Questão 13 A característica mais notável da Grécia antiga, a razão profunda de todas as suas grandezas e de todas as suas fraquezas, é ter sido repartida numa infinidade de cidades que formavam um número correspondente de Estados. As condições geográficas da Grécia contribuíram fortemente para dar-lhe sua feição histórica. Recortada pelo embate entre a montanha e o mar, há uma fragmentação física e política das diferentes sociedades. outros.” Naquele tempo, as pessoas tinham a sensação de viver numa odiosa atmosfera de desordens e de violência. O feudalismo medieval nasceu no seio de uma época conturbada. Em certa medida, nasceu dessas mesmas perturbações. (Adaptado de Marc Bloch, A sociedade feudal. Lisboa: Edições 70, 1982, p. 19.) a) Estabeleça as relações entre as invasões bárbaras e o surgimento do feudalismo. b) Identifique duas instituições romanas que contribuíram para a formação do feudalismo na Europa medieval. Explique o significado de uma delas. (Adaptado de Gustave Glotz, A cidade grega. São Paulo: Difel, 1980, p. 1.) a) Segundo o texto, qual a organização política mais relevante da Grécia antiga? Indique suas principais características. b) Relacione a economia da Grécia antiga com as condições geográficas indicadas no texto. Resposta a) Tratava-se da pólis. Eram cidades-estado com instituições de autogoverno, independentes entre si que, ocasionalmente, por razões político-militares ou econômicas, realizavam alianças entre si. Algumas delas, como Atenas, no decorrer do século V a.C. criaram as bases dos regimes democráticos. b) Os condicionamentos geográficos, além de terem contribuído para a fragmentação política da Grécia Antiga, também foram importantes no plano econômico. Com poucas terras aráveis, os gregos dedicaram-se a atividades comerciais e vieram a fundar um vasto império mercantil, estabelecendo feitorias e colônias desde o mar Negro até o Mediterrâneo Ocidental. Questão 14 No contexto das invasões bárbaras do século X, os bispos da província de Reims registraram: “Só há cidades despovoadas, mosteiros em ruínas ou incendiados, campos reduzidos ao abandono. Por toda parte, os homens são semelhantes aos peixes do mar que se devoram uns aos Resposta a) As invasões bárbaras provocaram a fragmentação política do vasto território que compreendia o Império Romano, comprometendo a existência de um centro de unidade política em favor de múltiplas unidades políticas que então se formavam, os chamados reinos cristãos-bárbaros que incorporavam algumas instituições romanas sob novas feições. As invasões bárbaras também aceleraram o colapso do regime escravista na medida em que cessam as conquistas territoriais romanas e, aos poucos, criam-se formas de trabalho compulsório que viriam dar origem à servidão medieval. b) Entre as instituições romanas que contribuíram para a formação do feudalismo na Europa Medieval, podemos citar: o colonato, que prendia o camponês à terra e o impedia de mudar de senhor e região; o precarium, que era o arrendamento da terra em troca de uma renda determinada; e a clientela, que colocava os desprovidos de recursos sob o domínio de um grande senhor. Esse conjunto de instituições, associados a outros, favorecia o fortalecimento de laços de dependência entre um senhor e seus servos. Questão 15 A legitimidade dos reis lusitanos se confundia com o bem comum desde o século XIV, quando vingou o princípio de que os reis não são proprietários de seus reinos, mas sim seus defensores, acrescentadores e administradores. O Novo Mundo parecia assistir à erosão do bem comum. A distância que separava história 2 a América portuguesa da sede do reino tornou a colônia um lugar de desproteção. A lonjura em relação ao “bafo do rei” facilitava a usurpação de direitos dos súditos pelas autoridades consideradas venais e despóticas. (Adaptado de Luciano Figueiredo, “Narrativas das rebeliões: linguagem política e idéias radicais na América portuguesa moderna”. Revista USP, 57. São Paulo: USP, mar-mai, 2003, p. 10-11.) a) Segundo o texto, que mudança se observa no século XIV com relação à legitimidade