Metazoários inferiores Os metazoários são compostos de numerosas células diferenciadas em muitos tipos, os quais desempenham diferentes funções (divisão de trabalho). Ao menos parte dessas células são dispostas em camadas. Com exceção das esponjas, existe sistema nervoso, centralizado na parte anterior do corpo da grande maioria dos animais bilaterais. Em geral os gametas, que constituem a linhagem germinativa, são produzidos em órgãos, assegurando a continuidade da vida de um soma, cujas células, à exceção das esponjas, não participam da reprodução. Apesar desta diversidade remarcável, os metazoários apresentam características comuns, tanto em estruturas como em mecanismos essenciais. Deste modo, uma compreensão inicial globalizada dos caracteres unificadores e de padrões de organização, tornará o estudante da Zoologia mais apto ao estudo analítico dos diferentes grupos ou táxons. Considerando por exemplo, os níveis da organização animal podem detectar uma complexidade crescente dentro de um reduzido número de padrões: celular, célula-tecido, tecido-órgão e órgão-sistema. Há outra maneira de classificar os animais com base na embriologia, como veremos mais adiante. Embora os metazoários tenham que suprir as mesmas necessidades básicas - obtenção do alimento e oxigênio, conservação do equilíbrio hídrico e salino, eliminação de resíduos metabólicos e continuidade da espécie existem adaptações de acordo com o ambiente em que vivem, seja límnico, marinho, terrestre ou biótico. O mar, por exemplo, é um ambiente mais estável que rios e lagos e estes mais estáveis que o ambiente terrestre. Por conseqüência o esqueleto é muito mais importante para as formas terrestres, cuja flutuabilidade é inexistente, assim como o tegumento e a interiorização das superfícies respiratórias são essenciais para evitar a dessecação. VERMINOSES ASCARIDÍASE A ascaridíase é causada pelo Ascaris lombricóides, verme nematelminto (asquelminte), vulgarmente denominado lombriga, cujo corpo é alongado e cilíndrico, com as extremidades afiladas. O comprimento varia entre 15 e 35 centímetros. Os machos apresentam a cauda enrolada e são menores que as fêmeas. A dimensão do corpo destes vermes varia de acordo com o seu número e intensidade do parasitismo. Sua cutícula é lisa, brilhante, de coloração branco-amarela. Na porção anterior, fica a boca ladeada por três grandes lábios. A transmissão desta verminose dá-se por ingestão de ovos embrionados, através de mãos sujas de terra, por alimentos ou água contaminados. Ciclo evolutivo: Os ovos ingeridos liberam larvas que rompem a parede intestinal, caindo na circulação, iniciando um percurso pelo fígado, coração e pulmões. Dos pulmões, as larvas passam para as vias respiratórias (brônquios, traquéias, laringe) e depois para o tubo digestivo. No tubo digestivo, evoluem para as formas adultas que ser reproduzem, reiniciando o ciclo. O único hospedeiro é o homem. Profilaxia: As principais medidas profiláticas estão relacionadas à higiene, tanto pessoal quanto dos alimentos e da água. No tratamento, o pamoato de pirantel e mebendazol são muito eficazes e possuem os menores efeitos secundários. Como atuam apenas na luz intestinal, não possuem efeitos sobre as larvas, podendo ser necessária à administração de corticosteróide. TENÍASE A teníase é uma doença causada pela forma adulta das tênias (Tênia solium e Tênia saginata, principalmente), com sintomatologia mais simples. Muitas vezes, o paciente nem sabe que convive com o parasita em seu intestino delgado. São duas fases distintas de um mesmo verme, causando, portanto, duas parasitoses no homem, o que não significa que uma mesma pessoa tenha que ter as duas formas ao mesmo tempo. As tênias também são chamadas de "solitárias", porque, na maioria dos casos, o portador traz apenas um verme adulto. São altamente competitivas pelo habitat e, sendo hermafroditas com estruturas fisiológicas para autofecundação, não necessitam de parceiros para a cópula e postura de ovos Ciclo Evolutivo: O homem portador da verminose apresenta a tênia no estado adulto de seu intestino, sendo, portanto, o hospedeiro definitivo. Os últimos anéis ou proglótides é hermafrodita e apto à fecundação. Geralmente, os espermatozóides de um anel fecundam os óvulos de outro segmento, no mesmo animal. A quantidade de ovos produzidos é muito grande (30 a 80 mil em cada proglote), sendo uma garantia para a perpetuação e propagação da espécie. Os