Perfil dos Pacientes Diabéticos e Hipertensos Encaminhados ao

Propaganda
SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ
ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA PAULO MACELO MARTINS
RODRIGUES – ESP/CE
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIABETES MELLITUS E
HIPERTENSÃO ARTERIAL
PERFIL DOS PACIENTES DIABÉTICOS E
HIPERTENSOS ENCAMINHADOS AO AMBULATÓRIO
DE NUTRIÇÃO DE QUIXERAMOBIM-CEARÁ
MARIA JACQUELINE GOMES DE ALMEIDA
DEZEMBRO/2007
MARIA JACQUELINE GOMES DE ALMEIDA
PERFIL DOS PACIENTES DIABÉTICOS E
HIPERTENSOS ENCAMINHADOS AO AMBULATÓRIO
DE NUTRIÇÃO DE QUIXERAMOBIM-CEARÁ
Monografia apresentada ao Curso de
Especialização em Diabetes Mellitus e
Hipertensão Arterial Sistêmica da Escola de
Saúde Pública do Estado do Ceará, como
requisito à obtenção do título de Especialista,
sob orientação da Professora Eni Terezinha
Fleck de Paula Pessoa.
Fortaleza - Ceará
2007
MARIA JACQUELINE GOMES DE ALMEIDA
PERFIL DOS PACIENTES DIABÉTICOS E
HIPERTENSOS ENCAMINHADOS AO AMBULATÓRIO
DE NUTRIÇÃO DE QUIXERAMOBIM-CEARÁ
Monografia aprovada em, ____ de ______________ de 2007 como requisito à
obtenção do título de especialista em Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial
Sistêmica da Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará, pelos professores:
__________________________________________
Profª. Ms. Eni Terezinha Fleck de Paula Pessoa
(Orientador)
__________________________________________
Profª. Ms. Cristina Figueiredo Sampaio Façanha
__________________________________________
Profª. Ms. Margarida Mota de Oliveira
Fortaleza - Ceará
2007
Dedicatória
Á minha família e a DEUS por
mais esta conquista.
“Há um tempo em que é preciso abandonar as
roupas usadas...
Que já têm a forma do nosso corpo...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam
sempre aos mesmos lugares...
É o tempo da travessia...
E se não ousarmos fazê-la...
Teremos ficado... Para sempre...
À margem de nós mesmos...”
Fernando Pessoa
AGRADECIMENTOS
Aos professores das disciplinas do curso, pelos ensinamentos valiosos
utilizados no embasamento teórico desse trabalho.
A todos os colegas e amigos que direta ou indiretamente contribuíram para a
realização deste trabalho.
A orientadora Profª Eni Fleck, pelo o incentivo e apoio incondicional para a
concretização deste trabalho.
A Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará pela oportunidade oferecida.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo descritivo entre pacientes
portadores de Diabetes Mellitus (DM) e /ou Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS),
usuários do Ambulatório de Nutrição no município de Quixeramobim-Ce. A
população estudada constituiu-se de 32 diabéticos e hipertensos de ambos os
sexos, cadastrados no SIAB, com pelo menos 3 anos de diagnóstico, independente
das funções que exercem, nível social, escolaridade e que concordaram em
participar da pesquisa. A coleta de dados foi realizada através de levantamento junto
aos prontuários dos pacientes em estudo encaminhados ao ambulatório de nutrição
no ano de 2006. Com os dados em mãos foi possível detectar que apenas 32
pessoas encaminhadas pelas equipes do Programa Saúde da Família (PSF)
apresentaram diagnóstico de DM/HAS. Diante disto perguntamos, onde está o
problema? Na atenção primária ou no desconhecimento por parte da clientela da
importância da orientação nutricional? Em consonância com o protocolo
estabelecido no Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao
Diabetes Mellitus do Ministério da Saúde, estes resultados confirmaram a
necessidade premente de programar ações educativas para orientar e sistematizar
medidas de prevenção, controle e vinculação dos portadores desses agravos às
unidades, mediante ações de capacitação dos profissionais, conforme diretrizes
estabelecidas nas Normas Operacionais de Assistência à Saúde - SUS -01/2001. Na
perspectiva de desenvolver um trabalho coerente usamos como fundamentação
bibliográfica o Guia completo sobre diabetes da American Diabetes Association,
Guia Prático Diabetes Mellitus, de Dr. João Roberto de Sá e Dr. Fábio Nasri e o
Consenso Brasileiro sobre Diabetes 2002 e outros.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus, Hipertensão Arterial, Atenção Primária, Ações
Educativas em Nutrição, Saúde.
ABSTRACT
This work has like objective to realize a descriptive study between carrying
patients of Diabetes Mellitus (DM) and /ou Arterial Hipernsions SISTÊMICA (HAS),
users of the Clinic in the City of Quixeramobim-Ce. The studied population consisted
of the 32 diabetic and hipertense in of both sexs, registered in SIAB, with at least 3
years of diagnosis, independent, of the functions that exert, social and school level
and that they had agreed to participating of the research. The collection of DADOS:
was realized through a survey in the handbooks of patients in study directed to the
nutrition clinic in the year of 2006. With the data in hands it was possible to detect
that only 32 people directed for the teams of Health Family Program (PSF) had
presented DM/HAS diagonis. Ahead of this we ask, where is the problem? In the
primary attention or the unfamiliarity on the part of the clientele in the importance in
the nutricional orientation? In accord with the protocol established in the Plan of
Reorganization in Attention to Arterial Hipertension and to Diabetes Mellitus of the
Health Department, these results had confirmed the pressing necessity to program
educative actions to guide and systemize measures of prevention, control and
entailing of the carriers of these grievances to the units, by means of action in
qualification of the professionals, in accordance with the directives established in
Operational Norms of Assistance to Health-SUS-01/2001. In perspective to develop a
coherent work we use like bibliographical base the complete Guide on the American
Diabetes Association, Practical Guide Diabetes Mellitus, of Dr. João Roberto de Sá
and Dr. Fábio Nasri and the Brazilian Consensus on Diabetes 2002 and ohers.
