um pouco de história

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UM POUCO DE
HISTÓRIA
ÍNDICE
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ANTIGAS INDÚSTRIAS IRFM
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CONSTRUÇÃO
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RESTAURO
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BAIRRO ÁGUA BRANCA
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CONDE MATARAZZO
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A CASA DAS CALDEIRAS
Edifício fabril da década de 1920, construído para abrigar caldeiras
vindas da Europa que produziriam energia para todo o parque industrial
que se erguia pelas mãos do Conde Francesco Matarazzo, numa área
de aproximadamente 100.000 m2, onde a proximidade das linhas de
trem privilegiava o recebimento de matéria-prima e o escoamento da
produção.
Foi tombado em 1986, pelo CONDEPHAAT e IPHAN, como edificação
remanescente das IRFM – Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo.
Espaço monumental de alvenaria de tijolos possui três enormes
chaminés, um pé direito altíssimo para abrigar imensas caldeiras que
hoje são como grandes esculturas que contam estórias de tempos
passados. Representante da história da industrialização e
desenvolvimento da cidade de São Paulo.
O edifício foi restaurado em 1998-1999 quando então se revitaliza com
um novo uso e volta a participar dos acontecimentos e do
desenvolvimento da cidade, como um espaço especial para as
celebrações e os eventos sociais, institucionais, artístico-culturais.
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ANTIGAS INDÚSTRIAS
Foi no Bairro da Água Branca, que as Indústrias Reunidas
Francisco Matarazzo (IRFM) instalaram-se no início da década de
20, como o primeiro Parque Industrial com noção de
vertilicazação da produção. O ramal ferroviário interligado a área
de produção constituiu um dos determinantes para a sua
localização.
Os edifícios Casa das Caldeiras e Casa do Eletricista faziam
parte deste parque e são as únicas construções que
remanesceram do complexo que produziu sabonetes, álcool, óleo
vegetal, vela, possuía mecânica e fundição, sacarias, etc.
“O complexo industrial da Água Branca marca a expansão espacial das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo
(IRFM) na cidade de São Paulo e sua implantação se insere em um contexto de diversificação das atividades
industriais do grupo. Até então, as IRFM concentravam-se na zona leste da cidade de São Paulo e restringiam-se à
produção de farinha e tecidos. As indústrias da Água Branca ocupavam um vasto terreno de 113.721, 00 m2, onde a
área construída ultrapassava 96.000, 00 m2. Os diversos setores do complexo industrial eram interligados por
passarelas internas e escoavam sua produção por uma linha de trem própria, ligada à Estrada de Ferro Sorocabana.”
CONSTRUÇÃO
Exemplar típico da arquitetura fabril de caráter utilitário recebeu grandes janelas, pé-direito altíssimo, três chaminés
monumentais que parecem ganhar os céus, túneis-galerias que remetem a passagens subterrâneas, fornalhas que
eram alimentadas por carvão.
Observam-se três fases importantes de construção e ampliação durante o levantamento histórico da Casa das
Caldeiras. A primeira fase é do nosso conhecimento através da planta encaminhada em 1923 à Prefeitura Municipal,
onde se desenhava um bloco único de alvenaria de tijolos estruturalmente portante, que foi recebendo a abertura de
novos vãos. Em 1936, nova planta foi encaminhada para aprovação com ampliações e reformas, que somava uma
terceira chaminé às duas existentes.
A terceira fase significativa foi submetida à aprovação da Prefeitura no ano de 1953; nas plantas lia-se uma laje de
concreto armado que permitia o uso do andar superior para depósito de resíduos, novas caldeiras que obrigavam o
alteamento da cobertura e mudança da mesma para uma estrutura metálica com lanternim. Introduziram-se os
elementos vazados para o preenchimento do vão do novo pé-direito e um novo corpo anexo serviu para reservatório
d'água.
