos que são abordados individualmente noutros cursos (por exemplo, Empresários Agrícolas). Neste sentido, julgamos tratar-se de um manual com elevado índice de utilidade e transferabilidade, com capacidade para se adaptar e ajustar a diversos contextos formativos e a um público-alvo diversificado, dentro dos perfis padrão que caracterizam os activos do sector agrícola. A formação deverá também, na medida das suas possibilidades, contribuir para o imprescindível rejuvenescimento do sector, criando conteúdos apelativos e em formatos tecnológicos capazes de atrair os jovens, contribuindo assim para a alteração do quadro de referência actual, que tem remetido a actividade (e a formação profissional) agrícola para uma posição pouco inovadora sob o ponto de vista tecnológico. Nesta perspectiva, a actualização técnica de conteúdos, em formatos tecnologicamente actuais, com utilização ambivalente na formação presencial e na formação on-line é, na nossa óptica, um passo determinado no sentido da modernização. A possibilidade de consulta on-line de todos os conteúdos, de realização de testes de consolidação da aprendizagem, de diálogo com o Formador e com outros Formandos, na forma síncrona e assíncrona é uma abordagem exequível e inovadora na formação profissional agrícola, a que se acrescenta a vantagem de possuir correspondência directa com as matérias abordadas em contexto de formação. Pelas características da população alvo a abranger nesta tipologia de formação e pela especificidade da actividade agrícola, com os seus condicionalismos sazonais e maior incidência no saber-fazer do que no saber-saber, a formação puramente on-line parece um horizonte ainda um pouco longínquo e economicamente pouco rentável. No entanto, importa à formação profissional preparar-se para os novos desafios, disseminando novas formas de fazer e contribuindo para a mudança das mentalidades. Assim, a disponibilização dos recursos pedagógicos on-line é, na nossa óptica, a abertura de novas possibilidades para a formação profissional agrícola que, a médio-prazo, nos 12 Horticultura permitirão formar activos agrícolas on-line (tanto no regime misto como no regime de tutoria on-line). As linhas estratégicas de organização da formação profissional agrícola devem, portanto, procuram, em termos gerais, atingir os seguintes objectivos: • difundir novos conhecimentos tecnológicos e promover a utilização de novas técnicas no sector; • aprofundar e aperfeiçoar conhecimentos científicos e técnicos junto dos agricultores activos, tornando-os mais aptos no desenvolvimento da sua actividade e rentabilizando as suas culturas; • desenvolver as competências profissionais inerentes ao perfil profissional; • contribuir para o desenvolvimento de competências gerais, nas áreas da gestão empresarial, preservação do ambiente e das paisagens, higiene e bem estar animal, transformação e comercialização de produtos e formas de associativismo; • incutir nos agricultores um espírito mais empreendedor e inovador, sensibilizando-os para a necessidade de imprimir uma maior dinâmica e competitividade no sector; • sensibilizar toda a população ligada ao sector para as necessidades e vantagens de execução dos trabalhos agrícolas por respeito ás normas de higiene, saúde e segurança na execução de trabalhos agrícolas. As metodologias de formação que defendemos pretendem trabalhar ao nível das competências que as pessoas, por via dos seus percursos, foram desenvolvendo ao longo da sua vida. A aprendizagem faz-se, na nossa óptica, por via do indispensável encaixe dos novos saberes no conjunto de saberes que as pessoas foram adquirindo ao longo da sua vida, muitos deles adquiridos de forma não-formal ou mesmo informal. Para isso, é imprescindível criar ambientes de aprendizagem onde se possam reunir as condições adequadas para proporcionar aos Formandos experiências / actividades motivadoras que correspondam ás suas expectativas (sendo, portanto, facilitadoras da aprendizagem), tendo como objectivo final o desenvolvimento de competências adequadas ao perfil funcional e profissional do operador agrícola. 13 Horticultura 14 Horticultura 6. Identificação do Curso Área Profissional 4: 621 – Produção Agrícola e Animal Curso: Horticultura Saída Profissional: Operador Hortícola Nível de Formação: nível 2 Nível 2 - Profissional que executa, mediante supervisão e acompanhamento de técnico qualificado, as tarefas inerentes à função de operador hortícola. 4 de acordo com a Classificação Nacional das Áreas de Formação (2000) do CIME – Comissão Interministerial para o Emprego 15 Horticultura Objectivos Gerais de Formação Os objectivos de formação definidos para este curso são, em termos gerais: 1. Conhecer e enumerar as diferenças entre horticultura ao ar livre e horticultura forçada; 2. Identificar correctamente os tipos de estufas e os materiais que lhe estão associados; 3. Executar correctamente as várias técnicas culturais das culturas a serem desenvolvidas; 4. Efectuar todas as operações de manutenção e de protecção das culturas em função das observações directas ou avisos técnicos, com os procedimentos correctos e nos momentos oportunos; 5. Utilizando, adequada e eficazmente, os materiais e os equipamentos necessários à prática hortícola, realizando a sua manutenção quotidiana; 6. Conhecer as regras de segurança, higiene e saúde no trabalho e executar todas as tarefas inerentes a esta actividade dentro das normas de higiene, saúde e segurança no trabalho hortícola; 7. Conhecer as regras de preservação do ambiente. 16 Horticultura Estrutura Curricular e Componentes de Formação CT PS TOTAL 1 - Culturas Protegidas 09 00 09 2 - Multiplicação de Hortícolas 09 00 09 3 - Cultura da Alface 09 15 24 4 - Cultura do Tomate 12 12 24 5 - Cultura do Feijão Verde 09 09 18 6 - Cultura das Brássicas 12 06 18 7 - Cultura do Pimento 07 05 12 8 - Higiene e Segurança no Trabalho Hortícola 18 06 24 Visita de Estudo 00 12 12 Avaliação Final 03 00 03 88 65 153 Módulo TOTAL 17 Horticultura Síntese Programática No módulo 1 - Culturas Protegidas, serão abordados os principais sistemas de controlo do meio ambiente, dando-se realce aos mecanismos de regulação da temperatura e humidade relativa, assim como os mecanismos de promoção do arejamento e de iluminação da estufa. Serão também referidos os factores a ter em conta na instalação de uma estufa. No módulo 2 - Multiplicação das Hortícolas, será dado enfoque à importância das sementeiras e do uso de sementes certificadas. Posteriormente, será feita uma abordagem da multiplicação assexuada. Por fim, serão evidenciadas as vantagens e inconvenientes da multiplicação sexuada e assexuada. No que respeita ao módulo 3 - Cultura da Alface, abordaremos a classificação, as variedades e as exigências edafo-climáticas desta cultura. De seguida, serão explicadas as técnicas culturais inerentes ao cultivo da alface e serão caracterizadas as principais doenças e pragas desta cultura e os meios de protecção adequados. O módulo 4 - Cultura do Tomate caracterizará as diferentes técnicas culturais e as principais doenças parasitárias e não-parasitárias, bem como as pragas. Serão ainda referidos os diversos meios de controlo das pragas e doenças mais frequentes nesta cultura. No módulo 5 - Cultura do Feijão Verde, depois de uma abordarmos a classificação e a variedade desta cultura, identificaremos as várias técnicas culturais, as principais doenças e pragas e os meios de as combater. No que respeita ao módulo 6 - Cultura das Brássicas, serão referidas as principais variedades e técnicas culturais e, posteriormente, identificaremos as principais doenças e pragas desta cultura, assim como os meios mais eficientes no seu controlo. No módulo 7 - Cultura do Pimento, depois de uma breve abordagem ás variedades e exigências edafo-climáticas, explicar-se-ão as várias técnicas culturais. Seguidamente, serão referidas as doenças e pragas mais frequentes, bem como os diversos meios de controlo das mesmas. Finalmente, no módulo 8 - Higiene e Segurança no Trabalho Hortícola, iniciaremos com a definição dos principais conceitos ligados à temática de Higiene e Segurança no Trabalho Agrícola. De seguida, abordaremos a temática de movimentação manual de cargas e os 18 Horticultura cuidados a ter na aplicação de produtos fito-farmacêutico. Finalmente, serão abordados alguns cuidados essenciais a ter no trabalho com equipamentos e máquinas agrícolas. 19 Horticultura Época Ideal de Desenvolvimento O curso de Horticultura está sujeito à definição de épocas ideais de desenvolvimento, uma vez que os conteúdos a abordar implicam a necessidade de estarem reunidas determinadas condições edafo-climáticas. Assim, as épocas ideais de realização da formação são as que constam da tabela seguinte: Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Meses Ideais de Realização Módulo 1 X X X X X X X X X X X X Módulo 2 X X X X X X X X X X X X Módulo 3 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Módulo 4 Módulo 5 X X X Módulo 6 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Módulo 7 Módulo 8 X 20 Horticultura Sequência Pedagógica A sequência pedagógica que se segue parte do pressuposto de que o curso se inicia em Janeiro ou Fevereiro e decorre ao longo de todo o ano. Assim, o curso inicia com o módulo 1 e 2 e vai, ao longo do ano, seguindo as épocas ideais de realização de cada módulo. Obviamente que, se o curso iniciar noutro mês do ano, a sequência pedagógica será ajustada por referência ás épocas ideais modulares. De realçar que, em termos de precedências, o Módulo 1 - Culturas Protegidas e o Módulo 2 - Multiplicação de Hortícolas deverão preceder a abordagem de todos os outros, sendo possível ministrá-los ao longo de todo o ano, conforme tabela do ponto anterior. Módulo 1 Culturas Protegidas Módulo 2 Multiplicação de Hortícolas Módulo 3 Cultura da Alface Módulo 4 Cultura do Tomate Módulo 7 Cultura do Pimento Módulo 5 Cultura do Feijão Verde Módulo 6 Cultura das Brássicas VISITA DE ESTUDO Módulo 8 Higiene e Segurança no Trabalho Hortícola 21 Horticultura Organização da Formação A formação será, nesta fase, presencial e em grupo, havendo no entanto, abertura para o um acompanhamento mais individualizado sempre que um ou mais Formandos sintam dificuldades acrescidas relativamente ao resto do grupo. Os conteúdos temáticos estão estruturados numa lógica modular, com duas componentes: componente cientifico tecnológica e componente prática simulada. A primeira será essencialmente teórica e visa a aquisição por parte dos Formandos de conhecimentos teóricos específicos inerentes à estrutura curricular. A segunda prevê a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos na formação, procurando estabelecer uma relação directa e eficiente entre a teoria e a prática. Atendendo ao facto destes cursos se dirigirem a activos agrícolas, para quem a formação em sala é particularmente penosa e tratando-se de áreas de formação onde, de facto, a demonstração prática e o domínio do saber-fazer se revestem de particular importância, este curso contempla uma componente de formação prática acentuada (cerca de 45% da carga horária total do curso). As sessões teóricas decorrerão em sala de aula e as sessões práticas serão, sempre que necessário, ministradas em explorações agrícolas com características adequadas à temática. A metodologia a adoptar será essencialmente demonstrativa e activa, com espaço para uma forte dinâmica de grupo, no sentido de promover a interacção e o intercâmbio de experiências profissionais. Nas sessões práticas serão privilegiadas as actividades de ensaio ou experiência de processos, as demonstrações e as visitas de estudo que contemplem a observação de explorações e modelos tipo. 22 Horticultura 7. Avaliação A avaliação da formação é um parâmetro cada vez mais importante quando se pretende garantir uma boa execução da formação. Nenhuma entidade está interessada em promover ou desenvolver formação sem se assegurar que essa representará, de facto, uma mais valia para os Formandos. Seja co-financiada ou não, a formação envolve sempre custos para as entidades e, nessa medida, importa medir e interpretar, de forma rigorosa, até que ponto as acções contribuem para a resolução ou prevenção de problemas e se, de facto, os objectivos delineados aquando da sua concepção são deveras atingidos. Avaliação Formativa A avaliação formativa tem efeitos sobre o próprio processo de formação e não exclusivamente sobre os resultados, permitindo o conhecimento da progressão na aprendizagem e constituindo o ponto de partida para a definição de estratégias de recuperação e/ou aprofundamento. A auto-avaliação é um parâmetro imprescindível, estimulando o Formando a concentrar-se no alcance das suas aspirações em relação à formação e permite-lhe verificar se os conhecimentos que adquiriu correspondem às suas expectativas. Paralelamente a estes instrumentos de avaliação serão utilizadas outras técnicas de avaliação tais como observação sistemática e a análise de tarefas realizadas, tendo em conta o referencial de competências definido. Todas estas técnicas de avaliação implicam, necessariamente, o registo dos resultados da sua aplicação. No presente manual, apresentamos dois exemplares de testes de consolidação das aprendizagens por módulo, que funcionam num duplo sentido: como instrumentos de consolidação das aprendizagens e como processo de auto-avaliação do Formando relativamente aos seus progressos e ás suas necessidades de aprofundamento das matérias. Nesta mesma perspectiva, apresentamos alguns exemplos de actividades que podem ser desenvolvidas em contexto formativo: trabalhos individuais ou de grupo, estudos de caso, demonstrações práticas, etc. O objectivo é que o Formando contacte, desde logo, com hipóteses de aprofundamento prático das matérias, numa perspectiva auto-didacta. 23 Horticultura Avaliação Somativa Por último, a avaliação somativa funciona como síntese e consequência da conjugação de todos os momentos e instrumentos utilizados dentro do processo de formação. Esta avaliação servirá de base às decisões sobre a certificação, indicando se o nível de aproveitamento do Formando no final do seu percurso formativo. O registo de avaliação final e o certificado de formação serão documentos de cariz formal onde constará o resultado quantitativo do processo formativo de cada Formando. Em termos de registo de avaliação, cada formador no final de cada módulo realizará um relatório de avaliação somativa da aprendizagem individual de cada Formandos, que deverá reflectir uma apreciação dos diferentes momentos de avaliação e terá em linha de conta outros elementos ligados à assiduidade, participação, interacção grupal e interesse demonstrados pelos Formandos ao longo da formação. Estes relatórios serão debatidos em reunião com toda a equipa pedagógica e será, obviamente, dando o feed-back a cada um dos Formandos. 24 Horticultura Módulo 01 Cultura Protegidas 8. Culturas Protegidas A estufa é um “refúgio” criado essencialmente para proteger as plantas nas épocas do ano em que a temperatura é mais baixa. O balanço térmico e a quantidade total de energia luminosa, constituem os elementos principais para determinar a eficácia da estufa e um argumento de estudo para investigadores e técnicos. Estufa 25 Horticultura 26 Horticultura 8.1. Sistemas utilizados no controlo do meio ambiente 8.1.1. Temperatura A estufa foi sempre realizada com estruturas de suporte de natureza diversa e com materiais de cobertura transparentes às radiações solares indispensáveis à vida das plantas. Todas as radiações incidentes são, em parte, reflectidas, em parte, transmitidas e em parte absorvidas e transformadas em calor. Um corpo que absorve energia radiante aumenta a sua temperatura e emite, por sua vez, energia sob a forma de radiação. O corpo negro perfeito absorve a totalidade da energia incidente, libertando energia própria por emissão; pelo contrário, outros materiais podem reflectir a totalidade do fluxo incidente, sem emitirem energia. Os materiais de cobertura são mais ou menos opacos ao infravermelho de longo comprimento de onda. Por isso, essas radiações só serão reflectidas ou absorvidas e transformadas em calor pelas paredes da estufa. Regra geral, a absorção atinge os 95% e a parede de uma estufa comporta-se, portanto, como um corpo negro: a energia da atmosfera é assim transformada em calor por absorção por parte do revestimento, e é reemitida, por 5 irradiação, metade para o exterior e metade para o interior . As radiações caloríficas no infravermelho, em consequência do seu comprimento de onda, podem encontrar um obstáculo à sua passagem através do material de cobertura. Este, quanto mais impermeável for a estas radiações, mais contribui para aumentar a temperatura da atmosfera da estufa. A temperatura no interior da estufa depende principalmente do “efeito de estufa” resultante da radiação solar e da impermeabilidade do material de cobertura a certas radiações caloríficas. O condicionamento térmico deve ser entendido no seu sentido mais largo, que vai desde o controlo das baixas temperaturas durante o Inverno, ao controlo das temperaturas no período Primavera-Verão, incluindo a regulação da temperatura do solo. 5 ALPI, A., TOGNONI, F., (1988), Cultura em estufas, Lisboa, Editorial Presenta, 2ª Edição 27 Horticultura Aquecimento O aquecimento do ambiente de uma estufa pode incidir tanto na atmosfera como no solo, ou em ambos. O aquecimento poderá ser feito por dois tipos de equipamentos: um grupo englobando os sistemas estáticos, e um segundo abrangendo os sistemas termodinâmicos. Ao primeiro grupo pertencem os sistemas que transmitem directamente o calor ambiente a partir de uma superfície aquecida, como os termossifões e os tubos de aletas. Do segundo grupo fazem parte os termoventiladores, os geradores de ar quente e os termocondicionadores, sistemas que provocam a circulação de ar, previamente aquecido, no interior da estufa. Os sistemas de aquecimento mais vulgares, são: • Por água quente, circulando por acção duma bomba, em tubagem que percorre a estufa; • Por ar quente, circulando em tubagem ou manga de plástico que percorrem a estufa; • Por vapor de água, também circulando em tubagens pela estufa; • Por ar quente projectado para a atmosfera da estufa; Aquecimento do solo Técnica que é utilizada em estufa, perseguindo os mesmos objectivos que o aquecimento atmosférico. Pode ser utilizado sozinho ou em conjugação com aquecimento atmosférico. O próprio aquecimento do solo tem uma utilização especial e mais interessante, em viveiros, para preparação de plantinhas, quer por semente quer por estaca. 28 Horticultura Os métodos mais usuais em viveiro são: • Cama quente (tradicional); • Bancadas aquecidas, quer por resistências eléctricas (mais vulgar), quer por tubagem de água quente, sob o substrato. Técnicas que minimizam a perda de calor É mais económico acentuar e prolongar o efeito estufa, minimizando as perdas de calor, do que aquecer uma estufa. Isto consegue-se através das seguintes técnicas: • Utilização de polietileno térmico ou outro material de cobertura com elevado efeito de estufa; • Utilização de tecto duplo, que provoca um efeito almofada ou tampão, evitando o contacto do ar quente interior (quase) directamente com o ar frio exterior (há uma camada de ar de intermédia); • Promovendo uma melhor estanquecidade da estufa; • Rendimento da absorção e radiação, já descritos anteriormente; • Colocação de túnicas dentro da estufa, a que se chamam túneis; • Cobertura do solo, pois não é tão grande a perda de calor do solo durante a noite; • Cobertura das culturas com polipropileno, que mantém a temperatura da atmosfera subjacente ligeiramente mais alta do que sem ela (quando há uma camada de água condensada na sua face inferior, é aumentado o seu efeito de estufa). 29 Horticultura Acções da rega sobre a temperatura atmosférica A nebulização, através das pequenas partículas de água em contacto com o ar quente, faz descer a temperatura deste, passando a água a vapor de água. Este sistema consiste na criação artificial e de uma forma periódica (a intervalos controlados), de uma nebulização no ambiente da estufa. É um sistema utilizado na multiplicação de plantas por estacas. Assim, consegue manter-se uma humidade relativa alta o que promove o enraizamento das estacas. É utilizado para propagação de plantas de Estufa com sistema de rega por enraizamento difícil, como por exemplo as azáleas e as nebulização camélias. 8.1.2. Humidade relativa Em períodos críticos de algumas culturas, exigentes em elevadas humidades relativas, ou em situações especiais como o enraizamento de estacas e enxertia, pode recorrer-se à rega para aumentar a humidade relativa. A nebulização é um sistema de rega muito utilizado em viveiros, em plantas ornamentais e para promover o enraizamento. É um método eficaz e é aconselhado para culturas em que não se queira molhar as plantas. 8.1.3. Ventilação A ventilação utiliza-se para: • Optimizar as condições fotossintéticas e respiratórias. Todas as plantas, em condições de temperatura demasiado elevada e/ou humidade relativa baixa, diminuem ou interrompem mesmo a sua actividade fotossintética e começam a respirar para perder calor, sendo umas mais resistentes que outras. Além disso, em ambientes pouco ventilados, não há reposição suficiente de dióxido de carbono, para compensar o que foi consumido na fotossíntese, e repor o equilíbrio oxigénio/dióxido de carbono óptimo para a actividade fotossintética. 30 Horticultura • Controlar as condições propícias ao desenvolvimento de doenças. As condições de temperatura e humidade relativa elevadas verificadas dentro das estufas são propícias ao desenvolvimento de muitas doenças (por exemplo o Míldio, Podridão, Bacteriose, Antracnose), que ao ar livre são menos frequentes por não terem condições tão adequadas. A forma de ventilação distingue-se por dois métodos básicos: 1. Natural ou estática Consiste na corrente de ar entre janelas, forçada pelo vento exterior; movimento do ar quente para cima, escapando por aberturas superiores, e consequente entrada do ar exterior, por janelas mais baixas (movimentação termodinâmica). Ventilação natural Aberturas laterais Aberturas zenitais As aberturas interiores podem ser portas ou janelas. As aberturas superiores podem ser janelas sobre as portas, cumieiras contínuas, janelas de cumieira não contínuas ou tecto levantável. 2. Forçada, artificial ou dinâmica Consiste na corrente de ar forçado, por meio de sistemas de ventoinhas. Ventilação artificial 31 Horticultura Os sistemas manuais de abertura podem ser manivela simples (janelas laterais), manivela desmultiplicadora (janelas laterais), cordéis e roldanas (janelas superiores), varetas (janela simples), manivelas e rodas dentadas (janelas superiores). Os sistemas semi-automáticos consistem na aplicação de motores nos sistemas de abertura (janelas superiores). Os sistemas automatizados consistem na programação para fecho em função da temperatura, aplicados a um sistema de fecho motorizado (temperatura máxima e temperatura mínima); a mesma aplicação é complementada por um pluviómetro (fecha quando chove). 8.1.4. Luminosidade A luz é um elemento imprescindível na vida das plantas verdes para que, na presença da clorofila, se proceda o processo da fotossíntese. Radiação solar - pode ser complementada em situações de condicionamento ambiental (viveiros), através de iluminação artificial com lâmpadas de sódio ou lâmpadas incandescentes. A radiação deve ser analisada consoante a intensidade (watt/m2), sendo a unidade de medida o Lux (medida através de equipamentos designados por Luximetros, que nos dão o espectro visível pelo olho humano). Objectivos da iluminação • Incrementar a fotossíntese, principalmente em zonas setentrionais, com baixa radiação solar e/ou baixa insolação, principalmente no caso de culturas hortícolas de valor acrescentado (por exemplo, antúrio, gerberas e orquídeas). • Alterar a duração/interrupção do fotoperíodo e do nictoperíodo para indução de determinada resposta fisiológica nas plantas (floração, número de flores e tamanho da cabeça, sobretudo em crisântemos). 32 Horticultura O aumento da duração dos dias tem como principais finalidades: • Induzir a floração em plantas de dias longos durante o Inverno (como é o caso do Antúrio, das Dálias e das Begónias); • Aumentar a sua floração na época do Natal no caso da cultura das brássicas; • Quebrar a dormência de sementes (por exemplo da alface); • Evitar a queda da folha em arbustos ornamentais de folha caduca; • Promover o enraizamento de estacas de rododendros e outros. A interrupção da continuidade do período obscuro faz-se com as seguintes finalidades: • Favorecer o crescimento vegetativo, numa época em que seria favorecida a floração sem que as plantas tivessem o tamanho pretendido, principalmente em plantas ornamentais de dias curtos, como crisântemos e begónias; • Favorecer a floração em plantas de dias longos, em épocas de pouca iluminação. Quando se quer que o crisântemo floresça em período de dia longo, provoca-se a sombra completa durante o dia, visto que se trata de uma planta de dias curtos. Existem vários tipos de lâmpadas utilizadas neste processo, as quais variam a intensidade de luz e o seu comprimento de onda. Utilizam-se consoante os objectivos peçam diferentes cores de luz e/ou diferentes intensidades de luz, ou apenas por uma questão de economia, por serem mais baratas do que outros. Assim, podemos ter os seguintes tipos de lâmpadas: incandescentes, de vapor de mercúrio, fluorescentes, de gases e mistas. Pode-se interromper o período nocturno de uma vez ou de forma gradual. Quanto mais potente for a lâmpada utilizada, menor duração terá que ter o período iluminado. Também se utiliza a iluminação artificial para o tratamento de bolbos e para antecipar a data de floração das plantas provenientes destes bolbos. 33 Horticultura Sombreamento O sombreamento tem como finalidade limitar a luminosidade e a temperatura. Entre outros, é utilizado nos seguintes casos: • Em sementeiras estivais de cebola e aipo; • Em plantas ornamentais de interior durante as horas de mínima iluminação, através de redes de sombreamento sobre carris, comandadas por um “lusíometro”; • Em qualquer cultura de “verdes”, durante todo o ciclo de cultivo (todo o ano); • No caso especial do crisântemo, para induzir a floração durante o período Primavera-Verão, com ecrãs negros; • Simplesmente em plantas hortícolas, em alturas de excessiva luminosidade e temperatura. 34 Horticultura 8.2. Factores a ter em conta na instalação de uma estufa 8.2.1. Solo O solo deve assegurar à planta apoio firme e resistente, mas não deve ser tão compacto que dificulte a penetração das raízes e impeça a livre circulação de ar e água. Para o solo fornecer um bom meio ambiente às raízes, deve favorecer a vida de certos micróbios úteis e permitir a respiração destes, pelo que deve ser arejado, conservar bem o calor e a humidade e conter certos minerais, como o calcário, que influenciam estas condições. Componentes do solo • Detritos rochosos: provêm da desagregação das rochas. Estes detritos dividem-se em três categorias: • A areia, formada pelos detritos mais ou menos ásperos, com diâmetro entre 2mm e 0.02mm, subdividindo-se em areia grossa, de 2 a 0.2mm, e areia fina, de 0.2 a 0.02mm; • O limo, formado por partículas muito finas, entre 0.02 e 0.002mm; Perfil do solo • A argila, constituída por elementos tão finos que, misturados com água têm aspecto de cola e são todos de diâmetro inferior a 0.002mm. • Detritos orgânicos: provêm de restos animais e vegetais (estrume, animais mortos, folhas, raízes, ramos, etc.), que são decompostos pela acção de outros seres vivos, geralmente microorganismos (bactérias e fungos). Estes detritos depois de decompostos tomam o nome de húmus. 35 Horticultura • Elementos químicos: • Elementos fertilizantes, necessários em grandes quantidades – Azoto (N), Fósforo (P) e Potássio (K); • Elementos secundários, necessários em menor quantidade, normalmente presentes em quantidade suficiente no solo – Cálcio presentes no solo (Ca), Enxofre (S), Magnésio (Mg); • Alguns elementos químicos Oligoelementos, necessários em muito menor quantidade, sendo no entanto indispensáveis à planta. Os principais são: Zinco (Zn), Ferro (Fe), Cobre (Cu), Boro (B), Molibdénio (Mo). Textura do solo “É a proporção dos diferentes constituintes do solo segundo a dimensão das partícula. (...) Assim, a textura é argilosa, limosa ou arenosa quando um elemento domina claramente. (...) Quando um elemento não domina de uma maneira tão clara, denomina-se então a textura pelos dois elementos mais importantes, como por exemplo argilo–arenoso ou areno–argiloso. (...) Constituintes da textura do solo A textura do solo está na base da maior parte das 6 suas propriedades”. Propriedades da areia: favorece o arejamento, a permeabilidade e o aquecimento do solo. Tem boa mobilidade e fraco poder de retenção para a água e sais minerais. Propriedades da argila: impermeabilidade, plasticidade (quando húmida é possível amassala e dar-lhe a forma que se quiser), bom poder de retenção para a água e sais minerais. 6 ELIARD, Jean-Louis, (1988), Manual Geral da Agricultura, Mem Martins, Publicações Europa América, 2ª Edição. 36 Horticultura Estrutura do solo É definida pela disposição dos constituintes do solo, uns em relação aos outros. O solo é um conjunto de elementos entre os quais circulam água e ar. O elemento estrutural de base é o agregado. Um agregado é formado por grãos de areia mais ou menos grossos que estão reunidos entre si pelo complexo argilo–humico. Alguns exemplos de estruturas de solo: • Sem estrutura, solos muito arenosos – os grãos de areia são livres, não há verdadeira estrutura. • Estrutura grumosa, os agregados são arredondadas em grumos de alguns milímetros, deixando entre eles espaços livres para a água e ar. É a estrutura mais adequada para solos cultivados. • Estrutura prismática, os agregados estão justapostos deixando muito menos intervalos entre si. Estrutura característica dos solos muito argilosos. 8.2.2. Orientação Na orientação das estufas devem ter-se em conta as necessidades de calor e iluminação, bem como os ventos dominantes. Ora isto depende do tipo de estufa, do clima e do tipo de cultura e época de produção, pelo que as soluções podem ser adaptadas caso a caso, para se conseguir o melhor rendimento. Como princípio, deve evitar-se a exposição da cobertura aos ventos dominantes. Em estufas de duas águas planas, a orientação Este-Oeste proporciona uma maior iluminação de Outubro a Março, sendo a mais adequada em zonas de Invernos suaves para cultura Outono-Inverno, pois a necessidade de calor serão menores, enquanto na PrimaveraVerão será o contrário. “A orientação Norte-Sul proporcionará uma maior iluminação na Primavera-Verão, sendo a mais adequada em zonas com Invernos frios e Verões suaves, em que se pretendem 37 Horticultura 7 produções de Primavera-Verão” . Segundo o autor atrás citado, numa bateria de estufas múltiplas a orientação Norte-Sul pode ser a mais aconselhável para evitar sombras. 8.2.3. Materiais de sustentação “A luz tem um papel muito importante na vida das plantas, tanto que se crê que 1% mais de 8 luz pode proporcionar um aumento de 1% na produção” . É, pois, um factor que os construtores devem ter bem presente, podendo melhorar-se substancialmente a situação actual, mediante um exame crítico aos actuais esquemas de estufas. Há que referir que os suportes não são os únicos elementos causadores do sombreamento da estufa, já que também a sujidade que se deposita nos vidros e plásticos, têm a sua importância. Finalmente, outro factor sobre o qual se pode chamar a atenção é a melhoria da capacidade de transmissão da luz nos materiais de cobertura. A armação suporte de uma estufa deve ser de tal natureza que possa suportar, além do seu peso, outras cargas, como por exemplo as dos tutores utilizados no cultivo de algumas plantas ligados à estrutura (por exemplo na cultura do tomate), as sobrecargas devidas à neve, à força do vento e, eventualmente, os mecanismos de automatismo. Devem aplicar-se materiais resistentes e que ofereçam garantias de estabilidade, mas ao mesmo tempo é necessário eliminar tudo aquilo que possa resultar supérfluo, que diminua a iluminação e aumente o peso que gravita sobre os suportes. Podem ser utilizados vários materiais de sustentação, tendo todos eles algumas vantagens e inconvenientes. Entre os mais usados contam-se os seguintes: • Madeira - alcançou a sua maior difusão ao construir-se as primeiras estufas. Efectivamente, este material é mais económico em relação aos outros e é pior condutor de calor, permitindo desta forma realizar uma economia no aquecimento. No entanto, essa economia é muito pequena pois, geralmente estas estufas têm pior estanquicidade. A madeira também provoca um maior sombreamento sobre a superfície interna da estufa porque exige maior número de apoios e de maior diâmetro que as estruturas metálicas. 7 8 MAROTO, Y. V., (2000), Elementos de horticultura general, Madrid, Ediciones Hundi-Prensa, 2ª Edição. MORRIS, L.G., /1961) “Il riscaldamento e la ventilazione delle serre” in ALPI, A., TOGNONI, F. 38 Horticultura • Ferro - a sua maior resistência às cargas permite umas secções inferiores às da madeira e, por outro lado, provoca menor sombra no interior da estufa e menor dispersão de calor nos pontos de união, o que compensa grandemente as perdas por condução. O problema mais grave do ferro é a corrosão, pelo que se deve protege-lo, pintando-o ou galvanizando-o. • Ligas de alumínio - o alumínio tem, em relação ao ferro, as vantagens de resistir melhor à corrosão ser mais leve e permitir construir perfis estruturais mais complicados que seriam impossíveis de obter com o ferro. As principais desvantagens são de carácter económico (mais caras) e térmico (maior dificuldade de soldadura das distintas peças). A estrutura da estufa deve ser projectada tendo em atenção a área a cobrir, o material de construção, o tipo de estufa a levantar e o material de cobertura. Na construção de estufas há que ter em conta, pelo menos, quatro factores essenciais: • Máxima capacidade de transmitir a luz por parte dos elementos de cobertura; • Superfície coberta suficiente para que possa ser mecanizada; • Integridade estrutural; • Baixo custo. 8.2.4. Materiais de cobertura A conveniência económica e a eficiência de qualquer modo de protecção dependem, em certa medida, das características do material de cobertura. Este, em particular, influi de modo importante no balanço energético da instalação, já que é através da sua superfície, em geral muito ampla, que se produz a maior parte das trocas energéticas entre o ambiente exterior e o confinado. Cobertura em polietileno 39 Horticultura O material de cobertura deve, na maioria dos casos e especificamente, favorecer a entrada da radiação solar incidente (máxima transparência às radiações que vão do ultravioleta comprido ao infravermelho curto) e, ao mesmo tempo, limitar, especialmente nas saídas nocturnas, a dispersão da energia térmica acumulada (mínima transparência às radiações que emergem do infravermelho curto). Os materiais de cobertura podem dividir-se em dois grandes tipos: • Vidro – durante muito tempo este foi o único material disponível. Hoje em dia, o vidro continua a ser um material excelente pelas suas propriedades físicas. A sua propriedade mais importante é a capacidade de se deixar atravessar pela luz natural. Quanto maior é a radiação solar que penetra através de um material, maior será a sua idoneidade para ser usado como cobertura. É também necessário que o fluxo luminoso alcance todas as folhas e plantas sem que estas façam sombra umas às outras. Isto pode-se conseguir impedindo que a luz incida directamente, sendo difusa, como se obtém fazendo passar a radiação solar através de vidro impresso. O vidro, do ponto de vista óptico, tem portanto duas vantagens: elevada transmissão do espectro visível e não modificar sensivelmente o espectro de emissão solar. Além disso, tem outra característica relativa à energia calorífica: regra geral, o terreno e as plantas tendem a arrefecer libertando calor mediante ondas que variam entre 5.000 e 35.000 mµ, a não ser que algo impeça ou diminua esta perda de calor. O vidro é um material excelente para isto, porque não transmite ondas de comprimento superior a 4.600 mµ, quer dizer, possui um bom “efeito de estufa”. • Materiais plásticos – para a preparação de materiais de cobertura utilizam-se diferentes polímeros. Com alguns destes preparam-se laminados flexíveis (os chamados filmes), com outros, pelo contrário, placas rígidas. Os mais utilizados em horticultura são: • Polietileno – a ampla difusão que o polietileno de baixa densidade tem tido na Europa para a preparação de materiais flexíveis de cobertura (colocandoo em primeiro lugar em relação com os demais polímeros), encontra motivações tanto de ordem económica, como de carácter estritamente agronómico. O polietileno assegura uma resistência e uma indeformabilidade maiores em relação às obtidas com outros polímeros, e permite uma cobertura de estufas e túneis consideravelmente largos. Os filmes de grandes dimensões permanecem sobre as estruturas, mesmo em presença de condições climáticas adversas. 40 Horticultura • Polimetacrilato de metilo – é o polímero mais importante para a preparação de lâminas rígidas de alta qualidade e de longa duração. Algumas características ópticas e fisicomecânicas relativas ao polimetacrilato de metilo, como a elevada transparência à radiação solar incidente (superior à do vidro, tanto nas bandas do visível como nas do ultravioleta) mesmo depois de vários anos de exposição, a reduzidíssima condutibilidade térmica, a forte inércia face à acção dos agentes atmosféricos, a importante ligeireza, fazem com que pareça como particularmente idóneo para empregá-lo como material de cobertura. Contudo, apresenta uma dureza inferior à do vidro (é bastante susceptível às agressões superficiais) e um coeficiente de dilatação linear bem mais elevado, de tal modo que pressupõe uma habilidade especial para a fixação das lâminas à estrutura da estufa. • Resina poliéster – o poliéster é um dos polímeros mais tradicionais para a preparação de lâminas que se utilizam no revestimento rígido das estufas. As características fisicomecânicas e ópticas variam segundo o tipo de artigo manufacturado, a quantidade e a qualidade das resinas empregadas, a natureza dos materiais de reforço, as modalidades de polimerização e a presença do revestimento superficial. Contudo, as características relevantes destas lâminas são: uma elevada resistência mecânica, uma notável elasticidade e ligeireza, uma baixa condutividade térmica (por isso, uma boa retenção de calor) e uma considerável duração. • PVC – é um dos polímeros que se utilizam desde há muito tempo para a preparação de materiais de cobertura. Com o PVC tanto se preparam filmes como placas onduladas rígidas. Em geral, os filmes de PVC adaptam-se de modo especial ou até insubstituível para determinadas aplicações, principalmente para os túneis pequenos e também se empregam para efectuar paredes internas de dupla cobertura e para placas térmicas fixas. Para o fabrico das placas rígidas, juntam-se ao polímero substâncias antioxidantes e absorventes à radiação ultravioleta, limitando-se desta forma os fenómenos degradativos. No que respeita aos resultados agronómicos, a produção de plantas que se obtêm com a cobertura de placas PVC resulta superior à cobertura em policarbonato e em poliéster, pelo menos em determinadas hortícolas. “Na actualidade, estão disponíveis em alguns 41 Horticultura mercados placas de PVC de dupla parede que, em relação às coberturas de 9 vidro, demonstraram melhor eficiência energética”. • Policarbonato – O policarbonato é um polímero termoplástico estabilizado à acção da radiação UV, que apresenta umas óptimas características fisicomecânicas (ligeiro, muito resistente aos golpes, com pequenas variações mecânicas num amplo intervalo de temperatura) e exercido em lâminas alveoladas, manifestando bom rendimento térmico. No que respeita às características ópticas, a transparência total à radiação solar incidente é, nas bandas do visível, bastante boa nas lâminas novas. • Etilenvinilacetato (EVA) – Este material obtém-se mediante polimerização do etileno com o polímero acetato de vinilo. Ao aumentar a taxa de acetato de vinilo, efectivamente cresce a impermeabilidade à radiação infravermelha curta, a transparência no visível, a resistência à ruptura e à perfuração. “Relativamente à produtividade e precocidade das plantas cuidadas sob cobertura com filme EVA, geralmente mostra-se como intermédio aos 10 explicados para os filmes em PVC e em polietileno”. 9 ALPI, A. TOGNONI, F., (1999), Cultivo en invernadero, Madrid, Mundi-Prensa, 3ª Edição. 10 Idem 42 Horticultura Módulo 02 Multiplicação de hortícolas 9.1. Multiplicação sexuada “A multiplicação sexuada assegura a conservação dos caracteres genéricos e específicos das plantas, no entanto a qualidade varietal é heterogénea com excepção dos híbridos F1 e as linhas puras.” 