História

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Questão 13
A característica mais notável da Grécia antiga, a razão profunda de todas as suas grandezas e de todas as suas fraquezas, é ter sido
repartida numa infinidade de cidades que
formavam um número correspondente de
Estados. As condições geográficas da Grécia
contribuíram fortemente para dar-lhe sua
feição histórica. Recortada pelo embate entre a montanha e o mar, há uma fragmentação física e política das diferentes sociedades.
outros.” Naquele tempo, as pessoas tinham a
sensação de viver numa odiosa atmosfera de
desordens e de violência. O feudalismo medieval nasceu no seio de uma época conturbada.
Em certa medida, nasceu dessas mesmas perturbações. (Adaptado de Marc Bloch, A sociedade
feudal. Lisboa: Edições 70, 1982, p. 19.)
a) Estabeleça as relações entre as invasões
bárbaras e o surgimento do feudalismo.
b) Identifique duas instituições romanas que
contribuíram para a formação do feudalismo
na Europa medieval. Explique o significado
de uma delas.
(Adaptado de Gustave Glotz, A cidade grega. São
Paulo: Difel, 1980, p. 1.)
a) Segundo o texto, qual a organização política mais relevante da Grécia antiga? Indique
suas principais características.
b) Relacione a economia da Grécia antiga
com as condições geográficas indicadas no
texto.
Resposta
a) Tratava-se da pólis. Eram cidades-estado com
instituições de autogoverno, independentes entre
si que, ocasionalmente, por razões político-militares ou econômicas, realizavam alianças entre si.
Algumas delas, como Atenas, no decorrer do século V a.C. criaram as bases dos regimes democráticos.
b) Os condicionamentos geográficos, além de terem contribuído para a fragmentação política da
Grécia Antiga, também foram importantes no
plano econômico. Com poucas terras aráveis, os
gregos dedicaram-se a atividades comerciais e vieram a fundar um vasto império mercantil, estabelecendo feitorias e colônias desde o mar Negro
até o Mediterrâneo Ocidental.
Questão 14
No contexto das invasões bárbaras do século X,
os bispos da província de Reims registraram:
“Só há cidades despovoadas, mosteiros em ruínas ou incendiados, campos reduzidos ao abandono. Por toda parte, os homens são semelhantes aos peixes do mar que se devoram uns aos
Resposta
a) As invasões bárbaras provocaram a fragmentação política do vasto território que compreendia o
Império Romano, comprometendo a existência de
um centro de unidade política em favor de múltiplas unidades políticas que então se formavam,
os chamados reinos cristãos-bárbaros que incorporavam algumas instituições romanas sob novas
feições.
As invasões bárbaras também aceleraram o colapso do regime escravista na medida em que
cessam as conquistas territoriais romanas e, aos
poucos, criam-se formas de trabalho compulsório
que viriam dar origem à servidão medieval.
b) Entre as instituições romanas que contribuíram
para a formação do feudalismo na Europa Medieval, podemos citar: o colonato, que prendia o
camponês à terra e o impedia de mudar de senhor e região; o precarium, que era o arrendamento da terra em troca de uma renda determinada; e a clientela, que colocava os desprovidos de
recursos sob o domínio de um grande senhor.
Esse conjunto de instituições, associados a outros, favorecia o fortalecimento de laços de dependência entre um senhor e seus servos.
Questão 15
A legitimidade dos reis lusitanos se confundia com o bem comum desde o século XIV,
quando vingou o princípio de que os reis não
são proprietários de seus reinos, mas sim
seus defensores, acrescentadores e administradores. O Novo Mundo parecia assistir à erosão do bem comum. A distância que separava
história 2
a América portuguesa da sede do reino tornou a colônia um lugar de desproteção. A
lonjura em relação ao “bafo do rei” facilitava
a usurpação de direitos dos súditos pelas autoridades consideradas venais e despóticas.
(Adaptado de Luciano Figueiredo, “Narrativas das
rebeliões: linguagem política e idéias radicais na
América portuguesa moderna”. Revista USP, 57.