do rei lusitano? Por que essa legitimidade esteve ameaçada na América portuguesa? b) Na América portuguesa, houve várias revoltas de colonos. Cite uma delas e o que os revoltosos defendiam? Resposta a) Segundo o texto, a mudança diz respeito à concepção da legitimidade da autoridade do monarca. No lugar de serem considerados "proprietários de seus reinos", eram considerados "defensores, acrescentadores e administradores". Ainda, segundo o texto, essa legitimidade esteve ameaçada no Novo Mundo devido à distância existente entre a Metrópole e a Colônia que, mais afastada fisicamente da autoridade real, facilitava a existência de funcionários corruptos. b) Durante o Período Colonial ocorreram várias revoltas de colonos contra a autoridade da Metrópole, das quais podemos destacar: a Revolta de Beckman (Maranhão, 1684), na qual os revoltosos defendiam a expulsão dos jesuítas e o fim da companhia de comércio do Maranhão; a Guerra dos Emboabas (Minas Gerais, 1708-1709), em que os paulistas tentavam garantir para si o controle da exploração do ouro, entrando em conflito com os adventícios (emboabas) que chegavam à região mineradora; a Guerra dos Mascates (Pernambuco, 1710), segundo o qual os senhores de engenho de Olinda se opunham à separação de Recife e sua elevação à condição de vila; a Revolta de Vila Rica (Minas Gerais, 1720), em que os colonos faziam oposição à criação das Casas de Fundição (proibia-se a circulação do ouro em pó, pois este deveria ser transformado em barras e tirado o quinto para a Coroa); a Inconfidência Mineira (Minas Gerais, 1789), inspirada no exemplo da independência dos Estados Unidos (1776), era um movimento republicano e emancipacionista contrário à derrama (cobrança de impostos atrasados, que mineradores, ou não, tinham de pagar); e a Inconfidência Baiana (Bahia, 1798), movimento emancipacionista e republicano que contou com a participação popular, chegando à defesa do fim da escravidão por alguns de seus membros. Questão 16 Todos os legisladores do século XVIII concordavam que o Estado britânico existia para preservar a propriedade e, incidentalmente, as vidas e liberdades dos proprietários. (Adaptado de E. P. Thompson, Senhores e Caçadores: a origem da lei negra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 21.) a) A partir da afirmação de E. P. Thompson, caracterize o pensamento político presente no Estado britânico do século XVIII. b) Identifique duas características dos Estados europeus do pós-segunda guerra mundial que os diferenciava do Estado britânico, descrito por E. P. Thompson. Resposta a) Segundo o texto, o Estado era concebido com a finalidade de preservar a propriedade e, em um segundo plano, garantir a vida e a liberdade dos proprietários. Tal concepção foi formalizada por vários pensadores em consonância com os resultados políticos da chamada Revolução Gloriosa (1688), que consagrou a fórmula "o rei reina mas não governa" que extinguia o Absolutismo e estabelecia uma monarquia parlamentar na Inglaterra. Entre esses pensadores destaca-se John Locke que, em suas obras sobre o governo representativo, explicitava que a função do governo era defender e preservar a propriedade. Trata-se de um dos fundamentos da ideologia política liberal. b) O fato de terem existido campos de extermínio de populações civis, no decorrer da guerra, chamou a atenção daqueles que vieram a construir a Nova Ordem Mundial do período posterior à Segunda Guerra, para que fossem estabelecidas salvaguardas que garantissem os direitos fundamentais dos cidadãos. A Declaração Universal dos Direitos do Homem, promulgada pela ONU (Organização das Nações Unidas), viria formalizar tais direitos. Assim, o conteúdo da referida declaração veio a ser incorporado no ordenamento jurídico dos estados do pós-guerra. Na Europa do pós-guerra amplia-se o bloco socialista e consolidam-se regimes democráticos pluripartidários no Ocidente Europeu. Nos países europeus do bloco socialista é abolida a propriedade privada dos meios de produção e por essa via o direito de propriedade privada torna-se restringido. Nos