UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA Joelma Dantas Monteiro EPIDEMIOLOGIA MOLECULAR DOS VÍRUS DENGUE E ZIKA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, NO PERÍODO DE JUNHO DE 2014 A MAIO DE 2015. Natal 2016. JOELMA DANTAS MONTEIRO EPIDEMIOLOGIA MOLECULAR DOS VÍRUS DENGUE E ZIKA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, NO PERÍODO DE JUNHO DE 2014 A MAIO DE 2015. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Biologia Parasitária. Orientador: Prof. Dr. Josélio Maria Galvão de Araújo Natal 2016. JOELMA DANTAS MONTEIRO Epidemiologia Molecular dos vírus Dengue e Zika no Estado do Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Parasitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Biologia Parasitária. Área de concentração: Microbiologia Aprovada em: 26/01/2016. Examinadores Prof. Dr. Josélio Maria Galvão de Araújo (Presidente) – Universidade Federal do Rio Rio Grande do Norte Prof. Dr. José Veríssimo Fernandes (1º Examinador) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte Prof. Dr. Thales Allyrio Araújo de Medeiros Fernandes (2º Examinador) Universidade do Estado do Rio Grande do Norte Dedico este trabalho a Deus e a toda a minha família, meus alicerces diários. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, autor e princípio de tudo. Pai que me concedeu o dom da vida e me propicia inúmeras bênçãos diariamente. Creio que nos momentos mais difíceis, Ele me carregou em seus braços e me forneceu forças para continuar lutando; Aos meus pais, Maria das Dores e José Monteiro, meus maiores exemplos de vida, pessoas espetaculares que trazem consigo os adjetivos de humildade, carinho, dedicação, paciência, esperança, fé e muito amor no coração. Muito obrigada por tudo o que sou e tenho. Amo muito vocês! Aos meus irmãos Joel e Josemar pelos conselhos e discussões que serviram muito para meu engrandecimento pessoal. Amo-vos; À minha sobrinha Maria Clara, sapequinha que tanto amo e que me faz aprender todos os dias a ter um coração semelhante ao de criança; Ao meu namorado Flaviano que me incentivou bastante para continuar lutando pelos meus objetivos, além de ter tido uma enorme paciência para ouvir minhas reclamações e aguentar meus aborrecimentos; A todos os colegas do Laboratório de Doenças Infecciosas e do Câncer (LADIC) pelos momentos de descontração, ensinamentos e desabafos; À Gilca e todos os funcionários do Laboratório Central Dr. Almino Fernandes (LACEN/RN) que há anos contribuem para que muitas pesquisas no LADIC possam ser realizadas; Agradeço imensamente ao professor Dr. Josélio Maria Galvão de Araújo pela paciência e orientação oferecida desde a graduação. Muito obrigada pela generosidade nos seus ensinamentos que sem dúvida, serviram significativamente para o meu engrandecimento pessoal e profissional; Agradeço à Joana Valverde pela ajuda nas análises estatísticas; À Kátia Rejane da Silva pela significativa ajuda e paciência na normalização desse trabalho; Aos professores Dr. José Veríssimo Fernandes e Dr. Daniel Carlos Ferreira Lanza pela participação na banca de qualificação; Agradeço também ao professor Dr. Thales Allyrio Araújo de Medeiros Fernandes e mais uma vez ao Dr. José Veríssimo Fernandes por ter aceitado fazer parte da banca de defesa. Tenho um grande respeito e admiração por todos e sei que a experiência de cada um de vocês, contribuiu significativamente para enriquecer este trabalho; Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (FAPERN) pelo apoio financeiro. ―Não fique ansioso com aquilo que você ainda não tem. Tudo tem o seu tempo. Jogue as sementes no chão... Cuide e um dia elas irão germinar...‖. Padre Fábio de Melo RESUMO Os agentes etiológicos da dengue e da febre zika são vírus de RNA de fita simples, com polaridade positiva, pertencentes à família Flaviviridae, gênero Flavivirus e são transmitidos ao homem através da picada de vetores artrópodes hematófagos do gênero Aedes. O Estado do Rio Grande do Norte (RN) convive com casos da dengue há mais de duas décadas. Em relação à febre zika, até os primeiros dias do mês de maio de 2015, o Ministério da Saúde não havia confirmado nenhum caso da doença no Brasil, tampouco no RN, embora já houvesse suspeita clínica da infecção causada por esse vírus. Esse trabalho objetivou analisar o perfil epidemiológico dos vírus Dengue e Zika no Estado do RN, no período compreendido de junho de 2014 a maio de 2015. Um total de 334 amostras de sangue provenientes de pacientes foram estudadas para os vírus Dengue (DENV) através da técnica de RT-PCR, onde 8,08% foram positivas e 348 amostras foram analisadas para detecção do vírus Zika (ZIKV) por meio da qRT-PCR, nas quais 20,98% foram positivas. Foi constatada a cocirculação dos sorotipos DENV-1, DENV-2 e DENV-4 no RN no período do estudo, com predominância do DENV-4, detectado em 66,67% (18/27) dos casos positivos. Os municípios de Natal, Jandaíra e Ouro Branco tiveram maior número de casos confirmados para os DENV, com 22,22% (6/27), 18,52% (5/27) e 11,11% (3/27), respectivamente. No que se refere ao ZIKV, as cidades que apresentaram maior número de casos confirmados foram: Natal, Parnamirim, Guamaré e Nova Cruz Parnamirim, com 30,14% (22/73), 19,18% (14/73), 13,70% (10/73) e 9,59% (7/73) respectivamente. O primeiro município a ter um caso confirmado de DENV no período estudado foi Jandaíra. Caiçara do Rio do Vento foi o primeiro a apresentar um caso de ZIKV, seguido de Galinhos. Junho foi o mês mais representativo em número de casos confirmados de DENV com 44,44% (12/27), enquanto março foi o mês com maior número de casos confirmados de ZIKV com 23,29% (17/73). O gênero masculino e o feminino apresentaram praticamente a mesma proporção de casos detectados para os DENV, com 51,85% (14/27) e 48,15% (13/27), respectivamente, enquanto o ZIKV acometeu um maior número de mulheres, representando 57,53% (42/73) dos casos. As faixas etárias mais acometidas pelos DENV foi a de 11-20 e 51-60 anos, com 18,52% (5/27) cada uma. Com relação ao ZIKV, a idade de 0-10 anos foi a mais incidente com 19,18% (14/73) dos casos confirmados, seguidas das idades de 31-40 e 41-50 anos, onde cada uma destas representou 16,44% (12/73). A análise comparativa da carga viral entre os 5 dias da febre zika realizada por qRT-PCR mostrou uma carga viral maior no 3° dia de doença. Uma vez comprovada a cocirculação desses dois flavivírus no RN, torna-se necessário conhecer a prevalência e a dinâmica de circulação de cada um deles na população local, no intuito de estabelecer medidas de controle, visando prevenir futuros surtos e epidemias no Estado. Este trabalho representa o estudo mais abrangente sobre o vírus Zika no Estado do RN. Palavras-chave: Dengue. Zika. Epidemiologia. Rio Grande do Norte. ABSTRACT The etiological agents of dengue fever and zika are single-stranded RNA viruses with positive polarity belonging to the Flaviviridae family, genus flavivirus and is transmitted to humans through the bite of blood-sucking arthropod vectors of the genus Aedes. The state of Rio Grande do Norte (RN) lives with dengue cases for over two decades. Regarding the zika fever, until the first day of May 2015, the Ministry of Health had not confirmed any cases of the disease in Brazil, either in RN, although already had clinical suspicion of infection caused by this virus. This study aimed to analyze the epidemiological profile of Dengue and Zika virus in the state of Rio Grande do Norte, in the period June 2014 to May 2015. A total of 334 blood samples from patients were analyzed for dengue virus (DENV) by RT-PCR technique where 8.08% were positive and 348 samples which were analyzed to detection Zika vírus (ZIKV) by means of qRT-PCR, of which 20.98% were positive. It was found the movement of DENV serotypes-1, DENV-2 and DENV-4 in infants in the study period, with a predominance of this, detected in 66.67% (18/27) of positive cases. The municipalities of Natal, Jandaíra and Ouro Branco had a higher number of confirmed cases to the DENV, with 22.22% (6/27), 18.52% (5/27) and 11.11% (3/27), respectively. With regard to the ZIKV, the cities with highest numbers of confirmed cases were Natal, Parnamirim, Guamaré e Nova Cruz with 30.14% (22/73), 19.18% (14/73), 13.70% (10/73) and 9, 59% (7/73) respectively. The first town to have a confirmed case of DENV during the study period was Jandaíra. Caiçara of Rio of Vento was the first to present a case ZIKV, followed by Galinhos. June was the most representative month in the number of confirmed cases of DENV with 44.44% (12/27), while March was the month with the highest number of confirmed cases of ZIKV with 23.29% (17/73). The male and females have about the same proportion of detected cases for DENV, with 51.85% (14/27) and 48.15% (13/27) respectively, while the ZIKV occurred in a larger number of women, representing 57.53% (42/73) of cases. The age groups most affected by dengue were 11-20 and 51-60 years, each with 18.52% (5/27) each one. Regarding the ZIKV, the age of 0-10 years was the most frequent with 19.18% (14/73) of the confirmed cases, followed by ages 3140 and 41-50 years, where each of these represented 16 44% (12/73). The comparative analysis of the viral load between 5 days of fever zika performed by qRT-PCR showed a viral load higher on the 3rd day of the disease. Once proven the presence of these two flavivirus in RN, it is necessary to know the prevalence and circulation dynamics of each of the local population in order to establish control measures aimed at avoiding future outbreaks and epidemics in the state. This study represents the largest study on the virus Zika in the state of RN. Keywords: Dengue. Zika. Epidemiology. Rio Grande do Norte. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Representação esquemática do genoma dos flavivírus ............................ 24 Figura 2 - Replicação dos flavivírus .......................................................................... 26 Figura 3 - Ciclo de transmissão dos flavivírus ........................................................... 28 Figura 4 - Classificação da dengue em níveis de gravidade sugerida pela Organização Mundial de Saúde ................................................................................ 34 Figura 5 - Países ou áreas de risco para os DENV ................................................... 41 Figura 6 – Distribuição geográfica do ZIKV ............................................................... 46 Figura 7 – Localização do Estado do Rio Grande do Norte ..................................... 57 Figura 8 – Mesorregiões e microrregiões do Estado do Rio Grande do Norte .......... 57 Figura 9 – Curva de amplificação do primeiro teste realizado para identificação e detecção dos ZIKV através da técnica de qRT-PCR ........................................ 65 Figura 10 – Curva de amplificação do segundo teste para detecção dos ZIKV através da técnica de qRT-PCR ............................................................................ 66 Figura 11 – Curva de amplificação do terceiro teste para detecção dos ZIKV através da técnica de qRT-PCR ............................................................................ 68 Figura 12 – Amplificação que não ocorreu no quarto teste para detecção dos ZIKV, devido redução na concentração do TaqMan FAST Vírus 1- Step Master Mix (Applied Byossistems) para 1,25x ............................................................................ 68 Figura 13 – Padronização do protocolo implantado (quinto teste) para detecção dos ZIKV através da técnica de qRT-PCR ............................................................ 70 Figura 14 – Sorotipos do vírus Dengue detectados por mês, no período de junho de 2014 a maio de 2015 ................................................................................................. 71 Figura 15 – Eletroforese horizontal em gel de agarose a 1%. Visualização dos produtos amplificados pela transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase (RT-PCR) para tipagem dos DENV segundo o protocolo descrito por Lanciotti et al., 1992. Poço 1: Marcador de Peso Molecular de 100 pares de bases (Promega); Poço 2: Controle negativo; Poço 3: Amostra positiva para DENV-1; Poço 4: Amostra positiva para DENV-2; Poço 5: Amostra positiva para DENV-3; Poço 6: Amostra positiva para DENV-4.................................................................................. 72 Figura 16 – Vírus Zika detectados por mês, no período de junho de 2014 a maio de 2015. ......................................................................................................................... 73 Figura 17 – Perfil de amplificação do ZIKV demonstrado através da técnica de transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR). ............................................................................................................... 73 Figura 18 – Mapa do Estado do Rio Grande do Norte demonstrando os municípios incidentes pelos DENV no período de junho de 2014 a maio de 2015. .................... 74 Figura 19 – Mapa do Estado do Rio Grande do Norte demonstrando os municípios incidentes pelo ZIKV no período de junho de 2014 a maio de 2015. ........................ 76 Figura 20 – Mapas do Estado do Rio Grande do Norte, mostrando a evolução dos DENV e ZIKV durante o período de junho de 2014 a maio de 2015. A: Junho-Agosto/14; B: Junho-Novembro/14; C: Junho/14 a Fevereiro/15; D: Junho/14 a Maio/15 .................................................................................................. 79 Figura 21 – Linha do tempo mostrando os municípios incidentes pelo ZIKV durante o período de junho de 2014 a maio de 2015 ............................................................... 80 Figura 22 – Distribuição mensal dos casos positivos e estudados para os DENV no período de junho de 2014 a maio de 2015 ............................................................... 82 Figura 23 – Distribuição mensal dos casos positivos e estudados para ZIKV no período de junho de 2014 a maio de 2015 ............................................................... 83 Figura 24 – Casos confirmados de DENV por gênero, no período de junho de 2014 a maio de 2015 ............................................................................................................ 84 Figura 25 – Casos confirmados de ZIKV por gênero, no período de junho de 2014 a maio de 2015 ............................................................................................................ 85 Figura 26 – Casos positivos para os DENV no período de junho de 2014 a maio de 2015, conforme a faixa etária ................................................................................... 85 Figura 27 – Casos positivos para ZIKV no período de junho de 2014 a maio de 2015, conforme a faixa etária .............................................................................................. 86 Figura 28 – Média dos valores de Ct indicando a carga viral por dia de doença, obtido de casos confirmados de ZIKV nesse estudo................................................. 87 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Sequência de oligonucleotídeos que foram utilizados para tipagem dos vírus da dengue por meio de transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase (RT-PCR) ................................................................................................ 59 Tabela 2 - Reagentes utilizados para detectar os sorotipos do vírus da dengue por meio de transcrição reversa seguida pela reação em cadeia pela polimerase (RTPCR) ........................................................................................................................ 60 Tabela 3 - Sequência da sonda e dos primers iniciadores utilizados na transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR) para detecção do vírus Zika (Y = T ou C, R = A ou G) ....................................................................................................................................62 Tabela 4 - Reagentes utilizados para detecção do vírus Zika por meio de transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR)...62 Tabela 5 - Reagentes utilizados no primeiro teste para detectar o ZIKV por meio da transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR) ................................................................................................................ 65 Tabela 6 - Reagentes utilizados para detectar o ZIKV por meio de transcrição reversa seguida pela reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR) com a concentração padrão implantada no LADIC .................................................. 67 Tabela 7 - Detecção e porcentagem dos casos positivos pelos DENV e dos casos positivos para ZIKV .................................................................................................. 71 Tabela 8 - Municípios incidentes pelos DENV, número de casos confirmados, sorotipos circulantes e porcentagem de casos positivos no período de junho de 2014 a maio de 2015 ......................................................................................................... 75 Tabela 9 - Municípios incidentes pelos ZIKV, número de casos confirmados, além da porcentagem de casos positivos no período de junho de 2014 a maio de 2015 ...... 77 Tabela 10 - Distribuição mensal dos casos confirmados, estudados e sorotipos de DENV circulantes no Rio Grande do Norte, durante o período de junho de 2014 a maio de 2015............................................................................................................. 81 Tabela 11 - Distribuição mensal dos casos confirmados e estudados de ZIKV no Rio Grande do Norte, durante o período de junho de 2014 a maio de 2015 ................... 