Barbárie no Egito

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Opinião
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O Estado do Maranhão - São Luís, 19 de agosto de 2013 - segunda-feira
OESTADOMaranhão
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“O Maranhão é uma saudade que dói
e não passa. Não o esqueço um só dia,
um só instante. É amor demais.
Maranhão, minha terra, minha paixão.”
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José Sarney
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PRESIDENTE: TERESA SARNEY
Editorial
Barbárie no Egito
A
situação política no Egito tornou-se ainda mais sombria depois do massacre praticado pelo governo militar que destituiu, em julho, o presidente Mohammed Mursi.
A repressão teve início logo após o
golpe, quando forças do Exército mataram dezenas de simpatizantes da organização islâmica Irmandade Muçulmana, à qual o mandatário deposto
pertence.
Episódios semelhantes se repetiram
desde então, numa escalada que deixou um saldo de mais de 600 manifestantes mortos somente na última quarta-feira.
A carnificina indica que o Egito retroage a um estágio político anterior às
revoltas da Primavera Árabe, que afastaram, em 2011, o ditador Hosni Mu-
barak. Apesar da promessa de eleições lamitas.
e da nomeação de um governante civil
A situação é análoga ao que se verifiprovisório, o Exército permanece co- cou na Argélia, onde a perspectiva de vimo única força capaz de exercer o po- tória eleitoral do partido religioso FIS der no país - e o
Frente Islâmica
faz nos conhecide Salvação, em
dos moldes dita- Na realidade, a mensagem 1992, levou o gotoriais.
dos militares do Egito é a de verno a cancelar
A brutalidade
o pleito, num
oficial reduz a pó que eleições pouco valem
golpe que deu
o argumento, es- quando os vencedores
início a longa
grimido por alguerra civil.
são
islamitas
guns, de que a
Pode-se arderrubada de
gumentar que a
Mursi seria uma espécie de correção situação atual do Egito difere em muide rumos para assegurar a democrati- tos aspectos da argelina - a Irmandade
zação.
Muçulmana não é um grupo armado
Na realidade, a mensagem dos mili- e o Exército egípcio mantém-se, ao que
tares do Egito é a de que eleições pou- parece, unido em torno de princípios
co valem quando os vencedores são is- laicos.
Cabral
Sobe-Desce
Avanço da justiça
humana no Vaticano
A chuva que caiu no último
sábado, em Essex,
Inglaterra, não impediu que
Beyoncé agitasse o público
do V Festival. Usando um
sensual vestido branco e
outros looks, a cantora pop
fez uma enérgica
apresentação, encerrando o
primeiro dia do evento.
CLÁUDIO DELL´ORTO
O presidente da
Venezuela, Nicolás
Maduro, está dando
um banho de cinismo
e populismo no seu mentor, o falecido presidente
Hugo Chávez. Maduro revelou há pouco que, para
se inspirar, costuma dormir ao lado do túmulo do
líder que governou o país até meados deste ano.
Se a técnica funcionar, vai ter fila para dormir ao
lado de Albert Einstein, por exemplo.
Um dia
como hoje
19 de agosto
1991
Golpe
1936
Uma coligação de comunistas
remove o presidente soviético
Mikhail Gorbachev do poder. O
golpe foi consequência do
interesse dele em assinar um
tratado concederia autonomia a
diversas Repúblicas Soviéticas.
Escritor
Durante a Guerra Civil
Espanhola, o poeta Frederico
Garcia Lorca é assassinado
pelas tropas de Francisco
Franco. A ordem de execução
foi dada pelo governador de
Granada, José Valdés Guzmán.
1961
Condecoração
O ministro Che Guevara recebeu a
Grã-Cruz da Ordem Nacional do
Cruzeiro do Sul, conferida pelo
presidente Jânio Quadros, no
Palácio do Planalto. Em um ato de
protesto, vários militares
devolvem suas condecorações.
