TCC MARIA LUISA RAMOS GODOI - CCET

Propaganda
i
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS - UEG
UNU DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
MARIA LUISA RAMOS GODOI
AVALIAÇÃO DAS PATOLOGIAS DO CONDOMÍNIO FIMIANI
LOCALIZADO NA CIDADE DE ANÁPOLIS-GO
ANÁPOLIS / GO
2015
ii
MARIA LUISA RAMOS GODOI
AVALIAÇÃO DAS PATOLOGIAS DO CONDOMÍNIO FIMIANI
LOCALIZADO NA CIDADE DE ANÁPOLIS-GO
ORIENTADOR: Prof. Dr. Juliano Rodrigues da Silva
ANÁPOLIS / GO
2015
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
GODOI, Maria Luisa Ramos.
AVALIAÇÃO DAS PATOLOGIAS DO CONDOMÍNIO FIMIANI LOCALIZADO NA
CIDADE DE ANÁPOLIS-GO.
XIV, 77p. 210 x 270 mm (ENC/UEG, BACHAREL, ENGENHARIA CIVIL, 2015).
PROJETO
FINAL
–
UNIVERSIDADE
ESTADUAL
DE
GOIÁS.
UNIDADE
UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS.
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL.
1. Edifício Fimiani 2. Avaliação
3. Construção Civil 4. Patologias
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GODOI, M. L. R. AVALIAÇÃO DAS PATOLOGIAS DO CONDOMÍNIO FIMIANI
LOCALIZADO NA CIDADE DE ANÁPOLIS-GO. Projeto Final, Publicação ENC. XXX2015, Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, GO, XIV, 77 p.
2015.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Maria Luisa Ramos Godoi
TÍTULO DA MONOGRAFIA DE PROJETO FINAL:Avaliação das patologias do
Condomínio Fimiani localizado na cidade de Anápolis-GO.
GRAU: Bacharel em Engenharia Civil ANO: 2015
É concedida à Universidade Estadual de Goiás a permissão para reproduzir cópias deste
projeto final e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. A autora reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte deste projeto final
pode ser reproduzida sem a autorização por escrito da autora.
____________________________
Maria Luisa Ramos Godoi
Avenida Anhanguera Nº 54 - Universitário
Goiânia-Go – Brasil
[email protected]
iv
FICHA DE APROVAÇÃO
MARIA LUISA RAMOS GODOI
AVALIAÇÃO DAS PATOLOGIAS DO CONDOMÍNIO FIMIANI
LOCALIZADO NA CIDADE DE ANÁPOLIS-GO
PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE GOIÁS COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENGENHARIA CIVIL.
Aprovado por:
____________________________________________________
Prof. Dr. JULIANO RODRIGUES DA SILVA (UEG)
(ORIENTADOR)
____________________________________________________
Prof.ª M.Sc. JULIANA LUIZA MOREIRA DEL FIACO (UEG)
(EXAMINADOR INTERNO)
____________________________________________________
Prof.ª M. Sc. MARINA ALBERTI MACEDO (UEG)
(EXAMINADOR INTERNO)
ANÁPOLIS / GO, 20 de fevereiro de 2015.
v
Dedico esse trabalho, aos meus amigos e
familiares, e todos aqueles que estiveram
ao meu lado nessa jornada, fazendo
possível essa conquista.
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus e à Nossa Senhora da Abadia, por me abençoarem e
me acompanharem sempre, permitindo que tudo isso acontecesse, ao longo da minha vida e
nessa jornada, me possibilitando a realização de mais um sonho .
Agradeço aos meus pais, pelo carinho e amor, por me apoiarem nas minhas escolhas, e
sempre me incentivarem a buscar novas conquistas.
Agradeço aos meus amigos e todos os colegas de faculdade, que me ajudaram nesses
anos de estudo, pela paciência e pelo companheirismo nos momentos difíceis.
Agradeço à gentileza da Lorena Teodoro, síndica do Condomínio Fimiani, que
permitiu as visitas ao edifício, fundamentais à realização deste trabalho.
Agradeço aos professores que me proporcionaram conhecimentos nesses anos de
estudo, principalmente ao Professor Dr. Juliano Rodrigues, meu orientador, pela paciência e
dedicação nesse período em que trabalhamos juntos.
Agradeço à minha Lisa por todo carinho e amor, por estar sempre ao meu lado e
alegrar a minha vida.
vii
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi a realização de uma inspeção predial em um edifício
multifamiliar de quatro pavimentos. Foi realizada uma avaliação visual com a classificação
quantitativa das deteriorações da edificação, com isso contribuir para a definição das ações
necessárias à garantia da durabilidade da edificação, nos aspectos de segurança,
funcionalidade e estética, auxiliando a tomada de decisões de engenheiros e técnicos da área
de manutenção e recuperação das estruturas do prédio. Foi realizado um laudo final da
edificação, com a elaboração do relatório fotográfico, com a classificação das anomalias e
falhas quanto ao risco, além de suas descrições técnicas e propostas estratégicas para
manutenção. Foi observado que as patologias que mostraram maior relevância foram as que
tem origem devido a umidade e à variações de temperaturas.
Palavras chaves: Edifícios, Patologia, Avaliação, Manutenção, Condomínio.
viii
ABSTRACT
The objective of this research was to conduct a building inspection in a multifamily
building of four stories. A visual assessment with quantitative classification of deterioration
of the building was carried out, thus contributing to the definition of the actions necessary to
ensure the durability of the building, in safety, functionality and aesthetics, helping the
making of engineers and technicians of the area decisions maintenance and restoration of the
building structures. We carried out a final report of the building, in the format of photographic
report, with the classification of anomalies and failures on the risk, beyond their technical
descriptions and strategic proposals for maintenance.
Key words: buildings, Pathology, Evaluation, Maintenance, Condominium.
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Causas de Patologias ................................................................................................ 5
Figura 2.2 Diferentes desempenhos de uma estrutura ............................................................... 7
Figura 2.3 Circulo da qualidade para a construção civil ......................................................... 12
Figura 2.4 Fissuras horizontais no revestimento provocadas pela expansão da argamassa de
assentamento............................................................................................................................. 16
Figura 2.5 Fissuras regurlamente espaçadas em piso externo ................................................. 17
Figura 2.6 Pilar fissurado devido à movimentação térmica das vigas de concreto ................. 17
Figura 2.7 Trinca horizontal na base da alvenaria por efeito da umidade do solo .................. 19
Figura 2.8 Fissuração típica da alvenaria causada por sobrecarga vertical ............................. 20
Figura 2.9 Fissura em parede externa, causada pela retração de lajes intermediárias............. 22
Figura 2.10 Fissuras na argamassa derevestimento provenientes do ataque por sulfato......... 23
Figura 2.11 Infiltração em parede ........................................................................................... 25
Figura 2.12 Eflorescência em encontro de vigas e pavimento de garagem............................. 25
Figura 2.13 Presença de mofo em muro com exposição à umidade ....................................... 26
Figura 2.14 Eflorescência em piso .......................................................................................... 27
Figura 2.15 Fissuras, manchas e mofos em parede externa coberta ........................................ 29
Figura 2.16 Superfície com bolhas na pintura ......................................................................... 29
Figura 2.17 Descascamento de tinta em parede externa coberta ............................................. 30
Figura 2.18 Superfície com manchas de ferrugem .................................................................. 30
Figura 3.1 Localização do condomínio ................................................................................... 31
Figura 3.2 Fachada do condomínio ......................................................................................... 32
Figura 3.3 Planta de forma do pavimento tipo ........................................................................ 33
Figura 3.4 Croqui da disposição dos blocos ............................................................................ 33
Figura 4.1 Fissuras no muro .................................................................................................... 36
x
Figura 4.2 Trincas no muro ..................................................................................................... 37
Figura 4.3 Trincas no muro ..................................................................................................... 37
Figura 4.4 Trincas no piso de concreto externo ...................................................................... 38
Figura 4.5 Trincas no piso de concreto externo ...................................................................... 38
Figura 4.6 Manchas de umidade ............................................................................................. 39
Figura 4.7 Manchas de umidade ............................................................................................. 39
Figura 4.8 Pintura externa descascando .................................................................................. 40
Figura 4.9 Pintura externa descascando .................................................................................. 40
Figura 4.10 Ferrugem nas grades de segurança....................................................................... 41
Figura 4.11 Ferrugem nos portões ........................................................................................... 41
Figura 4.12 Fissuras nos cantos das janelas ............................................................................ 42
Figura 4.13 Fissuras na parede interna entre as portas ............................................................ 42
Figura 4.14 Manchas na cerâmica interna ............................................................................... 43
Figura 4.15 Manchas na cerâmica interna ............................................................................... 43
Figura 4.16 Descamação da pintura ........................................................................................ 44
Figura 4.17 Trincas na fixação do corrimão na parede ........................................................... 45
Figura 4.18 Pintura interna descascando ................................................................................. 45
Figura 4.19 Pintura interna descascando ................................................................................. 46
Figura 4.20 Manchas de sujeira ............................................................................................... 46
Figura 4.21 Manchas de sujeira ............................................................................................... 47
Figura 4.22 Porcentagem de ocorrência de patologias na área externa .................................. 48
Figura 4.23 Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco A ....................................... 49
Figura 4.24 Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco B ......................................... 50
Figura 4.25 Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco C ......................................... 51
Figura 4.26 Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco D ........................................ 52
xi
Figura 5.1 Porcentagem de ocorrência de patologias nos Blocos A, B, C e D ....................... 53
xii
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 Principais mecanismos de deterioração das estruturas de concreto armado .........9
Quadro 2.2 Classes de agressividade ambiental...................................................................... 11
Quadro 2.3 Cobrimento nominal............................................................................................. 11
Quadro 5.1 Sugestões de metodologia de reparo das patologias da área interna .................... 54
Quadro 5.2 Sugestões de metodologia de reparo das patologias da área externa ................... 56
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 Quantitativos da ocorrência de patologias na área externa .................................... 47
Tabela 4.2 Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco A.......................................... 49
Tabela 4.3 Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco B .......................................... 50
Tabela 4.4 Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco C .......................................... 51