83 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AAS: Ácido acetilsalicílico C: Proteína estrutural do capsídeo viral cDNA: ―Complementary DNA‖, DNA complementar Ct: ―Cycle threshold‖; Ciclo threshold d.C: Depois de Cristo DC: Dengue clássica DENV: Vírus Dengue DENV-1: Sorotipo 1 dos Vírus Dengue DENV-2: Sorotipo 2 dos Vírus Dengue DENV-3: Sorotipo 3 dos Vírus Dengue DENV-4: Sorotipo 4 dos Vírus Dengue DNA: Ácido desoxirribonucleico ECDC: ―European Centre for Disease Prevention and Control‖, Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças FA: Febre Amarela FHD: Febre hemorrágica da dengue FIOCRUZ: Fundação Oswaldo Cruz Hab/km²: Habitante por kilômetro quadrado IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IgG: Imunoglobulina G IgM: Imunoglobulina M kDa: Kilodálton LACEN: Laboratório Central Doutor Almino Fernandes LADIC: Laboratório de Doenças Infecciosas e do Câncer μL: microlitro μM: Micrômetro M: Proteína estrutural da membrana MAC-ELISA: ―IgM Antibody-capture enzyme-linked immunosorbent assay‖, Ensaio imunoenzimático de captura de anticorpo IgM MG: Minas Gerais mL: mililitro mm³: milímetro cúbico nM: Nanomolar OMS: Organização Mundial de Saúde PCR: ―Polymerase Chain Reaction‖, Reação em Cadeia pela Polimerase pH: Potencial de hidrogênio PrM: Proteína estrutural de pré-membrana qRT-PCR: ―quantitative Reverse-transcription Polymerase Chain Reaction‖, Transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase quantitativo RNA: Ácido ribonucleico RN: Rio Grande do Norte RT-PCR: ―Reverse-transcription Polymerase Chain Reaction‖, Transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase SCD: Síndrome de choque da dengue U/μL: Unidade por microlitro UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte UTR: ―Untranslated region‖, Região não traduzida V: Voltagem ZIKV: Vírus Zika SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 19 1.1 Breve histórico sobre a Dengue ..................................................................... 20 1.2 Breve histórico sobre a Febre Zika ................................................................. 22 1.3 Os agentes etiológicos da Dengue e da Febre Zika ....................................... 23 1.4 Vetores .............................................................................................................. 27 1.4.1 Aedes aegypti................................................................................................... 28 1.4.2 Aedes albopictus .............................................................................................. 30 1.5 Doença .............................................................................................................. 31 1.5.1 Doença causada pelos DENV .......................................................................... 31 1.5.2 Doença causada pelo ZIKV .............................................................................. 34 1.6 Diagnóstico ....................................................................................................... 38 1.6.1 Diagnóstico laboratorial dengue ...................................................................... 38 1.6.2 Diagnóstico laboratorial zika ............................................................................ 39 1.7 Aspectos epidemiológicos - Dengue .............................................................. 40 1.7.1 Dengue no mundo ........................................................................................... 40 1.7.2 Dengue nas Américas ..................................................................................... 42 1.7.3 Dengue no Brasil ............................................................................................. 42 1.7.4 Dengue no Rio Grande do Norte ..................................................................... 44 1.8 Aspectos epidemiológicos – Febre Zika ......................................................... 45 1.8.1 Febre Zika no mundo ...................................................................................... 45 1.8.2 Febre Zika nas Américas ................................................................................. 46 1.8.3 Febre Zika no Brasil ........................................................................................ 47 1.8.4 Febre Zika no Rio Grande do Norte ................................................................ 49 1.9 Controle e vacina ............................................................................................. 50 1.9.1 Da Febre Dengue ........................................................................................... 50 1.9.2 Da Febre Zika ................................................................................................. 51 2 JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 53 3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 55 3.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 55 3.2 Objetivos específicos ....................................................................................... 55 4 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 56 4.1 Tipo de estudo ................................................................................................... 56 4.2 Local de estudo ................................................................................................. 56 4.3 Amostras clínicas da população e fonte de dados do estudo ....................... 58 4.4 Extração do RNA viral ...................................................................................... 58 4.5 Transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase (RTPCR) para detecção e tipagem dos DENV ............................................................ 59 4.6 Transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR) para detecção dos ZIKV .................................................... 61 4.7 Análise de dados .............................................................................................. 63 4.8 Considerações éticas ....................................................................................... 63 5 RESULTADOS ...................................................................................................... 64 5.1 Implantação e aplicação da técnica de transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR) para detecção do ZIKV ......................................................................................................................... 64 5.2 Monitoramento viral .......................................................................................... 70 5.2.1 Pesquisa dos sorotipos dos vírus Dengue e identificação da circulação do vírus Zika no Estado do Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015 .......................................................................................................................... 70 5.3 Análise espaço temporal e perfil epidemiológico dos DENV e ZIKV ............ 74 5.3.1 Municípios incidentes pelos DENV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015 .................................................................................. 74 5.3.2 Municípios incidentes por ZIKV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015 ........................................................................................... 76 5.3.3 Análise da distribuição espacial e evolução dos DENV e ZIKV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015 ........................................... 77 5.3.4 Análise temporal dos DENV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015 ................................................................................................ 80 5.3.5 Análise temporal dos casos de ZIKV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015 ................................................................................. 82 5.3.6 Investigação dos DENV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015, de acordo com o gênero ................................................................ 84 5.3.7 Investigação do ZIKV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015, de acordo com o gênero ................................................................... 84 5.3.8 Investigação dos DENV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015, de acordo com a faixa etária........................................................... 85 5.3.9 Investigação do ZIKV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015, de acordo com a faixa etária.............................................................. 86 5.3.10 Carga viral dos casos confirmados de ZIKV por dia de doença ..................... 86 6 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 88 7 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 94 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 96 19 1 INTRODUÇÃO Os arbovírus são um grupo de vírus mantidos na natureza principalmente através de ciclos que envolvem vetores artrópodes hematófagos e hospedeiros vertebrados suscetíveis (BATISTA, 2011; FAUCI e MORENS, 2016; FIGUEIREDO, 2007). Esses vírus também são um relevante problema de saúde pública em várias partes do mundo (TEIXEIRA et al., 2009), causando impacto tanto econômico, quanto social na população (SANTOS e SILVA, 2015; YUILL, 1986). Estima-se que haja mais de 545 espécies de arbovírus, dentre as quais, mais de 150 deles estão relacionados com doenças em seres humanos, onde a maioria é zoonótica (LOPES, NOZAWA e LINHARES, 2014). Taxonomicamente, os arbovírus são divididos em diversas famílias, porém, as mais representativas para a saúde pública por causar infecções em humanos e em animais, são: Togaviridae, Bunyaviridae, Reoviridae, Rhabdoviridae e Flaviviridae (BOLLING et al., 2014; LOPES, NOZAWA e LINHARES, 2014; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1985). A família Flaviviridae é composta pelos gêneros: Flavivírus, Hepacivírus e Pestivírus, porém, o mais representativo é o primeiro por contemplar mais de 70 vírus, nos quais cerca de 40 deles são reconhecidamente causadores de patologias humanas (ASSENBERG et al., 2009). Além disso, o gênero Flavivírus é o único dessa família cujos vírus são transmitidos por artrópodes e por esse motivo, são classificados como arbovírus (PAUVOLID-CORRÊA e VARELLA, 2008). Os flavivírus apresentam uma distribuição cosmopolita. A evolução, o padrão de dispersão e as características epidemiológicas desses vírus são determinados por uma combinação de fatores impostos pelo vetor artrópode e pelo hospedeiro vertebrado (MEDEIROS, 2009). Os vírus do gênero Flavivírus podem causar encefalites, quadros hemorrágicos, doenças hepáticas e febris severas nos animais vertebrados, incluindo o homem, sendo responsável por elevadas taxas de morbidade e mortalidade em seres humanos (MARTINS, 2012; MONATH e HEINZ, 1996). Alguns vírus pertencentes à família Flaviviridae possuem grande importância médica, tais como o vírus da Febre Amarela, vírus Ilhéus, vírus Rocio, vírus da Encefalite de São Luís, vírus do Nilo Ocidental, vírus da Encefalite Japonesa, vírus 20 Dengue e vírus Zika (CASSEB et al, 2013; GATHERER e KOHL, 2015). Neste trabalho, abordamos sobre o perfil epidemiológico de dois arbovírus circulantes no Estado do Rio Grande do Norte: vírus Dengue (DENV) e vírus Zika (ZIKV). 1.1 Breve histórico sobre a Dengue Os primeiros relatos de sintomas compatíveis com a dengue vêm de uma enciclopédia chinesa que teve sua primeira publicação datada de 265 a 450 d.C., mas a referência formal ocorreu nas Dinastias Tang, 610 d.C, e Sung do Norte, 992 d.C (GUBLER, 1998). Inicialmente, a doença ficou conhecida pelos chineses como ―água envenenada‖, pois estes relacionavam insetos voadores à água (SILVA NETO et al., 2013). Na região das Índias Francesas Ocidentais no ano de 1635, foram descritos surtos de uma doença febril aguda. No Panamá, em 1699, ocorreu situação similar (GUBLER, 1998). Uma doença com as mesmas características também foi descrita nos anos de 1779 e 1780 em três continentes: Asiático, atingindo a Batávia (Indonésia), Africano, ocorrido no Cairo (Egito) e Americano, na Filadélfia (Estados Unidos da América) (GONÇALVES, 2010). Nesse período, alguns termos foram utilizados para caracterizar a doença e o mais conhecido deles foi ―febre quebra ossos‖ (VASCONCELOS, 1999). Porém, não há consenso quanto ao fato das descrições apresentadas terem sido causadas por dengue ou chikungunya (BURKE e MONATH, 2001). Dengue é um homônimo espanhol para o Swahili, língua de algumas regiões da costa leste africana, na qual a expressão ―Kidengapepo‖ significa pancada ou golpe causada por maus espíritos e provoca um súbito tremor de câimbra (HALSTEAD, 1980; REZENDE, 1997). O termo dengue só foi introduzido na literatura médica entre os anos de 1827 e 1828 durante uma epidemia ocorrida no Caribe, onde as principais características clínicas observadas foram exantema e artralgia (FARIA, 2010). Em Cuba, houve uma epidemia no ano de 1828 na qual a doença foi chamada de ―dunga‖, depois mudou para ―dengue‖, por cujo nome é 21 conhecido até hoje para identificar síndromes febris epidêmicas (GUBLER, 1997). No Brasil, faz-se referência à dengue desde o ano de 1846, período em que a doença adquiriu importância epidemiológica (BRAGA e VALLE, 2007). No ano de 1906, Bancroft sugeriu que o vírus causador da doença era transmitido por um vetor e que esse provavelmente seria o Aedes aegypti, anteriormente denominado Stegomyia fasciata (BANCROFT, 1907). No ano seguinte, Ashburn e Craig demonstraram a natureza viral do agente etiológico (ASHBURN e CRAIG, 1907) e apenas em 1918, na Austrália, foi comprovada a transmissão do vírus pelo mosquito Aedes aegypti após realização de um teste sobre a capacidade de transmissão do vírus Dengue (CLELAND e BRADLEY, 1919). O vírus da dengue só foi isolado em 1943 por Kimura e Hotta, onde a cepa foi denominada de Mochizuk (KIMURA e HOTTA, 1944). No ano de 1944, Sabin e Schelinger isolaram cepas virais no Havaí e no mesmo ano, também foram identificadas cepas em Nova Guiné e, logo descobriram que apesar de possuir características antigênicas diferentes, os isolados pertenciam ao mesmo vírus, sendo então considerados sorotipos. (SABIN e SCHELINGER, 1945). As primeiras cepas foram denominadas respectivamente de sorotipos 1 e 2. Em 1956, no curso da epidemia de dengue ocorrida nas Filipinas, foram isolados os sorotipos 3 e 4. A partir de então, o complexo dengue passou a ser formado por quatro sorotipos do vírus (BARRETO e TEIXEIRA, 2008). Possivelmente os DENV se originaram na Ásia, uma vez que os quatro sorotipos foram encontrados em ciclos de transmissão silvestre, nas florestas asiáticas (RUDNICK, 1986), envolvendo primatas não humanos. Posteriormente, esses mesmos vírus foram introduzidos para aldeias, iniciando assim o ciclo urbano da doença (MARCONDES e TAUIL, 2011). A introdução dos vírus da dengue em aldeias pode ter ocorrido por humanos ou macacos, porém, a propagação viral ocorreu através dos mosquitos peridomésticos Aedes aegypti, de origem africana e Aedes albopictus, de origem asiática. Das aldeias os DENV e ambos os vetores mencionados foram transportados para cidades portuárias por meio de embarcações (GUBLER, 2004). 22 1.2 Breve histórico sobre a Febre Zika O vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus que leva o nome de uma floresta, denominada Zika, localizada próximo de Kampala e Entebbe na Uganda, onde foi encontrado pela primeira vez (FAYE et al., 2014; IOOS et al., 2014). Esse vírus foi originalmente isolado em 20 de abril de 1947 a partir do soro de uma fêmea de macaco Rhesus febril, utilizada como sentinela para detecção da febre amarela silvestre nessa floresta (HADDOW et al., 2012; VASCONCELOS, 2015). No ano seguinte, o ZIKV foi novamente isolado, desta vez, a partir de uma amostra de Aedes africanus proveniente do mesmo local (DICK, KITCHEN e HADDOW, 1952) e em 1952, o vírus foi isolado pela primeira vez a partir de amostras de soro humano provenientes do Leste da África. Porém, apenas no ano de 1964 é que foi relatado o primeiro caso de infecção pelo ZIKV em humano, com descrição clinica detalhada, realizada por um médico entomologista que se infectou com o vírus durante um trabalho de campo realizado na Uganda e descreveu sua própria infecção (DIALLO et al., 2014). Inicialmente, esse pesquisador sentiu uma leve dor de cabeça e no dia seguinte, apresentou uma erupção cutânea maculopapular que se iniciou pelo rosto, pescoço, tronco, braços, propagando-se para as palmas das mãos e plantas dos pés, desenvolvendo febre e mal-estar. No outro dia, a febre havia desaparecido e a erupção estava sumindo. No terceiro dia da infecção, o médico entomologista ainda apresentava erupção, mas esta desapareceu dois dias depois (HAYES, 2009). Apesar desta descrição da doença, até o ano de 2007 esse vírus permaneceu relativamente desconhecido (FAYE et al., 2013; IOOS et.al, 2014; MACNAMARA, 1954; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2015). Atualmente, existem três linhagens de ZIKV conhecidas e descritas: duas de origem africana e uma asiática (PINTO JUNIOR et al, 2015), porém, ainda há muito que se compreender a respeito desse vírus (SVS, 2015). 