PODRIDÃO FLORAL Medidas essenciais de controle PODRIDÃO FLORAL A podridão floral, também conhecida como “estrelinha” é uma doença de ocorrência esporádica que pode se tornar uma epidemia severa em anos de chuvas intensas durante a florada. A doença é causada pelo fungo Colletotrichum spp., que afeta as flores e causa queda precoce de frutos jovens. Todas as variedades de citros são vulneráveis ao fungo, mas as que tem florescimento desuniforme, como a laranja Pera, estão mais suscetíveis. As perdas variam em função da quantidade e distribuição de chuvas durante o período de florescimento. Em casos extremos, a podridão floral pode causar redução de até 80% na produção. No estado de São Paulo, os maiores prejuízos foram registrados no final da década de 70, no início dos anos 90 e na safra referente ao florescimento de 2009. Quanto maior o número de eventos de dois ou três dias consecutivos de chuvas, com prolongamento do molhamento, mais danos a doença causará. Se este molhamento contínuo ocorrer várias vezes durante o florescimento, a epidemia se tornará explosiva e o controle poderá ser comprometido. A podridão floral é uma doença de difícil controle, por isso, além de fazer aplicações de fungicidas, é preciso investir em práticas que contribuem para antecipar, uniformizar ou reduzir o período de florescimento, além de monitorar a florada e o clima. SINTOMAS O s primeiros sintomas de podridão floral podem aparecer de dois a sete dias após a infecção. Inicialmente formam-se lesões alaranjadas nas pétalas (1) e lesões negras no estigma e estilete (2). Os frutinhos ainda recém-formados ficam amarelecidos (3) e caem prematuramente. Após a queda dos frutos, os cálices permanecem retidos nos ramos por vários meses e são popularmente conhecidos por “estrelinhas”(4). Pode ocorrer esta formação mesmo em botões nos quais não foram visualizados sintomas nas flores. Além da queda dos frutos, as folhas localizadas próximas aos botões florais contaminados ficam distorcidas (5). 1 2 4 3 5 CICLO MANEJO A s medidas para a prevenção são aquelas que contribuem para que a florada seja uniforme e não ocorra no período chuvoso: IRRIGAÇÃO: antecipa a “quebra” do estresse hídrico e pode fazer com que o florescimento ocorra antes da época de chuvas. Além disso, a florada é mais uniforme, evitando a ocorrência de novas infecções. ADUBAÇÃO: contribui para evitar florescimentos desuniformes ou surtos de florescimentos. Uma planta bem nutrida pode sofrer menos danos com a doença. POMAR SADIO: a eliminação de plantas debilitadas e a manutenção da sanidade do pomar evitam a ocorrência de surtos de florescimento antes da florada principal. CONTROLE QUÍMICO O primeiro passo é definir qual será o período gasto para pulverizar toda a fazenda. Este tempo não deve ser superior a sete dias, pois se as condições climáticas forem favoráveis a doença poderá causar danos severos. O ideal é pulverizar toda a fazenda em até quatro dias, pois se uma pulverização for realizada e chuvas ocorrem por dois dias consecutivos, com molhamento prolongado, é preciso reaplicar o fungicida imediatamente após este período chuvoso. É importante realizar o monitoramento dos talhões para saber em qual fase o florescimento se encontra e quais áreas já apresentam flores com sintomas. Sem este cuidado se torna difícil realizar as pulverizações corretamente. As aplicações devem começar quando os botões estiverem no começo da exposição dos tecidos brancos, e encerradas após a queda do pistilo (chumbinho). As pulverizações devem ser realizadas somente se as condições de molhamento forem favoráveis (mais de 12 horas de molhamento). As fases de botão em expansão e flores abertas são as mais críticas. CONTROLE QUÍMICO FUNGICIDAS – São indicados os produtos dos grupos das estrobilurinas e dos triazóis. Em condições mais favoráveis à ocorrência da podridão floral, em talhões mais velhos, adensados ou com florescimento desuniforme, a utilização da mistura de triazóis e estrobilurinas tem apresentado melhores resultados. Como as misturas são mais eficientes, o seu uso deve ser direcionado para as fases mais críticas do florescimento (expansão de pétalas e flores abertas). As aplicações devem ser realizadas preventivamente ou no máximo um dia após o molhamento. VOLUME DE CALDA E VELOCIDADE – As aplicações de fungicidas podem ser realizadas com volumes de caldas mais baixos, em torno de 20 a 40 mL de calda/m3 por copa das plantas, que representam 400 a 1.000 L/ha. Além do volume baixo, as aplicações podem ser feitas com velocidades maiores (até 7 km/h). Desta forma, é possível obter maior rendimento operacional durante o florescimento e pulverizar toda a fazenda em intervalos menores que sete dias, em anos muito chuvosos. Ao reduzir o volume, é importante corrigir a dose do produto. NÚMERO DE APLICAÇÕES – vai depender das condições climáticas e da uniformidade e duração do florescimento. A aplicação dos fungicidas deve ocorrer em intervalos de sete a dez dias nos períodos mais quentes e dez dias em épocas mais frias, uma vez que em temperaturas baixas, o botão floral não se desenvolve rapidamente. Se chover por dois dias consecutivos com molhamento prolongado, o intervalo deverá ser reduzido. Deve-se pulverizar primeiro os talhões mais velhos, com florescimento desuniforme, os de difícil acesso após as chuvas, os que estão em baixadas ou nos estágios de flor aberta ou pétalas em expansão. REAPLICAÇÃO – A aplicação da mistura triazol + estrobilurina não precisa ser repetida se chover menos de 20 mm após a aplicação. Entretanto, se a chuva for mais intensa, é recomendado fazer reaplicação.Caso chova por dois dias consecutivos ou mais, com molhamento prolongando, deve-se fazer a reaplicação do produto antes do intervalo de sete a dez dias, pois a quantidade de inóculo produzida será muito alta, aumentando as chances de infecções. PROGRAMA DE CONTROLE – O sucesso do controle da podridão floral depende da escolha correta dos produtos, doses e intervalos de aplicação. Vale ressaltar que, todas as pulverizações devem ser feitas no tempo correto durante o florescimento, pois apenas uma aplicação realizada incorretamente pode comprometer todo o programa de controle da doença. As pulverizações preventivas não devem ser feitas muito antes da ocorrência das chuvas, pois as pétalas podem expandir e se tornarem suscetíveis à infecção do fungo até o dia da chuva. Não é indicada a aplicação de estrobilurina pura, pois o produto também é utilizado para controle da pinta preta. A recomendação é sempre usar os fungicidas com critério, não exagerar no número de pulverizações (recomenda-se duas de cada grupo químico por safra) e fazer sempre a rotação dos produtos para evitar seleção de fungos resistentes, o que poderia comprometer o controle no futuro. Av. Dr. Adhemar Pereira de Barros, 201 Vila Melhado - Araraquara/SP (16) 3301-7000 / 0800 112155 www.fundecitrus.com.br Autor: Geraldo José da Silva Junior | Edição: Fabiana Assis | Revisão: Jaqueline Ribas | Projeto gráfico: Marcelo Almeida “Quén” | Ilustração: Alan Barbosa | Fotos: Henrique Santos e Arquivo Fundecitrus | 2016 © - Versão atualizada