Tabela 4.5 Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco D.......................................... 52
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
UnUCET
Unidade Universitária deCiências Exatas e Tecnológicas
UEG
Universidade Estadual de Goiás
UNU
Unidade Universitária
PIB
Produto Interno Bruto
IBAPE
Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia
NBR
Norma da ABNT
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
DNIT
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte
UR
Umidade Relativa
CREA
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
CONFEA
Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
xv
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 2
1.1.1
Geral ............................................................................................................................. 2
1.1.2
Específicos.................................................................................................................... 2
1.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA .......................................................................................... 2
1.3 DESCRIÇÃO DO TRABALHO ......................................................................................... 3
2
REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 4
2.1
ORIGEM DA PATOLOGIA ............................................................................................ 4
2.2
DETERIORAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO.............................................. 6
2.2.1 Sintomas das patologias ....................................................................................................7
2.2.2 Causas físicas .................................................................................................................... 8
2.2.3 Causas químicas ................................................................................................................ 9
2.3
DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES ......................................................................... 10
2.4
MANUTENÇÃO E RECUPERAÇÃO .......................................................................... 12
2.5
INSPEÇÃO PREDIAL ................................................................................................... 13
2.6
CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS .................................................................................... 14
2.6.1 Roteiro de inspeção ......................................................................................................... 14
2.7
PATOLOGIAS ................................................................................................................ 15
2.7.1 Fissuras causadas devido variações térmicas .................................................................. 15
2.7.2 Fissuras causadas por movimentações higroscópicas ..................................................... 18
2.7.3 Fissuras causadas pela atuação de sobrecargas ............................................................... 19
2.7.4 Fissuras causadas por retração de produtos a base de cimento ....................................... 20
2.7.5 Fissuras causadas por alterações químicas dos materiais de construção ........................ 22
2.7.6 Infiltrações....................................................................................................................... 23
2.7.7 Manchas em pisos cerâmicos .......................................................................................... 26
2.7.8 Patologias incidentes na pintura ...................................................................................... 27
3
METODOLOGIA ........................................................................................................... 31
3.1 CARACTEIZAÇÃO DO EDIFÍCIO FIMIANI .............................................................. 31
3.2
FICHA TECNICA DO EMPREENDIMENTO ............................................................. 34
3.3
METODOLOGIA ........................................................................................................... 34
3.3.1 Procedimento para análise............................................................................................... 34
3.3.2 Procedimento de classificação e comparação ................................................................. 34
xvi
4
4.1
RESULTADOS ................................................................................................................ 36
PROBLEMAS NAS ÁREAS EXTERNAS .................................................................... 36
4.1.1 Fissura nos muros ............................................................................................................ 36
4.1.2 Trincas em paredes externas ........................................................................................... 37
4.1.3 Trincas no piso de concreto............................................................................................. 38
4.1.4 Manchas de umidade ...................................................................................................... 39
4.1.5 Descascamento a pintura externa .................................................................................... 40
4.1.6 Ferrugem ......................................................................................................................... 41
4.2
PROBLEMAS NAS ÁREAS INTERNAS ..................................................................... 42
4.2.1 Fissuras em paredes......................................................................................................... 42
4.2.2 Manchas na cerâmica interna .......................................................................................... 43
4.2.3 Descamação da pintura e argamassa ............................................................................... 44
4.2.4 Trincas na fixação do corrimão na parede ...................................................................... 45
4.2.5 Pintura da parede intrna descascando ............................................................................. 46
4.2.6 Sujeira abaixo da escada ................................................................................................ 47
4.3
QUANTITATIVO DAS PATOLOGIAS DA ÁREA EXTERNA ................................ 48
4.4
QUANTITATIVO DAS PATOLOGIAS DA ÁREA INTERNA ................................. 49
4.4.1 Bloco A .......................................................................................................................... 49
4.4.2 Bloco B ........................................................................................................................... 50
4.4.3 Bloco C ........................................................................................................................... 51
4.4.4 Bloco D ........................................................................................................................... 52
5
ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................................. 54
5.1
PATOLOGIAS DAS ÁREAS INTERNAS .................................................................... 54
5.2
SUGESTÕES DE METODOLOGIA DE REPARO PARA ÁREA INTERNA ............ 55
5.3
PATOLOGIAS DAS ÁREAS EXTERNAS................................................................... 56
5.4
SUGESTÕES DE METODOLOGIA DE REPARO PARA ÁREA EXTERNA ........... 56
6
CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..................... 58
6.1
CONCLUSÕES ............................................................................................................. 58
6.2
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................................................... 59
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 60
1
1
INTRODUÇÃO
De acordo com Cardoso (2013), a construção civil no Brasil obteve crescimento
expressivo a partir do ano de 2004, com um grande crescimento até meados de 2010. Nos
anos posteriores sofreu uma desaceleração, passando de uma média anual de 5,18% para cerca
de 3,8% em 2011, mais ainda apresentou um crescimento superior ao PIB nacional para esse
período.
Este desenvolvimento da construção civil no país, ainda conta com um déficit de mão
de obra qualificada. Para Machado (2013), a indústria da construção civil é a que mais sofre
com a falta de qualificação profissional. Segundo Resende e Sousa (2014) 81% das empresas
pesquisadas sofrem com baixa ou média oferta de mão de obra.
As conjunturas socioeconômicas de países em desenvolvimento, como o Brasil,
fizeram com que as obras fossem conduzidas a velocidades cada vez maiores, com poucos
rigores nos controles dos materiais e serviços (THOMAZ, 1989).
Como as empresas necessitam de determinados profissionais, cerca de 60% têm
diminuído a exigência para a contratação de técnicos. Essa dispensa de qualificação técnica
influencia diretamente na queda dos padrões de qualidade e produtividade da obra
(RESENDE E SOUSA 2014).
De acordo com Fortes (2014), por meio de análise realizada com dados concretos, um
treinamento adequado dos trabalhadores fornece à empresa, como resultados, uma economia
no custo, na qualidade da obra, na execução, na economia do tempo e na satisfação dos
funcionários.
Souza, U. (2006) explica que a produtividade de mão de obra, do ponto de vista físico,
poderia ser definida como a eficiência na transformação do esforço dos trabalhadores em
produto de construção. Essa eficiência está intimamente relacionada à qualidade final da obra,
ou seja, uma obra que não possua uma equipe com treinamentos adequados, certamente não
poderá oferecer ao seu cliente um bom resultado final.
Os problemas resultantes de uma má qualidade do serviço prestado, de processo
intempéries, do mal uso, ou do desgaste natural e de utilização, são chamados de patologias.
O diagnóstico das patologias é o entendimento dos fenômenos em termos de
identificação das múltiplas relações de causa e efeito que normalmente caracterizam um
problema patológico. Lichtenstein (1986) considera que a prática profissional da análise
desses problemas seja muitas vezes caracterizada pela falta de uma metodologia
2
mundialmente aceita, onde prevalecem as intuições pessoais e as habilidades no lugar do
método.
Em uma designação genérica tem-se na patologia das estruturas um novo campo da
engenharia civil, onde se ocupa de estudar as origens, as formas de manifestações das
patologias, as consequência e mecanismos de ocorrência das falhas e do sistema de
degradação da estrutura (RIPPER e SOUZA,1998).
Considerando as patologias de uma estrutura vista como uma “doença” da edificação,
na realização deste trabalho foi escolhido um condomínio multifamiliar de quatro blocos, com
quatro pavimentos cada, situado na cidade de Anápolis-Goiás, para ser realizada uma
inspeção predial, na área comum, a fim classificar as deteriorações dos edifícios.
1.1
OBJETIVOS
1.1.1. Geral
Analisar as patologias de um condomínio multifamiliar localizado na cidade de
Anápolis- GO, caracterizando as possíveis causas dessas patologias.
1.1.2. Específicos
Foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:

Identificar os tipos de patologias encontradas na edificação;

Classificar e quantificar os danos de acordo com as possíveis causas;

Realizar um comparativo entre os danos de cada bloco, e entre a área interna e
a externa;

1.2
Sugerir propostas para reparos e manutenções na edificação.
LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Esta pesquisa se limita em analisar as patologias externas da edificação, em virtude de
não se utilizar métodos não destrutivos para a sua avaliação.
3
1.3
DESCRIÇÃO DO TRABALHO
No capítulo 1 é apresentado o processo de análise das patologias, os objetivos deste
trabalho e suas limitações.
O capítulo 2 faz uma revisão de literatura sobre os processos de deterioração de
estruturas, problemas patológicos e manutenção dessa estrutura.
O capítulo 3 mostra as características técnicas da edificação.
O capítulo 4 descreve as patologias encontradas por meio da avaliação visual in loco.
No capítulo 5 será procedeu-se a análise das patologias encontradas, por meio de um
comparativo entre os blocos, e entre a área interna e externa às edificações.
No capítulo 6 são apresentadas as conclusões e sugestões para trabalhos futuros.
E por fim, as referências utilizadas no trabalho.