11 9.1.1. Definição da semente A semente tem sempre origem na fertilização dos órgãos femininos de uma flor pelo pólen derivado dos órgãos masculinos. A semente constitui, portanto, o produto final do processo sexual e como tal origina uma população de plantas com características variáveis. A semente é essencialmente composta por: • Tegumentos, cujo papel principal é a protecção. Podem também ser responsáveis pela inibição da germinação, permitindo assim a conservação da semente durante um longo período de tempo; • Um embrião, que consiste num sistema radicular (radícula), num caule rudimentar (plúmula), que contém as folhas novas, ou cotilédones - que podem adaptar-se como reserva de alimentos; e no hipocótilo que é o ponto de ligação entre sistemas radicular e aéreo; • Reservas, presentes na maior parte das sementes, à base de glúcidos, lípidos ou prótidos. Em função de cada elemento, encontramos sementes ricas em prótidos (leguminosas), em glúcidos (gramíneas) e em lípidos (colza, girassol, soja). 11 BOUTHERIN, D., BRON, G., (1989), Multiplicación de plantas hortículas, Zaragoza, Editorial ACRIBIA, S.A. 43 Horticultura Sementes comerciais Além de serem vendidas, após a colheita, acondicionadas em pacotes, actualmente as sementes podem adquirir-se no comércio sob outras formas que tornam a sementeira uma operação mais fácil e rigorosa. As sementes concentradas sob a forma de bolinhas são revestidas por um material decomponível que se desintegra quando humedecido pela água do solo. Considera-se muito conveniente comprar sob Viveiros de hortícolas esta forma as sementes de dimensões mais reduzidas, em virtude de tornarem bastante mais fáceis tanto a manipulação como a sementeira. Certificação das sementes A importância não desprezível do custo das sementes e o cuidado em oferecer aos produtores um produto de qualidade conduziram à implantação, para certas espécies, de uma certificação. Para receber a certificação, as sementes devem ser conformes à variedade, possuir uma muito boa pureza específica e uma faculdade germinativa elevada. Estas sementes certificadas produzem-se em estabelecimentos autorizados. Estes locais devem possuir um laboratório de análises, umas instalações de armazenamento, selecção e acondicionamento e pessoal qualificado. 9.1.2. Características da semente As sementes caracterizam-se de acordo com: • Pureza específica - as sementes devem representar perfeitamente a espécie elegida. A pureza específica expressa-se em % do peso das sementes que pertencem à espécie considerada. As impurezas podem ser de plantas adventícias, de outras plantas cultivadas não desejadas, ou também de materiais inertes, como areias, restos de vegetais diversos e pedras. 44 Horticultura • Pureza varietal - esta característica, muito importante em horticultura ornamental, não é muitas vezes indicada, mas na prática está associada à pureza específica. • Capacidade germinativa - refere-se à capacidade de germinação de um determinado lote de sementes, num determinado período de tempo que varia segundo as espécies. • Vigor germinativo - o vigor germinativo resulta, em princípio, do vigor relativo da semente. Uma semente vigorosa terá maior capacidade de germinar em condições desfavoráveis do que uma semente pouco vigorosa. Em qualquer situação germinará mais rapidamente e dará uma planta mais vigorosa. Os factores que influem no vigor germinativo são: • Genéticos; • Condições ambientais e nutritivas da planta mãe; • Integridade mecânica (semente inteira e em bom estado); • Idade da semente; • Patogénios sobre a semente. • Peso específico - refere-se ao peso que normalmente tem uma semente de boa ou media qualidade, de determinada espécie. Um peso específico abaixo do normal indica geralmente uma semente de má qualidade. Mede-se normalmente como o peso de 1000 sementes, em gramas. • Tamanho – o tamanho de uma semente está normalmente relacionado com o vigor. Os principais factores determinantes do tamanho de uma semente são: • Genéticos; • Condições de cultura da planta mãe (humidade, fertilidade do solo, pragas e doenças) • Calibre - pretende-se que num lote, as sementes tenham todas um tamanho o mais aproximado possível (homogeneidade no tamanho). Isto é importante em sementeira mecanizada. • Poder de conservação das sementes - a conservação faz-se a temperatura controlada, geralmente à volta dos 10-12º C e com uma humidade baixa – 30%. Quanto mais tempo uma semente estiver armazenada, mais alimento consumirá para sobreviver, diminuindo a quantidade de substâncias nutritivas para a germinação do embrião, que ocorrerá com vigor cada vez mais reduzido. 45 Horticultura 9.1.3. Tratamentos das sementes São vários os tratamentos a que se podem submeter as sementes, de forma a aumentar a sua germinação ou a facilitar as sementeiras. De entre as mais importantes, destacam-se: • Imbibição - a imbibição das sementes na água fria ou tépida facilita, activa e regulariza a germinação. A duração desta imbibição é variável (12 a 48 horas). Em certos casos, aquece-se a água de imbibição a uma temperatura de 77-80º C, onde se submergem as sementes durante 12 horas e depois se semeiam. Às vezes é também útil secar as sementes antes da sementeira para facilitar a operação, em particular no caso da sementeira mecanizada. • Pré-germinação - esta técnica facilita o êxito da sementeira em particular nas sementes de germinação lenta, proporcionando um ganho de tempo apreciável. A pré-germinação consiste em misturar a semente com areia húmida e com substâncias tipo gel, e mantê-las a temperaturas elevadas. A sementeira deve fazer-se muito rapidamente a partir do momento em que a radícula atravessa os tegumentos. Acelerando a vegetação diminui certos riscos ligados à sementeira, particularmente os ataques de fungos e possibilita retardar a sementeira, o que pode ser interessante na Primavera frente às geadas. • Peletização - para mais fácil manuseamento é cada vez mais usual efectuar o recobrimento da semente com uma capa protectora, de composição variável (calcário, fungicidas, insecticidas). O adubo também pode ser incorporado no recobrimento assegurando assim um mínimo de alimento à futura plântula. Esta técnica regulariza os lotes das sementes o que facilita bastante a sementeira mecanizada. • Irradiação - esta técnica está em estado experimental e a sua investigação tem dois objectivos: • Destruir por irradiação os organismos vivos presentes na semente de maneira a facilitar a sua conservação; • Submeter a semente a uma irradiação com o fim de obter após a sementeira “alterações” interessantes. 46 Horticultura • Supressão dos tegumentos, incluindo os cotilédones - a parte viva da semente é colocada de imediato num gel que contém, entre outras, substâncias nutritivas. Esta técnica bastante avançada permite suprimir alguns atrasos, mas tem o inconveniente do elevado custo. • Sementes artificiais – “uma “semente artificial” é um embrião (obtido a partir de células somáticas indiferenciadas, cultivadas in vitro), incluído num recobrimento. Este embrião somático é muito diferente do embrião zigótico obtido através da fecundação. Um embrião somático corresponde, de facto, a uma multiplicação 12 vegetativa (clone)” . 9.1.4. Vantagens e inconvenientes da multiplicação sexuada • Vantagens: • A maioria das espécies multiplica-se por semente; • Método rápido; • Conservação fácil das sementes; • Técnica simples e rápida; • Limitação das doenças (poucas doenças, à excepção de viroses, se transmitem por semente); • Com poucas plantas-mãe, obtém-se um grande número de sementes; • Possibilidade de utilizar mecanização na maioria dos casos; Plantas originarias de sementeira mecânica em alvéolos • Obter novas cultivares; • Descobrir novos indivíduos que se adaptem a certas condições do meio; • Melhorar a espécie seleccionando os indivíduos que apresentam as características que se julguem interessantes. 12 Idem 47 Horticultura • Inconvenientes: • Reprodução impossível; • Duplicação resultante da transformação dos estames; • Plantas adaptadas para as quais a floração é às vezes difícil ou nula; • Vegetação às vezes heterogénea; • Tempo algumas vezes muito alargado entre a multiplicação e a floração (podendo chegar a seis anos nas Estrelícias e oito anos nas Orquídeas). 9.1.5. Tipos de sementeira Certificação das sementes A colocação das sementes no substrato pode realizar-se de várias formas. A época de sementeira, as condições climáticas exigidas e o resultado final pretendido serão os principais pontos que guiarão a escolha do modo de sementeira. Sementeira directa A sementeira é efectuada em local definitivo e a distâncias definitivas. Depois da germinação, pode-se eliminar as plantas excedentes para obter uma densidade correcta. Esta operação é cada vez menos praticada porque os materiais modernos de sementeira permitem uma grande precisão. Viveiro ao ar livre Neste tipo de sementeira a distribuição pode ser feita a lanço, e espalhando as sementes sobre a superfície a semear tão uniformemente quanto seja possível mas sem ordem precisa. A sementeira a lanço faz-se em geral manualmente, mas pode igualmente ser mecanizada. Esta técnica tem como vantagens ser rápida e simples e como inconvenientes o necessitar uma certa prática dos agricultores. 48 Horticultura Em algumas culturas são utilizados os semeadores para fazer a sementeira em linhas, o que tem algumas vantagens tais como um melhor arejamento da cultura, economia das sementes, etc. Sementeira em viveiro A sementeira chamada em viveiro é efectuada numa superfície reduzida e geralmente com um grande densidade. Esta sementeira será sempre seguida de um transplante. Esta técnica utiliza uma superfície reduzida, o que permite ganhar espaço e a possibilidade de uma sementeira em abrigo em condições climáticas ideais por um custo relativamente baixo. Esta técnica facilita também a vigilância e a manutenção das jovens plantas. Semeador usado em viveiros 49 Horticultura 50 Horticultura 9.2. Multiplicação assexuada A multiplicação assexuada consiste no que actualmente é chamado de clonagem, ou seja, a promoção da divisão celular dos vegetais sem que haja a fecundação e consequente produção de sementes. Esta multiplicação assexuada pode ser conseguida de várias formas: • Estacaria, como é o caso da multiplicação de roseiras, em que uma estaca é enterrada promovendo-se o seu enraizamento; • Enxertia, em que uma estaca (o garfo) é forçada a aderir sobre outra (o cavalo), mantendo-se a variedade do garfo; notar que neste caso devem ser utilizadas as partes de dois vegetais com grande afinidade, normalmente plantas do mesmo género; • Alporquia, muito utilizada nos citrinos, em que, sem se cortar a planta, se promove o enraízamento junto a um nó, colocando substrato à volta do mesmo, que será enraizado e posteriormente colocado à parte no terreno; • Mergulhia, como é o caso das framboesas, em que se dobram os novos ramos que são enterrados no terreno às ondas, deixando a intervalos partes mergulhadas e partes de fora do solo. Junto aos nós dar-se-á o enraizamento e o ramo será posteriormente cortado em diversos pedaços, cada um deles uma nova planta. Na horticultura, a reprodução assexuada é pouco comum, sendo o recurso a sementes a prática mais vulgar. Contudo, na cultura do morango, aproveita-se o facto de as plantas emitirem “garras”, ou estolhos, para se promover a multiplicação das mesmas. Os estolhos enraízam ao redor do morangueiro e de cada um deles surgirá uma nova planta. A característica principal destes modos de multiplicação é o facto de todos eles manterem a genética da planta, isto é, mantêm-se todas as características da planta-mãe, não tendo por isso interesse no aspecto do melhoramento de plantas mas tendo a grande vantagem de se manterem as variedades. Convém referir que, por vezes, após se fazer a multiplicação assexuada dos vegetais, poderá ser perdido parte do vigor característico da variedade, isto é, por vezes as plantas filhas, embora mantendo a sua cor, forma, etc., apresentam um crescimento mais lento e dão origem a flores e frutos de menor dimensão e calibre. 51 Horticultura 52 Horticultura Módulo 03 Cultura da Alface 10.1. Generalidades A alface é originária do Próximo Oriente e Região Mediterrânica. Em Portugal fazem-se cerca de 1.500 hectares de alface com uma produção média aproximada de 30 t por hectare. Cultiva-se por todo o país, em todas as épocas do ano, seja em cultura protegida (nos meses mais frios), seja ao ar livre. Nas culturas sob abrigo, tem um lugar privilegiado em qualquer esquema de rotações devido ao seu ciclo curto. Consome-se todo o ano, sendo rica em vitaminas A, B, B2, C e E e em sais minerais como cálcio e ferro. Cultura de alface 53 Horticultura 54 Horticultura 10.2. Classificação e variedades A alface, Lactuca sativa L. pertence à família Asteraceae. Tem a raiz aprumada, pouco desenvolvida, caule erecto e flores agrupadas em capítulos. As folhas variam segundo as cultivares, podendo ser mais ou menos arredondadas, mais ou menos lisas, de cores várias como diversas tonalidades de cor verdes, vermelha e roxa. No seu máximo desenvolvimento tem cerca de 40 folhas. As cultivares costumam ser agrupadas segundo a forma e a cor das folhas e o seu grau de repolhamento: • Alfaces bola de manteiga ou alfaces de folha lisa – formam repolhos de várias formas e tamanhos, as folhas são lisas ou ligeiramente empoladas. • Alfaces batávias ou alfaces frisadas – formam repolhos e têm as folhas com os bordos ondulados. As batávias, de origem americana, são conhecidas como iceberg e formam repolhos maiores e mais fechados que as de origem europeia. • Alfaces romanas – Não formam repolhos, ou formam apenas uma cabeça incipiente. As folhas são lisas, mais compridas que largas, com sabor adocicado. As folhas externas são normalmente verde escuras, enquanto as interiores são amareladas. Alface lisa Alface frisada 55 Horticultura 56 Horticultura 10.3. Exigências edafo – climáticas 10.3.1 Clima E xistem variedades que se adaptam a diversos climas e a diversas épocas do ano, podendo no entanto dizer-se que, em geral, preferem climas temperados e húmidos. Temperatura média óptima Paragem do desenvolvimento Humidade relativa óptima 15ºC – 20ºC <6ºC e> 30ºC 60% - 80% Climas excessivamente quentes induzem o espigamento e endurecimento das alfaces. Climas frios e húmidos levam ao desenvolvimento lento das plantas. A relação entre a temperatura e a luminosidade tem muita influência na formação do repolho. Repolha bem com baixas temperaturas, desde que a luminosidade seja fraca. Repolha normalmente com temperaturas altas, desde que os dias sejam longos e com boa luminosidade. 10.3.2 Solo Dá-se bem em qualquer tipo de solo, desde que fresco e bem drenado. Os melhores resultados são conseguidos em solos de textura franco-arenosa ou areno-argilosa, bem providos de matéria orgânica, com boa drenagem e capacidade de retenção de humidade. Prefere solos com pH 6,8 – 7,0 sendo sensível a Solo fresco e bem drenado solos ácidos, bem como excesso de alcalinidade. É moderadamente sensível à salinidade, tolerando condutividade eléctrica até 1,30mS/cm sem grandes problemas na produção. 57 Horticultura 58 Horticultura 10.4. Técnicas culturais 10.4.1 Preparação do solo, armação do terreno e outras práticas 10.4.1.1 Mobilizações P e tipo ara realizar a transplantação da alface, o solo deve estar bem desfeito, sem torrões. A quantidade de mobilizações dependem das características do solo e da quantidade de ervas e restos de cultura existentes. Havendo ervas e ou restos de culturas que possam ser aproveitadas, como matéria Fresa orgânica, podem ser enterradas com uma lavoura mais ou menos funda, seguindo-se uma ou duas gradagens para alisar a terra e incorporar a adubação de fundo. O abuso da fresa entre os horticultores tem o inconveniente de pulverizar demasiado o solo e em certos terrenos criar uma camada de solo impermeável. Para contrariar esta situação, convém passar de tempos a tempos, uma alfaia que rasgue o solo. 10.4.1.2 Armação do terreno A cultura normalmente é feita em terreno arrasado, por vezes em rectângulos de dimensões vária, com várias linhas de alface. Estes rectângulos chamam-se estalhas, na zona da Aguçadoura. Contudo em solos mais encharcadiços, para evitar certas doenças, é conveniente armar o solo em camalhões ou em espigoado com a Terreno armado para sementeira ao ar livre vantagem de facilitar a drenagem e evitar o excesso de humidade junto ao colo das plantas. 59 Horticultura 10.4.1.3 Desinfecção do solo Vários organismos nocivos do solo, como nemátodos e fungos, podem causar prejuízos na cultura da alface, devendo por isso fazer-se uma desinfecção do solo antes da instalação da cultura. Um dos métodos mais aconselhados é a solarização, que além de bons resultados contra muitos organismos nocivos tais como a esclerotínia, permite baixar os níveis de salinidade do solo. Infelizmente, este método não é muito viável em culturas protegidas nas zonas de minifundio do litoral norte, pois nos meses de maior calor, Julho e Agosto, as estufas estão em plena produção. Assim sendo, utiliza-se frequentemente a desinfecção por processos químicos, que têm o inconveniente de destruir organismos úteis e alguns aumentam a salinidade do solo. 10.4.2 Fertilização A alface tem um sistema radicular reduzido, um ciclo curto e rápido desenvolvimento. Não sendo muito exigente em fertilizantes, é muito sensível às adubações. Os estrumes bem curtidos são importantes para assegurar uma melhor capacidade de manutenção de humidade e as condições freáticas necessárias ao desenvolvimento do sistema radicular, enquanto uma adubação química Fertirrigação por aspersores equilibrada assegura um bom desenvolvimento da planta. Assim sendo, o azoto é essencial mas se não for equilibrado pode causar graves problemas. O excesso de azoto origina um grande desenvolvimento vegetativo. A planta fica mais sensível a doenças criptogâmicas e a pragas, atrasa ou impede a formação do repolho, favorecendo a necrose marginal das folhas (má circulação do cálcio). A carência de azoto origina o mau crescimento das plantas, caules ocos, mau repolhamento. As necessidades da planta em azoto vão aumentando até a última semana antes da formação completa do repolho, pelo que a sua aplicação à cultura deve ser fraccionada. O fósforo, potássio e magnésio podem ser aplicados de uma só vez, antes da plantação. 60 Horticultura Sendo a planta exigente em potássio, parte deste pode ser aplicado com o azoto em cobertura. Deve haver um equilíbrio entre o potássio e o azoto (K/N) na solução do solo de 3 na Primavera –Verão e de 4 no Outono – Inverno. Em culturas de Inverno (estufa) onde a luz pode ser insuficiente é conveniente adubar com maior dose de potássio (e magnésio) para promover uma maior capacidade de fotossíntese. O excesso de potássio contudo pode aumentar a salinidade do solo, diminuindo a capacidade de absorção de outros elementos, como o magnésio Mg. A necrose marginal das folhas resultante do excesso de humidade relativa e desequilíbrio de cálcio, azoto e potássio pode ser atenuada com adubações foliares de nitrato de cálcio, nitrato de magnésio ou sulfato de magnésio. O acréscimo dos teores de cálcio aumenta a resistência à podridão cinzenta e à necrose marginal. Entre os microelementos, as carências que mais se fazem sentir são as de boro e molibdémio. Para uma adubação racional é necessário conhecer as exportações da cultura e a disponibilidade dos nutrientes no solo. Segundo vários autores, para uma produção de 42-45 t/ha, os valores médios de extracções de alguns nutrientes são os seguintes: Azoto (N) Fósforo (P2 O5) Potássio (K2O) Cálcio (CaO) Magnésio (MgO) 80 – 100 Kg/ha 40 – 50 Kg/ha 170 - 250 Kg/ha 0 – 50 Kg/ha 10 – 12 Kg/ha Carência de cálcio Na zona da Povoa de Varzim e Esposende está vulgarizada a aplicação de estrumes de aviário, nomeadamente de galinhas poedeiras, por vezes em quantidades exageradas e que têm provocado problemas graves na cultura. Se o estrume tiver entre 3% a 6% de azoto, a aplicação de 1t de estrume equivale a 30 – 60 quilos de azoto. Não esquecer que nas zonas vulneráveis, como é o caso, as boas práticas agrícolas aconselham um valor máximo de 75 – 100 quilos de azoto. 61 Horticultura 10.4.3 Sementeira Embora se possa fazer a sementeira directa, no local definitivo, com semeadores de precisão, este método não é usual no nosso país. Normalmente a sementeira é feita em viveiros, a lanço ou à linha, em canteiros bem esmiuçados e estrumados, sendo as sementes cobertas com uma fina camada de terriço ou de areia. As sementes levam 8 a 10 dias a germinar, estando prontas a ser plantadas sensivelmente um mês após a germinação. Actualmente, principalmente para produção intensiva, a sementeira é feita em alvéolos ou em mottes por viveiristas especializados. Os mottes são cubos de cerca de 4x4x4cm, de substracto à base de turfa, estrume e areia, ou de uma composição idêntica. Alface em mottes Como as sementes são muito pequenas, podem ser peletizadas, isto é, envolvidas por material inerte, que vai facilitar o seu manuseamento. Por vezes na peletização é utilizada também uma pequena quantidade de fertilizantes. 10.4.4 Plantação Depois do solo bem preparado (feitas as lavouras, fertilização de fundo, desinfecção do solo, aplicação de herbicidas e armação do terreno), procede-se à plantação. Usando-se mottes, estes podem ser colocados no solo com a ajuda de plantadores. Normalmente são colocados em cima da terra bem desfeita. Nas épocas mais quentes e secas, devem ser levemente enterrados. 62 Horticultura Na obtenção das plantas no viveiro deve ter-se em conta o bom estado sanitário, o bom desenvolvimento e uniformidade das plantas e o substracto bem humedecido. As plantas de mottes devem ter 4 – 5 folhas. Os compassos de plantação variam com o desenvolvimento das cultivares utilizadas e com a época do ano. Para cultivares de crescimento mais reduzido e na Primavera-Verão, em que não existe o problema de falta de luminosidade e humidade excessiva, podem utilizar-se compassos de 25-30 cm entre plantas. Para plantas de maior desenvolvimento e no OutonoInverno, para obter um maior arejamento e menos problemas fitossanitários, usam-se compassos mais alargados, 35-40 cm entre plantas. 10.4.5 Regas Como já se referiu anteriormente, a alface tem um sistema radicular pouco desenvolvido, sendo muito sensível à seca pelo que é importante proporcionarlhe água. A quantidade de água e o número de regas varia com o estado fenológico da planta, o clima e o tipo de solo. Logo após a plantação e alguns dias depois é conveniente fazer-se uma boa rega, para evitar o stress hídrico da transplantação e ajudar a um Rega por aspersão bom pegamento das plantas. Antes do repolhamento as regas devem ser frequentes e de baixa dotação, para evitar a asfixia radicular, o desenvolvimento de doenças e ervas daninhas e a lavagem de nutrientes solúveis. A lavagem dos nutrientes além de ser má para a cultura (sintomas de carência), é também prejudicial para o ambiente, principalmente os nitratos que são sinónimo de poluição, neste caso para as águas subterrâneas. A partir do início do repolhamento, nas variedades em que o mesmo se verifica, as regas devem ser mais espaçadas e de maior dotação, pois as raízes exploram um maior volume de solo e as folhas interiores terão mais dificuldade em secar após cada rega. Os tipos de regas mais utilizados são a nebulização e a aspersão. 63 Horticultura 10.4.6 Outras técnicas culturais 4.6.1 Cobertura do solo com plástico negro É uma prática corrente que tem por finalidade o controlo de infestantes e de algumas doenças criptogâmicas. Ajuda a manter a estrutura do solo e evita perdas de água por evaporação. Cobertura do solo com plástico negro 10.4.6.2 Manta térmica Pode ser utilizada com o propósito de criar um ambiente de estufa nas primeiras fases da cultura, adiantando o seu crescimento. Também pode ser utilizada para proteger a cultura de ataques de pragas como afídeos, larva mineira, tripes, mosquinhas brancas, etc. 10.4.6.3 Colheita Normalmente a colheita é determinada pelo tamanho das plantas, que por seu lado pode ser condicionado pela procura. A alface é cortada à mão, normalmente com uma faca, limpa das folhas mais velhas e acondicionada em caixas. Alface condicionada em caixa 64 Horticultura A colheita deve ser feita nas horas mais frescas do dia, as caixas devem ser baixas, encaixáveis e de material que não cause danos às plantas. O transporte para o armazém deve ser feito o mais rápido possível. 65 Horticultura 66 Horticultura 10.5. Doenças 10.5.1 Doenças não parasitárias 10.5.1.1 Carência de cálcio E m solos ácidos, com humidade relativa elevada, a planta não transpira e o cálcio não circula no interior da mesma causando problemas cuja sintomatologia pode ser confundida. As folhas ficam enrugadas com as bordaduras queimadas, começando pelas mais jovens As plantas desenvolvem-se mal. O arejamento das estufas é essencial para ajudar a resolver o problema. Carência de cálcio 10.5.1.2 Excesso de amónio Grandes concentrações de amónio podem ser tóxicas para a alface, a parte aérea fica ananicada e frisada, as raízes secundárias ficam curtas e com manchas negras, o xilema da raiz principal toma a cor castanhaavermelhada. Estes sintomas podem ser confundidos com fusário, verticiliose, viroses e outros. Intoxicação por excesso A aplicação de grandes quantidades de estrume de galinha e adubos amoniacais tem levado de amónio ao aparecimento deste problema em zonas de horticultura intensiva. 67 Horticultura 10.5.2 Doenças parasitárias 10.5.2.1 Fungos 10.5.2.1.1 Esclerotínia – Sclerotínia minor Jagger e S. sclerotiorum (Lib) de Bary Sintomas É perto da colheita que causa maiores problemas, mas pode aparecer cedo. • Folhas da base - tombam, levando á murchidão da planta. • Folhas - amarelecem, apodrecem e a planta morre. • Plantas - ficam acachapadas, parecendo uma só folha amarela no solo. Desenvolve-se um micélio branco e por baixo das folhas, no solo1 aparecem, os esclerotos (órgãos escuros parecidos com dejectos de rato ou Sintomas de esclerotínia coelho). Os tecidos são invadidos por outros fungos e bactérias. Biologia Os esclerotos sobrevivem no solo durante vários anos, o fungo também pode resistir nas plantas vivas ou mortas na forma de micélio. A temperatura óptima de desenvolvimento é de 15 – 20ºC. Condições favoráveis • Restos de cultura infectados; • Excesso de água; • Excesso de azoto; • Falta de arejamento. 68 Horticultura Meios de protecção • Meios culturais • Fazer rotações de culturas; • Destruir os esclerotos e restos de cultura infectados; • Evitar excessos de água e de azoto; • Cobrir o solo com plástico negro; • Utilizar plantas em mottes; • Solarizar o solo. Alface em mottes • Meios químicos • Actualmente não há substancias activas homologadas para o efeito, em Portugal. 10.5.2.1.2 Míldio – Bremia lactuca Regel Sintomas • Plântulas – Amarelecem e secam; • Folhas – Na página superior aparecem manchas amarelas, oleosas, delimitadas pelas nervuras. Na página inferior, aparece micélio branco. Biologia Sobrevive como oósporos nas folhas caídas no solo. Na Primavera os oósporos germinam originando as infecções primárias. A partir do micélio branco da página inferior das folhas, dão-se as infecções secundárias. Os ataques são favorecidos por tempo húmido e fresco, com temperaturas óptimas de 10-15ºC. Condições favoráveis • Falta de arejamento; • Excesso de azoto; • Excesso de água no solo. 69 Horticultura Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar plantas em mottes; • Arejar as estufas; • Regar de preferência de manhã; • Utilizar variedades resistentes ou tolerantes. • Meios químicos • Utilizar os fungicidas homologados para o efeito, seguindo as recomendações do rótulo. 10.5.2.1.3 Podridão cinzenta – Botrytis cinérea Sintomas • Plântulas - bolor branco nas plântulas e solo em redor; • Plantas - lesões acastanhadas no colo das plantas; Podridão generalizada, bolor cinzento e podridão dos tecidos. Biologia Sobrevive como saprófita nos restos de cultura, como parasita de várias plantas e como esclerotos no solo. A infecção dá-se com humidade relativa elevada e temperaturas de 1520ºC. Meios de protecção • Meios culturais • Eliminar o material infectado; • Arejar as estufas; • Evitar grandes adubações azotadas; • Regar de preferência de manhã. Arejamento da estufa 70 Horticultura • Meios químicos • Tratar com os fungicidas homologados, seguindo as recomendações do rótulo. 10.5.2.1.4 Rizoctonia – Rizoctonia solani Kuhn Síntomas • Folhas da base - necroses avermelhadas; • Nervura central - lesões cor de ferrugem; Gotas de exsudado cor de âmbar nas lesões das nervuras; • A «cabeça» transforma-se em massa putrefacta, que seca ou escurece; • Os tecidos atacados e folhas vizinhas deliquescem, devido a ataques secundários de fungos e bactérias. Sintoma de rizoctonia Biologia O fungo existe no solo e pode atacar outras plantas como a endívia e a chicória; Vive como saprófita nos restos de vegetais; Pode ser disseminado pelo vento e pela chuva. Condições favoráveis • Calor húmido e excesso de água no solo; • Falta de arejamento; • Contacto das folhas com solo húmido; • Ataca principalmente plantas adultas, mas pode aparecer no viveiro. 71 Horticultura Meios de protecção • Meios culturais • Enterrar os esclerotos com lavouras fundas; • Fazer rotações de culturas; • Solarizar o solo; • Usar plantas e sementes sãs; • Fazer uma boa drenagem do solo; • Usar plantas em mottes; • Cobrir o solo com plástico negro. Plantas em mottes e com cobertura do solo 10.5.2.2 Bactérias 10.5.2.2.1 Podridão mole – Erwinia carotovora subsp. Carotovora Sintomas • Folhas exteriores - Murchidão próximo da colheita; • Medula do talo, aquosa; • Repolhos - colapso (sem micélio nem esclerotos como na esclerotínia). Biologia Sobrevive no solo, em restos de cultura, água de rega. A infecção dá-se através dos estomas ou de feridas, pois as bactérias não têm capacidade para destruir os tecidos das plantas. Condições favoráveis • Temperatura: 25-35ºC; • Humidade relativa: 95%; • Excesso de azoto. 72 Horticultura Meios de protecção • Meios culturais • Usar plantas e sementes sãs; • Destruir as plantas infectadas; • Evitar lesões nas plantas; • Fazer rotações de culturas. 10.5.2.3 Viroses 10.5.2.3.1 Bronzeamento do tomateiro – TSWV Transmissão O principal vector é o tripes da Califórnia, Frankliniella occidentalis Pergande Sintomas • A infecção começa num lado da planta, ficando esta retorcida; • Folhas - cloróticas com manchas castanhas ou negras; • Plantas - ananicadas. Meios de protecção • Utilizar plantas isentas de vírus; • Controlar os principais vectores; • Destruir plantas infectadas. 73 Horticultura 74 Horticultura 10.6. Pragas A lguns mamíferos como os coelhos ou aves como melros e pardais chegam a causar prejuízos importantes numa cultura de alface. Como medidas para evitar o seu ataque podem ser usados repelentes ou redes protectoras. Contudo, são as pragas de insectos as que mais preocupam os agricultores, seja pelos prejuízos directos que provocam, seja pelos indirectos, como a transmissão de viroses. Plantas arrancadas por pássaros 10.6.1 Afídeos Vários afídeos têm a alface como hospedeiro, uns vivendo na parte aérea da planta, como o piolho da alface, Nasonóvia ribisnigra e o piolho verde do pessegueiro, Myzus persicae, outros atacando a raiz como é o caso do Penphigus bursárius. Prejuízo Ao picar as folhas e sugar a seiva, provocam o enfraquecimento da planta, cloroses e deformações que desvalorizam a cultura. Como prejuízos indirectos contam-se o desenvolvimento de fumagina na melada excretada pelos insectos e a transmissão de viroses. Meios de protecção • Meios culturais • Colocar redes de exclusão nas aberturas das estufas; • Colocar armadilhas de Moerick ou outras para captura de afídeos. • Meios biológicos • Preservar os auxiliares, tais como crisopas, sirfídeos, coccinelídeos; • Fazer largadas do parasitoide Aphidoletis aphidimyza. Larva de sirfídeo 75 Horticultura • Meios químicos • Tratar com insecticidas homologados para o efeito, tendo sempre presente as recomendações do rótulo e a existência de auxiliares na cultura. 10.6.2 Larvas mineiras – Liriomyza spp São pequenas moscas com cerca de 2mm de comprimento, cinzento-negras, com o escudo amarelo. Os ovos são introduzidos no parênquima das folhas e as larvas saídas dos mesmos vão fazendo galerias à medida que se alimentam. No último estágio de desenvolvimento, as larvas rasgam as folhas e deixamse cair ao solo onde pupam. A Liriomyza huidobrensis, normalmente pupa com metade do corpo dentro da folha e metade fora. Galerias provocadas pela larva mineira Prejuízos Na alface são principalmente as pontuações de alimentação e de postura que desvalorizam as plantas. As galerias aparecem mais nas folhas da base. Meios de protecção • Meios culturais • Colocar armadilhas amarelas para capturas em massa; • Colocar redes de exclusão de insectos nas aberturas das estufas; • Destruir os restos de cultura infectados; • Destruir as infestantes. • Meios biológicos • Preservar os auxiliares; • Fazer largada de parasitoides como Dacnusa sibirica e Digliphus isaea. 76 Horticultura • Meios químicos • Tratar com homologados, os insecticidas seguindo as recomendações do rótulo e tendo em atenção a presença de auxiliares na cultura. Os tratamentos devem ser feitos cedo, antes que a praga atinja níveis, de infestação elevados. Pulverizador para tratamentos Há insecticidas que actuam melhor sobre as larvas fitossanitários enquanto outros só actuam sobre os adultos. 10.6.3. Lesmas e caracóis Existem algumas espécies de caracóis e lesmas que atacam a alface. Hibernam no tempo frio e são muito sensíveis ao tempo seco. Prejuízos Alimentam-se principalmente dos limbos das folhas, deixando as plantas só com as nervuras. Meios de protecção • Meios culturais • Colocar barreiras de protecção. • Meios biológicos • Preservar os auxiliares como repteis, batráquios, aves e insectos carabídeos. • Meios químicos • Distribuir iscos com matérias activas homologadas. 77 Horticultura 10.6.4. Nóctuas Varias lagartas geralmente de cores escuras, da família dos noctuídeos causam estragos por vezes importantes Prejuízos Roem as folhas ou o colo e as raízes. Podem destruir as jovens plantas ou causar graves prejuízos nas plantas mais desenvolvidas. Meios de protecção • Meios culturais • Destruir restos de culturas; • Eliminar infestantes; • Colocar redes de exclusão nas aberturas das estufas. Redes de exclusão • Meios biológicos • Preservar os auxiliares; • Tratar com Bacillus thuringiensis contra os primeiros instares das lagartas. • Meios químicos • Tratar com os insecticidas homologados, tendo em consideração os auxiliares e seguindo as instruções do rótulo. 10.6.5. Tripes – Thrips spp São pequenos insectos com cerca de 1mm de comprimento, de cor amarela a castanha. As fêmeas põem 1 a 2 ovos por dia (até 40) no parênquima das folhas, flores e frutos. Depois de passarem por 2 estados larvares, refugiam-se no solo onde passam a ninfose e se transformam em insecto adulto. Prejuízos As larvas e os adultos picam os tecidos da planta, sugam o conteúdo das células originando colorações branco-prateadas. Como estragos indirectos contam-se a transmissão de vírus. O tripes da California, Frankliniella occidentalis, é o principal vector do TSWV. 78 Horticultura Meios de protecção • Meios culturais • Colocar redes de exclusão de insectos nas aberturas das estufas e utilizar plantas isentas de vírus; • Destruir restos de culturas contaminadas; • Colocar placas amarelas e azuis para capturas em massa. • Meios biológicos • Preservar os auxiliares; • Fazer largadas do predador Orius laevigatus; • Meios químicos • Aplicar insecticidas homologados. 10.6.6. Nemátodos das galhas – Meloidogyne spp Os machos são filiformes com 1 a 1,5 mm de comprimento. As fêmeas são globosas com cerca de 0,5 a 1 mm de comprimento. Cada fêmea põe de 500 a 1000 ovos próximo da raiz, que podem resistir no solo mais de 2 anos. As larvas L1 passam no ovo e as L2, vermiformes, migram para as raízes onde penetram. Depois de mais 2 estados larvares, L3 e L4, transformam-se em adultos machos e fêmeas. As fêmeas continuam o seu desenvolvimento na raiz, enquanto os machos a abandonam. Os nemátodos Galhas de nematodos na raiz da alface podem ser disseminados, entre outros, pela água de rega, pelo vento, por terra agarrada às alfaias agrícolas e por plântulas infestadas. Os sintomas aparecem na cultura por manchas de plantas raquíticas ou mortas. 79 Horticultura Meios de protecção • Meios culturais • Fazer rotação de culturas; • Destruir as infestantes; • Fazer a solarização; • Evitar transportar terra infestada de um campo para outro. • Meios biológicos • Utilizar fungos, bactérias e nemátodes predadores. • Meios químicos • Desinfectar o solo como nematodicidas homologados. 80 Horticultura Módulo 04 A Cultura do Tomate 11.1. Generalidades O tomate, Lycopersicum esculentum Mill, é originário da América do Sul, Equador e Perú, tendo sido introduzido na Europa no século XVI. Trata-se de uma planta pertencente à família das Solanáceas. Cultura do tomateiro A sua importância económica no nosso país é grande desde há muitos anos quando falamos de tomate de ar livre, normalmente utilizado para fins industriais e com a produção concentrada no Ribatejo e Estremadura. Nas duas últimas décadas, e com a intensificação da produção hortícola verificada em todo o país, observou-se um crescendo da importância da cultura em estufa, normalmente associada ao consumo em fresco. O próprio mercado de consumo de vegetais frescos no nosso país tem vindo a verificar um contínuo aumento, o que nos faz prever que esta cultura ainda possa vir a ser economicamente interessante por mais alguns anos. 81 Horticultura 82 Horticultura 11.2. Classificação e variedade O tomateiro é uma planta normalmente cultivada como anual, embora a sua duração vegetativa em condições climáticas muito favoráveis se possa prolongar por vários anos. As suas características morfológicas mais importantes são, resumidamente, as seguintes: • É uma planta cultivada como anual, com uma raíz principal curta e débil, com um sistema radicular secundário muito potente e ramificado que se desenvolve maioritariamente nos primeiros 30 a 50 cm do nível do solo; • Possui um caule cilíndrico, provido de pêlos, tendo a faculdade de emitir raízes desde que colocado em contacto com a terra (ou outro substrato de enraízamento apropriado). Do colo da planta podem rebentar "ladrões", que devido ao seu fraco poder de floração deverão ser eliminados; • É uma planta que pode ter um crescimento determinado, semi-determinado ou indeterminado. As cultivares de crescimento determinado têm um menor ciclo vegetativo, ramificam com facilidade e terminam num cacho de flores. As de crescimento semi-determinado ou indeterminado necessitam de poda e de tutoragem para se manterem erectas. A grande diferença entre estas variedades é que enquanto as primeiras param o seu crescimento ao 4º ou ao 5º cacho floral, as segundas continuam o seu crescimento, visto terminarem sempre numa haste foliar; • As folhas são alternas, constituídas por um número variável de folíolos; • As flores são hermafroditas, com 6 ou 7 pétalas de côr amarela e um ovário supero, que ao ser polinizado, aumenta de volume até à plena formação do fruto. Dispõem-se em cachos de 6 a 15 flores, consoante as variedades. Nas variedades de crescimento indeterminado, o primeiro cacho de flores aparece normalmente depois do nascimento da 5ª folha contada a partir dos cotilédones, seguindo-se depois a cadência normal de duas folhas para um cacho de flores, sendo que cada planta poderá ter de 6 a 15 cachos florais, factor que também varia com as cultivares; 83 Horticultura Flores hermafroditas do tomateiro • As sementes, com um diâmetro de 2 ou 3 mm, têm uma forma oval e côr castanho avermelhado ou acinzentado. Estão inseridas no lóbulo do fruto, tendo uma capacidade germinativa de dois a quatro anos. Uma grama de semente contém cerca de 250 a 350 unidades. Uma boa variedade de tomateiro deve reunir as seguintes características: • Planta • Resistente ao frio; • Boa uniformidade; • Isenta de defeitos; • Pouca tendência para o aparecimento de rebentos axilares; • Pouca folhagem e seu bom posicionamento; • Regular intensidade de crescimento; • Resistente a elevado número de doenças e pragas. • Fruto • Homogéneo na forma, tamanho e cor; • Sem colo verde; • Sem manchas descoloridas; • Resistente ao rachamento; • Boa consistência; • Bom calibre; • Não ser oco; • Poucas sementes; • Bom paladar; • Ser fácil de armazenar e transportar. Tomates condicionados em caixa de papel 84 Horticultura Todos os anos aparecem no mercado dezenas de novas variedades, pelo que se aconselha a todos os produtores que sigam atentamente os folhetos informativos, normalmente distribuídos pelos serviços oficiais ou pelas casas comerciais. 85 Horticultura 86 Horticultura 11.3. Exigências edáfo-climáticas 11.3.1. Clima O tomateiro é uma planta oriunda de climas quentes pelo que entre nós o seu ciclo natural de cultivo seja no Verão/Outono. As suas necessidades em temperatura dependem da fase do desenvolvimento em que a planta se encontra. Assim poderemos descrever as suas exigências em temperatura do seguinte modo: Temperatura mínima letal -2º C Temperatura mínima biológica Temperatura de germinação Temperatura de desenvolvimento Temperatura de floração 10 – 12º C Mínima 10º C Óptima 24 – 30º C Máxima 35º C Dia 18 – 21º C Noite 13 – 16º C Dia 23 – 28º C Noite 15 – 18º C Temperatura de maturação do fruto 15 – 22º C Temperatura máxima biológica 30 – 33º C Temperatura do solo Mínima 12º C Óptima 20 – 24 º C Máxima 34º C A humidade relativa do ar também assume um papel muito importante, principalmente quando se dá a deiscência do pólen e consequente fecundação dos frutos, sendo a mais adequada a que ronda os valores de 60%. Nos abrigos de produção de tomate, principalmente no período Inverno/Primavera e durante a noite, verificam-se valores muito superiores ao acima referido, com o consequente aparecimento de doenças criptogâmicas e abortamento de flores por falta de polinização. Daí o interesse em que as estufas sejam providas de um bom arejamento, de forma a ser possível um eficaz controlo do teor de humidade no seu interior. 