Words-key: Diabetes Mellitus, Arterial Hipertensão, Primary Attention, Educative
Actions in Nutrition, Healthy.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Diabetes Mellitus: Etiologia
2.2. Diabetes Mellitus: Classificação
2.3. Estágios da Tolerância à Glicose e Diagnóstico
2.4. Diagnóstico Precoce e Rastreamento
2.5. Avaliação dos Pacientes e Segmento Ambulatorial
2.5.1. Portador do DM do Tipo 2
2.5.2. Avaliação Inicial
2.5.3. História
2.5.4. Exame Físico
2.5.5. Laboratorial e das Complicações Crônicas
3. METODOLOGIA
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Pág.
10
15
15
16
17
18
20
20
20
21
21
22
23
25
32
34
LISTA DE GRÁFICOS
Pág.
Gráfico 1. Distribuição percentual dos pacientes segundo o sexo
25
Gráfico 2. Distribuição percentual dos pacientes segundo a faixa etária
26
Gráfico 3. Distribuição percentual dos pacientes segundo a patologia
apresentada
26
Gráfico 4. Distribuição percentual dos pacientes segundo o perfil nutricional
quanto ao Índice de Massa Corpórea
27
Gráfico 5. Distribuição percentual dos pacientes do sexo feminino segundo
risco de DAC – relação cintura quadril
28
Gráfico 6. Distribuição percentual dos pacientes do sexo masculino
segundo risco de DAC – relação cintura quadril
28
Gráfico 7. Distribuição percentual dos pacientes segundo a adesão x
desistência ao tratamento dietoterápico
29
Gráfico 8. Distribuição percentual dos pacientes segundo a procedência
30
1. INTRODUÇÃO
O Município de Quixeramobim está localizado na Região Central do Estado do
Ceará e possui uma área equivalente a 3.276 km². Sua divisão geopolítica delimitase ao Norte com o Município de Madalena, ao Sul com Senador Pompeu,
Solonópoles e Pedra Branca, ao Leste com os Municípios de Quixadá, Banabuiú e
Choro e a Oeste com Boa Viagem. O principal acesso a Quixeramobim saindo de
Fortaleza é através da BR 116 (67 km) dando prosseguimento pela conhecida
estrada do algodão (CE 060) a um percurso equivalente a 138 km, totalizando 205
km, entre os dois centros urbanos.
Quixeramobim localiza-se na 8ª Célula Regional de Saúde do Estado do Ceará
sediada no Município de Quixadá, formada por 09 municípios: Banabuiú, Ibaretama,
Choró,
Senador
Pompeu,
Milhã,
Solonópoles,
Pedra
Branca,
Quixadá
e
Quixeramobim.
Administrativamente Quixeramobim é composto pela Sede do Município com
07 Áreas Descentralizadas de Saúde (ADS) e pela zona rural constituída pôr 09
distritos (Manituba, São Miguel, Encantado, Algodões, Uruquê, Belém, Cangati,
Paus Brancos, Passagens) com uma ADS cada.
Com a demanda de pacientes diabéticos e/ou hipertensos oriunda das ADS ao
ambulatório de nutrição do nosso município ficou cada vez mais claro hoje que
Diabetes Mellitus serão transformados em um dos mais importantes problemas
médicos e de saúde pública do século XXI, com grande impacto nos países em
desenvolvimento e nas minorias raciais dos países industrializados e Quixeramobim
não será exceção. A partir destas evidências, o controle, também, da pressão
arterial passou a ser uma condição essencial para o sucesso de qualquer
intervenção, inclusive dietoterápica, em pacientes hipertensos e principalmente
naqueles considerados de alto risco.
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença universal, que afeta populações de
vários países, tornando-se um grave problema de saúde pública, devido sua alta
prevalência e elevada taxa de morbi-mortalidade (BRASIL, 1993). Em 1900 esta
11
doença ocupava o 27º lugar entre as causas de morte, atualmente ocupa o 8º lugar.
(FIOCRUZ, 1998).
No Brasil, estima-se que existam cerca de cinco milhões de diabéticos, dos
quais 50% desconhecem sua condição de doente e seu diagnóstico é feito ao
apresentarem uma complicação crônica e irreversível da doença (BRASIL, 1993).
O coeficiente de mortalidade para o Brasil é de 9,45/100 mil habitantes. Estimase que 3 a 5% da população seja diabética, sendo que 90% não são dependentes
de insulina, 5 a 10% são insulino dependentes e 2% dos casos são secundários ou
associados (FIOCRUZ, 1998).
Estimando-se que em 2025 possa existir cerca de 11 milhões de diabéticos no
país e com vistas à redução da morbi-mortalidade relacionada a esta doença. O
Ministério da Saúde realizou em 2001, a Campanha Nacional de Detecção de
Suspeitos de Diabetes Mellitus, instituída pela Portaria GM n º 235/2001. Teve como
alvo a população com idade igual ou superior a 40 anos de idade, usuária do
Sistema Único de Saúde (SUS), os resultados confirmaram a prevalência de 8% no
país (BRASIL, 2001).