4
2
2.1
REFERENCIAL TEÓRICO
ORIGEM DA PATOLOGIA
“Desde os primórdios da civilização que o homem tem se preocupado com a construção
de estruturas adaptadas às suas necessidades, sejam elas habitacionais, laborais, ou de
infraestrutura” (RIPPER E SOUZA 1998). Através deste processo construtivo a humanidade
colecionou um acervo científico, permitindo o desenvolvimento de tecnologias construtivas.
A patologia da construção civil ocorre quando um edifício apresenta defeitos, onde este
deveria exercer diversas funções para atender às necessidades humanas. Diz-se também, que
um edifício apresenta uma patologia quando não atende adequadamente uma ou mais funções
para as quais foi construído, assim, o reparo (conserto) de uma patologia tem como objetivo
recuperar essa função (IBAPE-RS, 2013).
Há necessidade, por um lado, de conhecer, avaliar e classificar o grau de agressividade
do ambiente e, por outro, de conhecer o concreto e a geometria da estrutura, estabelecendo
então a correspondência entre ambos, ou seja, entre a agressividade do meio versus a
durabilidade da estrutura de concreto (HELENE; MEDEIROS; ANDRADE; 2011).
Ripper e Souza (1998) defendem que uma vez iniciada a construção, podem ocorrer
falhas das mais diversas naturezas, considerando causas como falta de condições locais de
trabalhos, não capacitação profissional da mão de obra, inexistência de controle de qualidade
de execução, má qualidade de materiais e componentes, irresponsabilidade técnica e até
mesmo sabotagem.
Assim torna-se fundamental que as empresas promovam oportunidades para aplicação
de programas de treinamentos a fim de qualificar seus funcionários (FORTES, 2014), com
isso minimizar as duas principais causas de erros ligados à mão de obra, que são a falta de
conhecimento e a falta de orientação.
Na Figura 2.1 são ilustradas as principais causas de patológias na construção civil.
5
Figura 2.1 – Causas de Patologias (IBAPE, 2013)
O processo de realização de uma edificação compreende as fases de projeto, execução
e utilização, a ocorrencia de falhas em uma ou mais destas fases provoca defeitos que podem
comprometer a segurança e a durabilidade do empreedimento (OLIVARI, 2003).
De acordo com Olivari (2003) os principais erros na construção podem ser resumidos
em:
a) Patologias decorrentes de erros no projeto estrutural
- Falta de detalhes;
- Erros de dimensionamento;
- Não consideração do efeito térmico;
- Divergência entre os projetos;
- Sobrecargas não previstas;
- Especificação do concreto deficiente;
- Especificação de cobrimento incorreta.
b) Patologias decorrentes de erros na execução
- Erro de interpretação dos projetos;
- Falta de controle tecnológico;
- Uso de concreto vencido;
6
- Falta de limpeza ou estanqueidade das fôrmas;
- Falta de saturação das fôrmas;
- Armadura mal posicionada;
- Falta de espaçadores e pastilhas para garantir o cobrimento;
- Falta de cuidado com os ferros superiores das lajes, permitindo o seu rebaixamento;
- Segregação do concreto por erro de lançamento;
- Falta de cura ou cura mal executada;
- Cimbramentos mal executados e desfôrmas antes do tempo;
- Erros de vibração;
- Junta de concretagem mal posicionadas ou mal executadas;
- Adição de água no concreto fora das especificações;
- Falta de fiscalização;
- Erro no dimensionamento ou no posicionamento das fôrmas.
c) Patologias decorrentes de erros na fase de utilização
- Falta de programa de manutenção adequado;
- Sobrecargas não previstas no projeto;
- Danificação de elementos estruturais por impactos;
- Carbonatação e corrosão química ou eletroquímica;
- Erosão por abrasão;
- Ataque de agentes agressivos.
2.2
DETERIORAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO
Segundo a NBR 6118 (2014), mecanismos de deterioração da estrutura são todos
aqueles relacionados às ações mecânicas, movimentações de origem térmica, impactos, ações
cíclicas, retração, fluência e relaxação.
Ripper e Souza (1998) chama atenção para a necessidade de determimar a origem da
deterioração, não apenas para que se possa proceder aos reparos, mas também para se garantir
quea estrutura não volte a se deteriorar.
As causas da deterioração podem ter diversas origens, desde o envelhecimento
"natural" da estrutura, acidentes, e até mesmo a irresponsabilidade de alguns profissionais que
7
optam pela utilização de materiais fora das especificações, na maioria das vezes por alegadas
razões econômicas (RIPPER E SOUZA, 1998).
A análiseda deterioração da estrutura possibilita que se tenha um jugamento das
condições da estrutura, obtendo-se uma caracterização satisfatoria da vida útil e dos custo de
recuperação. Na figura 2.2 há o ponto em que cada estrutura, em função da deterioração,
atinge níveis de desempenho insatisfatórios varia de acordo com o seu tipo.
Figura 2.2 - Diferentes desempenhos de uma estrutura (RIPPER E SOUZA, 1998)
Algumas dessas estruturas, por falhas de projeto ou de execução, já iniciam as suas
vidas úteisde forma insatisfatória, enquanto outras chegam ao final de suas vidas úteis
projetadas ainda mostrando um bom desempenho (RIPPER E SOUZA, 1998).
2.2.1 Sintomas das PatologiasI
Olivari (2003) classifica os principais sintomas de problemas patológicos nos edifícios
em:
Fissuras ou trincas em elementos estruturais e alvenarias;
Esmagamento do concreto;
Desagregação do concreto;
8
Disgregação do concreto (ruptura do concreto);
Carbonatação;
Corrosão da armadura;
Percolação de água;
Manchas, trincas e descolamento de revestimento em fachadas.
De acordo com a Norma do DNIT 090 (2006) classificam-se as causas das patologias
em físicas e químicas.
2.2.2 Causas Físicas
Ripper e Souza (1998) entendem que as causa físicas intrínsecas ao processo de
deterioração da estrutura são resultantes da variação extrema da temperatura, da ação do
vento, da água (sob a forma de chuva, gelo e umidade) e do fogo. Alguns exemplos de causas
físicas de patologias são:
A abrasão refere-se a atrito seco e é a perda gradual e continuada da argamassa
superficial e de agregados em uma área limitada; bastante comum nos
pavimentos, pode ser classificada, conforme a profundidade do desgaste.
A erosão da superfície de concreto ocorre devido o contanto com um fluido em
movimento, ar ou água, contendo partículas em suspensão, provocando colisões,
escorregamento ou rolagem das partículas.
A cavitação provoca um desgaste irregular da superfície do concreto, dando-lhe
uma aparência irregular e corroída, muito diferente das superfícies desgastadas
de forma regular pela erosão de sólidos em suspensão.
Fissurações, devidas a gradientes normais de temperatura e umidade, a pressões
de cristalização de sais nos poros, a carregamento estrutural e à exposição a
extremos de temperaturas, tais como congelamento ou fogo.
Sempre que as mudanças de volume nos elementos de concreto, causadas por
gradientes de temperatura e umidade, provocarem tensões de tração superiores às tensões de
tração admissíveis, poderá haver o aparecimento de fissuras de origem física.
9
O concreto pode deteriorar-se por tensões resultantes da pressão de sais que
cristalizam nos poros.
Sobrecargas excessivas, impactos não previstos e cargas cíclicas podem provocar
solicitações que ultrapassam as solicitações de fissuração, provocando o aparecimento destas
patologias (DNIT 090, 2006).
2.2.3 Causas químicas
As reações químicas se manifestam através de efeitos físicos nocivos, tais como o
aumento da porosidade e permeabilidade, diminuição da resistência, fissuração e
destacamento.
A degradação química do concreto ocorre devido causas externas à estrutura, reação
direta dos agentes externos, com os constituintes da pasta de cimento e causas internas, no
Quadro 2.1 podem-se ver as principais condições propicias para a ocorrência dos problemas,
as alterações iniciais e os efeitos a longo prazo referentes aos processos químicos abaixo
apresentados. Considerando a sigla UR como umidade relativa.
10
Quadro 2.1– Principais mecanismos de deterioração das estruturas de concreto armado (HELENE, MEDEIROS
E ANDRADE, 2011)
agressividade do ambiente
natureza do
condições particulares
processo
carbonatação
UR 60% a 85%
lixiviação
atmosfera ácida, águas puras
retração
fuligem
umedecimento e secagem,
ausência de cura
UR baixa (<50%)
particulas em suspensão na
atmosfera urbana e industrial
consequências sobre aestrutura
alterações iniciais na
efeitos a longo prazo
superficie do concreto
redução do pH corrosão
imperceptível
da armadura fissuração
superficial
redução do pH
eflorescências, manchas
corrosão da armadura
brancas
desagregação superficial
fissuras
manchas escuras
fungos e mofo
temperaturas altas (>20ºC e
<50ºC) com UR > 75%
manchas escuras e
esverdeadas
concentração
salina, Cl
atmosfera marinha e industrial
imperceptível
sulfatos
esgoto e águas servidas
fissuras
álcali-agegado
composição do concreto
umidade, UR > 95%
2.3
fissuras
corrosão de armaduras
redução do pH
corrosão de armadura
redução do pH
desagregação superficial
corrosão de armaduras
despassivação e corrosão
de armaduras
expansão → fissuras
desagregação do concreto
corrosão de armaduras
fissuras
expansão → fissuras
gel ao redor do agregado desagregação do concreto
graúdo
corrosão de armaduras
DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES
Em função dos crescentes problemas de degradação precoce observados nas
estruturas, das novas necessidades competitivas e das exigências de sustentabilidade no setor
da construção civil, observa-se, nas últimas duas décadas, uma tendência mundial no sentido
de privilegiar os aspectos de projeto voltados à durabilidade e à extensão da vida útil das
estruturas de concreto armado e protendido (HELENE, MEDEIROS E ANDRADE, 2011).
