Postpartum haemorrhage: what is the best uterotonic agent for prophylaxis? Abstract Resumo A hemorragia puerperal é a principal causa isolada de morbimortalidade materna no mundo. O uso rotineiro de uterotônicos no terceiro período do parto mostrou reduzir a incidência de hemorragia puerperal em 40 a 50%, mas a droga de escolha ainda é desconhecida por muitos obstetras. Foi feita uma atualização sobre as drogas comumente usadas para profilaxia da hemorragia puerperal, comparando principalmente a eficácia e os efeitos colaterais. Postpartum haemorrhage is the single most important cause of maternal morbidity and mortality. The routine use of uterotonic agents during the third stage of labour reduces the risk of haemorrhage by 40 to 50%, but the drug of choice for this purpose remains unknown for many obstetrician-gynecologists. An update on the common used drugs for prophylaxis of the puerperal hemorrhage was made, mainly comparing the collateral effect and efficacy. AT U A L I Z A Ç Ã O Hemorragia puerperal: qual melhor uterotônico para profilaxia? Carolina Sales Vieira Ricardo Cavalli de Carvalho Geraldo Duarte Antônio Alberto Nogueira Rafael Kioshi Yano Silvana Maria Quintana Palavras-chave Hemorragia puerperal Ocitocina Uterotônicos Keywords Postpartum Haemorrhage Uterotonic agents Oxytocin Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) FEMINA | Julho 2007 | vol 35 | nº 7 435 Hemorragia puerperal: qual melhor uterotônico para profilaxia? Introdução • Desconhecimento por parte da equipe de saúde de medidas A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que aproximadamente 529.000 mulheres morram anualmente devido a complicações relacionadas ao ciclo gravídico-puerperal, sendo os países em desenvolvimento responsáveis por grande parte dessas mortes (WHO, 2004). No Brasil, a razão de morte materna é de 74,5 óbitos / 100.000 nascidos vivos, enquanto em países desenvolvidos como Canadá e Estados Unidos, as taxas de mortalidade materna são inferiores a 9 óbitos / 100.000 nascidos vivos (Ministério da Saúde, 2000). Enquanto na África e Ásia a hemorragia puerperal representa a principal causa de óbito, na América Latina e Caribe, as desordens hipertensivas lideram as causas de mortes maternas (Khan et al., 2006). Em nosso país, quanto às causas de óbito materno, predominam as obstétricas diretas (74%), sendo as principais responsáveis, em ordem decrescente, a pré-eclampsia / eclampsia, as hemorragias e as infecções (puerperal e aborto). A grande maioria dessas mortes poderia ser evitada mediante a adoção de assistência adequada ao pré-natal, parto, puerpério, urgências e emergências obstétricas (Ministério da Saúde, 2000). Embora, no Brasil, a hemorragia puerperal (HP) não represente a principal causa de morte materna, trata-se da causa isolada mais importante de morbimortalidade mundo, com 14 milhões de casos novos anualmente (WHO, 1998), correspondendo a 25% do total de óbitos maternos no mundo (Tsu et al., 2004). Com alta e variada incidência reportada (Elbourne et al., 2003), cerca de 5 a 18% de todos os partos, a HP pode ser controlada ou tornar-se fatal. A maioria dos óbitos por HP ocorre dentro dos primeiros 7 dias após o parto (Li et al., 1996). Em 1992, Kane et al. realizaram um estudo, no Egito, no qual 88% das mortes por HP ocorreram nas quatro primeiras horas pós-parto, mostrando que as primeiras horas são cruciais na determinação do prognóstico materno. Muitos fatores influenciam para que a HP torne-se fatal ou apresente alta morbidade: • Alta incidência de anemia grave entre as gestantes de países • em desenvolvimento, o que leva a menor tolerância à perda sangüínea comparado a mulheres saudáveis; • Em alguns países e em algumas regiões brasileiras, o acesso a hospitais é difícil, o que retarda a abordagem adequada da HP. Com isso, muitas puérperas que necessitariam apenas de medidas simples (uterotônicos, compressão uterina) são submetidas a procedimentos de maior risco como a histerectomia pelo agravamento do quadro da hemorragia; • Mesmo em partos hospitalares, muitos médicos e a equipe de saúde