Diotto Biologia VERMINOSES – HELMINTÍASES (causadas por Asquelmintes ou Nematelmintes ) Eu ouço, e esqueço Eu vejo, e eu lembro Eu faço, e eu entendo. 1. Ascaris lumbricoides (Ascaridíase, Lombriga, ou Bicha) Ciclo de A. lumbricoides – 1. Ovo não embrionado no exterior; 2. Ovo torna-se embrionado (L1 rabditóide); 3. embrião passa para L2 rabditóide infectante (dentro do ovo); 4. contaminação do alimento ou mãos, veiculando ovos até a boca. Daí, chegam ao intestino delgado, eclodem, larvas vão ao ceco, chegam ao sistema porta e depois ao fígado; ganham veia cava, vão ao coração, pulmões e faringe; larvas são então deglutidas e chegam ao intestino delgado, tranformando-se em vermes adultos 2 a 3 meses após a infecção. a) Agente Casuador: Ascaris lumbricoides; Ascaris suum; Hábitat: intestino delgado. b) Transmissão: fecal-oral; água e alimentos contaminados com ovos embrionados; poeira. c) Profilaxia: Tratamento dos doentes; Saneamento básico; Higiene pessoal; Desinfecção de verduras com hipoclorito de sódio. d) Sintomas: Cólicas abdominais; Vômitos (biliosos e feculosos); Anemia; Perda de peso; Apendicite aguda; Vermes expelidos pela boca e ânus. 1 2. Tricocefalose (Trichuris trichiura) É um nematódeo geralmente associado a infecções pelo Ascaris lumbricoides. O verme adulto é facilmente identificado pela extremidade anterior afilada. Seu tamanho varia de três a cinco centímetros. Ocorre ingestão dos ovos infectantes, que são larvados. Eclodem no intestino e as larvas se desenvolvem nas criptas cecais. Há acasalamento e liberação dos ovos (operculados). Eles ficam mergulhados na mucosa e podem causar reação inflamatória. O período pré-patente é de cinco a sete semanas. Há ação tóxica/irritativa dos tecidos, podendo levar a necroses focais. Em geral a infecção é assintomática, mas pode haver febre, náuseas, dor abdominal e prolapso retal (grave em crianças com grande número de parasitos). Alta prevalência em locais quentes e peridomícilio. A prevenção é feita através de cuidados na preparação de alimentos, higiene corporal e tratamento dos doentes. a) Agente Casuador: Trichocephalus trichiuris; Hábitat: intestino grosso. b) Transmissão: fecal-oral; água e alimentos (verduras cruas) contaminados por ovos embrionados. c) Profilaxia: Tratamento dos doentes; Saneamento básico; Higiene pessoal; Desinfestação de verduras com hipoclorito de sódio; Fervura e filtração da água. d) Sintomas: Anemia; Prolapso retal; Apendicite 3. Triquinelose a) Agente Casuador: Trichinella spiralis. b) Transmissão: Nemátodeo agente da Triquinose. Os vermes adultos são muito pequenos (fêmea com 3 a 4 mm e o macho com 2mm de comprimento) e finos. Vivem presos ou mergulhados na mucosa intestinal do homem ou de outros animais como cão, gato, rato, e porco. Após a cópula, o macho é eliminado e, cerca de 15 dias depois, a fêmea vivípara inicia a eliminação de larvas. Essas, penetram a mucosa intestinal e caem na circulação sistêmica. Somente as que chegarem ao tecido muscular esquelético têm chance de evoluir. No interior das fibras musculares, iniciam seu crescimento, chegando a medir 1mm. Enrolam-se em espiral. O organismo do hospedeiro reage formando um cisto fibroso que envolve a larva. Nessas condições, permanecem vivas por meses ou anos sem apresentar evolução. Os animais infectam-se ao ingerir carne triquinada (contendo cistos). As larvas são liberadas pelo processo digestivo no estômago, passam para o duodeno e, após completarem sua diferenciação, dão origem a machos e fêmeas que reiniciam o ciclo. A Triquinose é uma doeça cosmopolita, sendo mais freqüente em países da Ásia, África e América Latina. O diagnóstico é feito pela biópsia de músculos ou reação intradérmica (não especícica, pois serve para Trichuris trichiura também). Para prevenção, recomenda-se cozinhar bem carne de porco e derivados; dar destino adequado ao lixo, para que ratos e porcos não tenham acesso a ele, e controle de roedores. c) Profilaxia: Inspeção sanitária adequada da carne; Evitar ingestão de carne de porco e derivados mal cozidos ou crus. d) Sintomas: Irritabilidade; Insônia; Dores abdominais. 