87 Horticultura Em certas regiões muito quentes e secas, como poderá ser o caso do Alentejo e Algarve, em dias muito quentes e com valores muito baixos da humidade relativa, poderá ocorrer o abortamento de flores e frutos já vingados. Convém aqui referir que o tomate é uma planta com bastantes necessidades em luz, pelo que, em estufas aquecidas para produção de tomate em pleno Inverno, poderá ser necessário recorrer à iluminação artificial. A insuficiente luminosidade provoca o alongamento dos entrenós do tomateiro e a planta tende a orientar-se na direcção da luz. Plásticos muito velhos, cobertos de poeira ou musgos, impedem fortemente a passagem da luz para o interior dos abrigos, pelo que em culturas de meia estação se aconselha a sua substituição. 11.3.2. Solo O tomateiro caracteriza-se por ter uma boa adaptação a qualquer tipo de solo, embora possamos afirmar que os seus rendimentos são superiores quando os solos apresentam as seguintes características: • boa profundidade da camada arável; • boa permeabilidade; • esponjosos (leveza, retenção de água, volume constante); • pH compreendido entre 6,4 e 6,9; • natureza silicio-argilosa. Os solos em que esta cultura se dá efectivamente mal são os demasiado húmidos, por darem origem ao aparecimento de doenças e a provocarem a asfixia radicular, tendo também algumas dificuldades em produzir em solos pobres em cal e magnésio (que deverão ser corrigidos com calcário dolomítico). O tomateiro tem ainda a característica de ser muito resistente à salinidade do solo, podendo mesmo contribuir para a diminuição dos seus valores na solução do solo, desde que a fertilização efectuada seja de acordo com as exportações e com adubos isentos de salinidade. 88 Horticultura 11.4. Técnicas culturais 11.4.1. Preparação do solo, armação do terreno e outras práticas 11.4.1.1. Preparação de solo S endo o tomateiro uma cultura que pode vegetar por um grande período de tempo no terreno, é de primordial importância a preparação do solo. Como já foi dito as suas raízes exploram o solo em profundidade pelo que será imperativo fazer uma preparação do solo em profundidade. Preparação de solo para Deve ser feita uma ripagem, seguida de lavoura em a cultura do tomateiro que se incorpora a fertilização de fundo. Depois faz-se a gradagem e poderá passar-se a fresa o que nos vai facilitar a eventual armação do terreno ou colocação de plástico em cobertura do solo. Juntamente com a incorporação do adubo de fundo poder-se-á aplicar um insecticida do solo como preventivo de pragas. Deverão ser sempre respeitados os intervalos de segurança dos produtos aplicados. 11.4.1.2. Desinfecção do solo A desinfecção do solo é uma técnica importante e muitas vezes indispensável já que muitos solos estão infestados de nemátodos, fungos, insectos, bactérias, vírus e infestantes, devido à intensa actividade a que são submetidos e a não ser respeitado minimamente um esquema de rotação cultural, que evitaria certamente muitos dos problemas apontados. A solarização dos solos também tem demonstrado ser um eficaz processo de desinfecção do solo, com a vantagem de ter um baixo custo e não haver utilização de produtos químicos com os inerentes riscos de aplicação. 89 Horticultura Respeitado o prazo da desinfecção proceder-se-á a nova fresagem, armando-se posteriormente o terreno em camalhões. Esta armação do terreno poderá ser dispensada quando dispusermos de um solo muito bem drenado, sem qualquer perigo de encharcamento, sendo a plantação feita à rasa. 11.4.1.3. Instalação do sistema de rega e eventual "paillage" Sistema de rega e "paillage" É da maior importância instalar sistemas de rega localizada, com respectivos filtros e adubador para fertirrigação, devido às enormes vantagens que estes sistemas têm, nomeadamente a economia de mão-de-obra e de água, que cada vez escasseia mais, e um melhor aproveitamento e utilização dos fertilizantes pelas plantas. Só após verificarmos que todo o sistema de rega está em pleno funcionamento, tendo o cuidado de verificar que não existe nenhum entupimento de gotejadores, é que poderemos proceder à cobertura do solo com plástico negro com cerca de 80 micra (0,08mm) de espessura, já que o seu efeito é extremamente positivo e se traduz nas seguintes vantagens: • Diminuição das perdas de água do solo por evaporação (contribuindo para a diminuição da humidade relativa dentro do abrigo); • Diminuição do desenvolvimento de infestantes; • Manutenção de uma melhor estrutura do solo; • Diminuição das variações de temperatura ao nível do solo; • Melhoria do processo de nitrificação e de utilização dos fertilizantes. 90 Horticultura Os orifícios no plástico deverão ser feitos com um queimador a gás e deverão ter de 4 a 10 cm de diâmetro. Hoje em dia existe no mercado filme plástico com as mesmas características do acima descrito mas microperfurado. Estes pequenos orifícios microscópicos, invisíveis a olho nu excepto em contra-luz, evitam o ressoado junto à superfície do solo e também contrariam com bastante eficácia a formação de bolsas de água sobre o plástico, diminuindo assim alguns problemas fitossanitários principalmente ao nível do colo das plantas. 11.4.2. Fertilização Na correcta fertilização da cultura de tomate temos que ter em atenção dois factores que são o teor de nutrientes existentes no solo e as exportações de nutrientes efectuadas pelas plantas. Isto conduznos à necessidade de efectuar análises ao solo. Por seu turno as exportações de nutrientes pelas plantas variam em função de numerosos factores, entre os quais a variedade cultivada e a produção prevista: Sistema de fertirrigação Produção Exportações (Kg/ha) (t/ha) N P2O5 K2O CaO MgO 80 205 40 500 220 40 100 280 65 600 260 68 120 360 90 710 425 97 O tomateiro é uma planta que agradece uma boa estrumação, para a qual poderemos tomar como valor médio as 30 a 40 toneladas por hectare. Os estrumes de aviário e os lixos tratados não devem ser aplicados em quantidades superiores a 3 ou 4 toneladas por hectare sob o risco de poderem causar danos às culturas. Quando se faz uma estrumação deverão ser reduzidas as doses da adubação de fundo 91 Horticultura O estrume deverá ser aplicado com dois meses de antecedência seguido da desinfecção de solo cujo intervalo de segurança tem que ser respeitado ou correremos o risco de perder as jovens plantas após o seu transplante. A adubação de fundo efectua-se antes da instalação da cultura para que o terreno fique com níveis médios de fertilidade. As quantidades e tipos de fertilizantes a aplicar devem ser aplicados mediante os cálculos efectuados a partir dos resultados da análise do solo. Com as adubações de cobertura pretende-se aplicar ao solo as exportações da cultura. Esta adubação de cobertura deverá ser idealmente realizada por fertirrigação já que é a forma de se obter melhores resultados, pois para além de implicar uma economia de adubo, permite um grande fraccionamento da sua aplicação, evitando-se grandes concentrações de sais no solo. A distribuição dos adubos ao longo do ciclo cultural deve ser definida em quatro grandes períodos que caracterizam a assimilação dos diferentes elementos: 1) Da plantação ao aparecimento dos primeiros frutos a assimilação de elementos fertilizantes é fraca (1ºmês); 2) Até à formação do último cacho floral há uma fraca absorção de cálcio e magnésio, uma forte assimilação de azoto e fósforo e uma muito forte assimilação de potássio; 3) Da formação do último cacho floral até cerca de 80% da colheita a assimilação de potássio diminui, sendo normal a assimilação de fósforo e forte a absorção de azoto, cálcio e magnésio; 4) Até ao final do ciclo cultural verifica-se uma nula absorção de azoto, fraca absorção de potássio e magnésio, normal absorção de fósforo e uma elevada absorção de cálcio. O agricultor deverá, em função da produção esperada, aplicar em cobertura uma quantidade idêntica às exportações indicadas no quadro anterior. As adubações deverão ser aplicadas no maior número de fertirrigações para evitar excessos de concentração de sais no solo que poderiam prejudicar a planta ou serem deficientemente absorvidos. 92 Horticultura 11.4.2.1. Funções dos nutrientes, sintomas de carência 11.4.2.1.1. Funções dos nutrientes Azoto Um excesso de azoto pode conduzir a um desenvolvimento vegetativo demasiado exuberante em detrimento da frutificação, diminuir a resistência a doenças e pragas e provocar o atraso na maturação do fruto. Os sintomas de carência manifestam-se nas folhas mais velhas que começam a ficar amareladas. As plantas crescem pouco e apresentam pouco vigor, os folíolos ficam pequenos podendo ter as nervuras violáceas, sendo a floração reduzida. Fósforo Desempenha um papel muito importante no enraízamento e estimula a floração; contribui também para o amadurecimento dos frutos. As carências em fósforo manifestam-se sobretudo pelo aparecimento de cor verde muito escura passando a avermelhada ou purpúrea nas folhas mais velhas, especialmente nas nervuras e na página inferior. Plantas raquíticas, caules muito finos, frutos ocos e mal coloridos são também consequência de deficitária adubação em fósforo. Os excessos de fósforo raramente provocam problemas. Potássio Tem um papel importantíssimo na consistência da pele, na qualidade do fruto (gosto e cor) e na resistência a doenças e pragas. Tal como o fósforo também favorece o enraizamento. A sua carência provoca o amarelecimento às manchas a partir das nervuras para a periferia das folhas mais velhas, com a dessecação da sua parte periférica; surgem grandes defeitos na coloração dos frutos, que poderá ser tardia face à consistência Carência de potássio do mesmo. 93 Horticultura Embora não provoque toxicidade (macronutriente) o seu excesso poderá impedir a absorção do magnésio induzindo a sua carência. Cálcio A sua carência favorece a deformação das folhas mais novas e de todos os pontos de crescimento; atrofia as raízes podendo mesmo conduzir ao seu apodrecimento precoce; provoca também a necrose apical dos frutos. Magnésio O magnésio contribui positivamente para a obtenção de frutos de maior calibre e é essencial à fotossíntese. A sua carência manifesta-se sobretudo pelo amarelecimento do espaço entre as nervuras das folhas mais velhas que se inicia (ao contrário da carência de cálcio) pelo lado periférico e que alastra para o interior. Mesmo na presença de magnésio no solo, a carência pode surgir devido ao bloqueamento por excesso de potássio, asfixia radicular ou falta de água no solo. 11.4.2.2. Outros sintomas de carências 11.4.2.2.1. Carências cujos sintomas começam nas folhas jovens Boro Ligeiro amarelecimento entre as nervuras dos folíolos que permanecem de tamanho pequeno e se enrolam. Não sendo corrigida esta carência pode afectar a produção; Cobre Plantas raquíticas, folíolos enrolados, pecíolos encurvado até à base; Ferro Amarelecimento que pode ir até ao total branqueamento do espaço entre as nervuras dos folíolos, com excepção das nervuras que permanecem verdes; Manganês Amarelecimento entre as nervuras dos folíolos que começa ao nível dos tecidos próximos das nervuras. Os folíolos aparecem deformados, assimétricos e com tendência ao enrolamento; 94 Horticultura Zinco Plantas raquíticas, folíolos mais pequenos e enrolados, amarelecimento entre as nervuras em pequenas manchas que tendem a necrosar-se. 11.4.2.2.2. Carências cujos sintomas se evidenciam inicialmente nas folhas mais velhas Molibdénio Ligeiro amarelecimento entre as nervuras dos folíolos que se enrolam, ficando claras as nervuras mais finas. A sua ausência pode também influenciar negativamente o processo de floração e a fecundação; Enxofre Ligeiro amarelado entre as nervuras dos folíolos com manchas violetas e necróticas. Nervuras, pecíolos e caules de côr violeta. Caso não seja corrigida a carência esta coloração poderá acabar por atingir toda a planta, comprometendo a produção. Temos que ter sempre presente que as carências podem ser verdadeiras (inexistência do nutriente no solo) ou induzidas, isto é, provocadas pelo bloqueio da absorção do nutriente. As principais carências induzidas podem encontrar-se nas seguintes condições: • Deficiente desenvolvimento ou mau estado do sistema radicular (fósforo e ferro); • Temperaturas do solo demasiado baixas (fósforo); • Temperaturas nocturnas excessivas (magnésio); • Adubação excessiva ou desequilibrada (magnésio ocorre se houver excesso de potássio e o fósforo se houver excesso de azoto e sulfatos); • Fraca luminosidade (fósforo); • Má aplicação das regas (magnésio, cálcio e ferro se houver asfixia e magnésio se houver falta de água); • Natureza do solo muito calcária (fósforo e ferro). 95 Horticultura 11.4.3. Sementeira A sementeira directa não é usualmente utilizada nesta cultura. As plantas do tomateiro podem ser adquiridas já feitas ou feitas em cuvettes de germinação a partir de sementes certificadas adquiridas nos representantes das casas de sementes. A produção de plantas reveste-se de grande importância em horticultura. Somente com plantas robustas, homogéneas e sãs, a futura plantação poderá fornecer os resultados mais desejáveis. A produção de plantas de tomate deverá ser efectuada em estufas devidamente climatizadas, com controlo de temperatura, humidade e arejamento, visto as jovens plantas serem muito sensíveis a estes factores climáticos e às doenças e pragas com os quais estes se conjugam. Não dispondo de condições óptimas para o fazer, deveremos recorrer a um viveirista de confiança e optar por comprar plantas prontas a transplantar. Os substratos onde serão efectuados as sementeiras deverão ser à base de qualquer tipo de turfa enriquecida, isenta de pragas e doenças. As placas alveolares de esferovite ou de plásticos, devido às suas óptimas qualidades isotérmicas, são os recipientes de sementeira mais generalizados neste momento. Para plantas de tomate utilizam-se placas de 150 alvéolos de 35ml cada um. Após cheias de substrato será colocada mecânica ou manualmente uma semente em cada alvéolo. É extremamente importante que sejam respeitadas as temperaturas de germinação e desenvolvimento anteriormente indicadas e que através de uma rega nebulizada seja mantida uma humidade pouco variável. No decurso do desenvolvimento das plantas, será importante efectuar diversos tratamentos fitossanitários, contra doenças e pragas, e realizar fertirrigação com adubos foliares ou com ureia, nitrato de potássio e fosfato de amónio dissolvidos na água de rega. Da sementeira ao estado de planta pronta para transplante, decorre cerca de um mês. 96 Horticultura 11.4.4. Plantação As épocas de plantação variam com a região do país em que nos encontramos, sendo que no Litoral Norte se praticam duas épocas de plantação, uma em fins de Fevereiro até fins de Março e outra que vai de fins de Junho a meados de Julho. No entanto, no Algarve, já se praticam três campanhas anuais, com plantação respectivamente em princípios de Setembro, meados de Novembro e meados de Janeiro. Pode ser utilizado o sistema de plantação em linhas simples ou pareadas. Para a plantação em linhas simples estas poderão ser afastadas de 1 metro ficando as plantas na linha afastadas de 40 cm, o que conduz a uma densidade de 2,5 plantas por metro quadrado. Cultura do tomateiro em estufa No caso da plantação em linhas duplas utilizar-se-á o sistema de duas linhas afastadas de 40 cm, com 1,10 m de intervalo entre bilínios e com as plantas afastadas na linha de 40 cm, o que nos conduz para densidades de 3,33 plantas por metro quadrado. Densidades superiores às indicadas, principalmente a exposta para linhas simples, provocam uma grande asfixia ambiental, o que contribui para o aparecimento de diversas doenças. Isto também se liga com os rudimentares sistemas de ventilação existentes nas estufas em produção no nosso país. Imediatamente a seguir à plantação deve ser realizada uma ou mais regas de pequena dotação, para que a planta não se ressinta tanto da mudança de ambiente. Uma prática preventiva frequente consiste em, após a plantação, colocar na estufa diversos iscos com helicida e insecticida, para evitar ataques destas pragas, que em dois ou três dias poderiam comprometer a produção futura. 11.4.5. Regas As regas deverão ser efectuadas diariamente ou dia sim, dia não, sempre que estejamos a trabalhar com solos arenosos (isto também varia com as temperaturas ambientais que exercem uma forte influência sobre a evapotranspiração). 97 Horticultura Sistema de rega gota a gota Nos solos mais pesados, poder-se-á reduzir para metade esta frequência de rega, já que a sua capacidade de retenção é muito superior, podendo o solo receber bastante mais quantidade de água sem que se dê a sua lavagem. 11.4.6. Outras técnicas culturais do tomate 11.4.6.1. Poda O sistema de poda utilizado para as variedades de estufa consiste na eliminação dos rebentos que brotam da axila das folhas no estado ainda jovem, sendo a planta conduzida na sua haste principal. 11.4.6.2. Tutoragem Efectua-se enrolando a planta a um fio ou ráfia de polietileno, preso ao pé da planta e a um arame ao longo da linha de cultura. 11.4.6.3. Desfolha É prática usual a eliminação de algumas folhas, em certas épocas do ano, com o fim de melhorar o arejamento, a iluminação e a polinização. Dever-se-á ter o cuidado de não exagerar nestas desfolhas, pois isso poderia ir diminuir muito a capacidade fotossintética da planta, podendo desequilibrar o seu desenvolvimento. 98 Horticultura 11.4.6.4. Desponta Consiste no corte do rebento terminal da planta, quando esta atinge a altura desejada. Com esta operação, pode reduzir-se o ciclo da cultura e aumentar-se o calibre dos frutos, bem como a sua precocidade. 11.4.6.5. Eliminação dos frutos defeituosos Logo que se note o seu aparecimento devem, ser eliminados, pois sobrecarregam a planta, consomem nutrientes e não têm qualquer interesse comercial. 11.4.6.6. Combate às iInfestantes Quando não se utiliza a cobertura do solo com filme plástico surgem as infestantes prejudiciais, pelo que se deverão efectuar uma ou mais sachas ou aplicar herbicidas adequados. 11.4.6.7. Técnicas para promover o vingamento das flores Quando na presença de condições climatéricas adversas (normalmente elevados valores da humidade relativa), o pólen, escasso e pesado, torna difícil a polinização. Poderemos recorrer de vários processos: • Aplicação de corrente de ar com atomizador ou pulverizador; • Aplicação de vibrações nos cachos florais (ou simplesmente percorrer as linhas de tomate batendo nos seus caules com um objecto pesado mas mole, por forma a que não possa ferir as plantas); • Aplicação de fitohormonas; • Introdução de colmeias de abelhões. Aplicação de fitohormonas 99 Horticultura Desde que exista pólen em quantidade, a simples vibração dos cachos poderá ser o suficiente para que se dê uma boa fecundação. Caso exista pólen em pouca quantidade, teremos que recorrer ao uso de fitohormonas. 11.4.6.8. Colheita do tomate Deve realizar-se na altura da maturação fisiológica, quando o ápice do fruto adquire uma côr alimonada e a superfície da pele um brilho característico. Da plantação ao início da colheita, podem decorrer três ou quatro meses, conforme a precocidade das variedades a utilizar e as temperaturas verificadas no decurso da vegetação. 100 Horticultura 11.5. Doenças 11.5.1. Doenças não parasitárias 11.5.1.1. Podridão apical Podridão apical S intomas No ápice dos frutos, manchas verdes que se tornam escuras e aumentam, podendo atingir cerca de um terço do fruto. Os tecidos atacados formam zonas deprimidas, ligeiramente côncavas. Causas Esta situação parece dever-se a uma má circulação do cálcio na planta, devido a desequilíbrios hídricos. Períodos de seca seguidos de grandes chuvas, humidade relativa muito elevada dentro da estufa, dificultando a transpiração da planta e regas muito espaçadas, parecem concorrer para a anomalia. Meios de prevenção • Regar com frequência mas moderadamente; • Arejar as estufas; • Fazer adubações foliares com cálcio. Arejamento da estufa 101 Horticultura 11.5.1.2. Rachamento dos frutos Sintomas Gretas concêntricas ou radiais dos tecidos superficiais. Causas Crescimento muito rápido dos tecidos internos é acompanhado pelo desenvolvimento dos tecidos mais superficiais, devido a alternância de humidades muito altas com humidades muito baixas. Meios de prevenção • Regar equilibradamente; • Arejar a estufa; • Drenar bem o solo. 11.5.1.3. Cara de gato Arejamento da estufa Sintomas Deformações dos primeiros frutos, com engelhamento e reentrâncias suberificadas do ápice. Causas Temperaturas baixas na fase de floração; Abuso de hormonas para favorecer o vingamento das flores. Fruto com deformações Meios de prevenção • Utilizar as hormonas (se homologadas) com moderação. • Utilizar abelhões para a polinização. Utilização de abelhões para polinização 102 Horticultura 11.5.2. Doenças parasitárias 11.5.2.1. Fungos 11.5.2.1.1. Alternariose - Alternaria solani (Ell. & Mart.) L.R.Jones & Grout Alternaria Sintomas Os primeiros ataques dão-se nos viveiros podendo atacar todos os órgãos aéreos: • Caules - Lesões deprimidas, pardas e depois negras; • Folhas - Necroses negras, em círculos concêntricos; queda de folhas; • Flores - Cálice necrótico; • Frutos - Manchas escuras concêntricas, principalmente ao redor do pedúnculo, com 1-2cm, deprimidas, cobertas por um fungo negro. Biologia Sobrevive no solo, sob a forma de micélio e esporos, nos detritos vegetais. A disseminação faz-se pela chuva e pelo vento. As sementes também podem ser uma fonte de inóculo. Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar sementes e plantas sãs; • Fazer rotações longas; • Evitar regas por aspersão; • Destruir restos de cultura e infestantes. 103 Horticultura • Meios químicos • Utilizar os fungicidas homologados, seguindo as indicações do rótulo. • Os tratamentos devem ser preventivos. 11.5.2.1.2. Fusariose - Fusarium oxisporum f. sp. Lycopersici Snyder y Hanser Sintomas Logo após a transplantação, clorose nas folhas da base e murchidão da planta que pode secar. No início da doença, a murchidão das folhas dá-se nas horas de maior calor, recuperando à noite, mas com o evoluir da doença, a murchidão é irreversível. Os vasos ficam necrosados e o lenho fica escuro desde a raiz até ao pecíolo Necrose avermelhada, do colo para cima. Biologia Os clamidosporos (órgãos de resistência) sobrevivem no solo durante muito tempo, mesmo sem plantas hospedeiras. Também pode sobreviver na forma de micélio e de conídios. Quando há plantas hospedeiras o fungo penetra pelas radículas ou por feridas infectando a raiz principal. Condições favoráveis • Restos de cultura infectados no solo; • Excesso de água no solo; • Temperaturas de 28-30ºC; • Mudanças bruscas de condições climáticas; • Carência de cálcio. Meios de protecção • Meios culturais • Fazer rotações longas de culturas; • Destruir as plantas infectadas; • Utilizar variedades resistentes; • Evitar feridas nas raízes (combater os nemátodos). 104 Horticultura • Meios químicos • Desinfecção do solo com produtos homologados. 11.5.2.1.3. Esclerotínia - Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary Sintomas Aparecem em todos os órgãos aéreos das plantas: • Caules - tecidos enegrecidos e desfibrados, com micélio esbranquiçado. No interior aparecem os esclerotos castanhos; • Folhas - As folhas murcham e secam; • Frutos - Manchas negras; • Toda a parte aérea murcha e morre. Biologia Sobrevive nas camadas superficiais do solo na forma de esclerotos (estruturas de resistência). As condições óptimas de desenvolvimento são temperaturas de 15-20ºC. e humidade relativa elevada. Condições favoráveis • Humidade relativa elevada e temperaturas de 15-20ºC; • Restos de cultura infectados no solo; • Excesso de água no solo, má drenagem; • Adubações muito azotadas; • Falta de arejamento. Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar plantas em mottes; • Arejar as estufas; • Fazer regas e adubações equilibradas; • Destruir os restos de cultura; • Cobrir o solo com plástico negro; • Solarizar o solo. 105 Horticultura 11.5.2.1.4. Míldio - Phytophtora infestans Mont de Bary Sintomas Aparecem em todos os órgãos aéreos da planta: • Folhas - Na página superior, manchas descoradas que chegam a atingir 1cm de diâmetro. Na página inferior, nas zonas correspondentes, aparece um micélio branco-acinzentado. Com o tempo as manchas escurecem e secam; • Caules - Lesões escuras extensas, a partir da base dos pecíolos, chegando a rodear o caule; • Frutos - Manchas acinzentadas, deprimidas, de aspecto engelhado. Muitas vezes estas manchas aparecem rodeando o pedúnculo, provocando a queda do fruto, que tem dificuldade em amadurecer. Biologia O fungo sobrevive na forma de micélio nas folhas dos restos de cultura. As infecções primárias são provocadas por zoósporos, que precisam de água para o efeito. Havendo condições de temperatura e humidade, dão-se reinfecções a partir das manchas das infecções primárias. Condições favoráveis • Excesso de água no solo; • Película de água nas folhas; • Temperatura óptima de 15ºC; • Restos de cultura infectados; • Excesso de adubações azotadas; • Mudanças bruscas de condições climáticas. Meios de protecção • Meios culturais • Destruir os restos de cultura; • Arejar as estufas; • Evitar grandes adubações azotadas; • Evitar excesso de água de rega; • Regar da parte da manhã; • Utilizar variedades resistentes ou tolerantes; • Fazer rotações de culturas. 106 Horticultura • Meios químicos • Existem várias matérias activas homologadas. • Não esquecer que a luta química deve ser preventiva, devendo seguir-se as recomendações indicadas no rótulo. Pulverizador para tratamentos fitossanitários 11.5.2.1.5. Podridão cinzenta - Botrytis cinerea Pers Aparece principalmente em culturas protegidas, mas pode atacar também a cultura de ar livre se houver condições de grande humidade. Sintomas Pode atacar todos os órgãos aéreos da planta. • Folhas - aparecem manchas arredondadas de cor cinzenta. • Caule, principalmente no colo ou em zonas de feridas como as resultantes das podas, manchas acinzentadas e podridões. • Futos os sintomas aparecem principalmente na zona de inserção do pedúnculo, na forma de manchas cinzentas Podridão cinzenta no fruto e podridões, podendo também aparecer nos frutos auréolas esbranquiçadas, denominadas manchas fantasmas de cerca de 3 a 5 mm. • Flores podem igualmente ser atacadas. Nos tecidos atacados aparece um bolor cinzento, que dá o nome à doença. Biologia É um fungo polífago que ataca praticamente todas as plantas cultivadas. Sobrevive como saprófita em tecidos mortos das plantas. Os esporos infectam a planta destruindo os tecidos mais frágeis como as pétalas das flores, ou penetrando por feridas nos outros órgãos. 107 Horticultura Condições favoráveis • Temperaturas de 17-25ºC e humidade relativa perto dos 100%: • Mudanças bruscas de condições climáticas; • Falta de arejamento; • Restos de cultura infectados; • Feridas causadas por outros fungos, insectos, alfaias e podas. Meios de protecção • Meios culturais • • Destruir os restos de cultura; • Evitar feridas nas plantas; • Controlar devidamente fungos e pragas; • Arejar as estufas. Meios químicos • Tratar com os fungicidas homologados, respeitando as recomendações do rotulo. 11.5.2.1.6. Raiz suberosa - Pyrenochaeta lycopersici Schneider y Gerlach Aparece principalmente em culturas protegidas, não só em solanáceas mas também em alface. Sintomas Os sintomas aparecem principalmente nas raízes, podendo por vezes apanhar o colo. Os tecidos atacados ficam com o aspecto de encortiçados, abrangendo zonas das raízes que podem alternar com outras não atacadas. A planta desenvolve-se e produz mal, a parte aérea murcha nas horas de maior calor. Raiz suberosa 108 Horticultura Biologia Sobrevive na forma de esclerotos no solo. Condições favoráveis • Climas frescos; • Temperaturas de15-20ºC. Meios de protecção • • Meios culturais • Solarização; • Regas frequentes com pouca água de cada vez; • Rotações de culturas; • Amontoa, para favorecer a emissão de novas raízes. Meios químicos • Desinfecção do solo com produtos homologados. 11.5.2.2. Bactérias 11.5.2.2.1. Cancro bacteriano - Clavibacter michiganensis ssp michiganensis (Smith) Jensen Sintomas • Folhas - Murchidão repentina de algumas folhas, estendendo-se depois ao resto da folhagem. Os bordos dos folíolos secam As folhas enrolam-se em goteiras; • Caules - aparecem feridas alongadas ( cancros ); • Frutos verdes - Pequenas manchas circulares de 1 a 6 mm de diâmetro, acastanhadas, com halo branco; • Frutos maduros - Pústulas acastanhadas sem halo branco. 109 Horticultura Meios de protecção • Sementes e plantas sãs; • Rotações de culturas; • Desinfecção do solo. 5.2.2.2. Medula negra - Pseudomonas corrugata Roberts & Scarlett Sintomas • Começa por um acastanhamento da medula; • Manchas necróticas alongadas no caule; • A planta deixa de se desenvolver e amarelece; • A medula desaparece, o caule fica oco, retorcido, com feridas longitudinais; • Aparecimento de raízes no caule. Biologia Mal conhecida. Como bactéria, não tem a capacidade de destruir os tecidos da planta. Temperaturas frescas, amplitudes térmicas acentuadas, falta de arejamento e adubações azotadas em excesso, parecem favorecer e desenvolvimento da doença. Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar sementes certificadas e plantas sãs; • Destruir as plantas infectadas; • Fazer rotações de culturas; • Evitar fazer feridas nas plantas; • Combater eficazmente fungos e pragas para evitar feridas que sirvam de portas de entrada das bactérias. 110 Horticultura 11.5.2.2.3. Pintas negras - Pseudomonas syringae pv tomato (Okabe) Alstatt Sintomas • Folhas - Pequenas manchas circulares escuras de 1-4mm de diâmetro com halo clorótico; • Frutos - Pequenas pontuações isoladas, redondas, deprimidas, que não chegam a atingir a polpa do fruto. Biologia Pode persistir no solo, nas folhas e raízes de várias plantas, cultivadas ou não e nas sementes. Pode ser disseminada pelo vento, água de rega, solo Pintas negras no fruto infectado, etc. As principais fontes, de infecção, são as sementes e o material vegetativo infectado. Condições favoráveis • Temperatura moderada (20-25ºC.) e humidade relativa elevada. Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar sementes e plantas sãs; • Arejar a estufa para evitar excessos de humidade; • Destruir as plantas infectadas; • Evitar fazer feridas nas plantas; • Evitar as regas por aspersão; • Evitar os excessos de azoto. 111 Horticultura 11.5.2.3. Viroses 11.5.2.3.1. Vírus do bronzeamento do tomateiro - TSWV Vírus do bronzeamento Sintomas • Plantas - desenvolvimento lento. Plantas ananicadas que podem murchar. • Folhas - mosaicos e cloroses principalmente nas mais jovens. Depois tomam a cor castanha-dourada metalizada (bronzeamento) que dá o nome à doença. Manchas em anéis, arabescos e necroses. As folhas podem secar e cair. • Frutos - manchas em anéis, arabescos e necroses. Transmissão O principal vector é o tripe da Califórnia, Frankliniella occidentalis Pergande. O vírus é adquirido pelas larvas ao alimentarem-se em plantas infectadas. Só os adultos provenientes de larvas infectadas podem transmitir do vírus. Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar plantas isentas de vírus; • Destruir as plantas com sintomas; • Colocar redes anti-tripes nas aberturas das estufas; • Colocar armadilhas amarelas e azuis Rede anti-tripes para captura em massa de tripes; • Destruir os restos de cultura e as infestantes; • Solarizar o solo para eliminar as ninfas de tripes; 112 Horticultura • • Meios biológicos • • Fazer rotações de culturas adequadas. Combater os tripes largando auxiliares na cultura. Meios químicos • Utilizar os insecticidas homologados contra os tripes, tendo em conta as recomendações do rótulo. 11.5.2.3.2. Frisado amarelo do tomateiro - TYLCV Sintomas • Plantas - Desenvolvimento lento; • Folhas - Deformadas, com folíolos pequenos e margens cloróticas; • Flores - muitas abortam; • Frutos - Pequenos, amadurecimento desigual, cor pálida; Transmissão O vector deste vírus é a mosquinha branca Bemisia tabaci Gennadius. A transmissão faz-se pelas picadas de alimentação dos adultos infectados O vírus não é transmitido por sementes, nem de uma geração a outra do insecto. Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar plantas isentas do vírus; • Destruir plantas com sintomas suspeitos; • Destruir as infestantes; • Destruir restos de culturas infectadas; • Fazer rotações de culturas com plantas não hospedeiras; • Colocar redes Rede anti-insectos anti - insectos nas aberturas das estufas; • Distribuir armadilhas pegajosas amarelas para captura em massa da mosquinha branca. 113 Horticultura • Meios biológicos • • Combater a mosquinha com a largada de auxiliares. Meios químicos • Combater com os insecticidas homologados, seguindo as instruções do rótulo. 114 Horticultura 11.6. Pragas 11.6.1. Ácaros do tomate - Aculops lycopersici Massee e Tetranychus urticae O primeiro é um ácaro eriofídeo, com cerca de 0,15 mm. de comprimento, de corpo alongado e cor amarela alaranjada. Está bem adaptado a condições de secura, desenvolvendo-se bem com temperaturas de 27-30ºC e 30% de humidade relativa. Em estufa pode ter várias gerações. Os adultos de Tetranichus urticae têm cerca de 0,5mm de comprimento, são ovoides e amarelados com manchas laterais escuras. Hiberna na fase de fêmeas adultas. Prejuízos Picam as folhas sugando o conteúdo das células que se enchem de ar e tomam o aspecto bronzeado, secam e caem. Muitas flores abortam e os frutos ficam pequenos e amadurecem mal. Ataques fortes podem mesmo causar a morte das plantas. Meios de protecção • • Prejuízo provocado por ácaros Meios culturais • Fazer rotações de culturas; • Controlar a temperatura e humidade nas estufas; • Destruir os restos de cultura e as infestantes; • Evitar excessos de azoto. Meios biológicos • Fazer largadas de ácaros predadores como Phytoseiulus persimilis e Amblyseius californicos. • Meios químicos • Aplicar os acaricidas homologados, respeitando as recomendações do rótulo. Sempre que possível fazer tratamentos localizados. 115 Horticultura 11.6.2. Lagartas das folhas e dos frutos Lagartas de várias espécies de borboletas como Agrotis spp., Autographa gamma, Helicoverpa armigera e Spodoptera littoralis, vulgarmente conhecidas por Nóctuas ou Roscas podem ser pragas importantes da cultura do tomateiro. A cor das lagartas vai do verde ao laranja e castanho. Muitas passam o dia no solo a 1, 2cm. de profundidade e à noite saem para se alimentar na parte aérea das plantas. Quando incomodadas enrolam-se, daí o nome de roscas. Passam o Inverno na fase de ovo ou crisálida. Na Primavera - Verão passam a Imago, podendo ter várias gerações. Prejuízos Enquanto pequenas as lagartas roem as folhas. Nos estádios mais avançados as lagartas destroem grandes superfícies de folhas, penetram nos frutos, que roem. Ataques fortes podem causar grandes perdas de produção. Os frutos atacados perdem o valor comercial. Meios de protecção • Meios culturais • Colocar de armadilhas com feromonas sexuais para detectar o aparecimento das borboletas; • • Utilizar de redes nas aberturas das estufas; • Fazer rotações de culturas; • Destruir as infestantes. Meios biológicos • Fazer pulverizações com Bacillus thuringiensis contra os primeiros estádios de lagarta. • Meios químicos • Utilizar insecticidas homologados seguindo as recomendações do rótulo. • Os tratamentos devem ser dirigidos contra as lagartas ainda pequenas, antes de causarem prejuízos. 116 Horticultura 11.6.3. Larvas mineiras - Liriomyza spp Os adultos são pequenas moscas com cerca de 2mm de comprimento (os machos geralmente mais pequenos que as fêmeas), escuras, com algumas partes como o escudeto amarelas. As fêmeas põem os ovos no parênquima das folhas. As larvas saídas dos ovos vão fazendo uma galeria no interior das folhas à medida que se alimentam. As pupas formam-se no solo ou nas folhas, conforme as espécies. O ciclo completo demora cerca de 17 dias a 25ºC. Prejuízos As picadas de alimentação e ou de postura e os orifícios de saída das larvas são portas de entrada de fungos e bactérias. As galerias diminuem a superfície fotossintética. Ao nível dos viveiros pode dar-se a destruição das plantas. Ao nível da cultura, pelas razões atrás citadas, pode haver quebra da produção e diminuição da qualidade dos frutos, se os ataques forem muito fortes. Sintoma da larva mineira Meios de protecção • • Meios culturais • Utilizar plantas sãs; • Colocar redes anti-insectos nas aberturas das estufas; • Destruir as infestantes; • Eliminar as folhas da base; • Colocar armadilhas colantes amarelas para capturas em massa; • Solarizar o solo para destruir as pupas; • Fazer rotações de culturas. Meios biológicos • • Fazer largadas de auxiliares como Dacnusa sibirica e Diglyphus isaea. Meios químicos • Fazer aplicações de insecticidas homologados, respeitando as recomendações do rótulo. 117 Horticultura • Não esquecer que há insecticidas que actuam melhor sobre as moscas e outros dão melhor resultado contra as larvas. 11.6.4. Mosquinhas brancas - Trialeurodes vaporariorum West; Bemisia tabaci Gennadius Os adultos são pequenos insectos de cerca de 1mm de comprimento, com dois pares de asas cobertas por um pó branco. Fazem as posturas na página inferior das folhas das plantas hospedeiras e as larvas fixam-se aí, sugando a seiva. Mosquinhas brancas Prejuízos Os prejuízos resultam da acção picadora-sugadora e da formação de fumagina na melada excretada pelas larvas, que impede a fotossíntese e a regular troca gasosa através das folhas. As picadas de alimentação são portas de entrada de fungos e bactérias. A Bemisia tabaci é transmissora de vários vírus, como seja o vírus do frisado amarelo do tomateiro. As plantas desenvolvem-se mal, causando a depreciação dos frutos e a sua desvalorização comercial. Meios de protecção • Meios culturais • Usar plantas de viveiro sem mosca branca e sem sintomas de viroses; • Destruir restos de cultura; • Destruir as infestantes; • Destruir as plantas com sintomas de vírus; • Colocar redes anti-insectos nas aberturas das estufas; • Utilizar armadilhas cromáticas amarelas para detecção de adultos ou para capturas em massa. • Meios biológicos 118 Horticultura • Largadas de auxiliares como Encarsia formosa, Encarsia tricolor e Macrolophus caliginosus. 119 Horticultura • Meios químicos • Utilizar insecticidas homologados, tendo em atenção as recomendação do rótulo. • Há insecticidas do grupo dos reguladores de crescimento de insectos que interferem na fertilidade das fêmeas e na viabilidade dos ovos quando possível fazer tratamentos localizados. 11.6.5. Tripes - Thrips spp; Frankliniella occidentalis De entre os tripes que podem aparecer na cultura do tomate, é sem duvida o tripe da California, Frankliniella occidentalis, a espécie que causa mais preocupações. Trata-se de um pequeno insecto, de 0,9mm (macho) a 1,2mm (fêmea), de cor amarela no Verão a castanha no Inverno. A fêmea introduz os ovos no parenquima das folhas. Depois de passar por dois estados larvares, dá-se a ninfose no solo, de onde saem os novos adultos. “A 26ºC. 13 o ciclo completo dura 11 a 15 dias, enquanto a 26ºC. é de 40 dias”. Prejuízos As larvas e os adultos picam os tecidos das plantas, sugando os tecidos das células originando colorações branco-amareladas. Como prejuízos indirectos, a F. occidentalis pode transmitir o vírus do bronzeamento do tomateiro. Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar plantas isentas de insectos e de vírus; • Destruir plantas com sintomas de vírus; • Destruir os restos de cultura; • Colocar redes anti-tripes nas aberturas das estufas; • Colocar armadilhas cromáticas amarelas e azuis, para detecção dos adultos, ou para capturas em massa. • Meios biológicos • Largar auxiliares tais como os predadores Orius laevigatos, Ambliseius cucumeris, A. Barkeri. 13 BOURNIER, Alexandre et Jean-Paul, (1987), “L’introduction en France dyun nouveau ravageur: Frankliniella occidentalis“, Phytoma 388, p. 14-17. 120 Horticultura • Meios químicos • Aplicação de insecticidas homologados, respeitando as indicações do rótulo. • Tratamentos ao solo contra as ninfas. 11.6.6. Nemátodos das galhas - Meloidogyne spp É uma das espécies de nemátodos que pode causar problemas à cultura do tomate. Os machos são filiformes, com 1 a 1,5mm de comprimento. As fêmeas são globosas, com cerca de 0,5 a 1mm de comprimento. Cada fêmea põe de 500 a 1000 ovos próximo da raiz, que podem resistir no solo mais de 2 anos. As larvas L1 passam a vida no ovo e as L2, vermiformes, migram para as raízes onde penetram. Depois de mais 2 estados larvares, L3 e L4, transformam-se em adultos machos e fêmeas. As Galhas nas raízes fêmeas continuam com o seu desenvolvimento na raíz, enquanto os machos a abandonam. Os nemátodos podem ser disseminados pela água da rega, pelo vento, por terra agarrada às alfaias agrícolas, por plântulas infestadas, etc. Sintomas Os sintomas aparecem na cultura por manchas de plantas raquíticas ou mortas. Meios de protecção • • Meios culturais • Rotação de culturas; • Destruição de infestantes; • Solarização do solo; • Evitar transportar terra infestada de um campo para outro. Meios biológicos • Têm sido utilizados fungos, bactérias e também nemátodos predadores no controle de nemátodos. • Meios químicos • Desinfecção do solo com produtos homologados. 