fundação universidade federal do tocantins campus

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI
MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL
ANALU GUARNIERI
SUBSTITUIÇÃO DE POTÁSSIO POR SÓDIO E AVALIAÇÕES DE FONTES
DE FOSFATO EM CAPIM MOMBAÇA NO CERRADO TOCANTINENSE
GURUPI
TOCANTINS - BRASIL
2014
ANALU GUARNIERI
SUBSTITUIÇÃO DE POTÁSSIO POR SÓDIO E AVALIAÇÕES DE FONTES
DE FOSFATO EM CAPIM MOMBAÇA NO CERRADO TOCANTINENSE
Dissertação apresentada ao
Programa de Mestrado em
Produção
Vegetal
da
Fundação
Universidade
Federal do Tocantins em 17
de Janeiro de 2014, como
parte das exigências para a
obtenção do título de Mestre
em Produção Vegetal - Área
de Concentração Manejo do
Solo e da Água.
GURUPI
TOCANTINS - BRASIL
2014
ii
Trabalho realizado junto ao Programa de Mestrado em Produção Vegetal da Fundação
Universidade Federal do Tocantins, sob a orientação do Prof° Dsc Antônio Clementino
dos Santos e co-orientação do Prof° Dsc Rubens Ribeiro da Silva , com o apoio
financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Banca examinadora:
Prof° DSc Antônio Clementino dos Santos
Professor da Universidade Federal do Tocantins (Orientador)
Prof° DSc Rubens Ribeiro da Silva
Professor da Universidade Federal do Tocantins (Co-Orientador)
Prof° DSc Juliana Barilli
Professor da Universidade Federal do Tocantins (Avaliador)
iii
Deus por ter me dado a vida
e por guiar os meus passos.
A minha por todo amor,
incentivo, apoio, compreensão e paciência.
Sem o apoio de vocês, nada seria possível.
Em especial a minha mãe Ana Cristina,
minha maior inspiração e meu melhor exemplo,
a quem dedico e agradeço tudo que tenho e conquisto.
DEDICO!
iv
AGRADECIMENTOS
Deus por me guiar e me proteger. E por tudo que tem feito em minha vida.
Aos meus pais, pela minha existência, pela minha formação, pelos os incentivos
e ensinamentos e apoio em todos os momentos desta e de outras caminhadas.
Agradeço, sobretudo a minha mãe que com muito amor se empenhou para que
eu alcançasse meus objetivos e que me apoia e me aconselha em todas minhas decisões.
Meu porto seguro, minha melhor amiga.
Aos meus irmãos, meus dois tesouros, pelo companheirismo e amizade ao longo
de toda a minha vida muito mais que irmãos, grandes companheiros, que eu tanto amo e
morro de ciúmes.
A toda minha família, em especial meus padrinhos que estão sempre ao meu
lado aqui em Gurupi me ajudando e apoiando sempre em minhas decisões, além de
momentos agradáveis de descontração nos sagrados almoços de domingo.
A Universidade Federal do Tocantins, pela oportunidade concedida.
Ao Prof. Dr. Rubens Ribeiro da Silva, pela orientação, apoio, paciência e por
todos os ensinamentos passados.
Ao professor Clementino e todos os outros professores pelos ensinamentos
repassados.
Aos meus companheiros do grupo de pesquisa GPRAD (grupo de pesquisa em
recuperação de áreas degradadas), Gilson Araújo, Antônio Carlos, Carlos Augusto,
Gerceu (Xuxu), Robson, Álvaro, Karoline, Luiz, Jefferson (Neguim), Paulo Sergio
(Bebe), Guilherme (Príncipe), Ângela (Tica), e principalmente ao João Vidal obrigado
pelo apoio e paciência!
Aos meus companheiros do mestrado Marília, Higor, Djalma, Greice,
Marciane, Colombo pela companhia nas madrugadas de “estudo” e amizade de
sempre.
Aos amigos que fiz em Gurupi e na Universidade.
Aos técnicos do laboratório de solos (LABSOLO) pelo apoio e incentivo.
Aos professores da banca examinadora pela participação
e sugestões.
v
A todas as pessoas que me incentivaram e auxiliaram para a realização deste
trabalho, principalmente a Deus que me deu força para não desistir.
A Fundação Universidade Federal do Tocantins, em especial ao Campus
Universitário de Gurupi, pela oportunidade de realização deste Curso.
A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo
apoio financeiro.
.
OBRIGADA A TODOS!
vi
SUMÁRIO
RESUMO .......................................................................................................... 1
INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................. 3
CAPÍTULO 1: SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DE POTÁSSIO POR SÓDIO E
FONTES DE FOSFATO NA CARACTERISTICA DA PLANTA, TEOR DE
NUTRIENTES E PROLINA EM CAPIM MOMBAÇA NO CERRADO
TOCANTINENSE
Resumo ..................................................................................................................... 9
Abstract ..................................................................................................................... 9
Introdução ......................................................................................................... 11
Material e Métodos ................................................................................................. 14
Resultados e Discussão ..................................................................................... 17
Conclusão .......................................................................................................... 26
CAPÍTULO 2: SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DE POTASSIO POR SODIO E
FONTES DE FOSFATO NA FERTILIDADE DO SOLO CULTIVADO COM
CAPIM MOMBAÇA
Resumo ................................................................................................................... 32
Abstract ................................................................................................................... 32
Introdução ......................................................................................................... 34
Material e Métodos ................................................................................................. 36
Resultados e Discussão ..................................................................................... 36
Conclusões ........................................................................................................ 46
SUBSTITUIÇÃO DE POTÁSSIO POR SÓDIO E AVALIAÇÕES DE FONTES DE
FOSFATO EM CAPIM MOMBAÇA NO CERRADO TOCANTINENSE
RESUMO
A busca por pesquisas que evidenciam a influência dos nutrientes K+ e Na+ no
desenvolvimento de forrageiras estão cada vez crescentes, considerando que a fertilização
com K+ é prática obrigatória no cultivo de plantas e que a resposta ao Na+ tem sido
observadas em ambientes pobres em K+, tais pesquisas pode viabilizar a obtenção de fontes de
nutrientes mais econômicas. Objetivou-se avaliar o efeito da substituição parcial do K+ por
Na+ na produção, no teor de prolina, composição nutricional do capim e na fertilidade de um
Latossolo Vermelho Amarelo cultivado com capim Panicum maximum cv. Mombaça sobre
fontes fosfatadas. Trabalho realizado em casa de vegetação, com Delineamento Inteiramente
Casualizado (DIC), no esquema fatorial 3x4 (três fontes de fósforo: SS, FN e UFT Fértil1 e
quatro doses de Na+ em substituição ao K+: 0+80, 20+60, 40+40 e 60+20 mg dm-3 de Na+ +
K+, respectivamente), com três repetições. . A fonte fosfatada SS favorece menores acúmulos
de Na+, K+, prolina e maior e produtividade de forragem do capim Mombaça. O aumento na
substituição de K+ por Na+ provoca aumento nos teores foliares de Na+ do capim Mombaça,
sendo a fonte de adubação fosfatada FN a que apresenta os maiores teores deste íon. Assim
como a fonte fosfatada UFT Fértil 1 favorece maior acumulo de K+ e os maiores valores na
relação K+/Na+ a partir da dose de 20 mg dm-3, reduzindo assim os efeitos tóxicos causados
pela salinidade. Substituição do K+ por Na+ em doses superiores a 8,55 mg dm-³ influencia
negativamente a produtividade do capim Mombaça. Há um acumulo de prolina nas plantas do
capim Mombaça com o incremento de Na+ em substituição ao K+, sendo a UFT Fértil 1 dentre
as fontes fosfatadas a que favorece maior acumulo. As fontes fosfatadas com teores
endógenos de Ca2+ mais elevados em sua composição implicaram em maiores teores no solo.
A substituição parcial não foi eficiente em suprir a demanda de K+ do solo estudado. A maior
solubilidade do P nas fontes fosfatadas atenuam os efeitos negativos da salinidade do solo
Latossolo. Aumento nas variáveis RAS e PST causaram perda de produtividade no capim
Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça. As fontes fosfatadas FN e UFT Fértil 1 nas doses de
40 e 60 mg dm-³ de Na obtiveram valores de ocupação na PST superiores ao limite de 15%, e
assim o solo passou a ser classificado como salino-sódico.
Palavras-chave: Latossolo; Panicum maximum; composição nutricional, prolina, Sodicidade.
1
REPLACEMENT OF SODIUM AND POTASSIUM IN REVIEWS OF SOURCES OF
PHOSPHATE IN GRASS IN MOMBASA TOCANTINENSE SAVANNA
ABSTRACT
The search for studies that demonstrate the influence of nutrient K+ and Na+ in the
development of fodder are becoming increasing time, whereas fertilization with K+ is
mandatory practice for plant cultivation and the response to Na+ has been observed in
environments poor in K+, such research can facilitate obtaining most economical sources of
nutrients . This study aimed to evaluate the effect of partial replacement of K+ by Na+ in
production, proline content, nutritional composition of grass and fertility of an Oxisol
cultivated with Yellow Panicum maximum cv . Mombasa on phosphate sources. Work
performed in a greenhouse with a completely randomized design (CRD) in a 3x4 factorial
design (three sources of phosphorus : SS , FN and UFT Fértil1 and four levels of Na+
replacing K+: 0 +80 , 20 +60 , 40 +40 and 60 +20 mg dm- 3 Na+ + K+, respectively), with
three replications. The phosphorus source SS favors smaller accumulation of Na+, K+, and
proline and higher productivity of the forage grass Mombasa. The increase in the
replacement of K+ by Na+ causes an increase in leaf Na+ contents of the grass Mombasa,
being the source of phosphate fertilizer FN that has the highest levels of this ion . Just as the
phosphate source UFT Fertile 1 favors greater accumulation of K+ and higher values in the
K+/Na+ from the dose of 20 mg dm- 3 , thereby reducing the toxic effects caused by salinity .
Replacement of K+ by Na+ in doses higher than 8.55 mg dm ³ negatively influences the
productivity of grass Mombasa . There is an accumulation of proline in plants of the grass
Mombasa with the increase of Na+ replacing K+, with the UFT Fertile 1 among phosphorus
sources that favors higher accumulation . The phosphorus sources with + higher endogenous
Ca2 in its composition resulted in higher levels in the soil . Partial substitution was not
effective in meeting the demand of K+ in the soil studied . The increased solubility of P in
phosphate sources attenuate the negative effects of soil salinity Oxisol . Increase in RAS and
PST variables caused loss of productivity in Panicum maximum Jacq . cv. Mombasa . The
phosphorus sources and UFT Fertile FN 1 at doses of 40 and 60 mg dm ³ Na obtained values
of the occupation PST better to 15 % , and so the soil was classified as saline-sodic
Keywords: Oxisol, Panicum maximum, nutritional composition, proline, sodicity.
2
INTRODUÇÃO GERAL
Durante todas as fases de seu crescimento as plantas sempre estão sujeitas a condições
de estresses ambientais múltiplos, que, por sua vez, podem vir a prejudicar seu crescimento,
desenvolvimento e produtividade. Dos inúmeros estresses ambientais aos quais as plantas
estão constantemente expostas, o estresse o estresse salino é um dos que mais comprometem
o crescimento e a produtividade das plantas em todo o mundo (ASHRAF, 2009).