2 4. Dermatose serpiginosa (larva migrans, bicho geográfico) a) Agente Casuador: Ancylostoma brasiliensis. b) Transmissão: Helminto nematódeo causador de ancilostomose animal e inflamação cutânea no homem (larva migrans); é próprio de felídeos e canídeos domésticos ou silvestres. Apresenta cápsula bucal que se caracteriza por apresentar um par de dentes bem desenvolvidos. Os machos apresentam bolsa copuladora. O adulto mede de 5 a 10 milímetros de comprimento. Ao chegarem no ambiente através das fezes, os ovos tornam-se larvados e, após, liberam as larvas rabditóides. Uma vez no solo, a larva rabditóide leva por volta de uma semana para tornar-se filarióide ou infectante. Essa penetra a pele dos animais e, acidentalmente a pele do homem. Nos animais, a infecção ocorre preferencialmente em locais baixos, alagáveis e férteis. Após penetrar a pele dos animais, a larva atinge a circulação linfática ou vasos sangüíneos, passando pelos pulmões e retornando até a faringe para a deglutição (Ciclo de Looss). O local preferencial de instalação no intestino é no final do duodeno, mas ocasionalmente pode atingir o íleo ou ceco (em infecções maciças), onde se torna o verme adulto. O período pré-patente varia de cinco a sete semanas. Nos animais podem provocar bronquite/alveolite, nos pulmões; no intestino a hisitiofagia e hematofagia provocam erosão da mucosa, levando a formação de úlceras intestinais, seguindo-se anemia microcítica hipocrômica e também hipoproteinemia. No homem, entretanto, a infecção fica limitada na maioria dos casos à inflamação da pele, chamada de "bicho-geográfico". Raramente ocorre alguma migração tecidual, não causando doença intestinal. O uso de calçados nos locais infestados, assim como o tratamento dos animais parasitados ou a proibição de sua circulação em locais públicos, como praças e praias, reduzem as chances de infecção do homem. c) Profilaxia: Tratamento de cães e gatos; Cobrir tanques de areia das crianças ao final do dia; Utilização de esteira para isolar o corpo da areia e terra úmida; Uso de calçados; Proibição de animais domésticos na praia. d) Sintomas: Pruridos intensos; Crises alérgicas. 3 5. Elefantíase (filariose, bancroftose) Ciclo Biológico – 1) homem parasitado; 2) microfilaria no sangue periférico (entre 23h e 1h da madrugada); 3) Culex quinquefasciatus ingerindo mircofilária; 4) microfilária sem bainha no estômago e hemilinfa no inseto vetor; 5 e 6) larvas salsichóides nos músculos torácicos do mosquito vetor; 7) larva de segundo estágio; 8) larva de terceiro estágio ou larva infectante; 9) larva infectante na probóscida do inseto vetor, que irá penetrar na pele lesada do hospedeiro. Essas larvas atingem a circulação linfática, transformando-se em vermes adultos, e sete a oito meses depois iniciam a eliminação de microfilárias. a) Agente Causador: Wuchereria bancrofti. Hábitat das formas adultas: sistema linfático. b) Transmissão: É um nematódeo causador da filariose linfática. O parasito adulto tem de dois a seis centímetros, enquanto as microfilárias possuem de 0,2 a 0,3 mm. As microfilárias, na cavidade geral do mosquito (sofrem mudas até larvas infectantes), dirigem-se para a probóscide, rasgando-a e penetrando a pele do hospedeiro por alguma abrasão. Atingem a circulação, permanecendo