Biologia e Geologia____________________________________________________________________11º ano Escola Secundária D. Afonso Sanches Exercício de Inquérito Científico Nome:____________________________________________________________Nº:___Turma:___ Assunto: Natureza química da informação genética. Cada organismo contém informação genética que o caracteriza como indivíduo e que controla todas as actividades vitais. Parte I – Experiência de Griffith Em 1928, o bacteriologista inglês Fred Griffith, ao investigar a bactéria Diplococcus pneumoniae, responsável pela pneumonia em mamíferos, verificou que estas se apresentavam aos pares, existindo sob duas formas. Nas bactérias do tipo S (do inglês smooth, liso) o par de células é envolvido por uma cápsula brilhante, de natureza glicídica e formam colónias de aspecto liso. As bactérias do tipo R (do inglês rough, rugoso) não são capsuladas e formam colónias de aspecto rugoso. A figura esquematiza as etapas da experiência de Griffith (I) e os respectivos resultados (II): A - Foram injectadas bactérias tipo S vivas B - Foram injectadas bactérias tipo R vivas C - Foram injectadas bactérias tipo S mortas D - Foram injectadas bactérias tipo R vivas e tipo S mortas pelo calor O rato morre. Encontram-se bactérias no sangue O rato sobrevive. Não tem bactérias no sangue. O rato sobrevive. Não tem bactérias no sangue. O rato morre. Encontram-se bactérias tipo S e tipo R vivas. 1.1 - Com base nos resultados da experiência diga, justificando, qual destas bactérias é patogénica, provocando a pneumonia em mamíferos. 1.2 - Formule uma hipótese explicativa da presença de bactérias do tipo S e tipo R vivas no sangue dos ratos da situação D. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Os resultados da experiência de Griffith mostram que a variedade tipo S é patogénica para estes ratos ou seja, estas bactérias resistem à fagocitose realizada pelos glóbulos brancos, causando a pneumonia. A variedade tipo R de bactérias não é patogénica ou seja, são inofensivas. Ao analisar os resultados, Griffith verificou que as bactérias do tipo S, mortas pelo calor, não infectaram o rato na situação C. Na situação D, as bactérias do tipo S conseguiram transmitir a sua virulência às bactérias do tipo R, não virulentas, que se tornaram patogénicas, transmitindo essa característica à descendência. Conclusão: Existiria um princípio que, ao libertar-se pelo aquecimento, penetrava nas células não virulentas, transformando-as em virulentas. Este princípio transformante deveria estar associado ao material genético pois era transmitido à descendência. Biologia e Geologia____________________________________________________________________11º ano Parte II – Experiências de Avery, MacLeod e MacCarthy Em 1944, o bacteriologista americano Avery e os seus colaboradores procuraram identificar a substância química responsável pela transformação das bactérias Diplococcus pneumoniae não patogénicas em bactérias patogénicas. A figura evidencia as experiências realizadas por Avery e seus colaboradores: A - Extracto celular (bactérias tipo S mortas) B - Vários C - Bactérias constituintes tipo R vivas isolados D - Resultados 2.1 - Qual o problema que Avery e seus colaboradores pretendiam investigar, ao isolarem os constituintes das bactérias tipo S? 2.2 - Depois de uma análise atenta de todos os dados da experiência de Avery, interprete os resultados obtidos por estes cientistas, respondendo ao problema inicial. 2.3 - Se no tubo 4 se adicionar uma enzima que hidrolise o DNA, que resultados seriam de esperar em D? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Graças a tratamentos enzimáticos, estes investigadores procederam a isolamentos sucessivos dos diferentes componentes (proteínas, glícidos, lípidos e DNA) do extracto celular, obtido a partir de uma cultura de bactérias tipo S mortas, tendo verificado que apenas a cultura à qual foi adicionado DNA (4) provocou a morte dos ratos; a análise do sangue destes ratos revelou a presença de bactérias capsuladas (tipo S) vivas. Através de outra experiência verificou-se que, por acção de uma enzima, a desoxirribonuclease, enzima que degrada a molécula de DNA, o extracto de bactérias tipo S ficava inofensivo, não conseguindo transformar as bactérias tipo R em bactérias tipo S patogénicas. Os resultados destas experiências mostraram pela primeira vez que o DNA é o suporte da informação genética, responsável pela formação da cápsula nos Diplococcus pneumoniae de tipo R. Biologia e Geologia____________________________________________________________________11º ano Parte III – Experiência de Hershey e Chase Um outro argumento adicional, relativo à pesquisa da natureza química do material genético, resulta de experiências realizadas com vírus. Em 1952, os investigadores Alfred Hershey e Martha Chase interrogaram-se sobre o modo como se reproduzem os vírus que infectam bactérias, os bacteriófagos. Realizaram experiências com Escherichia coli, uma bactéria intestinal comum, e bacteriófagos que a infectam, baseando-se em dois princípios: - as proteínas da cápsula do vírus incorporam enxofre (S) e não têm fósforo (P); - o DNA incorpora fósforo mas não tem enxofre. Nas suas experiências isolaram dois lotes de bacteriófagos marcados radioactivamente. Num dos lotes marcaram o DNA dos bacteriófagos com fósforo radioactivo (32P) e no outro lote marcaram as proteínas com enxofre radioactivo (35S). Os bacteriófagos dos dois tipos considerados foram colocados em contacto com bactérias não marcadas radioactivamente. 3.1 - Qual o objectivo de Hershey e Chase ao marcarem radioactivamente o DNA e as proteínas da cápsula do bacteriófago? 3.2 - Como interpreta a ausência de proteínas marcadas com enxofre radioactivo (35S) nos invólucros proteicos dos bacteriófagos descendentes? 3.3 - Em que medida, permitem os dados desta experiência deduzir que é o DNA viral que controla os processos celulares da bactéria? -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Ao analisarem o conteúdo das bactérias infectadas, para determinarem a localização do DNA viral, e das proteínas da cápsula, constataram que o DNA marcado com 32P se encontrava no interior da bactéria, enquanto que as proteínas marcadas com 35S foram detectadas no exterior. Na realidade, quando o bacteriófago se fixa sobre a parede da bactéria, injecta a molécula de DNA no interior da bactéria, permanecendo a sua cápsula no exterior. Embora a bactéria tenha o seu próprio DNA, este é destruído, e é o DNA viral que, depois de se multiplicar usando nucleótidos da bactéria, passa a controlar a síntese do DNA e das proteínas. Assim, o DNA viral “obriga” a bactéria a produzir as proteínas necessárias à formação de novos bacteriófagos. Todas estas experiências permitiram verificar que é o DNA que suporta a informação genética. A Professora: Rosário Ferreira