Os feitos negativos dos sais sobre o crescimento das plantas têm sido inicialmente
associados ao componente de tensão osmótica, provocado pela diminuição do potencial de
água no solo e, por conseguinte, pela restrição de absorção de água pelas raízes (OLIVEIRA
et al., 2011).
A resposta das plantas à salinidade é um fenômeno complexo, envolvendo alterações
morfológicas e de crescimento, além de processos fisiológicos e bioquímicos (FARIAS et al,
2009). As diferenças são grandes entre as espécies de plantas na habilidade para prevenir ou
tolerar elevadas concentrações de Na+ nas folhas (FERNANDES et al., 2002).
Além dos efeitos na planta a utilização de Na+ deve ser analisada quanto a fertilidade
do solo, pois o aumento do nutriente no solo pode transforma-lo em um solo com
características de salinidade e sodicidade. No caso dos solos sódicos, o excesso de Na+
provoca alterações nas propriedades físicas do solo, reduzindo a floculação das argilas e a
estabilidade dos agregados, tendo como consequência, reduções na porosidade e capacidade
de retenção de água (LIMA, 1997). O excesso de sais provoca diminuição na pressão
osmótica e toxicidade para o desenvolvimento da fauna e flora, diminuindo as taxas de
mineralização e humificação da matéria orgânica, com consequente redução da fertilidade dos
solos (SANTOS & MURAOKA, 1997).
Para algumas espécies vegetais, a síntese de moléculas osmoprotetoras é uma das
principais estratégias empregadas para minimizar os efeitos da toxidez causada por estresses
abióticos (ALEXIEVA et al., 2003; MELONI et al., 2004).
Avaliando o efeito de diferentes estresses salinos sob o ajustamento osmótico em duas
variedades de milho forrageiro (Aristo e Arper), observaram que os osmólitos orgânicos,
prolina e glicina betaína, parecem ser os principais compostos que contribuem no ajustamento
osmótico das variedades estudadas (HAJLAOUI et al., 2010).
3
Quando as plantas são cultivadas sem nenhum tipo de restrição, a prolina normalmente
aparece em pequenas quantidades, ou seja, na faixa 1 a 5 μmol g-1 de massa seca
(NOGUEIRA et al., 2001). No entanto, sob condições de estresse a prolina se acumula no
citosol, em maiores quantidades, contribuindo desta maneira para o ajuste osmótico
citosólico, podendo este aumento estar associado à tolerância das plantas à desidratação
(ASHRAF & FOOLAD, 2007).
As plantas submetidas ao estresse salino acumulam prolina, entretanto, até o momento
não está esclarecido até que ponto esse acúmulo contribui de fato para a resistência ao estresse
ou é mero sintoma de distúrbio metabólico (WILLADINO & CAMARA, 2010).
Poucos estudos têm sido desenvolvidos para avaliar a influência da adubação fosfatada
em plantas cultivadas em condições de salinidade. Cerda et al. (1977), ao avaliarem a
produtividade do gergelim, cultivado em solução nutritiva com diferentes níveis de salinidade
e fósforo, verificaram que a tolerância da cultura a salinidade foi reduzida com aumento do
fósforo.
O aumento de doses de fósforo (P) pode minimizar os efeitos adversos da salinidade
sobre o desenvolvimento das plantas (SHIBLI et al., 2001). Assim, adequada nutrição
fosfatada é de fundamental importância, em plantas cultivadas sob condições de estresse
salino. Oliveira et al. (2010) avaliando a interação entre a salinidade e fósforo na culura do
rabanete, relatam que as plantas de rabanete responderam significativamente a interação entre
salinidade e fósforo para área foliar, massa fresca e massa seca das raízes; e de forma isolada
para número de folhas. No entanto, segundo Grattan e Grieve (1999), a interação entre
salinidade e nutrição fosfatada em plantas é bastante complexa e dependente da espécie
vegetal ou cultivar, estádio de desenvolvimento, composição e concentração, além da
concentração de P no meio de cultivo.
O potássio é um nutriente móvel presente nas plantas como cátion K+; regula o
potencial osmótico das células vegetais e ativa enzimas no processo de respiração e
fotossíntese (TAIZ & ZEIGER, 2004), além de atuar na abertura e fechamento dos estômatos;
na transpiração; no transporte de carboidratos; resistência à geada, seca, salinidade, doenças e
acamamento; na qualidade de frutos e regulação da turgidez dos tecidos (MALAVOLTA,
2006).
Os efeitos do potássio pode ser encontrado em diversas culturas. Segundo Porto et al.
(2013), a adubação com potássio aumenta a leitura SPAD (determinação indireta do teor de
4
clorofila) e a eficiência no uso de água por plantas de rúcula nas doses de potássio de 156,4 e
200 mg dm-3, respectivamente. Já Santos et al., (2012) constataram que a aplicação de doses
de potássio na semeadura influenciou positivamente a produtividade da cultura do crambe, no
entanto não incrementou na massa seca, massa de 100 grãos e no teor de óleo em grãos.
O sódio pode ser considerado um elemento benéfico, pois, no geral, a planta vive sem
ele, entretanto, sua presença é capaz de contribuir para o crescimento, por meio de maior
expansão celular (TAIZ & ZEIGER, 2004), para a produção ou para a resistência a condições
desfavoráveis do meio (MALAVOLTA, 2006). O sódio é considerado um elemento essencial
para os animais, inclusive para o homem sendo neles o principal eletrólito, regulando a
pressão osmótica dentro da célula e dos líquidos corporais, papel este desempenhada pelo
potássio na planta (MALAVOLTA, 2006).
Devido à sua função osmótica, o potássio pode ser parcialmente substituído pelo sódio
como soluto osmoticamente ativo (GLASS & SIDDIQI, 1984; TAIZ & ZEIGER, 2004).
Alguns pesquisadores sugerem que o sódio pode substituir as funções do potássio
quando este estiver em quantidades insatisfatórias à planta na solução do solo. Já outros
supõem que o sódio contribui positivamente à produção de plantas halófitas, como a Beta
vulgaris L (CARVALHO, 2008).
De um modo geral, o potássio contribui majoritariamente ao potencial osmótico
celular, mas não há exigência absoluta desse elemento, haja vista que o compartimento
vacuolar contém diversos outros solutos, como sais de sódio, fazendo com que o sódio
preencha parcialmente a função “biofísica” do potássio (MALAVOLTA, 2006).
O Brasil é um dos maiores consumidores de fertilizantes do mundo, estima-se que
mais de 75% dos fertilizantes consumidos no país vem do exterior (LOPES, 2005). No caso
do Potássio (K+), 91% são importados, pois a produção interna satisfaz pouco mais do que
10% da demanda, sendo necessária a importação de grandes volumes. Há previsões de que a
demanda brasileira de K2O cresça 50% até 2015, ou seja, consumo da ordem de 7,0 milhões
de toneladas (DUARTE et al., 2012).
Assim, frente a fatores como a alta dependência de importações desse nutriente, a
deficiência nos solos brasileiros e a demanda por produtos que contenham o K+, mostram a
importância em se desenvolver pesquisas para viabilizar o uso de fontes alternativas mais
econômicas.
5
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6
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8
CAPITULO 1
SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DE POTÁSSIO POR SÓDIO E FONTES DE FOSFATO
NA CARACTERISTICA DA PLANTA, TEOR DE NUTRIENTES E PROLINA EM
CAPIM MOMBAÇA NO CERRADO TOCANTINENSE
RESUMO
Considerando a fertilização com K+ prática obrigatória no cultivo de plantas, e que a resposta
ao Na+ tem sido observadas em ambientes pobres em K+, a busca por pesquisas que
evidenciam a influência desses elementos no desenvolvimento de forrageiras pode viabilizar a
obtenção de fontes mais econômicas. Assim como acúmulo de prolina nas plantas quando
submetido a adubação com Na+. Objetivou-se avaliar o efeito da substituição parcial do K+
por Na+ e fontes de fosfatos na produção, no teor de prolina e na composição nutricional do
capim Mombaça. O trabalho foi realizado em casa de vegetação, com Delineamento
Inteiramente Casualizado (DIC), no esquema fatorial 3x4 (três fontes de fósforo: SS, FN e
UFT Fértil1 e quatro doses de Na+ em substituição ao K+: 0+80, 20+60, 40+40 e 60+20 mg
dm-3 de Na+ + K+, respectivamente), com três repetições. Foi determinada a produção, o teor
de prolina e dos nutrientes na planta. O aumento na substituição de K+ por Na+ provoca
aumento nos teores foliares de Na+ do capim Mombaça, sendo a fonte de adubação fosfatada
FN a que apresenta os maiores teores deste íon. Assim como a fonte fosfatada UFT Fértil 1
favorece maior acumulo de K+. Substituição do K+ por Na+ em doses superiores a 8,55 mg
dm-3 influencia negativamente a produtividade do capim Mombaça. Há um acumulo de
prolina nas plantas do capim Mombaça com o incremento de Na+ em substituição ao K+,
sendo a UFT Fértil 1 dentre as fontes fosfatadas a que favorece maior acumulo. A fonte
fosfatada SS favorece menores acúmulos de Na+, K+, prolina e maior e produtividade de
forragem do capim Mombaça. A fonte fosfatada UFT Fértil 1 propiciou os maiores valores na
relação K+/Na+ a partir da dose de 20 mg dm-3, reduzindo assim os efeitos tóxicos causados
pela salinidade.
Palavras-chave: Latossolo, Panicum maximum, aminoácido
9
REPLACEMENT FOR PARTIAL POTASSIUM SODIUM PHOSPHATE AND
SOURCES OF THE FEATURE OF PLANT, NUTRIENTS AND PROLINE IN GRASS
IN MOMBAÇA TOCANTINENSE SAVANNA
ABSTRACT
Considering the fertilization with K+ an obligatory practice in crop growing, and that the
response to Na+ has been observed in poor environments of K+, the search for researches that
show the influence of these elements on the development of forages can facilitate the
acquiring of sources more economical. As accumulation of proline, in plants when subjected
to fertilization with Na. Aimed to evaluate the effect of partial substitution of K+ for Na+ and
phosphate sources on production, in the content of proline, at the nutritional composition of
mombaça grass. The research was carried out in a greenhouse, with completely randomized
design (CRD), in 3 x 4 factorial arrangement( three sources of phosphorous: SS,FN and Fertil
UFT 1, and four doses of Na+ in substitution of K+: 0+80, 20+60, 40+40 e 60+20 mg dm-3 of
Na+ and K+, respectively), with three repetitions. It was established the production, the content
of proline and from the nutrients on the Plant. The substitution of K+ for Na+ in superior doses
of 8,55 mg dm-3 has a negative effect in mombaça‟s productivity. There‟s a accumulation of
proline in the plants of mombaça grass with the increment of Na+ in the replacement of K+,
being that Fertil UFT 1 inside of the phosphorus sources it‟s the one that offers more
accumulation. The phosphorus source SS offers less accumulation in Na+, K+ , proline and a
higher productivity of forage mombaça grass. The increase on the substitution of K+ for Na+
cause an increase leaf contents of Na+ in mombaça grass, being that the phosphorus source
Fertil UFT 1 favour more accumulation of K+ and the highest values in the relation of K+/Na+
since the dose of 20 mg dm-3, reducing there the toxic effects caused by salinity.
