Determinantes - Matemática II - 2004/05 19 Determinantes Permutações Seja n 2 N. Uma permutação p = (p1 ; p2 ; : : : ; pn ) do conjunto f1; 2; ; ng é um arranjo dos n números em alguma ordem, sem repetições ou omissões. Denota-se por Sn o conjunto de todas as permutações do conjunto f1; 2; n! = n (n 1) tiva de f1; 2; identidade. (n 2) ::: ; ng em f1; 2; 2 ; ng. É fácil veri…car que este conjunto tem 1 elementos. (Note-se que p é uma aplicação bijec- ; ng). À permutação (1; 2; : : : ; n) chama-se permutação Considerando uma permutação p, chama-se paridade da permutação à paridade do número de trocas que é necessário efectuar em p para voltar a pôr os números na ordem inicial. Esse número não é único, mas a sua paridade é sempre a mesma. Diz-se que a permutação é par se o número de trocas for par e ímpar se o número é ímpar. De…ne-se o sinal de uma permutação p; sgn (p) ; da seguinte forma:sgn ( +1 se p é par sgn (p) = 1 se p é ímpar A permutação identidade tem sinal +1 e qualquer permutação que só troque dois números tem sinal 1: Alternativamente a paridade da permutação pode ser encontrada da seguinte forma: Diz-se que ocorre uma inversão na permutação sempre que um número maior precede um menor. O número total de inversões que ocorre numa permutação p = (p1 ; p2 ; : : : ; pn ) calcula-se do seguinte modo: 1) Contam-se os números menores que p1 que estão à sua frente na permutação. 2) Contam-se os números menores que p2 que estão à sua frente na permutação. 3) Continua-se esta contagem para p3 ; : : : ; pn 1 : 4) Somam-se os números obtidos em cada passo, o que dá o número total de inversões. Como o número total de inversões corresponde a um possível número de trocas para transformar a permutação na identidade, a paridade desse número é a paridade da permutação. Exemplos: 1. A permutação identidade (1; 2; : : : ; n) tem sinal mais +1; pois efctuam-se 0 trocas. 2. Qualquer permutação que só troque dois números tem sinal as permutações (2; 1; 3) e (3; 2; 1) ˜ tem sinal 1: 1: Por exemplo, em S3 ; 3. A permutação em S6 ; (6; 1; 3; 4; 5; 2) é par pois ocorrem 8 inversões (5 + 0 + 1 + 1 + 1 = 8) 4. A permutação em S6; (2; 1; 4; 3; 6; 5) é ímpar, pois são necessárias 3 trocas para obter a ordem usual. Determinantes - Matemática II - 2004/05 20 Produtos elementares Seja A = [aij ]n n uma matriz quadrada de ordem n. Chama-se produto elementar de A a um produto de n entradas da matriz A contendo exactamente uma entrada de cada linha e de cada coluna de A; isto é, um produto da forma a1p1 a2p2 anpn ; em que p = (p1 ; p2 ; : : : ; pn ) é uma permutação. A cada produto elementar está, portanto, associada uma permutação e vice-versa. Consequentemente, para uma matriz de ordem n, há n! produtos elementares. Exemplos: 1. Numa matriz n n; a11 a22 : : : ann é o produto elementar associado à permutação iden- tidade (1; 2; : : : ; n) : 2. Numa matriz de ordem 6, a16 a21 a33 a44 a55 a62 é o produto elementar associado a à permutação (6; 1; 3; 4; 5; 2) : 3. Numa matriz de ordem 6, a12 a21 