O edifício Casa das Caldeiras é um exemplar típico da arquitetura fabril, de caráter utilitário, cujas sucessivas
transformações aponta para a dinâmica peculiar deste tipo de construção. Construída como uma plataforma de
produção de energia para o parque das IRFM. Após sua desativação no final da década de 70, o espaço foi entregue
ao abandono e esquecimento até que em 1998 participa da exposição “A Cidade e suas Histórias”, projeto
concebido pelo Arte Cidade, que questionava a relação da cidade com seus espaços urbanos degradados e
abandonados.
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RESTAURO
“A arquitetura do conjunto retrata os padrões da arquitetura industrial inglesa, profundamente marcada pela fachada
de alvenaria aparente de tijolos de barro e as esquadrias metálicas de pouca largura e altas, que tinham a função de
iluminar o ambiente sem permitir a visão do exterior para a rua. Em 1985 o CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico Arqueológico Arquitetônico e Turístico do Estado de São Paulo) pediu o tombamento desse
imóvel, na época já desativado, visando preservá-lo como documento arquitetônico da história da industrialização
paulistana. No fim desse processo _ 1986, com revisões datadas de 1993 _ decidiu-se preservar um dos galpões da
fábrica, a casa do Eletricista, o prédio de caldeiras e as três chaminés de alvenaria refratária, cujas alturas variam de
46 a 54 m e os diâmetros externos de 2,60 a 4,40 m, que complementavam a central de vapor.” Nelson Brisac – Arte
Cidade.
As edificações remanescentes das Indústrias Matarazzo foram assim tombadas por seu valor simbólico, como marco
referencial do que foi o complexo IRFM, uma vez que todos os outros edifícios tinham sido demolidos.
A partir da compra do terreno, pela empresa Ricci e Associados, em 1992, iniciou-se o planejamento de revitalização
de todo o terreno (aproximadamente 100.000m2) e o estudo de viabilidade. O projeto de desenvolvimento urbano do
terreno contou com a intervenção da Operação Urbana conseguindo agregar uma série de melhorias e valores para a
área, concretizando o projeto de reciclagem e restauro dos imóveis tombados Casa das Caldeiras e Casa do
Eletricista através dos arquitetos Marcos Carrilho e Victor Hugo Mori.
Em 1998, após receber e apoiar a terceira edição do projeto ARTE-CIDADE, a Casa das Caldeiras recebeu obras
emergenciais onde o telhado foi refeito, as janelas restauradas e vidros colocados, as chaminés foram lavadas,
cintadas e suas bocas foram completadas. Em 1999, as obras de restauro e reciclagem do espaço que possibilitaram
dar ao edifício um novo uso, foram concluídas.As características do edifício foram mantidas e as obras mais
profundas de restauração limitaram-se, ana maior parte dos casos, à recomposição de elementos alterados. As
sucessivas sobreposições e acréscimos sofridos pelo edifício foram conservados. A intervenção proposta buscou em
síntese preservar a historicidade do objeto, os aspectos fundamentais foram mantidos como documento do processo
evolutivo da atividade industrial.
Sob o aspecto simbólico, as chaminés são os elementos mais expressivos. A sua presença é a marca
simbólica da presença da fábrica e atua como referência evocativa da intensa atividade fabril do lugar.
Das três caldeiras remanescentes, apenas uma apresentava-se com todos os seus componentes. O critério
de restauração adotado foi o de conservar uma das caldeiras, a que se encontrava mais integra, em seu
estado original, com os reparos pertinentes, e uma outra caldeira seria mantida à mostra com todo o sistema
de circulação de fluidos revelados, possibilitando assim o entendimento de seu funcionamento. A última
caldeira apenas foi mantida e reparada com os poucos elementos estruturais restantes.