aí até a fase de L5, quando se dirigem para os linfáticos e começa a liberação de microfilárias, se houver acasalamento. Se não, a forma adulta provoca obstrução linfática. O período pré-patente é de um ano. Pode haver inflamação (linfangites e adenites), derramamento de linfa e hipersensibilidade. Há febre ao entardecer, com pico no início da madrugada. Edema de membros, com ou sem espessamento pronunciado da pele. A elefantíase consiste na obstrução linfática pela presença dos vermes adultos (irreversível) após 10-15 anos de infecção. Medidas de prevenção c) Profilaxia: Tratamento dos doentes; Extermínio dos vetores. d) Sintomas: Linforragia; Edema linfático; Esclerose da derme; Aumento do volume do órgão (pernas, braços, escroto, vulva, mama). 6. Ancilostomose (necatoriose, uncinariose, amarelão, opilação) 4 Ciclo biológico: a) ovo recém eliminado com as fezes; b) ovo com larva de primeiro estádio; c) eclosão de larva de primeiro estádio; d) larva de primeiro estágio, com tamanho original de 300 µm; e) formação da larva de segundo estágio, com tamanho original de 400 µm; f) larva de terceiro estágio ou infectante, com tamanho original de 600 µm. As linhas tracejadas e setas indicam as vias de penetração da larva infectante: 1) transcutâne: circulação cava, coração, pulmão, traquéia, faringe, laringe (ingestão), esôfago, estomago e intestino delgado; 2) oral: ingestão, esôfago, estômago e intestino delgado. a) Agente Causador: Ancylostoma duodenale;Necator americanus. Hábitat: intestino delgado. b) Transmissão: Penetração ativa de “larvas infestantes” (fases juvenis) filarióides pela pele;Ingestão de água e alimentos contaminados pelas “larvas infestantes”. c) Profilaxia: Tratamento dos doentes; Saneamento básico; Higiene pessoal;Uso de calçados. d) Sintomas: Anemia. 7. Oxiuríase (enterobiose) 5 Ciclo Biológico: a) Machos e fêmeas no ceco. 1) Ovos depositados na região perianal; 2) ovos no meio exterior, contaminando alimentos; 3) ovos na região perianal levados à boca pelas mãos; 4) ingestão de ovos embrionados; eclosão de larvas no intestino delgado; migração de larvas até o ceco; vermes adultos. Cerca de 30 a 40 dias após a infecção, as fêmeas já estão repletas de ovos. a) Agente Causador: Enterobius vermicularis (Oxyurus vermicularis). ábitat das formas adultas: intestino grosso. b) Transmissão: Fecal-oral; Indireta: alimentos, água e poeira contaminados com ovos (por moscas e baratas). c)Profilaxia: Tratamento dos doentes; Higiene pessoal;Saneamento básico;Desinfecção de verduras com hipoclorito de sódio. d) Sintomas: Prurido anal;Enterite catarral. 6 8. Estrongiloidíase (anguilose) Ciclo biológico: Homem elimina larvas rabditóides nas fezes; sendo que: 3n evoluirá para larva filanóide infectante no ciclo direto; 2n evoluirá para fêmea de vida livre e 1n para macho de vida livre, que após a copula originarão ovos, larvas rabditóides e filarióides infectantes através do ciclo indireto no solo. Larvas infectantes (L3) penetram ativamente pela pele ou mucosa – circulação – pulmões – faringe – intestino – fêmea partenogenética – ovoposição; fp – fêmea partenogenética; fvl – fêmea de vida livre; lf – larva filarióide; lr – larva rabditóide; mvl – macho de vida livre; o - ovo a) Agente Causador: Strongyloides stercoralis. b) Transmissão: Penetração ativa de fases juvenis infestantes pela pele;Ingestão de água e alimento contaminados com formas infestantes. c) Profilaxia: Tratamento dos doentes;Saneamento básico;Higiene pessoal;Uso de calçados. d) Sintomas: Edema cutâneo;Prurido;Pneumonias (perfuram alvéolos);Enterite;Anemia; Desidratação. Diarréia; Emagrecimento; MEDICAMENTOS INDICADOS NA TERAPÊUTICA DAS HELMINTÍASES INTESTINAIS 7