Anais do III Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí: História e Diversidade Cultural. Textos Completos. Realização Curso de História – ISSN 2178-1281 OS RELEGADOS: A HISTÓRIA OCULTA DOS PRIMEIROS POVOS DO PONTAL DO TRIÂNGULO. Autor: Pedro Affonso Oliveira Filho. Graduando do curso de História da Universidade Federal de Uberlândia –UFU/Campus Pontal Bolsista do projeto PET (Re) Conectando Saberes, Fazeres e Práticas: Rumo à Cidadania Consciente Email: [email protected] Co Autora: Juliana de Brito. Graduando do curso de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia –UFU/Campus Ponta Bolsista do projeto PET (Re) Conectando Saberes, Fazeres e Práticas: Rumo à Cidadania Consciente Email:[email protected] Co Autora: Maísa Albino dos Santos Gonçalves. Graduando do curso de História da Universidade Federal de Uberlândia –UFU/Campus Pontal Bolsista do projeto PET (Re) Conectando Saberes, Fazeres e Práticas: Rumo à Cidadania Consciente Email: [email protected] Esta comunicação tem por objetivo apresentar uma reflexão sobre o silenciamento dos indígenas na história e na memória local e regional do Pontal do Triângulo Mineiro. Na tentativa de compreender como estes grupos étnicos foram reconstruindo alternativas de registro das suas histórias por meio da oralidade e da memória, evitando o esquecimento e a consolidação de uma historia única que os desprezava. O caminho trilhado para a resolução destas questões será o das últimas décadas do século XVIII e início do XIX, culminando com o massacre ocorrido na região de Ituiutaba em 1820, pelos doadores do patrimônio municipal, o senhor José da Silva Ramos e Joaquim Antônio de Morais, que com um grupo de aproximadamente vinte forasteiros, impelidos pela conquista de terras, entretanto, alegando um “ato de fé”, dizimaram três tribos de índios, em sua maioria Caiapós. Relatos orais e documentais apontam que o grupo liderado pelos fundadores da cidade atacou as tribos em três locais, sendo o último deles o ponto mais tarde batizado de Salto do Morais, em homenagem ao ao senhor Joaquim. Os registros estudados, demonstram que destas investidas não foram colhidos prisioneiros, pois nenhum índio sobreviveu. PALAVRAS-CHAVE: Aldeias indígenas, sítios arqueológicos, genocídio, história oculta, promessa. 1 Anais do III Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí: História e Diversidade Cultural. Textos Completos. Realização Curso de História – ISSN 2178-1281 1.INTRODUÇÃO Este artigo tem o intuito discutir uma parte da historia que tem sido negligenciada pelos escritores da “historia oficial” da região do Pontal do Triangulo Mineiro.Em variadas linhas de pesquisa, podemos ver resquícios dessa historia que tem sido silenciada e de forma convenientemente vem sendo omitida pelos “narradores da historia dita como oficial”. Alguns trabalhos como o livro “A Oeste Das Minas” de autoria do professor Luiz Augusto Bustamante Lourenço, mostram em um patamar geral o cenário ao qual se encontrava o Triangulo Mineiro durante a segunda metade do século XVIII e primeira metade do século XIX, mostrando como a geografia da região influía na relação do colonizador com o índio e com os escravos africanos. Ao descrever o espaço e seus habitantes Bustamante Lourenço narra que: “Os caiapós meridionais, nome que designava grupos do tronco Macro-Jê lingüisticamente aparentados, habitavam o Triangulo mineiro e mais uma vasta área correspondente a os atuais estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, á época da chegada dos primeiros colonizadores luso-brasileiros”. (LOURENÇO 2005). 2. OS ESTUDOS SOBRE OS INDIOS NA REGIÃO Os caiapós meridionais como narra o professor Bustamante Lourenço eram quem habitavam toda a vasta região a oeste das Minas, seus primeiros contatos com os lusobrasileiros se deu com as primeiras bandeiras, como por exemplo a expedição de Bartolomeu Bueno da Silva Filho que partiu de São Paulo rumo a Goiás em meados de 1722, fazendo o trajeto que posteriormente resultaria na Estrada do Anhanguera.