Keywords: Oxisol, Panicum maximum, aminoacid
10
INTRODUÇÃO
O K+ é o segundo nutriente mineral mais requerido pelas plantas (MALAVOLTA,
2006). Os teores de K+ necessário para bom crescimento das forrageiras variam entre 20 e 50
g kg-1 de massa seca do vegetal. Esse nutriente é vital para a fotossíntese, e, em situações de
deficiência, provoca redução da taxa fotossintética e aumento na respiração, resultando na
diminuição do acúmulo de carboidratos (NOVAIS et al., 2007). Além disso, desempenha
várias funções, como ativação de diversos sistemas enzimáticos, o que aumenta a resistência à
salinidade, geada, seca, doenças e melhora a qualidade da forragem (ERNANI et al., 2007).
Frente a fatores como a alta dependência de importações desse nutriente, a deficiência
nos solos brasileiros e a demanda por produtos que contenham o K+, mostram a importância
em se desenvolver pesquisas para viabilizar o uso de fontes alternativas mais econômicas.
Pesquisas têm identificado o Na+ para diferentes culturas como um dos responsáveis
por desequilíbrios nutricionais, afetando a absorção dos nutrientes e causando inativação
fisiológica em alguns deles (VILLORA et al., 1997). Contudo, existem também estudos que
mostram que o Na+ e o K+ compartilham algumas funções fisiológicas (BERNARZ &
OOSTERHUIS, 1999). Os primeiros estudos em algodão indicaram que o Na+ pode substituir
parcialmente o K+ na dose de 65 mg kg-1 de solo (ZHANG et al., 2006). Pesquisas têm
demonstrado que a substituição parcial do K+ por Na+ pode melhorar a produção de algumas
culturas, incluindo a da beterraba (Beta vulgaris), do tomate (Lycopersicum esculentum), do
arroz (Oryza sativa) (HOHJO et al., 2001; ZHANG et al., 2006) e ainda pode atrasar o
aparecimento de deficiências nutricionais em algodão (BERNARZ & OOSTERHUIS, 1999).
Em forrageiras como o capim Mombaça ainda são poucas as informações quanto ao
uso do Na+, quanto à sua necessidade na planta e aos níveis críticos do elemento no solo e na
planta. Contudo, por ser planta C4 o Na+ pode apresentar potencial para o uso como
fertilizante, pois nessas espécies o Na+ exerce função na regeneração do fosfoenol piruvato
(PEP), conforme foi observado em Amaranthus tricolor por Ohta et al. (1987). Efeito como
estimulante da fotossíntese em Panicum coloratum também foi observado por Murata e
Sekiva (1992). Ademais, Marschner (1995) relata que em muitos vegetais C4, o Na+ tem sido
reportado como participante da síntese de clorofila e sua deficiência têm sido relatadas por
prejudicar a conversão de piruvato ao PEP.
11
Os vegetais, sob estresses ambientais, utilizam mecanismos complexos que
contribuem para tolerar curtos períodos sob tais condições adversas. Dentre esses
mecanismos, destaca-se o acúmulo substâncias denominadas osmólitos protetores, que atuam
na proteção de macromoléculas e na manutenção do turgor celular, preservando a integridade
das células para as atividades vitais de crescimento e desenvolvimento vegetal,
principalmente, em condições de estresse salino (MUNNS, 2006).
Dentre tais substâncias com propriedades osmóticas ativas, pode-se citar a prolina
(ASHRAF & FOOLAD, 2007). A prolina é provavelmente o osmólito mais extensamente
encontrado nos vegetais e, além do papel de ajuste osmótico, essa molécula possui outros
papéis propostos para tecidos de planta osmoticamente estressados: integridade e proteção da
membrana plasmática dissipador ou redutor de energia, fonte de carbono e nitrogênio e
eliminador de radicais hidroxila (HONG et al., 2000).
Testando o acúmulo de prolina em algodão herbáceo, feijão vigna e sorgo, irrigados
com água com condutividade elétrica de até 8,0 dS m-1, Souza (2007) verificou que o feijão
vigna foi a espécie que mais acumulou prolina, com 5,66 μmol g-1 de matéria seca. O acúmulo
de prolina em plantas sob condições de estresse salino tem sido relatado também em outras
culturas, como milho (TURAN et al., 2009); arroz (LIMA et al. 2004) e sorgo forrageiro
(OLIVEIRA et al. 2006). Estudo realizado por Souza et al. (2011) no feijão vigna também
verificou acúmulos significativos de prolina apenas nos tratamentos submetidos a elevadas
concentrações salinas (200 mM de NaCl), denotando resposta significativa da planta em
concentrações mais elevadas de sais. Esse acúmulo está correlacionado à tolerância ao
estresse, sendo a concentração deste aminoácido, geralmente encontrada em níveis mais
elevados nas plantas tolerantes que nas sensíveis (ASHRAF & FOOLAD, 2007).
As plantas submetidas ao estresse salino acumulam de prolina, entretanto, até o
momento não está esclarecido até que ponto esse acúmulo contribui de fato para a resistência
ao estresse ou é mero sintoma distúrbio metabólico (WILLADINO & CAMARA, 2010).
Muitas vezes, o acumulo de prolina não é visto como resposta da planta ao estresse salino. O
que se mostra é que, geralmente, o acumulo ocorre após o surgimento dos sintomas de
injúrias causados após o estresse já ter sido estabelecido (ROCHA, 2003). Além disso, baixas
concentrações de prolina não contribuem de forma significativa no potencial osmótico celular
ou mesmo na proteção celular (SILVA et al., 2009).
12
Em função destes relatos, o presente estudo visou avaliar os efeitos da adubação com
diferentes fontes de fósforo e doses de sódio em substituição ao potássio em plantas de capim
Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça e, também, a produção de prolina como agente
mitigador do estresse salino.
13
MATERIAL E METODOS
O trabalho foi conduzido na área experimental da Universidade Federal do Tocantins
(UFT), Campus Universitário de Gurupi, em casa de vegetação. A área está localizada nas
coordenadas 11°43‟45” de latitude e 49°04‟07” de longitude, a 280 m de altitude no sul do
estado do Tocantins. O clima regional é do tipo B1wA‟a‟ úmido com moderada deficiência
hídrica (KOPPEN, 1948).
Como substrato foi utilizado solo da camada de 0 a 20 cm de Latossolo VermelhoAmarelo distrófico textura média (EMBRAPA, 2013). O solo coletado foi preparado como
Terra Fina Seca ao Ar. Após esse procedimento foi realizada a caracterização física e química
do solo no Laboratório de Solos (LABSOLO) da Universidade Federal do Tocantins,
conforme metodologia recomendada pela EMBRAPA (1997), (Tabela 1).
Tabela 1. Caracterização química e física de Latossolo Vermelho-Amarelo na camada de 0-20cm localizado na
estação experimental da UFT, Gurupi – TO
pH MO
P
K
H2O g dm-3 mg dm-3
Ca
Mg
SB
Al
H+Al
CTC
V Areia Silte Argila
---------------------cmolc dm-3------------------- -------(dag kg-1)--------
5,75 16,70 8,49 23,58 2,24 0,46
2,76
0,0
1,53
4,29 64,27 62,8 8,83 28,33
MO: matéria orgânica; SB: soma de base; CTC: capacidade de troca catiônica; e V: saturação por base.
Após a caracterização foi verificado que o solo já apresentava valores de saturação de
base acima de 60% e pH em água superior a 5,5. Por esse motivo não foi realizada a calagem,
uma vez que o solo já atendia a demanda da cultura (VILELA et al., 2002).
A recomendação de adubação foi realizada segundo CFSEMG (1999) a partir da análise
química do solo sendo a recomendação de adubação para o estabelecimento prevista para
médio nível tecnológico. Foi realizada a adubação com os nutrientes N (ureia), FTE BR-12
como fonte de micronutrientes. As doses calculadas foram aumentadas em cinco vezes
conforme sugerido para experimentos em vasos por Eichler et al. (2008).
A parcela experimental foi constituída por vasos plásticos com capacidade para 5,0 dm3,
que receberam 4,0 dm3 do substrato (Latossolo Vermelho Amarelo). Em cada vaso foram
realizados cinco furos nas laterais de forma assegurar a reposição da água ao nível da
capacidade de campo.
14
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com três
repetições. Os doze tratamentos foram obtidos em esquema fatorial 3x4. O primeiro fator foi
constituído por três fontes de fósforo (superfosfato simples, fosfato natural e UFT fértil 1) e o
segundo por quatro doses de sódio 0, 20, 40 e 60 mg dm-3 de Na+ , usando o NaCl como
fonte, em substituição parcial a recomendação de K+ que foi de 80 mg.dm-3 (0+80, 20+60,
40+40 e 60+20 mg dm-3 de Na+ + K+, respectivamente).
As fontes de fertilizantes fosfatadas utilizadas no experimento possuem em sua
composição porcentagens diferentes de nutrientes. Conforme demonstrado na Tabela 2.
Tabela 2- Composição das fontes fosfatas utilizadas no experimento.
Fontes
fosfatadas
SS
FN
UFT Fértil 1
1
% P2O5
18
24
14
% Ca
20
27
12,84
%S
16
-
%N
7
% Na
4,91
SS= superfosfato simples, FN=fosfato natural e UFT Fértil 1.
A forrageira utilizada foi a gramínea Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça, cujas
sementes apresentaram as seguintes características: pureza = 62%, germinação = 82% e valor
cultural = 50%. Aos 10 dias após a emergência das plantas foi realizado o desbaste, deixandose sete plantas bem distribuídas por vaso, sendo mantida essa população por vaso. Já aos 30
dias após a emergência das plantas foi realizado corte de uniformização, efetuado a 20 cm de
altura a partir da superfície do solo. Além do corte de uniformização, realizaram-se mais três
cortes para fins de avaliações na altura de 20 cm.
Após a colheita da parte aérea da forrageira, a massa verde foi posta a secar a 55ºC em
estufa com circulação de ar forçado, para estimativa da produtividade e a determinação dos
teores nutricionais na planta. Para determinação dos nutrientes Na+, K+ e Ca2+ foi realizada a
digestão nítrico-perclórica (MALAVOLTA et al., 1997) e os teores determinados por
espectrofotometria de absorção atômica. Para as determinação de Ca2+ foi adicionado
estrôncio, necessário para minimizar as possíveis interferências de P, ferro e alumínio,
segundo Miyazawa et al. (1992).
Para a determinação dos teores de prolina livre, foi utilizada a metodologia descrita por
Bates et al. (1973), que tem como base a reação com a solução de ninhidrina ácida (1,25 g de
ninhidrina, em 30 ml de acido acético glacial, e 20 ml de ácido fosfórico a 6,0 M) e assim
15
determinadas em leituras de absorbância em 520 nm a concentração de prolina a partir de uma
curva padrão feita com a L-prolina.
Os resultados obtidos foram comparados pelo teste de média de Tukey, a 5% de
probabilidade e realizado análises de variância e utilização de regressão através do programa
SigmaPlot 10. Os modelos de regressão foram escolhidos baseados na significância dos
coeficientes da equação de regressão e no coeficiente de determinação, adotando-se 1 e 5% de
probabilidade.