países não-socialistas da Europa, criam-se mecanismos legais que consagram a função social da propriedade, ou seja, a propriedade privada é garantida dentro dos limites do bem comum. história 3 Ou seja, a concepção restrita de Estado, tal como descrita pelo autor para o Estado Britânico no século XVIII, é ampliada nos estados europeus do pós-guerra no que se refere à garantia dos direitos fundamentais e quanto à concepção da propriedade que agora deve, de uma certa forma, estar subordinada ao interesse social. Questão 17 O texto abaixo se refere à guerra entre a Inglaterra e a França no contexto da Revolução Francesa no final do século XVIII: A cada navio que os canhões inimigos punham fora de combate, os governos da Inglaterra e da França procuravam desesperadamente mais dois mil carvalhos que pudessem substituí-lo. Para abastecer a marinha francesa, desmataram-se cadeias montanhosas inteiras, que nunca foram reflorestadas. Ao mesmo tempo, seus concorrentes ingleses transportavam madeira das florestas canadenses. (Adaptado de Simon Schama, Paisagem e Memória. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 188.) a) Por que a Revolução Francesa levou a uma guerra entre a França e outros países europeus? b) Que relação o texto estabelece entre essa guerra e o desmatamento das florestas do hemisfério norte? c) Como a questão ambiental foi tratada no protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em 2005? Resposta a) A Revolução Francesa abalou o absolutismo monárquico e a sociedade estamental, numa Europa em que predominavam formas absolutistas de governo. No decurso do movimento revolucionário, os nobres franceses fugiam do país e estabeleciam-se na fronteira onde se preparava a contra-revolução. Em 1791, a Áustria e a Prússia firmaram a Declaração de Pilnitz, conclamando os monarcas europeus a "restabelecerem a ordem na França". Com o mesmo fim conspiravam o rei e a rainha com os emigrados e estrangeiros. Os emigrados já haviam organizado um exército em Coblença (Alemanha) e eram apoiados por Áustria e Prússia. Os girondinos e parte dos jacobinos apoiavam a guerra, pois viam nela um meio de assegurar o triunfo da revolução e propagar seus ideais pela Europa. Em abril de 1792, a Assembléia francesa aprovava a declaração de guerra à Áustria. Luís XVI assina a declaração por acreditar que a Áustria venceria inevitavelmente e que seria, assim, restaurado seu poder absoluto. Aos países europeus, como Áustria e Prússia, a guerra era necessária como forma de manter as estruturas absolutistas em seus países. Deve-se acrescentar que no processo revolucionário, quando da execução de Luís XVI, a reação das grandes potências foi imediata, como a Inglaterra, que decidiu agir militarmente contra o governo revolucionário. Assim, a França foi invadida por todas as fronteiras. b) Segundo o texto, a cada navio posto fora de combate havia a necessidade de novos navios, carvalhos eram usados para construir novas embarcações, "desmataram-se cadeias montanhosas inteiras, que nunca foram reflorestadas". c) O protocolo de Kyoto refere-se à questão do aquecimento do planeta, um dos principais problemas ambientais em escala global ocasionado principalmente pelo grande aumento da queima de combustíveis fósseis, decisivos no aumento médio da temperatura da atmosfera terrestre. O protocolo, assinado na cidade japonesa de Kyoto em 1987 e que passou a vigorar em 1995 com o apoio da Rússia, estipulou cotas de emissão de gases do "efeito estufa" a serem respeitadas pelos principais países industrializados. Nem todos os países industrializados, a começar pelos EUA (responsável por 25% das emissões), ratificaram o acordo, e este fato é o principal responsável pela pouca efetividade de alcance das medidas acordadas no protocolo. Questão 18 Em 1910, o crítico literário Sílvio Romero escreveu sobre a década de 1870. Em sua perspectiva, alguns acontecimentos teriam feito surgir uma nova geração de intelectuais brasileiros engajados no que ele considerava como pensamento moderno. Para o autor, a Guerra do Paraguai mostrara os