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Vacinas para ovinos e caprinos: quais, como e quando utilizá-las?
AUTORES:
TURINO, Vicente de França;
CRESPILHO, André Maciel
POSTADO POR: Site Farmpoint
Em virtude dos altos custos da produção agropecuária e da competitividade dos mercados
mundiais quanto a exportação de carnes e sub-produtos, o correto manejo sanitário torna-se
imprescindível para o sucesso dos criatórios caprinos e ovinos, representando, muitas vezes, o
fator determinante da viabilidade da produção rural. Entre outros fatores, o controle sanitário só
é possível a partir da adoção de medidas preventivas para evitar uma série de enfermidades que
acometem os animais (Langoni, 2004), condição que ressalta a importância da prática de
vacinações como ferramenta de manejo dos rebanhos.
Segundo o Instituto Fiocruz do Rio de Janeiro, vacinas são produtos biológicos que servem
para a imunização contra diversas doenças causadas por vírus e bactérias, também conhecidos
como micróbios, ou seja, organismos tão pequenos que só podem ser vistos pelo microscópio. Os
chamados antígenos representam os constituintes ativos das vacinas, ou seja, os verdadeiros
responsáveis pela aquisição da imunidade para os animais vacinados. As vacinas são produzidas e
classificadas de acordo com os diversos tipos de antígenos, representados pelos próprios
microorganismos causadores das doenças ou por suas partes estruturais e produtos de seu
metabolismo
Um programa efetivo de imunização deve propiciar a proteção para controlar ou prevenir
as moléstias infecciosas que naturalmente ocorrem nos rebanhos (Brumbaugh & Hjerpe, 1993).
Segundo a Instrução Normativa n° 87 do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) que estabelece as diretrizes do Programa Nacional de Sanidade dos
Caprinos e Ovinos (PNSCO), não é obrigatória a prática de nenhum tipo de vacina para os
pequenos ruminantes. Mesmo enfermidades como a febre aftosa, doença responsável por
prejuízos econômicos exponenciais em virtude dos embargos econômicos internacionais impostos
aos países ou áreas geográficas endêmicas, a vacinação de pequenos ruminantes não é realizada.
Segundo o Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA, 2007) do MAPA, a
vacinação contra a febre aftosa é proibida para ovinos e caprinos.
No entanto, em virtude do impacto econômico representado por diversas doenças que
assolam os rebanhos nacionais, algumas vacinas tornam-se essenciais como medidas preventivas.
Os tópicos abaixo ilustram as principais doenças e métodos de vacinação utilizados a campo para
a prevenção dos rebanhos caprinos e ovinos.
Raiva
A raiva representa uma doença viral que acomete os diversos animais domésticos e o
homem, tendo no cão o principal reservatório da doença para disseminação nas áreas urbanas.
Em ambiente rural os morcegos hematófagos da espécie Desmodus rotundus representam um
dos principais vetores da doença para caprinos e ovinos.
A doença se manifesta por uma gama de sinais clínicos que incluem isolamento do
rebanho, apatia, perda do apetite, dor, excitabilidade, salivação abundante, dificuldade de
deglutição, incoordenação motora, tremores e paralisia respiratória que evolui para a morte dos
animais.
Clostridioses
Em virtude do caráter agudo e da dificuldade para estabelecimento de tratamentos
eficazes para as clostridioses, medidas preventivas devem ser adotadas, sendo a utilização de
vacinas a principal estratégia a ser utilizada (LOBATO et al., 2004).
O termo clostridioses engloba uma variedade de manifestações clínicas causadas por
diferentes bactérias anaeróbicas produtoras de toxinas que acometem as diferentes espécies de
interesse econômico e de companhia.
Os principais sinais clínicos apresentados por ovinos e caprinos acometidos incluem a
dificuldade de locomoção, incoordenação, aumento de volume de membros posteriores,
excitabilidade, desvio lateral de cabeça e morte súbita. Ovinos podem contrair o carbúnculo
sintomático, tipo de clostridiose causada predominantemente pela espécie de bactéria
Clostridium chauvoei, através da contaminação de ferimentos, tais como feridas causadas durante
o parto, castração e lesões de umbigo (RIET-CORREA, 2001).
Linfadenite Caseosa
A linfadenite caseosa ou mal do caroço é uma enfermidade altamente contagiosa causada
pelo Corynebacterium pseudotuberculosis que acomete preferencialmente ovinos e caprinos,
causando perdas econômicas por condenação de carcaças (Riet-Correa, 2001). A doença é
caracterizada pela formação de abscessos em diferentes partes do corpo dos animais, podendo
levar a emagrecimento progressivo, deficiência respiratória e hepática (abscessos localizados em
vísceras, pulmão e fígado, respectivamente).
Ectima Contagioso
O ectima contagioso ou dermatite pustular é uma doença infecto-contagiosa causada pelo
vírus Parapoxvirus que afeta ovinos e caprinos. A enfermidade é caracterizada pelo
desenvolvimento de lesões na pele do focinho, úbere e boca que evoluem para a formação de
bolha, úlceras e crostas grosseiras.
