Infecção pelo Zik

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GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
GERÊNCIA ESTRATÉGICA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
NÚCLEO ESPECIAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Vitória, 05 de maio de 2015
Nota Técnica do Programa Estadual de Controle da Dengue - 01/2015 –
Assunto: Infecção pelo Zika Vírus e outras considerações
Devido ao diagnóstico recente do primeiro caso de infecção por Zika Virus
(ZIKV) no Brasil pela FIOCRUZ em paciente residente na Bahia,
prestamos alguns esclarecimentos.
O ZIKV é um flavivírus isolado pela primeira vez na floresta Zika (de onde
vem o nome) em Uganda, em 1948. Desde então constatou-se uma vasta
distribuição do vírus, que atinge a África Leste, África Oeste, o
subcontinente indiano, o sudoeste asiático e, mais recentemente, a
Micronésia. O vírus ocasionava casos esporádicos até 2007 quando ocorreu
uma grande epidemia em Yap, nos Estados Federados da Micronésia, e em
2013, na Polinésia Francesa. Há duas linhagens virais filogenéticas
principais: a africana e a asiática. O vírus é transmitido pela picada de
mosquitos infectados e é mantido num ciclo zoonótico que envolve
primatas não-humanos, apesar de haver algumas evidências de transmissão
interhumana através de contato sexual, transmissão vertical e transfusões
de hemoderivados.
O mosquito transmissor do ZIKV é o Aedes sp, sobretudo o A aegypti e o A
albopictus.
Poucos são os trabalhos publicados acerca da infecção pelo ZIKV, sendo a
maioria deles descrevendo doença febril autolimitada, com grande
semelhança com outras arboviroses como Dengue e Chikungunya. Embora
a maioria dos casos se manifeste como formas leves, a doença tem
potencial de desencadear doenças graves como a síndrome de Guillain
Barré.
As principais manifestações clínicas são: febre baixa, exantema
maculopapular, artralgias, mialgias, cefaléia e conjuntivite. Sinais e
sintomas menos freqüentes são: dor de garganta, edema, tosse, vômitos e
hematospermia.
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
GERÊNCIA ESTRATÉGICA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
NÚCLEO ESPECIAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Os achados laboratoriais são de escassa descrição, mas incluem
trombocitopenia, leucopenia, aumento de provas de atividade inflamatória,
aumento discreto de gama glutamil transferase e de desidrogenase láctica.
A infecção por ZIKV é mais uma doença arboviral transmitida pelos
mosquitos do gênero Aedes, amplamente distribuídos no território nacional.
Até o momento, as descrições disponíveis tratam de doença benigna
autolimitada, mas com potencial para causar desdobramentos graves, como
a síndrome de Guillain Barré. A sua presença no território nacional é
preocupante, uma vez que temos todo o arcabouço necessário para sua
disseminação.
No entanto, muito mais preocupantes que a infecção pelo ZIKV são a
Dengue (de elevadas morbidade e mortalidade) e, mais recentemente, a
Chikungunya (de elevada morbidade).
Entendemos que diante de um paciente com síndrome febril como a
descrita acima, em que sejam considerados os diagnósticos de infecção por
ZIKV ou por Chikungunya, é fundamental que o caso seja conduzido como
Dengue, seguindo o protocolo de manejo clínico desta infecção, uma vez
que o potencial para formas graves e fatais da Dengue, quando tratada
inadequadamente, é muitas vezes superior ao das demais arboviroses
citadas.
A gravidade da Dengue contrasta com a simplicidade da sua condução que
é constituída de monitoramento e acompanhamento dos casos (buscando e
informando sempre sobre os sinais de alarme), analgesia (evitando-se
derivados do ácido acetilsalicílico e antiinflamatórios não esteroidais),
hidratação vigorosa e repouso.
Patrícia Dornelas Bassani
Roberto Laperrière Junior
Tálib Moysés Moussallem
Theresa Cristina Cardoso da Silva
GILSA APARECIDA PIMENTA RODRIGUES
Gerência Estratégica de Vigilância em Saúde
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