A morbi-mortalidade da doença vincula-se não somente às descompensações
metabólicas agudas que podem ocorrer, mas muito mais às complicações crônicas
cujo desenvolvimento e gravidade se relacionam à duração do diabetes, à presença
de hipertensão arterial, ao mau controle glicêmico, ao tabagismo, ao sedentarismo,
entre outros fatores. A retinopatia e a nefropatia são causas freqüentes de cegueira
e insuficiência renal. Mortes por cardiopatia isquêmica ou doença cérebro vascular
estão associadas à macroangiopatia diabética com instalação de arteriosclerose. A
neuropatia diabética talvez seja a complicação crônica mais comum desta doença,
manifestando-se de forma variada (SOUZA, 1997).
Enquanto que a hipertensão arterial é uma síndrome multifatorial cuja
prevalência no Brasil atinge de 22% a 44% da população urbana adulta (RONDON;
BRUM, 2003).
A importância dessa doença do ponto de vista de saúde pública reside no fato
de ela apresentar grande prevalência na população e conseqüências altamente
12
lesivas (SHOJI; FORJAZ, 2000). A hipertensão é considerada um dos principais
fatores de risco para o desenvolvimento e progressão da aterosclerose e seus
desfechos clínicos como o acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio
(IM), e a obstrução arterial periférica (OAP). É também uma importante causa da
insuficiência renal crônica (IRC) e o mais importante fator de risco para a progressão
de lesão renal (ALMEIDA, DÁVILA, GUERRA e cols, 2002). O crucial na
conceituação de fatores de risco é o fato de que podem ser identificados quando
ainda não há evidência das patologias. Em outras palavras, pelo menos
conceitualmente,
permitem
elaborar
estratégias
de
prevenção
primárias
e
secundárias para essas doenças tendo em vista esta abordagem de fatores de risco.
Apesar da grande nocividade dessa doença, a hipertensão arterial pode ser
facilmente controlada, devido à existência de tratamentos farmacológicos com alta
eficiência e poucos efeitos colaterais e medidas não farmacológicas de baixo custo e
alta eficácia que podem ser realizadas isoladamente ou associadas ao tratamento
farmacológico (FALUDI; MASTROCOLLA; BERTOLAMI, 1996).
O tratamento não farmacológico da hipertensão arterial se faz pelo controle de
fatores de risco que predispõem ao aparecimento dessa doença, sendo necessárias,
portanto, modificação no estilo de vida dos indivíduos, que devem incluir: controle de
peso, redução da ingestão de sódio, aumento da ingestão de potássio, redução ou
abandono da ingestão de álcool e aumento da prática regular de atividade física
(SHOJI; FORJAZ, 2000). A implementação dessas mudanças, porém é lenta e, na
maioria das vezes, não é mantida com continuidade necessária, e por serem
medidas educativas, necessitam de continuidade. Devem ser promovidas por meio
de ações individualizadas, elaboradas para atender às necessidades específicas de
cada paciente, de modo a serem mantidas ao longo do tempo (IV DIRETRIZES
BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2002). Tais mudanças aliadas ao
tratamento farmacológico participam não só do controle da hipertensão como
também alcançam a prevenção da cardiopatia aterosclerótica. As influências da
alteração do hábito alimentar sobre o comportamento da pressão arterial são de
grande relevância como medidas coadjuvantes ao tratamento como um todo.
Assim, nas últimas décadas, o tratamento dietoterápico tem sido incorporado
como uma das principais terapêuticas do paciente cardiopata associados ao
tratamento medicamentoso e às modificações do estilo de vida. A reabilitação
13
cardíaca apresenta objetivos profiláticos e terapêuticos, visando reduzir o impacto
físico e psicossocial das condições incapacitantes e limitantes que acometem o
indivíduo, objetivando assim restaurar e aumentar a capacidade funcional, de modo
que se obtenha considerável qualidade de vida e do prognóstico (IV DIRETRIZES
BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2002) (BOTELHO; LIMA; OEHLING,
2000). E envolve atividade sexual, retorno ao trabalho, atividades recreativas
(FERRAZ; MENEGHELLO; ARAKAKI, 1996).
Nesse contexto, nutrição, é a ciência que compreende o conjunto de processos
que o nosso organismo realiza para obter os nutrientes necessários à nossa vida. A
nutrição abrange os processos de: ingestão, digestão, absorção, transporte,
utilização e eliminação.
Contudo, para que os efeitos benéficos sejam obtidos em sua plenitude, a
reeducação alimentar deve ser uma constante, principalmente na atenção básica.
Considerando
os
fatores
mencionados,
a
Secretaria
da
Saúde
de
Quixeramobim–Ce, em parceria com o serviço do ambulatório de nutrição que
realiza atendimento ao paciente diabético e/ou hipertenso encaminhado pelas
equipes do Programa Saúda da Família (PSF) avaliou o perfil nutricional dos
pacientes diabéticos/hipertensos cadastrados no SIAB. Tendo como finalidade a
adesão dos portadores desses agravos à mudança do estilo de vida (MEV),
garantindo-lhes acompanhamento e orientação sistemática, além de fortalecer as
ações de capacitação dos profissionais e de reorganização dos serviços, conforme
as diretrizes estabelecidas pelas Normas Operacionais de Assistência à Saúde
01/2001 (NOAS 01/2001).