121 Horticultura Módulo 05 A Cultura do Feijão Verde 12.1. Generalidades O feijão é originário da América do Sul, da zona situada entre o Perú e a Bolívia, e foi trazido para a Europa pelos espanhóis no século XV, tendo-se tornado numa cultura muito divulgada e sendo hoje produzida em larga escala em todo o Mundo. É maioritariamente cultivado como cultura extensiva para aproveitamento do seu grão, muito utilizado na alimentação humana, dado tratar-se de um vegetal muito rico em proteínas, apresentando-se como um substituto da carne em dietas vegetarianas. A cultura de feijão para consumo de vagens frescas é uma cultura tipicamente hortícola, podendo ser feita ao ar livre ou sob coberto de abrigos, mas sempre em áreas mais reduzidas, com uma maior componente do factor mão-de-obra e menos mecanização. Cultura do feijão verde 122 Horticultura 123 Horticultura 12.2. Classificação e variedades O feijão-verde é uma planta da família das Leguminosas, sub-família das Papilionoideas e o seu nome científico é Phaseolus vulgaris L. Uma característica comum às plantas da família das leguminosas é o facto de estabelecerem uma relação simbiótica com bactérias do género Rhyzobium, que criam nódulos nas suas raízes. Uma vez criados esses nódulos, as bactérias irão viver da seiva elaborada pela leguminosa. Por sua vez, estas bactérias têm a capacidade de captar o azoto atmosférico e de o fixarem nas raízes da planta. É uma relação benéfica para ambos os seres vivos, a que se dá o nome de simbiose. É, no entanto, necessário que exista inóculo, isto é, esporos desta bactéria em número suficiente para se dar uma forte fixação do azoto atmosférico. As sementes de leguminosas deverão ser previamente inoculadas para que a simbiose seja garantida, com a consequente economia de adubos azotados. Desde há muitos séculos que as culturas de leguminosas são utilizadas para melhorar a fertilidade dos solos, utilizando-se para o efeito a tremocilha, a ervilhaca e outras leguminosas, que são seguidamente sideradas, enterradas, conferindo ao solo teores de azoto elevados que são depois utilizados por subsequentes cultivos. O feijão-verde é uma planta anual e herbácea, de germinação epígea (os cotilédones emergem à superfície), pelo que pode apresentar alguns problemas quando se realiza a sementeira directa e existe a presença de crostas superficiais, nomeadamente em solos mais argilosos. O seu sistema radicular é muito ligeiro, mas amplamente ramificado, não alcança muita profundidade desenvolvendo-se maioritariamente nos primeiros 30 centímetros de profundidade do solo. O seu caule é herbáceo e muito delgado, podendo atingir vários metros nas variedades de trepar, utilizadas para o cultivo em estufa. As flores são perfeitas, isto é, hermafroditas, e agrupam-se em grupos de 4 a 8 unidades, que nascem nas axilas das folhas nas variedades cultivadas em estufa. Nas variedades de vegetação rasteira as flores surgem nos rebentos terminais. As corolas são de côr variada. A fecundação desta planta é maioritariamente autogâmica, verificando-se menos de 5% de alogamia, o que faz com que não se verifiquem grandes problemas no vingamento de frutos, as vagens. 124 Horticultura As sementes, cuja forma e dimensão variam muito com as variedades, têm um peso médio de meia grama e uma capacidade germinativa que ronda os três anos, podendo ter uma coloração branca, preta, castanho, amarelo ou rajado, entre outras. O feijão-verde é uma planta de crescimento rápido, com um ciclo de 3 ou 4 meses, conforme a época de cultivo e a variedade a utilizar. Actualmente, são cultivados em estufa três tipos de variedades principais de feijão-verde: de vagem achatada ou plana, verde ou branca e de vagem redonda verde. Em Portugal a variedade mais utilizada é a de vagem plana verde, embora seja também produzida em larga escala a variedade regional de trepar de vagem rajada, cujas produtividades são cerca de 50 a 75% inferiores às das variedades híbridas, mas que em geral verificam melhor saída no mercado nacional, sendo mesmo comum verificarem melhor preço nos mercados de origem. Entre as variedades de porte rasteiro encontramos principalmente variedades de vagem plana e verde, de vagem redonda verde ou amarela e as destinadas à indústria, maioritariamente de vagem cilíndrica verde. 125 Horticultura 12.3. Exigências edafo-climáticas 12.3.1. Clima O feijão é uma planta de climas temperados. Para conseguir a sua germinação em boas condições é necessário um mínimo de 14ºC. O seu zero vegetativo situa-se entre os 8 e os 10º C e é uma planta muito sensível a geadas. Todavia, temperaturas excessivamente altas também não lhe são favoráveis, principalmente quando aliadas a baixas humidades relativas do ar. Por vezes, temperaturas da ordem dos 30ºC, acompanhadas de tempo seco, são o suficiente para provocar a queda de flores e de frutos recém vingados. É uma planta que não aprecia as bruscas variações de temperatura, podendo um arrefecimento brusco provocar o enrolamento das vagens em formação. Esta situação é facilmente verificável nas culturas de Inverno, normalmente nas plantas que se situam junto à entrada da estufa, mais sujeitas a golpes de frio. A humidade relativa dentro das estufas deverá rondar os 60 a 75%, sendo de temer os valores de humidade muito baixa e temperaturas muito elevadas simultaneamente em plena floração. 12.3.2. Solo Adapta-se melhor a solos ligeiros, bem drenados e arejados, com um pH compreendido entre 5,5 e 7,0. Em solos muito alcalinos com pH superior a 7,5, as plantas verificam problemas de enraizamento e de cloroses, muitas das quais causadas por carências nutricionais de magnésio, manganês e zinco. São de evitar solos excessivamente pesados e encharcadiços. Solos demasiado frios e húmidos podem provocar grandes atrasos na germinação e emergência das sementes, sendo esse seu atraso aproveitado por pragas e doenças, como as moscas dos viveiros (Phorbia platura) e diversos tipos de fungos do solo como o Pythium, Rhizoctonia e outros contra os quais se deverão fazer tratamentos preventivos após a sementeira. 126 Horticultura 127 Horticultura 12.4. Técnicas culturais do feijão-verde em estufa 12.4.1. Preparação do solo, armação do terreno e outras práticas A preparação do solo para a cultura do feijão em estufa deverá ser cuidada, já que estamos perante uma planta que tem um débil sistema radicular. No caso de se tratar de sementeira directa teremos que ter o cuidado de deixar a parte superficial especialmente bem desfeita para o que se aconselha a utilização de fresa ou cavadeira. Em qualquer caso deverá ser feita uma lavoura de profundidade média, seguida de uma ou duas passagens de grade de discos. Se a estufa for um multitunel contínuo poder-se-á passar a grade duas vezes, cruzadas, de forma a efectuar uma melhor desagregação da superfície do solo. Numa estufa simples é difícil efectuar mobilizações cruzadas devido à pouca largura de que se dispõe. A rega a instalar deverá ser gota-a-gota e devem seguir-se os procedimentos adiante descritos. Na preparação do solo deverá ser feita também uma fertilização ao solo que deverá ser precedida de uma análise ao solo. Uma fertilidade média para a cultura do feijoeiro será 50 a 80 unidades de fósforo e 125 a 150 unidades de potássio; as necessidades em azoto deverão ser supridas pela simbiose com as bactérias das raízes, mas será sempre necessária uma quantidade inicial de 30 a 60 unidades de azoto que se destinam ao arranque das plantas enquanto a simbiose não é estabelecida. Serão sempre de evitar solos com elevados teores de salinidade. Valores de condutividade eléctrica superiores a 1,3 mmhos/cm serão de evitar, já que poderão ser prejudiciais ao bom desenvolvimento da cultura. 128 Horticultura 12.4.2. Fertilização O feijoeiro é sensível à carência de molibdénio em solos ácidos e à de manganês em solos alcalinos. Em qualquer tipo de solo será sempre de recear uma carência de zinco e um excesso de boro. É também uma planta muito sensível à presença de sais de cloro e à salinidade em geral, o que poderá ser contornado através de uma boa calendarização e dotação de regas. Sistema de fertirrigação Na maioria das culturas realizadas em estufa os agricultores dispõem de sistemas que lhes permitem realizar a fertirrigação, isto é, a aplicação de adubos na água de rega, o que traz imensas vantagens pois pode-se ter um mais eficaz acompanhamento das necessidades das plantas. Segundo muitos autores, as exportações de nutrientes de uma cultura de feijão-verde por cada tonelada produzida são de: • 1 a 2 kg de N ; • 0,3 a 0,6 kg de P2O5 ; • 1,2 a 2,5 kg de K2O ; • 0,2 a 0,3 kg de MgO . Estes valores, ainda que vagos, poderão ser um excelente indicador para que se possa realizar uma fertirrigação de acompanhamento à produção de uma estufa. No entanto, convém que o agricultor esteja atento a todos e quaisquer sinais que as plantas possam apresentar de carência de qualquer nutriente. Embora sendo uma planta da família das Leguminosa e, portanto, fazendo uma simbiose com as bactérias do género Rhyzobium, a mesma pode não ocorrer por falta de inóculo , e a planta poderá apresentar carências de azoto, que se traduzem por uma côr muito pálida das folhas, principalmente nas partes mais velhas das plantas. A falta de azoto também se traduz num abrandamento do crescimento vegetativo. Sendo a planta do feijão muito sensível à salinidade dos solos, deveremos ter especial atenção à qualidade da água de rega. Também o modo de regar a cultura deverá ser 129 Horticultura extremamente cuidado, já que esta cultura apresenta consumos de água que variam bastante com a duração do ciclo cultural e a época do ano. Segundo estudos realizados pelos serviços oficiais concluiu-se que a utilização de tensiómetros pode ser um auxiliar precioso no controlo da frequência e dotação de rega a aplicar. Aconselha-se a que na véspera da plantação seja feita uma rega que deixe todo o perfil do solo uniformemente humedecido, de forma a garantir que após a plantação o solo esteja húmido na zona radicular, evitando assim perda de plantas por mau enraizamento. A rega deverá ser feita quando os tensiómetros acusarem uma pressão de 300 mb e a dotação da mesma será também controlada, já que se deverá parar de regar quando o valor dos tensiómetros atingir os 150 a 200 mb. Quando estivermos na presença de solos com elevada salinidade e águas de má qualidade (excesso de sais, sendo especialmente nocivos para esta cultura os sais de cloro), deveremos regar com mais frequência e manter o solo sempre a níveis de humidade ligeiramente superiores, de forma a obter na solução do solo uma maior diluição de todos os sais nele contidos, sobretudo na zona radicular, isto é, nos primeiros 30 cm de profundidade. Função dos nutrientes. Sintomas de carência e excessos Relativamente ao azoto temos que ter em conta que esta cultura está muito pouco tempo no terreno e que na primeira fase do seu desenvolvimento, principalmente quando as temperaturas são demasiado baixas, este nutriente assume especial importância, devendo ser incorporadas pequenas doses em fundo, conforme atrás se descreveu. Em caso de necessidade, poder-se-á aplicar um complemento em cobertura, devendo este ser sempre equilibrado com a aplicação de potássio. A partir do vingamento dos frutos poderá ser então aplicado azoto e potássio em cobertura na razão de 1:3 de N/K2O. O excesso de azoto favorece o aborto de flores, e mesmo de frutos já vingados, e o aparecimento de problemas de doenças e pragas. A carência de azoto manifesta-se por uma coloração amarelo-pálida no limbo das folhas mais velhas da planta e por uma diminuição no número de flores. A carência de fósforo manifesta-se pela coloração verde escura do limbo e por as folhas mais velhas adquirirem uma tonalidade acastanhada, acabando por cair. Esta carência durante a floração poderá também contribuir para um maior número de flores abortadas. 130 Horticultura O feijoeiro é particularmente exigente em potássio, sobretudo a partir da fase em que existem frutos em crescimento e maturação. A carência de potássio provoca uma coloração verde-escura nas folhas, descoloração entre as nervuras, bordos das folhas com sinais de queimadura e enrolamento das folhas contra a sua base. Também as jovens vagens, ao iniciar o seu crescimento, podem-se apresentar encurvadas, à semelhança do que acontece quando as temperaturas são demasiado baixas. Atendendo ao curto ciclo cultural desta planta em estufa, será conveniente que todos os adubos aplicados sejam de fórmulas químicas facilmente assimiláveis. 12.4.3. Sementeira e Plantação O feijão verde de estufa pode ser semeado directamente no solo ou transplantado, sendo a segunda opção a mais indicada para quando se trabalhe com sementes certificadas de elevado custo. A economia de tempo de ocupação das estufas é também um factor que pesa muito, verificando-se a tendência crescente de se utilizar sempre a técnica do transplante na cultura do feijão-verde em estufa. O tempo que demora a germinar e ter a planta atempada para o transplante, cerca de 15 a 20 dias com óptimas condições de temperatura e humidade do solo, permite ao agricultor ter outra cultura em produção na área destinada ao feijão verde. Além disso o feijão verde é uma cultura de estufa que, comparativamente ao tomate, à meloa, ao pepino e ao pimento, pode ser cultivado bastante mais cedo, sendo comum na nossa região a sua produção em estufa a partir do mês de Janeiro. Estas plantações muito temporãs exigem que a planta seja germinada em viveiro e posteriormente transplantada, já que seria difícil criar na estufa as condições óptimas à sua germinação. A produção de plantas para posterior transplante pode ser efectuada em placas de esferovite de alvéolos grandes, com cerca de 35 ml cada, cheias de substrato adequado, normalmente turfa esterilizada, podendo ser utilizadas uma ou duas sementes por alvéolo. Após bem regadas, as placas deverão ser colocadas em estufa a uma temperatura ideal compreendida entre 15 e 25ºC, onde demorarão cerca de 15 a 20 dias para estarem prontas a ser transplantadas para o local definitivo. No viveiro deverão ser efectuadas regas diárias, tratamentos fitossanitários e fertilizações ligeiras, no sentido de se obterem plantas de qualidade, saudáveis e bem formadas. O substrato a colocar nas placas de esferovite poderá ser previamente inoculado com esporos de Rhizobium, no sentido de promover a simbiose já descrita com a bactéria que irá 131 Horticultura fixar o azoto atmosférico, o que representará uma economia na aplicação de adubos azotados. Após a plantação do feijão verde, deverão ser colocados iscos para evitar que caracóis e lesmas possam comprometer toda a produção numa só noite. O compasso de plantação de feijão verde em estufa varia muito de região para região e mesmo dentro das mesmas regiões verificam-se muitas e grandes diferenças. Alguns agricultores optam por compassos apertados de cerca de 20 a 30 centímetros na linha, sendo as linhas separadas por cerca de um metro, o que conduz a uma densidade de plantação de cerca de 3 a 5 plantas por metro quadrado. Outra forma é manter a distância entre as linhas e colocar duas ou três plantas de meio em meio metro, método mais utilizado por quem pratica a sementeira directa e que conduz a uma densidade de cerca de 4 a 6 plantas por metro quadrado. Em ambos os sistemas poderá ser colocada uma rede de plástico fina, com buracos de cerca de 10 a 15 centímetros, colocada ao longo da linha na vertical, que servirá de tutor às plantas em crescimento. Sendo o feijão uma planta com características trepadeiras, o seu crescimento e tutoramento não precisa de ser acompanhado ou auxiliado. No sentido de permitir uma melhor mecanização, há também quem opte por fazer linhas duplas, afastadas cerca de 1,60 a 2,00 metros e afastadas cerca de 30 a 40 centímetros entre si. As plantas são então colocadas na linha a cerca de 20 ou 30 centímetros umas das outras e as redes de tutoramento são colocadas na vertical até cerca de 2 metros de altura, sendo depois viradas na horizontal sobre o caminho nas entrelinhas. Após o crescimento das plantas, forma-se uma espécie de túnel, onde poderá passar um pequeno tractor ou pulverizador. Este sistema Tutoramento com redes de plástico é interessante, já que se torna relativamente fácil a colheita, pois na parte superior, o que acontece, é que os caules e as folhas tendem a colocar-se sobre a rede de plástico, ficando as vagens pendentes sob a rede, o que as torna extremamente fáceis de visualizar e colher, traduzindo-se numa relativa economia de mãode-obra. Também neste sistema de plantação, há quem opte por colocar duas sementes em cada local, gastando assim o dobro de plantas. Isto pode conduzir a uma maior produtividade, mas por vezes obriga o agricultor a proceder a um grande número de desfolhas. 132 Horticultura 12.4.4. Outras técnicas culturais 12.4.4.1. Cobertura do solo com plástico negro O combate às ervas infestantes dentro das estufas costuma ser resolvido pela cobertura do solo com um filme de polietileno de cor negra, microperfurado e com uma espessura que varia dos 35 aos 60 micra. Aconselha-se a utilização de plástico microperfurado, para evitar que se possam formar poças de água na sua superfície e excesso de ressoado junto ao colo das plantas, o que poderia originar o aparecimento de diversas doenças do colo provocadas por fungos. A cobertura do solo com plástico negro, evita que hajam variações bruscas da temperatura do solo e contribui para que não se verifique tanta evaporação de água do solo, diminuindo por isso a humidade relativa do ar dentro da estufa. Nas culturas de ar livre podese utilizar um herbicida antes da plantação e, caso seja feita a posterior sementeira directa, devem-se eliminar quaisquer crostas formadas na superfície do solo. 12.4.4.2. Desfolha Sendo o feijoeiro uma planta exigente em luminosidade e arejamento, poderá ser necessário proceder a uma desfolha sempre que se verifique que há excesso de vegetação, ou quando existirem elevado número de folhas amarelas, doentes ou raquíticas. A desfolha visa também melhorar a circulação do ar e o arejamento dentro da estufa. 12.4.4.3. Tutoramento Como já foi referido, as plantas crescerão ao longo de tutores de ráfia ou redes colocados para o efeito sem que haja necessidade de as guiar ou prender de alguma forma, excepção feita para as plantas em início de crescimento com tutores de ráfia simples, as quais devem ser ligeiramente enroladas nos primeiros tempos, até atingirem cerca de um metro de altura. Quando se utilizam redes de tutoramento, as mesmas dificilmente poderão ser aproveitadas para outra futura cultura, já que o feijão tem tendência a enrolar-se todo na rede sendo quase impossível de retirar e não sendo compensador esse trabalho, já que a rede, sendo extremamente leve, tem um custo por metro quadrado bastante reduzido. Há quem retire as redes da estufa com os restos de cultura agarrada e que a desenvencilhe dos mesmos após uma completa secagem. Não aconselhamos esta prática porque a planta a secar será um inóculo constante, pois nela se encontram em desenvolvimento todas as pragas e doenças que estavam a afectar a cultura dentro da estufa. Os restos das culturas 133 Horticultura devem ser sempre destruídos ou siderados de forma a não contaminarem a vizinhança com esporos e outras formas de resistência e disseminação. 12.4.4.4. Colheita A produtividade do feijão-verde em estufa ronda os 2 ou 3 kg por metro quadrado, em colheita escalonada. As vagens devem ser colhidas no seu máximo comprimento, que variará segundo as diferentes variedades, mas terá que ser feita antes que comece a engrossar o grão nelas contido. Embora o início da maturação do grão confira à vagem um peso adicional, também lhe vai retirar todas as suas qualidades como produto fresco, que se pretende que seja o menos fibroso possível, tenro e macio ao toque. Há que estar atento ao desenvolvimento das vagens, devendo a colheita ser efectuada todos os dias, para evitar excessos de maturação dos frutos, que são em grande número, e que têm um peso que varia entre 10 e 40 gramas. Nas estufas, a colheita é obrigatoriamente manual, o que requer uma elevada mão-de-obra, que representa cerca de metade da totalidade dos encargos com a cultura. Um trabalhador experimentado consegue colher entre 5 e 10 kg de vagens por hora, sendo as variedades de vagens grandes mais compensadoras neste sentido. As vagens colhidas poderão ser conservadas num ambiente controlado, com temperatura de 2ºC e humidade relativa de 85%, por um período superior a duas semanas. 134 Horticultura 135 Horticultura 12.5. Doenças 12.5.1. Doenças parasitárias 12.5.1.1. Fungos 12.5.1.1.1. Antracnose – Colletotrichum lindemunthianum Sintomas • Folhas – Amarelecimento das folhas jovens e necrose total ou parcial do limbo. Nas folhas adultas, manchas necróticas escuras ao longo das nervuras; • Vagens – Lesões arredondadas, escuras e deprimidas, até 7mm de diâmetro, podendo atingir a semente. As sementes atacadas Antracnose nas vagens originam plantas infectadas; • Caules – Manchas escuras ovais. Biologia O fungo sobrevive nos restos vegetais ou no colo de feijoeiros doentes. Os conídios aparecem na base do caule e são disseminados pela chuva. A disseminação do fungo é feita pela chuva, vento, água, homem e sementes infectadas. Condições favoráveis • Mudanças bruscas de condições meteorológicas; • Humidade relativa elevada (95 – 100%); • Falta de arejamento; • Temperatura de 17 – 24ºC. 136 Horticultura Meios de protecção • • Meios culturais • Queimar todas as plantas no fim da campanha; • Não aproveitar sementes de plantas infectadas; • Utilizar variedades resistentes; • Arejar a estufa para diminuir a humidade. Meios químicos • Tratar preventivamente com fungicidas homologados. 12.5.1.1.2. Ferrugem – Uromices phaseoli É mais frequente nas folhas que nas vagens. As variedades de trepar, em princípio, são mais susceptíveis. Sintomas • Folhas - manchas verde-escuras nas duas páginas, com pústulas diminutas, que quando maduras, emitem um pó cor de ferrugem. As manchas por vezes têm uma auréola amarela. Sintoma da ferrugem na folha Biologia O principal meio de propagação é os uredoconídios (pó cor de ferrugem libertado das pústulas). Condições favoráveis • Humidade relativa elevada; • Temperaturas moderadas; • Superfície da planta várias horas com humidade. 137 Horticultura Meios de protecção • • Meios culturais • Utilizar variedades resistentes; • Fazer rotações de culturas; • Eliminar restos de cultura; • Arejar as estufas. Meios químicos • Utilizar os fungicidas homologados para o efeito, seguindo as instruções do rótulo. 12.5.1.1.3. Fusariose - Fusarium solani F. phaseoli (Burkh) Snyd & Hans Sintomas • Pé – fica avermelhado; • Raiz e colo – tomam uma cor enegrecida; com ataques pouco violentos a planta sobrevive, emitindo novas raízes adventícias. Biologia Pode sobreviver no solo durante largos períodos na Sintoma da Fusariose forma de órgãos de resistência (clamidoconídios) ou como saprófita. Condições favoráveis • Temperaturas de 17ºC; • Humidade relativa superior a 90%. Meios de protecção • Meios culturais • Fazer rotações de culturas; • Boa drenagem do solo; • Destruição das plantas atacadas. 138 Horticultura 12.5.1.1.4. Podridão cinzenta – Botrytis cinerea Pers Pode causar graves prejuízos no campo, no transporte e no armazém. As flores são muito sensíveis e é pelos resíduos florais (caídos nas folhas e vagens ou presos no ápice das vagens) que podem começar as infecções. Sintomas • Vagens – Os tecidos atacados apodrecem e cobrem-se de micélio acinzentado; • Folhas – Manchas de podridão e micélio acinzentado; • Ramos – Putrefacção e micélio acinzentado; • Flores – Micélio acinzentado e apodrecimento, principalmente as pétalas caídas em cima das folhas e vagens, transmitindo a doença a estes órgãos. Biologia O fungo sobrevive como saprófita em tecidos mortos de várias plantas. Os esporos penetram facilmente nos órgãos da planta com cutícula fina, como as pétalas das flores. Nos outros órgãos da planta, como folhas, vagens e caules, o fungo penetra através de feridas ou lesões. Condições favoráveis • Temperaturas de 17 – 25º C • Humidade relativa perto dos 100%; • Mudanças bruscas de condições climáticas; • Falta de arejamento; • Restos de cultura infectados; • Feridas causadas por outros fungos, insectos e alfaias agrícolas. 139 Horticultura Meios de protecção • Meios culturais • Destruir restos de cultura; • Evitar feridas nas plantas; • Controlar devidamente doenças e pragas; • Arejar as estufas; • Controlar as temperaturas e as humidades nas estufas; • Evitar grandes adubações azotadas; • Limpar os botões florais que caem nas folhas e vagens; • Evitar regas excessivas. 12.5.1.2. Bactérias 12.5.1.2.1. Pseudomonas syringae pv phaseoli (Smith) Dye Sintomas • Folhas - normalmente ataca as folhas mais jovens; Primeiro manchas acinzentadas de aspecto aquoso na página inferior, por vezes com halo esverdeado; • Vagens – manchas arredondadas, aquosas e castanhas; • Planta - clorose generalizada. Biologia A bactéria pode sobreviver mais de um ano no solo, em restos de cultura; A transmissão é feita principalmente pelas sementes; A disseminação faz-se pelas águas de rega, vento, insectos, alfaias agrícolas; Penetra na planta como é normal nas bactérias, pelos estomas das folhas e feridas de vária origem. Condições favoráveis • Temperaturas óptimas elevadas (25 – 30ºC); • Humidade relativa elevada (superior a 95%) por períodos de 24 horas ou mais. 140 Horticultura Meios de protecção • • Meios culturais • Utilizar sementes certificadas e plantas sãs; • Destruir plantas infectadas; • Fazer rotações de culturas; • Evitar feridas nas plantas; • Combater eficazmente fungos e pragas; • Arejar a estufa para evitar excessos de humidade; • Evitar grandes adubações azotadas; • Evitar regas por aspersão. Meios químicos • Os compostos à base de cobre atrasam o desenvolvimento da bactéria. 12.5.1.2.2. Xantomonas campestris pv phaseoli (Smith) Dye Sintomas • Folhas – os sintomas aparecem principalmente nas folhas mais velhas. Aparecem pequenas manchas oleosas nas margens e entre as nervuras. Essas manchas tornam-se maiores, secam, tornam-se acastanhadas e permanecem com um halo amarelo; • Vagens - pequenas manchas circulares oleosas nas margens; exsudado nas lesões, que ao secar ficam com o aspecto vidrado; • Sementes - enrugadas e descoloridas. Por vezes as sementes não se formam. Biologia A bactéria pode sobreviver em restos de cultura no solo, durante um ano ou mais. A transmissão é feita principalmente pelas sementes. A disseminação faz-se por águas de rega, vento, insectos, alfaias agrícolas, etc. Condições favoráveis • Temperaturas óptimas moderadas – 20ºC; • Humidade relativa elevada - > 95%. 141 Horticultura Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar sementes certificadas e plantas sãs; • Destruir as plantas infectadas; • Fazer rotações de culturas; • Arejar as estufas; • Evitar grandes adubações azotadas; • Evitar regas por aspersão. Arejamento da estufa • Meios químicos • Produtos cúpricos atrasam o desenvolvimento da bactéria. 12.5.1.3. Vírus 12.5.1.3.1. Mosaico comum Transmissão Essencialmente através das sementes e dos afídeos. Sintomas • Folhas - manchas verdes claro e verde escuro alternado; Folhas em forma de colher; • Vagens - escassa produção; • Planta - atraso do desenvolvimento. Vírus do Mosaico comum Meios de protecção • Utilizar plantas isentas de vírus; • Utilizar variedades resistentes; • Controlar os afídeos; • Destruir as plantas infectadas. 142 Horticultura 143 Horticultura 12.6. Pragas 12.6.1. Ácaros – Tetranichus spp C ausam graves prejuízos principalmente com temperaturas elevadas (27-30ºC.) e humidade relativa baixa (30%). Prejuízos Picam as folhas sugando o conteúdo das células, que se enchem de ar e tomam o aspecto bronzeado. Folha bronzeada devido As folhas secam e caem, debilitando a planta que a ataque de ácaros pode mesmo morrer. Meios de protecção • • Meios culturais • Fazer rotações de culturas; • Controlar a temperatura e humidade das estufas; • Destruir restos de cultura e infestantes; • Evitar excessos de azoto; • Escolha de variedades menos sensíveis. Meios biológicos • Fazer largadas de auxiliares, tais como o ácaro predador Phytoseiulus persimilis (8 – 10/m2) em largadas semanais. • Meios químicos • Utilizar acaricidas homologados, respeitando as recomendações do rótulo; • Fazer tratamentos localizados se possível. 144 Horticultura 12.6.2. Afídeos – Aphis craccivora Afídeos pequenos, com cerca de 1mm, de cor negra e patas e antenas acastanhadas. Ataca várias culturas hortícolas como a alface, feijão, pimento e outras. Vivem em grandes grupos, aparecendo normalmente em colónias localizadas. Prejuízos Picam as plantas, sugando a seiva, enfraquecendo-as e provocando deformações e encarquilhamento das folhas. As folhas ficam com manchas amareladas podendo secar. Além dos prejuízos directos, os afídeos são vectores de viroses e as feridas provocadas pelas picadas são portas de entrada para fungos e bactérias. Meios de protecção • Meios culturais • Colocar redes de exclusão nas aberturas das estufas; • • Eliminar restos de cultura. Meios biológicos • Largadas de auxiliares como Aphidoletes aphidimyza ou Aphidius matricareae. • Larva de joaninha Meios químicos • predador de Afídeos Tratar com aficidas específicos homologados; • Fazer tratamentos localizados ao aparecimento das primeiras colónias. 12.6.3. Larvas mineiras – Liriomyza spp Os adultos são pequenas moscas com cerca de 1,5, 2,0 mm de comprimento (os machos são mais pequenos que as fêmeas), com o tórax e o abdómen escuros e partes do corpo amarelas, como por exemplo o escudeto. As fêmeas põem os ovos no parênquima das folhas. As larvas daí saídas fazem galerias no interior das folhas, à medida que se alimentam. As pupas formam-se nas folhas ou no solo, como é o caso da L. huidobrensis. O ciclo completo de desenvolvimento é de 17 dias a 25ºC. 145 Horticultura Prejuízos As picadas de alimentação/postura e os orifícios de saída das larvas são portas de entrada para fungos e bactérias. As galerias diminuem fotossintética, enfraquecendo as intensos podem provocar a a superfície plantas. Ataques queda das folhas, diminuindo drasticamente a produção de vagens. Galerias de larvas mineiras Meios de protecção • Meios culturais • Utilização de redes de exclusão nas aberturas das estufas; • Utilização de plantas sãs; • Fazer rotações de culturas; • Destruir restos de culturas; • Destruir as infestantes; • Utilizar armadilhas cromáticas amarelas para detecção de adultos ou para capturas em massa. • Meios biológicos • • Fazer largadas de auxiliares como Dacnusa sibirica e Diglyphus isaea. Meios químicos • Utilizar os insecticidas homologados, seguindo as recomendações do rótulo; • Fazer tratamentos localizados quando possível. 12.6.4. Mosquinhas brancas – Trialeurodes vaporariorum West; Bemisia tabaci Gennadius Os adultos são pequenos insectos de cerca de 1mm de comprimento, com dois pares de asas cobertas de pó branco. Fazem as posturas na página inferior das folhas das plantas hospedeiras, e as larvas fixam-se aí, sugando a seiva. 146 Horticultura Prejuízos Os prejuízos resultam da acção picadora-sugadora e da formação de fumagina na melada excretada pelas larvas, que impede a fotossíntese e a regular troca gasosa através das folhas. As picadas de alimentação são portas de entrada de fungos e bactérias. A Bemisia tabaci é transmissora de vários vírus. Meios de protecção Mosca branca, fumagina na folha Meios culturais • Usar plantas de viveiro sem moscas brancas nem sintomas de viroses; • Destruir restos de cultura; • Destruir plantas com sintomas de viroses; • Eliminar as infestantes; • Colocar redes anti-insectos nas aberturas das estufas; • Utilizar armadilhas cromáticas amarelas para detecção de adultos ou para capturas em massa; • Meios biológicos • Largadas de auxiliares como Encarsia formosa, Encarsia tricolor, Macrolophus caliginosus e Eretmocerus mundis. • Meios químicos • Utilizar insecticidas homologados, seguindo as recomendações do rótulo; • Quando possível, fazer tratamentos localizados. Há insecticidas do grupo dos reguladores de insectos que interferem com a fertilidade das fêmeas e com a viabilidade dos ovos. 147 Horticultura 12.6.5. Tripes – Thrips spp; Frankliniella occidentalis Pergande De ano para ano os ataques de tripes têm-se intensificado e ocupado mais culturas. O tripe da Califórnia, Frankliniella occidentalis, é das espécies que mais preocupação causa, uma vez que é transmissor de viroses. O macho adulto tem cerca de 0,9mm de comprimento e a fêmea 1,2mm. São de cor amarela no Verão e castanha no Inverno. A fêmea introduz os ovos no parênquima das folhas. Depois de passar por dois estados larvares, dá-se a Sintoma de picadas de tripes ninfose no solo, de onde saem os novos adultos. “A 26ºC., o ciclo completo dura 11 a 15 14 dias, enquanto a 26ºC é de 40 dias” . Prejuízos As larvas e os adultos picam os tecidos das plantas, sugando os tecidos das células originando colorações branco – amareladas. Como prejuízos indirectos cita-se a transmissão de viroses. Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar plantas isentas de insectos e de viroses; • Destruir plantas com sintomas de vírus; • Destruir restos de cultura; • Colocar redes anti-tripes nas aberturas das estufas; • Colocar armadilhas cromáticas amarelas e azuis, para detecção dos adultos, ou para capturas em massa. • Meios biológicos • Largar auxiliares tais como os predadores Orius laevigatus, Ambliseius cucumeris, Ambliseius barkeri 14 BOURNIER, Alexandre et Jean-Paul, (1987), ‘’ L’introducion en France d’un nouveau ravageur: Frankliniella occidentalis’’, Phytoma 388, p. 14-17 148 Horticultura • Meios químicos • Aplicação de insecticidas homologados, respeitando as indicações do rótulo; • Tratamentos ao solo contra as ninfas. 12.6.6. Nemátodos – Meloidogyne spp No grupo dos Meloidogyne encontram-se algumas espécies de nemátodos que podem causar problemas à cultura do feijão verde. Os machos são filiformes, com 1 a 1,5mm de comprimento. As fêmeas são globosas com cerca de 0,5 a 1mm de comprimento. Cada fêmea põe de 500 a 1000 ovos próximo da raiz, que podem resistir no solo mais de 2 anos. As larvas L1 passam a vida no ovo e as larvas L2, vermiformes, migram para as raízes onde penetram. Galhas de nemátodos Depois de mais dois estados larvares, L3 e L4, transformam-se em adultos machos e fêmeas. As fêmeas continuam com o seu desenvolvimento na raiz, enquanto os machos a abandonam. Os nemátodos podem ser disseminados pela água da rega, pelo vento, por terra agarrada às alfaias agrícolas ou por plantas infestadas. Sintomas • Zonas sem plantas ou com plantas pouco desenvolvidas no meio de plantas vigorosas; • Murchidão de plantas que se mantêm mesmo depois de regadas e à noite; • Raízes com galhas (tecidos hipertrofiados). Meios de protecção • Meios culturais • Fazer rotações de culturas; • Destruir as infestantes; • Fazer a solarização do solo; • Evitar transportar terra infestada de um campo para outro. 149 Horticultura • Meios biológicos • Têm sido utilizados fungos, bactérias e nemátodos na luta contra os Meloidogyne com bons resultados. • Meios químicos • Desinfecção do solo por processos químicos. Só são permitidos os produtos homologados e devem seguir-se as recomendações do rótulo. 150 Horticultura 151 Horticultura Módulo 06 A Cultura das Brássicas 13.1. Generalidades E mbora o nabo seja uma cultura em franca expansão em Portugal, mesmo uma das culturas que mais tem crescido no Entre Douro e Minho e em outras regiões de horticultura intensiva, as couves continuam a ser as brássicas preferidas dos portugueses. couval As couves são das hortaliças mais consumidas em Portugal, principalmente couves tronchudas, lombardas, couves-galegas, repolhos, couve-flor e brócolos. Podem ser consumidas em sopas, cozidos, saladas, choucroute, para além de outras formas. São ricas em vitaminas A, B1, B2, C e em aminoácidos e sais minerais. 152 Horticultura 153 Horticultura 13.2. Classificação e Variedades Q • uase todas as variedades cultivadas em Portugal pertencem à espécie Brassica oleracea L., género Brássica, família das Crucíferas. As mais importantes são: Couve tronchuda • • Couve lombarda • • variedade capitata DC. Couve-flor • • variedade acephala L. Couve repolho • • variedade bulatta DC. Couve galega • • variedade tronchuda Bayley variedade botrytis L. Brócolo • variedade italica Plenk. Couve brócolo Couve Tronchuda 154 Horticultura 155 Horticultura 13.3. Exigências edáfo-climáticas E mbora se adaptem às mais diversas condições de solo e clima, preferem solos férteis, climas frios ou moderados e humidade relativa elevada. Suportam temperaturas negativas, e algumas variedades, como as tronchudas, ganham qualidade com temperaturas bastante baixas. Costuma-se dizer que as pencas só são boas se apanharem geada. Gostam de terrenos que tenham poder de retenção da água, mas com boa drenagem, como os franco - argilosos. Podemos dividir as brássicas atrás citadas em dois grandes grupos: aquelas em que se consomem os órgãos vegetativos (tronchuda, lombarda, repolho, galega) e aquelas em que são utilizadas as pré - inflorescências (couve-flor) ou inflorescências (brócolos). Enquanto no primeiro grupo não convém que as plantas floresçam, no segundo é essencial que se faça a diferenciação floral na altura devida, para o produto ser comercializável. No início do desenvolvimento, as plantas não têm capacidade de fazer a diferenciação floral. Esta fase juvenil (tempo que vai da germinação até poder iniciar a diferenciação), varia com as espécies e com as variedades. Em muitas plantas, nomeadamente nalgumas brássicas como a couve repolho e as lombardas, são necessárias baixas temperaturas durante um período mais ou menos prolongado, para se dar a indução floral. A este efeito das baixas temperaturas dá-se o nome de vernalização. A vernalização nunca se dá na fase juvenil. No caso da couve-flor e dos brócolos, as necessidades de temperaturas baixas são menores, principalmente nas cultivares precoces. Nalgumas variedades, a vernalização não é absolutamente necessária, embora acelere a indução floral. 156 Horticultura As temperaturas necessárias a um correcto desenvolvimento da cultura variam de variedade para variedade, como se pode observar nos seguintes exemplos: • Tronchuda – a temperatura óptima de desenvolvimento vegetativo é de 15 a 20ºC. Com temperaturas prolongadas abaixo de 10ºC a planta espiga, pelo que deve ser plantada cedo, preferencialmente no fim de Verão, caso contrário, com o frio, cresce devagar e pode espigar sem fechar. Acima dos 20ºC cresce mal. As causas da tronchuda não fechar bem e espigar facilmente deve-se ao facto de se cruzar facilmente com a galega. • Repolho – as temperaturas para o desenvolvimento vegetativo são idênticas às da tronchuda, embora tenha mais dificuldade em espigar. Nas plantações de Março – Abril, utilizam-se variedades de ciclo curto para serem colhidas antes do Verão. Nas plantações de Agosto – Setembro, utilizam-se variedades de ciclo longo, para colher a partir de Novembro. • Couve-flor – para se formar devidamente a cabeça é necessário que a planta tenha um crescimento vegetativo em condições favoráveis. A temperatura óptima enquanto a planta é jovem, é de 23ºC, podendo depois ser um pouco mais baixa. • Brócolos – as cultivares precoces, necessitam de um período inicial com temperaturas de 20-25ºC. Na fase de colheita as temperaturas devem ser mais baixas que 20ºC, para que a inflorescência retarde o seu desenvolvimento. 157 Horticultura 13.4. Técnicas culturais 13.4.1. Preparação do solo e outras técnicas A preparação do solo consta essencialmente de lavouras para mobilizar o solo e incorporar estrume e adubos. Um dado a considerar é o pH. Se o solo tiver um pH inferior a 5,5 deve fazer-se uma calagem, principalmente se houver problemas de potra ou falsa potra. Contudo, não se deve esquecer que o Boro é indispensável ao bom desenvolvimento da planta, e em terrenos neutros, a planta tem mais dificuldades de absorção desse elemento que em terrenos ácidos. 13.4.2. Fertilização As couves são muito exigentes em elementos nutritivos como azoto e potássio e não dispensam o boro e o enxofre. Como na colheita praticamente toda a planta é retirada do solo, não há restituição de parte dos elementos absorvidos, por enterramento. Assim, tem que se prever a incorporação de grandes quantidades de estrume e de fertilizantes, que dependem, como é evidente, do resultado de análise à fertilidade do solo. Em termos médios pode prever-se a aplicação por hectare de: Estrume ………………........... 4000 Kg Sulfato de amónio……........... 300 Kg Nitrato de amónio……………. 150 Kg Superfosfato de cálcio………. 350 Kg Cloreto de potássio………….. 450 Kg Na zona da Povoa de Varzim é usual incorporarem com uma lavoura funda dez reboques de estrume de gado bovino e 500kg de nitrophoska (12-12-17) por hectare, antes da plantação. Três semanas depois da plantação aplicam 500kg de nitrato de cálcio, repetindo-se a dose passadas duas semanas. Quinze dias antes da colheita aplicam nitrato de potássio. 