ttulo do resumo

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UTILIZAÇÃO DE “MEDICAMENTOS INDICADORES” PARA DETECÇÃO
DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM PACIENTES DE UMA
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL BRASILEIRO.
Maria Gabriela Tibúrcio Camargo (IC Júnior), Suellen Rosa dos Santos
Profa. Dra. Ester Massae Okamoto Dalla Costa (Orientadora),
e-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Londrina/Centro de Ciências da Saúde
Londrina – PR
Palavras-chave: Medicamentos, Indicadores, Interações Medicamentosas,
Monitoramento.
Resumo:
As Interações Medicamentosas configuram-se em um problema para a
terapêutica de pacientes em nível ambulatorial e hospitalar. Pacientes de
Unidades de Terapia Intensiva (UTI) estão mais propensos às interações
provenientes do uso concomitante de diferentes medicamentos, em virtude
de sua condição clínica. Isto torna necessário o desenvolvimento de
mecanismos de intervenção preventivos. Assim, este trabalho teve como
objetivo identificar as interações medicamentosas prevalentes em uma UTI
de um hospital brasileiro, e a utilização “Medicamentos Indicadores”, que
possam auxiliar na identificação e no monitoramento de possíveis interações
medicamentosas graves nos pacientes acompanhados.
Introdução
A variedade de fármacos que compõe o arsenal terapêutico atual é, sem
dúvida, responsável pelo sucesso no tratamento de inúmeras enfermidades
que acometem a população. Apesar dos benefícios alcançados, essa
variedade permitiu também a administração de medicamentos em regime de
polifarmácia – o que, quando feita de modo irracional, promove interações
medicamentosas (IM), e podem induzir a reações adversas em diferentes
níveis de gravidade (FUCHS, 2004).
Uma IM é um evento clínico em que os efeitos de um fármaco são
alterados pela presença de outro fármaco, de alimentos, de bebida, ou
algum agente químico ambiental.
De modo geral, as IM podem ser classificadas em: Interações
farmacocinéticas e Interações farmacodinâmicas (BRASIL, 2008).
As Interações farmacocinéticas são aquelas em que um fármaco
altera a velocidade ou extensão de absorção, distribuição, biotransformação
ou excreção de outro fármaco. Essas alterações podem ser mensuráveis por
mudanças em um ou mais parâmetros cinéticos, como: concentração sérica
máxima, área sobre a curva, concentração-tempo, meia-vida, quantidade
total do fármaco excretado na urina, entre outros (BRASIL, 2008).
Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009
Com relação às alterações na absorção, tem-se que fármacos que
inibem o esvaziamento gástrico – como a atropina ou drogas narcóticas,
podem diminuir a absorção gastrointestinal. Também pode haver
mecanismos de adsorção, quelação e complexação entre fármacos. (RANG,
et al. 2007).
Um fármaco pode alterar a distribuição de outro pela competição à
ligação às proteínas plasmáticas ou por hemodiluição, com diminuição das
proteínas plasmáticas. O deslocamento de um fármaco dos locais de ligação
no plasma ou nos tecidos aumenta por algum tempo a concentração do
fármaco livre, mas o aumento da eliminação estabelece um novo estado de
equilíbrio, no qual a concentração plasmática total do fármaco é reduzida,
mas a concentração da droga livre é similar àquela anterior à introdução do
segundo fármaco. Dentre as conseqüências de potencial importância clínica
tem-se a toxicidade por aumento temporário na concentração da droga livre
antes do novo estado de equilíbrio ser atingido ou ainda quando o fármaco
deslocador reduz a eliminação do primeiro, fazendo com que a concentração
livre seja aumentada, não somente de maneira aguda, mas também de
forma crônica ao novo estado de equilíbrio. (RANG, et al. 2007).
Relativamente às alterações na biotransformação, os fármacos
podem inibir ou induzir as enzimas que metabolizam as drogas. Mais de 200
substâncias causam a indução de enzimas, diminuindo a atividade
farmacológica de diversos outros fármacos. Já a inibição de enzimas,
principalmente as do sistema P450, diminui o metabolismo,
conseqüentemente aumentando a ação de outros fármacos metabolizados
pela enzima (RANG, et al. 2007).
E, como último parâmetro farmacocinético, tem-se a eliminação, onde
um fármaco pode afetar a eliminação de outro por: alteração da ligação com
a proteína e, em conseqüência, a filtração; inibição da secreção tubular;
alteração do fluxo da urina e/ou o pH urinário. (RANG, et al. 2007).
As interações farmacodinâmicas ocorrem nos sítios de ação dos
fármacos, alterando os mecanismos normais pelos quais eles agem. O efeito
é resultado da ação dos fármacos que ocupam o mesmo receptor ou
enzima. Um fármaco pode potencializar o efeito do agonista por estimular o
seu receptor ou inibir enzimas que o inativam no seu local de ação. A
redução do efeito pode ser decorrente da competição pelo mesmo receptor,
tendo o antagonista puro maior afinidade e nenhuma atividade intrínseca
(BRASIL, 2008).