O que são ressincronizadores e marcapassos
CLAUDIO JOSÉ FUGANTI
O coração tem a função de bombear o sangue para
todos os órgãos e tecidos do corpo humano. Recebe o sangue que vem dos pulmões, onde vai buscar oxigênio, e daí o bombeia para o corpo todo.
Para o músculo do coração ser capaz de se contrair
e relaxar, o coração cria pequenos impulsos elétricos que são conduzidos da metade superior do
coração para a metade inferior. Esses pulsos controlam o músculo cardíaco e fazem com que as quatro câmaras (átrios e ventrículos) trabalhem juntas
e em harmonia.
Um coração normal bate entre 60 a 100 vezes
por minuto, 100 mil vezes por dia. Dependendo da
exigência, o coração bate mais rápido ou mais lento.
Por exemplo, durante um esforço físico acentuado
e emoções fortes, pode bater até a 180 vezes por
minuto; durante o sono, a frequência pode cair para
40 batimentos por minuto. E esses extremos são
considerados normais em um atleta.
Várias doenças podem ter a indicação de implante de um ressincronizador ou marcapasso: a
insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, processos degenerativos provocados por envelhecimento, diabetes, hipertensão, doenças pulmonares
crônicas, entre tantas outras. Por causa dessas
doenças, o coração pode pulsar mais lento ou de
forma irregular, às vezes acelerado, outras lento.
O marcapasso ou ressincronizador pode ser a
solução para a pessoa voltar a ter uma vida normal.
O paciente recupera-se em pouco tempo após o
procedimento de implante. Os sintomas de falta de
ar, cansaço, baixa capacidade de esforço costumam
desaparecer progressivamente após a cirurgia. Pode
Se você tiver inchaço na
região do abdômen e
pernas, cansaço e falta
de ar aos esforços não
deixe de procurar um
médico
haver dor ligeira no local do implante, mas esse desconforto em geral diminui rapidamente e em
pouco tempo o paciente não sentirá mais nada.
Mas o que são esses aparelhos? O ressincronizador cardíaco, também conhecido como
marcapasso multisítio, é um tipo especial de marcapasso que tem a função de estimular as duas
metades inferiores do coração (ventrículos) ao mes-
Nada impede, porém, que o recrudescimento da repressão venha a alimentar uma dinâmica de ressentimentos e agressões bastante conhecida em
países da região.
Embora seja verdade que, ao chegar
à Presidência após vencer as eleições
no ano passado, Mursi escolheu trilhar
o caminho do sectarismo, não deixa de
ser um contrassenso acreditar que sua
deposição "manu militari" possa ser
um ato de defesa da democracia.
A consolidação de um regime democrático num país com as características do Egito, de longa tradição autoritária, não é, por certo, tarefa trivial. Marchas e contra-marchas são inerentes
ao processo. O que ora se vê, entretanto, é o exercício da barbárie contra milhões de cidadãos. (Folha de São Paulo)
mo tempo, corrigindo uma falta de sincronia que
existe entre eles e que é responsável por uma redução na força de contração do coração. Diferentemente dos marcapassos habituais, não é necessário
o coração ter batimentos lentos para sua indicação,
apenas deve haver falta de sincronia e insuficiência cardíaca que não responda a medicações.
O marcapasso e o ressincronizador cardíacos são
compostos por um gerador (circuito eletrônico e
bateria) e eletrodos, que são fios metálicos revestidos por uma fina camada de silicone. Conectados
ao gerador, conduzem a eletricidade para o coração.
O ressincronizador cardíaco é utilizado em portadores de insuficiência cardíaca congestiva e dissincronia, quando o tratamento com remédios e outras medidas médicas não são suficientes para melhorar a condição clínica da pessoa e restaurar ao
menos em parte a função de contração do coração.
Se você tiver inchaço na região do abdômen e
pernas, cansaço e falta de ar aos esforços não deixe
de procurar um médico. É importante que também
faça exames regulares, meça a pressão a cada seis
meses, se alimente bem com frutas, verduras e
legumes, beba bastante água e pratique exercícios
físicos.