a34 a43 a56 a65 é o produto elementar associado a à permutação (2; 1; 4; 3; 6; 5) : 2 3 2 3 4 6 7 4. Na matriz 4 5 3 1 5 ; 4 3 7 = 84 é o produto elementar associado à permutação 7 4 5 (3; 2; 1) : Um produto elementar assinalado é um produto elementar multiplicado pelo sinal da permutação que lhe está associada, ou seja +a1p1 a2p2 anpn ou a1p1 a2p2 anpn : Exemplos: 1. +a11 a22 : : : ann porque sgn (1; 2; : : : ; n) = +1 2. Numa matriz de ordem 6, +a16 a21 a33 a44 a55 a62 é o produto elementar assinalado associado à permutação (6; 1; 3; 4; 5; 2) ; que tem sinal +1: 3. Numa matriz de ordem 6, a12 a21 a34 a43 a56 a65 é o produto elementar assinalado asso- ciado à permutação (2; 1; 4; 3; 6; 5) ; que tem sinal 1: 2 3 2 3 4 6 7 4. Na matriz 4 5 3 1 5 ; ( 1) 4 3 7 = 84 é o produto elementar assinalado 7 4 5 associado à permutação (3; 2; 1) : Determinantes - Matemática II - 2004/05 21 De…nição de determinante de uma matriz quadrada O determinante da matriz A (det A ou jAj) é a soma de todos os produtos elementares assinalados de A; isto é: X det A = sgn (p) a1p1 a2p2 anpn : p2Sn Determinantes de ordem 1, 2 e 3 Ordem 1: A = [a11 ] det (A) = a11 : Ordem 2: Para A = " a11 a12 a21 a22 # ; tem-se: Produtos elementares Permutação associada Paridade Prod. elem. assinalado a11 a22 (1; 2) par a12 a21 (2; 1) ímpar +a11 a22 a12 a21 Assim: det (A) = a11 a22 2 a11 a12 a13 a12 a21 : 3 6 7 Ordem 3: Para A = 4 a21 a22 a23 5 tem-se: a31 a32 a33 Produtos elementares Permutação associada Paridade Prod. elem. assinalado a11 a22 a33 (1; 2; 3) par +a11 a22 a33 a12 a23 a31 (2; 3; 1) par +a12 a23 a31 a13 a21 a32 (3; 1; 2) par +a13 a21 a32 a13 a22 a31 (3; 2; 1) ímpar a13 a22 a31 a12 a21 a33 (2; 1; 3) ímpar a12 a21 a33 a11 a23 a32 (1; 3; 2) ímpar a11 a23 a32 Assim: det (A) = a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21 a32 a13 a22 a31 a12 a21 a33 a11 a23 a32 : Por razões óbvias, os determinantes de ordem superior a três não se calculam por de…nição. Vamos ver de seguida como pode ser efectuado esse cálculo. Começamos por ver alguns casos particulares em que o cálculo do determinante, seja qual for a ordem, se efectua por de…nição. Determinantes - Matemática II - 2004/05 22 Determinantes de matrizes de tipo especial Seja A = [aij ] i=1;:::;n uma matriz quadrada de ordem n: j=1;:::;n Matriz diagonal: Se A é uma matriz diagonal, então det (A) = a11 a22 ann : Como casos particulares tem-se que: 1. det (In ) = 1 2. det (On ) = 0. 3. Se A é escalar e o elemento da diagonal é k, então, det (A) = k n : Matriz triangular: Se A = é uma matriz triangular (inferior ou superior), então det (A) = a11 a22 ann : Propriedades Seja A = [aij ]n n uma matriz quadrada de ordem n : 1. det (A) = det A> . 2. Se a matriz A0 pode ser obtida da matriz A por troca de duas linhas (ou duas colunas), então det (A0 ) = det (A). 3. Se A é uma matriz com uma linha (ou com uma coluna) de zeros, então det (A) = 0. 4. Se a matriz A tem duas linhas iguais (ou duas colunas iguais), então det (A) = 0. 