Segundo a NBR 6118 (2014), durabilidade consiste na capacidade da estrutura resistir
às influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e o
contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto. As estruturas de concreto devem
ser projetadas e construídas de modo que sob as condições ambientais previstas na época do
projeto e quando utilizadas conforme preconizado em projeto conservem suas segurança,
estabilidade e aptidão em serviço durante o período correspondente à sua vida útil.
Para a NBR 6118 (2014), vida útil de projeto é o “período de tempo durante o qual se
mantêm as características das estruturas de concreto, desde que atendidos os requisitos de uso
e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor”.
11
Ripper e Souza (1998) definem a vida útil de um material como o período durante o
qual as suas propriedades permanecem acima dos limites mínimos especificados. O
conhecimento da vida útil e da curva de deterioração de cada material ou estrutura são fatores
de fundamental importância para a confecção de orçamentos reais para a obra, assim como de
programas de manutenção adequados e realistas.
No estudo de durabilidade, deve-se analisar o meio ambiente em que o concreto será
utilizado, a permeabilidade e a camada de superfície a ser coberta, sempre avaliando suas
etapas de preparo, como na concepção e execução do projeto, até a sua utilização (AMORIM,
2010).
A NBR 6118 (2014) define que a agressividade do meio ambiente está relacionada às
ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das
ações mecânicas, das variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e
outras previstas no dimensionamento das estruturas de concreto.
São indicadas no Quadro 2.2 a classificação da agressividade ambiental de acordo com
as condições de exposição da estrutura ou suas partes.
Quadro 2.2 – Classes de agressividade ambiental (NBR 6118, 2014)
Classe
agressividade
ambiental
de
Agressividade
I
Fraca
II
Moderada
III
Forte
IV
Muito Forte
Classificação geral do
Risco de deterioração
tipo de ambiente para
da estrutura
efeito de Projeto
Rural
Submersa
Urbana
Marinha
Industrial
Industrial
Respingos de maré
Insignificante
Pequeno
Grande
Elevado
O cobrimento nominal é a espessura da camada de concreto sobre o aço de pilares,
vigas e lajes, e varia de acordo com a classificação da agressividade do ambiente em que a
obra é construída, o cobrimento é estabelecido seguindo os dados do Quadro 2.3. Segundo
NBR 6118 (2014), o cobrimento mínimo da armadura é o menor valor que deve ser respeitado
ao longo de todo o elemento considerado e que se constitui num critério de aceitação.
12
Quadro 2.3 – Cobrimento nominal (NBR 6118, 2014)
Classe de agressividade ambiental
Tipo de Estrutura
Componente
elemento
ou
I
II
III
IV
Cobrimento nominal (mm)
Concreto Armado
Concreto
Protendido
Laje
20
25
35
45
Viga/ Pilar
25
30
40
50
Todos
30
35
45
55
De acordo com a NBR 5674 (1999) a omissão em relação à necessária atenção para a
manutenção das edificações pode ser constatada nos frequentes casos de edificações retiradas
de serviço muito antes de cumprida a sua vida útil projetada, já que não atendem mais os
critérios de utilização e segurança, causando transtornos aos seus usuários e um sobre custo
em intensivos serviços de recuperação ou construção de novas edificações.
2.4
MANUTENÇÃO E RECUPERAÇÃO
Ripper e Souza (1998) definem manutenção de uma estrutura como o conjunto de
atividades necessárias à garantia do seu desempenho satisfatório ao longo do tempo,
procedimentos que tem por finalidade prolongar a vida útil da obra a custos compensadores.
Estudos demonstram que os custos anuais envolvidos na operação e manutenção das
edificações em uso variam entre 1% e 2% do seu custo inicial, valor que acumulado ao longo
da vida útil das edificações pode chegar a ser superior ao seu custo de construção (NBR 5674,
1999).
De acordo com a NBR 5674 (1999) a manutenção de edificações inclui todos os
serviços realizados para prevenir ou corrigir a perda de desempenho decorrente da
deterioração dos seus componentes, ou de atualizações nas necessidades dos seus usuários.
A responsabilidade da manutenção fica a cargo dos proprietários, investidores e
usuários, que tem o dever de manter a estrutura realizando manutenções, para que esta
respeite o que foi concebido pelo projetista e viabilizado pelo construtor (RIPPER E SOUZA,
1998), são apresentadas na Figura 2.3 as características para uma construção de qualidade.
13
Figura 2.3- Circulo da qualidade para a construção civil (RIPPER E SOUZA, 1998)
Segundo a NBR 5674 (1999) Estudos realizados em diversos países, para diferentes
tipos de edificações, demonstram que os custos anuais envolvidos na operação e manutenção
das edificações em uso variam entre 1% e 2% do seu custo inicial. Este valor pode parecer
pequeno, porém acumulado ao longo da vida útil das edificações chega a ser equivalente ou
até superior ao seu custo de construção.
A necessidade de realizar uma manutenção preventiva, para que maiores danos sejam
evitados, visando assim uma economia de custos e comprometimentos à estrutura. A inspeção
predial propicia uma avaliação da edificação classificando não conformidades constatadas na
edificação quanto a sua origem e grau de risco, e indica orientações técnicas necessárias à
melhoria da manutenção dos sistemas e elementos construtivos.
2.5
INSPEÇÃO PREDIAL
Segundo a NBR 5674 (1999), inspeção trata-se da avaliação do estado da edificação e
de suas partes constituintes, realizada para orientar as atividades de manutenção. De acordo
com a Norma de Inspeção Predial, inspeção predial é a avaliação isolada ou combinada das
condições técnicas, de uso e de manutenção da edificação.
14
Na prática, é uma avaliação com o objetivo de identificar o estado geral da edificação
e se seus sistemas construtivos, observados os aspectos de desempenho, funcionalidade, vida
útil, segurança, estado de conservação, manutenção, utilização e operação, consideradas às
expectativas dos usuários (IBAPE-SP, 2012).
Para tanto, o trabalho de inspeção predial considera a edificação como o corpo A
Os níveis de inspeção predial são classificados em função da complexidade da vistoria
e a elaboração do laudo final, e quanto à necessidade do número de profissionais envolvidos e
a profundidade dos fatos.
A inspeção é definida quanto à natureza do elemento a ser inspecionado.
As inspeções prediais deverão ser realizadas apenas por profissionais, engenheiros e
arquitetos, devidamente registrados no Conselho Regional de Engenharia E Agronomia
(CREA) com especialidade ou experiência comprovada, e dentro das respectivas atribuições
profissionais, conforme resoluções do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
(CONFEA) (IBAPE-SP, 2012).
As inspeções prediais possuem características multidisciplinares, consoante à
complexidade dos subsistemas construtivos a serem inspecionados, tal que o profissional
responsável pela realização do trabalho pode convocar profissionais de outras especialidades
para assessorá-lo, conforme o nível de inspeção predial contratado.
2.6
CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS
A Norma de Inspeção Predial Nacional (2012) define como critérios de classificação
das anomalias e falhas constatadas em uma inspeção predial o risco oferecido aos usuários, ao
meio ambiente e ao patrimônio, dentro dos limites da inspeção predial.
O grau de risco das anomalias e falhas constatadas na inspeção predial é classificado
segundo a Norma em:
a) CRÍTICO
Pode provocar danos contra a saúde e segurança das pessoas e/ou meio ambiente, perda
excessiva
de
desempenho
causando
possíveis
paralisações,
comprometimento sensível de vida útil e desvalorização acentuada.
aumento
de
custo,
15
b) REGULAR
Pode provocar a perda de funcionalidade sem prejuízo à operação direta de sistemas,
perda pontual de desempenho (possibilidade de recuperação), deterioração precoce e pequena
desvalorização.
c) MÍNIMO
Pode causar pequenos prejuízos à estética ou atividade programável e planejada, sem
incidência ou sem a probabilidade de ocorrência dos riscos críticos e regulares, além de baixo
ou nenhum comprometimento do valor imobiliário.
2.6.1 Roteiro de inspeção
O roteiro proposto tem o objetivo de proporcionar um plano para o estudo da
durabilidade da edificação quanto à segurança, funcionalidade e estética (SILVA, 2008).
Este roteiro considera:
- Agressividade do ambiente: está relacionada às ações físicas e químicas que atuam no
concreto. A Tabela 2.2 apresenta a classificação da agressividade do ambiente.
- Registro fotográfico: é a melhor maneira de analisar os problemas da estrutura
- Tipos de danos em estruturas: para facilitar o entendimento do problema é
importante ter conhecimento dos danos que possam ser encontrados.
2.7
PATOLOGIAS
O dicionário Houaiss (2008) define patologia como "estudo das doenças e alterações
que elas provocam no organismo".
Ao adotar esse termo na engenharia, consideram-se as patologia da construção como
"doenças" do edifício, e neste trabalho é realizado o estudo da origem, sintomas e naturezas
de anomalias na construção civil.
16
2.7.1 Fissuras causadas devido variações térmicas
Os elementos de uma construção estão sujeitos a variações de temperaturas sazonais e
diárias, e essas variações geram uma variação dimensional dos materiais de construção, os
movimentos de contração e dilatação são restringidos pelos diversos vínculos que envolvem
os elementos, desenvolvendo nos materiais tensões que poderão provocar o aparecimento de
fissuras (THOMAZ,1989).