Este estudo justificou-se, porque a demanda de pacientes atendidos no
ambulatório de nutrição de Quixeramobim era em sua maioria composta de
pacientes que apresentavam sobrepeso não justificando a finalidade para a qual foi
destinado tal atendimento.
Portanto, o objetivo deste trabalho é descrever os pacientes com diabetes
Mellitus e/ou Hipertensão Arterial Sistêmica, atendidos no ambulatório de nutrição de
Quixeramobim identificando a origem da demanda com a respectiva justificativa do
14
encaminhamento, munidos ou não de exames laboratoriais que justificasse o
atendimento.
Mediante esta avaliação prévia, além do procedimento em si em termos
nutricionais, buscamos sensibilizar e conscientizar os pacientes quanto ao
diagnóstico tentando com isto melhorar cada vez mais o nível de adesão ao
tratamento específico.
15
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A Hipertensão Arterial (HA) e o Diabetes Mellitus (DM) são condições
inicialmente assintomáticas, altamente prevalentes, de alto custo social e de grande
impacto no perfil de morbi-mortalidade da população brasileira, trazendo um desafio
para o Sistema Público de Saúde (Avaliação do Plano de Reorganização da atenção
à HAS e ao DM no BR).
2.1. Diabetes Mellitus: Etiologia
O DM é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e ou
da incapacidade desta exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por
hiperglicemia crônica, freqüentemente acompanhada de dislipidemia, hipertensão
arterial e disfunção endotelial, portanto apresenta distúrbios do metabolismo dos
carboidratos, lipídeos e proteínas.
As conseqüências do DM, a longo prazo, decorrem de alterações micro e
macrovasculares que levam a disfunção, dano ou falência de vários órgãos. As
complicações crônicas incluem a nefropatia, com possível evolução para
insuficiência renal, a retinopatia, com possibilidade de cegueira e / ou neuropatia,
com risco de vísceras nos pés, amputação, artropatia de Charcot e manifestações
de disfunção autonômica, incluindo disfunção sexual. Pessoas com diabetes
apresentam risco maior de doença vascular arterosclerótica, como doença
coronariana, doença arterial periférica e doença vascular cerebral.
Os
sintomas
decorrentes
de
hiperglicemia
acentuada
inexplicável de peso, poliúria, polidpsia e infecções.
incluem
perda
Mesmo em indivíduos
assintomáticos poderá haver hiperglicemia discreta, porém em grau suficiente para
causar alterações funcionais ou morfológicas por um longo período antes que o
diagnóstico seja estabelecido (CONSENSO, 2002. p. 5).
16
2.2. Diabetes Mellitus: Classificação
A classificação atualmente recomendada, apresentada no quadro I do
Consenso Brasileiro de Diabetes de 2002, incorpora o conceito de estágios clínicos
do DM, desde a normalidade, passando para a tolerância à glicose diminuída e / ou
glicemia de jejum alterada, até o DM propriamente dito.
Esta nova classificação do DM, que é fundamentada na etimologia do mesmo,
esclarece que o DM tipo I resulta primariamente da destruição das células beta
pancreáticas e tem tendência a cetoacidose. Inclui casos decorrentes de doença
autoimune e aqueles nos qual a causa da destruição das células beta não é
conhecida, dividindo-se em: imunomediato e idiopático.
O DM tipo II, em geral, resulta, de graus variáveis de resistência à insulina e
deficiência relativa de secreção de insulina. A maioria dos pacientes tem excesso de
peso e a cetoacidose ocorre apenas em situações especiais, como durante
infecções graves. A doença é, considerada parte da chamada síndrome
plurimetabólica ou de resistência à insulina, que se denomina no estado em que
ocorre menor captação de glicose por tecidos periféricos, especialmente muscular e
hepático, em resposta à ação insulínica.
As demais ações do hormônio estão mantidas ou mesmo acentuadas. Em
resposta a essa resistência tecidual, há uma elevação compensatória da
concentração plasmática de insulina, com o objetivo de manter a glicemia dentro dos
valores normais. A homeostase glicêmica é atingida à custa de hiperinsulinemia e
todas as características da síndrome concorrem para a doença vascular
aterosclerótica (BRASIL, 2001).
Em outros tipos de DM, esta classificação incorpora várias formas de DM
decorrentes de defeitos genéricos associados com outras doenças ou com uso de
fármacos diabetogênicos. O DM gestacioanl é a diminuição da tolerância à glicose,
de magnitude variável, sendo diagnosticada pela primeira vez na gestação, podendo
ou não persistir após o parto (BRASIL, 2001).
17
Entre as complicações crônicas mais devastadoras do DM destaca-se o “pé
diabético”, com características fisiopatológicas multifacetadas, decorrendo da
combinação da neuropatia sensitivo-motora e autonômica periférica crônica, com a
doença vascular periférica e ainda com alterações biomecânicas que conduzem à
pressão plantar anormal. (KOZAK et al, 1996) O pé de um diabético é vítima de três
processos patológicos básicos: isquemia, neuropatia e infecção. É a combinação
dos efeitos destes processos presentes em graus variáveis em cada indivíduo que
causam as deformidades, úlceras, infecções e gangrena, clinicamente reunidas sob
o termo “pé diabético” (KOZAK et al., 1996).
A incidência de complicações crônicas depende da duração da doença e do
seu grau de controle. A neuropatia periférica acomete 40% dos diabéticos após 15
anos de doença, e é o resultado da danificação crônica dos nervos periféricos dos
membros inferiores (KOZAK et al, 1996).