defeitos de nossa “organização militar e o acanhado de nossos progressos sociais, desvendando repugnantemente a chaga da escravidão”. (Adaptado de Ronaldo Vainfas (dir.), Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 309.) a) Cite uma característica da geração de intelectuais de 1870. história 4 b) Explique de que maneira a Guerra do Paraguai “desvendava a chaga da escravidão”. c) Indique duas formas de engajamento dos intelectuais abolicionistas. Resposta a) Destaca-se, entre outros aspectos, uma atitude crítica em relação à ordem política e social vigente. Aspiravam por reformas políticas, então pouco viáveis em um regime caracterizado pela centralização político-administrativa, e sociais, das quais condenavam a existência da escravidão. Nesse sentido, intelectuais propunham reformas políticas na monarquia como, por exemplo, a abolição da vitaliciedade do Senado. Outros, mais radicais, assumem uma oposição aberta ao regime monárquico e, em 1870, assinam o Manifesto Republicano fundando o Partido Republicano. Igualmente, intelectuais daquela geração vieram integrar o movimento abolicionista, que condenava a escravidão. b) Porque o governo mobilizou escravos para lutarem na guerra. Foi aprovada uma legislação que dava liberdade aos escravos que lutassem na guerra. O fato de os escravos terem sido mobilizados para a guerra deu-lhes uma visibilidade maior, que foi devidamente capitalizada pelos abolicionistas no sentido de "desvendar a chaga da escravidão". c) Os intelectuais abolicionistas atuavam em várias frentes, entre as quais podemos destacar: a elaboração da propaganda abolicionista; o uso da imprensa; a atuação parlamentar; a atuação de advogados que buscavam o abrigo das leis vigentes para contestar a escravidão; a atuação na organização de movimentos sociais e políticos em favor da abolição, como, por exemplo, o incentivo à fuga de escravos. b) No contexto da grande imigração, o que queria dizer “fazer a América”? c) De que país veio o maior número de imigrantes para o Estado de São Paulo entre o final do século XIX e o começo do século XX? Resposta a) "Imigrantes gratuitos" eram aqueles que tinham sua vinda ao Brasil subvencionada pelo governo. Na primeira fase da imigração européia (1852-1860), foi adotado o regime de parceria, pelo qual o imigrante usava a terra do proprietário e pagava, com seu trabalho, por esse direito. Repartia também, com o proprietário, uma parte do que produzia. Tal regime levou a uma servidão disfarçada. Frente a isso, em 1859 proíbe-se, na Europa, a emigração para o Brasil, alegando-se a escravidão do europeu. Solucionando o problema, o governo passa a subvencionar a imigração (1870), surgindo o termo "imigrante gratuito", pois este não arcaria com as despesas de viagem. b) Na segunda metade do século XIX ocorreram grandes mudanças na Europa. Os processos de unificação política acentuaram a concentração setorial, social e regional da renda. Para muitos europeus, empobrecidos por essas circunstâncias, surgiu a possibilidade de "fazer a América", ou seja, emigrarem de seus países de origem e depois retornarem em condições econômicas melhores, ou de estabelecerem-se aqui definitivamente, com um projeto de ascensão social. c) O maior número de imigrantes para o Estado de São Paulo entre o final do século XIX e o começo do século XX veio da Itália. Questão 20 Questão 19 Em carta de junho de 1889, o imigrante italiano Francesco Costantin comentou sua viagem de navio de Gênova para o Brasil: “Não encontro palavras para descrever por inteiro o desconforto do vapor. Sendo todos imigrantes gratuitos, nos tratavam pior do que porcos”. (Adaptado de Emilio Franzina, Merica! Merica! Emigrazione e colonizzazione nelle lettere dei contadini veneti e friulani in America Latina, 1876-1902. Verona: Cierre Edizioni, 1994, p. 171.) a) Explique o significado da expressão “imigrantes gratuitos” e o que motivou essa modalidade de imigração. O pan-africanismo, surgido no final do século XIX, foi fundamental para a tomada de consciência das elites culturais africanas em relação às questões