(NABUT, 1986). A expedição, ao que consta em antigos registros partindo de São João Del Rey cruzou o Rio São Francisco, próximo da Barra do Bambuí, seguiu pela Serra de Marcela, proximidades de Araxá, Patrocínio, Coromandel, Paracatu e Goiás. A partir daí varias foram às expedições a explorar a região como em 1736, a bandeira desgalhada, desta nasceu um pequeno povoado, que ao que consta nos registros foram dizimado pelos índios, mais tarde em 1743, abaixo das ruínas do antigo povoado, uns 100 km, aproximadamente, fundaram outro povoado (LOURENÇO 2005). 2 Anais do III Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí: História e Diversidade Cultural. Textos Completos. Realização Curso de História – ISSN 2178-1281 Desta vez o povoado levava o nome de Nossa Senhora do Desterro das Cabeceiras do Rio das Abelhas, mais tarde Desemboque do Rio Grande, aonde a corrida do ouro fez que muitos viessem residir ali, e que deu origem ao Sertão da Farinha Podre, região que se estende entre os rios Grande e Paranaíba (NABUT, 1986). Quando da chegada dos colonizadores a presença indígena já era muito antiga, os indícios arqueológicos dos primeiros povos horticultores e ceramistas remonta a 1.000 anos, aproximadamente, conhecidos como tradição Aratu-Sapucaí, esses agricultores construíram aldeias nas matas, nas margens dos cursos d’água, praticavam agricultura fundamentada no milho e desconheciam a mandioca (LOURENÇO 2005). Alguns estudos indicam que no entanto não foram os Caiapós os primeiros habitantes da região, estes seriam índios pertencentes a tradição Itaparica formada por caçadores e coletores exclusivos, antecedeu a Aratu-Sapucaí e remontava ao final do Pleistoceno, esta tradição remonta há 12.000 anos de habitação, (LOURENÇO 2005), vemos a seguir duas imagens de pinturas rupestres que podem ser vistas na encosta de uma serra na zona rural da cidade do Prata, no Triangulo Mineiro, pinturas. 3 Anais do III Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí: História e Diversidade Cultural. Textos Completos. Realização Curso de História – ISSN 2178-1281 Imagens 1 e 2: Pinturas rupestres na cidade do Prata, com idade aproximada de 11.000 anos segundo testes do carbono 14, sua autoria é atribuída a os índios da tradição Itaparica, as imagens mostram animais típicos da fauna local, como capivaras e outros mais. Disponível em http://patrimonioculturalmg.blogspot.com.br/2008/05/pinturas-rupestres-em-pratamg.html, acesso em 13/09/2012 ás 18 horas. Os caiapós alternavam as atividades de horticultura com a caça e a coleta, pois quase todos os povos pré-cabralianos cultivavam uma lista de espécies pré vegetais, que consistia basicamente em milho, mandioca brava, aipim, 2 espécies de feijão na abobora e na batata doce (LOURENÇO 2005). Os caiapós abriam suas roças de milho e, uma vez plantadas dispersavam-se em pequenos bandos para as atividades de caça e coleta voltando a concentrar se na época da colheita, o plantio era feito pelas mulheres em sistema de mutirão, uma vez maduras as espigas as mulheres as colhiam para protegê-las da chuva em paióis de duas águas, cobertos de sapê e elevadas do chão, uma vez terminada a colheita do milho era plantado o feijão aproveitando se a ramagem do milho como proteção e suporte para as ramas (LOURENÇO 2005). Muitos artefatos utilizados pelos índios podem ainda ser encontrados em sítios arqueológicos da região, esse material foi produzido por eles há milhares de anos atrás. São ferramentas de pedra polida, conhecido em arqueologia como material lítico polido. Eles possuíam uma técnica de deixar a pedra polida para corte. É uma técnica que comprova a eficiência daqueles povos, tais pedras são abundantes em toda a região (NABUT, 1986). 