16
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A média das concentrações totais dos nutrientes Na+ e K+ (dag kg-1) em cada
tratamento podem ser observadas na Tabela 3.
Na avaliação dos efeitos da adubação com diferentes fontes de fósforo e doses de
sódio em substituição ao potássio em plantas de capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça
foi observado que os teores de Na+ não tiveram suas concentrações foliares influenciadas pela
diferentes fontes de adubação fosfatadas (SS, FN e UFT Fértil 1), uma vez que as médias não
se diferiram pelo teste de Tukey (P > 0,05), em todas as doses analisadas (Tabela 3). Embora
o aumento das doses de Na+ em substituição ao K+ tenha causado o aumento dos teores de
Na+ na planta.
Os teores de Na+ no capim Mombaça apresentaram o coeficiente de determinação
significativo (p≤0,05) quando usadas as fontes fosfatadas SS e FN e altamente significativo
(p≤0,01) para UFT Fértil 1 (Tabela 3). Assim como o coeficiente de regressão β1.
Incrementos nos teores de Na+ proporcionais à substituição de K+ também foram
observados no cultivo de café (Coffea arábica L.) e de feijão de corda (Vigna Unguiculata L.)
por Baliza et al. (2010) e Guimarães et al. (2012) respectivamente.
Tabela 3-Média dos teores de Na+ e K+ em plantas de capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça,
em função de diferentes doses de Na+ em substituição do K+ com fontes diferentes de adubos
fosfatados. Gurupi, TO.
Doses de
Na (mg dm-3)
0
20
40
60
Equação
R²
Na (dag kg-1)
SS1
0,201 a2
0,339 a
0,423 a
0,473 a
Ŷ=0,2246+0,0045x*
r2:0,9543*
FN
0,330 a
0,483 a
0,565 a
0,628 a
Ŷ= 0,3553+0,0049x*
r2:0,9562*
UFT Fértil 1
0,246 a
0,304 a
0,397 a
0,478 a
Ŷ=0,2383+0,0039x**
r2:0,9921**
K (dag kg-1)
1
SS
0,530 a
0,506 a
0,439 a
0,400 a
Ŷ=0,5379**-0,0023x*
r2:0,9713*
FN
0,625 a
0,612 a
0,592 a
0,561 a
Ŷ=0,6297**-0,0011x*
r2:0,9669*
UFT Fértil 1
0,630 a
0,621 a
0,639 a
0,643 a
Ŷ=0,6253**+0,0003x
r2:0,7571
2
SS, FN e UFT Fértil 1 (superfosfato simples, fosfato natural e UFT fértil 1, respectivamente). Médias seguidas
pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
17
O teor foliar de potássio K+ no capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça foi
reduzido com o aumento da dose de Na+ em substituição ao K+ para as fontes fosfatadas SS e
FN, enquanto que nas doses de Na+ 40 e 60 mg dm-3 da fonte UFT Fértil 1 os teores de K+
aumentaram (Tabela 3). Redução possivelmente pela competição dos íons K+ e Na+ pelos
mesmos sítios no sistema de absorção na membrana plasmática das células radiculares
(GATTWARD et al., 2010). Portanto as médias entre as fontes fosfatadas não apresentaram
diferença estatística pelo teste de Tukey (P > 0,05), em todas as doses analisadas (Tabela 1).
O coeficiente de regressão β0, em relação ao teor foliar de K+, foi significativo
(p≤0,01) em todas as fontes fosfatadas e o β1 apenas para SS e FN (p≤0,05). Os coeficientes de
determinação foram significativos (p≤0,05), para as curvas de tendência das fontes SS e FN
(Tabela 3).
Miranda et al. (2002), trabalhando com moringa (Moringa oleifera), também
verificaram redução nos teores de K+ em função da aplicação de NaCl. Da mesma forma,
Abreu et al. (2012) também observaram reduções no acúmulo de K+ na cultura do feijão de
corda (Vigna Unguiculata L.). De acordo Hu & Schmidhalter (1997), em condição de
salinidade, a menor absorção de Ca2+ pode permitir que o Na+ seja incorporado à estrutura da
membrana plasmática podendo reduzir a seletividade e permitir o efluxo de íons, notadamente
o K+.
Existe um grande antagonismo entre os íons K+ e Na+ em termos de taxas de
transporte e absorção. Em estágios de altas teores de Na+ e baixas de K+ como as observada
no tratamento 60 mg.dm-3, a ausência deste último contribui para a acumulação de Na+ no
tecido vegetal. Todavia, quando os teores de K+ no meio radicular são adequados, como
provavelmente os presentes nas doses 0, 20 e 40 mg dm-3 de Na+, há uma mitigação dos
efeitos tóxicos causados pelo Na+ (RODRIGUES et al., 2012). Esta amenização é evidente ao
se observar os teores de Na+ na planta (Tabela 1) e a produtividade da MSPA (Tabela 2) do
capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça.
De fato, as taxas de acumulação de Na+ na parte aérea do capim Panicum maximum
Jacq. cv. Mombaça foram menores quanto menor foi a substituição de K+ por Na+, e quanto
maior foi o teor de K+ na parte aérea da planta. Estes fatos revelam a importância da absorção
do K+ para a planta, pois com a sua presença pode ocorrer uma redução do carregamento de
Na+ no xilema radicular. Além disso, a passagem de Na+ da raiz para os vasos xilemáticos nas
plantas, através das células do parênquima, envolve transportadores e canais seletivos de K+
18
(MUNNS & TESTER, 2008). Entretanto, Freitas et al. (2013) ao avaliarem o crescimento e
acúmulo de íons em plantas de cajueiro anão precoce (Anacardium occidentale L.) em
diferentes tempos de exposição à salinidade, observaram que os teores foliares de K+
permaneceram inalterados. Outro resultado controverso ao encontrado neste trabalho, foi
relatado por Guimarães et al. (2012) que observaram que tanto nas folhas, como em caules de
feijão-de-corda os teores de K+ aumentaram em função das doses crescentes de Na+. Esses
resultados conflitantes podem estar relacionados com diversos fatores, incluindo manejo da
cultura, variedade, idade das plantas, intensidade e duração do estresse, tipo de salinidade
(FLOWERS, 2004).
Em relação à massa seca da parte aérea (MSPA) de capim Panicum maximum cv.
Mombaça em função de diferentes doses de Na+ em substituição do K+ com fontes diferentes
de adubos fosfatados, o uso da fonte SS promoveu maior produção de MSPA em relação à
adubação fosfatada com as demais fontes (Tabela 4). A maior produção (Xmax) de massa seca
obtida com o uso da fonte SS foi observada quando o teor de Na+ foi de 8,55 mg dm-³ em
substituição ao K+. Em concentrações superiores foi observada redução na produção de
MSPA. Reduções na produção de massa seca em função da salinidade também foram
observados por Oliveira et al. (2012) no cultivo do rabanete.
Nas doses de Na+ 0, 20 e 60 mg dm-3, doses na qual o estresse salino possivelmente não
afetou as plantas de capim Panicum maximum Jacq. Cv. Mombaça, as fontes de adubação
fosfatada SS e FN obtiveram a mesma produtividade, não apresentando diferença estatística
pelo teste de Tukey (P > 0,05) (Tabela 4).
Tabela 4- Média da massa seca da parte aérea (MSPA) de capim Panicum maximum cv. Mombaça
em função de diferentes doses de Na+ em substituição do K+ com fontes diferentes de adubos
fosfatados. Gurupi, TO.
Doses de
Na (mg dm-3)
0
20
40
60
Equação
R²
MSPA (g)
1
SS1
10,425 b
9,850 b
10,007 c 8,045 b Ŷ=0,9442+0,0154x-0,0009x²
FN
9,600 b
9,098 b
8,188 b
7,863 b
UFT Fértil 1
6,640 a
6,300 a
6,313 a
5,425 a Ŷ=6,5772+0,0024x-0,0003x²
R²:0,9442
r2:0,9704**
Ŷ=9,6055-0,0306x**
R²:0,9032
2
SS, FN e UFT Fértil 1 (superfosfato simples, fosfato natural e UFT fértil 1, respectivamente). Médias seguidas
pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
19
Plantas de capim Mombaça, submetidas a doses crescentes de Na+ em substituição do
K+ e diferentes fontes de fertilizantes fosfatados apresentaram para o acumulo de massa seca
da parte aérea (MSPA) coeficiente de regressão β1 significativo (p≤0,05) para a fonte fosfato
natural (FN), assim como o coeficiente de determinação significativo (p≤0,01) (Tabela 4).
A diferença de acumulo de MSPA entre as fontes fosfatadas pode ser explicada pela
velocidade da disponibilidade dos nutrientes de cada fonte. Uma vez que o SS por ter
característica de liberação imediata de seus nutrientes para a planta, apresenta a maior
produção de massa seca da parte aérea, e o FN que tem característica de liberar o nutriente de
forma lenta, porém durante um longo período, apresenta teores estatisticamente iguais aos do
SS. Enquanto que a UFT Fértil 1 por ser uma fonte orgânica a liberação dos nutrientes é mais
lenta, e assim apresenta a menor produção de MSPA, apresentando diferença estatística pelo
teste de Tukey (P > 0,05) das demais fontes em todas as doses analisadas (Tabela 4).
Para todas as fontes fosfatadas o acréscimo de Na+ em substituição ao K+ acarretou na
redução da produção de MSPA. Essa redução deu-se principalmente a partir das doses de 8,55
e 4 mg dm-3 de Na+ para SS e UFT Fértil 1, respectivamente, ou seja, até essas doses a
produtividade da MSPA não teria sofrido decréscimo, isso mostra possível benefício do Na+
na adubação do capim Mombaça, podendo esses teores ser considerados limiares para a
substituição de K+ por Na+ para essa forrageira.
O aumento dos teores de sódio no solo pode provocar a redução do desenvolvimento
vegetal em função dos desequilíbrios nutricionais provocados pelo excesso de sais na
absorção e transporte de nutrientes (FERREIRA et al., 2001; CAVALCANTE et al., 2010).
Além disso, a salinidade reduz a atividade dos íons em solução e altera os processos de
absorção, transporte, assimilação e distribuição de nutrientes na planta afetando a produção de
biomassa (FARIAS et al., 2009). Diferentemente, Silva et al. (2010) no estudo de solo
cultivado com capim Tifton 85 submetido à aplicação de percolado de resíduo sólido urbano
em diferentes taxas, não encontrou perda de produtividade do capim Tifton 85 quando se
aplicou altas doses de sódio no solo.