A intensidade da variação dimensional, para uma dada variação de temperatura, varia
de material para material. As movimentações térmicas de um material estão relacionadas com
as propriedades físicas do mesmo e com a intensidade da variação da temperatura. A variação
de temperatura é maior em elementos mais expostos, como coberturas e paredes externas
(MAGALHÃES, 2004).
Segundo Thomaz (1989) as trincas de origem térmica podem também surgir por
movimentações diferenciadas entre componentes de um elemento. As principais
movimentações ocorrem em função de:
- Junção de materiais com diferentes coeficientes de dilatação térmica, sujeitos à
mesma variação de temperatura;
- Exposição de elementos a diferentes solicitações térmicas naturais;
- Gradiente de temperaturas ao longo de um componente.
De acordo com Thomaz (1989) é possível classificar as patologias decorrentes da
variação de temperatura em:
a) Movimentações térmicas em argamassas de revestimento
As fissuras em argamassas de revestimento, provocadas por movimentações térmicas
das paredes, irão depender sobretudo do módulo de deformação da argamassa, sendo sempre
desejável que a capacidade de deformação do revestimento supere com boa folga a
capacidade de deformação da parede propriamente dita.
As fissuras induzidas por movimentações térmicas no corpo do revestimento
geralmente são regularmente distribuídas e com aberturas bastante reduzidas, assemelhandose às fissuras provocadas por retração de secagem como pode ser visto na Figura 2.4.
17
Figura 2.4 - Fissuras horizontais no revestimento provocadas pela expansão da argamassa de assentamento
(THOMAZ, 1989)
b) Movimentações térmicas em pisos externos
A movimentação térmica em pisos externos representam um fator preponderante no
desenvolvimento de fissuras ou destacamento do revestimento, particularmente no caso de
pisos com grandes áreas, com formas muito alongadas ou com cores muito escuras.
Na fase de aquecimento o revestimento do piso dilata-se, sendo o material solicitado à
compressão, por efeito de sua vinculação com a base. Na fase de resfriamento o material é
solicitado à tração, criando-se, na medida em que é ultrapassada a resistência à tração do
revestimento ou da própria base, fissuras regularmente espaçadas.
Pode ser observado na Figura 2.5,em planta,a ocorrência de fissuras no piso externo.
Figura 2.5 - Fissuras regularmente espaçadas em piso externo (THOMAZ, 1989)
c) Fissuras provocadas por cura térmica do concreto
São as fissuras resultantes do resfriamento relativamente brusco do concreto após
processo de cura térmica, passando de temperaturas da ordem de 50 ou 60 °C até a
temperatura ambiente, o concreto sofre uma contração térmica que poderá induzir a formação
de fissuras, facilitadas pela resistência relativamente pequena do material nas primeiras
18
idades. O problema é mais grave em peças esbeltas, não armadas, como no caso de paredes
monolíticas constituídas por concreto autoadensável. A Figura 2.6 apresenta um exemplo de
um pilar de concreto que sofreu fissuras devido a variação térmica.
Figura 2.6 - Pilar fissurado devido à movimentação térmica das vigas de concreto armado (THOMAZ,
1989)
2.7.2 Fissuras causadas por movimentações higroscópicas
Segundo Souza, M. (2008) os defeitos mais comuns na construção civil são
decorrentes da penetração de água ou devido à formação de manchas de umidade.
As mudanças higroscópicas provocam variações dimensionais nos materiais porosos
que integram os elementos e componentes da construção, o aumento do teor de umidade
produz uma expansão do material enquanto que a diminuição desse teor provoca uma
contração. No caso da existência de vínculos que impeçam ou restrinjam essas
movimentações poderão ocorrer fissuras nos elementos e componentes do sistema construtivo
(THOMAZ, 1989).
Souza (2008) classifica as origens da umidade na construção como:
- Trazidas durante a construção;
- Trazidas por capilaridade;
- Trazidas por chuva;
- Resultantes de vazamentos em redes hidráulicas;
- Condensação.
19
As trincas provocadas por variação de umidade dos materiais de construção são muito
semelhantes àquelas provocadas pelas variações de temperatura. Entre um caso e outro, as
aberturas poderão variar em função das propriedades higrotérmicas dos materiais e das
amplitudes de variação da temperatura ou da umidade (THOMAZ, 1989).
Trincas horizontais podem aparecer também na base de paredes, como é visto na
Figura 2.7, onde a impermeabilização dos alicerces foi mal executada. A fissuração dos
revestimentos em argamassa será mais acentuada em regiões onde, por qualquer motivo,
ocorra a maior incidência de água. Os peitoris, as saliências e outros detalhes arquitetônicos,
caso não tenham sido bem projetados ou bem executados, poderão causar problemas em
regiões localizadas da fachada (THOMAZ, 1989).
Figura 2.7 - Trinca horizontal na base da alvenaria por efeito da umidade do solo (BRANDÃO, 2007)
2.7.3 Fissuras causadas pela atuação de sobrecargas
A atuação de sobrecargas pode produzir a fissuração de componentes estruturais, tais
como pilares, vigas e paredes. Essas sobrecargas atuantes podem ter sido consideradas no
projeto estrutural, caso em que a falha decorre da execução da peça ou do próprio cálculo
estrutural como pode também estar ocorrendo a solicitação da peça por uma sobrecarga
superior à prevista. Vale frisar ainda que não raras vezes pode-se presenciar a atuação de
sobrecargas em componentes sem função estrutural, geralmente pela deformação da estrutura
resistente do edifício ou pela sua má utilização (THOMAZ, 1989).
Nas alvenarias constituídas por tijolos maciços, sob ação de cargas verticais, a
argamassa de assentamento, apresentando deformações transversais mais acentuadas que os
20
tijolos, introduz nestes um estado triaxial de tensões: compressão vertical e tração nas duas
direções do plano horizontal; nessas condições, a argamassa fica portanto submetida a um
estado triaxial de tensões de compressão. Ultrapassada a resistência à tração dos tijolos,
começam a manifestar-se fissuras verticais no corpo da parede (TÉCHNE, 1998).
Segundo Thomaz (1989) em trechos contínuos de alvenaria solicitadas por sobrecargas
uniformemente distribuídas, dois tipos característicos de trincas podem surgir:
- Trincas verticais(caso mais típico): provenientes da deformação transversal da
argamassa sob ação das tensões de compressão, ou da flexão loca dos
componentes de alvenaria.
- Trincas horizontais: provenientes da ruptura por compressão dos componentes de
alvenaria ou da própria argamassa de assentamento, ou ainda de solicitações de
flexocompressão da parede.
Vários fatores exercem influência na resistência final e na fissuração de paredes em
alvenaria submetidas a sobrecargas de compressão: a forma, seção transversal e esbeltez da
parede; o tipo e forma geométrica dos componentes (tijolos ou blocos); a resistência mecânica
e os módulos de deformação destes componentes e da junta de argamassa; a rugosidade e
porosidade dos componentes; o poder de aderência, elasticidade, retração e retenção de água
da argamassa; o tipo de junta de assentamento, sua espessura e regularidade; o tipo de fixação
da parede e outras estruturas; e , as técnicas construtivas e qualidade de execução
(MAGALHÃES, 2004).Na Figura 2.8 são vistas várias fissuras causadas por sobrecarga.
Figura 2.8 - Fissuração típica da alvenaria causada por sobrecarga vertical (THOMAZ, 1989)
21
2.7.4 Fissuras causadas por retração de produtos a base de cimento
São chamadas fissuras causadas por retração as manifestações originadas pela
movimentação de elementos construtivos por retração de produtos à base de cimento
(MAGALHÃES, 2004).
Em função da trabalhabilidade necessária, os concretos e argamassa normalmente são
preparados com água em excesso, o que vem acentuar a retração. Segundo Magalhães (2004)
a retração desses produtos não obedece à ação de cargas externas e podem ser classificadas
em:
- Retração plástica: perda de água nas misturas em estado plástico;
- Retração hidráulica: perda de água por secagem;
- Retração química: pela reação química de hidratação do cimento;
- Retração por carbonatação: pela carbonatação da cal nas argamassas;
- Retração térmica: resfriamento dos produtos à base de cimento logo após a cura.
A ocorrência de fissuras de retração numa viga de concreto armado dependerá da
dosagem do concreto (principalmente da relação água/cimento), das condições de
adensamento (quanto mais adensado, menor a retração) e das condições de cura(aumentará
substancialmente a retração). Dependerá ainda das dimensões da peça, da rigidez dos pórticos.
da taxa de armadura e da própria distribuição de armaduras ao longo de sua seção transversal
(THOMAZ, 1989).
A retração das argamassas aumenta com o consumo de aglomerante, com a
porcentagem de finos existentes na mistura e com o teor da água de amassamento. Além de
fatores intrínsecos, diversos outros estarão influenciando na formação ou não de fissuras de
retração nas argamassas de revestimento: aderência com a base, número de camadas
aplicadas, espessura das camadas, tempo decorrido entre a aplicação de uma e outra camada,
rápida perda de água durante o endurecimento por ação intensiva de ventilação e/ou insolação
(THOMAZ, 1989).
O problema mais significativo, contudo, decorrente da retração de argamassa de
assentamento de alvenarias, é aquele que se verifica nas fachadas constituídas por alvenaria
aparente, onde a penetração de água através de fissuras ou destacamentos gera uma série de
patologias correlatas (manchas de umidade, bolo, lixiviação etc.) (THOMAZ, 1989).