23 1.3 Os Agentes etiológicos da Dengue e da Febre Zika Quanto aos vírus da dengue, estes contêm quatro sorotipos distintos e estreitamente relacionados: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 (GUBLER e CLARCK, 1995; WEAVER e VASILAKIS, 2009), exibindo 65% de homologia em seu genoma (BURKE e MONATH, 2001). Os DENV são esféricos, possuem envelope lipídico, bem como um capsídeo de simetria icosaédrica, formando uma partícula que mede entre 40-50 nm de diâmetro (LUPI, CARNEIRO e COELHO, 2007). No que se refere ao vírus da febre zika, há apenas um sorotipo desse vírus descrito até o momento, com ciclo natural de transmissão tanto silvestre quanto urbana (FAYE et al., 2014). Os vírus DENV e ZIKV são transmitidos ao ser humano pela picada das fêmeas do mosquito Aedes infectadas (GUBLER, 2002b; IOOS et al., 2014). O principal vetor é o Aedes aegypti (FAUCI e MORENS, 2016), artrópode hematófago bem adaptado às condições de vida humana, embora haja outras espécies, como é o caso do Aedes albopictus, que também pode transmitir os vírus após ingerir o sangue de um indivíduo infectado (GUBLER, 2002a; GUZMAN e ISTÚRIZ, 2010; MUSSO et al., 2014b). Como todos os flavivírus, os DENV e ZIKV possuem genoma composto por uma fita simples de RNA, polaridade positiva, contendo cerca de 11.000 nucleotídeos e uma única fase aberta de leitura, flanqueada pelas regiões 5’ e 3’ não traduzidas (UTR’s), codificando uma única poliproteína (CHAMBERS et al, 1990; FAYE et al., 2013; SOLOMON e MALLEWA, 2001) que posteriormente é clivada em proteínas estruturais denominadas de capsídeo (C), pré-membrana (prM) e envelope (E) e não-estruturais conhecidas respectivamente como NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5 (BARONTI et al., 2014; ROTHMAN, 2004) (Figura 1). A 5’ UTR é relativamente curta (com cerca de 100 nucleotídeos), tem a estrutura de uma tampa na extremidade 5’, possui um cap terminal e é uma região muito conservada, enquanto a 3’UTR é mais longa (cerca de 450 nucleotídeos), desprovida de cauda poli A, além de conter estruturas conservadas (ALVAREZ et al., 2005). 24 Figura 1 - Representação esquemática do genoma dos flavivírus. Fonte: (Modificado de SAMPATH e PADMANABHAN, 2009). A proteína C compõe o capsídeo viral, é homodimérica com peso aproximado de 12 kilodaltons (kDa), no qual cada monômero possui quatro alfahélices (CHANG et al., 2001). Essa proteína tem uma carga elevada, sendo essencial para assegurar a montagem dos vírions pelo empacotamento do RNA genômico (MA et al., 2004). A proteína M está associada à membrana (BASTOS, 2004) e na sua forma imatura é chamada de prM, onde após passar por processamento por clivagem durante a maturação das partículas virais dentro da via secretora, se torna M, um pequeno fragmento proteolítico (8kDa) da proteína precursora prM (de 21kDa) (RODENHUIS-ZYBERT, WILSCHUT e SMIT, 2010). A glicoproteína E do envelope é uma estrutura em forma de espícula que se projeta para fora do envelope viral, sendo a maior dentre as proteínas estruturais do vírus, possuindo cerca de 57 kDa. É dimérica e é a principal proteína estrutural, responsável pela indução de anticorpos neutralizantes, e pela adsorção das partículas virais aos receptores nas células do hospedeiro (LUPI, CARNEIRO e COELHO, 2007). Além disso, ela promove a fusão entre o envelope viral e a membrana do endossomo, vesícula que se forma durante o processo de entrada do vírus na célula, possuindo atividade hemaglutinante (BRICKS, 2004). Cada monômero dessa glicoproteína é composto de três domínios: I, que forma uma estrutura barril beta; II, responsável por se projetar na superfície do vírus e III, que mantém uma conformação semelhante à imunoglobulina, envolvendo-se na 25 interação com receptores celulares que contribuem para entrada do vírion na célula hospedeira (LINDENBACH, THIEL e RICE, 2007; MODIS et al, 2004). Em se tratando das proteínas não estruturais, a NS1 é dimérica, N-glicosilada, com 46 kilodaltons de peso molecular existente nas formas intra e extracelulares (JACOBS et al., 2000). Essa proteína é altamente conservada e parece ser essencial para a atividade infecciosa dos vírus (YOUNG et al., 2000). A proteína NS2A possui 22 kilodaltons, é hidrofóbica e possui envolvimento na coordenação da mudança entre o empacotamento e a replicação do RNA (KHROMYKH et al., 2001). A NS2B tem peso de 14 kilodaltons e ao se associar com a membrana forma um complexo estável com a NS3, atuando como cofator na atividade proteolítica de clivagem das proteínas não estruturais (FALGOUT et al., 1991). Já a proteína NS3 possui 70 kilodaltons e diversas funções, como por exemplo, atividade nucleotídeo trifosfatase, RNA helicase e age no processamento de replicação de RNA (LI et al., 1999). Tanto a proteína NS4A (16 kilodaltons) como a NS4B (24 kilodaltons) são hidrofóbicas e estão envolvidas no processo de replicação viral e na inibição da sinalização de interferon (LINDENBACH, THIEL e RICE, 2007). Por fim, a proteína NS5 é a maior proteína viral, sendo altamente conservada, multifuncional, com atividade de metiltransferase e atividade de RNA polimerase dependente, possui 103 kilodaltons (FAYE et al., 2014; LINDENBACH, THIEL e RICE, 2007) e é uma enzima chave para o processo de replicação viral (BALEOTTI, MORELI e FIGUEIREDO, 2003). É importante ressaltar que as células mononucleares fagocitárias são os principais alvos para replicação dos vírus em indivíduos infectados (BUCKLEY e GOULD, 1988; JESSIE et al, 2004; RODENHUIS-ZYBERT, WILSCHUT e SMIT, 2010). Esses flavivírus se ligam a receptores presentes na superfície das células do hospedeiro e em seguida, penetram por endocitose mediada por clatrinas (ARAÚJO e SCHATZMAYR, 2015). Em seguida ocorre a fusão entre o envelope viral e a membrana do endossoma com dependência da variação de pH. Em meio ácido, ocorrem mudanças conformacionais na glicoproteína E, expondo os peptídios promotores dessa fusão, causando a liberação de nucleocapsídeos virais no citoplasma da célula hospedeira (CHU e NG, 2004). Posteriormente, ocorre a quebra 26 do capsídeo e inicia-se tradução do RNA mensageiro viral em uma poliproteina que vai dar origem às proteínas não estruturais e estruturais do vírus. Em seguida ocorre a transcrição do RNA genômico do vírus, dando origem a uma fita de RNA com polaridade negativa que vai servir de molde para a replicação do genoma viral, o qual é transcrito em um único RNA mensageiro, seguido do processo de tradução e replicação (LINDENBACH e RICE, 2001). O processo de replicação se dá no lúmen do retículo endoplasmático, onde capsídeos são montados e os vírions imaturos são formados por brotamento da membrana da organela na qual estão inseridas as proteínas E e prM de onde o vírus retira o seu envelope. (HILDE et al., 2007). Posteriormente os vírions são maturados durante o transporte através das vesículas do complexo de Golgi, onde a proteína E recebe a glicolisação e a prM é clivada por uma furina, tornando-se M. Por fim, as partículas virais maduras são liberadas da célula por exocitose (LEYSSEN, CLERCQ e NEYTS, 2000; STADLER et al., 1997) (Figura 2). Figura 2 - Replicação dos flavivírus. Fonte: (Modificado de RODENHUIS-ZYBERT; WILSCHUT e SMIT, 2010). 27 1.4 Vetores Existem dois importantes mosquitos transmissores da dengue, denominados Aedes aegypti e o Aedes albopictus (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011). O primeiro vetor está distribuído por todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo (COSTA et al, 2005) e o segundo encontra-se estabelecido em muitas partes da Europa, especialmente nos países mediterrânicos e nas Américas (ABRANTES e SILVEIRA, 2009). Quanto ao vírus da febre zika, os vetores transmissores são também os mosquitos do gênero Aedes, especialmente o Aedes aegypti e o Aedes albopictus que também tem sido relatado na propagação do ZIKV (IOOS et al., 2014; MUSSO, NILLES e CAO-LOURMEAU, 2014a), levantando desse modo, a possibilidade de uma nova ameaça emergente para a saúde humana (GRARD et al., 2014). Os DENV e ZIKV circulam em florestas infectando os mosquitos do gênero Aedes e primatas não humanos (HADDOW et al., 2012; MARCONDES e TAUIL, 2011). De modo ocasional, mosquitos peridomésticos podem se alimentar do sangue de animais selvagens, fazendo o elo entre humanos no ambiente próximo a suas habitações, contribuindo para a transmissão peri e urbana (FREIRE, 2014) (Figura 3). 28 Figura 3 – Ciclo de transmissão dos flavivírus. Fonte: (Adaptado de WEAVER e VASILAKIS, 2009). 1.4.1 Aedes aegypti O Aedes aegypti, é o principal vetor transmissor da dengue no Brasil e no mundo (BRAGA e VALLE, 2007; BRICKS, 2004; LUPI, CARNEIRO e COELHO, 2007), tendo sido apontado também como o principal transmissor urbano da febre zika na África e Ásia (IOOS, et al., 2014). É originário da África subsaariana, onde se domesticou e se adaptou ao ambiente urbano, tornando-se antropofílico em virtude da sua estreita relação com o homem (BARRETO e TEIXEIRA, 2008). Esse vetor chegou às Américas e Ásia transportado por navios e foi introduzido no Brasil no período colonial, adaptando-se com facilidade nas áreas tropicais e subtropicais (CONSOLI e LOURENÇO-de-OLIVEIRA, 1994). Em 1955, foi considerada uma espécie erradicada do Brasil, porém, no final dos anos 60 sua 29 reintrodução no país foi facilitada pelas fronteiras entre os estados da Região Norte e países como a Venezuela e as Guianas, onde a erradicação do vetor não havia ocorrido (MARTINS et al., 2010). A primeira transmissão do vírus Zika por mosquitos do gênero Aedes foi demonstrada em laboratório no ano de 1956, posteriormente, casos isolados foram relatados na África e Ásia (NHAN, CAO-LORMEAU e MUSSO, 2014). De coloração preta e branca, o Aedes apresenta hábitos alimentares diurnos e pode ser encontrado em áreas domiciliares (onde é mais comum) e peridomiciliares (GUEDES, 2012; TAUIL, 2001). A fêmea do Aedes aegypti faz seu repasto sanguíneo ao amanhecer e no final da tarde (CONSOLI e LOURENÇO-de-OLIVEIRA, 1994; GUBLER, 1998), ou seja, essa espécie costuma se alimentar mais de uma vez entre duas oviposições sucessivas, especialmente quando perturbada antes de ter feito a completa ingurgitação, aumentando a possibilidade de transmissão viral (BARATA et al., 2001). A maior preferência do Aedes aegypti é por sangue humano e por esse motivo, quando o homem está infectado, ao picá-lo, o mosquito adquire o vírus (TAUIL, 2001). Os vírus se replicam no intestino do vetor artrópode, e se disseminam para as glândulas salivares e ovários onde podem ser encontrados em grandes quantidades (LUPI, CARNEIRO e COELHO, 2007). Após um período de incubação extrínseca que dura de nove a doze dias, o vetor passa a transmitir o vírus durante todo o seu tempo de vida (MULLER, 2011). Para depositar seus ovos e formar seus criadouros, o Aedes aegypti se abriga em locais sombreados e utiliza recipientes que acumulam água de chuvas, comumente encontrados nos lixos das cidades (CÂMARA et al, 2007). Objetos utilizados pelo homem em seu domicílio, tais como: pneus, latas, vidros, pratos vasos, caixas d’água, tonéis, latões, cisternas, também contribuem para proliferação do vetor (CONSOLI e LOURENÇO-de-OLIVEIRA, 1994). 30 1.4.2 Aedes albopictus Outro mosquito que tem mostrado potencialidade de transmissão dos vírus Dengue e Zika é o Aedes albopictus (IOOS et al., 2014; MUSSO et al., 2014b; ROTH et al., 2012; TAPPE et al., 2014). Oriundo das selvas asiáticas se espalhou pelo mundo desde a década de 1970 e atualmente pode ser encontrado também nas Américas, Europa, Oriente Médio, Ilhas do Pacífico, Austrália e África (MONCAYO et al., 2004; WONG et al., 2013). Considerado vetor secundário da dengue, (BARRETO e TEIXEIRA, 2008) o Aedes albopictus também é susceptível aos ZIKV apresentando alto poder de difusão e taxas de transmissibilidade já observadas (WONG et al., 2013). Diferentemente do Aedes aegypti, o Aedes albopictus está mais associado à transmissão viral na área rural ou semiurbana, sendo portanto, menos antropofílico e mais zoofílico, preferindo ocos de árvores para depositar seus ovos (BRAGA e VALLE, 2007). Nos últimos anos, em consequência do intenso comércio intercontinental de pneus, por intermédio dos transportes marítimos, o Aedes albopictus, descrito originalmente na Índia (CONSOLI e LOURENÇO-de-OLIVEIRA, 1994), se disseminou para as Américas, sendo identificado inicialmente no ano de 1985 nos Estados Unidos (IBÁÑEZ-BERNAL et al., 1997). No Brasil, o Aedes albopictus foi detectado em 1986, e já está presente em mais de mil municípios (BARRETO e TEIXEIRA, 2008), mas ainda não foi incriminado em surtos ou epidemias, apesar de que sob condições experimentais, esse vetor já demonstrou competência à infecção e a transmissão de outros vinte e dois arbovírus (MARTINS et al., 2010). Atualmente, sua competência vetorial vem sendo objeto de investigação, já que seus hábitos podem estabelecer um elo entre o ciclo dos vírus da dengue e zika nos primatas não humanos e no homem (IBÁÑEZ-BERNAL et al.,1997; METSELAAR et al., 1980; TAPPE et al., 2014) 31 Quanto à biologia dos vetores Aedes aegypti e Aedes albopictus, os mosquitos machos são fitófagos e permanecem próximos aos criadouros, onde ocorrem os acasalamentos e as fêmeas realizam hematofagia em período diurno (CONSOLI e LOURENÇO-de-OLIVEIRA, 1994), tendo a capacidade de fazer múltiplas ingestões de sangue durante um único ciclo gonadotrófico, o que amplia a possibilidade de infectar-se e de transmitir o vírus (TEIXEIRA, BARRETO e GUERRA, 1999). A partir do século XIX o combate ao vetor no Brasil foi institucionalizado de forma sistematizada, quando diversas epidemias de febre amarela urbana ocorriam no país, levando milhares de pessoas à morte (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). No final da década de 90 e início do século XXI, uma nova relação entre humanos e os DENV foi iniciado, após esses sorotipos terem sido globalmente distribuídos. Essa relação foi facilitada pela convergência gradual de diversos fatores, tais como a expansão das populações, o aumento da densidade vetorial por programas de controle insustentáveis, o aumento das viagens comerciais, a elevação dos índices pluviométricos (WEAVER e VASILAKIS, 2009), além da inadequada infraestrutura básica urbana (habitação deficiente, reservatórios de água inadequados, limpeza de lixo insuficiente, etc.), decorrente sobretudo, da migração rural-urbana nas últimas décadas, bem como da ausência de políticas públicas e a inexistência de vacinas disponíveis comercialmente, dificultando o controle vetorial (ALVAREZ et al., 2005; MACIEL, SIQUEIRA JUNIOR e MARTELLI, 2008; MONATH, 2007). 1.5 1.5.1 Doença Doença causada pelos DENV A dengue é uma doença com um amplo espectro clínico-patológico que afeta lactentes, crianças jovens e adultos e na sua forma clássica, se assemelha a gripe (ARAÚJO et al., 2012). A forma branda é uma das manifestações mais comuns, uma 32 vez que grande parte dos indivíduos infectados pelos DENV apresenta apenas sintomas leves (MONCAYO et al., 2004). Por esse motivo, os portadores da forma branda geralmente não costumam procurar o serviço de saúde, consequentemente, seus casos não são notificados (VASCONCELOS et al., 1998). Quando os pacientes procuram atendimento, a identificação da doença é feita através de testes sorológicos feitos em laboratórios para detecção de anticorpos das classes IgM ou IgG (LUPI, CARNEIRO e COELHO, 2007). No ano de 2014, o Ministério da Saúde, seguindo recomendação da Organização Mundial de Saúde, estabeleceu uma nova classificação clínica da dengue, que consta das seguintes categorias: (1) Dengue sem sinais de alarme, (2) Dengue com sinais de alarme (3) Dengue grave (Figura 4), sendo que a forma grave se divide em dois tipos: Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e Síndrome do Choque da Dengue (SCD) (BRASIL, 2014; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009). A dengue sem sinais de alarme, corresponde a forma anteriormente referida como dengue clássica que se caracteriza como doença febril inespecífica (atingindo 39-40ºC) com duração de 2 a 7 dias, depois de um período de incubação de 4 a 10 dias após a picada do mosquito infectado (WORLD H HEALTH ORGANIZATION, 2009). A febre é acompanhada geralmente de mal-estar, cefaleia, dor retro orbitária, mialgia, artralgia e é de tão grande intensidade que recebeu o léxico de ―febre quebra ossos‖ mas esse quadro melhora logo após o período febril (BRICKS, 2004; MONCAYO et al., 2004). A dengue com sinais de alarme ocorre quando há uma piora após o período febril, com manifestação dos sinais de alarme tais como: dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, hipotenção, redução da diurese, hepatomegalia dolorosa, sangramento de mucosas, desorientação, aumento de hematócrito e queda acentuada de plaquetas (BRASIL, 2014). Segundo a Organização Mundial de Saúde (2009), os sinais de alarme de gravidade da doença ocorrem de 3 a 7 dias depois dos primeiros sintomas, em conjunto com uma diminuição na temperatura (abaixo de 38ºC). As próximas 24-48 horas após a fase crítica podem ser letais e por esse motivo, é necessário cuidado médico adequado para evitar complicações e risco de morte. (SOUZA et al., 2008; VERDEAL et al., 2011). 