4 Anais do III Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí: História e Diversidade Cultural. Textos Completos. Realização Curso de História – ISSN 2178-1281 Há uma peça conhecida como pedra do raio, assemelha-se a uma machadinha, segundo pesquisas ela começou ter esse nome, porque os índios colocavam as machadinhas nas raízes das plantas em desenvolvimento. E quando essas plantas estavam transformadas em grandes árvores, eles derrubavam a árvore e pegavam a machadinha com um cabo feito pela raiz que se enrolou nela. 4. A CHEGADA DOS OCUPANTES LUSO-BRASILEIROS NA REGIÃO DO PONTAL. A chegada das primeiras famílias onde hoje é a atual região de Ituiutaba se confunde com as bandeiras que adentraram sertão adentro, pois em 1807, há registros de que uma bandeira saiu do Desemboque e invadiu os sertões do Pontal do Triângulo Mineiro até às margens do Rio Grande (NABUT, 1986). Nessa bandeira constam os nomes de Januário Luis da Silva, José Gonçalves Heleno, Manuel Francisco e Manuel Bernardes Ferreira. O termo “Sertão da Farinha Podre” teria surgido nessa bandeira pois eles colocavam sacos de farinha no caminho para comê-los na volta. Quando voltavam encontravam-nos apodrecidos (NABUT, 1986). Em 1810, o Capitão Eustáquio organizou uma nova bandeira, da qual fez parte seu parente, o vigário do Desemboque Cônego Hermógenes Cassimiro de Araújo Bronswick. Depois dessa bandeira o Capitão Eustáquio criou nova freguesia, mais perto da estrada que vai para São Paulo. Através de seus esforços foi criada a freguesia de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba (NABUT, 1986). 5 .CAPELAS CRIADAS NO SERTÃO TRIANGULINO NO SÉCULO XIX 1811 - Provisão para a criação da Capela de Nossa Senhora do Carmo dos Morrinhos (Município do Prata); - 1817 – Oratório e depois Matriz de Santo Antônio e São Sebastião de Veraba (Uberaba), desmembrada de Desemboque; - 1818 – Oratório de depois Capela do Santíssimo Sacramento do Borá (atual Sacramento), filial do Desemboque; - 1823 – Capela de Nossa Senhora de Campo Formoso, atual Campo Florido, com patrimônio desde 1812; 1825 – Capela de São Francisco das Chagas do Monte (Monte Alegre de Minas); - 1832 – Capela de São José do Tijuco (Ituiutaba), com patrimônio doado em 1820; - 1830 – Capela de 5 Anais do III Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí: História e Diversidade Cultural. Textos Completos. Realização Curso de História – ISSN 2178-1281 Nossa Senhora Mãe dos Homens de Campo Belo (Campina Verde); - 1836 – Capela de Nossa Senhora do Carmo do Arraial Novo (Frutal); - 1837 – Curato da Missão de São Vicente de Paula (São Francisco de Sales); - 1835 – Capela de Nosso Senhor Bom Jesus de Cana Verde (Araguari); - 1842 – Capela de Nossa Senhora da Abadia do Bom Sucesso (Tupaciguara); 1842 – Capela de Nossa Senhora do Carmo e São Pedro de Uberabinha (Uberlândia), sendo o arraial da Tenda de 1837; - 1850 – Capela de Nossa Senhora do Carmo e Santa Maria Maior (Miraporanga); - 1855 – 24 de março – Capela de Nossa Senhora do Rosário da Boa Vista do Rio Verde (Monjolinho); - 1858 – Capela de Nossa Senhora da Conceição do Garimpo (Conceição das Alagoas); - 1880 – Capela de São Miguel Arcanjo de Veríssimo (Veríssimo). Com a doação de sesmarias para o povoamento do local por homens brancos a região foi sendo invadida por grandes latifundiários e os índios foram sendo impulsos (CHAVES, 1953). 6. OS CONFLITOS PELA POSSE DA TERRA Com a criação da vila de Uberaba os primeiros posseiros brancos começaram a habitar a região de Ituiutaba entre a região posteriormente denominada de córrego “Sujo” e “Pirapitinga”, com suas casas espalhadas pelo cerrado, a povoação era incipiente e sem um nome definido, consta que as 1º famílias eram as de José da Silva Ramos e Joaquim Antônio de Moraes. Os índios viviam em aldeamentos próximos a beira do rio Tijuco e Prata, e do córrego Santa Rita(CHAVES, 1953). Conflitos surgiram pela disputa da terra pertencente primeiramente a os índios, e agora invadida, o trecho abaixo é uma narrativa do senador Camilo Chaves, memorialista da região, escreveu estas memórias na década de 1920, e as publicou em na revista Acaiaca em 1953 por ocasião do cinqüentenário da cidade, eis o relato: E o gentio declarou guerra a os posseiros. Houve luta, armaram-se tocaias, irromperam inopinados assaltos com morticínios. Concentraram-se os colonos para a defesa, que o agressor não dava quartel. Dalí irradiou-se a contra-ofensiva que havia de afastar os incômodos caiapós. Foram incendiados os aldeamentos mais próximos, o da Aldeã Velha, no salto do rio da Prata, e do salto do Gambá, no rio Tijuco, o de Santa Rita, e o da Queda, hoje conhecido por Salto Do Moraes(CHAVES, 1953). 