Na Figura 2.9 são demonstrados fissuras causadas pela retração de lajes.
22
Figura 2.9 - Fissura em parede externa, causada pela retração de lajes intermediárias (THOMAZ,
1989)
2.7.5 Fissuras causadas por alterações químicas dos materiais de construção
Embora os materiais de construção devessem ser estáveis quimicamente, é comum
existirem sais solúveis em excesso nas juntas de argamassa que podem sofrer reações
expansivas no processo de cristalização capazes de provocar fissuras, como mostrado na
Figura 2.10. As reações mais comuns são a expansão das juntas de argamassa pela reação do
cimento com sulfatos, a hidratação retardada das cales e a hidratação de agregados que
contenham argilas (MAGALHÃES, 2004). Os materiais de construção são suscetíveis de
deterioração pela ação de substancias químicas, principalmente as soluções ácidas e alguns
tipos de álcool.
Segundo Thomaz (1989) o uso de cales mal hidratadas podem apresentar teores de
óxidos livres, que sempre estarão disponíveis para reagir com água. Caso ocorra uma
umidificação do componente, haverá uma tendência dos óxidos livres se hidratarem como
consequência disto, apresentará um aumento de 100% no volume. Sua expansão pode
provocar fissuras horizontais preferencialmente no topo da parede. O efeito mais nocivo
ocorre junto aos revestimentos em argamassa, além de fissuras, descolamento, desagregação e
pulverulências.
Os sulfatos poderão vir de várias fontes, como o solo, águas contaminadas ou mesmo
componentes cerâmicos constituídos por argilas. A reação de elementos do cimento, com
23
sulfatos e água resulta em uma grande expansão do material. No caso da expansão de
argamassa de assentamento, ocorre inicialmente uma expansão geral da alvenaria, no caso de
alvenarias revestidas as trincas são semelhantes às que ocorrem na retração da argamassa.
(THOMAZ, 1989), um exemplo é observado na Figura 2.9.
Figura 2.10 - Fissuras na argamassa de revestimento provenientes do ataque por sulfato (THOMAZ,
1989)
2.7.6 Infiltrações
A NBR 9575 (2003) define infiltração por: penetração indesejável de fluidos nas
construções.
De acordo com Oliveira (2013) ao se tratar de impermeabilização em uma construção,
mesmo que sejam adotados materiais adequados e de boa procedência, ainda assim não há
garantias.
Patologias em impermeabilização podem ser ocasionadas por falhas de concretagem,
má execução do revestimento ou chumbamento inadequado de peça e equipamentos, falhas na
especificação, caimento mal dimensionado, detalhes de acabamento e execução inadequada
(JUNIOR, 2001). Esses problemas são decorrentes de falhas de projeto; da escolha
inadequada de materiais ou sistemas; do dimensionamento; de detalhes de juntas; da não
execução do rodapé de impermeabilização 20cm acima do piso acabado; da falta de proteção
da base de platibandas, permitindo a infiltração sob a impermeabilização (JUNIOR, 2001).
Algumas infiltrações são causadas quando uma edificação absorve de modo
exorbitante a umidade do solo prejudicando os materiais que formam a estrutura
(REFORMAR, 2011).
24
Segundo Hussein (2013) umidade de infiltração é a passagem de umidade da parte
externa para a parte interna, através de trincas ou da própria capacidade de absorção do
material. Considerando principais manifestações patológicas é possível dividir-las em dois
grupos:
a)
Manifestações provocadas pela infiltração d'água, devido a ausência ou
falha da impermeabilização;
- Corrosão das armaduras;
- Carbonatação do concreto;
- Eflorescência.
b)
Manifestações originárias do processo construtivo, que podem provocar
danos à impermeabilização.
- Trincas e fissuras em estrutura de concreto;
- Variações térmicas;
- Deformação excessiva da estrutura;
- Recalques diferenciais;
- Retração hidráulica;
- Falhas de concretagem;
- Recobrimento das armaduras.
As patologias consequentes do excesso de umidade mais comuns, são também as mais
fáceis de se identificar sem um estudo mais aprofundado. Podendo classificá-las em:
- Fissuras;
- Mofo;
- Problemas na pintura;
- Descolamentos de pisos e azulejos;
As Figuras 2.11, 2.12 e 2.13 demonstram variadas manifestações patologias resultante
de processos de infiltrações na construção civil.
25
Figura 2.11- Infiltração em parede (SOUZA, M. 2008)
Figura 2.12 - Eflorescência em encontro de vigas e pavimento de garagem (SOUZA, M. 2008)
26
Figura 2.13 -Presença de mofo em muro com exposição à umidade (HUSSEIN, 2013)
2.7.7 Manchas em pisos cerâmicos
Segundo Rhod (2011) as manchas que surgem em revestimentos cerâmicos podem ser
causadas por:
- Eflorescências: depósitos esbranquiçados na superfície do revestimento, causados
pela infiltração de água e consequente dissolução de sais presentes no concreto, na
argamassa e na cerâmica;
- Bolor: aparecimento de fungos e algas, devido argamassa porosa e com presença
de umidade;
- Mancha d'água: alteração na tonalidade do revestimento devido manchamento
abaixo do esmalte, afetando a estética da placa;
- Manchas devido ao uso: manchas que acontecem pelo uso de procedimentos de
limpeza mais fortes, cigarros, tintas, etc.
Na Figura 2.14 é visualizada a ocorrência de eflorescência no piso.
27
Figura 2.14 - Eflorescência em piso (SOUZA, 2008)
2.7.8 Patologias incidentes na pintura
Os fatores que estão diretamente relacionados às patologias das tintas vão desde a
escolha do produto e a preparação da superfície até as condições climáticas, por exemplo,
exposição excessiva ao sol, a umidade e ventos fortes. De acordo com Polito (2006) e artigo
da AECweb temos como definições dos principais problemas nas pintura:
a) Bolhas
Aparecem sobre a superfície quando se utiliza massa corrida em ambiente externo,
repinturas sobre paredes onde não foi extraída toda poeira, reaplicação de uma tinta sobre
outra de má qualidade.
b) Bolor
É caracterizado por manchas ou pontos pretos, acinzentados ou amarronzados sobre a
superfície. Aparece geralmente em áreas úmidas ou que recebem pouca ou nenhuma luz solar,
como banheiros, cozinhas ou lavanderias.
28
c) Descamação
Ruptura na pintura causada pelo desgaste natural do tempo, no inicio se apresentam
como fina fissura e em seguida ocorrem as descamações da tinta.
Entre as possíveis causas estão o uso de tinta de baixa qualidade, a diluição exagerada
da tinta e inadequada preparação da superfície.
d) Descascamento
É quando placas de tinta se soltam da parede, acontece quando a superfície a ser
pintada está empoeirada ou com partes soltas, ex: caiação e reboco novo não lixado.
e) Ferrugem
São manchas marrom avermelhadas sobre a tinta. A ferrugem é o exemplo mais
característico de corrosão e oxidação do ferro, trata-se do produto da reação do ferro ao ser
exposto ao oxigênio e umidade.
f) Fissuras
Pode ocorrer quando a tinta é aplicada em uma camada muito espessa, geralmente,
sobre superfície porosa ou sobre um produto de baixa qualidade. O acumulo de tinta nos
cantos da superfície também podem causar trincas na superfície.
g) Mofo
É o surgimento de manchas escurecidas e que exalam fortes odores. Aparecem em
ambientes úmidos ou com frequentes mudanças de temperatura. Outro fator propício é a
pouca iluminação, pois favorece o desenvolvimento de fungos.
a) Sujeira
Acúmulo de sujeira, poeira e outros fragmentos sobre a superfície pintada, pode ser
confundido com bolor.
29
Nas Figuras 2.15, 2.16, 2.17 e 2.18 é possível observar exemplos de manifestações
patológicas em pinturas.
Figura 2.15 -Fissuras, manchas e mofos em parede externa coberta (HUSSEIN, 2013)
Figura 2.16 - Superfície com bolhas na pintura (POLITO, 2006)
30
Figura 2.17 - Descascamento de tinta em parede externa coberta (HUSSEIN, 2013)
Figura 2.18 - Superfície com manchas de ferrugem (POLITO, 2006)
31
3
METODOLOGIA
Neste tópico serão descritas as principais características e detalhes do condomínio
Fimiani.
3.1
Características do Condomínio Fimiani
A área em estudo, o Condomínio Fimiani, é um empreendimento de classe média,
situado no Bairro J. K. na cidade de Anápolis-GO. Trata-se de um edifício multifamiliar, com
quatro blocos de quatro pavimentos cada. Cada pavimento é constituído por 16 apartamentos,
resultando em um total de 64 apartamentos. Cada apartamento possui uma área útil de 54 m².
A construção foi finalizada em agosto de 2013.
A Figura 3.1 representa a localização do condomínio em estudo.
BFigura 3.1- Localização do condomínio
32
A Figura 3.2, mostra a fachada do bloco B do edifício.
Figura 3.2 – Fachada do Condomínio Fimiani (Acervo do Orientador, 2014)
Para conhecimento da construção em estudo, a Figura 3.3 mostra a planta de fôrma do
pavimento tipo, e a Figura 3.4, um croqui com a disposição dos blocos de A a D.