São Paulo: USP, mar-mai, 2003, p. 10-11.)
a) Segundo o texto, que mudança se observa
no século XIV com relação à legitimidade do
rei lusitano? Por que essa legitimidade esteve
ameaçada na América portuguesa?
b) Na América portuguesa, houve várias revoltas de colonos. Cite uma delas e o que os
revoltosos defendiam?
Resposta
a) Segundo o texto, a mudança diz respeito à
concepção da legitimidade da autoridade do monarca. No lugar de serem considerados "proprietários de seus reinos", eram considerados "defensores, acrescentadores e administradores".
Ainda, segundo o texto, essa legitimidade esteve
ameaçada no Novo Mundo devido à distância
existente entre a Metrópole e a Colônia que, mais
afastada fisicamente da autoridade real, facilitava
a existência de funcionários corruptos.
b) Durante o Período Colonial ocorreram várias
revoltas de colonos contra a autoridade da Metrópole, das quais podemos destacar: a Revolta de
Beckman (Maranhão, 1684), na qual os revoltosos defendiam a expulsão dos jesuítas e o fim da
companhia de comércio do Maranhão; a Guerra
dos Emboabas (Minas Gerais, 1708-1709), em
que os paulistas tentavam garantir para si o controle da exploração do ouro, entrando em conflito
com os adventícios (emboabas) que chegavam à
região mineradora; a Guerra dos Mascates (Pernambuco, 1710), segundo o qual os senhores de
engenho de Olinda se opunham à separação de
Recife e sua elevação à condição de vila; a Revolta de Vila Rica (Minas Gerais, 1720), em que
os colonos faziam oposição à criação das Casas
de Fundição (proibia-se a circulação do ouro em
pó, pois este deveria ser transformado em barras
e tirado o quinto para a Coroa); a Inconfidência
Mineira (Minas Gerais, 1789), inspirada no exemplo da independência dos Estados Unidos (1776),
era um movimento republicano e emancipacionista contrário à derrama (cobrança de impostos
atrasados, que mineradores, ou não, tinham de
pagar); e a Inconfidência Baiana (Bahia, 1798),
movimento emancipacionista e republicano que
contou com a participação popular, chegando à
defesa do fim da escravidão por alguns de seus
membros.
Questão 16
Todos os legisladores do século XVIII concordavam que o Estado britânico existia para
preservar a propriedade e, incidentalmente,
as vidas e liberdades dos proprietários. (Adaptado de E. P. Thompson, Senhores e Caçadores: a
origem da lei negra. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987, p. 21.)
a) A partir da afirmação de E. P. Thompson,
caracterize o pensamento político presente no
Estado britânico do século XVIII.
b) Identifique duas características dos Estados europeus do pós-segunda guerra mundial
que os diferenciava do Estado britânico, descrito por E. P. Thompson.
Resposta
a) Segundo o texto, o Estado era concebido com
a finalidade de preservar a propriedade e, em um
segundo plano, garantir a vida e a liberdade dos
proprietários.
Tal concepção foi formalizada por vários pensadores em consonância com os resultados políticos da chamada Revolução Gloriosa (1688), que
consagrou a fórmula "o rei reina mas não governa" que extinguia o Absolutismo e estabelecia
uma monarquia parlamentar na Inglaterra.
Entre esses pensadores destaca-se John Locke
que, em suas obras sobre o governo representativo, explicitava que a função do governo era defender e preservar a propriedade.
Trata-se de um dos fundamentos da ideologia política liberal.
b) O fato de terem existido campos de extermínio
de populações civis, no decorrer da guerra, chamou a atenção daqueles que vieram a construir a
Nova Ordem Mundial do período posterior à Segunda Guerra, para que fossem estabelecidas salvaguardas que garantissem os direitos fundamentais dos cidadãos. A Declaração Universal dos Direitos do Homem, promulgada pela ONU (Organização das Nações Unidas), viria formalizar tais direitos. Assim, o conteúdo da referida declaração
veio a ser incorporado no ordenamento jurídico
dos estados do pós-guerra. Na Europa do
pós-guerra amplia-se o bloco socialista e consolidam-se regimes democráticos pluripartidários no
Ocidente Europeu. Nos países europeus do bloco
socialista é abolida a propriedade privada dos
meios de produção e por essa via o direito de propriedade privada torna-se restringido. Nos países
não-socialistas da Europa, criam-se mecanismos
legais que consagram a função social da propriedade, ou seja, a propriedade privada é garantida
dentro dos limites do bem comum.
história 3
Ou seja, a concepção restrita de Estado, tal como
descrita pelo autor para o Estado Britânico no século XVIII, é ampliada nos estados europeus do
pós-guerra no que se refere à garantia dos direitos fundamentais e quanto à concepção da propriedade que agora deve, de uma certa forma, estar subordinada ao interesse social.