Considerando que a avaliação das prescrições pode auxiliar na
prevenção da ocorrência de Interações Medicamentosas graves e suas
conseqüências, faz-se necessário o desenvolvimento de instrumentos que
possam tornar esta tarefa mais ágil, para que a intervenção possa ser
realizada com brevidade.
Desde modo, este trabalho tem como objetivo analisar a viabilidade
da utilização de “Medicamentos Indicadores” na identificação, no
monitoramento, no manejo e na prevenção de potenciais interações
medicamentosas graves em pacientes de UTI de um hospital brasileiro.
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Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo exploratório, com delineamento transversal,
retrospectivo, realizado no Hospital Evangélico de Londrina, um hospital
geral privado, de natureza beneficente e sem fins lucrativos. A pesquisa faz
parte de um projeto maior, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em
Farmacoepidemiologia da Universidade Estadual de Londrina.
Os “Medicamentos Indicadores” foram identificados em fase anterior
deste estudo por Santos & Cruciol-Souza (2007), sendo eles: Acetilcisteína,
Aminofilina, Amiodarona, Bromoprida, Fentanil, Midazolam e Nitroglicerina
Foram coletados dados sobre o paciente (idade, sexo), diagnóstico e
co-morbidades, medicamentos prescritos na internação (no período de 24
horas) e após 48 horas de internação, evolução clínica e exames
complementares realizados. Posteriormente estes dados foram digitados em
planilhas específicas no programa Microsoft Office Excel©.
A coleta de dados dos prontuários foi realizada em visitas semanais
realizadas por acadêmicos dos cursos de Medicina e Farmácia, de janeiro a
abril de 2007. Foram utilizados como critério de inclusão: pacientes maiores
de 18 anos com prescrição de dois ou mais medicamentos,
concomitantemente.
Os medicamentos prescritos foram listados de acordo com a
denominação registrada na prescrição e posteriormente transcritos para sua
denominação genérica, de acordo com o banco de dados da Anvisa
(www.anvisa.gov.br). A análise do potencial de interação medicamentosa foi
realizada com a utilização do Sistema Micromedex® Drug-Reax® (KLASKO,
2005).
Após homogeneização da nomenclatura dos fármacos, as interações
identificadas foram analisadas em relação à presença dos “Medicamentos
Indicadores”.
Por se tratar de pesquisa envolvendo seres humanos, o projeto de
pesquisa foi submetido à análise prévia e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa envolvendo seres humanos da Universidade Estadual de Londrina.
Resultados e Discussão
Foram analisadas as prescrições de 147 pacientes internados no período do
estudo, e identificadas 280 Interações Medicamentosa, das quais 119
(42,5%) eram de diferentes associações de medicamentos. Apenas 5 (4%)
das associações eram formadas por medicamentos indicadores.
Em relação ao total de pacientes, 94 (64%) apresentaram pelo menos
uma Interação Medicamentosa, sendo que 45 (48%) apresentaram pelo
menos uma IM formada por “Medicamentos Indicadores”.
Com esses resultados podemos verificar que, embora as IM formadas
por “Medicamentos Indicadores” correspondam a uma pequena parte do
total de interações medicamentosas encontradas (4%), é possível identificar
IM em um grande número de pacientes (48%).
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Dentre os pacientes que tiveram pelo menos uma IM que se manteve
48 horas após a internação – ou seja, 39 (27%) dos pacientes – 14 (36%)
tinham pelo menos uma interação formada por “Medicamentos Indicadores”.
Este resultado demonstra que, se a IM não for identificada na primeira
prescrição, a IM pode persistir nas prescrições subseqüentes, aumentando a
probabilidade de sua manifestação no paciente.
Conclusões
Apesar das limitações do estudo, os resultados demonstram que a
utilização de “Medicamentos Indicadores” na análise das prescrições pode
contribuir para a detecção precoce de parcela significativa de interações
medicamentosas, antes da utilização dos medicamentos, possibilitando a
proposição de manejo nos procedimentos terapêuticos e/ou outras
intervenções preventivas. Vale salientar ainda que os dados foram coletados
de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva, normalmente
pacientes mais graves, e que requerem maior agilidade no processo de
tomada de decisão.
Referências
1. Fuchs, FD. et al. Farmacologia Clínica: Fundamentos da terapêutica
racional; Editora Guanabara Koogan ; Rio de Janeiro, RJ; 2004.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Formulário Terapêutico Nacional 2008:
Rename 2006. Brasília, DF, 2008. Disponível em: http://www.crfpr.org.br/imgs/Formulario_Terapeutico_Nacional_2008.pdf . Acesso em
12 de maio de 2009.
3. Rang, HP. et al. Farmacologia, 6. ed., Editora Elsevier, 2007.
4. Santos, SR.; Cruciol-Souza, JM. Desenvolvimento de um método de
triagem de prescrições hospitalares para prevenção de interações
medicamentosas graves. In: Anais do XVI EAIC, Maringá, 26 a 29 de
setembro de 2007.
5.
Klasco,
RK
(editor):
DRUG-REAX®
System.
Thomson
MICROMEDEX, Greenwood Village, Colorado (Edition expires [2005]).
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