33 A forma grave da dengue se divide em: Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e Síndrome do Choque da Dengue (SCD). A primeira apresenta os mesmos sintomas da forma clássica, mas depois do terceiro dia, quando a febre já começa a ceder, aparecem sinais de hemorragia, como sangramento nasal, gengival, vaginal, ou da pele, em virtude do rompimento de capilares, resultando em petéquias e hematomas e púrpura trombocitopênica (BRASIL, 2014). O risco de manifestação da forma hemorrágica é maior quando a prova do laço é positiva. A FHD caracteriza-se por: febre intensa de 40-41ºC, trombocitopenia (contagem de plaquetas menor ou igual a 90.000 / mm 3), manifestações hemorrágicas, permeabilidade capilar excessiva (CARDOSO et al., 2011; HALSTEAD, 1988; VERDEAL et al., 2011), Na SCD, além dos sintomas observados na dengue clássica, há extravasamento de plasma com intensa perda de líquido para os tecidos e cavidades, causando hemoconcentração e coagulação intravascular, insuficiência circulatória, resultando em choque hipovolêmico, levando muitas vezes à morte (BRASIL, 2014; MONCAYO et al., 2004). Nas formas graves da doença, também podem ocorrer manifestações neurológicas como: irritabilidade, psicose, demência, amnésia delírio, sonolência, além de sintomas, cardiorrespiratórios, insuficiência hepática, hemorragia digestiva e derrame pleural. Essas diversificações de sintomas dificultam a precisão no diagnóstico, resultando muitas vezes no tratamento inadequado por confundirem-se com muitas outras doenças exantemáticas (COSTA, 2009). Por esse motivo, é preciso haver um monitoramento dos sinais de alerta para o reconhecimento da fase crítica, bem como para identificar uma possível evolução da doença (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009). A infecção por um dos sorotipos da dengue confere imunidade protetora específica para o sorotipo causador da doença, mas não para os demais sorotipos, embora haja uma reação cruzada que além de não oferecer proteção, aumenta o risco da forma grave, ou seja, as pessoas que vivem em áreas endêmicas podem ter durante suas vidas até quatro vezes a doença (GUBLER, 1998; MACIEL, SIQUEIRA JUNIOR e MARTELLI, 2008). 34 Figura 4 - Classificação da dengue em níveis de gravidade sugerida pela Organização Mundial de Saúde. Fonte: (Modificado de WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009). Mesmo diante dos elevados índices de morbidade provocados pelos DENV, não existe nenhum tratamento específico para dengue clássica. Recomenda-se repouso e ingestão abundante de líquido. O tratamento é referente aos sintomas. Portanto, para dores e febre, devem-se utilizar analgésicos e antitérmicos e evitar a ingestão de medicamentos compostos por ácido acetil salicílico (AAS), pois eles tem ação anticoagulante (LENZI e COURA, 2004). 1.5.2 Doença causada pelo ZIKV O ZIKV passa aproximadamente dez dias em incubação extrínseca no mosquito, enquanto no homem, esse período de incubação varia de 3-6 dias e pouco tempo depois, surgem os sintomas da infecção (KUTSUNA et al., 2014). A infecção pelo ZIKV tem curta duração sendo, portanto, autolimitada, mas o tempo da viremia causada pela febre zika ainda precisa ser melhor esclarecido (LANCIOTTI et al., 2008). 35 De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, estima-se que apenas 18% das infecções humanas resultam em manifestações clínicas (SVS, 2015). A infecção causada pelo ZIKV é frequentemente assintomática em cerca de 80% dos casos (BOGOCH et al., 2016). Quando sintomática, a doença possui uma ampla variedade de aspectos clínicos. Os sintomas podem incluir: artralgia, febre baixa ou ausência de febre, cefaleia, dor retro orbital, hiperemia conjuntival, erupções maculopapulares geralmente na cabeça e tronco que se espalha para os membros, prurido, vertigem, mialgia, distúrbio digestivo (IOOS et al., 2014), além de fadiga (HADDOW et al., 2012), bem como dor de garganta, tosse e vômito (TAPPE et al., 2014). Também foi relatado comprometimento do sistema nervoso central (VASCONCELOS, 2015), porém, os sintomas mais comuns da febre zika são: febre, cefaleia, mal-estar, exantema maculopapular pruriginoso, fadiga ou mialgia, artralgia (FAUCI e MORENS, 2016; KUTSUNA et al., 2014), dor lombar discreta menos intensa que a causada pela febre chikungunya, acometendo mãos, joelhos e tornozelos (PINTO-JUNIOR et al., 2015). Os sinais e sintomas da febre causada pelo ZIKV apresentam mais exantema, hiperemia conjuntival e menor alteração nos leucócitos e trombócitos, se comparado com outras doenças exantemáticas, como exemplo, a dengue e chikungunya (SVS, 2015), porém, em decorrência das semelhanças quanto à sintomatologia com outras arboviroses, o diagnóstico da doença pode ser dificultado (GRARD et al., 2014; MUSSO, CAO-LORMEAU e GUBLER, 2015a). Apesar de existirem relatos de transmissão ocupacional, perinatal, sexual, vertical e por transfusão sanguínea, considera-se para fins de ações de prevenção e controle da doença causada pelo ZIKV, que o principal modo de transmissão seja vetorial (BESNARD et al., 2014; HAYES, 2009; MUSSO et al., 2014b; MUSSO et al., 2015b). A taxa de hospitalizações de pessoas com febre zika é baixa, por esse motivo, o espectro clínico da doença ainda permanece incerto (KWONG, DRUCE e LEDER, 2013). Contudo, as autoridades de saúde devem estar cientes da importância epidemiológica desse vírus emergente, pois, apesar das formas clínicas apresentadas pela doença serem comuns a outros vírus, o risco de surgimento de complicações neurológicas na população infectada com o vírus Zika já foi relatado 36 no Japão, Noruega, Itália, Polinésia Francesa (MALLET, VIAL e MUSSO, 2015) e em Nova Caledônia já foram relatados dois casos de coinfecção por DENV e ZIKV(DUPONT-ROUZEYROL et al., 2015). No Brasil, quadros graves associados ao ZIKV também têm sido descritos, incluindo comprometimento do sistema nervoso, tais como: síndrome de Guillain-Barré, mielite transversa, meningite e microcefalia (VASCONCELOS, 2015). A microcefalia é uma má formação congênita na qual o cérebro não se desenvolve adequadamente, ou seja, os bebês ficam com perímetro encefálico menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 centímetros (BRASIL, 2015b). Um relatório preliminar brasileiro indicou que anormalidades fetais detectadas por ultrassonografia estavam presentes em 29% das mulheres com infecção pelo vírus Zika durante o período gestacional e o primeiro trimestre de gravidez é o de maior risco de o bebê nascer com microcefalia (PETERSEN et al., 2016). O defeito congênito causador dessa má formação pode ser decorrente de uma série de fatores de diferentes origens além dos vírus, como as substâncias químicas, agentes biológicos como bactérias e radiação (BRASIL, 2015b). Em outubro de 2015, no nordeste do Brasil houve um significativo aumento no número de bebês nascidos com microcefalia (EUROPEAN CENTRE FOR DISEASE PREVENTION AND CONTROL, 2016). Logo em seguida, outros estados do Nordeste, tais como o Rio Grande do Norte e a Paraíba, também começaram a perceber um aumento da incidência dos casos dessa doença, além dos registros de abortos e natimortos (OLIVEIRA e VASCONCELOS, 2016) e a partir de investigações clínicas e epidemiológicas, foi levantada a hipótese de que a microcefalia estava associada à infecção causada pelo ZIKV, baseando-se nos seguintes fatores: quantidade de casos ocorridos em pouco tempo provenientes de diversos estados, demonstrando altas taxas de ataque e rápida dispersão (fenômeno associado com doenças transmitidas por artrópodes). Além disso, a maioria das mães tiveram sintomas compatíveis com a febre zika no primeiro trimestre de gravidez, período em que o surto de ZIKV ocorreu e que não havia correlação com histórico de doença genética na família ou exames com padrão de outros processos infecciosos conhecidos (OLIVEIRA e VASCONCELOS, 2016). Diante desse cenário, a principal suspeita recaiu sobre o vírus Zika, uma vez que os vírus Dengue não estão associados à má 37 formações e o ZIKV tem maior neurotropismo que os outros arbovírus (BRITO, 2015). Posteriormente, o Instituto Evandro Chagas isolou o ZIKV do cérebro de um recém-nascido proveniente do Ceará que evoluiu a óbito após o nascimento e, ao ser feita a detecção desse vírus no líquor, cérebro e fragmentos de coração, pulmão, fígado, baço e rim (BRASIL, 2015e). Esses resultados foram reforçados com a detecção de anticorpos IgM para ZIKV no líquor de doze crianças que nasceram com microcefalia. Além disso, o vírus Zika foi identificado no líquido amniótico de duas gestantes da Paraíba com histórico de doença exantemática e em fetos com microcefalia detectados na ultrassografia fetal (OLIVEIRA e VASCONCELOS, 2016). Tudo isso mostra o quanto é necessário continuar realizando mais pesquisas voltadas para esses flavivírus e por esse motivo, recomenda-se que em casos suspeitos das doenças por eles causadas, seja freito além do diagnóstico clínico, testes laboratoriais para confirmação dos vírus circulantes (DUPONT-ROUZEYROL et al., 2015). Apesar do crescente número de casos da febre zika, não existe nenhum tratamento específico para a doença. Recomenda-se repouso e ingestão de bastante líquido (SVS, 2015) e mulheres grávidas devem ter maior precaução para evitar a picada do vetor, devido a confirmação da relação do ZIKV e a microcefalia (FAUCI e MORENS, 2016). Em casos sintomáticos, é aconselhável o uso de paracetamol ou dipirona para controle febril e manejo da dor (SVS, 2015), porém, a utilização destes medicamentos deve ser criteriosa para evitar a indução de efeitos adversos, como por exemplo, alergias (PINTO-JUNIOR et al., 2015). Não deve ser utilizado o ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios em função do risco aumentado de complicações hemorrágicas (SVS, 2015). 38 1.6 1.6.1 Diagnóstico Diagnóstico laboratorial Dengue Diante do atual cenário da dengue, o diagnóstico correto da doença é uma ferramenta fundamental para a compreensão de surtos e epidemias. Os métodos de diagnóstico laboratoriais mais utilizados envolvem: o isolamento viral realizado através do cultivo em células do mosquito Aedes albopictus clone C6/36, como método mais utilizado (GUZMÁN e KOURÍ, 2004), detecção do ácido nucléico viral através da transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase (RTPCR), transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR), técnicas sorológicas para pesquisa de anticorpos específicos e detecção de antígenos virais, como é o caso do teste de detecção do antígeno NS1 ARAÚJO, 2006; LIMA et al, 2011). A fim de fornecer informações oportunas para o cuidado do paciente, é necessário que o diagnóstico da infecção seja feito nos primeiros dias de início dos sintomas, no intuito de determinar o tipo viral, favorecendo os estudos de vigilância para execução de medidas de controle da doença (ALCON et al., 2002). O diagnóstico sorológico é provável quando o paciente apresenta os sintomas da doença e tem IgM positivo (GUBLER, 1998). O MAC-ELISA tornou-se o teste sorológico mais utilizado no diagnóstico da dengue nos últimos anos e sua grande vantagem é que ele exige apenas uma mostra de soro para detecção de anticorpos (DIAS et al., 2010). Além disso, é um teste simples, rápido, requer um equipamento não muito sofisticado e possibilita a detecção de IgM antidengue através de ensaio imunoenzimático (GUZMÁN e KOURÍ, 2004). A IgM é identificável na fase aguda da dengue (após o quinto dia) enquanto a IgG também utilizada nas pesquisas sorológicas, aparece um pouco mais tarde em casos de infecções primárias, podendo ser detectável por vários anos. Nas infecções secundárias da dengue, a IgG já é encontrada na fase aguda da doença (SILVA, 2008). 39 A detecção do genoma viral através da transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase (RT-PCR) é outra forma de diagnóstico, gerando um resultado rápido, além de ser uma técnica sensível, capaz de detectar e identificar todos os quatro sorotipos simultaneamente por meio da amplificação um segmento do genoma viral (LANCIOTTI et al, 1992; MIAGOSTOVICH et al., 1997). Há também a transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR), caracterizada por apresentar uma maior precisão, especificidade, sensibilidade e rapidez nos resultados, sendo bastante utilizada para quantificação viral (ARAÚJO et al., 2009). Outro método de diagnóstico que está sendo bastante difundido é o teste que visa a detecção da proteína não estrutural NS1, pesquisada como antígeno viral de produção precoce, sendo considerado um teste rápido e que permite fazer o diagnóstico antes da detecção de IgM. O antígeno NS1 pode ser detectado no soro do paciente a partir do início dos primeiros sintomas da doença causada pelos DENV, por meio do ensaio imunoenzimático (ELISA) (ALCON et al., 2002). Esse teste propicia o diagnóstico da dengue tanto primária, quanto secundária e os kits contendo anticorpos anti-NS1 encontram-se disponíveis comercialmente (LIMA et al., 2011). 1.6.2 Diagnóstico laboratorial Zika Os testes laboratoriais utilizados para identificação da infecção por ZIKV englobam o isolamento viral, considerado como ―padrão ouro‖ em pesquisas virais, no entanto, ele possui a desvantagem de apresentar baixa viremia (IOOS et al., 2014) e requer mais de 10 dias para realização do diagnóstico (FAYE et al., 2013). Assim, a detecção do RNA viral em amostras de soro, urina e saliva na fase aguda da doença, utilizando a técnica de transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase (RT-PCR) descrita por Lanciotti et al. (2008), é um método mais sensível e mais rápido que o isolamento viral (BALM et al., 2012; GOURINAT et al., 2015; MALLET, VIAL e MUSSO, 2015; MUSSO et al., 2015d). Contudo, a transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real 40 (qRT-PCR) é o método mais indicado para o diagnóstico do ZIKV por ser mais sensível, rápido, específico, além de fazer a quantificação do material genético viral (IOOS et al., 2014). Outras formas de diagnóstico envolvem os testes sorológicos, tais como: ELISA para detecção de anticorpos específicos IgM ou IgG contra o vírus Zika (HAYES, 2009) ou a imunofluorescência, ambos são bastante utilizados fora do Brasil, porém, esses métodos apresentam uma limitação que é a possibilidade de haver reação cruzada com outros flavivírus, resultado em resultados falso-positivos (IOOS et al., 2014). No Brasil, o diagnóstico laboratorial para confirmação do vírus Zika ocorre através da transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase (RT-PCR) convencional ou em tempo real (qRT-PCR). Atualmente o laboratório o Instituto Evandro Chagas, bem como o Instituto Oswaldo Cruz, vem desenvolvendo ensaios sorológicos para detecção de anticorpos específicos para o ZIKV (SVS, 2015). Isso se faz necessário, uma vez que muitos casos da doença têm sido identificados em outros estados do país sem condições de realização da RTPCR, pois o equipamento utilizado para realização desta técnica, não é amplamente disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde. Por este motivo, é importante o desenvolvimento de testes sorológicos, uma vez que o diagnóstico do ZIKV não pode ser baseado apenas em aspectos clínicos e epidemiológicos (CAMPOS, BANDEIRA e SARDI, 2015). 1.7 1.7.1 Aspectos epidemiológicos - Dengue Dengue no mundo A dengue é considerada a doença de maior transmissão vetorial com elevado crescimento mundial (MACIEL, SIQUEIRA JUNIOR e MARTELLI, 2008). Estima-se que aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas correm o risco de contrair a doença em todo o mundo (BRICKS, 2004; LIMA et al., 2011; MONCAYO et al., 2004; WEAVER e VASILAKIS, 2009) e atualmente ela é vista como uma doença endêmica, presente em mais de 100 países nas Américas, África, Sudeste da Ásia, 41 Leste do Mediterrâneo e no Oeste do Pacífico (Figura 5)(LUPI, CARNEIRO e COELHO, 2007). A cada ano, estima-se em nível de escala global que infecções pelo vírus da dengue sejam responsáveis por mais de 100 milhões de casos da dengue clássica e mais de 500 mil casos de dengue hemorrágica (MONATH, 1994; OLIVEIRA et al., 2011), provocando 22.000 mortes, principalmente em crianças (GUBLER, 2002a; LIMA et al, 2011). Apesar disto, a real prevalência da doença não é bem conhecida, uma vez que a notificação em países menos desenvolvidos ainda é considerada insatisfatória (HALSTEAD, 2006). Figura 5 – Países ou áreas de risco para os DENV. Fonte: (Adaptado de MURRAY; QUAM e WILDER-SMITH, 2013). A primeira pandemia global de dengue possivelmente teve início nas regiões da Ásia e do Pacífico, onde a primeira epidemia foi relatada em 1779-1780. As mudanças ecológicas e a intensificação dos transportes marítimos ocorridas desde então, possivelmente favoreceram a expansão geográfica do vetor, bem como a quantidade de mosquitos Aedes no mundo (FARES et al., 2015). 42 1.7.2 Dengue nas Américas Em 1953-1954, foi relatada a primeira epidemia de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e esta ocorreu em Manila nas Filipinas, posteriormente a doença atingiu Bankok na Tailândia em 1958, chegando à Cingapura e Vietnã na década de 60 (GUBLER, 2002b). Nesta mesma década, apenas quatro países relataram casos de infecção pelos DENV (BARRETO e TEIXEIRA, 2008). Apesar disto, nas décadas de 1950-1970, as epidemias de dengue foram raras em decorrência dos programas de erradicação do vetor Aedes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). Porém, a partir do momento em que não houve continuidade destes trabalhos, constantes epidemias ressurgiram (GUZMAN e ISTÚRIZ, 2010) e isto foi demonstrado na década de 1980, quando vinte e cinco países do continente americano relataram a circulação dos DENV, pois até 1979 o maior número de países atingidos pela doença eram nove (BARRETO e TEIXEIRA, 2008). Atualmente, a infecção pelo vírus Dengue está presente desde os Estados Unidos da América até o Uruguai, com exceção apenas do Canadá e do Chile, por razões climáticas e de altitude (BARBOSA et al., 2012). 