6 Anais do III Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí: História e Diversidade Cultural. Textos Completos. Realização Curso de História – ISSN 2178-1281 Assim temos uma idéia do que por ventura ocorreu, incendiaram-se os aldeamentos indígenas, pelo menos quatro aldeamentos, o da Aldeã Velha, o do Gambá, o de Santa Rita, e o da Queda, consta ainda que a maioria dos índios fugiu pra a região de Goiás e Mato Grosso. Mas alguns permaneceram na região, na aldeia que se estabelecia na localidade conhecida anteriormente como largo da Queda, e hoje conhecida por Salto do Moraes, os índios permaneceram ali mais ou menos um ano após queimarem sua aldeia, vendo que não iriam partir José da Silva Ramos e Joaquim Antônio de Moraes tomaram providencias quanto a questão. Muitos dos moradores mais velhos da cidade de Ituiutaba conhecem as histórias e narrativas de como terminou o aldeamento dos índios na região do Salto do Moraes, dona Maria Rosa de Moraes com 95 anos de idade, descendente direta de um dos irmãos de Joaquim Antônio de Moraes conta à história que segundo ela ouviu seu tio e seu avô repetirem varias vezes, eis a narrativa: “Meu avô Germano, e meu tio Afonso, contava que os índio teimo em fica lá no Sarto, eis não foi imbora com o incêindio, fico lá esperando sei lá o que. Daí o tio Joaquim e mais uma tropa de uns vinte homi pego as arma e foi lá pra monde ispursa eis. Mais eis não foro imbora não, ficaro, daí tivero que luita, e prometero a São José que se ganhasse na luta dos índio, eis ia fase uma capela, e ouve a matança, quando chego o tercero dia não tinha mais índio vivo lá no Sarto, morreu tudo matado. O Vô dizia que eis interro os coipo na bera do coigo e veio imbora pra casa, mais os índio amardiçuo o luga, daí ninguém tem pais lá”. (Entrevista com Dona Maria Rosa de Moraes Laércio, feita em 15/09/2012). Esta narrativa sobre o massacre dos índios é repetida por diferentes pessoas, de diferentes formas, o que há em comum em todas elas é que os índios houve lutas e uma promessa a São José, que caso vencessem a disputa José da Silva Ramos e Joaquim Antônio de Moraes doariam uma parcela de suas terras para a construção de uma capela e uma vila, daí os índios foram mortos a tiro na região do Salto, não sobrou ninguém. Assim a doação para construção da capela em 1820, do povoado e posteriormente município de Ituiutaba, veio de uma promessa de ajuda em um momento de luta, José da Silva Ramos e Joaquim Antônio de Moraes para conseguir matar todos os índios pedem ajuda 7 Anais do III Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí: História e Diversidade Cultural. Textos Completos. Realização Curso de História – ISSN 2178-1281 divina e a proteção de São José, esta parte da história permanece oculta na história oficial da cidade. Esta doação tinha as seguintes características: iniciava-se na barra do córrego “Sujo” com o “Tijuco”, pelo córrego acima até a junção deste com o córrego “Pirapitinga”, por este acima até sua cabeceira, e desta, pelas serras até à cabeceira do córrego do “Burrinho”, por este abaixo até seu encontro com o ribeirão de “São Lourenço”, por este abaixo até sua barra com o rio do “Tijuco” e por esta abaixo, até o ponto inicial; medindo tal doação légua e meia de norte a sul e uma légua de leste a oeste, destinando-se tal doação, acrescidas pela gleba doada por José Lemes Pereira dos Santos (“Carmo”), à Paróquia de “São José do Tijuco”. (I Livro de atas (Livro Tombo) da igreja matriz de São José do Tijuco, 1884 e 1912, pág. 02.) 