Há três funções principais dos nervos: a função sensorial, que controla os
impulsos dolorosos e térmicos, a função autonômica que controla o fluxo sangüíneo
e a transpiração e, por último, a função motora a qual transmite os impulsos do
cérebro e medula para os músculos, possibilitando a contração e o relaxamento
responsáveis pelas atividades e movimentos motores (GAMBA, 1991).
A Doença Vascular Periférica (DVP) por outro lado, é o resultado do processo
arteriosclerótico mais acentuado entre pacientes diabéticos, agravado muitas vezes
pelo fumo e dislipidemia, e envolve, sobretudo, as artérias mais distais, sendo o fator
mais importante relacionado à evolução de uma úlcera no pé, segundo Kozak et al
(1997).
2.3. Estágios da Tolerância à Glicose e Diagnóstico
A evolução para o Diabetes mellitus ocorre ao longo de um período de tempo
variável, passando por estágios intermediários que recebem as denominações de
glicemia de jejum alterada e tolerância à glicose diminuída. “Na presença de ambos
18
os estágios, haveria um quadro misto, com maior risco para progressão para
diabetes e doença cardiovascular”. Qualquer dos estágios, pré clínicos ou clínicos,
podem caminhar em ambas as direções, progredindo para o estado diabético ou
revertendo para a normalidade da tolerância à glicose (CONSENSO 2002, p. 7).
Os procedimentos diagnósticos empregados são a medida da glicose no soro
ou plasma após jejum de oito a dose horas e o teste padronizado de tolerância à
glicose (TTG) após administração de 75 gramas de glicose anidra (ou dose
equivalente, como, por exemplo, 82,5g de dextrosol) por via oral, com medidas de
glicose no soro ou no plasma nos tempos 0 e 120 minutos após a ingestão.
Pela sua praticidade, a medida da glicose plasmática em jejum é o
procedimento básico empregado para fazer o diagnóstico de DM. No entanto
estudos recentes têm demonstrado a importância de se realizar ainda o teste de
tolerância à glicose. Valores de glicose plasmática 2h após 75g de glicose oral acima
dos limites normais de 140mg/dl e particularmente acima de 200mg/dl constituem
um fator de risco importante para o desenvolvimento de eventos cardiovasculares
mesmo em indivíduos com glicose plasmática em jejum dentro dos limites normais
(< 110 mg/dl). Esta situação é relativamente freqüente em indivíduos com mais de
60 anos. Para realizar este diagnóstico é necessário fazer um teste de sobrecarga
de glicose. A taxa de evolução para o diabetes é de cerca de 2% a 5% ao ano. Estes
pacientes têm um risco aumentado de doença cardiovascular.
A realização do teste de sobrecarga de 75gramas esta indicada: Glicose
plasmática de jejum > 110 e <126mg/dl; Glicose plasmática <110 e na presença de
dois fatores de risco para DM nos indivíduos com idade >45 anos.
2.4. Diagnóstico Precoce e Rastreamento
O rastreamento, segundo Sá e Nariz, deve acontecer de forma seletiva e não
em massa. As situações de rastreamento são as seguintes:
19
Pessoas com 45 anos de idade ou mais a cada 3 0u 5 anos, com glicose
plasmática de jejum; Sugere-se rastreamento mais freqüente (um a três anos) ou
mais precoce(antes dos 45 anos), ou então realizar o rastreamento com TTG com
75g de glicose quando for apresentado os seguintes sintomas:
 Evidência de dois ou mais componentes da síndrome plurimetabólica
(excesso de peso, HDL- c baixo, triglicérides elevados, HAS e Doença
Cardiovascular);
 Além da idade > 45 anos, há presença adicional de dois ou mais fatores
de risco que são: história familiar do DM em parentes de primeiro grau;
IMC maior ou igual a 30kg/m²; vida sedentária; HAS; coronariopatia;
dislipidemia; diabetes gestacional prévio; história obstétrica desfavorável
e uso de medicamentos hiperglicemiantes como corticóide, tiazídico e
betabloqueadores. (CONSENSO 2002, pág.18).
 Diabetes Mellitus gestacional prévio;
 Nas condições a seguir, sugere-se rastreamento anual:
 Glicemia de jejum alterada ou tolerância à glicose diminuída (anual na
suspeita do DM tipo 2 e mais freqüentemente na suspeita do DM tipo 1);
 Presença de complicações compatíveis com DM;
 Hipertensão arterial;
 Doença coronariana.
20
2.5. Avaliação dos Pacientes e Segmento Ambulatorial
2.5.1. Portador do DM do Tipo 2
A glicemia, bem como outros fatores de risco que aparecem nos portadores de
Diabetes Mellitus, precisa ser controlada com certa rigidez em prol de uma menor
morbi-mortalidade e assim melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Este é o objetivo dos profissionais da saúde, no entanto, para que o mesmo
seja atingido faz-se necessário a melhoria da educação e do conhecimento do
paciente sobre o diabetes.
Diante disto é fundamental um bom tratamento, o qual é baseado na coleta de
informações clínicas, exame físico completo e no mapeamento e prevenção das
complicações
crônicas.
Todos
estes
aspectos
precisam
ser
avaliados
minuciosamente de forma que o paciente não seja prejudicado em sua saúde. Esta
avaliação possui um cunho clínico de muita responsabilidade, uma vez que se quer
um quadro de vida com melhor qualidade e consequentemente com menor morbimortalidade, o que veremos a seguir.