Outros estudos também avaliaram queda na produtividade das plantas submetidas a
estresse salino, Silva et al. (2008) avaliando o crescimento de mamoneira; Soares et al. (2007)
estudando plantas de alface. Estes resultados indicam que os distúrbios metabólicos e
nutricionais associados ao estresse salino podem ser resultado da redução da disponibilidade
de nutrientes, alterações da integridade estrutural e funcional da membrana plasmática, e
20
também, inibição de atividades enzimáticas vitais ao metabolismo (ALVAREZ-PIZARRO et
al., 2009)
Quedas na produtividade de MSPA também foram verificadas em plantas de melão
(Cucumis melo L.). A produção de biomassa da planta depende da acumulação de compostos
de carbono durante a fotossíntese. Diminuições na atividade fotossintética provocadas por
estresse salino devem-se principalmente a uma redução no transporte através do floema
(ARAGÃO et al., 2009). De acordo com os mesmo autores, pode-se supor que a salinidade
reduz o potencial osmótico das plantas, forçando a elevar a concentração de soluto nos vasos
acima do nível normal, apenas para manter o transporte através do floema. Porém a maioria
das plantas em condições de estresse salino desenvolvem mecanismos para prevenir e aliviar
os danos provocados pelo excesso de sais, a fim de restabelecer suas condições homeostáticas
e se aclimatar ao novo ambiente, retomando seu crescimento, ainda que a taxas reduzidas
(BARTELS & SUNKAR, 2005).
A salinidade do solo reduz a absorção de água pelas plantas e, consequentemente, o
crescimento e a produtividade também são reduzidos (SOUSA et al., 2011). Entretanto, é de
suma importância saber a partir de que ponto os teores de Na+ presentes no solo provocam
realmente uma condição de estresse à planta, ou apenas são respostas do processo de
aclimatação. Mahajan & Tuteja (2005), relatam que durante o estresse salino todos os
principais processos metabólicos realizados pelas plantas, principalmente a fotossíntese, são
afetados e agravados a partir do momento em que o estresse se intensifica.
Plantas submetidas a estresse salino moderado, comumente não apresentam danos
sofridos pelo estresse, mas sim respostas fisiológicas do tipo aclimatativa, como por exemplo,
queda na biossíntese de clorofilas (SILVEIRA et al., 2010).
Na avaliação do efeito da substituição parcial de potássio por sódio no acumulo de
prolina no capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça cultivado sobre diferentes fontes de
fósforo (Superfosfato Simples-SS, Fosfato Natural-FN e UFT Fértil 1) os coeficientes de
regressão β1 e β2 foram significativos para a fonte SS (Tabela 5).
O uso da fonte fosfatada UFT Fértil 1 promoveu maior produção de prolina no capim
Mombaça, porém, se diferenciou estatisticamente da fonte FN pelo teste de Tukey (P > 0,05)
apenas na dose de Na+ 40 mg.dm-3 (Tabela 5). A superioridade da fonte orgânica UFT Fértil
1 pode ser explicada por possuir em sua composição uma quantidade considerável de Na+,
como pode ser observado na Tabela 2 (4,91%), o que juntamente com a adubação fez com
21
que as plantas desse tratamento tivessem uma maior disponibilidade de Na+ e
consequentemente um maior acúmulo de prolina.
Tabela 5 – Média dos teores de prolina em plantas de capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça,
em função de diferentes doses de Na+ em substituição do K+ com fontes diferentes de adubos
fosfatados. Gurupi, TO.
Doses de
Na (mg dm-3)
0
20
40
60
Equação
R²
Prolina ( µmol g-1)
SS1
135,5 a2
FN
231,7 ab 177,4 a
UFT Fértil 1 333,0 a
186,8 a
386,3 b
190,0 a
159,0 a
275,2 ab 352,1 b
357,1 b
239,3 ab
Ŷ=136,2171+3,4543x*-0,0514x²* R²:0,9951
Ŷ=319,2950-7,9428x+0,1453x²
R²:0,7966
Ŷ=236,5168+10,1832x -0,1703x²
R²:0,9760
2
1
SS, FN e UFT Fértil 1 (superfosfato simples, fosfato natural e UFT fértil 1, respectivamente). Médias seguidas
pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
A utilização de doses de Na+ superiores a 25,56 e 32,76 mg dm-³ (Xmax) em
substituições ao potássio foi observada redução na produção de prolina nas fontes fosfatadas
UFT Fértil 1 e SS, respectivamente (Tabela 5). Esses resultados evidenciam a existência de
um teor limiar ou limítrofe de sal a partir do qual é desencadeado o acúmulo de prolina, sendo
um mecanismo de proteção ao estresse salino. Resultado semelhante encontrado por Lima et
al. (2004) onde o acúmulo de prolina em folhas de arroz é significativamente aumentado pela
salinidade.
Resposta diferente foi observada para o FN, que nas concentrações de Na+ 25,09 mg
dm-³ (Xmin) demonstraram acumulo mínimo de prolina e em concentrações maiores obteve um
maior acumulo de prolina (Tabela 5). Embora tenha ocorrido o aumento do soluto com o
estresse, ou o aumento da dose de Na+, ele provavelmente contribuiu pouco para o
ajustamento osmótico nas folhas de capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça, não
havendo diferença entre as médias pelo teste de Tukey (P > 0,05) da fonte SS da dose de Na+
40 mg dm-3 e da fonte UFT Fértil 1 na dose de Na+ 60 mg dm-3. Assim como verificado por
Costa et al. (2003) onde mesmo com o acúmulo de prolina nas folhas e nas extremidades de
raízes dos cultivares de feijão-de-corda estudados esse osmólito não contribuiu para o
ajustamento osmótico naqueles tecidos.
22
É oportuno ressaltar que existem autores que consideram a variação os níveis de
prolina não represente uma resposta adaptativa ao estresse, sendo, possivelmente, uma reação
ao dano ou ao processo de desidratação desencadeando pelo estresse salino (GUIMARAES et
al. 2011). Dessa forma, a explicação do efeito da salinidade sobre capim Panicum maximum
Jacq. cv. Mombaça deve ser complementado com a produção de biomassa, bem como a
composição nutricional.
Vários autores relatam que plantas submetidas a estresse osmótico produzem, como
forma de resistência ao estresse, moléculas osmoprotetoras como a prolina (HAJLAOUI,
2010; SILVA, 2009; NEOCLEOUS & VASILAKAKIS, 2007). Entretanto, não há evidencias
de que o aumento na produção de prolina influencia de forma positiva o crescimento das
plantas, uma vez que vários estudos observaram decréscimo na produtividade de plantas
submetidas a estresse salino, mesmo com o aumento no teor de prolina no tecido vegetal
(PAULUS et al., 2010; MARTINS et al., 2012).
Plantas submetidas a estresse salino moderado, comumente não apresentam danos
sofridos pelo estresse, mas sim respostas fisiológicas do tipo aclimatativa, como por exemplo,
queda na biossíntese de clorofilas (SILVEIRA et al., 2010). Possivelmente, devido a este fato
é que nas doses de 20 e 40 mg dm-3 de Na+ não houve uma relação significativa entre os
teores de prolina e as doses crescentes de Na+ de todos os tratamentos. Só houve resposta
entre estes indicadores na dose de 60 mg dm-3 de Na+, assim, acredita-se que esta dose de Na+
pode ser considerada como uma condição de estresse salino às plantas de capim Panicum
maximum Jacq. Cv. Mombaça.
As plantas cultivadas de capim Panicum maximum Jacq. Cv. Mombaça apresentaram
menor produtividade na dose de 60 mg dm-3 de Na+, sendo a fonte UFT fértil 1 a menor e as
fontes SS e FN obtiveram aproximadamente o mesmo valor de MSPA. Todavia, esta não foi a
mesma sequência observada para os teores de Na+ encontrados na parte aérea das plantas de
capim Panicum maximum Jacq. Cv. Mombaça. De acordo com Silveira et al. (2010), os
sintomas de severidade do estresse não estão positivamente associados com os teores de íons
salinos nos tecidos das plantas, mas sim com as concentrações no meio radicular externo.
Considerando que as doses de 20 e 40 mg dm-3 não provocam condições de estresse
salino às plantas de capim Panicum maximum Jacq. Cv. Mombaça. Fora observado, na
condição de adubação com FN, a maior produção de prolina e Na+ na parte aérea e maior
produção de MSPA. Por outro lado, na adubação com SS e UFT fértil 1, não se observou esta
23
mesma relação, pois ambas apresentaram valores semelhantes de Na+ na parte aérea, mas
diferença significativa nos teores de prolina e produtividade de MSPA, já o acumulo de K +
diminuiu para todas as fontes fosfatadas com o acréscimo das doses de Na+.
O estudo da relação K+/Na+ em plantas de capim Panicum maximum Jacq. cv.
Mombaça, em função de diferentes doses de Na em substituição do K com fontes diferentes
de adubos fosfatados, foi reduzida com o aumento da salinidade, portanto não apresentou
diferença teste de Tukey (P > 0,05) em nenhuma das fontes para todas as doses estudadas
(Figura 1).
2
Figura 1- Média da relação K+/Na+ em plantas de capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça, em
função de diferentes doses de Na+ em substituição do K+ com fontes diferentes de adubos fosfatados. 1
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade. 2 SS, FN e UFT Fértil 1 (superfosfato simples, fosfato natural e UFT fértil 1,
respectivamente). Gurupi, TO.
Uma Relação K+/Na+ inferior a 1,0 pode ser considerado um indício de um
desequilíbrio nutricional e reforça a maior intensidade de toxicidade iônica segundo FerreiraSilva et al. (2009). Nas doses 0, 20 e 40 mg dm-3 de Na+ as fontes fosfatadas estudas SS, FN e
UFT Fértil 1 essa relação K+/Na+ se manteve em níveis adequados, ou seja, à níveis
superiores a 1,0 , e dessa forma a planta se mantem em condição de balanço na homeostase
iônica (Figura 1). Na maior dose de Na+ (60 mg dm-3) as fontes SS e FN que apresentou
valores para uma relação K+/Na+ inferior a 1,0 que pode ser considerado um indicio de um
24
desiquilíbrio nutricional e reforça a maior intensidade de toxidade iônica (FERREIRA-SILVA
et al., 2009).
Além disso, a fonte de adubação fosfatada UFT Fértil 1 apresentou os maiores valores
nesta relação a partir da dose de 20 mg dm-3 de Na+. Isto implica que esta fonte orgânica não
eliminou, mas reduziu os efeitos tóxicos provocados pela salinidade nas plantas de
capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça sugerindo que esta fonte pode, futuramente, vir
a ser utilizada para inibir os efeitos negativos da salinidade e promover a produção de
pastagens com maior rendimento. É interessante ressaltar que estudos sobre a extração de
nutrientes em plantas de capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça, sob estresse salino,
interagindo com produtos orgânicos, ainda são escassos.
25
CONCLUSÕES
1. O aumento na substituição de K+ por Na+ provoca aumento nos teores foliares de Na+
do capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça, sendo a fonte de adubação fosfatada
FN a que apresenta os maiores teores deste íon.
2. A fonte de adubação fosfatada UFT Fértil 1 favorece maior acumulo de K+ nas plantas
de capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça.
3. Substituição do K+ por Na+ em doses superiores a 8,55 mg dm-³ influencia
negativamente a produtividade do capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça.
4. Há um acumulo de prolina nas plantas do capim Panicum maximum Jacq. cv.
Mombaça com o incremento de Na+ em substituição ao K+. Dentre as fontes
fosfatadas, a UFT Fértil 1 favorece maior acumulo.
5. As fontes UFT Fértil e SS favorecem maior acúmulo de prolina na dose de 25,56 e
32,76 mg dm-³ de Na+, respectivamente.