158 Horticultura 13.4.3. Sementeira A multiplicação da couve faz-se por sementeira em viveiro. O mais tradicional e ainda muito em uso principalmente nas zonas do interior é o viveiro ao ar livre, em que a sementeira é feita a lanço ou em linhas distanciadas de cerca de 20cm, sendo depois as plantas arrancadas e vendidas à porta ou em feiras para serem transplantadas. A sementeira de couve repolho, couve-flor e de brócolo, já é feita quase toda em alvéolos em viveiros protegidos. Deve haver um grande cuidado na escolha das sementes. O hábito de aproveitar as sementes de alguns pés no local da cultura, pode ter o inconveniente de se perderem características das diferentes variedades, pois os cruzamentos de polinização fazem-se com muita facilidade. 13.4.4. Plantação Depois de enterrado o estrume e os fertilizantes, o terreno é gradado e aplanado procedendo-se à plantação. Se as plantas vêm com a raiz nua, a plantação é funda e pode ser feita ao covacho, ou ao rego. O rego pode ser feito com a charrua, sendo as plantas aí colocadas e tapadas com a leiva do novo rego. Para grandes Viveiro ao ar livre áreas o ideal é utilizar os plantadores mecânicos. Os compassos dependem das variedades e do tamanho que as plantas normalmente atingem em cada região. 13.4.5. Regas A rega é necessária durante todo o ciclo vegetativo da planta. Deve porém ser moderada ou evitada na fase de formação das cabeças da couve-flor, repolhos e lombardas. A rega é geralmente feita por aspersão, embora ainda se use bastante a rega por pé ou alagamento, principalmente em pequenas hortas do interior. Neste caso é importante que a água não passe por terrenos infectados com hérnia ou potra. 159 Horticultura Sistema de rega por aspersão 13.4.6. Outras técnicas culturais • Sachas – fazem-se para destruir as infestantes do solo. • Branqueamento – prática usual na couve-flor e que consiste em proteger as cabeças dos raios solares quando estas atingem 7 ou 8 cm de diâmetro, dobrando para cima uma ou duas folhas que se prendem com um cordel ou com um elástico. 160 Horticultura 161 Horticultura 13.5. Doenças 13.5.1. Doenças não parasitárias 13.5.1.1. Carência de cálcio A s folhas interiores ficam com as bordaduras queimadas. As causas devem-se a uma má translocação do cálcio, podendo estar relacionada com vários factores como a sua falta no solo, a humidade relativa ou a salinidade. 13.5.1.2. Rachamento da cabeça Principalmente no repolho, pode ter como causa o atraso na colheita, que leva a que a continuação do crescimento das folhas interiores faça aumentar o volume do repolho, que não é acompanhado pelas folhas externas. Também as alterações de água no solo, depois da formação do repolho podem causar este problema. 13.5.2. Doenças parasitárias 13.5.2.1. Fungos 13.5.2.1.1. Alternariose – Alternaria brassica (Berk.) Sacc. Sintomas Aparecem nas folhas pequenas pintas pretas que evoluem para manchas castanhas circulares na página superior das folhas. Formam-se anéis concêntricos nas pintas negras mais velhas. O centro das manchas pode secar e cair, ficando as folhas com buracos. 162 Horticultura Biologia Nos restos de cultura e nas crucíferas espontâneas, formam-se conídios que vão originar as infecções primárias no Outono e Primavera. Para germinarem nas folhas, os conídios necessitam de água livre. Os conídios são dispersos pelo vento e podem passar o Inverno nas sementes. Condições favoráveis • Água livre nas folhas, para germinação dos Sintoma de alternariose conídios; • Humidades relativas baixas estimulam produção de esporos; • Temperatura óptima para germinação dos esporos, crescimento micelial e infecção, entre 17 e 24ºC. Meios de protecção • • Meios culturais • Enterrar os restos de cultura; • Utilizar sementes desinfectadas; • Destruir as infestantes. Meios químicos • Tratar preventivamente, com fungicidas homologados. 13.5.2.1.2. Ferrugem branca – Albugo candida (Pers.) Kuntze Sintomas Aparecem inicialmente na página superior das folhas umas manchas amarelas. Depois formam-se pústulas na página inferior. As pústulas rompem-se e cobrem-se de pó branco (conídios). A parte infectada pode inchar e deformar-se. 163 Horticultura Biologia Os esporos formam-se nas pústulas e são dispersos pelo vento, chuva e insectos. Condições favoráveis • Climas frescos (10-20ºC.) e húmidos. Meios de protecção • • Meios culturais • Destruir restos de cultura e infestantes. • Fazer rotações de culturas. • Evitar rega por aspersão. Meios químicos • Pulverizar com fungicidas homologados, seguindo as recomendações do rótulo. 13.5.2.1.3. Hérnia ou potra – Plasmodiophora brassica Voronin Sintomas • Raízes – aparecem tumefacções (hérnias ou cepas) sem galerias; • Folhas – ficam amareladas; • Plantas – murcham nas horas de maior calor, podendo mesmo morrer. Biologia É um fungo do solo que ataca todas as crucíferas cultivadas, penetrando nas plantas através dos pelos radiculares. Os esporos podem resistir no solo vários anos. O fungo pode ser transportado pela água de rega e águas que venham de campos contaminados. As máquinas e alfaias agrícolas são também grandes meios de propagação Condições favoráveis • Temperatura Óptima de 22ºC; • Solos ácidos; • Cultura de crucíferas anos seguidos no mesmo terreno. 164 Horticultura Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar cultivares resistentes. • Utilizar plantas sãs na transplantação. • Fazer rotações de culturas. • Corrigir o pH do solo para 7 ou mais. • Destruir restos de cultura. • Destruir as infestantes principalmente as crucíferas. • Fazer a solarização do solo. 13.5.2.1.4. Míldio – Peronospora parasitica (Pers.) Fr. Sintomas Nas plantas e plântulas, aparecem manchas amarelas na página superior das folhas e micélio branco na página inferior. Mais tarde as manchas acabam por secar, principalmente se o tempo decorrer quente e seco. As cabeças de couve-flor e de bróculos também podem ser atacadas e apresentar lesões. Biologia Pode desenvolver-se no viveiro bem como nas plantas já desenvolvidas. Sobrevive na forma de conídios e de micélio nas plantas atacadas Condições favoráveis • Climas suaves e humidade elevada; • Temperaturas diurnas inferiores a 24ºC. e nocturnas entre 8 e 16ºC; • Neblinas e chuvas ligeiras. Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar variedades resistentes; • Destruir restos de cultura; • Destruir as infestantes; • Arejar os viveiros e as estufas. 165 Horticultura • Meios químicos • Tratar com os fungicidas homologados. 13.5.2.1.5 Pé negro – Leptosphaeria maculans (Desm.) Ces. Et de Not.; Phoma lingam (Tode) Hohnel Sintomas • Plântulas – zonas necróticas castanhas com pontuações negras; • Plantas – pouco vigorosas. Lesões castanhas, com pontuações negras ao longo das folhas e dos caules. Biologia O fungo pode sobreviver no solo vários anos. O inóculo primário é constituído por peritecas negras formadas nos detritos da cultura e que são dispersas pelo vento e pelos salpicos de chuva. As peritecas formam-se em Setembro, com condições favoráveis (15ºC de temperatura média, chuva, orvalho e exposição do micélio à luz). A transmissão pode ser feita também pelas sementes. Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar variedades resistentes; • Utilizar sementes tratadas; • Destruir restos de culturas contaminadas (podem ser enterrados). 13.5.2.2. Bactérias 13.5.2.2.1. Podridão negra - Xantomonas campestris pv campestris (Pammel) Dowson Sintomas • Folhas – escurecimento das nervuras, manchas oleosas, clorose típica em V (margem das folhas mais velhas) e margens queimadas (castanhas e secas). • Caules – mancha negra no tecido vascular. Podridão da base do caule. Biologia 166 Horticultura Os esporos podem sobreviver nos restos de cultura e, depois, serem projectados pelos pingos da chuva ou pela rega por aspersão. Depois de infectada, a bactéria desenvolve-se no sistema vascular da planta. Pode persistir no sistema vascular de forma latente, se as temperaturas não forem propícias ao aparecimento dos sintomas nas folhas. Também pode ser transmitida por sementes. Condições favoráveis • Temperatura óptima de 28ºC; • Feridas causadas por fungos e alfaias; • A bactéria é activa entre 5 e 36ºC. Meios de protecção • • Meios culturais • Utilizar sementes sãs. • Fazer rotações de culturas. • Destruir restos de cultura e infestantes. • Tratar as sementes com água quente (15 a 25m a 50ºC). • Evitar fazer feridas nas plantas. Meios químicos • Tratar com cobre ao aparecimento da doença. 167 Horticultura 13.6. Pragas 13.6.1. Afídeos – Brevicoryne brassicae (L.) É um afídeo específico das brássicas. Ataca primeiro a zona de inserção das folhas e depois a zona das flores. P rejuízos Causa muitos estragos no princípio e fim de Verão. A presença dos afídeos em grandes quantidades e da sua melada torna as plantas sem valor comercial. As picadas dos insectos deformam as folhas, debilitando muito as plantas. Deformam também as flores, que abortam. Como problemas indirectos temos a transmissão de viroses. Meios de protecção • • Meios culturais • No Outono destruir os restos de cultura para eliminar os ovos de Inverno; • Destruir as infestantes hospedeiras. Meios biológicos • • Preservar os auxiliares. Meios químicos • Fazer tratamentos localizados, juntando um molhante ao insecticida. Utilizar insecticidas homologados. 168 Horticultura 13.6.2. Álticas das crucíferas – Phyllotreta nemorum L.; Phyllotreta atra F. P. nemorum – pequenos insectos de 3mm de comprimento, negros, com uma faixa amarela longitudinal em cada élitro. Os ovos são postos na página inferior das folhas. As larvas fazem minas nas folhas. P. atra – adultos com cerca de 2,5mm de comprimento, totalmente negros . O 1º e 2º artículos das antenas são Áltica amarelos. Os ovos são postos no solo, isoladamente, perto das plantas. As larvas roem as raízes. Prejuízos Os prejuízos são causados principalmente pelos adultos que podem destruir tanto as jovens plantas como plantas mais desenvolvidas de que se alimentam. Meios de protecção • Meios culturais • Evitar grandes adubações azotadas; • Destruir restos de cultura; • Destruir as infestantes. 13.6.3. Lagartas da couve – Pieris brassica L.; Pieris rapae L. Lagarta da couve Lagarta já desenvolvida Os adultos são borboletas relativamente grandes (4 a 7 mm) com asas brancas e hábitos diurnos. 169 Horticultura P. brássica – têm uma mancha preta no bordo anterior das asas posteriores. As fêmeas têm duas manchas arredondadas negras nas asas anteriores. Os ovos são postos em grupos de 30 a 50. As lagartas são verdes acinzentadas, com manchas amareladas longitudinais. P.rapae – As fêmeas têm duas manchas pretas arredondadas sobre cada asa anterior e o macho tem uma. Põem os ovos isoladamente. As lagartas são verdes. Prejuízos As pequenas lagartas vivem em grupos, roendo a epiderme das folhas. A partir do 2º estádio larvar, separam-se e roem as folhas, deixando só as nervuras mais grossas. Os excrementos acumulados no coração da planta tiram-lhe o valor comercial. Meios de protecção • • • Meios culturais • Destruir as infestantes; • Destruir os ovos e as crisálidas. Meios biológicos • Preservar os auxiliares como o parasitoide Apanteles glumeratus L. • Combater as jovens lagartas com Baccilus thuringienses. Meios químicos • Os tratamentos devem incidir sobre os primeiros estádios das lagartas. Deve juntar-se ao insecticida um molhante. Utilizar insecticidas homologados. 13.6.4. Lesmas e caracóis Várias espécies causam prejuízos às brássicas, principalmente com tempo húmido. Prejuízos Roem as folhas deixando a nervura principal. As couves perdem o valor comercial. Caracol 170 Horticultura Meios de protecção • • Meios culturais • Eliminar os abrigos perto da cultura; • Destruir os ovos e formas juvenis por meio de lavouras. Meios químicos • Colocar iscos em redor da cultura 13.6.5. Mosquinha branca da couve – Aleyrodes proletella L. Pequenos insectos com cerca de 1,5mm de comprimento, cobertos por uma camada cerosa branca. Fazem a postura em círculos, na página inferior das folhas. As larvas e os adultos alimentam-se sugando a seiva. Excretam uma melada que atrai vários insectos, nomeadamente formigas. Prejuízos A presença dos insectos e do pó branco que se desprende dos adultos diminui a qualidade do produto, Mosca branca da couve tornando-o mesmo sem qualidade comercial. Em grandes quantidades, ao sugar a seiva, debilitam as plantas. A fumagina que se desenvolve na melada diminui a fotossíntese. Meios de protecção • • Meios culturais • Destruir os restos de cultura. • Colocar placas ou faixas cromáticas amarelas, para capturas em massa. Meios químicos • Utilizar insecticidas homologados, juntando-lhe um molhante. 171 Horticultura 13.6.6. Mosca da couve – Delia radicum L. O adulto é uma mosca parecida com a mosca doméstica, cinzenta, com 6 a 8mm de comprimento. Cada fêmea põe cerca de 150 ovos em pequenos grupos, no solo, junto às raízes. As larvas saídas dos ovos enterram-se no solo e penetram nas raízes, onde cavam galerias. Ao fim de 3 semanas deixam a planta e pupam no solo. Passam o Inverno na fase de pupa. Os adultos aparecem na Primavera. Podem dar-se duas paragens no desenvolvimento: • No Inverno as larvas entram em diapausa, retomando o seu desenvolvimento na Primavera; • No Verão, com temperaturas do solo superiores a 22ºC, as larvas ficam em repouso sem se desenvolver, até que as temperaturas desçam abaixo de 20ºC. Prejuízos • As larvas destroem as raízes, que apodrecem; • As plantas ficam com o aspecto triste, murcham e podem mesmo morrer. Meios de protecção • • Meios culturais • Fazer rotações; • Destruir restos de cultura; • Destruir as infestantes; • Isolar a cultura com manta térmica ou redes mosquiteira. Meios químicos • Tratar à sementeira, com insecticidas homologados para o efeito. 172 Horticultura 173 Horticultura Módulo 07 A Cultura do Pimento 14.1. Generalidades A cultura do pimento em estufa O pimento é uma planta originária da América do Sul, mais precisamente da região entre o Perú e a Bolívia. Por esse motivo, só foi introduzido na Europa após o século XVI, data a partir da qual o seu consumo se foi enraizando nos hábitos e costumes do povo europeu e do norte de África. 174 Horticultura 175 Horticultura 14.2. Classificação e variedades O pimenteiro Solanáceas, pertence onde à se família incluem das outras espécies hortícolas como a batata, o tomate e a beringela, ao género Capsicum e espécie annuum. Trata-se de uma planta anual e herbácea, ainda que ligeiramente lenhificada. O seu sistema radicular é, de uma forma geral, potente e profundo, formado por uma raiz principal aprumada. Flor do pimento Os caules são herbáceos e ligeiramente lenhificados, razão pela qual se podem quebrar com facilidade, podendo o peso dos seus frutos ser o suficiente para que isto possa suceder. As suas folhas são inteiras, de limbo mais ou menos comprido e de pecíolo curto, não apresentam pilosidade, sendo de tacto liso. O seu ápice é muito pronunciado, acuminado, e o pecíolo comprido. As flores aparecem solitárias nas axilas das folhas, são pequenas, de pétalas brancas e hermafroditas. A fecundação é quase totalmente autogâmica, não ultrapassando os 10% de alogamia. Os frutos, bagas deprimidas e semi-cartilaginosas, são ocos e volumosos, podendo ter diversas formas e colorações. Quanto à cor, existem hoje no mercado variedades de fruto verde, laranja, amarelo e branco (este última variedade não é propriamente de cor branca mas sim de um verde muito pálido, só verificando procura junto do mercado espanhol). No que respeita à forma, podemos encontrar variedade de frutos alongados, achatados, quadrados e paralelipipédicos, sendo estes últimos, aqueles que granjeiam de maior procura no mercado nacional. As sementes inserem-se numa placenta cónica disposta centralmente, são arredondadas ou reniformes, têm cor amarelada ou pálida, podendo uma grama conter entre 150 a 250 unidades, com um poder germinativo de 3 ou 4 anos. As variedades de pimento podem-se agrupar em diversos grupos, tendo por base a forma dos frutos, que podem ser rectangulares, quadrados ou cónicos e alongados. 176 Horticultura No primeiro tipo, pimentos rectangulares de polpa espessa, podemos encontrar aqueles que têm uma maturação de cor avermelhada ou amarela. No segundo tipo, quadrados e de polpa espessa, também chamados do tipo “Califórnia”, temos variedades de maturação em vermelho, amarelo, laranja e violeta. No terceiro grupo, frutos compridos e cónicos, podemos encontrar basicamente três tipos: o tipo doce italiano, de cor verde, as variedades picantes, também de cor verde mas com tamanhos muito díspares, podendo ser consideradas nesta categoria a variedade regional de Padron, muito apreciado no Norte de Espanha e já com alguma produção em Portugal no litoral a norte do rio Ave, e a variedade espanhola de frutos cónicos e rectos, de boa dimensão, conhecida em castelhano pelo nome de “mallorquines”. O sabor picante de algumas variedades deve-se à presença de uma substância chamada capsina, cuja síntese ocorre normalmente numa fase final da maturação do fruto. Na atrás referida variedade de “Padron”, os frutos são recolhidos poucos dias após o seu vingamento, numa altura em que o seu crescimento ainda está numa fase inicial e o seu sabor se mantém doce. Caso se deixem passar dois ou três dias do momento exacto da sua colheita, os frutos desta variedade adquirem uma grande quantidade de capsina, o que os torna imensamente picantes, quase impossíveis de ser ingeridos. Para se conseguir um quilograma de pimentos “Padron”, são necessários perto de uma centena de frutos, sendo esta a razão pela qual o seu preço atinge valores muito superiores aos de outras variedades colhidas após a completa maturação e, por isso, com pesos médios muito superiores. Mais recentemente, e fruto da melhoria genética que tanto se tem desenvolvido na área da horticultura, aparece com frequência no mercado um pimento chamado branco, mas que tem efectivamente uma cor verde pálido, de forma rectangular e sabor extremamente doce, com procura crescente no mercado nacional e europeu. Outras variedades incluem-se nos tipos destinados à indústria, seja para conserva, pickles ou para o fabrico de pimentão, modernamente apelidado de “Paprika” – palavra húngara que significa pimento vermelho. Existem ainda variedades, principalmente de frutos pequenos, que são utilizadas unicamente como ornamentais. 177 Horticultura 14.3. Exigências edáfo-climáticas 14.3.1. O clima O pimenteiro é uma planta muito exigente em luminosidade, podendo ser este o factor limitante para as produções com dias curtos. Convém aqui referir que, nas culturas em estufa, o aquecimento pode não ser o suficiente para que se obtenha uma produção no Inverno: a falta de luz poderá determinar uma má qualidade dos frutos obtidos, quer no que toca ao seu calibre quer às suas características organolépticas. Prefere uma humidade relativa que oscile entre os 60 e 70%. Acima destes valores podem surgir problemas ligados à deiscência do pólen, ao vingamento dos frutos e toda uma série de problemas fitossanitários, normalmente associados a doenças criptogâmicas. No que toca às temperaturas, devemos considerar as seguintes: • temperatura mínima de germinação: 12 a 15ºC; • temperatura máxima de germinação: 35 a 40ºC; • temperatura óptima de germinação: 25ºC; • temperatura óptima diurna: 22 a 28ºC; • temperatura óptima nocturna: 16 a 18ºC; • temperatura mínima biológica: 10 a 12ºC; • temperatura mínima letal: 1ºC. 14.3.2. O solo Esta planta prefere solos de textura média e com boa drenagem e arejamento, já que se trata de uma espécie com muito pouca resistência à asfixia radicular. O pH óptimo para a sua produção está compreendido entre 6,5 e 7,0. É uma planta susceptível à salinidade do solo, não devendo por isso deixar-se que o solo seque demasiado. Também a própria água de rega não deverá ser muito salina, pelo que se aconselha que as adubações (fertirrigações) sejam feitas com grande frequência e com pequenas concentrações de sais na água de rega, o que poderia dificultar a absorção dos nutrientes. 178 Horticultura 179 Horticultura 14.4. Técnicas culturais 14.4.1. Preparação do solo e armação do terreno A preparação do solo para a cultura do pimento está directamente relacionada com o modo de o cultivar. Na Holanda, por exemplo, utiliza-se uma poda a quatro braços, que permite obter uma segunda colheita mais tardia. Isto leva a que a cultura esteja instalada mais tempo no local definitivo, o que obriga a ter mais cuidados relativamente à sua fertilização de fundo. Preparação do solo em estufa Nas nossas condições, o solo deverá ser previamente lavrado e fresado, podendo ser feita uma desinfecção para eliminar os riscos de infecção por parasitas do solo. Quando os solos são pesados, recomenda-se a armação do terreno em camalhões, podendo essa prática ser dispensada quando estivermos em presença de solos sem quaisquer problemas de drenagem, normalmente em solos arenosos ou derivados. 14.4.2. Fertilização Um bom sistema de rega deve permitir que o colo da planta se mantenha parcialmente seco, evitando zonas de encharcamento junto da mesma, para evitar a instalação de doenças criptogâmicas. Na cultura em estufa, em que as produções podem atingir valores da ordem de 50 toneladas por hectare, a fertirrigação assume especial interesse, principalmente porque o pimento é uma planta sensível à salinidade, sendo quase impossível provir o solo de todos os nutrientes necessários para satisfazer as necessidades da cultura desde o transplante até ao final da produção. Segundo diversos autores, por cada tonelada de pimento produzida a cultura exporta cerca de 3 a 4 Kg de azoto, 0,6 a 1 kg de oxido de fósforo, 4 a 7 kg de oxido de potássio e 0,4 a 0,8 kg de oxido de magnésio, devendo ser estas as quantidades a fornecer em fertirrigação. Notar que, no caso de se detectar a podridão apical dos frutos devido a carência de cálcio, devemos aplicar este nutriente via foliar, para que a resposta das plantas seja mais imediata. 180 Horticultura Os efeitos mais visíveis da salinidade excessiva são manchas pardas de forma irregular, que normalmente aparecem nos frutos longitudinalmente, de cor castanho-escuro ou quase negro e que, como é evidente, diminuem enormemente o seu valor comercial. O azoto desempenha no desenvolvimento do pimenteiro um papel muito importante até à apanha dos primeiros frutos, altura em que a sua absorção pelas plantas verifica uma forte diminuição. Na fase de crescimento dos frutos, a absorção de azoto verifica novamente um ligeiro aumento. Não convém exceder as quantidades deste nutriente na solução do solo, já que isso iria provocar um muito forte desenvolvimento Sistema de fertirrigação vegetativo das plantas, em detrimento da floração, fecundação e precocidade, ficando a planta muito fragilizada, correndo-se mais riscos de a mesma se vergar e acabar por quebrar, aumentando significativamente a sua sensibilidade ao ataque de pragas e doenças. O fósforo é um nutriente que deverá ser maioritariamente aplicado nas adubações de fundo, já que tem um papel importantíssimo no enraizamento das plantas. Grandes necessidades deste elemento verificar-se-ão novamente ao aparecimento das primeiras flores. As maiores exigências em potássio verificar-se-ão na fase de crescimento e maturação dos frutos. Este elemento contribui também para uma maior precocidade, tenacidade das plantas e resistência a doenças e pragas. O vingamento e a qualidade dos frutos são também favorecidos por uma equilibrada adubação potássica. O cálcio é outro elemento a ter em conta numa adubação equilibrada, já que a sua carência pode provocar um acidente fisiológico que se caracteriza pelo enegrecimento da parte apical dos frutos, por vezes confundido com uma podridão provocada por um fungo do género Alternaria. O maior consumo de magnésio ocorre em simultâneo com as fases de intensa floração, e a sua carência nesse momento poderá comprometer a produção de forma irreversível, sendo de temer em solos demasiado ácidos, encharcados ou com excesso de matéria orgânica. De um modo geral, pode-se afirmar que o período de maior consumo de nutrientes se manifesta a partir do vingamento dos primeiros frutos, mantendo-se até durante todo o período de colheita. 181 Horticultura 14.4.3. Sementeira A sementeira directa, principalmente quando se trata de semente certificada de elevado custo, está hoje completamente posta de parte. Actualmente, as variedades de pimento cultivadas são obtidas a partir de sementes híbridas certificadas, razão pela qual está fora de questão o aproveitamento de sementes de uns anos para os outros, devido à heterogeneidade das plantas obtidas. De qualquer forma, certas variedades, como é o caso da variedade regional de Padron, continuam a ser obtidas pelo método tradicional. Isto leva a que as plantas desta variedade não apresentem grandes garantias de resistência a doenças e pragas, ou até que possam ser portadoras de vírus que, como é sabido, podem ter origem na própria semente. Em qualquer caso, as plantas são sempre obtidas através da sua germinação em tabuleiros alveolados, normalmente utilizados para a cultura do tomate. São plântulas de rápido desenvolvimento, desde que lhes sejam conferidas as condições edafo-climáticas ideais atrás referidas. No caso da variedade de Padron, o transplante pode ser feito mais tardiamente, podendo mesmo a planta apresentar já algumas flores em início de formação. Pimento em alvéolos Durante o tempo de germinação, no viveiro, deve-se ter o maior cuidado para que as plântulas não sejam afectadas por doenças e pragas, devendo ser efectuados tratamentos preventivos com fungicidas à base de propamocarbe e carbendazime. As caldas para estes tratamentos deverão conter a dose mínima recomendada, e podem ser efectuados de cinco em cinco dias, pelo que dois tratamentos serão suficientes até ao transplante. 182 Horticultura 14.4.4. Plantação A plantação do pimenteiro poderá ser feita em linhas simples ou em linhas duplas, sendo o primeiro sistema, o mais comum e aquele que torna mais simples a colheita dos frutos e o arejamento das plantas mais eficaz. Os compassos de plantação utilizados variam conforme as regiões e as épocas do ano, sendo aconselhável, como valor médio, uma distância entre plantas de cerca de 40 Cultura do pimento em estufa centímetros e de 1 metro entre as linhas, o que conduz a uma densidade de cerca de 2,5 plantas por metro quadrado. No caso de se pretender o cultivo em linhas duplas, dever-se-á afastar os bilíneos de cerca de 40 centímetros entre si, e entre plantas deveremos deixar cerca de meio metro. O espaço para os caminhos deverá ser então de 1,10 metros, o que conduzirá a uma densidade de plantação de 2,66 plantas por metro quadrado. A escolha do sistema a utilizar ficará ao critério de cada um, tendo sempre em conta que o sistema de linha simples permite um melhor arejamento e exposição à luz, uma melhor condução das plantas, facilitando os trabalhos culturais, nomeadamente a tutoragem, a colheita e eventuais tratamentos fitossanitários. Quando a cultura é feita em períodos mais frios e de dias mais curtos, deveremos optar por compassos ligeiramente mais alargados, melhorando as condições de arejamento e luminosidade. 14.4.5. Regas O pimenteiro é uma planta bastante sensível à salinidade, que pode originar diminuição da produtividade e o aparecimento de manchas escuras longitudinais no fruto, que não depreciando as suas qualidades organolépticas, deprecia consideravelmente o seu aspecto e inviabiliza a sua colocação no mercado. Em terrenos com problemas de salinidade, deveremos aumentar a frequência de rega Sistema de rega gota-a-gota e diminuir a sua dotação, para que o solo se encontre sempre perto da capacidade de campo, nunca permitindo que se esgote a reserva de água facilmente utilizável. Muito antes de o solo estar 183 Horticultura a atingir o coeficiente de emurchecimento, os problemas devidos à salinidade podem começar a manifestar-se. A permanente humidade do solo permite obter uma melhor diluição na solução do mesmo. Por outro lado, deveremos ter o cuidado de nunca exagerar na dotação de rega, pois o encharcamento junto ao colo da planta poderá acarretar problemas fitossanitários. 14.4.6. Outras técnicas culturais do pimento A planta do pimenteiro tem hastes muito pouco flexíveis, que se quebram com enorme facilidade, por vezes devido ao peso dos próprios frutos. Por esse motivo, será sempre necessário colocar tutores ou redes que impeçam que isto suceda. O sistema mais comum é a colocação de duas estacas no topo das linhas de plantação, em forma de “V”, às quais se amarram fitas de ráfia que ampararão as plantas lateralmente, impedindo-as de vergar e partir com o peso dos frutos. Este sistema permite ainda que o espaço entre as linhas se mantenha desimpedido, permitindo uma fácil circulação do ar e das pessoas que executam todas as operações de acompanhamento da cultura e colheita. A aplicação de plástico negro no solo é também outra das opções a tomar, principalmente quando dispomos de pouca água de rega, de excesso de humidade ambiental ou de um elevado grau de infestantes latentes no solo. Começando a produção, dever-se-á eliminar as folhas abaixo dos frutos colhidos, de modo a melhorar o arejamento e a evitar que as folhas velhas, possivelmente enfermas, contribuam para o contágio de doenças às partes mais novas ainda em produção. 184 Horticultura 185 Horticultura 14.5. Doenças 14.5.1. Doenças não parasitárias 14.5.1.1. Podridão apical S intomas Na zona do ápice dos frutos, manchas verdes que se tornam escuras e vão aumentando de tamanho, podendo atingir um terço do tamanho do fruto. Os tecidos atacados formam zonas deprimidas, ligeiramente côncavas. Causas A causa parece ser uma deficiente translocação do cálcio relacionada com desequilíbrios hídricos. Períodos de seca seguidos de grandes chuvas e humidade relativa muito elevada dentro das estufas, dificultando a transpiração da planta, bem como regas muito espaçadas, parecem concorrer para o desenvolvimento desta anomalia. Meios de prevenção • Regar com frequência mas moderadamente; • Arejar as estufas; • Fazer adubações foliares com cálcio. 14.5.2. Doenças parasitárias 14.5.2.1. Fungos 14.5.2.1.1. Míldio ou tristeza do pimento – Phytophtora capsici Leon. É das mais graves doenças criptogâmicas do pimento. Pode atacar o colo e as raízes provocando a gangrena do pé, ou atacar todos os órgãos aéreos. 186 Horticultura Sintomas Murchidão geral repentina da parte aérea, sem escurecimento dos vasos na parte superior do caule e nos ramos. • Folhas – na página superior, manchas amareladas que podem atingir 1cm de diâmetro. Em correspondência, na página inferior, micélio branco-acinzentado. As folhas podem apodrecer e secar; • Frutos – manchas acinzentadas. Avermelhamento precoce. Se a doença atingir a zona do pedúnculo, provoca a queda dos frutos; • Caules – manchas castanhas que chegam a rodear o caule; • Raízes – ficam necrosadas, vão escurecendo até se tornarem negras com a total desorganização dos tecidos; • Colo – lesões castanhas avermelhadas. Biologia O fungo sobrevive no solo sob a forma de oósporos libertados pelas raízes em decomposição. A infecção primária das raízes dá-se no Outono. O fungo desenvolve-se e sobe pela raiz. A disseminação é feita por salpicos de água a partir dos focos contaminados. Condições favoráveis • Mudanças bruscas de condições climáticas; • Temperaturas óptimas de 26-32ºC; • Humidade excessiva no solo e águas paradas; • Excesso de azoto Meios de protecção • Meios culturais • Destruir os restos de cultura; • Arejar as estufas; • Evitar regas excessivas que formem poças de água; • Regar da parte da manhã; • Utilizar variedades resistentes; • Fazer rotações de culturas; • Usar água de rega não contaminada; • Utilizar plantas em mottes. 187 Horticultura • Meios químicos • Utilizar as matérias activas homologadas, seguindo as recomendações do rótulo; • Desinfectar o solo com fumigantes; • Utilizar fungicidas diluídos na água de rega do sistema gota a gota; • Para impedir infecções aéreas, tratar por pulverização. 14.5.2.1.2. Oídio – Leveillula taurica Arn. Sintomas Manchas amareladas na página superior das folhas. Pequenas manchas de pó branco nas duas páginas das folhas, nos caules e por vezes nos frutos. Biologia Vive no exterior da epiderme, emitindo sugadores que parasitam as células. A incubação é de cerca de 7 dias. A disseminação dos esporos faz-se pelo vento. Condições favoráveis • Mudanças bruscas das condições atmosféricas; • Falta de arejamento nas estufas; • Temperaturas de 20 a 25ºC; • Humidade relativa entre 50 e 70%. Meios de protecção • • Meios culturais • Arejar bem as estufas; • Evitar plantas muito vigorosas; • Evitar rega por aspersão; • Não fazer plantações muito densas. Meios químicos • Os tratamentos devem ser preventivos, quando houver condições para o desenvolvimento do fungo. Utilizar os fungicidas homologados, respeitando as indicações do rótulo. 188 Horticultura 14.5.2.1.3. Podridão cinzenta – Botrytis cinerea Pers Aparece mais em culturas protegidas que ao ar livre, atacando todos os órgãos aéreos da planta. Podridão cinzenta no pimento Podridão cinzenta na folha Sintomas • Folhas – manchas com bolor cinzento; • Caules – manchas com lesões acinzentadas e podridões, principalmente no colo e em zonas de feridas como cortes de poda. As necroses podem envolver o caule a toda a volta; • Frutos – principalmente na zona de inserção do pedúnculo, podridões húmidas. Biologia Sobrevive como saprófita em tecidos mortos das plantas. Os esporos infectam a planta destruindo os tecidos mais frágeis, como as pétalas das flores. Nos outros órgãos como o caule, folhas e frutos, geralmente o fungo penetra por feridas. Os esporos podem ser arrastados pelo vento ou transportados por insectos. Condições favoráveis • Temperaturas de 17 a 25ºC; • Humidade relativa perto dos 100%; • Mudanças bruscas de temperatura; • Falta de arejamento; • Restos de cultura infectados; • Feridas causadas por insectos, fungos, podas. Podridão cinzenta 189 Horticultura Meios de protecção • • Meios culturais • Utilizar plantas sãs; • Destruir restos de cultura; • Evitar feridas nas plantas; • Controlar fungos e pragas; • Arejar as estufas. Meios químicos • Tratar com fungicidas homologados, respeitando as recomendações do rótulo. 14.5.2.1.4. Verticiliose – Verticillium dahliae Kleb É uma doença vascular que ataca as solanácias, nomeadamente em culturas de ar livre. Sintomas • Escurecimento dos vasos; • Murchidões, por vezes unilaterais; • Queda de folhas, começando pelas jovens; • Plantas ananicadas. Biologia Sobrevive no solo como micélio escuro, ou esclerotos em restos de plantas infectadas. A infecção pode dar-se através de feridas causadas nas raízes, como por exemplo as provocadas por nemátodos Condições favoráveis • Temperatura óptima de desenvolvimento de 22ºC; • Temperatura óptima para formação de esclerotos de 10 a 20ºC; • Estrumes mal curtidos; • Solos encharcados; • Fraca luminosidade. 190 Horticultura Meios de protecção • Meios culturais • • Utilizar plantas sãs; • Utilizar variedades resistentes; • Fazer rotações de culturas; • Destruir restos de cultura; • Boa drenagem do solo; • Não utilizar estrumes mal curtidos; • Desinfectar o solo por solarização ou vapor de água. Meios químicos • Desinfecção do solo, com produtos homologados. 14.5.2.2. Bactérias 14.5.2.2.1. Mal murcho – Ralstonia solanacearum Smith Também conhecida por pus da batateira e do tomateiro, esta bactéria é considerada um organismo de quarentena. Ataca várias plantas cultivadas e espontâneas, causando graves prejuízos em solanáceas como o tomateiro, a batateira e o pimenteiro. Aparece tanto em plantas jovens como em adultas, mas é na fase de frutificação que mais progride, levando à morte súbita das mesmas plantas. Sintomas • Feixes vasculares acastanhados; • Murchidão da planta, começando pela parte superior; • Frutos engelhados; • Gotículas de exsudado branco sujo quando se corta transversalmente o caule. 191 Horticultura Biologia Pode sobreviver sem causar sintomas, em plantas infestantes (figueira do inferno - Datura stramonium; erva moira - Solanum nigrum e outras) e plantas cultivadas. A transmissão é feita por água de rega contaminada, insectos, solo contaminado levado de campos infectados por alfaias agrícolas e outros meios. Meios de protecção • Fazer rotações de culturas sem solanáceas; • Destruir plantas hospedeiras infectadas; • Tomar medidas tendentes a não haver transporte de terras de campos infectados; • Não plantar solanáceas susceptíveis durante pelo menos 4 anos em campos onde apareça a doença; • Não regar os campos de solanáceas com águas contaminadas ou que passem próximo de campos onde a bactéria tenha sido detectada; • Desinfectar a maquinaria agrícola e outra que tenha estado em campos onde a doença tenha sido detectada. 14.5.2.2.2. Sarna bacteriana – Xantomonas vesicatória (Doidge) Dow Sintomas • Folhas – manchas necrosadas circulares com halos cloróticos. Por vezes a zona central necrótica cai, ficando a folha crivada. Queda prematura de folhas muito afectadas; • Frutos – lesões necróticas, cloróticas, encortiçadas, com 2 a 10mm de diâmetro. Queda de frutos e, por vezes, exsudado bacteriano Biologia É um organismo de quarentena. Pode sobreviver no solo em restos de cultura, um ano ou mais. Penetra nos tecidos do hospedeiro pelos estomas e feridas. A transmissão é feita pelas sementes, insectos, água de rega, solo infectado transportado por máquinas, alfaias e outros meios. 192 Horticultura Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar sementes certificadas; • Fazer rotações de culturas; • Destruir plantas infectadas; • Evitar fazer feridas nas plantas; • Desinfectar máquinas e alfaias agrícolas; • Destruir as infestantes. 14.5.2.3. Vírus 14.5.2.3.1. Vírus do bronzeamento do tomateiro - TSWV Sintomas • Plantas – desenvolvimento lento. Plantas ananicadas que podem murchar; • Folhas – mosaicos e cloroses, principalmente nas mais jovens. Depois tomam a cor castanha dourada metalizada (bronzeamento) que dá o nome à doença. Manchas em anéis, arabescos e necroses. As folhas podem secar e cair; • Frutos – manchas em anéis, arabescos e necroses. Transmissão O principal vector é o tripes da Califórnia, Frankliniella occidentalis Pergande. O vírus é adquirido pelas larvas de tripes ao alimentarem-se em plantas infectadas. Só os adultos provenientes de larvas infectadas podem transmitir o vírus. Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar plantas isentas de vírus; • Destruir as plantas com sintomas; • Colocar redes anti-tripes nas aberturas das estufas; • Colocar armadilhas amarelas e azuis para captura em massa de tripés; • Destruir os restos de cultura e as infestantes; • Solarizar o solo para eliminar as ninfas de tripés; • Fazer rotações de culturas. 193 Horticultura • Meios químicos • Combater os tripes com insecticidas homologados, tendo em conta as recomendações do rótulo 14.5.2.3.2. Vírus do mosaico das cucurbitáceas – CMV Sintomas • Folhas – mosaicos, enrolamento e limbos filiformes; • Frutos – deformados e com maturação irregular. Os sintomas podem confundir-se com os do TSWV; • Caules – entrenós curtos. Transmissão Este vírus é transmitido através de afídeos. Meios de protecção • • Meios culturais • Utilizar plantas isentas de vírus; • Destruir as plantas com sintomas; • Destruir os restos de cultura; • Combater as infestantes; • Controlar os afídeos vectores. Meios químicos • Combater os afídeos com aficidas específicos homologados. 194 Horticultura 195 Horticultura 14.6. Pragas 14.6.1. Ácaros – Aculops lycopersici Massee; Tetranichus spp. O Aculops lycopersici tem cerca de 0,15 mm de comprimento, corpo alongado e cor amarela alaranjada. Está bem adaptado a condições de secura, desenvolvendo-se bem com temperaturas de 27-30ºC e 30% de humidade relativa. Em estufa pode ter várias gerações. Vários ácaros tetraniquídeos podem causar prejuízos. O Tetranichus urticae tem cerca de 0,5 mm de comprimento, forma ovoide, cor amarelada com manchas laterais escuras. Hiberna na fase de fêmea adulta. Prejuízos Picam as folhas sugando o conteúdo das células, que se enchem de ar e ficam com o aspecto bronzeado, secam e caem. Muitas flores abortam, os frutos ficam pequenos e amadurecem mal. Ataques fortes podem causar a morte das plantas. Meios de protecção • • Meios culturais • Fazer rotações de culturas; • Controlar a temperatura e humidade nas estufas; • Destruir os restos de cultura e as infestantes; • Não fazer grandes adubações azotadas. Meios biológicos • Fazer largadas de ácaros predadores como Phytoseiulus persimilis e Ambiyseius Californicus. • Meios químicos • Aplicar os acaricidas homologados, respeitando as recomendações do rótulo. Sempre que possível fazer tratamentos localizados. 196 Horticultura 14.6.2. Afídeos – Aphis gossypii; Aulacortum solani; Macrosiphum euphorbiae e outras. São pequenos insectos com formas ápteras e aladas. A maioria das espécies tem dois pequenos tubos perto da extremidade do abdómen, denominados sifões, através dos quais segregam e expelem para o exterior substâncias açucaradas, que funcionam como feromona de aviso de perigo, ou substâncias cerosas que servem para sua protecção. A armadura bucal dos afídeos é picadora sugadora. Prejuízos • Ao picar as plantas e sugar a seiva, provocam o seu enfraquecimento, para além de cloroses e deformações, que desvalorizam a cultura; • Podem causar prejuízos secundários importantes como transmissores de viroses; • Também as feridas provocadas pelas picadas são portas abertas para a entrada de fungos e bactérias. Meios de protecção Afídeo parasitado usada na luta biológica • • Meios culturais • Colocar redes de exclusão nas aberturas das estufas; • Colocar armadilhas de Moerick ou outras para captura de afídeos; • Utilizar plantas sãs; • Eliminar as infestantes. Meios biológicos • Largada de auxiliares como Aphidoletes aphidimyza, Chrysopa carnea, Aphidius Colemani 197 Horticultura • Meios químicos • Tratar de preferência com aficidas específicos, respeitando as recomendações do rótulo. 