não são preparados para procedimentos de urgências e emergências obstétricas; 436 FEMINA | Julho 2007 | vol 35 | nº 7 • • • preventivas a fim de se reduzir a incidência de HP; Incidência elevada de partos cirúrgicos em alguns países em desenvolvimento, como o Brasil, o que acaba por conduzir gestações absolutamente normais a riscos materno-fetais desnecessários (incidência de HP em partos vaginais 3,2% versus 6,9% em cesarianas) (ACOG, 1998); Falta de banco de sangue ou acesso a serviços de transfusão de hemoderivados em maternidades; Inadequação da abordagem técnica da equipe de saúde no terceiro período do parto e/ou falta de vigilância no quarto período do parto (ou de Greenberg); Estocagem inadequada de uterotônicos em países tropicais, o que pode levar a queda de eficácia do mesmo. Por tudo isso, em países com alta mortalidade materna como o Brasil, a introdução de práticas de baixo custo e baseadas em evidências científicas que previnam a HP é uma maneira de investimento na qualidade da saúde da mulher e na redução da morbimortalidade materna. Hemorragia puerperal Classicamente, HP é definida como a perda sanguínea maior ou igual a 500 mL proveniente do trato genital nas primeiras 24 h do parto (McCormick et al., 2002). Apesar de ser a definição mais aceita, sabe-se que o diagnóstico de hemorragia é normalmente subjetivo, o que provoca a subestimação do volume real de sangue perdido na ordem de 30 a 50% (ACOG, 1998). Contribui para esse subdiagnóstico da HP o fato do sangue misturar-se a urina ou líquido amniótico, além de estar disperso em compressas e gazes, dificultando sua medida precisa (Tsu et al., 2004). Levando-se em conta a dificuldade de aferir objetivamente a perda sangüínea, uma definição mais acurada para HP é a diminuição de 10% do hematócrito de admissão para aquele colhido no pós-parto (ACOG, 1998). Pode ser também definida como qualquer perda sangüínea que cause alterações hemodinâmicas capazes de ameaçar a vida da puérpera. Essa definição também é útil clinicamente, em especial nos países em desenvolvimento, nos quais a incidência de gestantes anêmicas é alta e essas pacientes apresentam menor tolerância a perdas sangüíneas. Com relação às causas mais comuns de HP, cita-se em ordem decrescente a hipotonia ou atonia uterina (principal causa), traumas do trato genital e retenção de restos placentários (Ministério da Saúde, 2000). Desse modo, a prevenção da HP depende eminentemente de se evitar essas morbidades e da profilaxia da anemia na gravidez. Hemorragia puerperal: qual melhor uterotônico para profilaxia? Existem alguns fatores associados ao aumento da incidência de HP (Quadro 1), porém sabe-se que dois terços dos casos de HP ocorrem em mulheres sem fatores de risco. Em vista de não haver fatores de riscos que seguramente possam ser usados para predição de HP, muitos estudos sugerem que a profilaxia de HP deva ser feita em todas pacientes, independente da existência ou não de fatores de risco, principalmente em países em desenvolvimento (McCormick et al., 2002). Objetivando reduzir a incidência de HP, as pesquisas partiram para a avaliação do impacto que a introdução do manejo ativo do terceiro período teria sobre a incidência de HP. É bem documentado que o manejo ativo reduz a incidência de HP (6,8% versus 16,5%) (Rogers et al., 1998; Prendiville et al., 2002). As medidas que constituem o manejo ativo são as seguintes: (a) uterotônico profilático em todas as pacientes um minuto após a expulsão fetal; (b) clampagem e corte do cordão umbilical logo após a expulsão fetal; (c) dequitação placentária assistida aplicando tração controlada no cordão umbilical. Enquanto as duas últimas práticas são alvo de grandes divergências, necessitando de mais estudos para averiguar seu real valor, o uso rotineiro de uterotônicos na profilaxia para HP tem evidências científicas mais consistentes, mostrando uma redução de 40% a 50% nas taxas de HP comparada à ausência do seu uso (Elbourne et al., 2003; Maughan et al., 2006). Uterotônico a ser usado na profilaxia da hemorragia pós-parto Enquanto a eficácia da