O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB – AP)

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Agosto de 2004
DIÁRIO DO SENADO FEDERAL
O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB – AP)
– O requerimento será votado oportunamente.
Sobre a mesa, requerimento que será lido pelo Sr.
1º Secretário em exercício, Senador Maguito Vilela.
É lido o seguinte:
REQUERIMENTO Nº 1.157, DE 2004
Requeiro, nos termos do caput do art. 222 do
Regimento Interno do Senado Federal, voto de louvor
aos atletas brasileiros, em especial aos 19 catarinenses, por estarem representando o Brasil nos Jogos
Olímpicos de Atenas.
A 28ª Olimpíada de Atenas marcada para começar, oficialmente, na próxima 6ª feira, dia 13 de agosto,
traz consigo o espírito unificador dos Jogos Olímpicos
e lições de vida para os atletas que tentam ultrapassar
seus limites e representar da melhor maneira possível
os seus países. Nossos atletas catarinenses, José Alessandro Baggio, Sérgio Galdino, Alessandra Picagevicz,
Márcia Narloch, Murilo Fischer, Márcio May, Andréia
dos Santos, Jaqson Luiz Kojoroski, Ivan Mazieiro, Chana Masson, Ana Carolina Amorim, Fabiana Kuestner,
Fabiano Zambonetti, Gustavo Kuerten (Guga), André
Fonseca, Anderson Nocetti, Fabiana Beltrame, Fernando Scherer (Xuxa) e Eduardo Fischer, como todos os
demais, são brasileiros vitoriosos.
Sala das Sessões, 12 de agosto de 2004. – Senador Ideli Salvatti, PT/SC, Líder do Bloco de Apoio
ao Governo.
O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB – AP)
– A Presidência encaminhará o voto de louvor solicitado.
Sobre a mesa, requerimento que será lido pelo Sr.
1º Secretário em exercício, Senador Maguito Vilela.
É lido o seguinte:
REQUERIMENTO Nº 1.158, DE 2004
Requeiro, nos termos dos art. 222 do Regimento
Interno, a inserção em ata de voto de aplauso à Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos Políticos pela decisão de considerar a morte do Frei Tito
de Alencar Lima de responsabilidade do Estado e pela
indenização paga a seus familiares.
Justificação
Houve um tempo no Brasil em que era preciso
lutar para ser bom. Nesse tempo, ser generoso, querer
a promoção e dignidade do ser humano – qualquer ser
humano – era um verdadeiro crime. Esse foi o “crime”
de Frei Tito de Alencar Lima.
Por conta de sua alma que abrigava o mesmo
amor de Cristo pelos homens, Frei Tito foi um dos mi-
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lhares de presos políticos brasileiros no regime militar
que se instalou após o golpe de 1964. Sua via crucis foi das câmaras de tortura em São Paulo ao banimento e exílio, acabando com sua morte na França,
levado ao suicídio por não poder conviver com a dor
que carregava dentro de si, com a sensação de tortura continuada ao longo da vida, mesmo já fora do
alcance dos seus algozes. Essa é a desgraça dos que
foram torturados.
“Marca de tortura não sai, não passa”.
Essa era a frase preferida dos torturadores da
Operação Bandeirantes e do Dops. A única em
que tiveram razão. A ciência hoje prova, através
dos estudos sobre a Síndrome Pós-Traumática
da Tortura, que a marca da tortura persegue o
torturado até o fim dos seus dias. Frei Tito não
conseguiu livrar-se desse trauma.
Sua vida foi uma soma de resistências
em nome do amor à humanidade. Décimoquinto filho de uma família tradicional do Ceará, aprendeu em casa que tudo deveria ser
dividido entre todos. Foi da Juventude Estudantil Católica – a JEC –antes de escolher o
sacerdócio na Ordem dos Dominicanos. Em
nome dessa paixão pelo divino que há no homem, Frei Tito apoiou todas as formas de luta
de libertação, como representante da geração
católica saída do Concílio Vaticano II, quando
a Igreja definitivamente se abriu para os excluidos. Citando Dom Tomás Balduíno, “Tito
está nessa corrente, nesse fluxo extraordinário de iluminação, de vida nova que envolveu
a Igreja e o mundo”.
Preso em novembro de 1969 pelo Esquadrão da
Morte, Frei Tito passou pelas mais bárbaras formas
de tortura. Foi processado, juntamente com dezenas
de pessoas e companheiros da Ordem Dominicana,
incluindo ai o nosso querido companheiro Frei Betto,
hoje assessor especial da Presidência da República.
E resistiu. Pouco mais de um ano depois foi trocado
pelo embaixador suíço no Brasil, Giovanni Enrico Bucher, junto com outros 70 presos. Foi banido, perdeu
a cidadania brasileira. E resistiu. Viveu no Chile e na
França. E resistia. Até que o pânico da tortura e perseguição continuada se instalou em sua mente. Ai não
mais conseguiu resistir. O testemunho pessoal de Frei
Betto também foi muito importante para resgatar o que
se passou com Frei Tito.
No dia 10 de agosto de 2004, ante-ontem, trigésimo aniversário de sua morte, a família de Frei Tito
pode ver reconhecido o direito de atribuí-la às torturas
da ditadura, por ele já não saber o que era vida ou mor-
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