Questão 17
O texto abaixo se refere à guerra entre a
Inglaterra e a França no contexto da Revolução Francesa no final do século XVIII:
A cada navio que os canhões inimigos punham
fora de combate, os governos da Inglaterra e
da França procuravam desesperadamente
mais dois mil carvalhos que pudessem substituí-lo. Para abastecer a marinha francesa,
desmataram-se cadeias montanhosas inteiras,
que nunca foram reflorestadas. Ao mesmo
tempo, seus concorrentes ingleses transportavam madeira das florestas canadenses. (Adaptado de Simon Schama, Paisagem e Memória. São
Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 188.)
a) Por que a Revolução Francesa levou a uma
guerra entre a França e outros países europeus?
b) Que relação o texto estabelece entre essa
guerra e o desmatamento das florestas do hemisfério norte?
c) Como a questão ambiental foi tratada no
protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em
2005?
Resposta
a) A Revolução Francesa abalou o absolutismo
monárquico e a sociedade estamental, numa Europa em que predominavam formas absolutistas
de governo.
No decurso do movimento revolucionário, os nobres franceses fugiam do país e estabeleciam-se
na fronteira onde se preparava a contra-revolução.
Em 1791, a Áustria e a Prússia firmaram a Declaração de Pilnitz, conclamando os monarcas europeus a "restabelecerem a ordem na França". Com
o mesmo fim conspiravam o rei e a rainha com os
emigrados e estrangeiros. Os emigrados já
haviam organizado um exército em Coblença
(Alemanha) e eram apoiados por Áustria e Prússia. Os girondinos e parte dos jacobinos apoiavam a guerra, pois viam nela um meio de assegurar o triunfo da revolução e propagar seus ideais
pela Europa.
Em abril de 1792, a Assembléia francesa aprovava a declaração de guerra à Áustria. Luís XVI assina a declaração por acreditar que a Áustria venceria inevitavelmente e que seria, assim, restaurado seu poder absoluto.
Aos países europeus, como Áustria e Prússia, a
guerra era necessária como forma de manter as
estruturas absolutistas em seus países.
Deve-se acrescentar que no processo revolucionário, quando da execução de Luís XVI, a reação
das grandes potências foi imediata, como a Inglaterra, que decidiu agir militarmente contra o governo revolucionário. Assim, a França foi invadida
por todas as fronteiras.
b) Segundo o texto, a cada navio posto fora de
combate havia a necessidade de novos navios,
carvalhos eram usados para construir novas embarcações, "desmataram-se cadeias montanhosas inteiras, que nunca foram reflorestadas".
c) O protocolo de Kyoto refere-se à questão do
aquecimento do planeta, um dos principais problemas ambientais em escala global ocasionado
principalmente pelo grande aumento da queima
de combustíveis fósseis, decisivos no aumento médio da temperatura da atmosfera terrestre. O protocolo, assinado na cidade japonesa de Kyoto em
1987 e que passou a vigorar em 1995 com o
apoio da Rússia, estipulou cotas de emissão de
gases do "efeito estufa" a serem respeitadas pelos principais países industrializados. Nem todos
os países industrializados, a começar pelos EUA
(responsável por 25% das emissões), ratificaram
o acordo, e este fato é o principal responsável
pela pouca efetividade de alcance das medidas
acordadas no protocolo.
Questão 18
Em 1910, o crítico literário Sílvio Romero escreveu sobre a década de 1870. Em sua perspectiva, alguns acontecimentos teriam feito
surgir uma nova geração de intelectuais brasileiros engajados no que ele considerava
como pensamento moderno. Para o autor, a
Guerra do Paraguai mostrara os defeitos de
nossa “organização militar e o acanhado de
nossos progressos sociais, desvendando repugnantemente a chaga da escravidão”.