2.5.2. Avaliação Inicial
A avaliação inicial é realizada a partir de alguns critérios como: história, exame
físico, laboratorial e complicações crônicas, recomendações, conduta no paciente
diabético hospitalizado, infecção, evidências da importância do controle glicêmico
em pacientes internados, dificuldades no controle glicêmico.
Todos esses itens precisam ser analisados com cautela e responsabilidade,
para não acarretar danos e desconforto clinico ao paciente, pois qualquer descuido
poderá ser fatal. O avaliador e o paciente precisam ter consciência do processo e da
21
importância de cada critério, para que haja compreensão e colaboração
respectivamente.
2.5.3. História
A história é fundamental, enquanto possibilita o profissional da saúde conhecer
o paciente e então realizar um diagnóstico mais completo. Conhecer os sintomas
relacionados ao diabetes presente ao diagnóstico e no seguimento, como poliúria,
polidpsia, polifagia, perda de peso, presença de infecção, freqüência e gravidade de
descompensações agudas tanto hipoglicêmicas como hiperglicêmicas.
Outro aspecto importante que deve ser checado são os medicamentos
utilizados no passado, sua resposta terapêutica e os de uso atual. O padrão
alimentar e hábitos de vida, como exercício, tabagismo e alcoolismo devem ser
pesquisados, bem como presença de HAS, obesidade, antecedentes de
Insuficiência Aguda do Miocárdio (IAM), Acidente Vascular Cerebral (AVC) e
doenças autoimunes.
O paciente precisa ser indagado sobre sintomas relativos às complicações
crônicas e à utilização de medicamentos que possam interagir e complicar o controle
glicêmico. O conhecimento histórico é essencial, enquanto fornece os dados
indispensáveis ao bom tratamento, como, por exemplo, o conhecimento sobre
diabetes, automonitorização e o nível socioeconômico e cultural para planejar o
tratamento mais eficaz para seu paciente.
2.5.4. Exame Físico
É fundamental a realização de um exame físico para se obter o diagnóstico
correto do paciente. O peso, a altura, o IMC e o índice de cintura/quadril, não podem
22
ser esquecidos, devem ser anotados criteriosamente no prontuário, pois são dados
importantíssimos para que o profissional possa realizar uma boa conduta.
Outro dado que não pode ficar omisso no exame físico é a Pressão Arterial e o
pulso nas posições deitado, sentado e em pé. Junto com estes dados deve ser feito
a avaliação do local de aplicação da insulina. Assim recomenda Sá e Narsi:
2.5.5. Laboratorial e das Complicações Crônicas
Nesta avaliação inicial deve-se verificar o nível de controle glicêmico, presença
de dislipidemia, hiperuricemia, função renal e cardíaca. Portanto, solicita-se: glicemia
de jejum, HbA1c, colesterol total, frações e triglicérides, creatina, potássio, ácido
úrico, urina 1, microalbúminuria, ECG e ainda realizar a fundoscopia.
23
3. METODOLOGIA
Este estudo é exploratório descritivo e prospectivo, com abordagem
quantitativa realizado no município de Quixeramobim – CE. O município conta com
uma população de 59.235 habitantes, dos quais 29.707 do sexo masculino e 29.528
do sexo feminino, enquanto 30.600 habitam a zona urbana e 28.635 a zona rural. A
população total residente de mais de 10 anos ou mais de idade é equivalente a
45.778, destes 31.167 (68,1%) é correspondente a taxa de alfabetização (IBGE,
2000).
A forma de habilitação do município no Sistema Único de Saúde (SUS) é
Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada, conta com 16 Áreas Descentralizadas
de Saúde (ADS), que presta atendimento básico à grande parte da população.
Enquanto que, as internações hospitalares e tratamentos especializados são
encaminhados ao Hospital Regional Dr. Pontes Neto (Hospital Pólo), ou seja, além
dos pacientes oriundos do próprio município é referência para 06 municípios que
integram a Célula Regional de Atenção à Saúde (8ª CERES – Quixadá - Ce) e
quando se trata de atendimento de urgência e emergência de alta complexidade são
encaminhados para o Município de Quixadá ou para Fortaleza no Estado do Ceará.
Com o objetivo de retratar o perfil dos pacientes encaminhados no ano de 2006
pelos profissionais do Programa Saúde da Família (PSF) ao Ambulatório de
Nutrição, foi realizado um levantamento no arquivo de prontuários do Centro de
Saúde Dr. Joaquim Fernandes no município de Quixeramobim, no qual foram
identificados
140
pacientes
encaminhados
pela
primeira
vez
para
este
acompanhamento especializado. Deste universo, 108(77,14%) pacientes se
apresentaram com diagnósticos diversos e 32(22,86%) totalizaram uma amostra de
pacientes com diagnóstico de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e/ou Diabetes
Mellitus (DM). Das dezesseis (16) Áreas Descentralizadas de Saúde (ADS)
existentes no município os pacientes que compõem esta amostra foram oriundos de
onze (11) 68.75%. Foram provenientes da zona urbana 26(81,25%) pacientes,
sendo 16 com HAS, 06 com DM e 04 com HAS/DM, enquanto da zona rural
06(18,75%) pacientes, sendo 03 com HAS e 03 com DM, atendidos conforme
24
marcação prévia na Secretaria Municipal da Saúde mediante encaminhamento dos
profissionais, garantindo assim o atendimento referenciado.