econômicas, sociais, políticas e culturais do continente. A idéia de nação continental, que surgiu como sinônimo de solidariedade da raça negra, apresentava ao mundo o que significa ser africano, incluindo dois legados: o resgate da África pelos africanos e a idéia de pátria comum de todos os negros em solo africano, com supostos valores comuns para se pensar estruturas políticas autônomas. (Adaptado de Leila Leite Hernandez, A África na sala de aula: visita à História Contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005, p. 157.) história 5 a) Por que a recriação de valores comuns foi útil ao pan-africanismo? b) A ocupação do continente africano pelos europeus se relaciona a dois processos históricos: o colonialismo do século XVI e o imperialismo do século XIX. Cite duas características de cada um desses processos que os diferenciem. Resposta a) A recriação de valores comuns implicava na solidariedade aos negros, apresentando ao mundo o que significava ser africano. A África nesse contexto passa a ser um todo, uma pátria comum a todos os africanos que ultrapassa a idéia do particularismo da organização tribal, que não coincide necessariamente com a estrutura política do Estado Nacional. b) O colonialismo do século XVI associa-se à expansão marítima. No século XV, os portugueses iniciaram a expansão marítimo-comercial européia a partir da costa marroquina com a conquista de Ceuta (1415). Posteriormente exploraram o litoral atlântico-africano, fundaram feitorias, ultrapassaram o Cabo da Boa Esperança (1487-1488) e exploraram a costa africana oriental. Nesse contexto, no decorrer da Época Moderna, portugueses, espanhóis, franceses, ingleses e holandeses estabeleceram feitorias ao longo da costa africana com a finalidade de obter ouro, marfim, e, sobretudo, escravos. Na época do imperialismo do século XIX acirram-se as disputas entre as potências industriais por áreas nas quais pudessem investir excedentes de capitais e que fossem fontes de matérias-primas e mercados de consumo. Acrescentam-se a tais interesses aqueles associados a questões estratégicas e militares como garantia de controle de rotas marítimas e de acesso à Índia e ao Extremo Oriente. Nesse amplo contexto ocorreu a chamada partilha da África, que teve seu marco na Conferência de Berlim (1884-1885). Durante os séculos XIX e XX os europeus ampliaram o seu controle sobre o continente africano, avançando para o seu interior com a construção de uma rede de ferrovias e portos. Questão 21 A roupa de Eva Perón foi um negócio de Estado para um regime que descobriu as formas modernas da propaganda política. As publicações ilustradas do regime levaram adiante uma política altamente visual, em que dezenas de fotografias diárias difundiam as imagens dos líderes. A escolha dos vestidos de Eva não foi uma tarefa banal. Eva foi amada por sua obra e pela maneira como se apresentava publicamente. (Adaptado de Beatriz Sarlo, A paixão e a exceção: Borges, Eva Perón, Montoneros. São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2005, p. 78-79.) a) Quais os significados da escolha dos vestidos de Eva Perón? b) Caracterize o peronismo. c) Qual a ação política de Eva Perón durante o governo de Juan Domingo Perón (1946-1955)? Resposta a) Segundo o texto, a roupa de Eva Perón "foi um negócio de Estado", porque teria sido uma forma de propaganda política do regime peronista. Era um meio de divulgar insistentemente para o grande público as imagens dos líderes do regime por intermédio do apelo visual. Por esta via, Eva Perón foi consagrada não só pelas obras a ela atribuídas, mas pela sua própria imagem. b) O peronismo é considerado uma expressão do populismo na história política da América Latina. O populismo significa um tipo de prática política em que o líder faz apelos diretos às massas, por cima das instituições políticas tradicionais, tais como os partidos e o Parlamento, e acena com reformas para minimizar os problemas das populações carentes. O apelo direto às massas, um discurso político nacionalista e redentor dos "descamisados", mobiliza multidões, provoca