14.6.3. Lagartas de nóctuas – Agrotis spp., Autographa gamma, Helicoverpa armígera, Spodoptera littoralis. Podem causar graves prejuízos ao pimenteiro. A cor das lagartas vai da verde a laranja e castanha. Muitas passam o dia no solo, a 1-2 cm, de profundidade, saindo à noite para se alimentarem na parte aérea da planta. Quando incomodadas, enroscam-se, daí o nome de roscas. Largata nóctuas Passam o Inverno na fase de crisálida ou de ovo, passando na Primavera-Verão à fase de Imago, podendo ter várias gerações. Prejuízos Nas primeiras fases de desenvolvimento, as lagartas roem as folhas. Nos estados mais avançados, as lagartas destroem grandes superfícies de folhas e penetram nos frutos, que roem. Ataques fortes podem causar grandes perdas de produção. Os frutos atacados perdem o valor comercial. Meios de protecção • Meios culturais • Colocar armadilhas com feromonas para detectar o aparecimento das borboletas; • • Colocar redes nas aberturas das estufas; • Fazer rotações de culturas; • Destruir as infestantes. Meios biológicos • Fazer pulverizações com Bacillus thuringiensis contra os primeiros estados das lagartas. 198 Horticultura • Meios químicos • Utilizar insecticidas homologados seguindo as indicações do rótulo. Os tratamentos devem ser feitos quando as lagartas são ainda pequenas. 14.6.4. Larvas mineiras – Liriomyza spp Os adultos são pequenas moscas com cerca de 2 mm de comprimento (os machos geralmente mais pequenos que as fêmeas), escuras, com algumas partes do corpo como o escudeto, amarelas. As fêmeas põem os ovos no parênquima das folhas. As larvas saídas dos ovos vão fazendo uma galeria no interior das folhas à medida que se alimentam. As pupas formam-se no solo ou nas folhas, conforme as espécies. O ciclo completo demora cerca de 17 dias a uma temperatura de 25ºC. Sintoma da larva mineira Larva mineira adulta Prejuízos As picadas de alimentação e de postura e os orifícios de saída das larvas, são portas de entrada para fungos e bactérias. As galerias diminuem a superfície fotossintética. Nos viveiros pode dar-se a destruição das plantas. Ao nível da cultura, pelas razões acima focadas, pode haver uma quebra de produção e diminuição da qualidade dos frutos, se os ataques forem muito fortes. 199 Horticultura Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar plantas sãs; • Colocar redes anti-insectos nas aberturas das estufas; • Destruir as infestantes; • Eliminar as folhas da base infestadas; • Colocar armadilhas cromáticas amarelas para capturas em massa de Redes anti-insectos adultos; • • Solarizar o solo para destruir as pupas; • Fazer rotações de culturas. Meios biológicos • Fazer largadas de auxiliares como por exemplo Dacnusa sibirica e Diglyphus isaea. • Meios químicos • Fazer aplicações de insecticidas homologados, respeitando as recomendações do rótulo. Há insecticidas que actuam só sobre os adultos, enquanto outros actuam sobre as larvas 14.6.5. Tripes – Frankliniella occidentalis; Thrips spp. O tripe da California, Frankliniella occidentalis, tem cerca de 0,9mm (macho) a 1,2mm (fêmea). São de cor amarela no Verão e castanha no Inverno. A fêmea introduz os ovos no parênquima das folhas. Depois de passar por dois estados larvares, dá-se a ninfose no solo, de onde saem os novos adultos. “A 26ºC, o ciclo completo dura 11 a 15 dias, enquanto a 15 15ºC. é de 40 dias” . 15 BOURNIER, Alexandre et Jean-Paul, (1987), ‘’ L’introducion en France dyun nouveau ravagenri: Frankliniella occidentalis’’, Phytoma 388, p. 14-17 200 Horticultura Prejuízos As larvas e os adultos picam os tecidos das plantas sugando o conteúdo das células, originando colorações branco-amareladas. Como prejuízos indirectos, a Frankliniella occidentalis pode transmitir o vírus do bronzeamento do tomateiro, TSWV. Meios de protecção • Meios culturais • Utilizar plantas isentas de insectos e de vírus; • Destruir plantas com sintomas de vírus; • Destruir os restos de cultura; • Colocar redes anti-tripes nas aberturas das estufas; • Colocar armadilhas cromáticas amarelas e azuis, para detecção de adultos e capturas em massa. • Redes anti-tripes Meios biológicos • Largar auxiliares tais como os predadores Orius laevigatus, Ambliseius cucumeris, A. Barkeri. • Meios químicos • Aplicar insecticidas homologados, respeitando as indicações do rótulo; • Fazer tratamentos contra as ninfas do solo. 14.6.6. Nemátodos das galhas – Meloidogyne spp. São espécies que podem causar problemas à cultura do pimento. Os machos são filiformes, com 1 a 1,5mm de comprimento. As fêmeas são globosas, com cerca de 0,5 a 1mm de comprimento. Cada fêmea põe 500 a 1000 ovos próximo da raiz, que podem resistir no solo mais de 2 anos. 201 Horticultura As larvas L1 passam a vida no ovo e as L2, vermiformes, migram para as raízes, onde penetram. Depois de mais dois estados larvares, L3 e L4, transformam-se em adultos machos e fêmeas. As fêmeas continuam com o seu desenvolvimento na raiz, enquanto os machos a abandonam. Os nemátodos podem ser disseminados pela água de rega, pelo vento, por terra agarrada às alfaias agrícolas e por plantas infestadas. Prejuízos • As fêmeas no interior das raízes e a hipertrofia dos tecidos (galhas) provocam a obstrução dos vasos e dificultam a absorção radicular; • As plantas não se desenvolvem, por manchas na cultura; • As feridas provocadas são portas de entrada para fungos e bactérias. Meios de protecção • • Meio culturais • Fazer rotações de culturas; • Destruir as infestantes; • Solarizar o solo; • Evitar transportar terra infestada de um campo para outro. Meios biológicos • • Têm sido utilizados fungos, bactérias e também nemátodos predadores. Meios químicos • Desinfectar o solo. 202 Horticultura 203 Horticultura Módulo 08 Higiene e Segurança no Trabalho 15.1. Introdução O trabalho agrícola na sua generalidade, insere-se num sector de actividade muito diversificado, com inúmeros acidentes de trabalho graves, exigindo dos trabalhadores agrícolas um conjunto de conhecimentos e competências bastante abrangente e exigente para que as pessoas possam desempenhar as suas funções com segurança. Neste sentido, o presente manual pretende a sensibilização, informação e a formação de todos os intervenientes na actividade agrícola, desde os próprios proprietários das explorações agrícolas, passando pelos seus gestores, trabalhadores efectivos, trabalhadores sazonais e mão-de-obra familiar muito característica na região do Entre Douro e Minho. 204 Horticultura 205 Horticultura 15.2. Definição de Conceitos 15.2.1. Acidente de trabalho A noção de acidente de trabalho encontra-se devidamente definida na lei portuguesa, pelo que não deverá enviesar-se do seu cariz legal. Na sua análise, quer para efeitos de investigação quer para efeitos de atribuição de uma eventual indemnização a um acidentado, é a definição constante na Lei n.º 100/97 de 13 de Setembro que servirá de base para a tomada de decisões finais. Ao contrário do que se possa pensar, é um acontecimento que pode ou não provocar no ser humano, directo ou indirectamente, qualquer tipo de lesão, a nível físico, funcional ou até uma doença que origine por exemplo uma diminuição na capacidade de trabalho. Note-se que há doenças profissionais que apenas se manifestam ao fim vários anos após o exercício de determinada actividade. Assim, segundo o art. 6.º da Lei n.º 100/97 de 13 de Setembro, é acidente de trabalho, aquele que se verifique no local e tempo de trabalho e produza directa ou indirectamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte. De salientar que se a lesão física, a alteração funcional ou a doença ocorrer imediatamente ao acidente, presume-se que tal facto seja uma consequência deste, o que não acontece se ocorrer passado já algum tempo, obrigando o sinistrado a ter que fazer prova de que tais danos são consequência do acidente. Dada a abrangência do conceito, há momentos e locais em que ocorrem acidentes de trabalho que, pela sua particularidade e importância, é igualmente oportuno para a actividade agrícola a sua caracterização. Assim, são considerados igualmente acidentes de trabalho, entre outros, aqueles que ocorrerem: • No percurso de ida e volta da residência para a exploração agrícola (caso, esta seja conforme o contrato de trabalho, o local de trabalho); • Na execução de tarefas (mesmo fora da exploração agrícola) de carácter espontâneo, quando estas se traduzem em ganho económico para a entidade patronal; • No próprio local de trabalho, na situação em que o trabalhador agrícola se encontra como formando de uma acção de formação profissional, ou na mesma situação mas fora do local de trabalho desde que com autorização da entidade patronal. 206 Horticultura 15.2.2. E.P.I’s – Equipamentos de protecção individual Entre as variadíssimas definições existentes de equipamento de protecção individual (E. P. I.), concluiu-se que todas elas se “alimentavam” dos mesmos pressupostos. Os E.P.I’s. têm como principal objectivo o controlo dos riscos profissionais em prol da segurança e saúde humanas, uma vez que na maior parte das vezes torna-se quase impossível a sua eliminação na origem. Segundo o Decreto-Lei nº 348/93 de 1 de Outubro, um E.P.I. é todo o equipamento, bem como qualquer complemento ou acessório, destinado a ser utilizado pelo trabalhador para se proteger dos riscos, para a sua segurança e para a sua saúde. Naturalmente que os riscos são as fontes dos acidentes e o seu controlo tendo em vista a protecção individual, poderá ser feita através de vários processos: • Limitação ou eliminação do próprio risco; • Envolvimento do próprio risco; • Afastamento do ser humano; • Protecção do ser humano. A eliminação e o envolvimento do risco, “envolvem medidas que se designam por 16 construtivas ou de engenharia, as quais actuam sobre os meios de trabalho” . A título exemplificativo e para a actividade agrícola, temos por exemplo ao nível da segurança com máquinas agrícolas, o resguardo do veio telescópico de cardans, concebido especialmente para a protecção dos operadores de máquinas agrícolas que no decorrer do seu trabalho têm necessidade de o usar acoplado à tomada de força do tractor. O afastamento do ser humano está intimamente relacionado, por exemplo, com a rotatividade de funções que se poderá operar no seio de uma exploração agrícola. A rotatividade de funções diminuirá assim o risco de exposição a determinado risco. Por exemplo, numa exploração agrícola com vários trabalhadores, que frequentemente tenha que fazer aplicações de produtos fitofarmacêuticos, o ideal é que esta tarefa não seja executada sempre pelo mesmo trabalhador, mas sim alternadamente com os seus colegas de trabalho. 16 MIGUEL, Alberto Sérgio S.R., (1995), ”Manual de Higiene e Segurança do Trabalho”, Porto, Porto Editora, 3.ª Edição. 207 Horticultura A protecção do ser humano é a variante directamente ligada ao uso de equipamentos de protecção individual, que apenas deverá ser adaptado quando não for possível: • A limitação ou eliminação do próprio risco; • O envolvimento do próprio risco; • O afastamento do ser humano. O uso de E.P.I., por mais confortável que seja, causa sempre um certo incómodo, dado que é o ser humano que tem que suportar o seu peso, o seu desconforto (ex: uso de máscaras para a aplicação de produtos fitofarmacêuticos). Tendo em conta a escolha do E.P.I. que garanta mais e melhor segurança ao trabalhador, devem ser tomados em consideração dois aspectos relativos: • À selecção; • À certificação. Na selecção deverão ser considerados os seguintes aspectos: • Os riscos inerentes à exposição do trabalhador; • As partes do corpo humano a proteger; • A morfologia do trabalhador exposto; • As condições de trabalho proporcionadas ao trabalhador. Na certificação deve ter-se em conta a marca de conformidade “CE”. Esta é a sigla colocada nos E.P.I., máquinas e instrumentos de trabalho que garante ao consumidor/utilizador a conformidade com a Directiva Comunitária n.º 89/686/CE, do Conselho, de 21 de Dezembro, transportada para a ordem jurídica interna pelo Decreto-Lei n.º 128/93 de 22 de Abril. Ainda relativamente à marca “CE”, todo e qualquer trabalhador aquando da aquisição de qualquer equipamento de protecção individual e respectivos acessórios, deverá assim ter em conta que a mesma, e segundo a Portaria nº 1131/93 de 4 de Novembro, deve ser aposta pelo fabricante em cada E.P.I. na embalagem, de modo visível, legível e indelével ao longo do seu tempo de vida previsível. A marca CE é constituída pela sigla “CE”, seguida dos dois últimos algarismos do ano durante o qual foi aposta e, no caso de ter havido lugar a exame CE de tipo, acrescentada do número distintivo atribuído ao organismo que efectuou esse exame. Assim, é fundamental que aquando da aquisição de um E.P.I., todo o consumidor esteja atento às menções da sigla “CE” em todos os equipamentos de protecção individual e 208 Horticultura respectivos acessórios, caso contrário é sinal de que o E.P.I. não se encontra em condições de garantir a segurança e saúde desejadas. Na actividade agrícola, existe um conjunto de equipamentos de protecção individual que deverá ser levado em consideração na execução dos respectivos trabalhos agrícolas. Dentro desse conjunto, irá proceder-se à enumeração dos E.P.I.’s normalmente mais utilizados na actividade do horticultor, assim como as respectivas zonas de protecção para os quais são concebidos: EQUIPAMENTO PROTECÇÃO INDIVIDUAL Capacete. Chapéu/Boné. Óculos ou viseira. Máscara apropriadas ao produto utilizado. Kit de protecção integral para toda a zona da cabeça. Fatos de trabalho impermeáveis e adequados. Luvas resistentes não impermeáveis (ex: cabedal). Luvas impermeáveis (ex: borracha). Botas de biqueira de aço. Botas de borracha. Supressores de ruído: tapa orelhas; tampões; fibra de vidro. PROTECÇÃO Da cabeça contra quedas do ser humano e quedas de objectos... Da cabeça contra radiações solares, produtos perigosos... Dos olhos contra produtos perigosos, (sólidos, líquidos ou gasosos)... Das vias respiratórias (corpo humano em geral)... Da cabeça, olhos, vias respiratórias, em simultâneo... Do corpo humano em geral para trabalhos com uso de produtos perigosos (ex: produtos fitofarmacêuticos)... Das mãos e para trabalhos não húmidos... Das mãos e para trabalhos húmidos com produtos perigosos (ex: produtos fitofarmacêuticos)... Dos pés (ex: queda de objectos/instrumentos)... Dos pés/pernas (ex: trabalhos em locais húmidos)... Dos ouvidos (ex: trabalho com tractor ou moto cultivador)... 15.2.3. Segurança no trabalho A segurança no trabalho em qualquer exploração agrícola depende em primeiro lugar do comprometimento por parte dos seus administradores/proprietários, em assumirem a implementação de uma política de segurança para a sua exploração agrícola. 209 Horticultura Uma política de segurança no interior de uma exploração agrícola terá que ter objectivos definidos e muito claros, nomeadamente os relacionados com a própria actividade agrícola, devendo: • “Ser apropriada à natureza e gravidade dos riscos, para a segurança e saúde, da empresa; • Incluir um compromisso e intenção de melhoria contínua do sistema; • Mostrar inequívoca vontade de cumprir, no mínimo, a legislação de Segurança e Saúde em vigor e outras normas específicas aplicáveis; • Ser documentada, implementada e sustentada; • Possuir um sistema de informação aos trabalhadores para que estes fiquem cientes, não só das suas obrigações individuais, mas dos objectivos da empresa e dos perigos/riscos a que estão sujeitos; • Ser acessível a todos os actores; • Possuir um mecanismo de revisão periódica de forma a mostrar toda a sua 17 relevância e adequação aos objectivos da empresa” . É obvio que toda e qualquer política de segurança, deverá iniciar-se pelo administrador da exploração agrícola e ir-se implementado no sentido descendente até ao próprio operador hortícola (trabalhadores agrícolas que actuam directamente nas várias fases da produção hortícola) a fim de poder ser sentida, comungada e participada por todos os trabalhadores e se possível conjugá-la com outras políticas, como por exemplo, entre outras, a da qualidade, produção, ambiente, recursos humanos. Um ponto igualmente importante no aspecto da segurança de uma exploração agrícola, é o da sinalização de segurança, por exemplo, relativamente a: 17 • Sinais de obrigação; • Símbolos de perigo; • Sinais de perigo para armazenagem e transporte de materiais perigosos; • Sinais para identificação de tubagens; • Sinais para depósitos de combustível; • Sinais de equipamento de luta contra incêndios; • Sinais de advertência de perigo. GONÇALVES, Sérgio, (S. d.), Segurança, Higiene e Saúde no trabalho (SHST), Manual de Procedimentos para PME’s (Avaliação de Riscos), Braga, Associação Industrial do Minho. 210 Horticultura Quando se visita uma exploração agrícola, o mais comum é deparamo-nos com uma ausência total, ou quase total, de sistemas de sinalização relacionados com a actividade em causa, sem se saber bem o porquê, dado ser uma das actividades com maiores índices de sinistralidade. A título informativo podem citar-se algumas referências legais do nosso regime jurídico português relativa à sinalização de segurança nos locais de trabalho: • Decreto-Lei n.º 141/95 de 14 de Junho, que estabelece as prescrições mínimas para a sinalização de segurança e de saúde no trabalho; • Portaria n.º 1456-A/95 de 11 de Dezembro, que regulamenta as prescrições mínimas de colocação e utilização da sinalização de segurança e de saúde no trabalho. Revoga a Portaria n.º 434/83, de 15 de Abril. A organização do espaço do local de trabalho numa exploração agrícola é como que a “chave” do sucesso para a segurança, higiene e saúde do trabalhador agrícola. A organização do trabalho agrícola e a sua determinação, “decorrem nomeadamente: • Da própria natureza do trabalho (diversidade das tarefas); • Das condições climatéricas e dos ciclos produtivos (tempos, tipos e ritmos de trabalho); • Do afastamento dos locais do exercício do trabalho face à casa de habitação ou sede da exploração agrícola; • Do isolamento do agricultor; • Da diversidade dos produtos, equipamentos e ferramentas utilizados no trabalho; • Da sazonalidade das necessidades de mão-de-obra.” 18 Uma política/estratégia de segurança nas explorações agrícolas/hortícolas deve ser sempre orientada para: 18 • As pessoas; • As instalações; • O meio envolvente; • O sector produtivo; • A qualidade do produto; PORTUGAL, Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho, (Junho 98), “Campanha de Prevenção de Riscos Profissionais na Agricultura”, Jornal n.º 4, S.L., S. Ed.. 211 Horticultura • Formação profissional; • Eficácia da produtividade; • A prevenção dos riscos profissionais; • A organização do trabalho. Deve ser necessariamente apadrinhada pelos seus proprietários e por todos os seus colaboradores, quer internos quer externos, como um investimento em prol do desenvolvimento da sua exploração e porque não do seu meio envolvente, e não como um custo ou uma obrigação legal. Mais segurança, mais higiene, mais saúde, mais satisfação, mais motivação, mais produção e melhor ambiente será a sequência lógica de um conselho a dar a todos responsáveis das explorações agrícolas portuguesas, independentemente da sua dimensão. 15.2.4. Higiene no trabalho Este conceito não se pode dissociar de tantos outros tal como prevenção, segurança e saúde, dado a relação que entre eles estabelecem relativamente ao objectivo que pretendem alcançar, o de garantir as melhores condições de trabalho possíveis tendo em conta o nível de saúde dos trabalhadores e a performance das explorações agrícolas. O senso comum diz-nos normalmente que higiene está associado a actos de limpeza. Por exemplo, lavar as mãos depois de utilizar um produto fitofarmacêutico (mesmo quando manipulado com luvas), é efectivamente um acto de limpeza. Mas, tendo em conta um bom nível de saúde, será suficiente a simples lavagem das mãos quando se manipula um produto fitofarmacêutico? Obviamente que não e tal facto poderá ser comprovado no ponto 6 deste manual. O uso de um equipamento de protecção individual poderá considerar-se por si só uma medida de higiene, medida esta que tem sempre como objectivo primeiro o evitar o risco. Tendo em conta a interligação dos conceitos de higiene, saúde, prevenção e segurança, podemos considerar que a higiene do trabalho se propõe “combater, também dum ponto de vista não médico, as doenças profissionais, identificando os factores que podem afectar o ambiente do trabalho e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais 212 Horticultura (condições inseguras de trabalho que podem afectar a saúde, segurança e bem estar do 19 trabalhador).” Assim, podem considerar-se englobados no conceito de higiene do trabalho, entre outras, as seguintes vertentes: • Princípios gerais de higiene nos locais de trabalho; • Noções relativas à toxicidade dos produtos utilizados na execução do trabalho (ex: produtos fitofarmacêuticos); • Desenvolvimento de métodos e técnicas de avaliação e controlo da exposição aos seguintes agentes: • Físicos (ex: o ruído das máquinas e alfaias agrícolas); • Ambiente térmico (ex: a temperatura no interior das estufas e o trabalho exposto às radiações solares); • Vibrações (ex: máquinas e alfaias agrícolas); • Químicos (ex: produtos fitofarmacêuticos); • Afinação de máquinas (ex: distribuidor de adubos); • Engate de alfaias agrícolas (ex: semeadores). Assim, poderá concluir-se que para se alcançarem níveis elevados de higiene, saúde e segurança no mundo do trabalho, há que antecipar, reconhecer, avaliar e controlar os “perigos ou tensões advindas ou provocadas pelo local de trabalho, as quais possam produzir doença, a destruição da saúde ou do bem-estar ou desconforto significativo entre os 20 trabalhadores ou entre os trabalhadores da comunidade (factores ambientais). 19 GESTLUZ, Consultores de Gestão LDA, (2002), Manual de Formação: Higiene e Segurança no trabalho, Porto, S. L., S. Ed.. 20 MENAIA, Nuno, et al, (2001), Lanifícios: manual de prevenção dos riscos, Porto, Edição Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho, S. L., S. Ed. 213 Horticultura 15.2.5. Saúde Há já uns anos atrás, ter-se saúde era sinónimo de ausência de doença. No entanto, a evolução da própria ciência médica vem-nos demonstrando que na realidade as coisas não se passam bem assim. Por exemplo, uma pessoa que não esteja bem fisicamente, não significa que tenha contraído uma doença, ou vice-versa. Segundo a organização mundial de saúde, o conceito de saúde está interrelacionado com três aspectos fundamentais a saber: • O bem-estar físico; • O bem-estar mental; • O bem-estar social. Também o facto de o ser humano se sentir bem fisicamente não significa necessariamente que tenha saúde, assim como se ele se sentir bem apenas mental ou socialmente. Ter saúde implica que o ser humano se sinta bem em simultâneo nos aspectos físicos, mental e social. Não nos esqueçamos que o homem é um ser social, que vive em sociedade e como tal é imperioso que se sinta socialmente integrado. A saúde no trabalho, devemos entende-la num sentido mais lato, relacionando-a com alguns aspectos do próprio trabalho tais como: • produtividade; • bem-estar permanente; • satisfação; • responsabilidade; • recurso.... Assim e nesta perspectiva, pode entender-se a saúde como um factor determinante na produtividade das explorações agrícolas/hortícolas, sempre associada a um “bem-estar geral”. É a ela que se pode recorrer quando necessitamos de “força” para enfrentar desafios e responsabilidade no mundo que nos rodeia, funcionando assim primeiramente como um recurso e só depois como uma finalidade em si mesma. Por fim, não nos podemos esquecer dos conceitos já abordados anteriormente, nomeadamente acidente de trabalho, equipamentos de protecção individual, segurança no trabalho e higiene no trabalho, conceitos estes que se encontram intimamente interligados ao 214 Horticultura conceito de saúde. É através da sensibilização dos trabalhadores para estes conceitos que se poderá alcançar um nível de saúde mais elevado. 215 Horticultura 15.3. Caracterização do Trabalho Agrícola O trabalho agrícola ao contrário de muitos outros (ex. indústria e serviços), é um trabalho com características muito especificas e muito diversificadas, sendo estas as duas características que o tornam efectivamente muito peculiar. No que respeita à actividade hortícola, e à agrícola em geral, podem enumerar-se alguns riscos inerentes à sua particularidade: • Utilização de tractores, máquinas e ferramentas agrícolas; • Utilização de substâncias químicas (ex. produtos fitofarmacêuticos); • Movimentação manual de cargas (ex. colheita, transporte e armazenamento de produtos hortícolas); • Biológicos. Não é propósito neste ponto abordar profundamente os riscos inerentes à actividade agrícola, dado os mesmos serem objecto de análise/caracterização no ponto 7 deste manual. 15.3.1. Especificidade/Diversidade do Trabalho Agrícola O binómio especificidade/diversidade é efectivamente um factor muito desfavorável no que toca à organização segura da actividade agrícola. Um agricultor detentor de uma exploração agrícola, terá obrigatoriamente de desempenhar no seu dia-a-dia variadíssimas tarefas sendo estas na sua maioria de natureza diferente, como por exemplo: • Conduzir tractores com atrelado; • Conduzir tractores com alfaias; • Lidar com produtos químicos – ex. produtos fitofarmacêuticos; • Realizar sementeiras; • Realizar plantações; • Utilizar com um manancial de ferramentas típicas da actividade agrícola (ex. tesouras, martelos, chaves de fendas); • Executar tarefas de manutenção rotineiras (ex. electricidade, carpintaria, pintor, trolha, picheleiro, serralheiro); • Efectuar regas; • Proceder à colheita dos produtos; 216 Horticultura • Realizar podas; • Proceder ao transporte das colheitas. Toda esta diversidade funcional, obriga o agricultor a dominar seriamente os riscos inerentes a cada uma delas, caso contrário o seu risco de exposição torna-se muito elevado e, consequentemente, a probabilidade de ocorrência de acidente também aumenta. Há factores inerentes à actividade agrícola que potenciam o aparecimento do acidente aquando a execução do próprio trabalho. Entre os mais relevantes destacam-se os seguintes: • Normalmente a residência do agricultor insere-se na zona de implantação geográfica da exploração, o que faz com que todas as pessoas que nela circulem se encontrem expostas aos riscos decorrentes da actividade agrícola (ex: familiares); • A sazonalidade típica das culturas hortícolas, e a própria exigência do mercado, obriga a que o agricultor em períodos de maior azafama contrate ao exterior mão-deobra ocasional, muitas vezes sem conhecimento dos riscos inerentes às tarefas a desempenhar e respectivas medidas de prevenção; • A profissão de agricultor, exercida na sua maioria por conta própria, obriga a que muitas das tarefas próprias da actividade tenham que ser executadas isoladamente (ex: condução de tractor; aplicação de produtos fitofarmacêuticos), o que numa situação de acidente atrasa/dificulta a intervenção de alguém que possa socorrer o sinistrado; • As condições climatéricas, tanto para as sementeiras como para as colheitas, quando se afiguram desfavoráveis, obrigam o agricultor a aumentar e muito o seu ritmo de trabalho e o dos seus trabalhadores, provocando assim maior desgaste físico e desconcentração no trabalho; • O uso de produtos fitofarmacêuticos ainda com doses de toxicidade elevadas, exigem medidas rigorosas de protecção individual e do meio envolvente, dado que não é só o aplicador que se encontra exposto aos respectivos riscos; • A idade avançada que caracteriza muitos dos agricultores portugueses, faz com se encontrem muitas vezes jovens de tenra idade a executar tarefas que lhes são inadequadas devido à sua exigência física e psicológica; 217 Horticultura • A diversidade de posturas aliada à diversidade de tarefas e o esforço físico a que estão sujeitos os agricultores; • A existência de um vasto parque de máquinas e alfaias agrícolas aliada à gama de modelos existentes no mercado, aumenta os níveis de exposição aos riscos com máquinas; • Muitas explorações agrícolas portuguesas, senão a maior parte, apresentam uma dispersão geográfica considerável, o que faz com que os meios de produção tenham que estar muito dispersos, dificultando assim a própria organização do trabalho, incluindo a organização dos serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho; • O trabalho ao ar livre tão característico da actividade agrícola, por vezes tem que ser desempenhado em condições climáticas bastante adversas como por exemplo à chuva, ao vento, ao sol e ao frio, o que pode favorecer o aparecimento de queimaduras, cancro de pele, manchas na pele, gripes e constipações; • A necessidade de se concluir um trabalho (ex: sementeira) aproveitando as boas condições climatéricas, faz com que muitas vezes não seja efectuada a devida manutenção às máquinas, alfaias e instrumentos de trabalho agrícola. A par de todos estes factores não podemos esquecer um muito importante específico da actividade do agricultor, o facto de ter que trabalhar muitas horas dentro de uma estufa. É efectivamente um factor que potencia o aparecimento do risco de acidente de trabalho, atendendo que: • As estufas, e principalmente no verão, atingem temperaturas muito elevadas (superiores a 40ºC), o que para o ser humano torna o trabalho demasiado desgastante, podendo levar inclusive à desidratação pelo excesso de transpiração; • Há tratamentos de plantas que têm que ser efectuados no interior das estufas e com estas fechadas, o que aumenta e muito o risco de intoxicação, caso não sejam tomadas as medidas de prevenção adequadas (uso de equipamento de protecção individual completo adequado ao produto, ao modo e condições de aplicação); • O próprio espaço confinado ao interior da estufa, condiciona o trabalhador a posturas (aquando da plantação/sementeira, manutenção, colheita e transporte dos produtos) 218 Horticultura por vezes incorrectas e causadoras de dores musculares, nas costas/coluna vertebral (zona lombar); • O índice de luminosidade no interior de uma estufa, por norma, é sempre inferior à luz do dia, e conforme nos aproximamos do final do dia, esse índice diminui drasticamente, o que exige do trabalhador um esforço complementar a fim de manter uma certa acuidade visual para o desempenho das suas tarefas. 15.3.1.1. A exposição solar no trabalho agrícola O trabalho agrícola pela sua natureza, exige que muitas vezes tenha quer ser efectuado em condições de temperatura desfavoráveis, nomeadamente a exposição ao sol. É sabido que este é a causa da esmagadora maioria dos cancros de pele detectados no ser humano. O trabalho agrícola quando executado ao sol, faz com que as radiações ultra-violetas se acumulem na pele, podendo causar assim lesões graves, inclusive a morte. Assim, e a fim de se proteger contra as radiações ultra-violetas emitidas pelo sol, o trabalhador agrícola deverá tomar algumas medidas de precaução como por exemplo: • “Use regularmente um filtro solar de protecção 15 ou mais e resistente à água e transpiração; • Use um chapéu de abas largas e a nuca protegida; • Use roupa de algodão, lã (fibras naturais) sem decotes e com mangas; • Use óculos de sol com filtragem de ultra violetas; • Beba muitos líquidos ao longo do dia; • Evite trabalhar ao sol entre as 11 e as 15 horas; • Certos medicamentos (antibióticos, diuréticos, hipotensores) associados à exposição 21 ao sol, podem desencadear reacções alérgicas graves.” 21 Portugal, Comissão Nacional do Ano Europeu da Segurança, (1992), O Trabalho Agrícola e a Exposição ao Sol, Higiene e Saúde no Local de Trabalho, S. L., S. Ed. 219 Horticultura O sol, como é sabido, é muito importante tanto para a própria vida do ser humano como para a actividade agrícola propriamente dita. No entanto, quando em excesso, pode provocar sérios danos no ser humano, assim como: • “Envelhecimento prematuro da pele; • Perda de elasticidade da pele; • Manchas escuras; • Veias dilatadas; • Rugas profundas, a chamada «nuca de pescador»; • Alergias; • Cancro da pele.” 22 A título exemplificativo e com o objectivo de sensibilizar, chocar e alertar os agricultores relativamente a algumas das consequências graves da exposição solar, ilustram-se as seguintes lesões/doenças: Pele de agricultor com foto-envelhecimento Queratoses Actínideas. Lesões pré-malignas 22 Portugal, Comissão Nacional do Ano Europeu da Segurança, Higiene e Saúde no Local de Trabalho, (1992), O Trabalho Agrícola e a Exposição ao Sol, S. L., S. Ed. 220 Horticultura Carcinoma Baso-celular ou Basalioma Carcinoma Espino-celular Melanoma”23 15.3.2. Sinistralidade e as doenças profissionais A estrutura das explorações agrícolas portuguesas caracteriza-se por ser na sua maioria de pequena dimensão, por implementar uma rotatividade de mão-de-obra com índices elevados e isto devido à sazonalidade da própria actividade, pelo uso frequente de mão-de-obra familiar, o que condiciona a contratação de trabalhadores agrícolas devidamente qualificados. 23 Portugal, Comissão Nacional do Ano Europeu da Segurança, Higiene e Saúde no Local de Trabalho, (1992), O Trabalho Agrícola e a Exposição ao Sol, S. L., S. Ed. 221 Horticultura As estatísticas oficiais portuguesas 24 relativas ao ano de 2001 no grupo profissional “Agricultura e trabalhadores qualificados agricultura e pescas” foram as seguintes: Total de acidentes Acidentes mortais Total Homens Mulheres Ignorado Total Homens Mulheres 7 847 6 226 1 611 10 29 27 2 É de notar que os dados estatísticos relativos aos acidentes na actividade agrícola são dotados de um certo grau de subjectividade dada a realidade da situação sócio-profissional do trabalhador agrícola, do empresário agrícola, da mão-de-obra familiar agrícola e até dos trabalhadores agrícolas sazonais. Há que lembrar que, ao contrário de outros sectores de actividade, uma significativa percentagem das pessoas que trabalham na agricultura, fazemno por conta própria o que numa situação de acidente, só em último caso é que os próprios fornecem às entidades oficiais informação de que sofreram um “acidente de trabalho”, daí que estes resultados pudessem ser ainda mais expressivos. Para a maior parte destes dados existe uma infinidade de causas relacionadas com a actividade agrícola no seu sentido mais lato. No entanto e nomeadamente na actividade agrícola, constatam-se uma série de factores causadores/provocadores de acidentes de trabalho e de doenças profissionais, e que se relacionam especificamente com: 24 • O manuseamento e manutenção de máquinas e tractores agrícolas; • O uso e manutenção de alfaias agrícolas; • A manipulação e aplicação de produtos químicos; • As condições climatéricas adversas como a exposição ao sol e o interior das estufas; • A movimentação manual de cargas. Portugal, Direcção-Geral de Estudos, Estatística e Planeamento (DGEEP), (Novembro 2004), Boletim Estatístico, ISSN: 0873-4682, S. L., S. Ed.. 222 Horticultura 223 Horticultura 15.4. Movimentação Manual de Cargas 15.4.1. Conceito N o seguimento da definição da Directiva 90/269/CEE do Conselho, de 29 de Maio de 1990, a movimentação manual de cargas, consiste num acto de transportar ou sustentar uma qualquer carga por um ou vários trabalhadores. O transporte e a sustentação caracterizam-se por tarefas de: • puxar; • deslocar; • empurrar; • levantar; • colocar. Todas, ao serem executadas em condições ergonomicamente desfavoráveis, aumentam a probabilidade de ocorrência de riscos dorso-lombares. 15.4.2. Precauções gerais Como medidas gerais e diferenciadas de prevenção de riscos no trabalho agrícola, deverão os empresários agrícolas responsáveis pelas explorações agrícolas, proceder do seguinte modo: • Organizar o trabalho de sustentação e transporte de cargas nas suas explorações pelos meios mais adequados, isto é, procurar utilizar equipamentos mecânicos em detrimento da movimentação manual; • Formar, informar e sensibilizar todos os trabalhadores e demais pessoas que participam nos trabalhos agrícolas, sobre os procedimentos e as posturas a adoptar na movimentação manual de cargas, isto apenas quando não for possível por vias mecânicas; 224 Horticultura • Proceder a uma avaliação constante às características da carga a transportar manualmente, tendo em conta o estipulado no Decreto-Lei 330/93 de 25 de Setembro: • “Carga demasiado pesada – superior a 30 kg em operações ocasionais e superiores a 20 kg em operações frequentes; • Carga muito volumosa ou difícil de agarrar; • Carga em equilíbrio instável ou com conteúdo sujeito a deslocações; • Carga colocada de tal modo que deve ser mantida ou manipulada à distância do tronco, ou com flexão ou torção do tronco; • Carga susceptível, devido ao seu aspecto exterior e à sua consistência, de provocar lesões no trabalhador, nomeadamente em caso de choque. 15.4.3. Regras básicas Na movimentação manual de cargas devem observar-se determinadas regras que são fundamentais para que todo o trabalhador actue de modo preventivo relativamente aos riscos associados às respectivas tarefa. Assim, devem ser respeitadas as seguintes regras e medidas de prevenção: • Manter a coluna vertebral o mais direita possível; • Separar os pés, aproximadamente 50 centímetros um do outro a fim de manter um equilíbrio estável; • A carga a movimentar deverá aproximar-se o mais possível do corpo (coluna vertebral); • Ao agarrar uma carga do chão, as pernas/joelhos deverão flectir-se a fim de não obrigar à “dobra” da coluna vertebral; • Nunca rodar/girar o corpo com cargas significativas em suspensão; • Pedir sempre ajuda quando as dimensões da carga não permitem um transporte/movimentação correcta, independentemente do peso; • Não levantar/movimentar uma carga acima do nível da cintura apenas num só movimento; • Colocar e manter os braços junto ao corpo e bem esticados; • Usar o peso do corpo a fim de facilitar as tarefas de empurrar e deslocar cargas; • Apoiar os dois pés firmemente e com calçado adequado. 225 Horticultura Por fim convém lembrar que: • As cargas excessivas são a causa mais significativa no que respeita às lesões da coluna vertebral; • Apenas deverá movimentar/transportar uma carga se adoptar uma correcta posição da coluna vertebral; • As más posturas podem ocasionar deformações ou lesões irreversíveis na coluna vertebral. 15.4.4. Economia de esforço A execução de tarefas manuais com cargas exige naturalmente do ser humano um desgaste físico considerável, por vezes elevado, o que nos leva a pensar que quanto mais esforço economizarmos, mais energias temos para fazer face ao trabalho que temos para executar no nosso dia-a-dia. Assim, na sequência das regras já enunciadas, e afim de reduzir o carácter penoso do trabalho, há princípios que pela sua natureza conduzem a uma significativa economia de esforço que convém relembrar: • Transportar/movimentar cargas, no eixo do dorso humano • • ex: transportar um cesto de legumes; Controlar o ritmo do esforço humano • ex: passar um dia/dias a transportar cestos de produtos de uma estufa para o armazém; • Coordenar as tarefas no trabalho colectivo • • Utilizar o peso do corpo • • ex: colocar sacos de adubos às costas; ex: empurrar carrinhos de cargas num armazém; Velocidade/ritmo em que o ser humano se coloca debaixo da carga • ex: colocar um saco de cebolas nos ombros. 226 Horticultura 15.4.5. Pressupostos da Segurança A movimentação manual de cargas, comporta uma série de riscos para a segurança do ser humano que apenas poderão ser salvaguardados se atender a alguns princípios básicos. Assim, e igualmente na sequência das regras já enunciadas há princípios que pela sua natureza conduzem a situações de maior segurança e que convém relembrar: • Manter sempre o dorso direito • ex: ao levantar uma embalagem de alface do chão, não se deve curvar a coluna vertebral; • Antes de iniciar a tarefa, deve procurar-se o melhor equilíbrio do corpo/carga • ex: colocar os pés, um à frente do outro (respeitando a separação entre eles) quando procede ao levantamento do chão de uma caixa de cenouras; • Colocar-se o mais possível junto à carga • • ex: ao pegar numa embalagem de legumes colocada num empilhador; Utilizar a força das pernas • ex: ao colocar um saco de cebolas ao ombro vindo do chão, o movimento não deve ser efectuado de uma só vez, deve sim partir do chão para as pernas e só depois para o ombro; • Os braços devem manter-se bem estendidos e ao longo do dorso • ex: ao transportar uma caixa de legumes. Note-se que a movimentação manual de cargas é das principais causas das lesões e doenças músculo-esqueléticas verificadas no dia-a-dia de qualquer actividade profissional, provocando assim um número elevado de ausências no trabalho. 