Marabouts - Figuras marcantes do islão oeste-africano

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OBSERVARE 1st International Conference
16 - 17 - 18 November, 2011
I Congresso Internacional do OBSERVARE
16 - 17 - 18 Novembro, 2011
Actas
Universidade Autónoma de Lisboa | Fundação Calouste Gulbenkian
http://observare.ual.pt/conference
Marabouts - Figuras marcantes do islão oeste africano transformadas
em fenómeno transnacional
Eduardo Costa Dias
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa
Palavras chave: Marabout, Talibé, Instituição total, Diáspora, Transnacional
Os marabouts - termo que nesta comunicação se aplica exclusivamente aos dignitários das
confrarias muçulmanas oeste africanas - têm desde sempre desempenhado localmente, a par
das actividades na região tomadas consabidamente como adstritas à “religião muçulmana”,
múltiplas funções nos campos político, social e económico.
Mais recentemente, os marabouts, aproveitando-se da extensão da relação clientelar mestrediscípulo às diásporas e dos vastos movimentos de circulação de pessoas, ideias e bens
induzidos pela globalização, têm vindo a alargar a sua influência a outras áreas geográficas e
a transformarem-se em figuras que, por exemplo, aliam às práticas económicas tradicionais
práticas em (quase) tudo iguais às de um qualquer magnate financeiro internacional e, no
campo das relações Estado a Estado, frequentemente desempenham papéis de “facilitadores” nas relações com outros países. Nesta última dimensão, à tradicional rede regional
gerada pela própria natureza das confrarias muçulmanas (funcionam como efectivas instituições sociais totais, têm pólos em vários países) juntam-se, com o reforço da inserção do
islão oeste africano na Umma e a multiplicação de contactos estimulada pela globalização,
importantes conexões com figuras e instituições muçulmanas de outras regiões.
Nesta comunicação, darei especial destaque tanto às formas de enquadramento dos seguidores das confrarias na diáspora, como à transformação do marabout em chefe de “holding”
de negócios e em protagonista de diplomacias paralelas toleradas e, mesmo, nalguns casos,
incentivadas.
Os marabouts das confrarias oeste africanas são, na região, um dos mais paradigmáticos
casos de “transnacionalização” : um (grande) marabout tem talibés (discípulos) nas sete
partidas do mundo, e a par de “tudo o resto”, incluindo o “perfil tradicional” que exibe,
controla inúmeros negócios no seu país, nos países vizinhos e no seio das diásporas, investe
em empresas cotadas nas mais importantes bolsas do mundo e tece relações seguidas com
inúmeras figuras dos países muçulmanos e não só.
Eduardo Costa Dias – Doutor em Antropologia Social. Professor do Departamento de Ciência
Política e Políticas Públicas, investigador do Centro de Estudos Africanos e director do Doutoramento em Estudos Africanos do ISCTE-IUL. Tem, no contexto africano, desenvolvido trabalhos
sobre o Estado, as relações entre os dignitários muçulmanos e o Estado, as formas de transmissão do
saber muçulmano e, mais recentemente, a natureza das Forças Armadas. Actualmente faz parte do
Board of Directors da Mande Studies Association.
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