administração rotineira de drogas uterotônicas para profilaxia da HP está bem definida, a escolha da melhor droga a ser empregada ainda gera controvérsias. Na escolha do ocitócico deve-se levar em conta a eficácia, os efeitos adversos, a via de administração, o custo da medicação além das condições de armazenamento necessárias para conservação da droga. Em 1932, descobriu-se a primeira droga com poder uterotônico (ergometrina). Com sua introdução houve grande queda na incidência de HP, porém vários efeitos adversos começaram a ser atribuídos à ergometrina. Alguns efeitos graves, porém raros (como parada cardíaca, edema agudo de pulmão, infarto agudo do miocárdio e hemorragia intracraniana), foram descritos, o que poderia limitar seu uso na profilaxia universal para HP (Prendiville et al., 1988). Na busca de um fármaco com igual efeito ocitócico, porém com menores efeitos colaterais, foi sintetizada a ocitocina em 1953. Posteriormente, foi desenvolvida uma droga chamada sintometrina que consistia na associação da ergometrina com a ocitocina (Prendiville et al., 1988). Em 1988, foi realizado um estudo clássico que acessou as evidências de ensaios clínicos controlados a respeito do efeito da administração rotineira de ocitócicos no terceiro período do parto para prevenir a HP. Os autores concluíram que o uso de ocitócicos rotineiramente reduz o risco para HP em 40%, ou seja, reduz a incidência de HP de 10% para 6% (Prendiville et al., 1988). Em 2003, foi publicada uma revisão sistemática sobre o uso profilático de ocitocina no terceiro período do parto que incluiu os 14 ensaios clínicos de maior impacto e metodologia mais adequada publicados na literatura. Foram comparados ocitocina isolada versus ausência de uterotônicos, ocitocina isolada versus derivados de ergot isolados (ergometrina e metilergonovina) e ocitocina associada a ergometrina versus derivados de ergot isolados (Tabela 1). Os autores concluíram que há fortes evidências do benefício da ocitocina profilática Quadro 1 - Fatores de risco para hemorragia pós-parto • Hiperdistensão uterina (prenhez múltipla, macrossomia fetal e polidrâmnio); • Parto prolongado ou precipitado; • Uso abusivo de ocitócicos no trabalho de parto; • Infecção intra-amniótica; • Manobras inadequadas no expulsivo (Kristeller) e no terceiro período do parto; • Condições que comprometem a contração e retração uterina (analgotócia sistêmica, miomas uterinos, acretismo placentário, hipoproteinemia, grande multiparidade e partos induzidos); • Pré-eclâmpsia; • Episiotomia de rotina; • Parto vaginal operatório; • Cesariana. Adaptado de ACOG, 1998; Mccormick et al., 2002. FEMINA | Julho 2007 | vol 35 | nº 7 437 Hemorragia puerperal: qual melhor uterotônico para profilaxia? comparada a ausência de uterotônicos traduzido por redução de 50% do risco de HP e da necessidade de ocitócicos terapêuticos (Elbourne et al., 2003). Comparando a ocitocina isolada com outros uterotônicos (derivados de ergot isolados ou associação ocitocina-ergometrina), os dados são escassos para apontar qual a droga mais eficaz, mostrando, na maioria das vezes, equivalência de eficácia para reduzir a HP entre elas e, poucas vezes, é relatada discreta vantagem de um ocitócico sobre o outro (Elbourne et al., 2003). Recentemente, tem-se usado o misoprostol, análogo sintético da prostaglandina E1, para prevenção da hemorragia pós-parto na dose de 400 a 600 mcg, via oral ou retal. Essa droga apresenta vantagens de custo inferior aos demais uterotônicos, não necessitar de refrigeração ou proteção contra luz para manter sua efetividade e não ser injetável. Alguns estudos haviam apontado efetividade similar do misoprostol em relação à ocitocina, porém esses estudos não tinham poder suficiente para testar a equivalência entre esses dois fármacos pelo número inadequado de pacientes. A possibilidade de uma droga economicamente viável para países em desenvolvimento associada a uma provável eficácia similar à ocitocina, motivou a OMS a realizar um trial multicêntrico com 18.530 pacientes comparando 10 UI de ocitocina com 600 mcg de misoprostol. A