6. Dentre as fontes fosfatadas, a SS favorece menores acúmulos de Na+, K+, prolina e
maior e produtividade de forragem do Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça quando
cultivado sobre o efeito da substituição parcial da adubação de K+ por Na+.
7. A fonte de adubação fosfatada UFT Fértil 1 apresenta os maiores valores na relação
K+/Na+ a partir da dose de 20 mg dm-3, reduzindo assim os efeitos tóxicos causados
pela salinidade.
26
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31
CAPITULO 2
SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DE POTASSIO POR SODIO E FONTES DE FOSFATO
NA FERTILIDADE DO SOLO CULTIVADO COM CAPIM MOMBAÇA
RESUMO
A busca por pesquisas que evidenciam a influência dos nutrientes K+ e Na+ no
desenvolvimento de forrageiras estão cada vez crescentes, considerando que a fertilização
com K+ é prática obrigatória no cultivo de plantas e que a resposta ao Na+ tem sido
observadas em ambientes pobres em K+, tais pesquisas pode viabilizar a obtenção de fontes de
nutrientes mais econômicas. Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da
substituição parcial do potássio por sódio na fertilidade de um Latossolo Vermelho Amarelo
cultivado com capim Panicum maximum cv. Mombaça sobre fontes fosfatadas. Trabalho
realizado em casa de vegetação, com Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC), no
esquema fatorial 3x4 (três fontes de fósforo: SS, FN e UFT Fértil1 e quatro doses de Na+ em
substituição ao K+: 0+80, 20+60, 40+40 e 60+20 mg dm-3 de Na+ + K+, respectivamente),
com três repetições. As fontes fosfatadas com teores endógenos de Ca2+ mais elevados em
sua composição implicaram em maiores teores deste nutriente no solo. A substituição parcial
não foi eficiente em suprir a demanda de K+ do solo estudado. A maior solubilidade do P nas
fontes fosfatadas atenuam os efeitos negativos da salinidade do solo Latossolo. Substituição
do K+ por Na+ em doses superiores a 8,55 mg dm-³ influencia negativamente a produtividade
do capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça. Aumento nas variáveis RAS e PST
causaram perda de produtividade no capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça. As fontes
fosfatadas FN e UFT Fértil 1 nas doses de 40 e 60 mg dm-³ de Na obtiveram valores de
ocupação na CTC superiores ao limite de 15%, e assim o solo passou a ser classificado como
salino-sódico.
Palavras-chave: Latossolo; Panicum maximum; Sodicidade.
32
PARTIAL REPLACEMENT FOR SODIO POTASSIUM PHOSPHATE AND
SOURCES OF GROWN ON SOIL FERTILITY WITH GRASS MOMBASA
ABSTRACT
The search for researches that shows the influence of the nutrients K+ e Na+ on the
development of the forages are getting more increase, considering that the fertilization with
K+ it‟s an obligatory practice in the crop growing and that the response to Na+ has been
observed in poor environments with K+, those works can promote obtaining sources of
nutrients more economical. Thus, the object of this research was evaluate the effect of partial
substitution of potassium for sodium on the fertility of a Red - Yellow Latosol cultivated with
Panicum Maximum grass cv. Mombaça to phosphorus sources. It was conducted in a
greenhouse, with CRD, in a 3x4 factorial arrangement ( 3 sources of phosphorous: SS,FN and
Fertil UFT 1, and 4 doses of Na+ in substitution of K+: 0+80, 20+60, 40+40 e 60+20 mg dm-3
of Na+ and K+, respectively), with three repetitions. The substitution of K+ for Na+ in
superior doses of 8,55 mg dm-3 has a negative effect in Panicum Maximum grass Jacq. cv.
Mombaça. The phosphorus sources with endogenous contents of Ca²+ more than in
composition required in higher contents on soil. The partial substitution wasn‟t effectual in
supply the demand of K+ on the researched soil. The higher solubility of P on the phosphorus
sources had negative effects at the salinity of the Latosol soil. An increase on the variables
RAS and PST caused lost of productivity in the Panicum Maximum grass Jacq. cv. Mombaça.
The phosphorus sources FN and Fertil UFT 1 on the doses of 40 and 60 mg dm-3 of Na had
values of occupation in CTC upper than the limit of 15%, and therefore the soil passed to be
classified as saline-sodium.
Keywords: Oxisol; Panicum maximum; sodicity.
33
INTRODUÇÃO
A nutrição mineral é um dos fatores que contribuem para elevar a produtividade e a
qualidade do capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça. Entre os nutrientes, o potássio é
o segundo elemento mais exigido pela cultura (GRANGEIRO et al., 2007). Porém, a alta
dependência de importações, sempre crescente ao longo dos anos, e o alto valor agregado a
esse nutriente, mostra a importância de se realizarem pesquisas sobre novas fontes que
possam substituir, mesmo que parcialmente fertilizantes que contém potássio.
De modo geral, o potássio contribui majoritariamente ao potencial osmótico celular,
mas não há exigência absoluta desse elemento, haja vista que o compartimento vacuolar
contém diversos outros solutos, como o s sais de sódio, fazendo com que o sódio preencha
parcialmente a função biofísica do potássio (MALAVOLTA, 2006).
Segundo Malavolta (2006), o potássio apresenta duplo padrão de absorção, em que
o primeiro mecanismo que opera em baixas concentrações, mostra alta afinidade e
dependência de energia metabólica, independente de sódio. Já o segundo padrão de
absorção funciona sob alta concentração, parece ser comum ao sódio, talvez inibindo a
absorção de potássio, é passivo e se realiza através de canais protéicos. Rains (1972) já
relatava que a absorção de sódio poderia ocorrer por meio do segundo padrão de absorção.
Devido à sua função osmótica, o potássio pode ser parcialmente substituído pelo
sódio como um soluto osmoticamente ativo (TAIZ & ZEIGER, 2004).
Alguns
pesquisadores sugerem que o sódio pode substituir as funções do potássio quando este estiver
em quantidades insatisfatórias à planta na solução do solo. Outros autores como Carvalho,
(2008) supõem que o sódio contribui positivamente à produção de plantas halófitas como a
beterraba. Assim como Faquin (2005) estabeleceu que o sódio é um elemento mineral
essencial ao desenvolvimento de plantas halófitas, como a Atriplex vesicatoria, que pertence à
família Amaranthaceae, satisfazendo o critério indireto de essencialidade.
O sódio é considerado elemento útil, pois, e m geral, a planta vive sem ele,
entretanto, sua presença é capaz de contribuir para o crescimento, por meio de uma maior
expansão celular (TAIZ & ZEIGER, 2004), para a produção ou para a resistência a condições
desfavoráveis do meio. O sódio é considerado elemento essencial para os animais, inclusive
para o homem sendo neles o principal eletrólito, regulando a pressão osmótica dentro da
célula e dos líquidos corporais, papel esse desempenhado pelo potássio na planta
34
(MALAVOLTA, 2006).
Em forrageiras como o capim Mombaça ainda são poucas as informações quanto ao
uso do Na+, quanto à sua classificação como elemento essencial e aos níveis críticos do
elemento no solo e na planta. Considerando que a fertilização com K+ é prática comumente
usada em diversas culturas plantadas no cerrado como as forrageiras e que, resposta ao Na+
tem sido observadas em ambientes pobres em potássio (LACLAU et al., 2003), a busca por
pesquisas que evidenciam a influência desses nutrientes no desenvolvimento de forrageiras se
torna importante para o manejo técnico e economicamente viável em pastagens.
Estudos com a interação do sódio com os demais nutrientes relatam que a aplicação de
sódio induz à diminuição nos teores de potássio nas plantas e causa desequilíbrio entre os
cátions. Uma razão Na/K anormalmente alta e concentrações altas de sais totais inativam as
enzimas e inibem a síntese protéica (TAIZ & ZEIGER, 2004). Tanto o Ca2+ quanto o K+
afetam as concentrações intracelulares de Na+. Da mesma forma que K e Na exercem forte
influência sobre atividade de cálcio (ZHONG & LAÜCHLI, 1994).
No solo o excesso de sais pode causar salinidade e ou sodicidade podendo afetar as
propriedades físicas e químicas, pois ele aumenta a espessura da dupla camada difusa,
proporcionando a dispersão das argilas e, consequentemente, reduzindo a porosidade e a
permeabilidade do solo Fernandes et al. (2006). A salinidade afeta principalmente a absorção
de água pelas plantas, devido à redução do potencial osmótico da solução do solo, enquanto
que a sodicidade afeta a estrutura do solo e, indiretamente, a disponibilidade da água
(BERNARDO, 1995). Dessa forma, o potencial de uso do sódio como nutriente precisa ser
validado por pesquisas cientificas de forma a definir padrões limiares para o solo e planta.
Nesse sentido, objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da substituição parcial do
potássio por sódio na fertilidade de um Latossolo Vermelho Amarelo cultivado com capim
Panicum maximum cv. Mombaça sob fontes fosfatadas.
35
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na área experimental da Universidade Federal do Tocantins
(UFT), Campus Universitário de Gurupi, sob casa de vegetação. A área está localizada nas
coordenadas 11°43‟45” de latitude e 49°04‟07” de longitude, a 280 m de altitude no sul do
estado do Tocantins. O clima regional é do tipo B1wA‟a‟ úmido com moderada deficiência
hídrica (KOPPEN, 1948).
Como substrato foi utilizado solo da camada de 0 a 20 cm de Latossolo VermelhoAmarelo distrófico textura média (EMBRAPA, 2013). O solo coletado foi preparado como
Terra Fina Seca ao Ar. Após esse procedimento foi realizada a caracterização física e química
do solo no Laboratório de Solos (LABSOLO) da Universidade Federal do Tocantins,
conforme metodologia recomendada pela EMBRAPA (1997), (Tabela 1).
Tabela 1. Caracterização química e física de Latossolo Vermelho-Amarelo na camada de 0-20cm localizado na
estação experimental da UFT, Gurupi – TO
pH
MO
CaCl2 g dm-3
5,75
P
K
mg dm-3
Ca
Mg
SB
Al
H+Al CTC
---------------cmolc dm-3---------------
16,70 8,49 23,58 2,24 0,46 2,76 0,0
1,53
V
Areia Silte Argila
---------(g kg-1)---------
4,29 64,27 62,8 8,83 28,33
MO: matéria orgânca; SB: soma de base; CTC: capacidade de troca catiônica; e V: saturação por base
A adubação do solo para o preparo do substrato foi constituída de Ureia como fonte de
N, Superfosfato Simples como fonte de P e FTE BR-12 como fonte de micronutrientes nas
doses de 0,277, 1,000 e 0,125 g dm-3, respectivamente. Os fertilizantes e o solo foram
colocados em sacos plásticos individuais. Após esse procedimento foi realizada 45 revoluções
por período de um minuto para garantir a incorporação de forma homogênea em todos os
tratamentos.
A recomendação de adubação foi realizada segundo CFSEMG (1999) a partir da análise
química do solo sendo a recomendação de adubação para o estabelecimento prevista para
médio nível tecnológico. Foi realizada a adubação com os nutrientes N (ureia) e FTE BR-12
como fonte de micronutrientes. As doses calculadas foram aumentadas em cinco vezes
conforme sugerido para experimentos em vasos por Eichler et al. (2008).