33
Figura 3.3 – Planta de fôrma do pavimento tipo (VILELA, 2010)
Figura 3.4 – Croqui da disposição dos blocos do condomínio
34
3.2
Ficha técnica do edifício compreende:
Nº de dormitórios: 2 dormitórios;
Nº de vagas na garagem: 1 vaga;
Nº de torres: 4 torres;
Nº unidades por andar: 4 unidades;
Total de unidades: 64 unidade;
Localização:Anápolis - GO;
Idade: 2 anos;
Sistema construtivo: Concreto armado;
Classe de agressividade ambiental/ condições de exposição: Classe de agressividade
ambiental II (moderada) de acordo com a NBR 6118 (2014);
3.3
Metodologia
3.3.1 Procedimento para análise
Foi realizada uma visita ao Condomínio Fimiani, em novembro de 2014, para uma
análise visual e um levantamento dos danos encontrados no local. Essa análise foi realizada
levando-se em consideração as patologias, de acordo com cada família de elementos prédefinidas.
O estudo foi realizado nas áreas comuns dos prédios, não possuindo dados do interior
de cada apartamento em particular.
Para um melhor entendimento do problema as anomalias em estudo foram
primeiramente classificadas quanto à sua localização na construção (área interna do prédio e
área externa), a área externa sofre constante influência direta do tempo, enquanto no
condomínio em estudo não existem áreas cobertas na parte externa dos blocos.
Para o estudo detalhado das patologias, foi realizada uma catalogação de imagens
obtidas em visita ao edifício, quanto ao tipo e origem da patologia.
35
3.3.2 Procedimento de classificação e comparação
Para realizar a análise dos problemas, após a classificação das patologias, foram
anotadas as quantidades de ocorrência de cada tipo de dano quanto à localidade, as patologias
foram divididas em: parte interna, referente aos blocos do A ao D, e parte externa (de todo o
condomínio).
As comparações foram feitas utilizando valores de repetição. De posse desses valores
foi realizada uma análise entre os blocos, e posteriormente entre as áreas internas e externas.
Assim foi possível apontar o Bloco que apresenta maior número de anomalias, e
diferenciar os tipos de patologias que podem ocorrer na parte interna e na parte externa dos
edifícios.
36
4
RESULTADOS
Após visita ao edifício, e a obtenção de imagens das patologias existentes, foi
realizada uma análise dos problemas e suas possíveis causas.
Os resultados são apresentados conforme a metodologia empregada, ou seja, quanto a
sua localização (área externa e interna), suas potenciais hipóteses causais e quantitativo das
patologias.
4.1
Problemas nas áreas externas
Nas áreas externas foram detectados os seguintes danos: fissuras, trincas, manchas de
umidade, descascamento da pintura e ferrugem.
4.1.1 Fissura nos muros
Nos muros da entrada do condomínio junto às grades de proteção, foram encontradas
fissuras. Estas ocorrem nas regiões de ligação dos pilares com a alvenaria, e também por todo
o comprimento do muro. Na Figura 4.1 observa-se a existência de fissuras na região.
Figura 4.1 - Fissuras no muro (GODOI, 2014)
As causas prováveis das fissuras encontradas no muro foram causadas:
- Devido variações térmicas;
- Pela cura inadequada do concreto;
37
- Pela retração do concreto, e da argamassa;
- Pelo teor de finas na argamassa.
4.1.2 Trincas nas paredes externas
Na região do muro de arrimo, foram encontradas várias trincas, e em alguns locais
pode-se observar a deterioração da camada de cobrimento e a desagregação do concreto
(Figura 4.2).
Figura 4.2- Trincas no muro com camada de solo em evidencia (GODOI, 2014)
Figura 4.3- Trincas no muro (GODOI, 2014)
As causas prováveis das trincas nos muros estão relacionadas com:
- A variação térmica;
- As movimentações térmicas em pisos externos;
- A cura inadequada do concreto;
38
- A variação do teor de umidade do solo do aterro.
4.1.3 Trincas no piso de concreto
No piso de concreto da calçada externa foram encontradas trincas em vários locais,
consequentemente também foi observada a falta das juntas de dilatação. As Figuras 4.4 e 4.5
mostram dois pontos onde ocorreu trinca no piso.
Figura 4.4- Trincas no piso de concreto externo (GODOI, 2014)
Figura 4.5- Trincas no piso de concreto externo (GODOI, 2014)
As causas prováveis de trincas no piso estão relacionadas com:
- A variação térmica;
- A movimentações térmicas em pisos externos;
- A cura inadequada do concreto;
- A deficiência nas juntas de dilatação.
39
4.1.4 Manchas de umidade
Nas paredes externas do prédio as manchas de umidade podem ser vistas em diferentes
locais, manchas estas que tratam de um sério problema patológico, tendo em vista que podem
vir a causar danos também à parte interna. As Figuras 4.6 e 4.7 mostram que as manchas
ainda estão localizadas somente na base das paredes externas.
Figura 4.6- Manchas de umidade nas paredes externas (GODOI, 2014)
Figura 4.7- Manchas de umidade nas paredes externas (GODOI, 2014)
As causas prováveis desse tipo de dano estão relacionadas:
- A falhas na execução;
- A escolha inadequada de materiais;
- A Ineficiência da impermeabilização;
- A absorção capilar de água;
- A absorção de águas infiltradas ou de fluxo superficial de água;
40
4.1.5 Descascamento da pintura externa
A pintura da parte externa do prédio, por estar exposta à variações climáticas e
intempéries, apresenta trincas e descascamento em diversos pontos. As Figuras 4.8 e 4.9
exemplificam as condições da pintura dessas paredes.
Figura 4.8- Pintura externa descascando na região inferior da parede (GODOI, 2014)
Figura 4.9- Pintura externa descascando na região do muro de arrimo (GODOI, 2014)
As causas prováveis da pintura descascando podem ser causadas devido:
- A aplicação de tinta sobre uma superfície úmida ou molhada;
- A infiltração de umidade;
- A superfície exposta à umidade;
- A aplicação de tinta de baixa qualidade e inadequada para o local;
- A aplicação de camada muito espessa de tinta;
- A ação de sulfatos.
41
4.1.6 Ferrugem
Foi observada a ocorrência de ferrugem nas grades de segurança e nos portões de
entrada da área externa do prédio. A maioria das grades e portões não possui cobertura,
estando ao ar livre, submetida a sol e chuva.
Figura 4.10- Ferrugem nas grades de segurança (GODOI, 2014)
Figura 4.11- Ferrugem nos portões (GODOI, 2014)
As Causa prováveis estão relacionadas:
- Ao tratamento anticorrosivo ineficiente da superfície;
- A exposição à umidade e ao ar.
42
4.2
Problemas nas áreas internas
Nas áreas internas dos Blocos A à D do Condominio Fimiani foram encontrados os
seguintes danos: fissuras, manchas e a descamação da pintura e argamassa.
4.2.1 Fissuras em paredes
Nas paredes das áreas internas das edificações foram observadas a ocorrência de
fissuras nos cantos inferiores das aberturas das janelas, e também entre as aberturas das
portas. Nas Figuras 4.12 e 4.13 são vistos exemplos destas patologias.
Figura 4.12 - Fissura nos cantos das janelas
Figura 4.13 - Fissura na parede interna entre as portas
As causas prováveis desse tipo de dano estão relacionadas:
43
- A deficiência de vergas e contravergas;
- A fissuras causadas por retração do concreto e argamassa;
- A atuação de sobrecargas nos local.
- Ao comprimento dos apoios da verga que deverá ser aumentado.
4.2.2 Manchas na cerâmica interna
Nas cerâmicas dos halls dos apartamentos e escadas internas, pôde-se observar em
alguns locais manchas nas peças. As Figuras 4.14 e 4.15 foram obtidas dos Blocos C e A,
respectivamente. Estas manchas não tem ligações com problemas estruturais, porém
visualmente tornam-se incomodas.
Figura 4.14- Manchas na cerâmica interna
(GODOI, 2014)
Figura 4.15- Manchas na cerâmica interna
(GODOI, 2014)
As causas prováveis para ocorrência desse tipo de dano estão relacionadas:
- A má qualidade da placa cerâmica;
- Ao uso de produtos de limpeza incompatíveis;
-A especificação de material inadequada;
- Ao assentamento incorreto da cerâmica.
44
4.2.3 Descamação da pintura e argamassa
No hall de entrada do Bloco C, é visto um ponto de descamação da pintura junto à
porta da entrada, demonstrado na Figura 4.16.
Figura 4.16- Descamação da pintura (GODOI, 2014)
As causas prováveis desse tipo de dano estão relacionadas :
- Ao desgaste natural do tempo;
- Ao uso de tinta de baixa qualidade;
- A preparação inadequada da superfície;
- A diluição exagerada da tinta;
- A aplicação de argamassa sobre base contaminada, engordurada ou
impermeabilizada;
- A deficiência na aplicação do chapisco.
4.2.4 Trincas na fixação do corrimão na parede
A fixação dos corrimãos apresentou problemas de trincas em diversos pontos. O ponto
considerado mais crítico, é mostrado na Figura 4.17.
45
Figura 4.17- Trincas na fixação do corrimão no Bloco C (GODOI, 2014)
As causas prováveis deste dano são:
- A fixação inadequada do corrimão;
- A Solicitação pontual por uma sobrecarga resultante do peso do corrimão.
4.2.5 Pintura da parede interna descascando
Nas regiões inferiores das paredes internas, principalmente junto às escadas, ocorreu
diversos locais com problemas de pintura.
As Figuras 4.18 e 4.19 mostram a pintura descascando próximo aos degraus.
