Zika e doenças associadas deixam lições a cientistas

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INSTITUTO EVANDRO CHAGAS
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VEÍCULO: DIÁRIO DO GRANDE ABC ONLINE
DATA: 07/11/2016
ASSUNTO: ZIKA VÍRUS
PÁG. A14
TIPO: NOTÍCIA
ENDEREÇO WEB:
http://saude.empauta.com/e2/standard/noticia/mostra_noticia_e2.php?&cod_noticia=1611071478515321009
ACESSADO EM: 07/11/2016
Zika e doenças associadas deixam lições a cientistas
Às vésperas de completar um ano do estado de emergência em saúde pública no Brasil declarado
por causa da microcefalia, o diretor do Instituto Evandro Chagas, Pedro Vasconcelos, não hesita
em afirmar: o zika, vírus associado ao aumento de casos da má-formação, trouxe várias lições para
cientistas. "Não se pode desprezar nenhum agente infeccioso, mesmo aqueles que à primeira vista
são considerados inofensivos." Esse, completa Vasconcelos, foi o erro cometido com zika no Brasil
e no mundo.
Descoberto na década de 40, o zika nunca despertou interesse de pesquisadores. "Até o início de
2015, ele era considerado um vírus de segunda categoria. Ele era pouco estudado, porque se
imaginava que seria de pouco interesse para saúde pública."
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O baque, no entanto, não se resumiu ao fato de ele ser muito mais nocivo do que se pensava no
início. "O zika rompeu um padrão. Ele representa uma revolução em termos de arbovírus. Até
então, acreditávamos que esses agentes eram transmitidos pela picada de artrópodes infectados."
O zika veio mostrar que essa ideia era limitada e incorreta. Comprovou-se que ele pode ser
transmitido por via sexual, transfusão de sangue. "E ele pode causar doença grave. Tanto na sua
forma congênita quanto para pacientes infectados que já apresentam, por exemplo, falhas no
sistema imunológico", explica Vasconcelos.
Em virtude do alcance do vírus, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, em fevereiro,
estado de emergência internacional em saúde pública. Vasconcelos defende que esse status seja
mantido.
Estratégias
A equipe de Vasconcelos trabalha em várias frentes. Um dos braços considerados mais
promissores é o que se dedica ao desenvolvimento de uma vacina, em parceria com a
Universidade do Texas. Os resultados obtidos até agora são animadores. Nos próximos dias, a
vacina será testada em primatas, em áreas controladas.
A vacina é desenvolvida com base em um vírus vivo enfraquecido. Por meio do uso de engenharia
genética, pesquisadores procuram manter a capacidade do vírus de infectar células, sem, no
entanto, que ele possa desenvolver a doença.
O diretor do Instituto Evandro Chagas avalia que há muito ainda que se descobrir sobre o zika.
"Ele era praticamente desconhecido. Hoje temos algumas pistas. Mas é preciso muito mais", disse.
Uma das hipóteses que necessitam ser avaliadas ainda é o fato de a microcefalia não atingir todos
os bebês cujas mães são infectadas pelo zika. "Há uma corrente que arrisca haver um papel
protetor da vacina de febre amarela. Isso poderia explicar, por exemplo, o fato de que as regiões
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ACESSADO EM: 07/11/2016
onde a microcefalia ocorreu de forma mais intensa no ano passado coincidir com áreas onde a
vacina não é aplicada de forma rotineira. Mas são apenas suposições."
Vasconcelos reconhece que, a partir da agora, os brasileiros começam a perder o protagonismo
nas descobertas. Ele atribui essa mudança ao investimento realizado em outros países. "Nossa
contribuição foi significativa. Mas há uma tendência de que outros centros passem a apresentar
estudos."
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