A “Religião” de Frei Betto Na página 38 do jornal O Globo de 14 de agosto de 2014, Frei Betto notabiliza-se com 17 estrofes de meias-verdades. Cito três exemplos de menor insolência: “E se em vez de cruz eu disser pus, aqui está Deus? E... em vez de consagrar,... lupanar (prostíbulo)...; e em vez de teodiceia,... diarréia, aqui está Deus?” Na 18ª estrofe, o autor enfatiza: “Está! Deus só nega o desamor, jamais o que criou”. Que insânia: Deus seria o criador do lupanar? Se Deus tudo criou por sua palavra, então tudo só se realiza plenamente pela palavra-resposta. Mas é somente sob o olhar encantado de um coração puro que pode tudo (fora o “desamor”) fazer parte da grande louvação que o homem oferece a Deus. Mas, igualmente, tudo, em lugar do louvor a Deus e do serviço sacrifical ao próximo, pode tornar-se infame expressão do coração corrompido. No leitor de mencionado artigo surge imperiosa a lembrança da Bíblia: “O Senhor não deixará impune aquele que pronunciar em vão o seu nome” (Ex 20,7; Dt 5,11). – Além do mais, Deus não “nega” o que Ele criou, mas maldiz o falso uso pelo qual o homem se auto-degrada e degrada o próximo e o mundo. O autor, sem dúvida, conhece, mas silencia a palavra de São Paulo: “Receio que... eu tenha de chorar por muitos daqueles que pecaram e não fizeram penitência da impureza, fornicação e dissolução que cometeram” (2Cor 12,21). Não no uso das coisas se encontra Deus, mas no coração que deseja a luz e “se reveste do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,13-14). Será que o autor, um Religioso, esqueceu – intencionalmente? – que a real bondade das criaturas que Deus nos oferece, só no uso correto é conservada e plenificada? E mais, infinitamente mais: sacramentos, adoração, vésperas litúrgicas etc. celebram não só o dom da natureza, mas manifestam e exaltam a gratuita intervenção do Deus Redentor. Graças a esta inefável misericórdia, tudo, tudo! – fora o pecaminoso desamor – pode adquirir santidade. Quem não seria grato ao autor por uma palavra menos atrofiada! Rio, 15 08 2014. + Karl Josef Romer