um clima de demandas sociais e políticas e tende a gerar instabilidade social e política. Na maior parte das vezes, as mudanças propostas são inviáveis, mas a não-realização dessas é justificada por conta dos inimigos externos (imperialismo norte-americano) ou internos, os chamados "inimigos" do povo (agentes do imperialismo no país e defensores dos interesses das classes dominantes), que criam obstáculos à mudança. c) Eva Perón, em primeiro lugar, foi uma das maiores propagandistas de Juan Domingo Perón, a quem considerava um predestinado que deveria conduzir a Argentina para um futuro melhor e a quem incentivou nos momentos políticos difíceis. Ao mesmo tempo liderou ações, como festas públicas, nas quais se fazia farta distribuição de pão doce e bebidas, por exemplo, no final de cada ano. Distinguiu-se também na área de assistência social, que a colocou na posição de "mãe espiritual", "fada dos humildes", "mãe dos pobres", epítetos que eram insistentemente veiculados pela imprensa controlada por Perón. Grupos empresariais que precisavam de algum apoio governamental descobriram a fórmula adequada que era fazer doações para as atividades assistenciais da primeira-dama. história 6 Em 1948 é criada a Fundação Maria Eva Duarte de Perón, que viria a formalizar e canalizar os recursos para as referidas ações assistenciais que vieram a incluir a construção de internatos, hospitais, asilos para idosos, hospedarias populares, cidades e restaurantes universitários. Paralelamente, Eva Perón veio a acumular uma grande fortuna associada às suas atividades. Junto ao seu esposo personificou um estilo populista e personalista de governo. Sua ação política resultou na incorporação ao peronismo de parte significativa da população marginalizada da Argentina que não tinha sequer condições de ser beneficiada pela legislação trabalhista, porque não possuía empregos estáveis. Igualmente sua ação estabeleceu um virtual monopólio das ações assistenciais por parte do peronismo, esvaziando por esta via qualquer possibilidade de oposição que pretendesse utilizar os mesmos meios para obter adeptos. Finalmente, por seu intermédio incorporou ao peronismo a população feminina da Argentina, ao ser estendido o direito de voto às mulheres. Esse conjunto fez de Eva Perón a personalidade de maior força política no país. b) Fundada em 1932, a AIB se inspirou sobretudo no fascismo italiano. Pregava a existência de um Estado autoritário, centralizado e corporativo. Os integralistas, além de se oporem ao governo constitucional (1934-1937) e à esquerda, eram ultranacionalistas e chegaram a formar grupos paramilitares, utilizados no combate a seus oponentes. Depois de uma tentativa frustrada de golpe de Estado em 1938, eles foram colocados fora da lei pelo governo, que extinguiu a organização. c) Pode-se afirmar que o fechamento dos partidos políticos e a adoção do bipartidarismo, pelo Ato Institucional nº 2 (1965), possibilitou ao regime militar, entre outros aspectos, um controle maior sobre a oposição, maior disciplina político-partidária, além de passar a imagem, sobretudo para o exterior, de normalidade democrática, pois o regime permitia a existência de oposição. Além disso, o bipartidarismo garantia vitória da Arena (Aliança Renovadora Nacional) nas eleições para cargos do Executivo, pois, a partir da vigência do Ato Institucional nº 5 (13.12.1968), o presidente poderia cassar mandatos e suspender direitos políticos de opositores, garantindo, assim, maioria situacionista no Legislativo. Questão 22 No Brasil, os partidos foram, na República Velha, partidos republicanos regionais. Após 1945, os partidos buscaram, sem grande sucesso, tornar-se nacionais, como ocorreu na década de 1930 com a Ação Integralista Brasileira, o primeiro partido nacional de massa. O processo de nacionalização dos partidos ocorre em pleno regime militar, com a polarização partidária. (Adaptado de Hélgio Trindade, “Brasil em Perspectiva: conservadorismo liberal e democracia bloqueada”, em Carlos Guilherme Mota (org.), Viagem incompleta: a experiência Brasileira (1500-2000): a