1.7.3 Dengue no Brasil No Brasil, há referências de ocorrência da dengue desde o ano de 1916 em São Paulo e depois na década de 1920, no Rio de Janeiro (CLARO, TOMASSINI e ROSA, 2004). Neste mesmo estado, relata-se que no ano de 1846 ocorreu uma epidemia de dengue no país (FIGUEIREDO, 2000). Em 1958, o Brasil foi considerado livre do Aedes aegypti. Houve relatos da presença do vetor no ano de 1967 nas cidades de São Luís e Belém, mas o vetor foi logo eliminado. Também é descrito que a reinfestação do Aedes aegypti no país ocorreu no ano de 1976, com foco em Salvador (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001) e no ano seguinte, a reinfestação atingiu o Rio de Janeiro e a cidade de Santos em São Paulo (REBÊLO 43 et al., 1999). Contudo, nenhuma dessas informações apresentou diagnóstico laboratorial que pudesse comprovar tais relatos. A primeira documentação clínica e laboratorial referente à reintrodução da doença no Brasil ocorreu em 1982, quando houve uma epidemia na cidade de Boa Vista (Roraima) causada pelos sorotipos da dengue (DENV 1 e 4) com cerca de onze mil pessoas infectadas (COSTA e FAÇANHA, 2011; OSANAI et al., 1983). Posteriormente, a circulação de três dos quatro sorotipos existentes foi detectada pela primeira vez no estado do Rio de Janeiro, sendo eles: DENV-1, surgido no ano de 1986 e isolado em Nova Iguaçu (BARRETO e TEIXEIRA, 2008; NOGUEIRA et al., 1988), DENV-2, detectado em 1990 (NOGUEIRA et al., 1990) e DENV-3 surgido no ano 2000 (NOGUEIRA et al., 2001; PIRES NETO et al., 2005). Apesar desta informação, a introdução do sorotipo 3 foi confirmada apenas em janeiro de 2001, através de um isolamento viral feito com uma amostra biológica coletada de um indivíduo que havia adoecido em dezembro do ano anterior (NOGUEIRA et al., 2005). O fato da cidade do Rio de Janeiro estar próxima dos grandes centros urbanos e possuir um intenso fluxo de pessoas, o controle do Aedes foi dificultado, contribuindo para a dispersão da doença, alcançando posteriormente outros estados brasileiros (MACIEL, SIQUEIRA JUNIOR e MARTELLI, 2008). O DENV-4 ressurgiu no país em 2010 nos municípios de Boa Vista e Cantá no Estado de Roraima, espalhando-se posteriormente para diversas regiões do país (SOUZA et al., 2011). Atualmente, a dengue está presente nas 27 unidades da Federação, com mais de três milhões de casos notificados entre os anos de 1998 e 2007. Isso representa 78% de todos os casos nas Américas e 61% de todos os casos referidos pela Organização Mundial da Saúde, fazendo do Brasil um dos países com maiores taxas de incidência da doença (BARBOSA et al., 2012). 44 1.7.4 Dengue no Rio Grande do Norte Durante mais de vinte anos a dengue tem sido um problema de saúde pública no Estado do Rio Grande do Norte (RN). Além disto, o Estado é considerado o segundo lugar no Nordeste em termos de registros de casos da doença, uma vez que o primeiro é o Ceará (NASCIMENTO, PETTA e FARIAS, 2009). As primeiras notificações de dengue no Rio Grande do Norte ocorreram no ano de 1994, no município de Assu (CUNHA et al., 1999). Em 1996, vários municípios do RN registraram a ocorrência de casos da doença. Os anos de 2001 e 2008 foram marcados por dois picos epidêmicos de dengue no Estado: inicialmente, com a cocirculação dos DENV-1 e DENV-2 até 2002 e em seguida, com o aparecimento do DENV-3 (BARBOSA et al., 2012). No ano de 2010, detectou-se a cocirculação dos sorotipos DENV-1, DENV-2 e DENV-3 no Estado. Em 2011 ocorreu a cocirculação dos DENV-1, DENV-2 e a introdução do DENV-4 e em 2012, apenas este sorotipo foi detectado no Rio Grande do Norte (BRANCO et al., 2015). Nos anos de 2013 e 2014 através de um estudo feito sobre a epidemiologia e caracterização molecular dos vírus da dengue no RN, constatou-se a cocirculação dos DENV-1, DENV-2 e DENV-4 durante os dois anos de estudo (SOUSA, 2015). Esses estudos demonstraram que epidemias frequentes da doença vêm ocorrendo, com anos epidêmicos e surtos de grande proporção, provocando sobrecarga na demanda da rede pública de saúde (BARBOSA et al., 2012). Atualmente, 95 municípios do RN apresentam alta incidência da dengue, requerendo bastante atenção por parte dos profissionais da saúde (GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2015a). 45 1.8 1.8.1 Aspectos epidemiológicos – Febre Zika Febre Zika no mundo A partir de 1952, evidências de infecção humana foram relatadas em vários países africanos, tais como: Uganda, Tanzânia, Egito, República Centro Africana, Serra Leoa e Gabão, além de haver relatos também em partes da Ásia: Índia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Vietnã, Indonésia, Camboja, Malásia Oriental (SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS, 2015; PETERSEN et al., 2016). Países asiáticos como: Índia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Vietnã e Indonésia também tiveram casos evidenciados da febre zika (BRASIL, 2016b), mas até o ano 2000, apenas alguns casos de zika haviam sido relatados (DIALLO et al., 2014). Em 2007, ocorreu o primeiro surto epidêmico de ZIKV em Yap Island (Micronésia), que gerou 108 casos de infecção (DUFFY et al., 2009; FAYE et al., 2011; IOOS et al., 2014) e esta foi a primeira transmissão documentada da doença fora da área endêmica África e Ásia (HAYES, 2009; HONG e KIM, 2014). Desde então, a febre zika é considerada emergente em outros países (IOOS et al., 2014). Em 2011 a doença surgiu no Senegal (DIALLO et al., 2014) e em 2013 ela atingiu Nova Caledônia e as Ilhas Cook localizadas na Oceania, causando epidemias (MUSSO, NILLES e CAO-LORMEAU, 2014a). Neste mesmo ano, um caso importado da Indonésia para Austrália e outro da Tailândia para o Canadá foram diagnosticados em viajantes, além de ter ocorrido um surto na Polinésia Francesa com mais de 361 casos confirmados (TAPPE et al., 2014). Em janeiro de 2014, foram relatados os primeiros casos autóctones da febre zika em Nova Caledônia (IOOS et al., 2014). Os ZIKV já foram descritos em mosquitos, primatas e seres humanos nos continentes da: África, Ásia e Oceania (IOOS et al., 2014) e em 2015, casos autóctones desse vírus também foram identificados nas Américas (ECDC, 2015a; PINTO JUNIOR et al., 2015; FAUCI e MORENS, 2016; HAMEL et al., 2016) (Figura 6). 46 Figura 6 – Distribuição geográfica do ZIKV. Fonte: (HAMEL et al., 2016). Há registro de circulação esporádica do ZIKV na África (Nigéria, Tanzânia, Egito, África Central, Serra Leoa, Gabão, Senegal, Costa do Marfim, Camarões, Etiópia, Quénia, Somália e Burkina Faso), na Ásia (Malásia, Índia, Paquistão, Filipinas, Tailândia, Vietnã, Camboja, Índia, Indonésia) e Oceania (Micronésia, Polinésia Francesa, Nova Caledônia/França e Ilhas Cook). Casos importados de ZIKV também foram descritos na Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos e Ilha de Páscoa (BRASIL, 2016b). 1.8.2 Febre Zika nas Américas Em 2013, após ter viajado para a Polinésia Francesa, um americano apresentou alguns sintomas de doença causada por arbovírus e após testes 47 sorológicos, foi diagnosticado que ele havia sido infectado pelo ZIKV (SUMMERS, ACOSTA e ACOSTA, 2015). Após epidemia na Polinésia Francesa, o surto de zika disseminou-se para ilhas do Pacífico, dentre elas, a Ilha de Páscoa no Chile onde foi identificado no ano de 2014, o primeiro caso de febre zika registrado na América do Sul (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2015). Suspeita-se que a introdução desse vírus ocorreu entre os participantes que vieram de vários lugares (dentre esses, pessoas da Polinésia Francesa) para uma festival anual na Ilha de Páscoa (MUSSO, 2015c). Após essa introdução, novos casos foram identificados na região (SVS, 2015). Em maio de 2015 ocorreu a confirmação de casos autóctones transmitidos pelo ZIKV no Brasil e em outubro do mesmo ano, a Colômbia também registrou a primeira transmissão autóctone do vírus Zika (PETERSEN et al., 2016). Nos Estados Unidos, Haiti, El Salvador, Honduras e Guatemala também foram relatados casos de transmissão do ZIKV (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2016). 1.8.3 Febre Zika no Brasil No mês de Junho do ano de 2014, ocorreu no Brasil a competição da Copa do Mundo de Futebol e, embora nenhum país do Pacífico tivesse participado desse campeonato, propõe-se que o ZIKV possivelmente foi introduzido no Brasil durante esse evento, sendo considerada a principal hipótese para introdução desse vírus no país (SVS, 2015; VASCONCELOS, 2015). Em agosto do mesmo ano também houve no Brasil, precisamente no Rio de Janeiro, um campeonato mundial de canoagem, no qual representantes de quatro países do Pacífico (onde o vírus Zika já era circulante) estavam competindo em diversas categorias. Em decorrência dessa segunda competição mundial, presumia-se que o ZIKV poderia ter sido introduzido no Brasil durante esse evento. Esta foi portanto, a segunda hipótese cogitada para introdução do ZIKV no país (MUSSO, 2015c). 48 Em Fevereiro de 2015, sete meses após, o Ministério da Saúde passou a investigar casos da síndrome exantemática indeterminada (SVS, 2015), afetando seis diferentes estados da região Nordeste do país: Maranhão, Pernambuco, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia (ECDC, 2015a). No mês de março, foi relatado um surto de uma doença possivelmente causada por ZIKV em Camaçari na Bahia e no dia 26 do mesmo mês, obtiveram o soro de 24 pacientes que receberam diagnóstico presuntivo de uma doença viral aguda. Foram feitos testes sorológicos para detecção dos vírus DENV e, posteriormente, as amostras de soro foram encaminhadas para a Universidade da Bahia para serem submetidas às técnicas moleculares, no intuito de detectar cinco vírus: Dengue, Chikungunya, Mayaro, West Nile e Zika (CAMPOS, BANDEIRA e SARDI, 2015). No dia 15 de maio de 2015, o Ministério da Saúde confirmou a circulação dos primeiros casos de ZIKV no Brasil após identificação desse vírus em 16 amostras de soro provenientes dos estados da Bahia e do Rio Grande do Norte. Esse acontecimento deixou a população brasileira em estado de alerta (BRASIL, 2015a). No dia 20 de maio, foi confirmado pelo Instituto Adolf Lutz, um caso de infecção de um paciente que recebeu uma transfusão sanguínea de um doador em período de incubação, em Sumaré, São Paulo (ECDC, 2015a; VASCONCELOS, 2015). Depois da confirmação de ZIKV na Bahia, no Rio Grande do Norte e em São Paulo, o mesmo vírus foi confirmado por métodos moleculares circulando em: Alagoas, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro (VASCONCELOS, 2015), Roraima, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Paraná, Piauí (BRASIL, 2015c), Amazonas, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso e Espírito Santo (ECDC, 2015b), além de Goiás, Minas Gerais, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul (BRASIL, 2016a). Quanto à microcefalia, desde o momento em que as investigações foram iniciadas, dia 22 de outubro do ano de 2015 até o dia 23 de janeiro de 2016 – 830 municípios de 24 unidades da federação foram registrados com suspeita da doença. A região Nordeste concentra 86% dos casos notificados, sendo que Pernambuco continua com o maior número de casos que permanecem em investigação (1.125), seguido dos estados da Paraíba (497), Bahia (471), Ceará (218), Sergipe (172), Alagoas (158), Rio Grande do Norte (133), Rio de Janeiro (122) e Maranhão (119), 49 porém, entre o total de casos suspeitos, 6 tiveram confirmação dessa má formação com o ZIKV (BRASIL, 2016a). 1.8.4 Febre Zika no Rio Grande do Norte O Rio Grande do Norte foi um dos primeiros estados da federação a registrar a ocorrência de casos de uma doença exantemática, com sintomas semelhantes aos da dengue na sua forma leve se diferenciando no entanto desta, por cursar com febre baixa com no máximo dois dias de duração, mas principalmente, por não apresentar a plaquetopenia característica da dengue, mesmo em sua forma mais leve (VASCONCELOS, 2015). Apesar de alguns pacientes apresentarem teste de IgM positivo para dengue, os médicos especialistas contestavam esse resultado, argumentando que a clínica não era compatível com a febre dengue. Posteriormente, o número de casos da doença exantemática cresceu rapidamente na cidade de Natal, causando uma grande procura pelos serviços de saúde da cidade, o que despertou atenção de todas as autoridades de saúde do estado que se mobilizaram na tentativa de esclarecer a etiologia daquela epidemia em curso. Inicialmente suspeitou-se de infecção pelo vírus Chikungunya, uma vez que, casos da doença causada por esse agente etiológico haviam sido relatados no município de Feira de Santana na Bahia. Contudo, todas as tentativas de detecção do vírus Chikungunya no sangue desses pacientes, realizadas tanto ao nível local, quanto no Instituto Evandro Chagas no Pará, falharam em detectar a presença desse vírus por qRT-PCR. Cerca de um mês depois, foi detectada pela técnica de qRT-PCR, uma sequência específica do vírus Zika nas amostras provenientes dos estados onde estava ocorrendo o surto epidêmico da doença exantemática, até então de causa desconhecida (FONTOURA, 2015). Entre as 16 amostras positivas para o ZIKV, oito eram provenientes do Estado do RN (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2015). A confirmação dos casos foi feito pelo Instituto Evandro Chagas (ECDC, 2015a) através da amplificação do material genético e posterior sequenciamento do genoma viral (FONTOURA, 2015). Até o dia 26 de maio do mesmo ano, um total de 18 casos positivos para o ZIKV 50 foram confirmados, sendo dezesseis provenientes do município de Natal e dois do município de São Gonçalo do Amarante (GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2015b). Quanto à microcefalia, somente no Rio Grande do Norte, até o mês de janeiro de 2016, foram registrados 188 casos suspeitos da doença. Entre as notificações, 3 foram na fase intrauterina, 181 nascidos vivos, 2 nascimortos e 2 abortos. Durante esse período ocorreram 16 óbitos e entre as notificações, 61 casos foram confirmados (GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2016). 1.9 1.9.1 Controle e vacina Da Febre Dengue As medidas de controle da dengue estão concentradas, principalmente no combate ao vetor (TAUIL, 2002). Também não existem antivirais específicos para tratamento da doença. Assim, prevenir e controlar a dengue torna-se algo cada vez mais problemático, uma vez que os vetores vivem em contato íntimo com os hospedeiros humanos (GUBLER, 2011). Por isso, é fundamental o esclarecimento da sociedade para que ela atue junto aos órgãos públicos na prevenção dos mosquitos, já que o principal local onde o vetor da dengue se reproduz é no ambiente domiciliar (DIAS et al., 2010). Diversos esforços têm sido feitos no que se refere ao desenvolvimento de vacinas eficazes para controle da doença (MONATH, 1994). Há mais de 50 anos as pesquisas em busca de imunizantes contra a dengue foram iniciadas. No momento em que reconheceram os casos graves da doença e desde a década de 70, são patrocinados diversos estudos para obtenção dessas vacinas (BRICKS, 2004). Uma vacina considerada boa para prevenção da dengue deve ser: eficaz para pelo menos três dos quatro sorotipos (porém, o melhor é uma vacina tetravalente), 51 ser segura, de baixo custo e que induza proteção por pelo menos dez anos (GUBLER, 2011). O progresso com as vacinas tem sido promissor e encontra-se em fase de testes clínicos, as vacinas de vírus atenuado, quiméricas, vacinas de vírus inativados e as que utilizam subunidades de DNA (GUBLER, 2011; HERNÁNDEZÁVILA e SANTOS-PRECIADO, 2016). A vacina que se encontra em fase mais avançada é denominada Denguevaxia® e pertence à empresa Sanofi Pasteur, desenvolvida inicialmente pela empresa de biotecnologia Acambis (SILVA, 2012). Trata-se de uma vacina quimérica tetravalente (CYD-TDV), na qual os genes da prM e do E de cada sorotipo dos DENV são inseridos no envelope do vírus vacinal da febre amarela (FA)17D, em substituição aos mesmos genes do vírus da febre amarela (FLIPSE e SMIT, 2015). Os resultados obtidos através dessa vacina na fase 2b em crianças na Tailândia revelaram que apesar de induzir altos níveis de anticorpos neutralizantes contra os 4 sorotipos da dengue, não houve proteção contra o DENV-2 (SABCHAREON et al., 2012) e por esse motivo, a eficácia alcançada por essa vacina ficou em 56,5% (GALLER; BONALDO e ALVES, 2015). Já na América Latina, essa vacina foi testada em crianças de cinco países, dentre eles, o Brasil, que apresentou eficácia em 60,8% para os quatro sorotipos, conferindo maior proteção contra o sorotipo DENV-4 e menor contra o DENV-2 (VILLAR et al., 2015). O registro dessa vacina foi aprovada no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, requerendo ainda a definição do valor de cada dose pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos para posterior comercialização (BRASIL, 2015d). Espera-se que dentro de mais alguns anos, outras vacinas estejam disponíveis, suplementando a quimérica. No Brasil existem dois centros desenvolvendo a vacina contra a dengue: o Instituto Butantan em São Paulo e a FIOCRUZ Biomanguinhos no Rio de Janeiro (SILVA, 2012). 1.9.2 Da Febre Zika A redução da densidade vetorial e a prevenção contra picada de mosquitos do gênero Aedes são formas de prevenir a febre zika (RODRÍGUEZ-MORALES, 2015). 52 Em nível coletivo, é importante prevenir a doença removendo possíveis focos larvais do vetor. Já a proteção individual ocorre através da limpeza do ambiente domiciliar para evitar possíveis focos do Aedes, além do uso de repelentes, mosquiteiros e roupas de proteção contra picada do mosquito que também são fundamentais (NHAN, CAO-LORMEAU e MUSSO, 2014). É importante ressaltar a necessidade de melhorar o controle vetorial nos municípios infestados com Aedes aegypti, já que olhando apenas para o Brasil, essa espécie está associada à transmissão da febre dengue, chikungunya e zika, ocasionando um enorme desafio para a vigilância epidemiológica em reconhecer precocemente as novas áreas com transmissão vetorial, no intuito de minimizar o impacto dessas doenças na população (VASCONCELOS, 2015). No que se refere à vacinação, até o momento não há vacina disponível comercialmente para imunização contra o ZIKV, nem mesmo drogas antivirais para combater a doença e por esse motivo, não existem medidas de controle específicas para o homem (SVS, 2015). 