227 Horticultura 15.4.6. Ilustrações25 25 Portugal, Comissão Nacional do Ano Europeu da Segurança, Higiene e Saúde no Local de Trabalho, + (1992), Os 10 da Segurança na Movimentação Manual de Cargas, S. L., S. Ed.. 228 Horticultura 229 Horticultura 15.5. Segurança com Máquinas Agrícolas A introdução inevitável da mecanização na actividade agrícola teve ao longo da sua história dois objectivos fundamentais: • O aumento da produtividade das explorações agrícolas/hortícolas; • Diminuição do carácter penoso do trabalho agrícola. Como corolário desta “revolução”, aumentaram significativamente os riscos inerentes à actividade agrícola, relativamente ao próprio trabalhador, a todos aqueles que lhe são próximos, assim como ao meio ambiente. É propósito neste ponto, proceder-se a uma abordagem de algumas máquinas, alfaias e equipamentos mais utilizados na actividade agrícola, e consequentemente a descrição genérica dos riscos e medidas de prevenção a tomar aquando do seu uso. A segurança no decorrer da utilização das máquinas e alfaias agrícolas, é muitas vezes afectada pelo próprio operador de máquinas, dado por exemplo o não cumprimento das algumas regras básicas de segurança contidas nos manuais de instrução dos fabricantes. 15.5.1. A mecanização na actividade hortícola A actividade hortícola organiza-se normalmente em quatro grandes “actividades”: • A preparação do terreno para a instalação da cultura; • A instalação da cultura; • A manutenção da cultura; • A colheita, normalização e acondicionamento dos produtos. A preparação do terreno exige um trabalhador com competências para: • conduzir um tractor com atrelado (possuir curso de Operadores de Máquinas Agrícolas) e proceder às respectivas tarefas de manutenção; • efectuar operações com um tractor e alfaias (possuir curso de Operadores de Máquinas Agrícolas), a fim de efectuar, entre outros, trabalhos de mobilização, fertilização e desinfecção de terrenos. 230 Horticultura Na instalação da cultura, o trabalhador terá que proceder à planificação e à execução propriamente dita da sementeira/plantação, exigindo competências para: • proceder a mobilizações de terrenos; • drenar o terreno; • desinfectar, armar o terreno e aplicar o herbicida; • semear/plantar e instalar o abrigo. Quanto à manutenção da cultura, o trabalhador tem a seu cargo tarefas relacionadas com a protecção sanitária das culturas e a manutenção propriamente dita, exigindo competências para: • manipular o equipamento/máquina (ex: pulverizadores) necessário na protecção fitossanitária; • manipular o equipamento/máquina necessários na execução das fertilizações e na aplicação de adubos. Na fase da colheita, normalização e acondicionamento dos produtos, o trabalhador terá que ter competências para o uso de máquinas e equipamentos relacionados especificamente com: • a colheita; • a normalização; • o acondicionamento. Face ao exposto, facilmente se constata que a actividade hortícola tem forçosamente que utilizar um conjunto de máquinas e equipamentos agrícolas, tendo em conta a sua importância na rentabilidade das explorações agrícolas. Dada a variadíssima gama de marcas e modelos existentes no mercado, irá proceder-se apenas a uma abordagem a algumas máquinas e alfaias agrícolas, utensílios e ferramentas entre as mais utilizados na actividade hortícola, como por exemplo: • tractor; • moto cultivadores; • alfaias de mobilização de solo: • charrua; • grade de discos; • fresa; • escarificador; • abre regos; 231 Horticultura • distribuidores de fertilizantes, adubos e correctivos; • plantadores; • semeadores; • máquinas tratamento fitossanitário: • pulverizadores acoplados ao tractor; • pulverizadores de dorso; • pulverizadores de jacto projectado; • pulverizadores de jacto transportado; • atomizadores ou pulverizadores pneumáticos; • nebulizadores; • termo-nebulizadores; • máquinas de colheita; • máquinas de normalização/calibração; • máquinas de elevação de cargas. 15.5.2. Princípios gerais de segurança com máquinas A aquisição de máquinas agrícolas na sua generalidade, não deve ser feito à margem de certos pressupostos de segurança que se deverão ter sempre em conta aquando da utilização e manutenção de qualquer máquina. Assim, há que relembrar o seguinte: • As máquinas só devem ser compradas se se encontrarem devidamente homologadas (ter o respectivo certificado de homologação) pelas autoridades competentes; • Na compra de uma máquina nova ou em segunda mão, deve exigir-se sempre ao vendedor o documento comprovativo relativamente à homologação da máquina; • Ao utilizar uma máquina, deve respeitar-se sempre as várias instruções dados pelo fabricante; • Os dispositivos e sinais relativos à segurança de uma máquina, nunca devem ser retirados, alterados nem ocultados; 232 Horticultura • Aquando da reparação ou manutenção de uma máquina, deve ter-se sempre em atenção o seguinte: • • “a máquina deve estar em plano e bem calçada • os órgãos suspensos devem estar bem escorados • seguir as instruções do fabricante • reparar apenas aquilo que sabe • utilizar sempre peças legítimas • não forçar o material • trabalhar sempre com luvas” ; 26 Quando usar máquinas eléctricas, a sua potência não deve ser alterada e devem ser sempre acondicionadas em locais secos; • Nas máquinas auto motrizes, deve usar-se sempre o equipamento de protecção individual recomendado, assim como zelar pelo bom estado de conservação dos dispositivos de segurança e protecção da máquina; • Em máquinas vibratórias, a respectiva protecção individual é fundamental, os pavimentos do local de trabalho devem garantir estabilidade e devem fazer-se pausas para evitar o entorpecimento; • • Na manipulação/uso das máquinas deve evitar-se sem condicionalismo algum: • ”subir ou descer com a máquina em movimento • passar pela frente duma máquina em movimento • ultrapassar os limites de resistência da máquina • trabalhar aos regimes máximos – siga as instruções do fabricante” ; 27 Quando parar uma máquina em plano inclinado, deve ter-se o cuidado de a calçar muito bem e de a deixar bem travada; 26 Portugal, Comissão Nacional do Ano Europeu da Segurança, Higiene e Saúde no Local de Trabalho, + (1992), Os 10 da Segurança na Movimentação Manual de Cargas, S. L., S. Ed.. 27 Portugal, Comissão Nacional do Ano Europeu da Segurança, Higiene e Saúde no Local de Trabalho, + (1992), Os 10 da Segurança na Movimentação Manual de Cargas, S. L., S. Ed.. 233 Horticultura • Sempre que o manual de instruções de uma máquina chame atenção para a necessidade de uso do equipamento de protecção individual, deve ter atenção para alguns pormenores, nomeadamente: • os cabelos quando compridos nunca devem andar soltos; • as roupas nunca devem ser largas, mas sim justas ao corpo de modo a não dificultar os movimentos; • o uso de peças de vestuário ao pescoço tem que ser evitado, como por exemplo um cachecol; • conforme a máquina, o trabalho que for executar e as condições de execução do mesmo, tenha a atenção à necessidade de uso de alguns equipamentos de protecção individual como por exemplo luvas, botas, auriculares, boné, capacete, óculos, fatos. Certamente que este conjunto de pressupostos poderia estender-se muito mais, mas os enumerados, se devidamente respeitados por quem manipula com máquinas agrícolas (e não só), certamente que contribuiriam e muito para a diminuição do índice de sinistralidade no sector agrícola e consequentemente para o aumento da higiene, segurança e saúde no trabalho agrícola. 15.5.3. Segurança com o tractor agrícola No conjunto das máquinas agrícolas, o tractor pode considerar-se uma máquina de importância vital para a actividade agrícola, dada a sua multi-funcionalidade na produção de qualquer cultura, desde a preparação do terreno, passando pela instalação (ex: sementeiras) e manutenção (ex: aplicação de fertilizantes e produtos fitofarmacêuticos) da cultura, culminando inclusive na recolha e transporte dos produtos. É de salientar que muito do que se irá dizer sobre o tractor agrícola, terá certamente aplicabilidade aquando da utilização de outras máquinas agrícolas. Hoje em dia pode dizer-se que o tractor agrícola é concebido sob as mais exigentes regras de segurança existentes no mercado mundial, caso contrário jamais qualquer marca produtora de tractores vingaria no mercado. Primeiramente chama-se a atenção para que só deve conduzir um tractor quem se encontrar devidamente habilitado para tal, isto é, possuir carta de tractorista (curso de O.M.A.Operadores de Máquinas Agrícolas) e sentir-se com competência para tal. 234 Horticultura Assim, um condutor exemplar terá que ser acima de tudo, uma pessoa responsável e com competência para: • “utilizar o seu tractor apenas em trabalhos para os quais ele está adaptado; • fazer as verificações de pré-emprego indicadas no manual de instruções; • afastar os riscos de incêndio ou de explosão com os combustíveis, na altura do abastecimento; • seguir o procedimento recomendado para o arranque e paragem do tractor; • ter um cuidado especial durante cada operação com o tractor, para evitar os acidentes; • mostrar uma atenção particular quando o tractor puxa um reboque ou transporta uma 28 máquina.” O uso do tractor agrícola exige do seu operador um conjunto de cuidados importantes a ter em conta, quer seja antes, durante ou depois da sua utilização. São cuidados relacionados na sua maioria com os órgãos/peças constituintes do tractor agrícola e respectiva manutenção, nomeadamente: • pneus e jantes (atenção à pressão dos pneus e ao estado de conservação); • os órgãos em movimento devem estar devidamente protegidos, nomeadamente o veio de cardans em que a sua protecção deverá ser através de um “resguardo tubular fixo que se alarga nas suas extremidades, e deve também ter a telescópica, para que, sempre que o veio aumente o seu comprimento, a manga possa 29 acompanhar toda a sua extensão”; • no habitáculo do condutor, o banco deve permitir um bom ajuste ergonómico, os vidros devem possibilitar boa visibilidade, os filtros para as poeiras e produtos perigosos devem manter-se em bom estado de utilização, o sistema de climatização deve funcionar em pleno, da mesma forma que a estrutura da cabine (ou arco) nunca deve sofrer por exemplo intervenções de soldaduras ou perfuração; • as tubagens que servem de circuito para o combustível e para o óleo no circuito hidráulico ; • a direcção, a transmissão e os travões, deverão ter a manutenção periódica normal, conforme instruções do fabricante; 28 BRIOSA, Fausto, (1998) Trabalho Agrícola Tractores e Máquinas Agrícolas, Lisboa, Editor - Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho, 1.ª Edição. 29 Portugal, Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho, 1998, Campanha de Prevenção de Riscos Profissionais na Agricultura, Informação Técnica n.º 2, S. L, S. Ed.. 235 Horticultura • no sistema de iluminação e nos circuitos eléctricos do tractor, é fundamental o seu estado de conservação e de protecção por exemplo contra choques e entalamentos; • o circuito e o líquido de arrefecimento, são muitas vezes a causa de muitos acidentes (queimaduras pela projecção de água e vapor), por exemplo quando o bujão do radiador não é aberto em conformidade com a sua concepção (em dois tempos). 15.5.3.1. Riscos genéricos e sua prevenção Neste sub ponto irão abordar-se um conjunto de riscos mais comuns aquando da utilização do tractor agrícola e ao mesmo tempo fornecer alguns tópicos de prevenção, tendo em conta que por vezes é a falta de informação que contribui para o aumento do número de acidentes no local de trabalho: RISCO PREVENÇÃO Não acondicionar o tractor em locais com produtos inflamáveis. • Incêndio. • • Asfixia. • O tractor não deve trabalhar num recinto fechado, caso contrário o mesmo deverá ser devidamente arejado. • Surdez (acuidade auditiva afectada). • Nos tractores sem cabina ou com cabina mas sem insonorização, use protecção auricular. Nos tractores com cabinas sonorizadas, mantenha as portas e “janelas” sempre fechadas. • • Queda. Reviramento lateral. • • • Não descer nem subir em andamento. Mantenha o cinto de segurança. • • • • • • Evitar velocidades e cargas excessivas. Evitar conduzir em zonas encobertas. Prudência na condução em planos inclinados. Evite embraiar o tractor subitamente. Mantenha o sistema de travagem bem afinado. Evite manter um carregador frontal com carga numa posição elevada. Em andamento trave sempre primeiro o reboque e só depois o tractor. O equilíbrio, o peso e a arrumação de uma carga num reboque é fundamental. Em plano inclinado nunca ande com o tractor desengatado e utilize o travão do tractor. Unir os pedais do travão (estrada). As cargas devem ser fixadas nos pontos de engate concebidos para o efeito. Lastrar o tractor (ex: água nos pneumáticos; pesos frontais). Arrancar suavemente. Num piso bastante inclinado suba de marcha a trás. Evitar zonas esburacadas. Usar estruturas de segurança certificadas: arcos de segurança; quadros de segurança e cabines de segurança. • • • • • • • Empinamento ou reviramento traseiro. • • • • 236 Horticultura Ainda durante a utilização do tractor, mas em simultâneo com outras máquinas/alfaias agrícolas (ex: fresa; escarificador; pulverizadores; semeadores; grades; charruas;...), tem-se constatado uma série de riscos profissionais nas tarefas de engate e de desengate que convém aqui relembrar, salientando igualmente algumas medidas preventivas: RISCOS • PREVENÇÃO • Lesões musculo esqueléticas. • Pedir auxílio para a execução de tarefas de exigência de esforço físico. Para tarefas de levantamento use dispositivos mecânicos: macaco. • Esmagamento /Entalamento. • Ter muita atenção para nunca colocar as mãos em zonas de entalamento dos dispositivos de engate e desengate. • • Respeitar as regras básicas da movimentação manual de cargas. Lesões na coluna vertebral. Existe um conjunto significativo de máquinas/alfaias agrícolas que são rotativas, e que comungam de uma característica idêntica entre elas que é o facto de serem accionadas pela tomada de força do tractor (t.d.f.). A transmissão entre estas máquinas/alfaias e o tractor é assegurada pelo já conhecido veio telescópico de cardans. Este, deverá encontrar-se sempre protegido por um resguardo protector, que em situação alguma deverá ser retirado. É por ser um mecanismo “provocador” de gravíssimos acidentes que se pode considerar como muito perigoso quando accionado pela t.d.f. do tractor, pelo que de seguida se passa à descrição de alguns riscos e medidas preventivas: RISCOS PREVENÇÃO • • • • Enrolamento, esmagamento, corte • • • Manter no lugar certo o resguardo protector, devidamente homologado. Proceder à sua substituição logo que se detectem sinais de deteorização. Não proceder a tarefas de accionamento do veio telescópico de cardans à t.d.f . do tractor se não se sentir perfeitamente habilitado. Manter sempre em bom estado de conservação o veio telescópico de cardans. Nunca efectuar reparações nem desempapamentos com a t.d.f. accionada. Afastar e mandar afastar mãos e pés próximos dos órgãos em movimento. 237 Horticultura 15.5.3.2. Causalidade dos acidentes Como equipamento base das explorações agrícolas muitíssimo utilizado, o tractor agrícola tem sido ao longo dos tempos objecto de um grande desenvolvimento tecnológico, tendo sempre em conta o binómio da produtividade/rentabilidade das explorações agrícolas, não menosprezando a segurança do próprio operador. Assim e a fim de alertar/sensibilizar todos aqueles que operam com tractores, descrevem-se algumas das causas mais frequentes dos acidentes: • perda de controlo da máquina; • engate e desengate de máquinas; • quedas de objectos esquecidos ou colocados em locais inapropriados; • saídas e entrada de estradas; • reviramentos e empinamentos; • movimentação mecânica de cargas; • escorregamento do pé na embraiagem; • exagerado esforço físico; • montagem e desmontagem de rodados; • transporte de pessoas no guarda-lamas, reboque; • subidas e descidas do tractor. Se analisarmos a natureza da maioria destas causas, verificamos que qualquer operador de máquinas agrícolas com formação adequada e com a atenção necessária aquando da execução das respectivas tarefas, poderá evitar parte significativa dos acidentes com tractores agrícolas. 238 Horticultura 239 Horticultura 15.6. Segurança no uso de produtos fitofarmacêuticos 15.6.1. Os produtos fitofarmacêuticos N • o grupo dos produtos fitofarmacêuticos, incluem-se os produtos fitofarmacêuticos agrícolas, que são usados por exemplo para: a prevenção ou destruição da acção de organismos prejudiciais aos vegetais e seus derivados; • a conservação de produtos de origem vegetal; • regularizar a produção vegetal. São produtos que englobam uma série de substâncias utilizadas pelo agricultor/horticultor, a fim de proteger e manter as suas produções agrícolas/hortícolas. De seguida irá apresentar-se um quadro elucidativo dos vários tipos de produtos fitofarmacêuticos, tendo em linha de conta o seu agente causal. TIPOLOGIA COMBATE CONTRA Insectos Ervas daninhas Fungos Ácaros Nemátodos Roedores Molusculos Insecticida Herbicida Fungicidas Acaricídas Nemátodicidas Rodenticidas Moluscicidas “Um pesticida é constituído pela substância activa, que é um produto orgânico, inorgânico, natural, sintético ou biológico, normalmente misturado com outras substâncias que facilitam a 30 sua aplicação, constituindo uma formulação.” 30 PORTUGAL, Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho Campanha de Prevenção de Riscos Profissionais na Agricultura, (1998), O que são os Pesticidas Agrícolas, S. L., S. Ed.. 240 Horticultura Um produto fitofarmacêutico pode encontrar-se no mercado sob a forma de tabletes, pó molhável, pó solúvel e emulsão concentrada, o que de certo modo irá interferir na técnica de preparar a respectiva calda. O grande risco associado ao uso dos produtos fitofarmacêuticos é naturalmente o risco de intoxicação, que depende: • do índice de toxicidade do produto; • das condições de manipulação/aplicação; • do tempo de exposição ao produto pelo utilizador; • das condições climatéricas; • do modo como penetra no organismo humano (cutânea, digestiva e respiratória); • das medidas preventivas adoptadas pelo utilizador. Convém por último alertar que durante qualquer tipo de manuseamento de um produto fitofarmacêutico, não se deve beber, comer nem fumar, por maior que seja o desejo. Após tal manuseamento deve lavar-se sempre as mãos, a cara e eventuais partes do corpo, mesmo que se tenha usado equipamento de protecção individual. 15.6.1.1 Armazenamento O armazenamento de produtos fitofarmacêuticos deverá ser efectuado em locais devidamente apropriados, a fim de reduzir o risco de acidente e em simultâneo assegurar as suas substâncias físicas e químicas durante o seu período de validade/conservação. Um local apropriado para a armazenagem de produtos fitofarmacêuticos deverá ser dotado de determinadas condições, tendo em conta a segurança dos utilizadores, dos que lhe são próximos, das instalações e do meio ambiente. Assim, os locais onde são guardados os produtos fitofarmacêuticos: • devem situar-se afastados das habitações familiares, das instalações de animais e bem arejados/ventilados; • encontrar-se arrumados e por classes, colocando os produtos em prateleiras apropriadas, mantendo sempre os mais tóxicos em prateleiras de difícil acesso; • conter os utensílios de preparação das caldas; • não devem ter oscilações de temperaturas elevadas; • não deve ser o mesmo local onde se guarda o equipamento de protecção individual; • manter a instalação eléctrica bem conservada; • não devem ter produtos colocados directamente no chão; 241 Horticultura • devem armazenar unicamente a quantidade necessária, sendo que deverá usar-se sempre o pressuposto de que o “primeiro a entrar” deverá ser sempre “primeiro a sair”; • deverão ter sempre no seu interior alguns materiais absorventes como por exemplo serradura e areia. Dotar uma exploração agrícola com um local de armazenamento de produtos fitofarmacêuticos com estas características (eventualmente entre outras), é certamente um excelente investimento na componente segurança, higiene e saúde no trabalho. 15.6.1.2. Preparação da calda Na fase da manipulação de produtos fitofarmacêuticos, é necessário muita atenção (não esquecer da leitura do rótulo), dado ser a fase em que os produtos se apresentam na sua forma mais concentrada e por conseguinte mais propícios à intoxicação. Na preparação de uma calda há regras básicas que devem ser cumpridas tendo em conta a prevenção dos respectivos riscos. Essas regras normalmente têm a ver, entre outras, com a localização geográfica, presença de pessoas e animais, condições climatéricas, qualidade ambiental e uso de protecção individual. Assim, aquando da preparação de uma calda, devem-se adoptar os seguintes procedimentos de segurança: • Proteger-se com vestuário confortável e equipamento de protecção individual adequado, conforme a natureza do produto fitofarmacêutico, evitando assim o contacto directo com o corpo humano; • Em termos de localização, evitar preparações perto das habitações familiares e de instalações de animais e situar-se próximo de uma torneira com água fria; • Preparar o volume apenas necessário a fim de evitar sobras; • Quando o equipamento de aplicação do produto fitofarmacêutico se encontrar pronto a utilizar (já com a calda), nunca se deve deixar sem vigilância; • Não se devem deixar as embalagens vazias (inutilizadas) à deriva; 242 Horticultura • As caldas devem ser preparadas à medida das suas necessidades, não devendo ser preparadas com muita antecedência, pois podem perder a eficácia desejada. É na sequência da preparação de uma calda que nos vamos deparar com alguns resíduos de produtos fitofarmacêuticos, nomeadamente as embalagens. “A eliminação das embalagens dos produtos fitofarmacêuticos, após a sua utilização, deve obedecer a um conjunto de procedimentos, designados por TRIPLA LAVAGEM: 1. Encha a embalagem do produto com água até cerca de ¼ da sua capacidade. 2. Tape e agite vigorosamente durante alguns segundos. 3. Junte a água da lavagem à calda que preparou. 4. Repita os passos 1 a 3 mais duas vezes. 5. Inutilize a embalagem, perfurando-a sem danificar o rótulo e coloque-a em local 31 adequado.” Existem algumas câmaras municipais com serviços específicos de recolhas de embalagens vazias de produtos fitofarmacêuticos, pelo que se aconselha sempre o seu contacto. 15.6.1.3. Aplicação À semelhança das fases do armazenamento dos produtos e da preparação da calda, na fase da aplicação deverão ser adoptadas algumas medidas de protecção, tendo em conta a prevenção dos riscos profissionais. De seguida descrevem-se alguns cuidados a ter no acto da aplicação de produtos fitofarmacêuticos: • Os aparelhos de aplicação deverão encontrar-se limpos, nomeadamente os bicos e os filtros que se devem manter sempre funcionais; • Os filtros e os bicos dos pulverizadores devem ser desentupidos com material apropriado e nunca com a boca; • As condições climatéricas devem ser alvo de muita atenção e principalmente: • não pulverizar em dias de muito vento, evitando assim o arrastamento do produto fitofarmacêutico e uma defeituosa aplicação na área a tratar; • evitar pulverizar em alturas de muito calor, prevenindo assim a ocorrência de fenómenos de fitotoxicidade (opte pelo inicio e final do dia); 31 <http://www.syngenta.pt/docs/produtos/fitofarmaceutico/Page_106.pdf> 243 Horticultura • Usar vestuário confortável e todo o equipamento de protecção individual exigido para o produto a aplicar. Nomeadamente na actividade agrícola em que são bastante utilizados os pulverizadores, convém destacar alguns cuidados/riscos a ter aquando da sua utilização: • Os pulverizador/atomizadores de dorso manuais devem sempre que possível ser transportados mecanicamente, por exemplo com num carrinho manual apropriado; • No caso dos atomizadores e termonebulizadores, chama-se a atenção de que a sua utilização projecta partículas muito mais leves e pequenas do que os pulverizadores convencionais, o que faz com que fiquem suspensas no ar bastante mais tempo, aumentado assim o risco de intoxicação; • Ao efectuar nebulizações (que se tornam mais económicas), por vezes as estufas têm que estar fechadas até a nuvem de fumo desaparecer, o que torna o ambiente no seu interior altamente tóxico, sugerindo-se assim que seja colocado no interior da estufa o respectivo aparelho a fim de proceder à auto-aplicação. 15.6.2. A importância do rótulo Os símbolos constantes nos rótulos dos produtos apresentam-se na forma de um quadrado com o respectivo pictograma a negro sobre um fundo alaranjado. Quando o produto não tem símbolo, é sinal de que o perigo é mínimo, exigindo apenas medidas gerais de prevenção. Relativamente à simbologia apresentada de seguida, há que ter muita atenção nos momentos da aquisição, manipulação e aplicação, dado que a mesma fornece dados importantes e por vezes vitais para a saúde do ser humano. 244 Horticultura ⇒ TÓXICO OU MUITO TÓXICO: é o símbolo com significado mais grave, em que a sua penetração no organismo pode provocar riscos graves/crónicos e até a morte. ⇒ NOCIVO: símbolo de menor gravidade do que o anterior, mas, contudo um produto com este símbolo, penetrando no organismo pode ainda comportar riscos de gravidade limitada. ⇒ IRRITANTE OU SENSIBILIZANTE: embora não corrosivo, mas em contacto prolongado/repetido com a pele, pode originar reacções inflamatórias. ⇒ CORROSIVO: símbolo que significa que é um produto que em contacto com a pele, pode exercer uma acção altamente destrutiva. 245 Horticultura ⇒ INFLAMÁVEL: significa que o produto pode entrar em situação de combustão com relativa facilidade. Relativamente ao rótulo propriamente dito, além da simbologia já referenciada, inclui um conjunto de informação muito específica relacionada com a segurança, higiene e saúde no trabalho, promovendo assim o bem-estar do ser humano e a qualidade ambiental. Destacase assim a seguinte informação: • a capacidade da embalagem; • o tipo do produto e as finalidades da sua homologação; • a autorização de venda; • a formulação e composição; • modo de preparação da calda; • recomendações complementares; • modo de aplicação; • observações importantes; • precauções toxicológicas. 15.6.3. Assistência a um acidentado/intoxicado No caso concreto dos produtos fitofarmacêuticos e tal com exposto anteriormente, a intoxicação do ser humano pode ser causada pela entrada do produto tóxico no organismo através de três vias: • digestiva; • respiratória; • dérmica. 246 Horticultura É importante que, numa eventual situação de intoxicação se preserve sempre o rótulo, a fim de poder fornecer à equipa médica assistente o maior número de informação possível acerca do produto em questão. Numa situação de intoxicação, deve ligar-se de imediato e sempre para o CIAV-Centro Informação Anti-veneno e para o número 808250143, onde o atendimento será efectuado por um médico, que poderá prestar todas a informações de emergência relativas a um intoxicado, ou na impossibilidade, dirigir-se ao centro de saúde ou ao hospital mais próximo. No entanto, existem alguns procedimentos de actuação perante um intoxicado que poderão ser adoptados por quem esteja próximo do acidentado, nunca dispensando o contacto para o número telefónico atrás mencionado. Caso a intoxicação ocorra pela via digestiva, e a fim de se evitar a absorção do tóxico pelo organismo, deve-se: • provocar o vómito a fim de se esvaziar do estômago; • manter-se o acidentado sentado e nunca deitado caso ocorra o vómito; • evitar o vómito em situações de ingestão de produtos corrosivos (dar leite ou água), ou produtos susceptíveis de provocar convulsões. Se a intoxicação ocorrer pela via respiratória deve essencialmente ter em atenção ao seguinte: • retirar de imediato o acidentado/intoxicado do local onde exista produto em condições de ser ainda inalado; • retirar as peças de vestuário do acidentado/intoxicado susceptíveis de libertar vapores tóxicos, mantendo-o sempre numa temperatura confortável. Quando a intoxicação se verificar pela via dérmica é importante tomarem-se as devidas precauções: • retirar de imediato o acidentado/intoxicado do local onde tenha ocorrido o acidente; • retirar de imediato todas as peças de vestuário e eventuais equipamentos de protecção individual contaminados e que estejam em contacto com o corpo humano; • lavar com água corrente a parte do corpo que esteve em contacto com o produto, caso afecte os olhos deverá manter um fio de água durante sensivelmente 10 a 15 minutos e com as pálpebras separadas; 247 Horticultura • evitar fazer fricções na pele para não provocar erupções facilitadoras da absorção do produto tóxico. Já foi referenciado no decurso deste manual que uma das particularidades do trabalho agrícola é o facto do mesmo “ter que ser” muitas vezes efectuado isoladamente, facto este que, numa situação de acidente, não permite que de imediato possam ser prestados os primeiros actos de socorro a um acidentado. Assim, deve em zonas desertas/isoladas evitarse trabalhar sem companhia, nem que seja a de um telemóvel, que é um poderoso meio de comunicação nestas situações. 248 Horticultura 249 Horticultura 15.7. Conclusão A actividade agrícola é efectivamente muito particular, exigente e perigosa, facto constatado neste manual, nomeadamente aquando da respectiva caracterização/análise de riscos profissionais. No entanto, por mais riscos que uma actividade comporte, normalmente existe a possibilidade de eliminar, afastar ou proteger esses mesmos riscos, criando-se assim condições de trabalho seguras. O respeito por simples de regras de prevenção, pode ser vital para a prevenção de acidentes, regras essas que muitas vezes estão perfeitamente ao alcance dos trabalhadores, só que, por mera falta de sensibilização não se dá a devida atenção. A título de exemplo, apresentamos ao longo deste manual a importância de um gesto/atitude simples, ler-se com muita atenção um rótulo de um produto perigoso. O uso frequente de máquinas/alfaias agrícolas na actividade agrícola, é efectivamente um factor de risco elevado, quando não são cumpridas as respectivas normas/regras de segurança. Com o desenvolvimento deste manual, constatou-se que para todas as áreas temáticas retratadas se aconselhou por exemplo o cumprimento de regras e em alguns casos a adopção de certas posturas na movimentação manual de cargas. Por vezes argumenta-se que não se faz isto ou aquilo porque fica caro, no entanto pode afirmar-se com todo o rigor que adoptar uma postura correcta ao levantar uma carga não tem custos, exige é a já referenciada sensibilização. Finalmente pode concluir-se uma máxima, quanto mais um trabalhador investir em prevenção, quer materialmente (por exemplo o uso de equipamento de protecção individual) quer imaterialmente (por exemplo ler um rótulo com a devida atenção), menor será a exposição ao risco de acidente e consequentemente aumentará nível de segurança, higiene e saúde do trabalhador. 250 Horticultura Anexo 1 Fichas de Consolidação da Aprendizagem 251 Horticultura 252 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 1 MÓDULO CULTURAS PROTEGIDAS IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 - Diga 2 tipos de aberturas de estufa? 2 – Cite um dos objectivos da iluminação forçada? 3 – Cite 3 tipos de lâmpadas que conhece? 253 Horticultura 4 – Assinale com um X se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas: 4.a) A areia é constituída por partículas de menor dimensão que as de argila. • Verdadeiro • Falso 4.b) As características da argila são: impermeabilidade, plasticidade e forte poder de retenção para a água. • Verdadeiro • Falso 4.c) A cor do solo tem influência na sua capacidade de absorver o calor transmitido pela radiação solar. • Verdadeiro • Falso 5 - Ligue cada um dos macronutrientes à sua principal função no desenvolvimento das plantas. N Desenvolvimento radicular e floração. P Qualidade, resistência a doenças. K Desenvolvimento vegetativo. 6 - Assinale com um X se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas: As estruturas de alumínio são vantajosas em relação às de madeira porque: a) Provocam menor ensombramento. • Verdadeiro • Falso b) São mais duradouras. • Verdadeiro • Falso 254 Horticultura c) São mais baratas. • Verdadeiro • Falso d) Têm maior facilidade de soldadura das peças. • Verdadeiro • Falso 255 Horticultura 256 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 1 CORRIGENDA CORRIGENDA 1 - Diga 2 tipos de aberturas de estufa? - Aberturas de topo; - Aberturas zenitais; - Aberturas laterais de enrolar; 2 – Cite um dos objectivos da iluminação forçada? - Aumentar o período da luz diária; - Romper a continuidade do período obscuro. 3 – Cite 3 tipos de lâmpadas que conhece? - Incandescentes; - Vapor de mercúrio; - Florescentes; - De gases; - Mistas. 4 – Assinale com um X se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas: 4.a) A areia é constituída por partículas de menor dimensão que as de argila. • Verdadeiro • Falso 4.b) As características da argila são: impermeabilidade, plasticidade e forte poder de retenção para a água. • Verdadeiro • Falso 4.c) A cor do solo tem influência na sua capacidade de absorver o calor transmitido pela radiação solar. • Verdadeiro • Falso 257 Horticultura 5 - Ligue cada um dos macronutrientes à sua principal função no desenvolvimento das plantas. P Desenvolvimento radicular e floração. K Qualidade, resistência a doenças. N Desenvolvimento vegetativo. 6 - Assinale com um X se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas: As estruturas de alumínio são vantajosas em relação às de madeira porque: a) Provocam menor ensombramento. • Verdadeiro • Falso b) São mais duradouras. • Verdadeiro • Falso c) São mais baratas. • Verdadeiro • Falso d) Têm maior facilidade de soldadura das peças. • Verdadeiro • Falso 258 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 2 MÓDULO CULTURAS PROTEGIDAS IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 - Complete a seguinte frase: A humidade relativa de uma estufa depende da ____________________do ar e da _______________ de água nele contida. 2 - Que tipo de ventilação conhece? 3 - A luz solar tem diferentes comprimentos de onda. Faça a ligação entre os diferentes comprimentos de onda e a sua principal função nas plantas. U.V é a gama mais importante para a fotossíntese. Luz Visível responsável por mutações. I.V transmite energia calorífica. 259 Horticultura 4 – Assinale com um X as opções correctas. 4.a) O solo é constituído por detritos rochosos, detritos orgânicos e elementos químicos. Dos detritos rochosos fazem parte: • Areia. • Azoto. • Limo. • Argila. 4.b) Os detritos orgânicos são compostos por: • Restos de vegetais. • Areia. • Estrume. • Animais mortos. 4.c) A composição química do solo pode ser dividida em 3 grupos: elementos fertilizantes; elementos secundários e oligoelementos. Dos oligoelementos fazem parte: • Azoto. • Ferro. • Boro. • Cálcio. • Zinco. • Enxofre. • Molibdénio. • Cobre. 5 - Assinale com um V verdadeiro ou com um F falso, as seguintes afirmações: 5.a) As características da areia são: impermeabilidade, plasticidade e forte poder de retenção para a água. • Verdadeiro • Falso 5.b) A matéria orgânica contribui para a estabilidade química dum solo. • Verdadeiro • Falso 260 Horticultura Ficha de Consolidação Nº2 CORRIGENDA 1 - Complete a seguinte frase: A humidade relativa de uma estufa depende da temperatura do ar e da quantidade de água nele contida. 2 - Que tipo de ventilação conhece? - Ventilação natural; - Ventilação forçada. 3 - A luz solar tem diferentes comprimentos de onda. Faça a ligação entre os diferentes comprimentos de onda e a sua principal função nas plantas. Luz Visível é a gama mais importante para a fotossíntese. U.V responsável por mutações. I.V transmite energia calorífica. 4 – Assinale com um X as opções correctas. 4.a) O solo é constituído por detritos rochosos, detritos orgânicos e elementos químicos. Dos detritos rochosos fazem parte: • Areia. • Azoto. • Limo. • Argila. 4.b) Os detritos orgânicos são compostos por: • Restos de vegetais. • Areia. • Estrume. • Animais mortos. 261 Horticultura 4.c) A composição química do solo pode ser dividida em 3 grupos: elementos fertilizantes; elementos secundários e oligoelementos. Dos oligoelementos fazem parte: • Azoto. • Ferro. • Boro. • Cálcio. • Zinco. • Enxofre. • Molibdénio. • Cobre. 5 - Assinale com um V verdadeiro ou com um F falso, as seguintes afirmações: 5.a) As características da areia são: impermeabilidade, plasticidade e forte poder de retenção para a água. • Verdadeiro • Falso 5.b) A matéria orgânica contribui para a estabilidade química dum solo. • Verdadeiro • Falso 262 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 3 MÓDULO MULTIPLICAÇÃO DAS HORTÍCOLAS IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 - Assinale com um V verdadeiro ou com um F falso, as seguintes afirmações: 1.a) A utilização de sementes certificadas é vantajosa porque: Possuem muito boa pureza específica. • Verdadeiro • Falso O preço é mais acessível. • Verdadeiro • Falso Possuem faculdade germinativa elevada. • Verdadeiro • Falso 1.b) A peletização das sementes tem como objectivos: Uniformizar a semente. • Verdadeiro • Falso 263 Horticultura Dificultar a sementeira mecânica. • Verdadeiro • Falso Adição de fertilizante e desinfectante. • Verdadeiro • Falso Diminuir a retenção de água em torno da semente. • Verdadeiro • Falso 1.c) A multiplicação sexuada tem como vantagens: Obtenção de inúmeras plantas filhas a partir de uma planta mãe. • Verdadeiro • Falso Impossibilidade de mecanizar as sementeiras. • Verdadeiro • Falso Obtenção de novas variedades. • Verdadeiro • Falso Limitação da transmissão de doenças, excepto vírus. • Verdadeiro • Falso Perda de características genéticas. • Verdadeiro • Falso 264 Horticultura Há sementes que demoram muito a tornar-se planta adulta. • Verdadeiro • Falso 1.d) A multiplicação assexuada tem como vantagens: Mantém-se a informação genética, isto é, as características da variedade. • Verdadeiro • Falso Perda de vigor. • Verdadeiro • Falso Plantas-filhas iguais à planta mãe; • Verdadeiro • Falso A planta mãe não precisa de completar o seu ciclo. • Verdadeiro • Falso Não permite o melhoramento da cultura. • Verdadeiro • Falso Não é possível com todas as plantas. • Verdadeiro • Falso Obtenção de numero limitado de plantas-filhas. • Verdadeiro • Falso 265 Horticultura 2 – Diga o que entende por sementeira directa e sementeira em viveiro. 266 Horticultura Ficha de Consolidação Nº3 CORRIGENDA 1 - Assinale com um V verdadeiro ou com um F falso, as seguintes afirmações: 1.a) A utilização de sementes certificadas é vantajosa porque: Possuem muito boa pureza específica. • Verdadeiro • Falso O preço é mais acessível. • Verdadeiro • Falso Possuem faculdade germinativa elevada. • Verdadeiro • Falso 1.b) A peletização das sementes tem como objectivos: Uniformizar a semente. • Verdadeiro • Falso Dificultar a sementeira mecânica. • Verdadeiro • Falso Adição de fertilizante e desinfectante. • Verdadeiro • Falso 267 Horticultura Diminuir a retenção de água em torno da semente. • Verdadeiro • Falso 1.c) A multiplicação sexuada tem como vantagens: Obtenção de inúmeras plantas filhas a partir de uma planta mãe. • Verdadeiro • Falso Impossibilidade de mecanizar as sementeiras. • Verdadeiro • Falso Obtenção de novas variedades. • Verdadeiro • Falso Limitação da transmissão de doenças, excepto vírus. • Verdadeiro • Falso Perda de características genéticas. • Verdadeiro • Falso Há sementes que demoram muito a tornar-se planta adulta. • Verdadeiro • Falso 1.d) A multiplicação assexuada tem como vantagens: Mantém-se a informação genética, isto é, as características da variedade. • Verdadeiro • Falso 268 Horticultura Perda de vigor. • Verdadeiro • Falso Plantas-filhas iguais à planta mãe; • Verdadeiro • Falso A planta mãe não precisa de completar o seu ciclo. • Verdadeiro • Falso Não permite o melhoramento da cultura. • Verdadeiro • Falso Não é possível com todas as plantas. • Verdadeiro • Falso Obtenção de numero limitado de plantas-filhas. • Verdadeiro • Falso 2 – Diga o que entende por sementeira directa e sementeira em viveiro. Sementeira directa: A sementeira é efectuada em local definitivo e a distâncias definitivas. Depois da germinação, pode-se eliminar as plantas excedentes para obter uma densidade correcta. Sementeira em viveiro: A sementeira chamada em viveiro é efectuada numa superfície reduzida e geralmente com uma grande densidade. Esta sementeira será sempre seguida de um transplante. 269 Horticultura 270 Horticultura Ficha de Consolidação Nº Nº 4 MÓDULO MULTIPLICAÇÃO DAS HORTÍCOLAS IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 - Assinale com um V verdadeiro ou com um F falso, as seguintes afirmações: 1.a) As sementes peletizadas facilitam as sementeiras feitas manualmente e em particular as mecanizadas. • Verdadeiro • Falso 1.b) A maior parte das hortícolas multiplicam-se por semente. • Verdadeiro • Falso 1.c) O sistema de refrigeração por humidificação (cooling system) permite aumentar a humidade e a temperatura no interior da estufa. • Verdadeiro • Falso 271 Horticultura 1.d) O sistema de nebulização permite aumentar a humidade no interior da estufa. • Verdadeiro • Falso 1.e) Para que exista efeito de estufa é necessário que o material de cobertura seja transparente à radiação solar e opaco aos infravermelhos (calor libertado pelas plantas e pelo solo). • Verdadeiro • Falso 2 – Assinale com um X as opções correctas. 2.a) A multiplicação sexuada tem como inconvenientes: • Perda de características genéticas. • Obtenção de inúmeras plantas filhas a partir de uma planta mãe. • Não é possível com certas plantas. • Planta-mãe precisa completar o seu ciclo. • Obtenção de novas variedades. • Há sementes que demoram muito a tornar-se planta adulta. 3 - Cite 3 inconvenientes da multiplicação assexuada. 