grande transação. São Paulo: Ed. SENAC SP, 2000, p. 375.) a) Segundo o texto, qual a diferença fundamental entre os partidos políticos da República Velha e os do regime militar (1964-1985)? b) Quais as características políticas da Ação Integralista Brasileira (AIB)? c) Qual a importância do bipartidarismo (ARENA e MDB) para o regime militar? Resposta a) Durante a República Velha, os partidos políticos eram regionais e no período militar houve, de acordo com o texto, o processo de nacionalização dos partidos. Questão 23 Um dos mandamentos do século XIX, na Europa, era o evangelho do trabalho. Para os ideólogos da classe média, o ideal do trabalho implicava autodisciplina e sentido atento do dever. Até mesmo os mais devotos ousavam modificar a palavra de Deus. As Escrituras haviam considerado o trabalho como castigo severo imposto por Deus a Adão e Eva. Mas para os ideólogos burgueses, o trabalho era prevenção contra o pecado mortal da preguiça. O evangelho do trabalho era quase exclusivamente um ideal burguês. Em geral, os nobres não lhe davam valor. O desprezo aristocrático pelo trabalho era um resquício feudal. (Adaptado de Peter Gay, O século de Schnitzler. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 210-1, 214 e 217-8.) a) Segundo o texto, como o trabalho era visto pela Bíblia, pela burguesia e pela aristocracia? b) Como a burguesia buscou disciplinar os trabalhadores no contexto da Revolução Industrial? história 7 Resposta a) Segundo o texto, o trabalho era visto pela Bíblia "como castigo severo imposto por Deus a Adão e Eva"; pela burguesia, visto como "prevenção contra o pecado mortal da preguiça"; pela aristocracia, visto com desprezo, "os nobres não lhe davam valor". b) Com a Revolução Industrial a produção se desloca do setor doméstico para a fábrica, na qual máquinas e operários são reunidos. O sistema fabril utiliza máquinas de propriedade do empregador (burguesia) e estimula o crescimento da divisão do trabalho e da produção em massa por intermédio da administração científica do trabalho. A estandartização de peças e produtos permite a produção em série que atende às necessidades do mercado de consumo. Questão 24 Os anos 90 constituem a década em que o impacto das chamadas novas tecnologias sobre o trabalho, a vida e a cultura se fez sentir de modo incontornável. Com a disseminação dos computadores e da Internet, com os avanços da biotecnologia e as promessas da nanotecnologia, ficava patente que as inovações tecnológicas não se encontravam apenas nos laboratórios, mas faziam parte do cotidiano das massas urbanas. O acesso à tecnologia tornou-se tão vital que hoje a inclusão social e a própria sobrevivência passam obrigatoriamente pela capacidade que as pessoas têm de se inserir no mundo das máquinas e de acompanhar as ondas da evolução tecnológica. (Adaptado de Laymert Garcia dos Santos, Politizar as novas tecnologias. O impacto sócio-técnico da informação digital e da genética. São Paulo: Editora 34, 2003, p. 9-10.) a) Identifique três das novas tecnologias citadas no texto e aponte um uso para cada uma delas. b) Explique uma questão ética presente nas discussões atuais sobre a biotecnologia. Resposta a) Entre as novas tecnologias citadas no texto, podemos destacar: a tecnologia da informática e telecomunicações (computadores e Internet); a biotecnologia e a nanotecnologia. Podemos, com o uso dessas tecnologias, obter respectivamente: • maior armazenamento, tratamento e disseminação de informação com amplas aplicações em todos os setores das atividades humanas; • aplicações amplas e variadas como a produção de alimentos transgênicos, tratamento de doenças genéticas e clonagem de seres vivos; • crescentes aplicações na indústria, medicina e pesquisa (por exemplo, a fabricação de nanotubos). b) Dentre as chamadas questões éticas que marcam as discussões e polêmicas em torno da aplicação da biotecnologia, podem-se destacar os efeitos dos transgênicos na produção de alimentos geneticamente modificados e nas implicações do processo de clonagem em animais e, sobretudo, em seres humanos.