53 2 JUSTIFICATIVA Desde o surgimento da dengue no Estado, fato ocorrido no ano de 1994, o Rio Grande do Norte sofre sucessivas epidemias da doença (BARBOSA et al., 2012) e, mesmo assim, o perfil epidemiológico dos DENV ainda é pouco conhecido, uma vez que os estudos ainda são reduzidos, frente à proporção de casos existentes no Estado. Os estudos desenvolvidos por Cunha et al. (1999), Barbosa et al. (2012), Branco et al. (2015) e o estudo realizado por Sousa (2015) são as poucas referências encontradas sobre a dengue no Rio Grande do Norte. Aliado a essa carência de publicações científicas, os dados contidos nos boletins epidemiológicos provenientes da Secretaria de Saúde Pública e do Ministério da Saúde apresentam informações limitadas. Além disto, casos de subnotificações da doença também ocorrem, principalmente quando há circulação de mais de um arbovírus, pois eles causam características clínicas similares nos pacientes, requerendo maior empenho dos profissionais de saúde para realizarem o diagnóstico diferencial das doenças (FAYE et al., 2013). Consequentemente, todos esses fatores geram dificuldades na obtenção de análises precisas sobre a situação da dengue no RN. Apesar dos DENV circularem no Estado há mais de duas décadas, as pesquisas utilizando técnicas moleculares para detecção desse vírus tiveram início apenas no ano de 2009, através da realização do isolamento viral feito pelo Laboratório Central Doutor Almino Fernandes, para diagnóstico da febre dengue. Porém, a implantação desta técnica só foi firmada em 2010 e no mesmo ano, o Laboratório de Biologia Molecular de Doenças Infecciosas e do Câncer da UFRN consolidou a técnica de RT-PCR para fins de pesquisa dessa doença. No que concerne à febre zika, até os primeiros dias do mês de maio de 2015, o Ministério da Saúde não havia confirmado nenhum caso desta doença no Brasil, tampouco no Rio Grande do Norte, embora já houvesse suspeita clínica da infecção (BRASIL, 2015a). Para detecção e confirmação dos casos suspeitos de ZIKV, o Laboratório de Biologia Molecular de Doenças Infecciosas e do Câncer padronizou a técnica qRT-PCR e, apesar de poucos meses de sua implantação, já foram analisadas 348 amostras com suspeitas da infecção causada por esse vírus. Quanto 54 à febre dengue, essa doença continua necessitando de monitoramento para evitar futuras epidemias no Estado do Rio Grande do Norte. Por esses motivos, é fundamentalmente importante compreender os aspectos epidemiológicos da febre dengue e da febre zika para nortear ações de controle específicas (GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2015b). Neste trabalho, analisou-se o perfil epidemiológico dos vírus Dengue e Zika no Estado do Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015, através da aplicação de métodos moleculares, para detecção e identificação dos vírus, visando contribuir para a vigilância desses vírus no RN através do fornecimento de dados às Secretarias de Saúde, visando fornecer suporte às ações de combate aos vetores do gênero Aedes. Este trabalho é de grande relevância, pois, além de ser o estudo mais abrangente sobre o ZIKV no Estado do Rio Grande do Norte, também é um dos estudos pioneiros referentes a esse vírus no Brasil. 55 3 3.1 OBJETIVOS Objetivo Geral: 3.2 Analisar o perfil epidemiológico dos vírus Dengue e Zika no Estado do Rio Grande do Norte, no período compreendido de junho de 2014 a maio de 2015. Objetivos Específicos: Implantar e padronizar a técnica de diagnóstico para detecção do vírus Zika no Laboratório de Doenças Infecciosas e do Câncer; Pesquisar a circulação dos sorotipos dos vírus Dengue e do vírus Zika no Estado do Rio Grande do Norte no período de junho de 2014 a maio de 2015; Analisar a distribuição e a evolução espacial dos vírus Dengue e Zika no Estado durante o período de estudo; Analisar a distribuição temporal desses vírus no Estado durante o período de estudo; Investigar os grupos (gênero e faixa etária) mais acometidos pelos vírus Dengue e Zika desde junho de 2014 até o mês de maio de 2015; Estimar a carga viral apresentada pelos pacientes com diagnóstico confirmados de infecção pelo vírus Zika para cada dia de doença. 56 4 4.1 MATERIAL E MÉTODOS Tipo de estudo Trata-se de um estudo misto, retrospectivo, prospectivo, epidemiológico observacional transversal, predominantemente descritivo, de dados primários. 4.2 Local de estudo Esse estudo foi realizado no Rio Grande do Norte (RN), situado na região Nordeste do Brasil, limitando-se a Oeste com o Estado do Ceará, ao Sul com o Estado da Paraíba e a Leste e Norte com o Oceano Atlântico (Figura 7). Atualmente, o RN possui um número de habitantes estimado em 3. 442.775, em uma área de 52.811,126 km², apresentando densidade demográfica de 59,99 (hab/km²) (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2015). O RN está dividido em 167 municípios, sendo composto por 19 microrregiões, agrupadas em 4 mesorregiões separadas conforme os aspectos físicos e humanos (Figura 8). A capital do Estado é a cidade do Natal que compõe a região metropolitana juntamente com outros 11 municípios. São eles: Ceará-Mirim, Extremoz, Ielmo Marinho, Macaíba, Maxaranguape, Monte Alegre, Nísia Floresta, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, São José de Mipibu e por fim, Vera Cruz (RIO GRANDE DO NORTE, 2015; OJIMA, MONTEIRO e NASCIMENTO, 2015). 57 Figura 7 - Localização do Estado do Rio Grande do Norte. Fonte: (Adaptado de BRANCO, 2014). Figura 8 - Mesorregiões e microrregiões do Estado do Rio Grande do Norte. Fonte: (NASCIMENTO; PETTA e FARIAS, 2009). 58 4.3 Amostras clínicas da população e fonte de dados do estudo Nesse estudo, foram analisadas amostras de sangue ou soro provenientes de pacientes atendidos em diferentes Centros de Saúde e Hospitais da Rede Pública do RN com suspeita de dengue e/ou febre zika. Amostras de sangue ou de soro foram obtidas de pacientes residentes em diversos municípios do RN e encaminhadas ao Laboratório Central Doutor Almino Fernandes (LACEN/RN). Posteriormente, uma alíquota dessas amostras foi encaminhada ao Laboratório de Doenças Infecciosas e do Câncer (LADIC/UFRN) com a ficha de notificação compulsória de cada paciente (contendo a identificação dos pacientes e algumas informações, tais como: data da coleta do espécime biológico, data de início dos sintomas, idade e procedência). Ao chegar no LADIC, as alíquotas foram acondicionadas em freezer -70Cº até serem processadas pelas técnicas moleculares, conforme descrito a seguir. 4.4 Extração do RNA viral As amostras de sangue ou soro advindas dos pacientes foram processadas para extração de RNA, utilizando o kit QIAmp Viral Mini Kit (QIAGEN, Inc., Valencia, EUA), seguindo o protocolo recomendado pelo fabricante, que consiste basicamente nos seguintes procedimentos: incubação de 140 μL de cada amostra com tampão de lise AVL durante dez minutos, posteriormente, as amostras foram misturadas com etanol absoluto e aplicadas em colunas com membrana de sílica, contidas no kit. Em seguida, os espécimes biológicos foram centrifugados, lavados com os tampões AW1 e AW2. Finalmente, foram adicionados 60 μL do tampão AVE para eluição do RNA presente na coluna e o RNA viral extraído foi armazenado no freezer -70Cº até o momento de utilização. 59 4.5 Transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase (RTPCR) para detecção e tipagem dos DENV Após extração do RNA, foi realizada a técnica de transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase descrita por Lanciotti et al. (1992) para amplificação do material genético através da obtenção do DNA complementar de cada amostra. Essa técnica consiste em duas etapas: a primeira denominada RTPCR e a segunda, semi-nested PCR, tendo como finalidade gerar produtos de amplificação (amplicons) ao final de cada procedimento, para detecção e identificação dos quatro sorotipos do vírus da dengue. Na primeira etapa foram utilizados 0,75 L dos iniciadores consensuais (D1 e D2) a 10 M para os quatro sorotipos do vírus Dengue complementares as sequências dos genes que codificam as proteínas C e prM. Na segunda etapa, foram utilizados 0,75L de iniciadores específicos (TS1, TS2, TS3 e TS4) a 10M para os DENV-1 a 4, respectivamente (Tabela 1). Tabela 1 - Sequência de oligonucleotídeos que foram utilizados para tipagem dos vírus da dengue por meio de transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase (RT-PCR). Tipo de oligonucleotídeo iniciador (sentido) D1 ( + ) D2 ( - ) TS1 ( - ) TS2 ( - ) TS3 ( - ) TS4 ( - ) Sentido da sequência (5’ – 3’) Posição no genoma Tamanho do amplicon (pares de bases) TCA ATA TGC TGA AAC GCG CAG AAA CCG TTG CAC CAA CAG TCA ATG TCT TCA GGT TC CGT CTC AGT GAT CCG GGG G CGC CAG AAG GGC CAT GAA CAG TAA CAT CATCATCAT GAC ACA GAG C CTC TGT TGT CTT AAA CAA GAG A 134 – 161 511 616 – 644 511 568 – 586 482 (D1 e TS1) 232 – 252 119 (D1 e TS2) 400 – 421 290 (D1 e TS3) 506 – 527 392 (D1 e TS4) Fonte: (LANCIOTTI et al., 1992). Os seguintes reagentes também foram utilizados na composição da mistura, sendo eles: água livre de nucleases (IDT, Iowa, USA), onde na primeira etapa 60 utilizou-se um volume de 8L e na segunda foi utilizado 6,25L; PCR Master Mix 2x (Promega, Madison, USA) tendo 12,5L adicionados em cada etapa e 0,5 L da enzima AMV-RT 5U/µL (Promega, Madison, USA), usado apenas na etapa primeira etapa. Na primeira etapa da reação, foi realizado o seguinte procedimento em cada amostra: Após preparação dos 20 L da mistura da RT-PCR (Tabela 2), foram adicionados 5,0 L do RNA previamente extraído, estocadas as misturas em microtubo tipo eppendorfde 0,3 mL. Em seguida, os microtubos foram imediatamente colocados no bloco aquecido do termociclador Mastercycler gradient. No primeiro momento das termociclagens, a transcrição reversa ocorreu a uma temperatura de 45ºC, durante 45 minutos, em seguida, as amostras foram submetidas a 30 ciclos subsequentes de desnaturação a 94ºC por 35 segundos, depois ocorreu o anelamento a 56ºC durante 1 minuto, extensão a 72ºC durante dois minutos e ao final, aconteceu mais uma extensão durante 10 minutos a 72ºC. Na segunda etapa, semi-nested PCR, 2,5 L do produto da primeira etapa de cada amostra foi diluído em 247,5L de água livre de nucleases. Em novos microtubos tipo eppendorfde 0,3 mL, foram adicionados 2,5 L provenientes da diluição em 22,5L da mistura preparada para essa segunda etapa (Tabela 2). Logo em seguida, as amostras foram colocadas no bloco aquecido do termociclador e submetidas a 20 ciclos de desnaturação por 35 segundos a 94ºC, em seguida, anelamento por 1 minuto a 56ºC, extensão por 2 minutos a 72ºC, finalizando com a extensão por 10 minutos a 72ºC. Tabela 2 - Reagentes utilizados para detectar os sorotipos do vírus da dengue por meio de transcrição reversa seguida pela reação em cadeia pela polimerase (RT-PCR). Reagentes Água livre de nucleases Primer iniciador D1 (10 µM) Primer iniciador D2 (10 µM) Primers iniciadores (TS1 a TS4) 5 U/µl enzima AMV-RT PCR Master Mix 2x Mistura para RT-PCR (utilizada em uma reação) 8 µL 0,75 µL 0,75µL _ 0,5µL 12,5 µL Fonte: (Adaptado de LANCIOTTI et al., 1992). Mistura para SemiNested (utilizada em uma reação) 6,25 µL 0,75 µL _ 0,75µL _ 12,5 µL 61 Posteriormente, foi realizada a eletroforese em cuba horizontal a 100V durante 60 minutos, para visualização e análise dos produtos amplificados. Para esse procedimento, foi utilizado 5 L do produto amplificado na segunda etapa da PCR, adicionado a 2,5L de Blue/Orange Loading Dye, 6x (Promega, Madison, USA) acrescido de 2,5L do GelRed™0,1% (Biotium). Essa mistura foi aplicada em gel de agarose a 1% (BioAmerica, Inc., Miami,USA) contendo Tris-Ácido Bórico-EDTA 0,5X (Promega, Madison, USA) e por fim, o gel foi visualizado em luz ultravioleta. 4.6 Transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase em tempo real (qRT-PCR) para detecção dos ZIKV A técnica de transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR) descrita por Faye et al. (2013), foi utilizada para pesquisa do vírus Zika. Além de ser rápida, sensível e específica, essa técnica é considerada de grande importância para detecção do vírus Zika, principalmente em regiões onde outros arbovírus cocirculam. A qRT-PCR consiste na amplificação e quantificação do RNA viral em tempo real por meio de um corante de fluorescência que se liga especificamente ao RNA de cadeia simples, capaz de detectar a luz oriunda do processo de amplificação. Para que isto seja realizado é necessário que haja uma sonda Zika_qRT_P (Applied Byossistems™ ) marcada com corante fluorescente específico, um primer iniciador inverso à sequência genômica estudada Zika_qRT_R e um direto Zika_qRT_F (Invitrogen) (Tabela 3). 62 Tabela 3 - Sequência da sonda e dos primers iniciadores utilizados na transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR) para detecção do vírus Zika (Y = T ou C, R = A ou G). oligonucleotídeo iniciador (sentido) Sonda Zika_qRT_P Primer Zika_qRT_F Primer Zika_qRT_R Sentido da sequência (5’ – 3’) Posição no genoma FAM-CTYAGACCAGCTGAAR-MGB 9304–9320 AAR TAC ACA TAC CAR AAC AAA GTG GT TCC RCT CCC YCT YTG GTC TTG 9271–9297 9352-9373 Fonte: (FAYE et al., 2013). Além dos reagentes mencionados acima, também foram utilizados na composição da mistura: água livre de nucleases (IDT, Iowa, USA) e o TaqMan FAST Vírus 1- Step Master Mix (Applied Byossistems™ ) (Tabela 4). Nesta etapa foram feitos os seguintes procedimentos em cada amostra: após preparação dos 5 L da mistura da RT-PCR foram adicionados 5,0 L do RNA previamente extraído em cada poço da placa de 96 poços. O equipamento ABI Prism 7500 Fast foi utilizado para a realização dos experimentos de qRT-PCR. Tabela 4 - Reagentes utilizados para detecção do vírus Zika por meio de transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR). Reagentes TaqMan FAST Vírus 1- Step Master Mix (2x) Mistura para qRT-PCR (utilizada em uma reação) 2,5 µL Primer Zika_qRT_F (200nM) 0,2 µL Primer Zika_qRT_R (200 nM) 0,2 µL Sonda Zika_qRT_P (125 nM) 0,2 µL Água livre de nucleases 1,9 µL Fonte: (Adaptado de FAYE et al., 2013). 63 4.7 Análise de dados Foi utilizado o programa Microsoft Office Excel 2010 para análise das fichas de notificação dos pacientes, enviadas pelo LACEN/RN e construção dos gráficos. Para elaboração das tabelas foi utilizado o Microsoft Office Word 2010. A construção dos gráficos de gênero e as análises estatísticas da carga viral por dia da doença causada pelo vírus Zika foram realizadas através do software Graphpad Prism (GraphPad Software, La Jolla, Ca. EUA) versão 6. Na comparação entre as amostras foram utilizados teste t para variáveis que apresentaram distribuição normal, ou Mann Whitney, para variáveis que não apresentaram distribuição normal. 4.8 Considerações éticas Para a realização deste estudo, este projeto foi previamente submetido à apreciação e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - CAAE: 51057015.5.0000.5537. 64 5 RESULTADOS 5.1 Implantação e aplicação da técnica de transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR) para detecção do ZIKV. Foram analisadas 348 amostras de sangue ou soro coletadas durante o período de junho de 2014 a maio de 2015, para a detecção do ZIKV utilizando-se a técnica de transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase em tempo real, conforme descrito por Faye et al. (2013). Esta técnica foi padronizada a partir de cepas provenientes de diversas regiões africanas e, tanto os primers quanto a sonda utilizada, foram desenhados a partir da região não estrutural 5 (NS5), que é a mais conservada entre os flavivírus (FAYE et al., 2013). Inicialmente, devido não haver um protocolo estabelecido para identificação do vírus Zika no LADIC, foi necessário realizar a implantação da técnica de qRT-PCR em tempo real para a detecção molecular desse vírus. Primeiro, foram utilizadas 24 amostras obtidas de pacientes com suspeita de infecção pelo ZIKV, provenientes do Rio Grande do Norte. No primeiro teste, foram utilizados 0,4 L dos primers iniciadores Zika_qRT_F e Zika_qRT_R a 400 nM por reação e, em seguida, adicionamos 0,4 L da sonda Zika_qRT_P Applied Byossistems™ a 250 nM. Além desses reagentes, também foram utilizados na composição da mistura: água livre de nucleases (IDT, Iowa, USA), onde utilizou-se 1,3L, o TaqMan FAST Vírus 1Step Master Mix 2x (Applied Byossistems) a uma concentração de 2x, onde foi adicionado 2,5 L na etapa da reação, em cada poço. Foram feitos os seguintes procedimentos em 24 poços da placa de qRT-PCR: após preparação dos 5 L da mistura da RT-PCR em um tubo tipo eppendorf de 0,8 mL (Tabela 5), foi adicionado em cada poço, 5 L do RNA previamente extraído, em seguida, a placa foi colocada no equipamento 7500 FAST e submetida a 40 ciclos de desnaturação por 3 segundos a 95ºC, seguido de 40 ciclos na etapa de anelamento por 30 segundos a 60ºC, finalizando com a extensão por 1 minuto a 60ºC. O tempo estimado das termociclagens foi de 85 minutos. Este foi o primeiro teste, onde obtivemos a seguinte curva de amplificação (Figura 9). 