272 Horticultura Ficha de Consolidação Nº4 CORRIGENDA 1 - Assinale com um V verdadeiro ou com um F falso, as seguintes afirmações: 1.a) As sementes peletizadas facilitam as sementeiras feitas manualmente e em particular as mecanizadas. • Verdadeiro • Falso 1.b) A maior parte das hortícolas multiplicam-se por semente. • Verdadeiro • Falso 1.c) O sistema de refrigeração por humidificação (cooling system) permite aumentar a humidade e a temperatura no interior da estufa. • Verdadeiro • Falso 1.d) O sistema de nebulização permite aumentar a humidade no interior da estufa. • Verdadeiro • Falso 1.e) Para que exista efeito de estufa é necessário que o material de cobertura seja transparente à radiação solar e opaco aos infravermelhos (calor libertado pelas plantas e pelo solo). • Verdadeiro • Falso 273 Horticultura 2 – Assinale com um X as opções correctas. 2.a) A multiplicação sexuada tem como inconvenientes: • Perda de características genéticas. • Obtenção de inúmeras plantas filhas a partir de uma planta mãe. • Não é possível com certas plantas • Planta-mãe precisa completar o seu ciclo. • Obtenção de novas variedades. • Há sementes que demoram muito a tornar-se planta adulta. 3 - Cite 3 inconvenientes da multiplicação assexuada. - Perda de vigor; - Transmissão de doenças; - Não permite o melhoramento da cultura; - Obtenção de numero limitado de plantas-filhas; - Dificuldade de mecanizar; - Não é possível com todas as plantas (difícil com material herbáceo). 274 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 5 MÓDULO CULTURA DA ALFACE IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 – Cite dois cuidados que deveremos ter para evitar o espigamento (floração) precoce das alfaces. 2 – Assinale com um X as opções correctas. 2.a) A utilização de plástico negro em cobertura do solo é vantajosa porque: • Aumenta a evaporação da água do solo. • Evita o contacto das folhas basais com o solo húmido. • Ajuda a manter a estrutura do solo. • Dificulta o controle de infestantes. • Evita grande parte das doenças do colo da planta. 3 - Porque razão a drenagem é tão importante na cultura da alface? Escolha a opção correcta. • Porque as alfaces têm uma raiz muito profunda. • Porque a raiz da alface é muito resistente ao excesso de humidade. • Porque a sua raiz é muito ramificada e sensível ao excesso de humidade. 275 Horticultura 4 - Indique das seguintes, duas causas das doenças não parasitárias. • Excesso de calor. • Aparecimento de bolores. • Falta de cálcio, acompanhado de pH baixo. • Má drenagem do solo. 5 - Qual a doença da alface que se inicia pelo aparecimento de uma mancha de “óleo” sobre as folhas? Escolha a opção correcta. • Oídio. • Míldio. • Botrytis. 6 - Quais as medidas preventivas para evitar o aparecimento da Rhizoctenia? Escolha as opções correctas. • Rotação das culturas. • Boa drenagem. • Enterrar os restos da cultura. • Usar plantas em mottes. • Rega por alagamento. 7 - Dos seguintes sintomas, diga quais são característicos dos provocados pelo vírus do bronzeado do tomateiro (TSWV). • Plantas ananicadas; • Folhas cloróticas; • Pó branco nas folhas; • Espigamento precoce; • Infecção começar por um lado da planta que fica retorcida. 8 – Cite 3 das principais pragas da alface? 9 - O que é um helicida? 276 Horticultura Ficha de Consolidação Nº5 CORRIGENDA 1 – Cite dois cuidados que deveremos ter para evitar o espigamento (floração) precoce das alfaces. - Usar variedades adaptadas à época; - Promover um bom arejamento nas horas de maior calor; - Promover uma boa luminosidade; - Evitar temperaturas excessivas. 2 – Assinale com um X as opções correctas. 2.a) A utilização de plástico negro em cobertura do solo é vantajosa porque: • Aumenta a evaporação da água do solo. • Evita o contacto das folhas basais com o solo húmido. • Ajuda a manter a estrutura do solo. • Dificulta o controle de infestantes. • Evita grande parte das doenças do colo da planta. 3 - Porque razão a drenagem é tão importante na cultura da alface? Escolha a opção correcta. • Porque as alfaces têm uma raiz muito profunda. • Porque a raiz da alface é muito resistente ao excesso de humidade. • Porque a sua raiz é muito ramificada e sensível ao excesso de humidade. 4 - Indique das seguintes, duas causas das doenças não parasitárias. • Excesso de calor. • Aparecimento de bolores. • Falta de cálcio, acompanhado de pH baixo. • Má drenagem do solo. 5 - Qual a doença da alface que se inicia pelo aparecimento de uma mancha de “óleo” sobre as folhas? Escolha a opção correcta. • Oídio. • Míldio. • Botrytis. 277 Horticultura 6 - Quais as medidas preventivas para evitar o aparecimento da Rhizoctenia? Escolha as opções correctas. • Rotação das culturas. • Boa drenagem. • Enterrar os restos da cultura. • Usar plantas em mottes. • Rega por alagamento. 7 - Dos seguintes sintomas, diga quais são característicos dos provocados pelo vírus do bronzeado do tomateiro (TSWV). • Plantas ananicadas; • Folhas cloróticas; • Pó branco nas folhas; • Espigamento precoce; • Infecção começar por um lado da planta que fica retorcida. 8 – Cite 3 das principais pragas da alface? Mineiras; Lesmas e caracóis; Afídeos; Noctuas; Nematodos; Trips. 9 - O que é um helicida? È um pesticida para matar caracóis. 278 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 6 MÓDULO CULTURA DA ALFACE IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1- Assinale as opções correctas. 1.a) Em alguns casos, é vantajosa a utilização de variedades frisadas, porque: • São mais resistentes às condições extremas do clima. • São mais atacadas pelas pragas. • Toleram melhor os ataques de algumas pragas. 1.b) As condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento de doenças criptogâmicas são: • Excesso de Humidade Relativa. • Boa drenagem do solo. • Deficiente ventilação e arejamento. • Compasso demasiado disperso. • Contacto directo das falhas com o solo. 1.c) As vantagens de aplicar a manta térmica nas culturas de alface são: • Criar micro-clima junto às plantas. • Permite a aplicação de adubos foliares. • Promove o ataque de grande número de pragas. • Evita as cicatrizes provocadas pelo vento e areias arrastadas. 279 Horticultura 1.d) Os meios de protecção para a larva mineira podem dividir-se em culturais, biológicos e químicos. Nos biológicos deve-se: • Preservar os auxiliares. • Colocar redes de exclusão nas aberturas da estufa. • Fazer largadas de auxiliares. 2 - Indique dois cuidados a ter para promover e melhorar a drenagem do solo? 3- Qual a doença que se caracteriza pelo aparecimento de um bolor de cor acinzentada, nas folhas junto ao solo? Escolha a opção correcta. • Oídio; • Míldio; • Botrytis. 4 – Dos seguintes factores, diga quais os que influenciam o aparecimento de doenças provocadas por bactérias. • desiquilíbrio nutricional; • excesso de vento; • rega por alagamento; • feridas nas plantas; • rega por aspersão; • ar muito seco. 5 – Cite os principais prejuízos provocados pela larva mineira na alface. 280 Horticultura Ficha de Consolidação Nº6 CORRIGENDA 1- Assinale as opções correctas. 1.a) Em alguns casos, é vantajosa a utilização de variedades frisadas, porque: • São mais resistentes às condições extremas do clima. • São mais atacadas pelas pragas. • Toleram melhor os ataques de algumas pragas. 1.b) As condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento de doenças criptogâmicas são: • Excesso de Humidade Relativa. • Boa drenagem do solo. • Deficiente ventilação e arejamento. • Compasso demasiado disperso. • Contacto directo das falhas com o solo. 1.c) As vantagens de aplicar a manta térmica nas culturas de alface são: • Criar micro-clima junto às plantas. • Permite a aplicação de adubos foliares. • Promove o ataque de grande número de pragas. • Evita as cicatrizes provocadas pelo vento e areias arrastadas. 1.d) Os meios de protecção para a larva mineira podem dividir-se em culturais, biológicos e químicos. Nos biológicos deve-se: • Preservar os auxiliares. • Colocar redes de exclusão nas aberturas da estufa. • Fazer largadas de auxiliares. 2 - Indique dois cuidados a ter para promover e melhorar a drenagem do solo? - Utilização de plástico na cobertura do solo. - Fazer armação do terreno (espigoado, camalhões). - Em solos muito pesados adicionar areia antes das mobilizações. - Não utilizar rega por alagamento 281 Horticultura 3- Qual a doença que se caracteriza pelo aparecimento de um bolor de cor acinzentada, nas folhas junto ao solo? Escolha a opção correcta. • Oídio; • Míldio; • Botrytis. 4 – Dos seguintes factores, diga quais os que influenciam o aparecimento de doenças provocadas por bactérias. • desiquilíbrio nutricional; • excesso de vento; • rega por alagamento; • feridas nas plantas; • rega por aspersão; • ar muito seco. 5 – Cite os principais prejuízos provocados pela larva mineira na alface. Os principais prejuízos são as pontuações de alimentação e de postura que desvalorizam as plantas. As galerias aparecem mais nas folhas da base. 282 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 7 MÓDULO A CULTURA DO TOMATE IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 - Assinale com um X as opções correctas. 1.a) Na preparação do solo, para a cultura do tomateiro, deve-se fazer uma lavoura: • Profunda; • Superficial. 1.b) Na cultura do tomateiro em estufa deve-se fazer: • Sementeira directa; • Transplantação. 2 - Assinale com um X se as seguintes afirmações são verdadeiras (V) ou falsas (F): 2.a) O tomateiro é uma planta sensível à salinidade. • Verdadeiro • Falso 2.b) O tomateiro é uma cultura de dias longos. • Verdadeiro • Falso 2.c) O tomateiro de estufa com crescimento contínuo. • Verdadeiro • Falso 283 Horticultura 2.d) O fósforo desempenha um papel importantíssimo no desenvolvimento vegetativo. • Verdadeiro • Falso 2.e) O excesso de azoto pode atrasar a maturação dos frutos. • Verdadeiro • Falso 2.f) Nos solos salinos deve-se aumentar a frequência de rega. • Verdadeiro • Falso 3 - Assinale com um X se as opções são verdadeiras (V) ou falsas (F). 3.a) No tomate em estufa, a cobertura do solo com plástico preto serve para: - Eliminar as infestantes. • Verdadeiro • Falso - Diminuir o consumo de água de rega. • Verdadeiro • Falso - Aumentar a humidade relativa do ar dentro do abrigo. • Verdadeiro • Falso - Diminuir as variações de temperatura do solo. • Verdadeiro • Falso - Evitar o contacto dos frutos com o solo. • Verdadeiro • Falso 284 Horticultura - Melhorar a estrutura do solo. • Verdadeiro • Falso 3.b) A desfolha faz-se para: - eliminar folhas doentes. • Verdadeiro • Falso - melhorar o arejamento. • Verdadeiro • Falso - aumentar a luminosidade. • Verdadeiro • Falso - dar ao gado. • Verdadeiro • Falso 4 - Assinale a opção correcta. 4.a) A podridão apical do tomateiro, causada pela insuficiência de circulação de cálcio na planta, provoca: • Manchas castanhas nas folhas mais velhas da planta. • Podridão negra na parte apical dos frutos. • Rachadelas no caule com emissão de raízes. 4.b) A mosca branca Trialeurodes vaporariorum e Bemisia tabaci, provoca no tomate: • Galerias nas folhas; • Melada e fumagina; • Aborto das folhas; 285 Horticultura 5 - Cite 5 medidas preventivas para evitar doenças criptogâmicas no tomateiro. 6 – Assinale a opção correcta. A virose do bronzeado do tomate (TSWV) tem como vector: • afídeos. • nemátodos. • trips. 286 Horticultura Ficha de Consolidação Nº7 CORRIGENDA 1 - Assinale com um X as opções correctas. 1.a) Na preparação do solo, para a cultura do tomateiro, deve-se fazer uma lavoura: • Profunda; • Superficial. 1.b) Na cultura do tomateiro em estufa deve-se fazer: • Sementeira directa; • Transplantação. 2 - Assinale com um V verdadeiro ou com um F falso, as seguintes afirmações: 2.a) O tomateiro é uma planta sensível à salinidade. • Verdadeiro • Falso 2.b) O tomateiro é uma cultura de dias longos. • Verdadeiro • Falso 2.c) O tomateiro de estufa com crescimento contínuo. • Verdadeiro • Falso 2.d) O fósforo desempenha um papel importantíssimo no desenvolvimento vegetativo. • Verdadeiro • Falso 2.e) O excesso de azoto pode atrasar a maturação dos frutos. • Verdadeiro • Falso 287 Horticultura 2.f) Nos solos salinos deve-se aumentar a frequência de rega. • Verdadeiro • Falso 3 - Assinale se as opções são verdadeiras (V) ou falsas (F). 3.a) No tomate em estufa, a cobertura do solo com plástico preto serve para: - Eliminar as infestantes. • Verdadeiro • Falso - Diminuir o consumo de água de rega. • Verdadeiro • Falso - Aumentar a humidade relativa do ar dentro do abrigo. • Verdadeiro • Falso - Diminuir as variações de temperatura do solo. • Verdadeiro • Falso - Evitar o contacto dos frutos com o solo. • Verdadeiro • Falso - Melhorar a estrutura do solo. • Verdadeiro • Falso 3.b) A desfolha faz-se para: - eliminar folhas doentes. • Verdadeiro • Falso 288 Horticultura - melhorar o arejamento. • Verdadeiro • Falso - aumentar a luminosidade. • Verdadeiro • Falso - dar ao gado. • Verdadeiro • Falso 4 - Assinale a opção correcta. 4.a) A podridão apical do tomateiro, causada pela insuficiência de circulação de cálcio na planta, provoca: • Manchas castanhas nas folhas mais velhas da planta. • Podridão negra na parte apical dos frutos. • Rachadelas no caule com emissão de raízes. 4.b) A mosca branca Trialeurodes vaporariorum e Bemisia tabaci, provoca no tomate: • Galerias nas folhas; • Melada e fumagina; • Aborto das folhas; 5 - Cite 5 medidas preventivas para evitar doenças criptogâmicas no tomateiro. - Promover o bom arejamento; - Destruir restos de cultura infectada; - Fazer desfolha eliminando partes doentes; - Usar plantas sãs e de variedades resistentes; - Evitar excessos de azoto; - Evitar choques térmicos altos ou baixos; - Manter a boa drenagem e aumentar a frequência de rega, diminuindo à dotação; - Armar o terreno em camalhões; - Cobrir o solo com plásticos; - Nunca molhar as plantas. 289 Horticultura 6 – Assinale a opção correcta. A virose do bronzeado do tomate (TSWV) tem como vector: • afídeos. • nemátodos. • trips. 290 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 8 MÓDULO A CULTURA DO TOMATE IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 - Assinale com um X as opções correctas. 1.a) O tomateiro, para cultivo em estufa, é uma planta de crescimento: • Determinado; • Indeterminado. 1.b) A rega do tomate deve ser feita por: • Alagamento; • Nebulização; • Gota-a-gota. 2 - Assinale com um V verdadeiro ou com um F falso, as seguintes afirmações: 2.a) O tomateiro é uma cultura de Inverno. • Verdadeiro • Falso 2.b) O tomateiro é sensível à acidez do solo. • Verdadeiro • Falso 291 Horticultura 2.c) As necessidades de potássio são maiores a partir do vingamento do 1º cacho. • Verdadeiro • Falso 2.d) O tomateiro é muito exigente na qualidade da água de rega. • Verdadeiro • Falso 2.e) Nos solos pesados deve-se aumentar a frequência de rega. • Verdadeiro • Falso 3 - Assinale se as opções são verdadeiras (V) ou falsas (F). 3.a) A desponta faz-se para: - aumentar o calibre dos frutos. • Verdadeiro • Falso - melhorar o arejamento. • Verdadeiro • Falso - determinar a produção. • Verdadeiro • Falso 4 – Assinale a opção correcta. 4.a) Na cultura do tomate, a podridão cinzenta –Botrytis cinerea-, ocorre nas estufas principalmente quando: • O clima está frio e seco, sem circulação de ar. • O clima quente e seco, com circulação de ar. • O clima está quente e húmido, sem circulação de ar. 292 Horticultura 4.b) As galhas que aparecem na raiz do tomateiro infectado deve-se à presença de: • Simbiose com o Rhyzobium. • Insectos do solo. • Nemátodos do solo. 5 - Enumere três medidas de prevenção contra os vírus. 6 - Normalmente um ataque de bactérias não aparece isolado. Porquê? Assinale a opção correcta. • Porque as bactérias são transmitidas por outros organismos. • Porque as bactérias não conseguem penetrar no tomateiro são. • Porque as bactérias dão-se mal com o calor. 293 Horticultura 294 Horticultura Ficha de Consolidação Nº8 CORRIGENDA CORRIGENDA 1 - Assinale com um X as opções correctas. 1.a) O tomateiro, para cultivo em estufa, é uma planta de crescimento: • Determinado; • Indeterminado. 1.b) A rega do tomate deve ser feita por: • Alagamento; • Nebulização; • Gota-a-gota. 2 - Assinale com um V verdadeiro ou com um F falso, as seguintes afirmações: 2.a) O tomateiro é uma cultura de Inverno. • Verdadeiro • Falso 2.b) O tomateiro é sensível à acidez do solo. • Verdadeiro • Falso 2.c) As necessidades de potássio são maiores a partir do vingamento do 1º cacho. • Verdadeiro • Falso 2.d) O tomateiro é muito exigente na qualidade da água de rega. • Verdadeiro • Falso 2.e) Nos solos pesados deve-se aumentar a frequência de rega. • Verdadeiro • Falso 295 Horticultura 3 - Assinale se as opções são verdadeiras (V) ou falsas (F). 3.a) A desponta faz-se para: - aumentar o calibre dos frutos. • Verdadeiro • Falso - melhorar o arejamento. • Verdadeiro • Falso - determinar a produção. • Verdadeiro • Falso 4 – Assinale a opção correcta. 4.a) Na cultura do tomate, a podridão cinzenta –Botrytis cinerea-, ocorre nas estufas principalmente quando: • O clima está frio e seco, sem circulação de ar. • O clima quente e seco, com circulação de ar. • O clima está quente e húmido, sem circulação de ar. 4.b) As galhas que aparecem na raiz do tomateiro infectado deve-se à presença de: • Simbiose com o Rhyzobium. • Insectos do solo. • Nemátodos do solo. 5 - Enumere três medidas de prevenção contra os vírus. - Utilização de sementes / plantas isentas de vírus ou certificadas; - Destruir longe as plantas infectadas ou restos de culturas; - Destruir infestantes; - Fazer rotações com plantas não hospedeiras; - Colocar redes mosquiteiras para evitar vectores da doença. 296 Horticultura 6 - Normalmente um ataque de bactérias não aparece isolado. Porquê? Assinale a opção correcta. • Porque as bactérias são transmitidas por outros organismos. • Porque as bactérias não conseguem penetrar no tomateiro são. • Porque as bactérias dão-se mal com o calor. 297 Horticultura 298 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 9 MÓDULO A CULTURA DO FEJÃO VERDE IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 - Assinale se as seguintes afirmações são verdadeiras (V) ou falsas (F), as seguintes afirmações: 1.a) O feijão tem uma raiz: – Profunda e muito ramificada. • Verdadeiro • Falso – Superficial e pouco ramificados. • Verdadeiro • Falso – Profunda e pivolante. • Verdadeiro • Falso 1.b) O feijão verde não é muito exigente em temperatura. • Verdadeiro • Falso 299 Horticultura 1.c) O feijão verde é uma planta de dias longos. • Verdadeiro • Falso 1.d) O feijão verde precisa de ser amarrado ao tutor. • Verdadeiro • Falso 1.e) O feijão verde é exigente em fósforo quando está em plena floração. • Verdadeiro • Falso 1.f) O feijão verde prefere regas: – De grande dotação e frequência. • Verdadeiro • Falso – De pequena dotação e pequena frequência. • Verdadeiro • Falso – De pequena dotação e grande frequência. • Verdadeiro • Falso 1.g) O vírus do mosaico é transmitido por: - Aves; • Verdadeiro • Falso - Insectos; • Verdadeiro • Falso 300 Horticultura - Ratos; • Verdadeiro • Falso - Sementes infectadas. • Verdadeiro • Falso 2 – Cite 2 dos principais sintomas provocados por um ataque de podridão cinzenta. 3 - Diga qual a principal importância dos auxiliares na prevenção de pragas do feijão verde. 301 Horticultura 302 Horticultura Ficha de Consolidação Nº9 CORRIGENDA 1 - Assinale se as seguintes afirmações são verdadeiras (V) ou falsas (F), as seguintes afirmações: 1.a) O feijão tem uma raiz: – Profunda e muito ramificada. • Verdadeiro • Falso – Superficial e pouco ramificados. • Verdadeiro • Falso – Profunda e pivolante. • Verdadeiro • Falso 1.b) O feijão verde não é muito exigente em temperatura. • Verdadeiro • Falso 1.c) O feijão verde é uma planta de dias longos. • Verdadeiro • Falso 1.d) O feijão verde precisa de ser amarrado ao tutor. • Verdadeiro • Falso 1.e) O feijão verde é exigente em fósforo quando está em plena floração. • Verdadeiro • Falso 303 Horticultura 1.f) O feijão verde prefere regas: – De grande dotação e frequência. • Verdadeiro • Falso – De pequena dotação e pequena frequência. • Verdadeiro • Falso – De pequena dotação e grande frequência. • Verdadeiro • Falso 1.g) O vírus do mosaico é transmitido por: - Aves; • Verdadeiro • Falso - Insectos; • Verdadeiro • Falso - Ratos; • Verdadeiro • Falso - Sementes infectadas. • Verdadeiro • Falso 304 Horticultura 2 – Cite 2 dos principais sintomas provocados por um ataque de podridão cinzenta. - Vagens: tecidos atacados apodrecem e cobrem-se de bolores cinzentos. - Folhas: manchas de podridão e micélio acinzento; - Ramos: manchas de podridão e micélio acinzentado; - Flores: micélio acinzentado e queda das flores. 3 - Diga qual a principal importância dos auxiliares na prevenção de pragas do feijão verde. Os auxiliares são importantes porque são predadores e/ou parasitoides dos agentes dessas pragas. 305 Horticultura 306 Horticultura Ficha de Consolidação Nº Nº 10 MÓDULO A CULTURA DO FEJÃO VERDE IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 - Assinale com um X, se seguintes afirmações são verdadeiros (V) ou com falsas (F),: 1.a) O feijão verde não é muito exigente em azoto porque: – Faz simbiose com o Rhyzobium. • Verdadeiro • Falso – Tem crescimento lento. • Verdadeiro • Falso – Tem poucas partes verdes. • Verdadeiro • Falso 1.b) O feijão verde pode ser feito por sementeira directa. • Verdadeiro • Falso 307 Horticultura 1.c) Na cultura do feijão verde é necessário o tutoramento. • Verdadeiro • Falso 1.d) O feijão verde carece de adubações ricas em potássio. • Verdadeiro • Falso 1.e) O feijão verde carece de rega: – Por alagamento. • Verdadeiro • Falso – Gota-a-gota. • Verdadeiro • Falso – Nebulização. • Verdadeiro • Falso 1.f) Nos meios culturais preventivos do ataque da mosca branca, podemos utilizar os seguintes métodos: - Colocar redes anti-insectos. • Verdadeiro • Falso - Eliminar infestantes. • Verdadeiro • Falso - Utilizar produtos químicos homologados. • Verdadeiro • Falso 308 Horticultura - Utilizar armadilhas cromáticas. • Verdadeiro • Falso 2 – Cite três das principais doenças do feijão verde provocadas por fungos. 309 Horticultura 310 Horticultura Ficha de Consolidação Nº10 CORRIGENDA 1 - Assinale com um X, se seguintes afirmações são verdadeiros (V) ou com falsas (F),: 1.a) O feijão verde não é muito exigente em azoto porque: – Faz simbiose com o Rhyzobium. • Verdadeiro • Falso – Tem crescimento lento. • Verdadeiro • Falso – Tem poucas partes verdes. • Verdadeiro • Falso 1.b) O feijão verde pode ser feito por sementeira directa. • Verdadeiro • Falso 1.c) Na cultura do feijão verde é necessário o tutoramento. • Verdadeiro • Falso 1.d) O feijão verde carece de adubações ricas em potássio. • Verdadeiro • Falso 311 Horticultura 1.e) O feijão verde carece de rega: – Por alagamento. • Verdadeiro • Falso – Gota-a-gota. • Verdadeiro • Falso – Nebulização. • Verdadeiro • Falso 1.f) Nos meios culturais preventivos do ataque da mosca branca, podemos utilizar os seguintes métodos: - Colocar redes anti-insectos. • Verdadeiro • Falso - Eliminar infestantes. • Verdadeiro • Falso - Utilizar produtos químicos homologados. • Verdadeiro • Falso - Utilizar armadilhas cromáticas. • Verdadeiro • Falso 312 Horticultura 2 – Cite três das principais doenças do feijão verde provocadas por fungos. - Phytium; - Antracnose; - Ferrugem; - Fusariose; - Botrytis; - Oídio. 313 Horticultura 314 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 11 MÓDULO A CULTURA DAS BRÁSSICAS IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 - Diga quais as principais hortícolas pertencentex à família das Brássicas. 2 - Em que tipos de solos é de prever um forte ataque de potra ou hérnia? Escolha a opção correcta. • Solos ácidos e mal drenados. • Solos alcalinos e bem drenados. • Solos neutros e bem drenados. 3 – Diga 2 dos principais cuidados a ter na transplantação de couves. 315 Horticultura 4- Cite 2 dos principais prejuízos causados por lagartas? 316 Horticultura Ficha de Consolidação Nº11 CORRIGENDA 1 - Diga quais as principais hortícolas pertencente à família das Brássicas. - Couve penca; - Couve flor; - Couve tronchuda; - Couve galega; -Couve brócolo. 2 - Em que tipos de solos é de prever um forte ataque de potra ou hérnia? Escolha a opção correcta. • Solos ácidos e mal drenados. • Solos alcalinos e bem drenados. • Solos neutros e bem drenados. 3 – Diga 2 dos principais cuidados a ter na transplantação de couves. - Escolher plantas sãs e certificadas; - Desinfectar as raízes das plantas; - Eliminar as plantas muito compridas; - Eliminar as plantas doentes ou mal formadas. 4- Cite 2 dos principais prejuízos causados por lagartas? - Epiderme das folhas roídas; - Folhas roídas até à nervura; - Acumulação de excrementos no coração da planta que dão origem a diversas infecções de fungos, bactérias e vírus; - Abrem a porta ao ataque de outros parasitas. 317 Horticultura 318 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 12 MÓDULO A CULTURA DAS BRÁSSICAS IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 – Assinale com X se as seguintes afirmações são verdadeiras (V) ou com um falsas (F) 1.a) As couves preferem solos com: - Boa drenagem. • Verdadeiro • Falso - pH não ácido. • Verdadeiro • Falso - pH ácido. • Verdadeiro • Falso 319 Horticultura 1.b) Quando temos um solo com pH inferior a 5,5, devemos efectuar uma calagem para: - aumentar o pH. • Verdadeiro • Falso - diminuir o pH. • Verdadeiro • Falso 2 - Na cultura do repolho o que provocar o rachamento da cabeça? Escolha as opções correctas. • Colheita precoce. • Alterações da humidade do solo. • c). Atraso na colheita. 3 – Cite 2 dos principais prejuízos causados pelos piolhos (afídeos)? 4 - Cite 3 meios de prevenção contra a Xantomonas Campestris (podridão negra). 320 Horticultura Ficha de Consolidação Nº12 CORRIGENDA 1 – Assinale com X se as seguintes afirmações são verdadeiras (V) ou com um falsas (F) 1.a) As couves preferem solos com: - Boa drenagem. • Verdadeiro • Falso - pH não ácido. • Verdadeiro • Falso - pH ácido. • Verdadeiro • Falso 1.b) Quando temos um solo com pH inferior a 5,5, devemos efectuar uma calagem para: - aumentar o pH. • Verdadeiro • Falso - diminuir o pH. • Verdadeiro • Falso 2 - Na cultura do repolho o que provocar o rachamento da cabeça? Escolha as opções correctas. • Colheita precoce. • Alterações da humidade do solo. • Atraso na colheita. 321 Horticultura 3 – Cite 2 dos principais prejuízos causados pelos piolhos (afídeos)? - As plantas perdem o valor comercial devido às meladas e à própria presença dos afídeos; - As meladas desenvolvem a fumagina; - As picadas dos insectos deformam as folhas e flores, debilitando as plantas; - Podem ser transmissores de diversas viroses. 4 - Cite 3 meios de prevenção contra a Xantomonas Campestris (podridão negra). - Utilizar sementes sãs; - Efectuar rotação das culturas; - Destruir restos de culturas infectadas; - Evitar feridas nas plantas; - Tratamento com água quente (15 a 25º C); - Lavar as alfaias após utilização. 322 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 13 MÓDULO A CULTURA DO PIMENTO IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 - Qual a principal característica do pimento padrão? 2 - Diga qual o principal sintoma da salinidade nos frutos? . 3 – Assinale se a seguinte afirmação é falsa ou verdadeira. Em estufa, o pimenteiro carece de um compasso de plantação mais alargado que o tomate. • Verdadeiro • Falso 323 Horticultura 4 - Porque se deve fazer o tutoramento dos pimentos? 5 - Cite quatro dos principais meios culturais de protecção contra o míldio do pimenteiro? 324 Horticultura Ficha de Consolidação Nº13 CORRIGENDA 1 - Qual a principal característica do pimento padrão? - É colhido 2 ou 3 dias após o vingamento do fruto 2 - Diga qual o principal sintoma da salinidade nos frutos? - Manchas escuras ao longo do fruto. 3 - Diga se a seguinte afirmação é falsa ou verdadeira. Em estufa, o pimenteiro carece de um compasso de plantação mais alargado que o tomate. • Verdadeiro • Falso 4 - Porque se deve fazer o tutoramento dos pimentos? - Porque com o peso dos frutos facilmente se quebram os ramos. 5 - Cite quatro dos principais meios culturais de protecção contra o míldio do pimenteiro? - Evitar regas excessivas; - Regar da parte da manhã; - Destruir restos de cultura; - Fazer rotações; - Usar água de rega não contaminada; - Promover o arejamento das estufas; - Usar plantas em motte. 325 Horticultura 326 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 14 MÓDULO A CULTURA DO PIMENTO IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO 1 - Comparativamente ao tomate, em que é que o pimento é mais exigente em relação ao solo? 2 - Assinale com um X se as seguintes afirmações são verdadeiras ou falsas: 2.a) Na cultura do pimento, a fraca luminosidade tem como resultado um deficiente desenvolvimento da planta que se manifesta pelo pequeno comprimento dos entre-nós. • Verdadeiro • Falso 2.b) O pimento não é uma cultura exigente em temperatura. • Verdadeiro • Falso 3 - Sendo o pimento sensível à salinidade, diga qual o cuidado a ter na aplicação das regas e fertilizantes. 327 Horticultura 4 – Indique dois dos principais prejuízos provocados pelos ácaros no pimenteiro? 328 Horticultura Ficha de Consolidação Nº14 CORRIGENDA 1 - Comparativamente ao tomate, em que é que o pimento é mais exigente em relação ao solo? É no facto de ser muito sensível à salinidade. 2 - Assinale com um X se as seguintes afirmações são verdadeiras ou falsas: 2.a) Na cultura do pimento, a fraca luminosidade tem como resultado um deficiente desenvolvimento da planta que se manifesta pelo pequeno comprimento dos entre-nós. • Verdadeiro • Falso 2.b) O pimento não é uma cultura exigente em temperatura. • Verdadeiro • Falso 3 - Sendo o pimento sensível à salinidade, diga qual o cuidado a ter na aplicação das regas e fertilizantes. - Distribuir ao máximo os adubos na rega e nunca deixar o terreno secar, fazendo regas de pequena dotação e com grande frequência. 4 – Indique dois dos principais prejuízos provocados pelos ácaros no pimenteiro? - Os ácaros picam as folhas sugando o conteúdo das células que se enchem de ar e ficam com o aspecto bronzeado, acabando por secar e cair. - Muitas flores abortam. - Os frutos ficam pequenos e amadurecem mal. - Quando os ataques são fortes podem causar a morte das plantas. 329 Horticultura 330 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 15 MÓDULO SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO Assinale com uma cruz a afirmação correcta. 1 - O objectivo da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho é: • Aumentar o rendimento das empresas. • Evitar as doenças profissionais e os acidentes de trabalho • Proporcionar aos trabalhadores um bom ambiente. 2 - O trabalho agrícola exige que muitas vezes tenha de ser efectuado ao sol. • A exposição ao sol pode provocar lesões graves na pele • Deve-se evitar trabalhar ao sol entre as 9 e as 11 horas • Não é necessário qualquer tipo de cuidados especiais, pois a exposição ao sol só traz benefícios. 3 – Para tornar a movimentação manual de cargas menos penosa deve-se: • Transportar as cargas com os braços flectidos • Usar o peso do corpo a fim de facilitar a tarefa de deslocar a carga • Levantar a carga acima do nível da cintura num só movimento 331 Horticultura 4- Para prevenir risco de reviramento lateral aquando da utilização do tractor, deve-se: • Em andamento travar primeiro o tractor e depois o reboque • Embraiar o tractor rapidamente • Em estrada, unir os pedais do tractor 5 – Durante a preparação de uma calda com produtos fitofarmacêuticos o operador • Deve-se proteger com o equipamento de protecção individual adequado • Não é necessário vestir o equipamento de protecção individual, pois este só é necessário durante a aplicação da calda • Deve-se usar apenas umas luvas como precaução 6 – Quando num rótulo aparece o símbolo representado por uma caveira significa que: • O produto fitofarmacêutico em questão é facilmente inflamável • O produto fitofarmacêutico em questão é irritante ou sensibilizante • O produto fitofarmacêutico em questão é tóxico ou muito tóxico 332 Horticultura Ficha Ficha de Consolidação Nº15 CORRIGENDA Assinale com uma cruz a afirmação correcta. 1 - O objectivo da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho é: • Aumentar o rendimento das empresas. • Evitar as doenças profissionais e os acidentes de trabalho • Proporcionar aos trabalhadores um bom ambiente. 2 - O trabalho agrícola exige que muitas vezes tenha de ser efectuado ao sol. • A exposição ao sol pode provocar lesões graves na pele • Deve-se evitar trabalhar ao sol entre as 9 e as 11 horas • Não é necessário qualquer tipo de cuidados especiais, pois a exposição ao sol só traz benefícios. 3 – Para tornar a movimentação manual de cargas menos penosa deve-se: • Transportar as cargas com os braços flectidos • Usar o peso do corpo a fim de facilitar a tarefa de deslocar a carga • Levantar a carga acima do nível da cintura num só movimento 4- Para prevenir risco de reviramento lateral aquando da utilização do tractor, deve-se: • Em andamento travar primeiro o tractor e depois o reboque • Embraiar o tractor rapidamente • Em estrada, unir os pedais do tractor 5 – Durante a preparação de uma calda com produtos fitofarmacêuticos o operador • Deve-se proteger com o equipamento de protecção individual adequado • Não é necessário vestir o equipamento de protecção individual, pois este só é necessário durante a aplicação da calda • Deve-se usar apenas umas luvas como precaução 333 Horticultura 6 – Quando num rótulo aparece o símbolo representado por uma caveira significa que: • O produto fitofarmacêutico em questão é facilmente inflamável • O produto fitofarmacêutico em questão é irritante ou sensibilizante • O produto fitofarmacêutico em questão é tóxico ou muito tóxico 334 Horticultura Ficha de Consolidação Nº 16 MÓDULO SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO IDENTIFICAÇÃO DO FORMANDO OU DO GRUPO GRUPO Leia toda a ficha antes de começar a responder. Responda inicialmente às questões sobre as quais INSTRUÇÕES não tem dúvidas. ENUNCIADO Assinale com uma cruz a afirmação correcta. 1 – O trabalho agrícola em geral e a horticultura em particular, tem características que o tornam único. Enumere dois riscos inerentes à sua particularidade: • Utilização de tractores, máquinas e ferramentas agrícolas • Utilização de substancias químicas • Movimentação manual de cargas 2 - Ao levantar manualmente uma carga deve-se: • Inclinar o corpo (dorso) para a frente, para se chegar facilmente à carga • Manter a coluna vertebral o mais direita possível • Juntar os pés para manter um bom equilíbrio 3 – Para manobrar um tractor, ao operador: • Basta ler o manual de instruções • Deve ter competências para tal, isto é possuir carta de tractorista • Basta ir treinando até ganhar experiência 335 Horticultura 4 – O circuito e o líquido de arrefecimento são causas de muitos acidentes quando se abre o bujão do radiador. Para fazer esta operação em segurança: • Pode proceder à abertura logo que desligue o tractor • Deve-se proceder à sua abertura em dois tempos • Deve-se proceder à sua abertura com o tractor em funcionamento 5– Existem diferentes tipos de pesticidas, cuja designação tem em linha de conta o seu agente causal. Assim, um fungicida é: • Um produto destinado ao combate de insectos • Um produto destinado a aumentar a produção de frutos • Um produto destinado a proteger as culturas contra o ataque de fungos 6 – Quando se aplica um produto fitofarmacêutico: • Não pulverizar em dias de muito vento nem com temperaturas muito baixas • Não pulverizar em dias de muito vento nem com temperaturas muito altas • Para a realização da pulverização são indiferentes as condições climatéricas 336 Horticultura Ficha de Consolidação Nº16 CORRIGENDA Assinale com uma cruz a afirmação correcta. 1 – O trabalho agrícola em geral e a horticultura em particular, tem características que o tornam único. Enumere dois riscos inerentes à sua particularidade: • Utilização de tractores, máquinas e ferramentas agrícolas • Utilização de substancias químicas • Movimentação manual de cargas 2 - Ao levantar manualmente uma carga deve-se: • Inclinar o corpo (dorso) para a frente, para se chegar facilmente à carga • Manter a coluna vertebral o mais direita possível • Juntar os pés para manter um bom equilíbrio 3 – Para manobrar um tractor, o operador: • Basta ler o manual de instruções • Deve ter competências para tal, isto é possuir carta de tractorista • Basta ir treinando até ganhar experiência 4 – O circuito e o líquido de arrefecimento são causas de muitos acidentes quando se abre o bujão do radiador. Para fazer esta operação em segurança: • Pode proceder à abertura logo que desligue o tractor • Deve-se proceder à sua abertura em dois tempos • Deve-se proceder à sua abertura com o tractor em funcionamento 337 Horticultura 5– Existem diferentes tipos de pesticidas, cuja designação tem em linha de conta o seu agente causal. Assim, um fungicida é: • Um produto destinado ao combate de insectos • Um produto destinado a aumentar a produção de frutos • Um produto destinado a proteger as culturas contra o ataque de fungos 6 – Quando se aplica um produto fitofarmacêutico: • Não pulverizar em dias de muito vento nem com temperaturas muito baixas • Não pulverizar em dias de muito vento nem com temperaturas muito altas • Para a realização da pulverização são indiferentes as condições climatéricas 338 Horticultura Anexo 2 Glossário Afídeo – Nome de insectos conhecidos vulgarmente por piolhos ou pulgões. Arejamento – Renovação do ar num espaço limitado. Artrópode – Animal sem esqueleto interno com membros e apêndices articulados (exp.aranhas, insectos, centopeias). Aspersão - Sistema de rega em que a água cai sob a forma de chuva. Auxiliar – Organismo (predador ou parasitoide) que limita os inimigos das culturas. Exemplo: joaninhas. Bactéria – Organismo de origem vegetal, microscópico, sem núcleo individualizado. Algumas causam doenças nas culturas, outras como o rizóbio e as bactérias nitrificantes são úteis. Cotilédone – Estrutura de reserva das sementes que serve para alimentar a planta nas primeiras fases do seu desenvolvimento. Dinâmico – Activo. Doença – Perturbação da fisiologia que ocasiona efeito desfavorável na actividade da planta. Doença não parasitária – Doença que não é causada por organismos, mas por nutrição inconveniente, más técnicas agrícolas, condições meteorológicas desfavoráveis, etc. Doenças parasitárias – Doenças causadas por microorganismos como vírus, bactérias, fungos. Edafo - climáticas (condições) – Dizem respeito às relações entre o solo e o clima e os seres vivos. Estático – Sem alteração. 339 Horticultura Estanquicidade – Propriedade de vedar. Estrago – Efeito inconveniente sem importância económica, provocado directa ou indirectamente pelo inimigo da cultura no desenvolvimento da cultura ou nos seus produtos. Estrume curtido – Que já fermentou. Estufa – Construção em que as paredes e tecto são transparentes, criando um ambiente mais quente e húmido que no exterior. Fisiologia – Ciência que estuda o funcionamento dos diferentes órgãos das plantas e as suas relações recíprocas. Folíolo – Pequena «folha», parte das folhas compostas, como no tomateiro. Irradiação – Devolução ao espaço de parte da energia que a terra recebe pelas radiações electro – magnéticas do sol. Meios de protecção biológicos – Redução dos inimigos das culturas por acção de organismos úteis existentes nas culturas ou nelas introduzidos. Meios de protecção culturais – Meios normalmente preventivos que servem para contrariar as condições propicias à instalação e desenvolvimento dos inimigos das culturas ( ex. : rotações de culturas, camalhões). Meios de protecção genéticos – Descoberta e desenvolvimento pelo homem de variedades resistentes ou tolerantes à acção prejudicial dos inimigos das culturas. Meios de protecção químicos – Redução ou mesmo eliminação das populações de inimigos das culturas através da aplicação de substancias químicas naturais ou de síntese, designadas por pesticidas Nemátodo – Vermes microscópicos que dão muitos prejuízos ao nível das raízes das plantas. Paillage – Cobertura do solo com palha, plástico ou outros materiais, para proteger as plantas do frio ou do calor excessivo, reduzir a evaporação da água do solo, evitar o desenvolvimento de infestantes. 340 Horticultura Planta hospedeira – Planta onde se instala uma doença ou praga. Plântula – Planta jovem que ainda tem os cotilédones. Pluviómetro – Aparelho para medir a quantidade de água da chuva. Perfil do solo – Corte vertical no terreno, onde se notam as diferentes camadas que o constituem, sua natureza e disposição. Praga – Organismo animal nocivo para as culturas. Predador – Organismo útil que necessita de várias presas para se alimentar e tem vida livre em todos os estados móveis. Prejuízo – Redução com importância económica, da produção de uma colheita, quer em qualidade quer em quantidade, causada pelos inimigos das culturas. Rega gota a gota – Sistema de rega em que a água é fornecida directamente às raízes da planta através de tubagem com gotejadores. Evita grandes perdas por evaporação. Rotação de culturas – Sucessão ordenada e periódica de culturas no mesmo terreno com o fim de conservar a fertilidade do solo, manter a humidade do solo, quebrar o ciclo de desenvolvimento de doenças e pragas. 341 Horticultura 342 Horticultura Anexo 3 Bibliografia Bibliografia Específica AGRIOS, G. 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