Um ano após surto de microcefalia, perguntas seguem sem resposta.

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INSTITUTO EVANDRO CHAGAS
Clipping
VEÍCULO: O POVO ONLINE
DATA: 22/10/2016
ASSUNTO: ZIKA VÍRUS E MICROCEFALIA
PÁG. A14
TIPO: NOTÍCIA
ENDEREÇO WEB:
http://saude.empauta.com/e2/standard/noticia/mostra_noticia_e2.php?&cod_noticia=1610221477170199005
ACESSADO EM: 22/10/2016
Um ano após surto de microcefalia, perguntas seguem sem resposta.
Após a confirmação da relação com o zika vírus, os impactos e o controle da síndrome nos bebês
são ainda peças do quebra-cabeça que a ciência busca desvendar.
Mateus Dantas
Na rua onde mora Jacqueline
Santos, 26 anos, o lixo das casas
não
é
coletado.
É
preciso
despejar as sacolas com os
resíduos
domésticos
a
dois
quarteirões de distância para ter
certeza de que elas não ficarão
amontoadas e sem destino no
Jacqueline com a filha, Ketlyn. Sem coleta de lixo, ela acredita que as condições
sanitárias contribuíram para que pegasse zika.
Parque Potira II, em Caucaia. Com a sujeira, ela imagina que o mosquito Aedes Aegypti teve mais
chances de se reproduzir na vizinhança. É como ela supõe ter contraído o zika vírus aos seis meses
de gestação. Passou a pensar sobre o assunto após o nascimento da filha Ketlyn, com microcefalia.
A maior exposição ao mosquito pode ser uma das explicações para que muitos casos de bebês
com síndrome congênita do zika vírus ocorram em famílias com baixas condições
socioeconômicas. Falta de saneamento básico e de coleta do lixo são fatores vinculados à
reprodução do vetor. No entanto, não há levantamentos concluídos para estabelecer essa relação
ou mesmo para precisar a prevalência da infecção de acordo com os indicadores sociais.
No Ceará, esse é um dos aspectos que compõem as pesquisas sobre a síndrome, com
levantamento de dados e análises pelos profissionais de serviço social, aponta André Pessoa,
neurologista do Hospital Infantil Albert Sabin. Como essas, outras perguntas seguem em aberto
INSTITUTO EVANDRO CHAGAS
Clipping
VEÍCULO: O POVO ONLINE
DATA: 22/10/2016
ASSUNTO: ZIKA VÍRUS E MICROCEFALIA
PÁG. A14
TIPO: NOTÍCIA
ENDEREÇO WEB:
http://saude.empauta.com/e2/standard/noticia/mostra_noticia_e2.php?&cod_noticia=1610221477170199005
ACESSADO EM: 22/10/2016
para os cientistas. Elas buscam nortear melhor a prevenção, o diagnóstico mais preciso da
infecção e o tratamento das crianças com alterações causadas por ela.
Reunindo esforços de pesquisadores e colaborações internacionais, o Ministério da Saúde prevê
que vacina contra o vírus zika comece a ser testada em chimpanzés em novembro. O investimento
do Governo é de R$ 10 milhões para a parceria entre o Instituto Evandro Chagas, com sede no
Pará, e a Universidade do Texas, nos Estados Unidos. Caso os resultados sejam positivos, os testes
em humanos devem ocorrer no primeiro semestre de 2017.
Como há estimativa de que 80% das pessoas infectadas com o zika vírus não apresentam
sintomas, uma das descobertas esperadas é uma triagem segura a ser feita no pré-natal. Assim,
será possível rastrear o vírus em todas as gestantes. Para isso, serão necessários testes sorológicos
seguros para aplicação no primeiro e no último trimestre da gestação. Procedimento comum à
infecção por toxoplasmose, explica o infectologista Robério Leite.
Outro ponto a ser esclarecido é a intensidade da infecção para cada período da gestação. "Vemos,
por enquanto, que o espectro tem manifestações piores quando há infecção no primeiro
trimestre. Mas ela pode ocorrer em qualquer período, e não sabemos o risco para cada fase",
assinala Herlânio Costa, coordenador do serviço de Medicina Fetal da Maternidade Escola Assis
Chateaubriand (MEAC).
No Brasil e no mundo, as investigações buscam abranger também crianças que nascem sem
microcefalia e que tenham outras alterações, como calcificações no cérebro e anomalias auditivas,
visuais e motoras.
Para Herlânio Costa, o acompanhamento próximo das crianças com a síndrome até que elas
completem dois anos deve trazer mais respostas sobre dificuldades para andar, falar e realizar
outras atividades. Por isso, o campo de investigação não se restringe aos laboratórios e aos dados,
mas aos próximos passos da geração afetada pelo zika vírus. (Thaís Brito)
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