(Adaptado de Ronaldo Vainfas (dir.), Dicionário
do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002,
p. 309.)
a) Cite uma característica da geração de intelectuais de 1870.
história 4
b) Explique de que maneira a Guerra do Paraguai “desvendava a chaga da escravidão”.
c) Indique duas formas de engajamento dos
intelectuais abolicionistas.
Resposta
a) Destaca-se, entre outros aspectos, uma atitude
crítica em relação à ordem política e social vigente. Aspiravam por reformas políticas, então pouco
viáveis em um regime caracterizado pela centralização político-administrativa, e sociais, das quais
condenavam a existência da escravidão.
Nesse sentido, intelectuais propunham reformas
políticas na monarquia como, por exemplo, a abolição da vitaliciedade do Senado. Outros, mais radicais, assumem uma oposição aberta ao regime
monárquico e, em 1870, assinam o Manifesto Republicano fundando o Partido Republicano.
Igualmente, intelectuais daquela geração vieram
integrar o movimento abolicionista, que condenava a escravidão.
b) Porque o governo mobilizou escravos para lutarem na guerra. Foi aprovada uma legislação
que dava liberdade aos escravos que lutassem na
guerra.
O fato de os escravos terem sido mobilizados
para a guerra deu-lhes uma visibilidade maior,
que foi devidamente capitalizada pelos abolicionistas no sentido de "desvendar a chaga da escravidão".
c) Os intelectuais abolicionistas atuavam em várias
frentes, entre as quais podemos destacar: a elaboração da propaganda abolicionista; o uso da
imprensa; a atuação parlamentar; a atuação de
advogados que buscavam o abrigo das leis vigentes para contestar a escravidão; a atuação na organização de movimentos sociais e políticos em
favor da abolição, como, por exemplo, o incentivo
à fuga de escravos.
b) No contexto da grande imigração, o que
queria dizer “fazer a América”?
c) De que país veio o maior número de imigrantes para o Estado de São Paulo entre o
final do século XIX e o começo do século XX?
Resposta
a) "Imigrantes gratuitos" eram aqueles que tinham
sua vinda ao Brasil subvencionada pelo governo.
Na primeira fase da imigração européia
(1852-1860), foi adotado o regime de parceria,
pelo qual o imigrante usava a terra do proprietário
e pagava, com seu trabalho, por esse direito. Repartia também, com o proprietário, uma parte do
que produzia. Tal regime levou a uma servidão
disfarçada.
Frente a isso, em 1859 proíbe-se, na Europa, a
emigração para o Brasil, alegando-se a escravidão do europeu.
Solucionando o problema, o governo passa a subvencionar a imigração (1870), surgindo o termo
"imigrante gratuito", pois este não arcaria com as
despesas de viagem.
b) Na segunda metade do século XIX ocorreram
grandes mudanças na Europa. Os processos de
unificação política acentuaram a concentração setorial, social e regional da renda. Para muitos europeus, empobrecidos por essas circunstâncias,
surgiu a possibilidade de "fazer a América", ou
seja, emigrarem de seus países de origem e depois retornarem em condições econômicas melhores, ou de estabelecerem-se aqui definitivamente, com um projeto de ascensão social.
c) O maior número de imigrantes para o Estado
de São Paulo entre o final do século XIX e o começo do século XX veio da Itália.
Questão 20
Questão 19
Em carta de junho de 1889, o imigrante italiano Francesco Costantin comentou sua viagem
de navio de Gênova para o Brasil: “Não encontro palavras para descrever por inteiro o desconforto do vapor. Sendo todos imigrantes
gratuitos, nos tratavam pior do que porcos”.
(Adaptado de Emilio Franzina, Merica! Merica!
Emigrazione e colonizzazione nelle lettere dei
contadini veneti e friulani in America Latina,
1876-1902. Verona: Cierre Edizioni, 1994, p. 171.)
a) Explique o significado da expressão “imigrantes gratuitos” e o que motivou essa modalidade de imigração.