anéis grávidos se desprendem periodicamente e caem com as fezes. O hospedeiro intermediário é o porco, animal que, por ser coprófago, ingere os proglótides grávidos ou os ovos que foram liberados no meio. Dentro do intestino do animal, os embriões deixam a proteção dos ovos e, por meio de seis ganchos, perfuram a mucosa intestinal. Pela circulação sangüínea, alcançam os músculos e o fígado do porco, transformando-se em larvas denominadas cisticercos, que apresentam o escólex invaginado numa vesícula. Quando o homem se alimenta de carne suína crua ou malcozida contendo estes cisticercos, as vesículas são digeridas, liberando o escólex que se everte e fixa-se nas paredes intestinais através dos ganchos e ventosas. Sintomatologia: Muitas vezes a teníase é assintomática. Porém, podem surgir transtornos dispépticos, tais como: alterações do apetite (fome intensa ou perda do apetite), enjôos, diarréias freqüentes, perturbações nervosas, irritação, fadiga e insônia. Profilaxia e Tratamento: A profilaxia consiste na educação sanitária, em cozinha bem as carnes e na fiscalização da carne e seus derivados (lingüiça, salame, chouriço, etc.) Em relação ao tratamento, este consiste na aplicação de dose única (2g) de niclosamida. Podem ser usadas outras drogas alternativas, como diclorofeno, mebendazol, etc. O chá de sementes de abóbora é muito usado e indicado até hoje por muitos médicos, especialmente para crianças e gestantes. ANCILOSTOMOSE A ancilostomose é uma helmintíase que pode ser causada tanto pelo Ancylostoma duodenale como pelo Necatur americanus. Ambos são vermes nematelmintos (asquelmintes), de pequenas dimensões, medindo entre 1 e 1,5 cm. A doença pode também sr conhecida popularmente como "amarelão", "doença do jeca-tatu", "mal-da-terra", "anemia-dos-mineiros”, opilação “, etc”. As pessoas portadoras desta verminose são pálidas, com a pele amarelada, pois os vermes vivem no intestino delgado e, com suas placas cortantes ou dentes, rasgam as paredes intestinais, sugam o sangue e provocam hemorragias e anemia. A pessoa se contagia ao manter contato com o solo contaminado por dejetos. As larvas filarióides penetram ativamente através da pele (quando ingeridas, podem penetrar através da mucosa). As larvas têm origem nos ovos eliminados pelo homem. Ciclo Evolutivo: Os vermes adultos vivem no intestino delgado do homem. Depois do acasalamento, os ovos são expulsos com as fezes (a fêmea do Ancylostoma duodenale põe até 30 mil ovos por dia, enquanto que a do Necator americanus põe nove mil). Encontrando condições favoráveis no calor (calor e umidade), tornam-se embrionados 24 horas depois da expulsão. A larva assim originada denomina-se rabditóide. Abandona a casca do ovo, passando a ter vida livre no solo. Depois de uma semana, em média, transforma-se numa larva que pode penetrar através da pele do homem, denominada larva filarióide infestante. Quando os indivíduos andam descalços nestas áreas, as larvas filarióides penetram na pele, migram para os capilares linfáticos da derme e, em seguida, passam para os capilares sangüíneos, sendo levadas pela circulação até o coração e, finalmente, aos pulmões. Depois, perfuram os capilares pulmonares e a parede dos alvéolos, migram pelos bronquíolos e chegam à faringe. Em seguida, descem pelo esôfago e alcançam o intestino delgado, onde se tornam adultas. Sintomas: No local da penetração das larvas filarióides ocorre uma reação inflamatória (pruriginosa). No decurso, pode ser observada tosse ou até pneumonia (passagem das larvas pelos pulmões). Em seguida, surgem perturbações intestinais que se manifestam por cólicas, náuseas e hemorragias decorrentes da ação expoliadora dos dentes ou placas cortantes existentes na boca destes vermes. Estas hemorragias podem durar muito tempo, levando o indivíduo a uma anemia intensa, o que agrava mais o quadro. Poderão ocorrer algumas complicações, tais como: caquexia (desnutrição profunda), amenorréia (ausência de menstruação), partos com feto morto e, em crianças, transtornos no crescimento. Prevenção e Tratamento: As principais medidas de prevenção consistem na construção de instalações sanitárias adequadas, evitando assim que os ovos dos vermes contaminem o solo; uso de calçados, impedindo a penetração das larvas pelos pés. Além do tratamento dos portadores, é necessária uma ampla campanha de educação sanitária. Caso contrário, o homem correrá sempre o risco de adquirir novamente a verminose.