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Partimos do pressuposto do que encontramos nos livros e na memoria pré estabelecida pelos memorialistas de nossa cidade. Pesquisas realizadas nos arquivos aos quais tivemos acesso, nos mostraram um lado da historia que deixa de fato parte importante de nossa colonização (ocupação do espaço onde hoje se encontram as principais cidades do Pontal) fora de evidencia, como podemos ver nos relatos tirados de uma importante edição do livro que relata a historia oficial de Ituiutaba, feita em comemoração ao centenario de emancipação do municipio. Eis que segue um trecho do capitulo inicial deste livro. “No começo foi assim: indios caiapos do grupo GÊ ou tapuia viviam nesta região; eram felizes caçando, pescando e colhendo frutos; eram indios(nomades), isto é, nao fixavam residencia por muito tempó e moravam sempre nas beiradas dos rios Tijuco e Paranaiba. Ao escassear os alimentos, iam para outros lugares. Cultivavam algumas lavouras, principalmente a mandioca, cuja raiz faziam farinhas.(...) Em 1820, chegaram os primeiros desbravadores desta terra. Eram eles Joaquim Antonio de Morais e Jose das Silva Ramos, vindos do Sul de Minas. E vieram os Silva Ramos, os Morais, os Texeira Alves e os Pereira dos Santos. Jose da Silva Ramos era proprietario da Fazenda São Lourenço e Joaquim Antonio de Morais, da Fazenda do Carmo, que eram vizinhas e o patrimonio compreendia uma area entre os corregos Sujo e Pirapitinga. Nesta regiao moravam os verdadeiros donos da terra, os indios Caiapos da tribo “Panariá”, que viviam nas aldeias da Fazenda do Bugre, no corrego do mesmo nome, afluente do Rio da Prata, na aldeia do Rio Douradinho nas divisas entre o Prata com Ituiutaba, na Fazenda da Aldeia , proximo da Capela de São Francisco de Sales, beria do Rio Verde e proximo ao Rio Grande. Praticamente nao houve lutas entre os amerindios e o invasor branco civilizado, pois os silvicolas, tao logo verificaram a superioridade das armas dos desbravadores, se dirigiam para o Goias e Mato Grosso. Os indios deixaram traços por aqui: machados de 8 Anais do III Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí: História e Diversidade Cultural. Textos Completos. Realização Curso de História – ISSN 2178-1281 pedra, panelas e cemiterios com igaçabas (potes de barro de boca larga onde enterravam seus mortos). (Centenário de Ituiutaba 2001) Este trecho do livro “2001 Centenário de Ituiutaba” relata e oculta a verdadeira forma que chegaram os ocupantes da regiao, mas analizando estes relatos concluimos que são demasiadamente romanticos, eles dizem que os “tapuia” sairam de sua morada sem resistencia, sem luta. Os caiapos eram considerados guerreiros e dos povos indigenas confrontados no interior do pais, foram o de mais dificil dominação, sendo um dos povos que menos se rendeu e por tanto menos prisioneiro se tornou (NABUT, 1986). Da chegada dos pioneiros até o ponto em que viviam em plena harmonia há uma lacuna que tentaremos preencher com este nosso estudo. As fontes utilizadas para este fim sao relatos orais tais como o de Dona Maria Rosa de Moraes Laércio, memorias passadas de pais para filhos, e partes de documentos escondidos, nao revelados ao grande publico para que nao houvesse escandalos e os fundadores do municipio fossem honrados. 8.BIBLIOGRAFIA Desemboque Documentário Histórico e Cultural. Fundação Cultural de Uberaba. Arquivo Público de Uberaba. Academia de Letras do Triangulo Mineiro. Coordenação Jorge Alberto Nabut, 1986. LOURENÇO, Luis Augusto Bustamante. A Oeste de Minas. Escravos, índios e homens livres numa fronteira oitocentista. Triângulo Mineiro 1750-1861. Uberlândia, Edufu, 2005. Revista Acaiaca, Camilo Chaves, 1953. BARBOSA, Waldemar de Almeida. 1985. Dicionário da Terra e da Gente de Minas. Belo Horizonte - MG. Imprensa Oficial 9 Anais do III Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí: História e Diversidade Cultural. Textos Completos. Realização Curso de História – ISSN 2178-1281 BORGES, Benedito Antônio Miranda Tiradentes. 1996. Povoadores do Sertão do Rio da Prata.Uberaba-MG. Editora Vitória Ltda. 74. História Antiga de Ituiutaba.4ª Edição. Ituiutaba - MG NUNES, Pe. José. História Religiosa e Política de São Francisco de Sales – MG – Triângulo Mineiro. Divinópolis-MG. Editora Sidil TEIXEIRA, Edelweiss. 1953. “Evolução Histórica de Ituiutaba (1810 – 1902)”. In: Revista Acaiaca. Belo Horizonte - MG. Imprensa Oficial p. 195. 10