O pan-africanismo, surgido no final do século
XIX, foi fundamental para a tomada de consciência das elites culturais africanas em relação às questões econômicas, sociais, políticas
e culturais do continente. A idéia de nação
continental, que surgiu como sinônimo de solidariedade da raça negra, apresentava ao
mundo o que significa ser africano, incluindo
dois legados: o resgate da África pelos africanos e a idéia de pátria comum de todos os negros em solo africano, com supostos valores
comuns para se pensar estruturas políticas
autônomas. (Adaptado de Leila Leite Hernandez,
A África na sala de aula: visita à História Contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005, p. 157.)
história 5
a) Por que a recriação de valores comuns foi
útil ao pan-africanismo?
b) A ocupação do continente africano pelos europeus se relaciona a dois processos históricos:
o colonialismo do século XVI e o imperialismo
do século XIX. Cite duas características de
cada um desses processos que os diferenciem.
Resposta
a) A recriação de valores comuns implicava na
solidariedade aos negros, apresentando ao mundo o que significava ser africano. A África nesse
contexto passa a ser um todo, uma pátria comum a todos os africanos que ultrapassa a idéia
do particularismo da organização tribal, que não
coincide necessariamente com a estrutura política
do Estado Nacional.
b) O colonialismo do século XVI associa-se à expansão marítima. No século XV, os portugueses
iniciaram a expansão marítimo-comercial européia a partir da costa marroquina com a conquista
de Ceuta (1415). Posteriormente exploraram o litoral atlântico-africano, fundaram feitorias, ultrapassaram o Cabo da Boa Esperança (1487-1488)
e exploraram a costa africana oriental. Nesse contexto, no decorrer da Época Moderna, portugueses, espanhóis, franceses, ingleses e holandeses
estabeleceram feitorias ao longo da costa africana
com a finalidade de obter ouro, marfim, e, sobretudo, escravos.
Na época do imperialismo do século XIX acirram-se as disputas entre as potências industriais por áreas nas quais pudessem investir excedentes de capitais e que fossem fontes de
matérias-primas e mercados de consumo.
Acrescentam-se a tais interesses aqueles associados a questões estratégicas e militares como
garantia de controle de rotas marítimas e de acesso à Índia e ao Extremo Oriente. Nesse amplo
contexto ocorreu a chamada partilha da África,
que teve seu marco na Conferência de Berlim
(1884-1885). Durante os séculos XIX e XX os europeus ampliaram o seu controle sobre o continente africano, avançando para o seu interior com
a construção de uma rede de ferrovias e portos.
Questão 21
A roupa de Eva Perón foi um negócio de Estado para um regime que descobriu as formas
modernas da propaganda política. As publicações ilustradas do regime levaram adiante
uma política altamente visual, em que dezenas
de fotografias diárias difundiam as imagens
dos líderes. A escolha dos vestidos de Eva não
foi uma tarefa banal. Eva foi amada por sua
obra e pela maneira como se apresentava publicamente. (Adaptado de Beatriz Sarlo, A paixão
e a exceção: Borges, Eva Perón, Montoneros. São
Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: Ed.
UFMG, 2005, p. 78-79.)
a) Quais os significados da escolha dos vestidos de Eva Perón?
b) Caracterize o peronismo.
c) Qual a ação política de Eva Perón durante o
governo de Juan Domingo Perón (1946-1955)?
Resposta
a) Segundo o texto, a roupa de Eva Perón "foi um
negócio de Estado", porque teria sido uma forma
de propaganda política do regime peronista. Era
um meio de divulgar insistentemente para o grande público as imagens dos líderes do regime por
intermédio do apelo visual. Por esta via, Eva Perón foi consagrada não só pelas obras a ela atribuídas, mas pela sua própria imagem.
b) O peronismo é considerado uma expressão do
populismo na história política da América Latina.
O populismo significa um tipo de prática política
em que o líder faz apelos diretos às massas, por
cima das instituições políticas tradicionais, tais
como os partidos e o Parlamento, e acena com
reformas para minimizar os problemas das populações carentes.