Borregos ou cabritos não recebem anticorpos contra a doença através do colostro
materno (Barros, 2001). Os animais gravemente afetados podem perder peso pela dificuldade de
alimentação, sendo que em animais jovens as lesões na língua impedem a amamentação levando
a expressivas perdas econômicas, situação que sinaliza para importância dos programas de
vacinação nos casos de surtos.
A Tabela 1 abaixo ilustra as principais vacinas e os esquemas de vacinação preconizados
para a prevenção de doenças dos pequenos ruminantes.
Tabela 1- Esquema de vacinação indicado para caprinos e ovinos.
*Adaptado de Cavalcante & Barros (2005) e Langoni (2004).
1
Vacinação preferencial em regiões endêmicas para a doença.
Preferencialmente vacinas polivalentes (várias espécies de clostrídeos) e vacinação das fêmeas
gestantes para aumento da concentração de anticorpos no colostro materno.
2
3
Proteção vacinal variável não havendo proteção total contra formação de abscessos.
Recomenda-se a vacinação apenas em casos de surtos na propriedade, visto que a vacinação
insere o vírus nas propriedades; animais mesmo vacinados podem adquirir a doença.
4
Outras enfermidades que merecem menção pela incidência e morbidade nos rebanhos
caprino e ovino e que podem ser controladas com o emprego sistemático de vacinações
encontram-se exemplificadas nos tópicos abaixo.
Leptospirose
Caprinos e ovinos são susceptíveis aos mesmos sorovares (variedades) de leptospiras que
acometem os bovinos (Langoni, 2005), motivo pelo qual se preconiza a utilização das mesmas
vacinas comerciais após a identificação sorológica da variedade de leptospira responsável pelos
surtos nas propriedades.
A espécie ovina corresponde ao grupo de animais domésticos menos susceptíveis à
doença, embora a leptospirose possa se manifestar nas formas aguda ou crônica levando a
quadros de septicemia ou infecção generalizada, hemorragia, problemas renais, mastite
sanguinolenta, retorno ao cio, abortamento e morte precoce de cordeiros (Hermann et al., 2004).
Após a identificação do surto preconiza-se a vacinação com duas doses em intervalos de 3
a 5 semanas e revacinação semestral, conduzindo também o tratamento sistêmico com
antibióticos para os animais clinicamente acometidos.
Foot Root
O Foot Root caracteriza-se por uma doença bacteriana altamente contagiosa que afeta
todos os aspectos da produção de pequenos ruminantes, levando a inflamação dos cascos e
laminite (Burke & Parker, 2007). Preconizam-se vacinações estratégicas dos animais susceptíveis
coincidindo com os períodos mais favoráveis ao aparecimento de surtos.
Segundo Ribeiro (2001) para a prevenção dos surtos de outono recomenda-se a vacinação
do rebanho em fevereiro e reforço em maio. Para evitar os surtos de primavera os animais devem
ser vacinados em julho e revacinados em agosto. Para animais já vacinados, incluindo fêmeas em
gestação recomenda-se o reforço anual. Trabalhos recentes têm explorado o efeito da raça,
categoria animal e grau de acometimento dos animais sobre a resistência e sua herdabilidade na
produção de pequenos ruminantes.
Cabe ressaltar que a conservação inadequada (temperatura de estocagem ideal encontrase entre 2 a 8°C), aplicação após o vencimento, dose incorreta ou insuficiente, falta de assepsia ou
limpeza no local de aplicação representam fatores determinantes para o sucesso dos programas
de vacinação, independentemente do tipo de vacina utilizada ou da espécie animal. As boas
práticas de vacinação aliadas a vacinas de qualidade comprovada representam o primeiro passo
para o correto manejo sanitário dos criatórios caprinos e ovinos, merecendo, portanto, total
atenção por parte dos produtores e técnicos envolvidos nessa cadeia produtiva.
Referências
BARROS, C.S.L. Ectima Contagioso. In: RIET-CORREA, F.; SCHILD, A.L.; MÉNDEZ, M.D.C. et al. Doença dos Ruminantes e Eqüinos. ed.2.
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BRUMBAUGH, G.W.; HJERPE, C.A. Uso de agentes biológicos na prevenção das moléstias infecciosas. In SMITH, B.P. Tratado de
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FERNANDES, C.G. Raiva. In: RIET-CORREA, F.; SCHILD, A.L.; MÉNDEZ, M.D.C. et al. Doença dos Ruminantes e Eqüinos. ed.2. São Paulo:
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LOBATO, F.C.F.; ASSIS, R.A.; BALSAMÃO, G.M. Eficácia de vacinas comerciais contra clostridioses frente ao desafio com Clostridium
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MACIEL, F.C. Caprinovinocultura: Manejo Sanitário. In: Série Circuito de Tecnologías Adaptadas para a Agricultura Familiar, 2006.
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ed.2. São Paulo: Varela, 2001. p.213-216.
RIET-CORREA, F. Linfadenite Caseosa. In: RIET-CORREA, F.; SCHILD, A.L.; MÉNDEZ, M.D.C. et al. Doença dos Ruminantes e Eqüinos. ed.2.
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