memorando nº

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
CENTRO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
NOTA TÉCNICA SOBRE FEBRE DO ZIKA VÍRUS
28 de junho de 2015
Descrição da Doença
Febre do Zika Vírus é uma doença viral aguda, transmitida principalmente por
mosquitos, tais como Aedes aegypti, caracterizada por exantema maculopapular
pruriginoso, febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido,
artralgia, mialgia e dor de cabeça. Apresenta evolução benigna e os sintomas
geralmente desaparecem espontaneamente após 3-7 dias.
Recentemente, foi observada uma possível correlação entre a infecção ZIKAV e a
ocorrência de síndrome de Guillain-Barré (SGB) em locais com circulação simultânea
do vírus da dengue, porém não confirmada a correlação.
O Zika vírus foi identificado em 1947 na África em macacos Rhesus, somente em 1968
foi isolado em amostras humanas. Em 2007, foi registrado um surto pela doença na ilha
Yap (Micronésia) e em 2013-2014 na Polinésia francesa.
Desde outubro de 2014, estão sendo notificados casos de síndrome febril exantemática
nos estados nordestinos, descartados para dengue, sarampo e rubéola. Em 15 de maio
de 2015, o Ministério da Saúde confirmou a presença do Zika vírus no Brasil, em
amostras dos estados da Bahia e Rio Grande do Norte testadas pelo Instituto Evandro
Chagas. A investigação do surto está em andamento por equipes do EPISUS/SVS/MS
para melhor caracterização da situação e elaboração de protocolos de investigação e
controle da doença.
De acordo com o anexo II da Portaria MS/GM nº 1.271, de 6 de junho de 2014, “doença
conhecida sem circulação ou com circulação esporádica no território nacional que não
constam no Anexo I desta Portaria, como: Rocio, Mayaro, Oropouche, Saint Louis,
Ilhéus, Mormo, Encefalites Equinas do Leste, Oeste e Venezuelana, Chikungunya,
Encefalite Japonesa, entre outras” são de notificação imediata em 24 horas.
Modo de transmissão: Transmitido pela picada do mosquito Aedes, sendo na área
urbana o principal vetor é o Aedes aegypti. Na literatura científica também é descrita a
ocorrência de transmissão ocupacional em laboratório de pesquisa, transmissão
perinatal e um único caso de transmissão sexual.
Período de Incubação: Após a picada de mosquito, os sintomas da doença aparecem
de três a doze dias.
Quadro Clínico: Os sinais e sintomas mais comuns são: febre baixa, artralgia,
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mialgia, cefaléia, exantema maculopapular, edema de membros inferiores, hiperemia
conjuntival não purulenta. Com menos freqüência, podem apresentar dor retro-orbital,
anorexia, vômitos, diarréia ou dor abdominal. Porém, em alguns casos a infecção pode
ser assintomática. A doença é autolimitada, com duração de 4 -7 dias.
Tratamento: Não há tratamento específico. O tratamento é sintomático e de suporte,
incluindo: repouso, ingestão de grandes quantidades de fluidos e uso de
acetaminofeno para febre e dor. No caso de erupções pruriginosas, os anti-histamínicos
podem
ser
considerados.
Não
é
recomendável
o
uso
de
ácido
acetilsalicílico e de drogas antiinflamatórias devido ao risco aumentado de síndrome
hemorrágica, como ocorre com outros flavivírus.
Vigilância Epidemiológica
No estado do Rio Grande do Sul ocorre a circulação do vírus da dengue e houve a
detecção de casos importados de Chikungunya.
O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) em consonância com as
orientações do Ministério da Saúde está organizando o monitoramento do Zika vírus a
partir do sistema de vigilância já existente da dengue e chikungunya. O objetivo, nesse
momento, é detectar a circulação do vírus Zika e não de casos individualmente.
Sendo assim, é importante que os serviços de saúde e as vigilâncias estejam
sensibilizados e atentos aos atendimentos de casos suspeitos de dengue adotando o
manejo clínico e ambiental adequados.
O Ministério da Saúde está em fase de preparação da estruturação da
vigilância da doença no Brasil.
Definição de caso suspeito (para fase de preparação – preliminar)

Paciente que apresente ausência de febre ou febre, medida ou referida, até
38,5°C E exantema maculopapular pruriginoso com início em até 48 horas após
os primeiros sintomas, acompanhado de pelo menos UM dos seguintes sinais e
sintomas:

Hiperemia conjuntival sem secreção ou prurido OU

Artralgia OU

Edema de membros
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Notificação
Os casos suspeitos de Febre do Zika Vírus deverão ser notificados/investigados
primeiramente para Dengue no SINAN Online, colocando no campo observação as
informações referentes a suspeita de Zika.
Ao cadastrar no GAL para Dengue, é importante que sejam colocadas todas as
informações solicitadas, principalmente sobre sintomas e histórico de viagem.
O diagnóstico seguira um protocolo de investigação laboratorial iniciando com dengue,
e, após resultado negativo será realizado a PCR para ZIKV das amostras coletadas
até o 4º dia do início dos sintomas (amostra encaminhada ao laboratório de
referência nacional, o Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão vinculado à Secretaria de
Vigilância em Saúde/MS. Exames para sarampo/Rubéola só serão realizados após
avaliação dos antecedentes epidemiológicos.
Somente após o descarte pra Dengue, serão realizados os testes laboratoriais
específicos para Zika desde que as amostras tenham sido coletadas até o 4º dia do IS.
Obs: No momento, não há sorologia disponível comercialmente para detecção de
anticorpos para Zika Vírus no Brasil. Atualmente só há disponibilidade para
realização de isolamento viral e RT-PCR, restrito aos nossos Laboratórios de
Referência.
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Observações:
- De acordo com o quadro clínico e/ou os antecedentes de viagem, outras doenças
podem ser investigadas como sarampo, rubéola, parvovírus;
- Levando em consideração a circulação atual de dengue no RS e no Brasil, em casos
confirmados como Dengue, os mesmos terão a investigação encerrada;
- Casos específicos serão analisados pela DVE.
Casos Confirmados
Segundo orientação do Ministério da Saúde nesse momento devem ser notificados no
SINAN NET, somente os casos confirmados para febre do Vírus Zika.
1)
Reforça-se que a notificação realizada pelos meios de comunicação não
isenta o profissional ou serviço de saúde de realizar o registro dessa
notificação no Sinan, utilizando a ficha de notificação/investigação
individual
disponível
em:
http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/novo/Documentos/SinanNet/fichas/Fi
cha_conclusao.pdf.
2)
Utilizar o CID A92.8 – Febre pelo Vírus Zika.
Organização da assistência
O tratamento é sintomático e baseado no uso de acetaminofeno (paracetamol) para
febre e dor, conforme orientação médica. Não está indicado o uso de ácido
acetilsalicílico e drogas antiinflamatórias devido ao risco aumentado de complicações
hemorrágicas, como ocorre com a dengue. Orienta-se procurar o serviço de saúde para
condução adequada.
É importante que os profissionais de saúde se mantenham atentos frente aos casos
suspeitos de dengue nas unidades de saúde e adotem as recomendações para manejo
clínico conforme o preconizado no protocolo vigente.
Medidas de controle
As medidas de prevenção e controle são as mesmas já adotadas para a dengue e
chikungunya e devem ser realizadas oportunamente.
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