incidência de HP foi 4% com o uso de misoprostol versus 3% com a ocitocina, sendo essa diferença estatisticamente significante. Assim, a OMS recomenda que o uso de 10 UI de ocitocina na profilaxia de HP é preferível a 600 mcg de misoprostol. Porém, apesar de ser menos efetivo que as drogas uterotônicas de uso parenteral, em locais em que não há recurso humano capacitado para aplicação de injeção ou mesmo recursos financeiros para aquisição das medicações injetáveis, o uso do misoprostol para prevenção de HP, na dose de 400 a 600 mcg, é a medicação de escolha (Gülmezoglu et al., 2001). Além disso, em metanálise recente, os autores concluíram que a pequena diferença estatisticamente significativa entre o misoprostol e os uterotônicos convencionais não o torna clinicamente inferior às demais medicações (Langenbach, 2006). Observando o início e o modo de ação de cada uterotônico, sabe-se que 2 min e 30 s após a administração intramuscular (IM) da ocitocina, já se iniciam os efeitos dessa medicação. Esse efeito máximo ocorre em 15 min da administração e dura por 30 min. Já o início da ação da ergometrina é mais lento, cerca de 7 min, atingindo o efeito máximo em 45 min, com duração por 3 h. A associação ocitocina+derivados do ergot combina o início de ação mais precoce da ocitocina com o efeito mais durador do derivados do ergot (Yuen et al., 1995). O misoprostol depende da via de administração para início e duração de seus efeitos, na via oral o início é de 15 a 30 min, enquanto na via retal de 1 a 2 h, já a duração é mais efêmera na via oral comparada à via retal (Goldberg et al., 2001). Em relação às condições de estocagem, os fabricantes tanto da ocitocina sintética quanto da metilergometrina recomendam que essas drogas devem ser mantidas em temperaturas inferiores a 22ºC para manter sua validade por três anos. Já o misoprostol não necessita de temperatura ideal para sua conservação, o que pode ser vantajoso para locais onde não há refrigerador ou a fonte de energia não é estável (Langenbach, 2006). Quanto aos efeitos colaterais, os principais estão apresentados na Tabela 2. Os derivados do ergot provocam Tabela 1 - Comparação da efetividade entre os diversos uterotônicos Comparação Ocitocina versus Placebo Ocitocina versus Derivados do ergot isolados Ocitocina + Derivados do ergot versus derivados do ergot Redução do risco de HP 50% 10% (a favor da ocitocina)* sem diferença estatística Dose utilizada 5 a 10 UI 2 a 10 UI x 0,2 a 0,4 mg 5 UI+0,5 mg x 0,2 a 0,5 mg HP = Hemorragia puerperal. Adaptada de Elboune et al, 2003. * Sem diferença estatística Tabela 2 - Efeitos adversos relacionados a cada uterotônico Droga Efeitos adversos Derivados do Ergot Náuseas e vômitos Cefaléias Retenção placentária Aumento da PA Retardo da apojadura IAM Parada cardíaca Hemorragia intra-craniana Adaptada de Prendiville et al., 1988; Gülmezoglu et al., 2001; Elboune et al., 2003. 438 FEMINA | Julho 2007 | vol 35 | nº 7 Ocitocina Retenção placentária Hipotensão Misoprostol Tremores Hipertermia Náuseas e vômitos Diarréia Retenção placentária Hemorragia puerperal: qual melhor uterotônico para profilaxia? freqüentemente náuseas, vômitos, cefaléia e aumento dos níveis pressóricos, devendo ser evitados em pacientes hipertensas. Comparados à ocitocina, provocam maior risco de retenção placentária. São também descritos aumento de risco para infarto agudo do miocárdio, parada cardíaca, hemorragia intracraniana e edema agudo de pulmão. Esses últimos efeitos adversos são extremamente raros, necessitando-se de estudos com maior número de pacientes para avaliar se essa associação é realmente verdadeira. A ocitocina é associada a aumento de risco para hipotensão, não confirmada em metanálises. Há uma tendência, não estatisticamente significativa, da ocitocina aumentar o risco de encarceramento placentário em relação ao não uso de uterotônicos, porém quando comparada aos derivados do ergot, reduz em 43% o risco de retenção placentária. Não são descritos efeitos adversos graves relacionados ao uso da ocitocina sintética e do misoprostol. O misoprostol é