36
A parcela experimental foi constituída por vasos plásticos com capacidade para 5,0 dm3,
que receberam 4,0 dm3 do substrato (Latossolo). Em cada vaso foram realizados cinco furos
nas laterais de forma assegurar a reposição da água ao nível da capacidade de campo.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com três
repetições. Os doze tratamentos foram obtidos em esquema fatorial 3x4. O primeiro fator foi
constituído por três fontes de fósforo (Superfosfato Simples, Fosfato Natural e UFT Fértil 1) e
o segundo fator composto por quatro doses de sódio 0, 20, 40 e 60 mg dm-3 de Na+ em
substituição parcial a recomendação de K+ que foi de 80 mg.dm-3 (0+80, 20+60, 40+40 e
60+20 mg dm-3 de Na+ + K+, respectivamente).
As fontes de fertilizantes fosfatadas utilizadas no experimento possuem em sua
composição porcentagens diferentes de nutrientes. Conforme demonstrado na Tabela 2.
Tabela 2- Composição das fontes fosfatadas utilizadas no experimento
Fontes
fosfatadas
% P2O5
% Ca
%S
1
SS
18
20
16
FN
24
27
UFT Fértil 1
14
12,84
1
%N
7
% Na
4,91
SS= superfosfato simples, FN=fosfato natural e UFT Fértil 1.
A forrageira utilizada foi a gramínea Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça, cujas
sementes apresentaram as seguintes características: pureza de 62 dag kg-1, germinação de 82
dag kg-1 e valor cultural de 50 dag kg-1. Aos 10 dias após a emergência das plantas foi
realizado o desbaste, deixando-se sete plantas bem distribuídas por vaso, sendo mantida essa
população por vaso. Já aos 30 dias após a emergência das plantas foi realizado corte de
uniformização, efetuado a 20 cm de altura a partir da superfície do solo. Além do corte de
uniformização, realizaram-se mais três cortes para fins de avaliações na altura de 20 cm.
O solo foi coletado ao final do experimento, dentre todo o comprimento do vaso, com o
auxilio de uma sonda coletora de solo. Após a coleta, as amostras do solo foram levadas ao
laboratório e preparado como Terra Fina Seca ao Ar. Após esse procedimento foi realizada a
caracterização química do solo no Laboratório de Solos (LABSOLO) e os teores foram
determinados conforme metodologia proposta da EMBRAPA (1997). Na terra fina seca ao ar
(TFSA), foram determinados os teores de Ca2+ e Mg2+ trocáveis extraído em KCl 1 M, de K+
e Na+ extraído em solução de Mehlich 1 e os teores determinados por espectrofotometria de
37
absorção atômica. Para as determinação de Ca2+ foi adicionado estrôncio, necessário para
minimizar as possíveis interferências de P, ferro e alumínio, segundo Miyazawa et al. (1992).
O índice PST (porcentagem de sódio trocável), indicativo da proporção de sódio
adsorvida no complexo de troca de cátions do solo, foi calculado utilizando-se a seguinte
equação:
Assim como o valor da razão de adsorção de sódio (RAS) foi determinado pela seguinte
equação:
Os resultados obtidos foram comparados pelo teste de média de Tukey, a 5% de
probabilidade e submetidos a análises de variância e utilização de regressão através do
programa SigmaPlot 10. Os modelos de regressão foram escolhidos baseados na significância
dos coeficientes da equação de regressão e no coeficiente de determinação, adotando-se 1 e
5% de probabilidade.
38
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na avaliação dos teores disponíveis de nutrientes no solo em função das diferentes
fontes de fósforo e doses de sódio em substituição ao potássio na adubação do capim Panicum
maximum Jacq. cv. Mombaça, foi observado que para o cálcio (Ca2+) o coeficiente de
determinação foi significativo (p≤0,05) para a fonte fosfatada SS e altamente significativo
(p≤0,01) para UFT Fértil 1 (Tabela 3). Assim como o coeficiente de regressão β1 .
Tabela 3- Teores de Ca2+ no solo cultivado com capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça, em
função de diferentes doses de Na2+ em substituição do K2+ com fontes fosfatadas. Gurupi, TO
Doses de Na
(mg dm-3)
0
20
40
60
Equação
R²
Ŷ=2,1336+0,0100x*
Ŷ=2,9332-0,0010x+4,7480-5x²
r²:0,9415*
Ca ( cmolc dm-3)
SS1
2,290 a2
2,131 a
2,423 a b
2,284 a
FN
UFT Fértil 1
2,930 a
2,458 a
3,249 b
1,803 a
2,961 b
1,973 a
3,045 a
2,273 a
Ŷ=1,5553+0,0116x**
R² :0,9863
r²:0,9895**
2
1
SS, FN e UFT Fértil 1 (superfosfato simples, fosfato natural e UFT fértil 1, respectivamente). Médias seguidas
pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 3CV%:
coeficiente de variação.
Ao se analisar os teores de Ca2+ no solo, pode-se notar que as fontes com teores
endógenos mais elevados em sua composição (Tabela 2), no caso a fonte FN, implicaram em
maiores teores no solo. Apresentando diferença estatistica das demais fontes pelo teste de
Tukey (P > 0,05) apenas na dose de Na+ de 20 mg dm-3 (Tabela 3).
Incrementos nos teores de Ca2+ no solo proporcionais ao aumento da dose de Na+
também foram observados no cultivo de diferentes gramíneas forrageiras e de café, por
Queiroz et al. (2004) e Medeiros et al. (2005) respectivamente. Vários registros relatam
aumento nas concentrações de Ca2+ trocável no solo, em resposta ao aumento de Na+; no
entanto, o acréscimo ou decréscimo deste elemento está diretamente relacionado à
composição da fonte aplicada, à quantidade absorvida pelas plantas e à lixiviação no perfil do
solo (MEDEIROS et al., 2005).
A combinação das distintas fontes fosfatadas com a substituição parcial do K+ pelo
Na+ implicou em respostas diferentes no que se diz respeito à demanda por Ca2+ do sistema
solo-planta nas condições estudadas. Para a fonte de fósforo FN, em quaisquer doses de Na+,
os teores de Ca2+ são considerados bons, pois variam entre 2,4 e 4 cmolc dm-3(Tabela 3). Por
outro lado, as fontes SS e UFT Fértil 1, apresentaram efeitos não tão satisfatórios, uma vez
39
que os teores de Ca2+ variam apenas entre 1,21 e 2,4 cmolc dm-3, valores considerados
medianos segundo (CFSEMG, 1999).
Em relação ao teor de K+ no solo, todas as fontes fosfatadas apresentaram resposta
quadrática. O teor de potássio K+ no solo sob pastagem Panicum maximum Jacq. cv.
Mombaça obteve resposta diferente para as fontes com o aumento da dose de Na+ em
substituição ao K+, porém sendo iguais estatisticamente, pois as médias não diferem entre si
pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade (Tabela 4).
Tabela 4- Teores de K+ no solo cultivado com capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça, em
função de diferentes doses de Na+ em substituição do K+ com fontes diferentes de adubos fosfatados.
Gurupi, TO
Doses de Na
(mg dm-3)
0
20
40
60
Equação
R²
K (cmolc dm-3)
SS1
0,039 a2
0,043 a 0,033 a 0,044 a
Ŷ=0,0390+8,7647E005x+0,00000023482x²
R²:0,8789
FN
UFT Fértil
1
0,053 a
0,057 a 0,046 a 0,038 a
Ŷ=0,0540+0,0002x-0,0000076256x²
R²:0,9204
0,039 a
0,062 a 0,044 a 0,040 a
Ŷ=0,0405-0,0003x+0,000010819x²
R²:0,9850
2
1
SS, FN e UFT Fértil 1 (superfosfato simples, fosfato natural e UFT fértil 1, respectivamente).
Médias
seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 3
CV%: coeficiente de variação.
A substituição parcial do íon K+ pelo íon Na+ na adubação do capim Panicum
maximum Jacq. cv. Mombaça aliada a diferentes adubos fosfatados não foi eficiente em suprir
a demanda do K+ do solo estudado. O maior teor de K+ disponível foi de 20 mg dm-3 de K+ em
todas as fontes, valor bastante inferior daquele considerado bom para o sistema solo-planta
que é de 0,182 a 0,307 cmolc dm-3 (CFSEMG, 1999).
Apesar da combinação das diferentes fontes de adubação fosfatadas com a substituição
gradual do K+ por Na+ não ter suprido as exigências nos teores de K+ do solo avaliado, os
baixos teores deste elemento são indícios de que houve uma maior absorção de K+ pelas
plantas de capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça. Os íons K+ e Na+ são antagônicos
quando se trata da absorção de nutrientes pelas plantas, em condições de estresse salino,
baixos teores de K+ no solo são, em parte, evidências de que as plantas absorveram
preferencialmente mais K+ do que Na+, sofrendo menores efeitos tóxicos devido à salinidade
(LINHARES et al., 2013; MARSCHNER, 1995).
A disponibilidade de K+ no solo em função da salinidade do mesmo vem sendo
bastante estudada. Bebé et al. (2010) observaram que os teores de potássio em um Argissolo
40
Amarelo Latossólico aumentaram com o aumento na concentração de Na+ em lâminas águas
de água residuária do café. Diferentes resultados foram observados no presente estudo, pois
houve um decréscimo nos teores de K+ com o aumento nas doses de Na+. Esta contradição
indica que os efeitos nos teores de K+ após incrementos na salinidade do solo dependem,
sobretudo, da natureza dos íons Na+ e do tipo de solo avaliado.
Para os efeitos da adubação com diferentes fontes de fósforo e doses de sódio em
substituição ao potássio em plantas de capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça foi
observado que o teor de Na+ no solo aumentou com o aumento da dose de Na+. A fonte FN
apresentando diferença estatística das demais fontes pelo teste de Tukey (P > 0,05) na dose de
Na+ de 20 mg dm-3 das demais fontes, e nas doses de Na+ de 40 e 60 mg.dm-3 não diferiu
estatisticamente da fonte UFT Fértil 1 pelo teste de Tukey (P > 0,05) (Tabela 5).
Os teores de Na+ no solo apresentaram coeficiente de determinação significativo
(p≤0,05) para a fonte fosfatada SS e altamente significativo (p≤0,01) para UFT Fértil 1, assim
como o coeficiente de regressão β1 para ambas fontes (Tabela 5).
Tabela 5- Teores de Na+ no solo cultivado com capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça, em
função de diferentes doses de Na+ em substituição do K+ com fontes fosfatadas. Gurupi, TO
0
20
40
60
Equação
R²
Ŷ=0,3903-*0,0019x*+0,000019002x²
Ŷ=0,6898+0,0042x-0,0002x²
Ŷ=0,3443+0,0069x**
R²:0,9999*
R²:0,9833
r²:0,9850**
-3
Na ( cmolc dm )
1
SS
FN
UFT Fértil 1
2
0,373 a
0,329 a
0,348 a
0,359 a
0,698 b
0,461 a
0,443 a
0,390 a
0,680 b 0,615 a b
0,648 a b 0,744 b
2
1
SS, FN e UFT Fértil 1 (superfosfato simples, fosfato natural e UFT fértil 1, respectivamente).