A amostra foi constituída por 19 adultos com HAS na faixa etária de 30 a 60
anos (59,38%); 09 adultos com DM na faixa etária de 28 a 69 anos (28,12%) e 04
adultos/idosos com HAS/DM na faixa etária de 26 a 94 anos (12,50%).
Quanto ao perfil nutricional foram coletados em todos os pacientes o peso e
altura para a definição do índice de massa corpórea (IMC), onde percebemos a
ausência de desnutrição, porém 05 (15,62%) pacientes estavam eutróficos; 10
(31,25%) apresentaram sobrepeso; 06 (18,75%) com obesidade tipo I; 07 (21,88%)
com obesidade tipo II e 04 com obesidade mórbida (Gráfico 4). Quanto a Relação
Cintura/Quadril, dos 32 pacientes avaliados 27 eram do sexo feminino, dos quais, 13
(40,62%) não apresentaram risco de doença arterial coronariana (DAC) (RCQ ≤
0,88), enquanto 14 (43,75%) apresentaram risco de DAC (RCQ > 0,88) e 05
pacientes eram do sexo masculino, sendo que apenas 02 (6,25%) não apresentaram
risco de DAC (RCQ < 1,02), enquanto 03 (9,38%) resultaram em risco de DAC.
Diante do exposto podemos afirmar de forma categórica que esta pesquisa nos
leva a refletir sobre o nível de esclarecimento e/ou conhecimento da patologia por
parte do paciente. O que justifica em parte o baixo nível de adesão ao tratamento
dietoterápico, ou seja, apenas 09 (28,12%) dos pacientes retornaram e
manifestaram o desejo de mudança no estilo de vida (MEV), enquanto 23 (71,88%)
não retornaram ao ambulatório de nutrição, o que nos preocupa e nos leva a discutir
com os profissionais das equipes do PSF, o porquê de tão baixo nível de adesão à
mudança de hábitos alimentares saudáveis.
25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A população estudada constituiu-se de 32 usuários portadores de Diabetes
Mellitus e/ou Hipertensão Arterial Sistêmica, 27 (84,38%) do sexo feminino e 05
(15,62%) do sexo masculino (gráfico 1).
Masculino;
16,62
Feminino; 84,38
Gráfico 1. Distribuição percentual dos pacientes segundo o sexo
Quanto à faixa etária dos pacientes em estudo, 04 (12,50%) apresentaram
idade inferior a 30 anos, 21 (65,62%) com idade igual ou maior que 30 e inferior a
60anos e 7 (21,88%) com idade igual ou superior a 60 anos (gráfico 2).
26
80,00
65,62
70,00
Percentual
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
21,88
12,50
10,00
0,00
< 30
≥ 30 e < 60
≥ 60
Faixa etária (em anos)
Gráfico 2. Distribuição percentual dos pacientes segundo a faixa etária
Em relação às patologias, 19 (59,38%) pacientes apresentaram-se com
Hipertensão Arterial Sistêmica isolada, 9 (28,12%) apenas com Diabetes Mellitus e 4
(12,50%) com as duas patologias associadas (gráfico 3).
70
60
59,38
Percentual
50
40
28,12
30
20
12,50
10
0
HAS
DM
HAS/DM
Gráfico 3. Distribuição percentual dos pacientes segundo a patologia apresentada
27
Analisando o perfil nutricional, não detectamos pacientes com desnutrição, 5
(15,62%) encontrava-se com peso adequado para altura e idade, ou seja, estavam
eutróficos, 10 (31,25%) apresentaram sobrepeso e os demais com obesidade
(gráfico 4).
35
31,25
30
Percentual
25
21,88
18,75
20
15,62
15
12,50
10
5
0
Eutróf.
Sobrep.
Ob.Tipo I
Ob.Tipo II
Ob.Mórb.
Gráfico 4. Distribuição percentual dos pacientes segundo o perfil nutricional quanto
ao Índice de Massa Corpórea
A relação cintura quadril em 13 (48,14%) pacientes do sexo feminino foi ≤ 0,88
e em 14 (51,86%) foi > 0, 88, ou seja, os resultados revelam certo equilíbrio entre as
pacientes que não apresentam risco de DAC até então e as que estão em risco
eminente (Gráfico 5).
28
50
45
43,75
40,62
40
Percentual
35
30
25
20
15
10
5
0
≤ 0,88
> 0,88
Gráfico 5. Distribuição percentual dos pacientes do sexo feminino segundo risco de
DAC – relação cintura quadril
No sexo masculino permanece este equilíbrio, enquanto 02 (40%) não
apresentam risco de DAC, 03 (60%) estão nesta condição de risco (gráfico 6).
12
9,38
Percentual
10
8
6,25
6
4
2
0
≤ 1,02
> 1,02
Gráfico 6. Distribuição percentual dos pacientes do sexo masculino segundo risco
de DAC – relação cintura quadril
O nível de adesão ao tratamento foi de apenas 9 (28,12%) pacientes, isto
significa que 23 (71,88%) abandonaram a orientação alimentar e nutricional
29
oferecida e os demais retornaram e deram continuidade ao tratamento dietético
(gráfico 7).
Sim
28%
Não
72%
Gráfico 7. Distribuição percentual dos pacientes segundo a adesão x desistência ao
tratamento dietoterápico
Da amostra, 26 (81,25%) pacientes foram provenientes das ADS da zona
urbana e 06 (18,75%) pacientes das ADS da zona rural (gráfico 8). O que não
justifica este baixo percentual de pacientes que retornaram ao ambulatório de
nutrição, afinal a demanda é oriunda em sua maioria da cidade, não havendo,
portanto, impossibilidades para o acesso dos mesmos ao Serviço de Nutrição.