BAIRRO DA ÁGUA BRANCA
www.pucsp.br/artecidade/site97_99/ac3/hist.html#moinho
Outro bairro que o Arte / Cidade atravessa e que constitui uma das trilhas dessa "cidade sobre trilhos" é o da Água
Branca, onde se situam as edificações das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo. Até o fim do século XIX a Água
Branca tinha com referências ambientais as olarias, as chácaras e as jabuticabeiras, situadas em torno do córrego da
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Água Branca. Seu primeiro marco urbano foi a abertura da avenida Água Branca (atual Francisco Matarazzo), que
foi construída com capitais dos donos da Antártica e uma das primeiras a dispor de iluminação elétrica e linhas
duplas de bonde. As indústrias que formaram o bairro, tributário da Estação Água Branca da Sorocabana, foram,
além da Antártica, o Curtume do conselheiro Antonio Prado e a vidraria Santa Marina.
Um dos elementos mais fortes do seu perfil industrial era invisível: o cheiro da fábrica de cerveja, do curtume e
depois, do sebo, quando, no anos 20, a Matarazzo foi implantada em parte do terreno que era da Antártica.
Contudo, o cheiro da Água Branca, um dos lugares da memória da São Paulo industrial não exclui uma outra faceta
do bairro que é ainda um dos lugares das memórias mais cândidas da cidade. Para muitos paulistanos, a Água
Branca é o lugar da memória do lazer: o Parque Antártica com seu carrossel, seus quiosques e as atrações que
traziam a população nos bondes para os pic-nics de fim-de-semana.
CONDE MATARAZZO
Francisco (Francesco) Matarazzo nasceu em Castellabate, na Itália, em 1854 e faleceu em 1937 em São Paulo.
Chegou ao Brasil em 1881 com 27 anos. Estabeleceu-se na cidade de Sorocaba, no interior do Estado de São
Paulo onde se dedicou ao comércio de banha de porco.
Transferiu-se para São Paulo em 1890 e associou-se a dois irmãos, José (Giuseppe), Luiz (Luigi) e Andrea, para
criar a Matarazzo e Irmãos, com sede na rua 25 de março. Nessa sociedade, Francisco participava com duas
fábricas de banha (uma em Sorocaba, outra em Capão Bonito), José com uma fábrica de banha estabelecida em
Porto Alegre e Luís com um depósito-armazém estabelecido na cidade de São Paulo. Além de produzir e
comercializar banha, a firma importava trigo dos Estados Unidos e arroz da China.
Em 1891, no contexto do Encilhamento, essa empresa foi dissolvida e constituiu-se a Companhia Matarazzo S. A.
com 43 acionistas, que compraram as fábricas de Sorocaba e Porto Alegre. Em 1899 deu início à construção de
sua primeira fábrica, o Moinho Matarazzo, localizado no Brás, junto à linha da São Paulo Railway, financiado pelo
London Bank e equipado com máquinas Henri Simon & Co, de Mancheste.
O empreendimento que custou hum mil e quinhentos réis foi a cellula mater de um império. Inaugurado
pomposamente em 1900, com a presença de autoridades locais, cônsules da Itália e Alemanha, catedráticos da
Escola Politécnica e outras personalidades, beneficiou-se da conjuntura desfavorável à importação de trigo que a
guerra hispano-americana causara. No Moinho funcionavam também duas oficinas, uma de consertos, que se
transformou em 1902 em seção de metalurgia, e outra de sacaria. A oficina de sacaria foi o embrião de sua
tecelagem, também localizada no Brás, a Fiação e Tecelagem Mariângela, inaugurada em 1904.
No Brás, ainda, Matarazzo construiu sua fábrica de óleo (a Sol Levante, 1907)e a Oficina Central. Ainda em 1900,
junto com outros capitalistas em sua maioria imigrantes italianos, formou um banco, a Banca Commerciale Italiana
de São Paulo.
Em 1905, formou outro banco, a Banca Italiana del Brasile, onde a família Matarazzo representava 73 % dos
acionistas. Em 1911, cessam as atividades bancárias de Francisco Matarazzo nesses dois bancos e constitui-se a
sociedade anônima denominada Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM), que tinha Francisco Matarazzo
como principal acionista dirigente e seu filho Ermelino e o irmão Andrea como assessores mais importantes.