5. Se L1 ; : : : ; Li ; : :2: ; Ln 3designam as linhas da matriz A e Li = kL0i , k 2 R, então L1 6 . 7 6 .. 7 6 7 6 0 7 det (A) = k det 6 Li 7 6 . 7 6 . 7 4 . 5 Ln 6. Se a matriz A tem uma linha (coluna) múltipla de outra, então det (A) = 0. 7. Se L1 ; : : : ; Li ;2: : : ; L3n designam 2 L1 L1 6 . 7 6 . 6 .. 7 6 .. 6 7 6 6 7 6 det (A) = det 6 L0i 7 + det 6 L00i 6 . 7 6 . 6 . 7 6 . 4 . 5 4 . Ln Ln 00 0 as 3 linhas da matriz A e Li = Li + Li então 7 7 7 7 7 7 7 5 Determinantes - Matemática II - 2004/05 23 00 0 8. Se C1 ; : : : ; Ci ;h: : : ; Cn designam as colunas i hda matriz A e Ci = C i i + Ci então det (A) = det C1 Ci0 : : : Cn + det C1 Ci00 : : : Cn . 0 9. Se C1 ; : : : ; Ci ; : h: : ; Cn designam as colunas i da matriz A e Ci = kCi ; k 2 R, então det (A) = k det C1 Ci0 : : : Cn : 10. Se k 2 R, então det (kA) = k n det (A). 11. Se B é também uma matriz de ordem n, então det (AB) = det (A) det (B). 12. A matriz A é invertível se e só se det (A) 6= 0 (e se e só se car (A) = n). 13. Se A é invertível, então det (A 1 ) = (det A) 1 . Efeitos das operações elementares no determinante Tipo I: Se a matriz B foi obtida da matriz A por troca de duas linhas, então det (B) = det (A). 2 0 6 Exemplo: det 4 3 2 1 5 3 7 6 9 5 6 1 = " L1 $ L2 2 3 6 det 4 0 2 6 9 3 7 1 5 5 6 1 Tipo II Se multiplicarmos uma linha da matriz por um número real diferente de zero então multiplica-se o determinante pelo inverso 3 2 2 1 3 6 9 6 7 6 Exemplo: det 4 0 1 5 5 = 3 det 4 0 " 2 2 6 1 1 L 3 1 desse número. 3 2 3 7 1 5 5 6 1 Tipo III Se adicionarmos a uma linha da matriz outra linha multiplicada por um número real o determinante não se altera. 2 3 2 1 1 2 3 6 7 6 Exemplo: det 4 0 = det 4 0 1 5 5= " 2 6 1 0 2L1 + L3 2 1 10 3 3 7 5 5 5 Determinantes das matrizes elementares Tipo I: Se E é uma matriz elementar de tipo I, então det (E) = 1 Tipo II Se E é uma matriz elementar de tipo II, então det (E) = . Tipo III Se E é uma matriz elementar de tipo III, então det (E) = 1. Determinantes - Matemática II - 2004/05 24 Cálculo do determinante através do método de eliminação Reduz-se a matriz a uma forma de escada. Quando se efectuam operações nas linhas da matriz sabe-se qual o efeito no determinante e, como a forma de escada de uma matriz quadrada é uma matriz triangular, o determinante desta obtém-se, como foi visto atrás, multiplicando os elementos da diagonal principal. Exemplos: 1. 2 0 1 5 6 det 4 3 7 6 9 5 6 1 2 L3 3 = " 2L1 + L3 = " L1 $ L 2 2 1 6 3 det 4 0 0 2 3 6 det 4 0 6 9 7 1 5 5 6 1 2 2 1 10 3 3 7 5 5 5 = ( 3) 3 = " L1 2 3 2 7 1 5 5= 6 1 1 2 3 6 3 det 4 0 1 L 3 1 2 6 3 det 4 0 = " 10L2 + L3 L3 2 3 1 1 0 0 3 7 5 5= 55 ( 55) = 165 2. 2 6 6 det 6 6 4 = " L2 $ L 3 1 1 2 1 1 2 1 1 1 1 3 7 1 1 7 7 1 1 7 5 2 1 L2 L3 2 1 6 6 0 det 6 6 0 4 0 L4 1 1 1 2 3 1 2 3 = " 2L1 + L2 L1 + L3 L3 + L 4 2 2L2 + L4 1 6 6 0 det 6 6 0 4 0 1 6 6 0 det 6 6 0 4 0 L4 L 1 + L2 3 1 7 2 7 7 = 1 7 " 5 0 L3 3L2 + L3 L4 = " 2 1 1 1 2 0 7 0 0 1 1 3 1 1 2 2 3 2 1 6 6 0 det 6 6 0 4 0 1 3 7 2 7 7= 7 7 5 3 21 1 3 7 1 7 7= 2 7 5 0 1 1 1 2 0 7 0 7 1 3 7 2 7 7= 7 7 5 4