O apelo direto às massas, um discurso político
nacionalista e redentor dos "descamisados", mobiliza multidões, provoca um clima de demandas
sociais e políticas e tende a gerar instabilidade
social e política. Na maior parte das vezes, as mudanças propostas são inviáveis, mas a não-realização dessas é justificada por conta dos inimigos
externos (imperialismo norte-americano) ou internos, os chamados "inimigos" do povo (agentes do
imperialismo no país e defensores dos interesses
das classes dominantes), que criam obstáculos à
mudança.
c) Eva Perón, em primeiro lugar, foi uma das
maiores propagandistas de Juan Domingo Perón,
a quem considerava um predestinado que deveria
conduzir a Argentina para um futuro melhor e a
quem incentivou nos momentos políticos difíceis.
Ao mesmo tempo liderou ações, como festas públicas, nas quais se fazia farta distribuição de pão
doce e bebidas, por exemplo, no final de cada ano.
Distinguiu-se também na área de assistência social,
que a colocou na posição de "mãe espiritual",
"fada dos humildes", "mãe dos pobres", epítetos
que eram insistentemente veiculados pela imprensa
controlada por Perón. Grupos empresariais que precisavam de algum apoio governamental descobriram a fórmula adequada que era fazer doações
para as atividades assistenciais da primeira-dama.
história 6
Em 1948 é criada a Fundação Maria Eva Duarte
de Perón, que viria a formalizar e canalizar os recursos para as referidas ações assistenciais que
vieram a incluir a construção de internatos, hospitais, asilos para idosos, hospedarias populares,
cidades e restaurantes universitários. Paralelamente, Eva Perón veio a acumular uma grande
fortuna associada às suas atividades. Junto ao
seu esposo personificou um estilo populista e personalista de governo. Sua ação política resultou
na incorporação ao peronismo de parte significativa da população marginalizada da Argentina que
não tinha sequer condições de ser beneficiada
pela legislação trabalhista, porque não possuía
empregos estáveis.
Igualmente sua ação estabeleceu um virtual monopólio das ações assistenciais por parte do
peronismo, esvaziando por esta via qualquer
possibilidade de oposição que pretendesse utilizar os mesmos meios para obter adeptos.
Finalmente, por seu intermédio incorporou ao peronismo a população feminina da Argentina, ao
ser estendido o direito de voto às mulheres.
Esse conjunto fez de Eva Perón a personalidade
de maior força política no país.
b) Fundada em 1932, a AIB se inspirou sobretudo
no fascismo italiano. Pregava a existência de um
Estado autoritário, centralizado e corporativo. Os
integralistas, além de se oporem ao governo
constitucional (1934-1937) e à esquerda, eram ultranacionalistas e chegaram a formar grupos paramilitares, utilizados no combate a seus oponentes. Depois de uma tentativa frustrada de golpe
de Estado em 1938, eles foram colocados fora da
lei pelo governo, que extinguiu a organização.
c) Pode-se afirmar que o fechamento dos partidos
políticos e a adoção do bipartidarismo, pelo Ato
Institucional nº 2 (1965), possibilitou ao regime
militar, entre outros aspectos, um controle maior
sobre a oposição, maior disciplina político-partidária, além de passar a imagem, sobretudo para o
exterior, de normalidade democrática, pois o regime permitia a existência de oposição.
Além disso, o bipartidarismo garantia vitória da
Arena (Aliança Renovadora Nacional) nas eleições para cargos do Executivo, pois, a partir da
vigência do Ato Institucional nº 5 (13.12.1968), o
presidente poderia cassar mandatos e suspender
direitos políticos de opositores, garantindo, assim,
maioria situacionista no Legislativo.
Questão 22
No Brasil, os partidos foram, na República
Velha, partidos republicanos regionais. Após
1945, os partidos buscaram, sem grande sucesso, tornar-se nacionais, como ocorreu na
década de 1930 com a Ação Integralista Brasileira, o primeiro partido nacional de massa.
O processo de nacionalização dos partidos
ocorre em pleno regime militar, com a polarização partidária. (Adaptado de Hélgio Trindade,
“Brasil em Perspectiva: conservadorismo liberal e
democracia bloqueada”, em Carlos Guilherme Mota
(org.), Viagem incompleta: a experiência Brasileira
(1500-2000): a grande transação. São Paulo: Ed.