65 Tabela 5 - Reagentes utilizados no primeiro teste para detectar o ZIKV por meio de transcrição reversa seguida pela reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR) . Reagentes Fast vírus 1- step mix (2x) Mistura para qRT-PCR (utilizada em uma reação) 2,5 µL Primer Zika_qRT_F (400 nM) 0,4 µL Primer Zika_qRT_R (400 nM) 0,4 µL Sonda Zika_qRT_P (250 nM) 0,4 µL Água livre de nucleases 1,3 µL Fonte: (Adaptado de FAYE et al., 2013). Figura 9 - Curva de amplificação do primeiro teste realizado para identificação e detecção dos ZIKV através da técnica de qRT-PCR. Fonte: (LABORATÓRIO DE DOENÇAS INFECCIOSAS E DO CÂNCER). No segundo teste, utilizamos 28 amostras, sendo 24 do primeiro teste e 4 que ainda não haviam sido testadas para detecção de ZIKV. Preparamos 5 L da mistura da qRT-PCR e adicionamos 5 L do RNA previamente extraído em cada poço da placa de qRT-PCR e, como não tínhamos amostras negativas para 66 servir de controle, utilizamos em três poços da placa, 5 L de água livre de nucleases que serviram como nossos controles negativos. Em seguida, colocamos a placa no termociclador 7500 FAST, alteramos o tempo de termociclagem da etapa de desnaturação e anelamento, onde a desnaturação ocorreu em 40 ciclos por 15 segundos a 95ºC e o anelamento aconteceu por 60 segundos a 60ºC. A extensão final permaneceu a 1 minuto por 60ºC, porém, a reação foi concluída em 75 minutos, ou seja, 10 minutos a menos que no primeiro teste. Com essas mudanças nos padrões de termociclagem, obtivemos essa curva de amplificação (Figura 10). Figura 10 - Curva de amplificação do segundo teste para detecção dos ZIKV através da técnica de qRT-PCR. Fonte: (LABORATÓRIO DE DOENÇAS INFECCIOSAS E DO CÂNCER). No terceiro teste, voltamos a utilizar 24 amostras, das quais 8 foram testadas no primeiro experimento e as outras 16, utilizadas no segundo teste . Acrescentamos 5 L de água livre de nucleases em quatro poços da placa para servir como controles negativos. Além disso, na preparação da mistura, mudamos a concentração e o volume dos primers e da sonda, onde utilizamos em cada poço 0,2 L dos primers Zika_qRT_F e Zika_qRT_R (Invitrogen) a 200nM, 67 em seguida, utilizamos também 0,2 L da sonda Zika_qRT_P (Applied ™ Byossistems ), porém, a concentração desta foi de 125 nM. Para preparação da mistura, em cada poço da placa de qRT-PCR permanecemos utilizando o TaqMan FAST Vírus 1- Step Master Mix (Applied Byossistems) a uma concentração de 2x. Em consequência da redução do volume dos primers e da sonda, aumentamos o volume de água livre de nucleases que ficou com 1,9 L (Tabela 6). Após preparação da mistura, acrescentamos 5 L do RNA viral e por fim, levamos a placa de qRT-PCR ao termociclador 7500 FAST. O tempo estimado das termociclagens com estas mudanças voltou a ser de 85 minutos e verificamos que entre as 24 amostras, 10 amplificaram para ZIKV (Figura 11). Após esse teste, fizemos uma quarta pesquisa reduzindo apenas o volume do TaqMan FAST Vírus 1Step Master Mix (Applied Byossistems) que era de 2,5 µL, à metade. Desse modo, aplicamos em cada poço, 1,25 µL deste reagente, mas não obtivemos êxito, pois a amplificação não ocorreu (Figura 12). Tabela 6 - Reagentes utilizados para detectar o ZIKV por meio de transcrição reversa seguida pela reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR) com a concentração padrão implantada no LADIC. Reagentes Mistura para qRT-PCR (concentração utilizada) (volume utilizado em uma reação) TaqMan FAST Vírus 1- Step 2,5 µL Master Mix (2x) Primer Zika_qRT_F (200 nM) 0,2 µL Primer Zika_qRT_R (200 nM) 0,2 µL Sonda Zika_qRT_P (125 nM) 0,2 µL Água livre de nucleases 1,9 µL Fonte: (Adaptado de FAYE et al., 2013). 68 Figura 11 - Curva de amplificação do terceiro teste para detecção dos ZIKV através da técnica de qRT-PCR. Fonte: (LABORATÓRIO DE DOENÇAS INFECCIOSAS E DO CÂNCER). Figura 12 - Amplificação que não ocorreu no quarto teste para detecção dos ZIKV, devido redução. Fonte: (LABORATÓRIO DE DOENÇAS INFECCIOSAS E DO CÂNCER). 69 Posteriormente, fizemos um quinto teste utilizando os mesmos parâmetros de termociclagem e as mesmas concentrações de primers e sonda do terceiro teste. O que diferenciou este teste do terceiro foi o fato de termos utilizado um número maior de amostras, uma vez que, no terceiro teste foram aplicadas 24 amostras e no quinto, 90. Além disso, utilizamos 6 controles, sendo 4 negativos (dois contendo água livre de nucleases e os outros dois controles negativos foram provenientes de amostras que não haviam amplificado para ZIKV no terceiro teste) e 2 positivos (de duas amostras que amplificaram para o vírus Zika). Em seguida, colocamos a placa de 96 poços no bloco aquecido do termociclador 7500 FAST e após 85 minutos, obtivemos uma nova curva de amplificação (Figura 13). A partir dos resultados obtidos nesse quinto experimento, padronizamos a técnica de qRT-PCR para detecção dos ZIKV e passamos a utilizá-la nos experimentos seguintes. Também passamos a fazer uma triagem das amostras que deveriam ser submetidas a essa técnica, procurando averiguar com cautela a ficha de notificação dos pacientes para desenvolvermos as pesquisas com as demais amostras que se encontravam no nosso banco de amostras e que haviam sido submetidas à extração do RNA viral. Resumidamente, a qRT-PCR ocorreu em diversos padrões de termociclagens e concentrações de reagentes até conseguirmos chegar à padronização da técnica no Laboratório de Doenças Infecciosas e do Câncer. 70 Figura 13 – Padronização do protocolo implantado (quinto teste) para detecção dos ZIKV através da técnica de qRT-PCR. Fonte: (LABORATÓRIO DE DOENÇAS INFECCIOSAS E DO CÂNCER). 5.2 5.2.1 Monitoramento viral Pesquisa dos sorotipos dos vírus Dengue e identificação da circulação do vírus Zika no Estado do Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015. No período compreendido entre junho de 2014 a maio de 2015 foram analisadas um total de 334 amostras provenientes de pacientes com suspeita de infecção pelos DENV, das quais 27 foram positivas, representando uma prevalência de 8,08% (27/334). Além disso, 348 amostras foram analisadas para detecção do ZIKV, nas quais 73 foram positivas, demonstrando ocorrência da infecção em 20,98% (73/348) dos casos estudados (Tabela 7). 71 Tabela 7 - Detecção e porcentagem dos casos positivos pelos DENV e dos casos positivos para ZIKV. DENV (RT-PCR) 27/334 8,08% ZIKV (qRT-PCR) 73/348 20,98% Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). Foi constatada no período de estudo, a cocirculação de três dos quatro sorotipos dos vírus Dengue. Foram eles: DENV-1, DENV-2 e DENV-4, onde o DENV-4 foi o sorotipo predominante, representando 66,67% (18/27) dos casos positivos. O DENV-1 foi o segundo mais prevalente sorotipo com 18,52% (5/27) de positividade, enquanto o DENV-2 foi confirmado em 14,81% (4/27) dos casos confirmados para os sorotipos da dengue (Figura 14). Figura 14 – Sorotipos do vírus Dengue detectados por mês, no período de junho de 2014 a maio de Número de casos 2015. 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 DENV-1 DENV-2 DENV-4 Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). Na figura 15 é mostrado o perfil de bandas obtido a partir da amplificação de cada um dos quatros sorotipos do vírus dengue existentes, pela técnica da transcrição 72 reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase (RT-PCR), utilizando o protocolo proposto por Lanciotti et al., (1992), para a tipagem desse vírus. Figura 15 - Eletroforese horizontal em gel de agarose a 1%. Visualização dos produtos amplificados pela transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase (RT-PCR) para tipagem dos DENV segundo o protocolo descrito por Lanciotti et al., (1992). Poço 1: Marcador de Peso Molecular de 100 pares de bases (Promega); Poço 2: Controle negativo; Poço 3: Amostra positiva para DENV1; Poço 4: Amostra positiva para DENV-2; Poço 5: Amostra positiva para DENV-3; Poço 6: Amostra positiva para DENV-4. Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). Assim como os DENV, o ZIKV também foi representativo durante o período de estudo (Figura 16). 73 Figura 16 – Vírus Zika detectados por mês, no período de junho de 2014 a maio de 2015. 18 16 Nº de casos 14 12 10 8 6 Positivos 4 2 0 Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). O padrão de amplificação obtido por meio da técnica de transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR), demonstrou a circulação do vírus Zika no Estado do Rio Grande do Norte, conforme demonstrado (Figura 17). Figura 17 - Perfil de amplificação do ZIKV demonstrado através da técnica de transcrição reversa seguida da reação em cadeia pela polimerase em tempo real (qRT-PCR). Fonte: (LABORATÓRIO DE DOENÇAS INFECCIOSAS E DO CÂNCER). 74 5.3 5.3.1 Análise espaço temporal e perfil epidemiológico dos DENV e ZIKV. Municípios incidentes pelos DENV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015. A distribuição dos casos positivos para os DENV, bem como os sorotipos virais identificados nos municípios do Rio Grande do Norte foi realizada a partir da análise das fichas de notificação dos pacientes. No período de junho de 2014 a maio de 2015, verificou-se a circulação dos sorotipos DENV-1, DENV-2 e DENV-4 em 13 municípios. Todas as quatro mesorregiões do Estado apresentaram casos positivos para os DENV, durante o período de estudo. (Figura 18). Figura 18 – Mapa do Estado do Rio Grande do Norte demonstrando os municípios afetados pelos DENV no período de junho de 2014 a maio de 2015. Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). 75 O maior número de casos com diagnóstico confirmado de dengue ocorreu nos municípios de, Natal, Jandaíra e Ouro Branco, representando respectivamente, 22,22% (6/27), 18,52% (5/27) e 11,11% (3/27) do total de casos positivos. A cocirculação de mais de um sorotipo dos vírus Dengue ocorreu nos municípios de Jandaíra, Natal e Parnamirim. No primeiro, foram detectados os sorotipos DENV-2 e DENV-4, enquanto que no segundo e terceiro, foi confirmada a cocirculaçãos dos sorotipos DENV-1 e DENV-4 (Tabela 8). Tabela 8 - Municípios incidentes pelos DENV, número de casos confirmados, sorotipos circulantes e porcentagem de casos positivos no período de junho de 2014 a maio de 2015. Municípios Nº de casos confirmados Sorotipos Porcentagem (%) Natal 6 22,22% Jandaíra 5 Ouro Branco Guamaré Jardim de Piranhas Parnamirim 3 2 2 2DENV-1 4DENV-4 4 DENV-4 1 DENV-2 DENV-4 DENV-2 DENV-4 Brejinho Caiçara do Rio do Vento Canguaretama Jardim do Seridó João Câmara Mossoró São Pedro Total Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). 2 18,52% 11,11% 7,onte41% 7,41% 7,41% 1 1 1DENV-1 1 DENV-4 DENV-1 DENV-4 1 1 1 DENV-4 DENV-4 DENV-4 3,70% 3,70% 3,70% 1 1 27 DENV-1 DENV-2 5 DENV-1 4 DENV-2 18 DENV-4 3,70% 3,70% 100% 3,70% 3,70% 76 5.3.2 Municípios incidentes por ZIKV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015. A distribuição dos casos positivos para o vírus Zika, também foi realizada a partir da análise das fichas de notificação dos pacientes. No período desse estudo, ocorreram casos de infecção pelo ZIKV em 16 municípios. Houve 2 casos em que o município de procedência da amostra não foi informado na ficha de notificação. Diferentemente dos DENV, apenas três das quatro mesorregiões do Estado apresentaram casos positivos para o vírus Zika durante o período de estudo. Não houve casos detectados da doença na mesorregião do Oeste Potiguar (Figura 19). Figura 19 - Mapa do Estado do Rio Grande do Norte demonstrando os municípios incidentes pelo ZIKV no período de junho de 2014 a maio de 2015. Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). O maior número de casos positivos para o ZIKV ocorreu nos municípios de Natal, Parnamirim, Guamaré e Nova Cruz, com porcentagens respectivamente de: 30,14% (22/73), 19,18% (14/73), 13,70% (10/73), 9,59% (7/73) (Tabela 9). 77 Tabela 9 - Municípios incidentes pelos ZIKV, número de casos confirmados, além da porcentagem de casos positivos no período de junho de 2014 a maio de 2015. Municípios Nº de casos confirmados Porcentagem(%) Natal Parnamirim Guamaré Nova Cruz Jandaíra Caiçara do Rio do Vento Ceará-Mirim Galinhos Passa e Fica Acari Extremoz Macaíba Parelhas São Gonçalo do Amarante São Paulo do Potengi São Pedro Não informado Total 22 14 10 7 3 2 30,14% 19,18% 13,70% 9,59% 4,10% 2 2 2 1 1 1 1 1 2,74% 2,74% 2,74% 2,74% 1,37% 1,37% 1,37% 1,37% 1,37% 1 1 2 73 1,37% 1,37% 2,74% 100% Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). 5.3.3 Análise da distribuição espacial e evolução dos DENV e ZIKV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015. Durante esse estudo, verificou-se de acordo com a ficha de notificação dos pacientes, que no período de Junho a Agosto de 2014, o primeiro município a ter um caso confirmado de DENV foi Jandaíra, no mês de junho. Caiçara do Rio do Vento foi a primeira cidade a apresentar um caso confirmado de ZIKV ocorrido no mês de julho, seguido da cidade de Galinhos. Esse dado contradiz a hipótese da introdução 78 do vírus Zika no Brasil, por ocasião do Campeonato Mundial de Canoagem, uma vez que esse evento se deu em agosto de 2014, portanto, depois da ocorrência do primeiro caso de infecção por esse vírus no Rio Grande do Norte. Na primeira quinzena do mês de julho de 2014, dias antes da confirmação do primeiro caso de infecção pelo ZIKV no Estado, houve um caso de DENV-4 em Caiçara do Rio do Vento. Durante o primeiro trimestre desse estudo, houve a cocirculação dos DENV-1 e DENV-4 em Natal. Já no período de Junho a Novembro do mesmo ano (que correspondeu ao primeiro semestre desse estudo), ocorreu a cocirculação do DENV-2 em Guamaré e Jandaíra. Ambos os casos foram confirmados no mês de novembro de 2014. Nesse mesmo mês, confirmou-se a circulação do vírus Zika no município de Guamaré. Ainda nesse período, casos de DENV-2, 4 e ZIKV foram detectados no município de Jandaíra. Nos meses compreendidos de Junho de 2014 a Fevereiro de 2015, ou seja, durante os nove meses desse estudo, os DENV-1 e DENV-4 cocircularam em Parnamirim. Nos municípios de Guamaré e São Pedro houve a cocirculação dos DENV-2 e ZIKV. Em Jandaíra não ocorreu a circulação do DENV-1 e em Galinhos, Macaíba, Passa e Fica e Acari, o ZIKV foi o único vírus circulante. Durante todo o período desse estudo, foram diagnosticados casos de infecção por DENV e/ou ZIKV em 23 municípios do Estado (Figura 20). No que concerne apenas ao ZIKV, os meses de junho a agosto de 2014, Caiçara do Rio do Vento e Galinhos foram os únicos municípios afetados por esse vírus. No período de setembro a novembro de 2014, os municípios de Jandaíra e Guamaré registram a ocorrência do ZIKV em pacientes. De dezembro de 2014 a fevereiro de 2015, as cidades de Acari, Guamaré, Jandaíra, Macaíba, Natal, Passa e Fica e São Pedro foram incidentes. No período de março a maio de 2015, identificou-se a circulação do vírus Zika em Extremoz, Galinhos, Natal, Nova Cruz, Parelhas, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e São Paulo do Potengi. Por fim, houve meses - não informados na ficha de notificação dos pacientes - em que esse vírus circulou. Foram eles: Ciaçara do Rio do Vento, Ceará-Mirim, Natal e Passa e Fica (Figura 21). 79 Figura 20 – Mapas do Estado do Rio Grande do Norte, mostrando a evolução dos DENV e ZIKV durante o período de junho de 2014 a maio de 2015. A: Junho-Agosto/14; B: Junho-Novembro/14; C: Junho/14 a Fevereiro/15; D: Junho/14 a Maio/15. Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). 80 Figura 21 – Linha do tempo mostrando os municípios incidentes pelo ZIKV durante o período de junho de 2014 a maio de 2015. Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). 5.3.4 Análise temporal dos DENV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015. A análise temporal dos casos positivos para os DENV no período desse estudo demonstrou que os meses de Junho e Novembro de 2014, bem como o mês 81 de Janeiro de 2015 foram os que apresentam maior número de casos positivos, onde o mês de Junho foi o mais representativo com 44,44% (12/27). Além disso, houve casos em que a data de início dos sintomas e/ou data de coleta do sangue ou soro do paciente não foram informados na ficha de notificação (Tabela 10 e Figura 22). Tabela 10 - Distribuição mensal dos casos confirmados, estudados e sorotipos de DENV circulantes no Rio Grande do Norte, durante o período de junho de 2014 a maio de 2015. Mês Casos confirmados 12 Casos estudados Sorotipos 24 Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro 2 2 0 1 3 0 3 16 4 9 9 29 24 26 Fevereiro Março Abril Maio Não informado Total 0 2 1 0 1 27 16 56 47 26 48 334 9 DENV- 4 3 DENV- 1 2 DENV- 4 2 DENV- 4 1 DENV- 1 3 DENV- 2 1 DENV- 1 1 DENV- 2 1 DENV- 4 2 DENV- 4 1 DENV- 4 1 DENV- 4 5 DENV- 1 4 DENV- 2 18 DENV- 4 Junho Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). 82 Figura 22 – Distribuição mensal dos casos positivos e estudados para os DENV no período de junho de 2014 a maio de 2015. 60 Nº de casos 50 40 30 20 Positivos Estudados 10 0 Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). 5.3.5 Análise temporal dos casos de ZIKV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015. No que se refere aos casos de infecção pelo ZIKV, a análise temporal demonstrou que durante o período de estudo, os meses de Março e Maio de 2015 foram os que apresentaram maior número de casos positivos, sendo o mês de Março o mais representativo com 23,29% (17/73) de incidência. Assim como os casos incidentes pelos DENV, houve situações em que o mês de início dos sintomas e/ou data de coleta do espécime biológico do paciente com suspeita de ZIKV não foi preenchido na ficha de notificação (Tabela 11 e Figura 23). 83 Tabela 11 - Distribuição mensal dos casos confirmados e estudados de ZIKV no Rio Grande do Norte, durante o período de junho de 2014 a maio de 2015. Mês Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Não informado Total Casos confirmados 2 5 5 5 7 17 6 15 11 73 Casos estudados 12 14 2 9 5 16 9 22 17 64 64 69 45 348 Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). Figura 23 – Distribuição mensal dos casos positivos e estudados para ZIKV no período de junho de 2014 a maio de 2015. 80 70 Nº de casos 60 50 40 30 Positivos 20 Estudados 10 0 Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). 