Francisco Matarazzo passa a representar, entretanto, o Banco de Nápoles, que monopolizava as remessas do
exterior para a Itália. Expandiu seus empreendimentos para o Belenzinho em 1913, onde funcionava a Tecelagem
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Belenzinho e para o Paraná onde constituiu a subsidiária S. A. Indústrias Matarazzo do Paraná para estocar trigo
importado da Argentina. Instalaram-se ainda, filiais da IRFM em Santos, Rio de Janeiro e Curitiba.
Em 1914 a IRFM inaugura a sua amideria, e, em 1915, a fecularia. Ainda nesse ano de 1915, Francisco Matarazzo
firma sua posição de líder da colônia italiana ao doar um pavilhão ao Hospital Humberto I, que atendia basicamente
as famílias imigrantes. Também em 1915 concretiza-se um velho projeto de Francisco Matarazzo, levado a cabo por
seu filho Ermelino. A criação de unidades fechadas de fábricas da IRFM.
O primeiro núcleo desse tipo foi implantado em São Caetano, que produzia velas e produtos gordurosos. Nessa
época já funcionavam na Móoca as fábricas de fósforo, o moinho de sal e a refinação de açúcar Em 1917 recebe do
rei italiano o título de conde, que veio a somar-se ao de comendadoRua Também em 1917 começa a funcionar o
Moinho de Matarazzo de Antonina, no Paraná, e em 1919 a Sociedade Paulista de Navegação Matarazzo Ltda.,
dando autonomia para empresa em todo país.
Nessa época, a IRFM adquire um vasto terreno de mais de 100.000 m2 de propriedade da Antártica onde constrói o
complexo industrial da Água Branca nos anos 20. Simultaneamente, começa a funcionar, em 1920, o Frigorífico
Jaguariaíva, ligado à subsidiária do Paraná. Em 1922, Francisco Matarazzo inicia suas atividades no ramo de
bebidas com a fábrica de Licores Matarazzo, situada no Brás e cria a seção de Cinema nas IRFM, encarregada da
distribuição de filmes norte-americanos no país todo. A distribuidora encerrou suas atividades em 1932.
No fim dos anos 20, em 1926, as IRFM abrem uma nova área de atuação, a indústria química, com a constituição da
Viscoseda, em São Caetano, instalam a Oficina Mecânica e de Fundição na Água Branca. Em 1927, as IRFM
adquirem um novo estabelecimento na rua Amélia, Água Branca, destinado à produção de louças, aparelhos
sanitários e azulejos. Nos anos 30 Francisco Matarazzo comprou a Tecelagem Ítalo-Brasileira de Sedas, entre as
ruas Joli e Sampson, no Brás, e a Tecelagem Santa Celina no Belenzinho (1931), e associou-se a uma fábrica de
óleo de algodão e sabão em João Pessoa na Paraíba.
Em 1933 as IRFM entram para o ramo da indústria extrativa com a Fábrica de Cal Santana, em Santana do
Parnaíba. Expandem suas atividades nesse setor em 1935 com a aquisição de jazidas de caulim, quartzo, pedra
argila e lenha na periferia de São Paulo (Sacomã, Guarulhos, Ermelino Matarazzo, Mauá e Mogi das Cruzes). Em
1936, por iniciativa do Conde Francisco Matarazzo, as IRFM inauguram uma nova fábrica de papel e papelão no
Belenzinho e implantam suas primeiras máquinas de descaroçamento de algodão próximas dos centros produtores
(Avaré e Itapetininga e, em 1937, em Catanduva, Bauru, Rancharia, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Bernardino
de Campos e Marília). Em decorrência da produtividade dessas descaroçadoras foi instalada a fábrica de óleo de
Catanduva.
O último empreendimento do Conde foi a instalação, em Limeira, no Estado de São Paulo de uma fábrica de
extração de essências de frutos cítricos, de onde saiu um de seus produtos famosos, a "marmellata" de laranja.
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