Médias
seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 3
CV%: coeficiente de variação
O sódio pode promover a dispersão das partículas do solo, diminuindo a infiltração de
água, de trocas gasosas, de crescimento de raízes, e de desenvolvimento da fauna e flora
(MOREIRA & SIQUEIRA, 2006; FREIRE & FREIRE, 2007).
Em estudos visando a utilização de Na+, a característica de maior importância é a
ocupação do elemento no complexo sortivo. O Laboratório de Salinidade dos Estados Unidos
(Universidade da Califórnia – Riverside) classifica os solos quanto à salinidade em função da
condutividade elétrica do extrato de saturação (CE), da percentagem de sódio trocável (PST)
ou da relação de adsorção de sódio (RAS) e do pH (RICHARDS, 1954).
O uso da fonte SS promoveu maior produção de massa seca da parte aérea (MSPA) no
capim Mombaça em relação à adubação fosfatada com as demais fontes UFT Fértil1 e FN
41
(Tabela 6). Portanto as fontes SS e FN diferiram entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade apenas na dose de Na+ 40 mg dm-³, enquanto que a que as médias da fonte UFT
Fértil 1 se diferiram pelo teste de Tukey (P > 0,05), das demais fontes em todas as doses
analisadas (Tabela 6).
As plantas de capim Mombaça apresentaram resposta quadrática para o acumulo de
massa seca da parte aérea (MSPA) para as fontes SS e UFT Fértil 1, em função de diferentes
doses de Na+ em substituição do K+ e fontes diferentes de fertilizantes fosfatados (Tabela 6).
O coeficiente de regressão β1 foi significativo com resposta linear (p≤0,01) para a curva de
tendência da fonte fosfato natural (FN), assim como o coeficiente de determinação.
A maior produção de massa seca foi observada quando o teor de Na+ foi de 8,55 e 4
mg dm-³ da fonte fosfatada SS e UFT Fértil 1, respectivamente, em substituição ao K+. Em
concentrações superiores foi observada redução na produção de massa seca da parte aérea.
Isso mostra possível benefício do Na+ na adubação do capim Mombaça, podendo esses teores
ser considerados limiares para a substituição de K+ por Na+ para essa forrageira.
Tabela 6 - Médias da massa seca da parte aérea (MSPA) e razão de adsorção de sódio (RAS) no solo
de capim Panicum maximum cv. Mombaça e em função de diferentes doses de Na em substituição do
K com fontes diferentes de adubos fosfatados. Gurupi, TO.
0
20
40
60
Equação
8,045 b
Ŷ=0,9442+0,0154x-0,0009x²
R²
MSPA (g)
1
SS
10,425 b
2
9,850 b
10,007 c
R²:0,9442
2
FN
9,600 b
9,098 b
8,188 b
7,863 b
Ŷ=9,6055-0,0306x**
r :0,9704**
UFT Fértil 1
6,640 a
6,300 a
6,313 a
5,425 a
Ŷ=6,5772+0,0024x-0,0003x²
R²:0,9032
Ŷ= 1,0038*+0,0019x
Ŷ=0,7516*+0,0400x-0,0004x²
r²: 0,8947
R²:0,9956
r²:0,9445*
-3
RAS ( cmolc dm )
1
SS
FN
UFT Fértil 1
1
2
1,019 a
0,740 a
0,871 a
1,022 a
1,661 a
1,280 a
1,132 a
1,072 a
1,686 a b 1,422 a b
1,785 b
1,883 b
Ŷ=0,9245+0,0177x*
2
SS, FN e UFT Fértil 1 (superfosfato simples, fosfato natural e UFT fértil 1, respectivamente).
Médias
seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 3
CV%: coeficiente de variação
A diferença de acumulo de massa seca em função das doses 0, 20 e 40 mg dm-3 de Na+
entre as fontes fosfatadas pode ser explicada pela velocidade da disponibilidade dos nutrientes
de cada fonte (Tabela 2), uma vez que o SS por ter característica de liberação imediata de seus
nutrientes para a planta, os nutrientes foram utilizado mais rapidamente, razão pela qual
apresenta a maior produção de massa seca da parte aérea. Já o FN tem característica de liberar
42
o nutriente de forma lenta, porém durante um longo período, assim apresenta teores
intermediários em relação as outras fontes. Enquanto que a UFT Fértil 1 por ser uma fonte
orgânica a liberação dos nutrientes é mais lenta.
O aumento dos teores de sódio no solo pode provocar a redução do desenvolvimento
vegetal em função dos desequilíbrios nutricionais provocados pelo excesso de sais na
absorção e transporte de nutrientes (FERREIRA et al., 2001; CAVALCANTE et al., 2010).
Reduções na produção de massa seca em função da salinidade também foram observados por
Oliveira et al. (2012) no cultivo do rabanete, onde esse decréscimo foi relacionado com um
dos mecanismos
de adaptação da planta ao estresse salino, diminuindo a superfície
transpirante.
Outros estudos também avaliaram queda na produtividade das plantas submetidas a
estresse salino. Silva et al. (2008) avaliando o crescimento de mamoneira, Soares et al. (2007)
estudando plantas de alface e Feijão et al. (2013) em estudos com milho. Estes resultados
indicam que os distúrbios metabólicos e nutricionais associados ao estresse salino podem ser
resultado da redução da disponibilidade de nutrientes, alterações da integridade estrutural e
funcional da membrana plasmática, e também, inibição de atividades enzimáticas vitais ao
metabolismo (ALVAREZ-PIZARRO et al., 2009).
Em relação às fontes fosfatadas, a razão de adsorção sódio (RAS) no capim Panicum
maximum Jacq. cv. Mombaça não apresentou diferença significativa pelo teste de Tukey (P >
0,05) entre as mesmas na dose de Na+ 0 e 20 mg dm-3 (Tabela 6). Porém na dose de Na+ 40 e
60 mg dm-3 a fonte UFT Fértil 1 apresentou valores superiores, que não se diferiu pelo teste
de Tukey (P > 0,05) da fonte FN, e esta por as vez não se diferiu da fonte SS (Tabela 6).
A razão de adsorção de sódio (RAS) apresentou resposta quadrática para a fonte
fosfatada FN (Tabela 6). E para as fontes SS e UFT Fértil 1 apresentou resposta linear. Na
fonte UFT Fértil 1 o coeficiente de determinação foi significativo (p≤0,05), assim como o
coeficiente de regressão β1 (Tabela 6).
Quando se analisa os valores da RAS juntamente com os de produção de massa seca
da parte aérea (MSPA) pode-se notar que o efeito da substituição do Na+ pelo K+ é antagônico
para estas variáveis (Tabela 6). Uma vez que, quando o solo apresenta uma RAS elevada,
independente da fonte, sua produção de massa seca é diminuída. Resultado também
encontrado por Santos et al. (2006) e Freitas et al. (2007) que trabalhando com porcentagens
43
de Na+ em água residuária também ocorreu elevação da RAS e perca de produção na
mamona e no tomate.
Para os efeitos da adubação com diferentes fontes de fósforo e doses de sódio em
substituição ao potássio em plantas de capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça, na
Figura 1, nota-se que a porcentagem de sódio trocável (PST) foi aumentada em função do
acréscimo nas doses de Na para todas as fontes. Porém as fontes não diferem entre si pelo
teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade em todas as doses analisadas.
Os valores de PST são considerados como um dos indicadores de sodicidade do solo
(RICHARDS, 1954), assim dentro da classificação descrita em Cabello (1996), Christiansen
et al. (1977) e Richards (1954), a fonte fosfatada SS permaneceu abaixo do limite de 15%,
assim como para as fontes FN e UFT Fértil 1 nas doses de 0 e 20 mg dm-³ de Na+, não tendo
sido atingido, portanto, alto nível de salinização/sodificação no solo (Figura 1).
Figura 1- Porcentagem de sódio trocável (PST) em plantas de capim Panicum maximum Jacq. cv.
Mombaça, em função de diferentes doses de Na+ em substituição do K+ com fontes diferentes de
adubos fosfatados. Gurupi, TO. 1Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo
teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 2SS, FN e UFT Fértil 1 (superfosfato simples, fosfato
natural e UFT fértil 1, respectivamente).
Para essas doses a concentração de sódio trocável demonstrou níveis considerados
aceitáveis para que não seja colocada em risco a qualidade do solo, no que se refere ao
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problema de salinização/sodificação e, consequentemente, risco potencial, também, para as
águas subterrâneas. Resultados também observados por Silva (2010) que trabalhando com
adubação alternativa em Tifton com altas concentrações de Na, obteve valores de PST
aceitáveis para um solo normal.
Porém para as fontes fosfatadas FN e UFT Fértil 1 nas doses de Na+ 40 e 60 mg dm-³
os valores foram superiores ao limite de 15%, considerado um dos indicadores de sodicidade
do solo (RICHARDS, 1954), possivelmente assim classificados como salino-sódico. Os solos
salinos-sódicos apresentam, simultaneamente, elevadas concentrações de sais solúveis e de
Na+ trocável (RICHARDS, 1954).
Quando se aplica doses de sódio no solo, sem um manejo adequado que conduza à
lixiviação deste sal, podem ocorrer problemas na permeabilidade do solo, dispersando a
fração argila e diminuindo a taxa de infiltração, o que pode impedir o desenvolvimento da
planta (VARALLO et al., 2012). Essa resposta provavelmente ocorreu nas plantas com a
maior dose de Na+ (60 mg dm-³) para todas as fontes fosfatadas, que como pôde ser notada na
Tabela 6 houve um decréscimo na produção das mesmas.
A avaliação conjunta da RAS, PST e dos teores de Na+ no solo estudado mostram a
influência das diferentes fontes de adubação fosfatadas na salinidade do solo. A fonte mais
solúvel, o SS, apresentou, em geral, os menores valores para estes três atributos. Já a fonte
orgânica UFT Fértil 1, a menos solúvel, apresentou os menores valores para estes indicadores;
e a fonte FN obteve valores medianos. Os teores de P prontamente disponíveis para o solo
podem exercer papel fundamental no sucesso do manejo de solos salinizados. No entanto, os
motivos para explicar os efeitos positivos da adubação fosfatada em solos salinos ainda não
estão bem definidos (VITAL et al., 2005).
Ressalta-se que os impactos negativos da substituição do Na+ pelo K+ sobre o solo e
águas subterrâneas estão condicionados às características do solo, como a textura, ao tipo de
cultura explorada e às condições climáticas locais.
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CONCLUSÕES
1. A maior solubilidade do P nas fontes fosfatadas atenua os efeitos negativos da
salinidade do solo Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico textura média;
2. Substituição do K+ por Na+ em doses superiores a 8,55 mg dm-³ influencia
negativamente a produtividade do capim Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça;
3. A fonte fosfatada SS proporciona os menores valores de RAS, PST e teores de Na + no
Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico textura média;
4. Aumento nos indicadores RAS e PST causam perda de produtividade no capim
Panicum maximum Jacq. cv. Mombaça;
5. As fontes fosfatadas FN e UFT Fértil 1 nas doses de 40 e 60 mg dm-³ de Na+
obtiveram valores superiores ao limite de 15% de PST, e assim o solo provavelmente
passa a ser condicionado como salino-sódico.
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