84 5.3.6 Investigação dos DENV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015, de acordo com o gênero. Durante o período de estudo e com base nas fichas de notificação dos pacientes, foi verificado que os dois gêneros foram afetados pelos DENV, tendo praticamente a mesma proporção de incidência, onde o sexo masculino representou 51,85% (14/27) dos casos positivos e o feminino 48,15% (13/27) (Figura 24). Figura 24 – Casos confirmados de DENV por gênero, no período de junho de 2014 a maio de 2015. Nº de casos 15 Positivos 10 5 o in Fe m in M as c ul in o 0 Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). 5.3.7 Investigação do ZIKV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015, de acordo com o gênero. Durante esse estudo e de acordo com a ficha de notificação dos pacientes, constatou-se que a maioria dos casos diagnosticados na infecção pelo de ZIKV foi em indivíduos do sexo feminino, com 57,53% (42/73) dos casos positivos (Figura 25). 85 Figura 25 - Casos confirmados de ZIKV por gênero, no período de junho de 2014 a maio de 2015. 50 Positivos Nº de casos 40 30 20 10 o Fe m in in M as c ul in o 0 Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). 5.3.8 Investigação dos DENV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015, de acordo com a faixa etária. Nesse estudo, constatou-se com base na análise das fichas de notificação dos pacientes, que as faixas etárias mais acometidas pelos DENV foram a de 11-20 anos e a de 51-60, cada uma com 18,52% (5/27) (Figura 26). Figura 26 – Casos positivos para os DENV no período de junho de 2014 a maio de 2015, conforme a faixa etária. 6 Nº de casos 5 4 3 2 1 0 Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). Positivos 86 5.3.9 Investigação do ZIKV no Rio Grande do Norte, no período de junho de 2014 a maio de 2015, de acordo com a faixa etária. No período de junho de 2014 a maio de 2015, verificou-se que a faixa etária mais acometida pelo ZIKV foi a de 0-10 anos, representando 19,18% (14/73) dos casos confirmados, seguidas das faixas etárias de 31-40 e 41-50 anos, onde cada uma destas representou 16,44%(12/73) de positividade (Figura 27). Nº de casos Figura 27 – Casos positivos para ZIKV no período de junho de 2014 a maio de 2015, conforme a faixa etária. 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Positivos Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA). 5.3.10 Carga viral dos casos confirmados de ZIKV por dia de doença. Com base nos resultados da qRT-PCR, analisamos a curva virêmica do ZIKV para verificarmos em qual dia (entre os 5 primeiros dias da febre zika incidente nos pacientes) ocorreria o maior pico da doença. Para isso, foi feita a comparação a média dos valores de Ct (Cycle threshold) que indica a carga viral e constatou-se nesse estudo uma maior carga viral no 3° dia de doença, entretanto, a diferença das 87 médias de Ct entre os diferentes dias de doença não foi significativa. A média de valor de Ct e desvio padrão foi de 36,59 (± 1,655) para o 1° dia de doença, 33,78 (± 3,394) para o 2° dia, 31,22 (± 7,394) para o 3° dia e 32,30 (± 8,083) para o 4° dia. A média do valor de Ct e o desvio padrão do 5° dia de doença não foi calculado, pois apenas uma amostra foi obtida nesse dia (Figura 28). O valor de Ct é inversamente proporcional a carga viral, ou seja, quanto menor o valor de Cycle threshold, maior é a carga viral. Figura 28 - Média dos valores de Ct indicando a carga viral por dia de doença, obtido de casos confirmados de ZIKV nesse estudo. INDETECTÁVEL Cycle threshold qRT-PCR Zika Virus 35 30 25 20 15 10 5 0 Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Fonte: (LABORATÓRIO DE DOENÇAS INFECCIOSAS E DO CÂNCER). 88 6 DISCUSSÃO A implementação e posterior padronização da técnica de qRT-PCR para detecção do ZIKV pelo Laboratório de Doenças Infecciosas e do Câncer que é um laboratório de virologia voltado para o âmbito da pesquisa na UFRN, foi fundamentalmente importante para o Estado pois, desde fevereiro de 2015 comentava-se sobre uma síndrome exantemática ocorrida no Nordeste no qual possivelmente muitas autoridades de saúde ainda não conhecia o agente etiológico causador dessa doença e fez-se necessário a identifica-lo com o intuito de alertar os profissionais de saúde do RN, visando a prevenção de futuras epidemias. Para isso, fizemos cinco procedimentos-teste até estabelecermos a técnica de qRT-PCR em nosso laboratório e podermos processar as 348 amostras incluídas no nosso estudo, seguindo o protocolo descrito por FAYE et al. (2013). No que concerne à pesquisa dos sorotipos dos DENV e identificação da circulação do ZIKV, verificamos que durante o período de junho de 2014 a maio de 2015, 8,08% das amostras de sangue foram confirmadas para os DENV e 20,98% para ZIKV. O número de casos positivos para os vírus Dengue pela técnica de RTPCR foi menor que o encontrado por Branco (2014) no período de 2010-2012, e por Sousa (2015) no período de 2013-2014 no RN e isso possivelmente é devido tanto ao esgotamento da população suscetível aos DENV, quanto a interferência viral (não ocorrência do processamento do RNA mensageiro, impedindo a replicação viral na célula hospedeira). A análise dos casos suspeito de infecção pelo vírus Zika foi realizada no nosso estudo pela técnica qRT-PCR. Em comparação com a RT-PCR, a qRT-PCR é mais sensível, mais rápida, possui maior especificidade, é de fácil padronização, apresenta menor risco de resultados falsos positivos e permite fazer análises quantitativas do material genético viral (FAYE et al., 2013; GUEDES, 2012), enquanto a primeira técnica faz análises apenas qualitativas, determinando se há presença ou ausência de vírus (BONA; TWERDOCHLIB e NAVARRO-SILVA, 2011). Três dos quatro sorotipos da dengue circularam no RN durante o período desse estudo. Foram eles: DENV-1, DENV-2 e DENV-4, com predominância do último. Resultado semelhante ao encontrado por Branco (2014) e Sousa (2015), mas diferente do relatado por Cunha et al. (1999) que detectara a circulação dos 89 sorotipos 1 e 2, e por Barbosa et al. (2012). Quanto ao DENV-3, o último ano em que este sorotipo circulou no Estado foi em 2010, no município de Parnamirim (BRANCO, 2014) e continua ausente, de acordo com o presente estudo. Isso indica que os indivíduos nascidos após 2010, são todos susceptíveis a esse sorotipo. Como os demais sorotipos continuam circulando na população, essa constatação torna-se preocupante, pois indivíduos infectados com um sorotipo adquirem imunidade duradoura específica para o tipo viral infectante, mas não para os outros três tipos (MACIEL, SIQUEIRA JUNIOR e MARTELLI, 2008). Por esse motivo, é necessário que as autoridades de saúde continuem realizando vigilâncias epidemiológicas, uma vez que infecções sequenciais por mais de um sorotipo de dengue podem contribuir para a ocorrência das formas hemorrágicas da doença (HALSTEAD, 2006). O sorotipo de maior prevalência foi o DENV-4, encontrado em 66,67% dos casos confirmados. Possivelmente esse sorotipo foi introduzido no Estado em maio de 2011 durante a festa de Santa Rita de Cássia, padroeira do município de Santa Cruz que é um evento religioso que recebe devotos de várias regiões do Brasil, inclusive, de outros países. Desde o período de detecção do DENV-4 no RN, o Estado permanece com um número maior de casos da doença, causados por esse sorotipo. Cordeiro (2008) explica que a alternância dos sorotipos virais se deve basicamente ao esgotamento ou a diminuição dos indivíduos susceptíveis a pelo menos um dos sorotipos circulantes. Quanto aos municípios incidentes pelos DENV e ZIKV, durante esse estudo foi possível verificar a circulação do DENV nas quatro mesorregiões do Estado. Esse resultado confirma o que foi constatado por Branco (2014) e Sousa (2015). Os municípios de Jandaíra, Natal e Ouro Branco merecem destaque por terem sido os mais afetados. Além disto, os dois primeiros municípios e Parnamirim apresentaram a cocirculação de mais de um sorotipo do vírus. A maior incidência de DENV em Natal, capital do Estado do RN e em Parnamirim que faz parte da região metropolitana, possivelmente é decorrente da elevada urbanização e densidade demográfica. O maior número de registro de casos, também pode ser devido a uma maior procura da população desses dois municípios aos serviços de saúde. Teixeira et al. (2009) explicam que no ano de 1997 as taxas de incidência dos DENV 90 começaram a se elevar em cidades pequenas, principalmente nas que estão situadas no interior do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que correspondem aos trechos territoriais das unidades climáticas mais favoráveis para a proliferação do mosquito e desde 2007, essa tendência se tornou ainda mais clara quando cerca de 40% dos casos de incidentes pelos DENV no Brasil vieram de municípios com menos de cem mil habitantes, como é o caso dos municípios de Jandaíra que possui 6.801 habitantes (IBGE, 2014a) e Ouro Branco com 4.699 habitantes (IBGE, 2014b). Com relação ao ZIKV, este foi detectado em três das quatro mesorregiões do RN, e possivelmente não foi detectado na mesorregião Oeste Potiguar devido às subnotificações que infelizmente existem no sistema de saúde. Devido aos eventos internacionais ocorridos no Brasil em 2014, inclusive no RN com a Copa do Mundo de Futebol, houve um aumento do fluxo de pessoas, condição que favorece a dispersão de agentes causadores de doenças. Assim, é possível que esse evento tenha sido responsável pela introdução do vírus no país deixando as autoridades de saúde em constante atenção (SVS, 2015). Além disso, Natal e Parnamirim (que foram dois dos municípios a apresentar o maior número de casos de ZIKV) recebem um intenso número de turistas anualmente e esse fluxo de pessoas favorece a importação de novos vírus (BRICKS, 2004). Os municípios de Guamaré e Nova Cruz também apresentaram significativa positividade para o vírus Zika. Barcellos e Lowe, (2014) informaram que ondas de difusão viral decorrem de áreas metropolitanas para cidades de médio e pequeno porte, gerando surtos nas regiões de influência. Na análise da distribuição espacial e evolução dos vírus DENV e ZIKV, verificamos que no período de Junho a Agosto de 2014, o primeiro município a ter um caso confirmado de DENV foi Jandaíra, enquanto Caiçara do Rio do Vento foi o primeiro a apresentar um caso confirmado de vírus Zika no mês de julho e em seguida, foi a cidade de Galinhos, demonstrando que o ZIKV não foi introduzido no Brasil durante o Campeonato de Canoagem ocorrido no Rio de Janeiro e por esse motivo, a hipótese de que o ZIKV chegou ao RN durante a Copa do Mundo de Futebol é a mais provável. Esses dados tornam-se preocupantes, uma vez que a introdução de um novo tipo viral em uma região pode gerar grandes epidemias e casos mais graves da doença (BARBOSA et al., 2012). 91 Na análise temporal dos DENV e ZIKV, analisamos que o mês de Junho foi o que apresentou maior número de casos confirmados de dengue com 44,44%. Quanto ao ZIKV, o mês de Março foi o de maior incidência, com 23,29% de positividade. Em um estudo epidemiológico realizado por Monteiro et al. (2009) na cidade de Teresina, capital do Piauí durante o período de 2002 a 2006 foi também observado que o maior número de casos positivos para os DENV coincidia com o período chuvoso (que corresponde ao primeiro semestre do ano), fato também comprovado por Viana e Ignotti (2013), em um estudo de revisão sistemática relacionando a dengue a variações meteorológicas no Brasil. A mesma explicação pode servir para o ZIKV, pois ambos os vírus são transmitidos pelos mesmos vetores e o período em que ocorrem os maiores índices pluviométricos, é considerado o mais favorável para reprodução do mosquito Aedes. Quanto à investigação dos DENV e ZIKV no RN conforme o sexo, observou-se nesse estudo que ambos os gêneros foram afetados pelos DENV, tendo praticamente a mesma proporção de casos positivos, corroborando com o estudo feito em São Luís do Maranhão por Gonçalves Neto e Rebêlo (2004), onde se verificou que houve transmissão similar dos vírus entre os sexos. Em estudo epidemiológico realizado em Manaus, Castro (2004) encontrou diferença nas taxas de incidência da infecção pelo vírus da dengue em relação ao gênero, mas admite que ambos os gêneros estão igualmente expostos ao vírus. No que concerne ao vírus Zika, constatou-se que a maioria dos casos diagnosticados foi do gênero feminino, com 57,53%. Esse resultado corrobora com o trabalho desenvolvido na Bahia por Campos, Bandeira e Sardi (2015), onde a maioria dos pacientes positivos para ZIKV foi também do sexo feminino. Esse dado aumenta ainda mais a preocupação com esse vírus, uma vez que existe uma forte evidência de sua transmissão vertical, associada a casos de microcefalia no recém-nascido. O registro de um maior número de casos de infecção por esse vírus em mulheres se deve possivelmente, a maior notificação, uma vez que as mulheres procuram mais o serviço de saúde. Também pode ser devido ao fato de que elas passam mais tempo no ambiente peri e intradomiciliar, expondo-se com mais frequência ao vetor urbano (CUNHA e BOHLAND, 2012). 92 No que se refere as faixas etárias mais acometidas pelos DENV e ZIKV durante esse estudo, verificamos que as idades mais incidentes pelos DENV foram a de 11-20 anos e a de 51-60, cada uma com 18,52%, diferentemente do resultado encontrado por Monteiro et al. (2009), onde eles mostraram que a faixa etária mais acometida por esses vírus foi a de pacientes com idades de 15-49 anos. Gonçalves Neto e Rebêlo (2004) fizeram um estudo em São Luís no Maranhão e verificaram que o número de casos incidentes pelos DENV, predominou nas idades acima de 15 anos, informando que o maior número de casos nas faixas etárias mais elevadas é um padrão observado em áreas de risco em potencial para transmissão do vetor e o Estado do Rio Grande do Norte está enquadrado nesse padrão por ter registros de episódios epidêmicos e não epidêmicos de dengue (BARBOSA et al., 2012). A faixa etária mais acometida pelo ZIKV foi a de 0-10 anos, representando 19,18% dos casos confirmados, seguidas das faixas etárias de 31-40 e 41-50 anos, onde cada uma destas representou 16,44% de positividade. Campos, Bandeira e Sardi (2015), também utilizaram amostras de sangue/soro nas pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal da Bahia e eles verificaram que a média de idade das pessoas afetadas por esse vírus era de 28 anos. Devido o ZIKV ser um vírus emergente e não ter havido histórico anterior ao ano de 2014 no Brasil, tampouco no Rio Grande do Norte, a população está totalmente susceptível à doença, por isso espera-se que a infecção atinja igualmente todas as faixas etárias. O futuro do ZIKV ainda é imprevisível, mas a difusão mundial dos DENV associado às tendências ligadas a urbanização e globalização, sugerem que o vírus Zika tenha um longo potencial de transmissibilidade pela frente (MUSSO, CAOLORMEAU e GUBLER, 2015a). Por fim, a utilização da qRT-PCR nesse estudo permitiu a comparação da quantificação da carga viral entre os cinco primeiros dias da febre zika (fase aguda da doença), no intuito de analisarmos em quais destes dias, ocorreu viremia e identificamos através de análise estatística, que o 3° dia apresentou maior pico virêmico. Vaughn et al. (2000), fizeram um estudo semelhante na Tailândia com os DENV e eles verificaram que a gravidade da doença relacionava-se aos altos títulos de viremia. Em estudo realizado por Nunes (2012) no Rio de Janeiro envolvendo os DENV, demonstrou que as maiores cargas virais foram observadas no 1º e 4º dia da 93 doença, porém, a diferença não foi estatisticamente significativa quando comparado a outros dias da infecção. O nosso estudo é de alta relevância, por ser o primeiro no Brasil e no RN a investigar a carga viral do ZIKV por dia de doença. 94 7 CONCLUSÕES 1. Das 334 amostras estudadas com suspeita de dengue, 8,08% se apresentaram positivas para a detecção do vírus. Do total de 348 amostras que foram analisadas para ZIKV, 20,98% foram positivas, representando a suscetibilidade da população a este vírus; 2. Constatou-se a cocirculação dos sorotipos 1, 2 e 4 do vírus da dengue, durante o período estudado com predominância do DENV4, que representou 66,67% dos casos positivos; 3. Os municípios de Natal, Jandaíra, e Ouro Branco foram os que apresentaram maior números de casos confirmados da infecção pelos DENV. Quanto ao vírus Zika, os municípios mais incidentes foram: Natal, Parnamirim, Guamaré e Nova Cruz; 4. A análise da distribuição espacial dos DENV e ZIKV revelou que o primeiro município com caso confirmado do vírus Dengue no período estudado, foi Jandaíra, enquanto que Caiçara do Rio do Vento foi o primeiro a apresentar um caso confirmado de infecção pelo vírus Zika; 5. Junho foi o mês que apresentou maior número de casos confirmados pelos DENV com 44,44% dos casos diagnosticados, enquanto Março foi o que apresentou maior positividade para o ZIKV, com 23,29%, pois o primeiro semestre do ano é também o de maior nível de chuvas no RN ; 6. Os gêneros masculino e feminino foram igualmente afetados pelos DENV, com 51,85% e 48,15%, respectivamente, dos casos confirmados. Com relação ao ZIKV, constatou-se que o gênero feminino foi mais afetado, com 57,53% dos casos diagnosticados; 95 7. As faixas etárias mais acometidas pelos DENV foram a de 11-20 anos e a de 5160, cada uma com 18,52%, enquanto para o ZIKV, a faixa etária de 0-10 anos teve maior representatividade com 19,18%, seguido das idades de 31-40 e 41-50 anos, onde cada uma representou 16,44% de positividade; 8. Constatou-se uma carga viral maior no 3° dia da doença causada pelo vírus Zika, o que significa que esse foi o maior pico de viremia atingido durante os cinco dias da febre zika analisados nesse estudo. 96 REFERÊNCIAS ABRANTES, P.; SILVEIRA, H. Alterações climáticas na Europa : efeito nas doenças parasitárias humanas. Revista Portuguesa de Saúde Pública, [S.l.], v. 27, n. 2, p. 71–86, 2009. ALCON, S. et al. 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