SENAC SP, 2000, p. 375.)
a) Segundo o texto, qual a diferença fundamental entre os partidos políticos da República Velha e os do regime militar (1964-1985)?
b) Quais as características políticas da Ação
Integralista Brasileira (AIB)?
c) Qual a importância do bipartidarismo
(ARENA e MDB) para o regime militar?
Resposta
a) Durante a República Velha, os partidos políticos eram regionais e no período militar houve, de
acordo com o texto, o processo de nacionalização
dos partidos.
Questão 23
Um dos mandamentos do século XIX, na Europa, era o evangelho do trabalho. Para os
ideólogos da classe média, o ideal do trabalho
implicava autodisciplina e sentido atento do
dever. Até mesmo os mais devotos ousavam
modificar a palavra de Deus. As Escrituras
haviam considerado o trabalho como castigo
severo imposto por Deus a Adão e Eva. Mas
para os ideólogos burgueses, o trabalho era
prevenção contra o pecado mortal da preguiça. O evangelho do trabalho era quase exclusivamente um ideal burguês. Em geral, os
nobres não lhe davam valor. O desprezo aristocrático pelo trabalho era um resquício
feudal. (Adaptado de Peter Gay, O século de
Schnitzler. São Paulo: Companhia das Letras, 2002,
p. 210-1, 214 e 217-8.)
a) Segundo o texto, como o trabalho era visto
pela Bíblia, pela burguesia e pela aristocracia?
b) Como a burguesia buscou disciplinar os
trabalhadores no contexto da Revolução
Industrial?
história 7
Resposta
a) Segundo o texto, o trabalho era visto pela Bíblia "como castigo severo imposto por Deus a
Adão e Eva"; pela burguesia, visto como "prevenção contra o pecado mortal da preguiça"; pela
aristocracia, visto com desprezo, "os nobres não
lhe davam valor".
b) Com a Revolução Industrial a produção se desloca do setor doméstico para a fábrica, na qual
máquinas e operários são reunidos. O sistema fabril utiliza máquinas de propriedade do empregador (burguesia) e estimula o crescimento da divisão do trabalho e da produção em massa por intermédio da administração científica do trabalho.
A estandartização de peças e produtos permite a
produção em série que atende às necessidades
do mercado de consumo.
Questão 24
Os anos 90 constituem a década em que o impacto das chamadas novas tecnologias sobre
o trabalho, a vida e a cultura se fez sentir de
modo incontornável. Com a disseminação dos
computadores e da Internet, com os avanços
da biotecnologia e as promessas da nanotecnologia, ficava patente que as inovações tecnológicas não se encontravam apenas nos laboratórios, mas faziam parte do cotidiano das
massas urbanas. O acesso à tecnologia tornou-se tão vital que hoje a inclusão social e a
própria sobrevivência passam obrigatoriamente pela capacidade que as pessoas têm de
se inserir no mundo das máquinas e de acompanhar as ondas da evolução tecnológica.
(Adaptado de Laymert Garcia dos Santos, Politizar
as novas tecnologias. O impacto sócio-técnico da informação digital e da genética. São Paulo: Editora
34, 2003, p. 9-10.)
a) Identifique três das novas tecnologias citadas no texto e aponte um uso para cada uma
delas.
b) Explique uma questão ética presente nas
discussões atuais sobre a biotecnologia.
Resposta
a) Entre as novas tecnologias citadas no texto,
podemos destacar: a tecnologia da informática e
telecomunicações (computadores e Internet); a
biotecnologia e a nanotecnologia.
Podemos, com o uso dessas tecnologias, obter
respectivamente:
• maior armazenamento, tratamento e disseminação de informação com amplas aplicações em
todos os setores das atividades humanas;
• aplicações amplas e variadas como a produção
de alimentos transgênicos, tratamento de doenças genéticas e clonagem de seres vivos;
• crescentes aplicações na indústria, medicina e
pesquisa (por exemplo, a fabricação de nanotubos).
b) Dentre as chamadas questões éticas que marcam as discussões e polêmicas em torno da aplicação da biotecnologia, podem-se destacar os
efeitos dos transgênicos na produção de alimentos geneticamente modificados e nas implicações
do processo de clonagem em animais e, sobretudo, em seres humanos.
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