Especialista do Departamento de Estimulação Cardíaca
Artificial da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Cardiovascular (DECA/SBCCV)
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Ao editar o Motu Proprio que alterou o Código
Penal do Vaticano, o papa Francisco promoveu
um dos maiores avanços da história da Igreja Católica Apostólica Romana. A medida, contemplando a aplicação de penas em casos de crimes
contra crianças e adolescentes, tortura e lavagem
de dinheiro, reduz sensivelmente a defasagem
cronológica do sistema jurídico da Santa Sé.
Tal anacronismo era tão enfático que a própria comunicação oficial das medidas, feita pela Rádio do Vaticano, salienta que as novas leis
alinham-se aos seguintes pactos internacionais:
a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
de 1948; as Convenções de Genebra de 1949,
contra os crimes de guerra; a Convenção Internacional de 1965 sobre a eliminação de todas as
formas de discriminação racial; a Convenção de
1984 contra a tortura e outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes; e a
Convenção de 1989 sobre os direitos da criança
e seus protocolos facultativos de 2000. Ou seja,
adéqua-se o Vaticano a normas e princípios implantados há muito tempo na maioria dos países ocidentais.
Ao efetivar as mudanças às vésperas de sua visita ao Brasil, o Sumo Pontífice ratifica perante o
mundo a sua disposição de combater, com a justiça dos homens, os problemas que têm afetado
a Igreja nas últimas décadas e suscitado dúvidas
quanto à sua coerência na aplicação de cânones
religiosos. Ao ignorar no plano do direito as numerosas denúncias de pedofilia e de desmandos
e desvios de recursos em seu banco oficial, o Vaticano comprometeu perante muitos a sua credibilidade como porta voz do Evangelho. Especialistas acreditam que muitos católicos romanos migraram para outras igrejas cristãs em razão desses problemas mundanos que ganharam
repercussão midiática.
A tipificação dos delitos de tortura e lavagem
de dinheiro e a definição clara dos tipos de crimes contra crianças e adolescentes, incluindo o
tráfico humano, prostituição, violência e atos sexuais, prática e divulgação de pornografia, ganham relevo porque revelam a busca de uma jurisdição penal mais eficiente num ambiente que
deveria ser marcado exclusivamente pela religiosidade. Reconhece-se a necessidade da justiça
humana para assegurar um ministério religioso
de maior credibilidade perante os fiéis.
Outro aspecto importante do Motu Proprio
foi a extinção da sentença de prisão perpétua,
considerada inútil e desumana pelo pontífice.
Adota-se um regime semelhante ao do Brasil,
com pena máxima de 30 anos, como aqui, ou de
35 anos de privação de liberdade. O novo código
também inclui dispositivos específicos para crimes contra a humanidade, abrangendo o genocídio e a segregação racial.
As medidas inovadoras, que entram em vigor
em 1º de setembro, serão aplicáveis, como tradição do Estado pontifício, sob a égide do princípio da personalidade, não apenas no território
do pequeno Estado incrustado na cidade de Roma, como também em todo o mundo. Isso significa que um padre que cometa um dos crimes
previstos dentro de qualquer estabelecimento
da Igreja, em qualquer país, estará sujeito, também, ao julgamento e punição pelo sistema judiciário do Vaticano. Assim, além da incidência
do Direito Penal do país onde a infração for cometida, opera-se a incidência da legislação do
Vaticano, conforme a possibilidade concreta de
exercício da jurisdição. Aumenta-se a possibilidade sancionatória, considerando-se qual dos
Estados soberanos puder capturar o criminoso.
Ao adotar esse avanço legal, a Igreja revitalizase perante seus membros, valoriza-se institucionalmente e no âmbito das relações multilaterais
e ratifica um conceito universal pétreo: em quaisquer circunstâncias, mesmo que servindo a Deus,
os homens não podem viver sem Justiça.
Presidente da Associação dos Magistrados do Estado
do Rio de Janeiro (AMAERJ)
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