30
90
81,25
80
Percentual
70
60
50
40
30
18,75
20
10
0
Urbana
Rural
Gráfico 7. Distribuição percentual dos pacientes segundo a procedência
Estes dados merecem especial atenção da equipe da Unidade de Saúde da
Família, no tocante a adesão a um determinado tratamento, podendo ser
compreendido pela equipe como a identidade existente entre o comportamento do
paciente e a prescrição médica, ou seja, freqüência a consultas, dietas, tomada de
medicamento e outras orientações. Portanto, um baixo índice de adesão ao
tratamento pode comprometer sua eficiência, acarretando prescrição desnecessária
de múltiplos fármacos e alterações de medicamentos, elevação dos índices de
admissão hospitalar e dos custos sociais com a saúde.
A hipertensão ocorre mais frequentemente entre indivíduos com baixos níveis
de renda e educação (Einhorn e Landsberg, 1988). Isto pode estar relacionado ao
reconhecido papel do estresse no desenvolvimento e causa da doença. A mudança
da chamada classe primitiva, para uma sociedade mais sofisticada, bem como a
mudança de indivíduos da zona rural para a urbana, são normalmente
acompanhadas por aumentos de pressão sanguínea (MAHAN, 1994).
Mas de maneira geral, seja hipertenso e/ou diabético podemos perceber que o
nível de instrução dos pacientes em estudo é preocupante, o que dificulta a busca
por esclarecimentos maiores quanto ao conhecimento sobre a própria doença, para
31
que entendam quanto é fundamental “a simples mudança no estilo de vida” para que
tenham uma melhor qualidade de vida.
Com todos estes agravantes, os cuidados e as orientações para os portadores
destas patologias devem ser exaltados como forma de prevenção de futuras
complicações, vindo de acordo com a estratégia de atendimento proposta pelo
Ministério da Saúde, como sendo atribuição de cada profissional do Programa
Saúde da Família, no contexto de atenção integral à saúde do indivíduo.
32
5. CONCLUSÃO
O trabalho demonstrou que 53,12% dos pacientes diabéticos e/ou hipertensos
independentes do sexo encaminhados ao ambulatório de nutrição de Quixeramobim,
Ceará, encontram-se com risco de doença arterial coronariana.
Destacando-se alguns itens avaliados tais como 53,12% apresentam algum
tipo de obesidade, 46,88% (15 pacientes de ambos os sexo) apresentam idade
superior a 40 anos e 71,88% não retornaram para da continuidade ao tratamento
dietoterápico.
Considerando a problemática, o serviço de saúde do município está
implementando alternativas para o ano de 2008 que vinculem o atendimento do
profissional e nutrição às Unidades de Saúde da Família, descentralizando este
procedimento e buscando ampliar o trabalho educativo. Com finalidade de fazer com
que o indivíduo ou a família conheça melhor a sua doença e passe a aderir ao
tratamento como rotina diária, destacando-se a educação e o autocuidado como
proposto pela Norma Operacional de Assistência à Saúde do SUS-01/2001.
Quem tem diabetes e/ou hipertensão pode levar vida normal, principalmente se
estiver bem orientado e conhecer bem o assunto. Para conseguir alcançar e manter
a vida saudável com êxito se faz necessário alguns pontos: atividade física; nutrição
balanceada; monitorização e medicação. No caso específico da nutrição balanceada
para hipertensos: A dietoterapia baseia-se no controle e seleção dos alimentos. O
excesso de alimentos tem uma relação direta com o mecanismo regulador da
pressão arterial (SOLAR 1988). Não esquecendo os princípios que guiam a
dietoterapia do diabético adulto: a) Suprir a glicosúria; b) suprir a hiperglicemia; c)
evitar a acidose; d) manter as reservas normais de glicogênio; e) normalizar o peso
do paciente; f) proteger o pâncreas (SOLAR, 1988).
A conscientização dos profissionais de saúde já atuando há muito tempo nas
Unidades de Saúde da Família, bem como a capacitação, é de suma importância
para avaliação, orientação e acompanhamento do hipertenso e/ou diabético entre os
usuários do SUS. Resultados benéficos podem ser alcançados com a integração da
33
equipe de saúde da família, na prestação da assistência aos usuários com doenças
crônicas degenerativas, minimizando as possíveis complicações clínicas, utilizandose de recursos de baixo custo.
Após a análise dos resultados desta pesquisa, ficou traçada uma linha de
conduta de um programa educativo de promoção e cuidados com os pacientes que
apresentarem estas patologias, de acordo com o Plano de Reorganização da
Atenção à Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus.
A capacitação dos profissionais da USF já está sendo discutida e programada
pela coordenação do Programa Saúde da Família e sua equipe, incluindo a
nutricionista do Município de Quixeramobim, Ceará que irão até as Áreas
Descentralizadas de Saúde, até que os profissionais estejam totalmente envolvidos
e aptos a ampliar o conhecimento dos pacientes com diabetes e/ou hipertensão,
quanto a sua doença e conseqüente maior adesão ao tratamento como um todo.
De acordo com GUARIENTE et al. (1997), “educação para o autocuidado
implica não só educar para que o indivíduo cuide de si mesmo durante a
enfermidade e suas seqüelas, mas também educá-lo para que mantenha sua saúde
e previna enfermidades”.
34
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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