associado à hipertermia, tremores, vômitos e diarréia. Em relação à ocitocina, o misoprostol não aumentou a incidência de encarceramento placentário (Prendiville et al., 1988; Gülmezoglu et al., 2001; Elboune et al., 2003). A via de administração parece não afetar a eficácia da droga. A ocitocina pode ser dada endovenosa (EV) ou intramuscular, sendo preferível a última quando a paciente não estiver com venóclise. O misoprostol pode ser usado via oral ou retal (Gülmezoglu et al., 2001; Elboune et al., 2003; Langenbach, 2006). É importante também para prevenir a HP, aplicar o uterotônico no momento certo. Há momentos diferentes descritos para administração da droga: no desprendimento do pólo cefálico, na saída do ombro anterior, logo após a expulsão fetal, após a clampagem e corte do cordão, após dequitação placentária ou após 20 min do parto (Prendiville et al., 1988). Ainda não há um consenso na literatura sobre qual é o melhor momento para administração do ocitócico, mas Khan et al., 1997, relataram efetividade superior na prevenção da HP se o ocitócico for administrado antes da dequitação placentária. O Ministério da Saúde do Brasil (2000) recomenda a aplicação do uterotônico profilático para HP antes da dequitação placentária. Considerações finais Apesar de serem ainda necessários mais estudos para estabelecer conclusões definitivas sobre o uso de uterotônicos profilaticamente em todos os partos, seu papel é bem estabelecido na redução de 40 a 50% na incidência de hemorragia pós-parto. Provavelmente, países em desenvolvimento, como o Brasil, se beneficiariam da adoção do ocitócico profilático para HP, devido às altas taxas de mortalidade materna e à grande participação atribuída a HP. À luz dos conhecimentos atuais, a droga de escolha para profilaxia de HP é a ocitocina na dose de 10 UI IM ou EV diluída. Essa droga é a opção recomendada pela OMS, pelo Ministério da Saúde do Brasil e pelas metanálises disponíveis até a presente dada. Até o momento, considerando riscos e benefícios, não há suporte científico para o uso isolado dos derivados de ergot na profilaxia para HP para todos partos, não por sua efetividade que é similar à da ocitocina, mas por seus efeitos colaterais. Há evidências científicas para uso dos derivados do ergot na profilaxia para HP apenas em associação com a ocitocina. Vale ressaltar que o papel dos derivados do ergot isolados no tratamento da hemorragia pós-parto já estabelecida não é alvo dessa atualização. A OMS preconiza o uso preventivo de 10 UI de ocitocina, como uma medida de se reduzir a incidência de HP, principalmente em países em desenvolvimento. No Brasil, o Ministério da Saúde em conjunto com a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) preconizam como profilaxia para HP 10 UI de ocitocina IM em todos os partos (Ministério da Saúde, 2000) ou principalmente naqueles com maior risco para HP. Em locais com poucos recursos financeiros, vale a pena a introdução do misoprostol, 400 a 600 mcg (2 a 3 comprimidos de 200 mcg), via oral ou retal, para prevenção da HP. Por último, é importante que cada serviço de saúde estabeleça seu protocolo para prevenção da HP baseado nas evidências científicas disponíveis, buscando contribuir para redução da mortalidade materna e de complicações graves para a saúde da mulher. FEMINA | Julho 2007 | vol 35 | nº 7 439 Hemorragia puerperal: qual melhor uterotônico para profilaxia? Leituras suplementares 1. American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG). ACOG educational bulletin. Postpartum hemorrhage. Int J Gynaecol Obstet 1998; 61: 79-86. 2. Elbourne DR, Prendiville WJ, Carroli G et al. Prophylactic use of oxytocin in the third stage of labour (Cochrane Review). In: Cochrane Library, Issue 1, 2003. Oxford: Update software. 3. Goldberg AB, Greenberg MB, Darney PD. Misoprostol and pregnancy. N Engl J Med 2001; 344: 38-47. 4. Gülmezoglu AM, Villar J, Ngoc NT et al. WHO multicentre randomized trial of misoprostol in the management of the third stage of labour. Lancet 2001; 358: 689-95. 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