Figura 4.18- Pintura descascando próximo aos degraus (GODOI, 2014)
46
Figura 4.19- Pintura descascando próximo aos degraus (GODOI, 2014)
As causas prováveis deste dano estão relacionadas com:
- O uso de tinta de baixa qualidade;
- A umidade infiltrando pela parede externa;
- O acumulo de tinta nos cantos;
- Uma camada muito espessa de tinta.
4.2.6 Sujeira sob da escada
A presença de manchas escuras na pintura sob as escadas pode ser confundida com
bolor, ou até mesmo com trincas, mas visualmente trata-se de acúmulo de sujeira. Como
pode-se observar nas Figuras 4.20 e 4.21, as manchas aparecem sempre nos cantos internos
dos degraus.
Figura 4.20- Manchas de sujeira aparente (GODOI, 2014)
47
Figura 4.21- Manchas de sujeira aparente (GODOI, 2014)
As causas prováveis dos danos estão relacionadas com:
- O uso de tintas de baixa qualidade;
- A ação de agressores externos;
- A falta de cuidados com a manutenção da limpeza.
4.3
Quantitativo das patologias da área externa
Para uma análise dos resultados da pesquisa, foi preparado um quadro com os valores
de repetições de cada tipo de patologia encontrada no condomínio. Assim de posse desses
valores realizou-se análises comparativas.
Na Tabela 4.1 os quantitativos de ocorrências de patologias na área externa aos
prédios.
Tabela 4.1- Quantitativos da ocorrência de patologias na área externa (GODOI, 2014)
Classificação
Fissuras no muro
Ferrugem nas grades de proteção
Trincas na calçada de concreto
Fissuras na pintura
Manchas de umidade
Pintura descascando
Trincas no muro
Total
Quantidade de repetições
30
22
33
7
4
2
4
102
48
Com os resultados obtidos, foi elaborado um gráfico com a proporção de cada
manifestação patológica visualizada na área externa. Na Figura4.22 são mostradas as
quantidades de repetições em porcentagem com patologias de maior ocorrências, as trincas
em calçadas de concreto, a ferrugens nas grades de proteção e as fissuras nos muros.
Problemas esses ligados diretamente à exposição de ações naturais do tempo.
Figura 4.22 - Porcentagem de ocorrência de patologias na área externa do Edifício (GODOI, 2014)
4.4
Quantitativo das patologias da área interna
Os quantitativos das patologias das áreas internas dos prédios foram divididas de
acordo com os blocos do condomínio (A ao D).
4.4.1 Bloco A
Foram visualizados no Bloco A, um total de 26 ocorrências de patologias. A patologia
que teve maior número de repetições foi a fissura nas paredes. Estas localizadas
principalmente abaixo das aberturas das janelas e entre as portas. A Tabela 4.2 mostra os
dados referentes aos quantitativos das repetições das patologias da área interna do Bloco A.
49
Tabela 4.2- Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco A (GODOI, 2014)
Classificação
Manchas na cerâmica interna
Sujeira abaixo das escadas
Pintura descascando
Fissuras nas paredes
Trincas na fixação do corrimão
Total
Quantidade de repetições
5
4
5
9
3
26
Para uma visualização completa da proporção destas anomalias, são mostrados, na
forma de gráfico, na Figura 4.23, os percentuais correspondentes às ocorrências das patologias
encontradas no Bloco A.
Figura 4.23 - Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco A (GODOI, 2014)
4.4.2 Bloco B
No Bloco B foram detectadas um total de 28 ocorrências de patologias. Os problemas
que tiveram maior número de repetições foram as fissuras nas paredes, de forma semelhantes
às citadas no Bloco A e o descascamento das pinturas, localizadas principalmente nas partes
inferiores das paredes. A Tabela 4.3 apresenta os dados referentes aos quantitativos das
repetições.
50
Tabela 4.3- Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco B (GODOI, 2014)
Classificação
Manchas na cerâmica interna
Sujeira abaixo das escadas
Pintura descascando
Fissuras nas paredes
Trincas na fixação do corrimão
Total
Quantidade de repetições
4
4
8
8
3
27
Para uma visualização completa da proporção destas anomalias, é apresentado em
forma de gráfico, na Figura 4.24, os percentuais correspondentes às ocorrências das patologias
encontradas no Bloco B.
Figura 4.24 - Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco B (GODOI, 2014)
4.4.3 Bloco C
No Bloco C foram visualizadas um total de 22 ocorrências de patologias. As
patologias que tiveram um maior número de repetições, de forma semelhantes aos Blocos A e
B foram as fissuras, localizadas entre a aberturas das portas e abaixo da abertura das janelas.
Na Tabela 4.4 os dados referentes aos quantitativos das repetições.
51
Tabela 4.4- Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco C (GODOI, 2014)
Classificação
Manchas na cerâmica interna
Sujeira abaixo das escadas
Pintura descascando
Fissuras nas paredes
Trincas na fixação do corrimão
Total
Quantidade de repetições
4
4
1
8
4
21
Para uma visualização completa da proporção destas anomalias, é apresentado em
forma de gráfico na Figura 4.25 os percentuais correspondentes às ocorrências das patologias
encontradas no Bloco C.
Figura 4.25 - Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco C (GODOI, 2014)
4.4.4 Bloco D
No Bloco D foram visualizadas um total de 19 ocorrências de patologias. Os problema
que tiveram mais repetições foram as fissuras, localizadas entre a aberturas das portas e
abaixo das aberturas das janelas, e as manchas na cerâmica interna. Na Tabela 4.5 os dados
referentes aos quantitativos das repetições.
52
Tabela 4.5 - Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco D (GODOI, 2014)
Classificação
Quantidade de repetições (%)
Manchas na cerâmica interna
5
Sujeira abaixo das escadas
4
Pintura descascando
3
Fissuras nas paredes
6
Trincas na fixação do corrimão
1
Total
19
Para uma melhor visualização da proporção destas anomalias, é apresentado em forma
de gráfico na Figura 4.26 os percentuais correspondentes às ocorrências das patologias
encontradas no Bloco D.
Figura 4.26 - Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco D (GODOI, 2014)
53
5
ANÁLISE DOS RESULTADOS
A análise das manifestações patológicas será apresentada neste capítulo seguindo a
classificação em grupos de anomalias mostrados no Capítulo 4.
As patologias foram divididas em:
- Área interna das edificações;
- Área externa das edificações.
5.1
Patologias das áreas internas
A Figura 5.1 mostra um resumo dos percentuais correspondentes às patologias
existentes nos quatro blocos, para uma melhor análise dos resultados.
Figura 5.1 - Porcentagem de ocorrência de patologias no conjunto do Blocos (A a D) (GODOI, 2014)
Foi detectado que as patologias com maior número de repetições, em todos os blocos,
foram as fissuras nas paredes. Possivelmente por ser a patologia mais simples, e com causas
mais comuns na construção, quando as fissuras podem ser visualizadas ao fim da cura do
concreto.
Também foi observado que as patologias sob influencia do uso e ocupação
apresentaram valores percentuais próximos, visto que os blocos possuírem a mesma idade de
uso.
54
A análise das patologias foi apresentada considerando cada tipo de patologia e sua
ocorrência, em uma comparação entre os blocos.
- Manchas na cerâmica interna
Essa patologia foi registrada nos quatro blocos do condomínio. Foram observados
mais repetições nos blocos A e D, com 5 pontos patológicos em cada um.
- Sujeira sob a escada
A sujeira na parte inferior das escadas, junto ao encontro dos degraus, foi observada
em todos os blocos e em todos os andares. É necessário um cuidado maior por parte dos
responsáveis pela limpeza, para que essa ocorrência diminua, ou mesmo seja eliminada.
- Pintura descascando
O bloco que apresentou o maior numero de repetições dessa ocorrência foi o Bloco B,
com 8 pontos de manifestações. No Bloco C foi observado apenas uma manifestação dessa
patologia.
- Fissuras nas paredes
Essa anomalia obteve maior número de incidência, com um total de 31 pontos. O
Bloco que possuiu um maior número de incidências é o Bloco A, com 9 pontos.
- Trincas na fixação dos corrimãos:
Essa patologia mostrou um valor inferior de ocorrências, quando comparados às
demais patologias encontradas. O bloco com maior número de repetições foi o Bloco C, com
um total de 4 pontos.
5.2
Sugestões de metodologia de reparo para a área interna
Quadro 5.1 - Sugestões de metodologia de reparo das patologias da área interna
Patologia
Fissuras em paredes
Metodologia de reparo
Proteção da parede com uso de pintursa flexíveis
Remoção do revestimento da parede, em aproximadamente
10 a 15 cm, aplicação de bandagem sobre a fissura,
aplicação de chapisco externamente à bandagem e
recomposição do revestimento
Pintura reforçada com uma finíssima tela de náilon
Recuperação com uso de selantes flexíveis
Manchas na cerâmica
Substituição das peças danificadas
55
Quadro 5.1 - CONTINUAÇÃO - Sugestões de metodologia de reparo das patologias da área interna
Patologia
Descamação da pintura e
argamassa
Metodologia de reparo
Remoção dos fragmentos de tinta com uma raspadeira ou
escova de aço, ou lixe a superfície.
Caso as rupturas sejam mais profundas, é necessário o uso
de massa corrida, e prossiga com a repintura
Remoção do concreto solto, posteriormente realizar a
Trincas na fixação do corrimão
aplicação de resina epóxi na cavidade do concreto, e por
na parede
fim a aplicação de argamassa no revestimento
Elimine a fonte de umidade
Descascamento da pintura
Sujeira abaixo da escada
Remoa os fragmentos de tinta com raspadeira e repinte
Realizar a limpeza da região afetada com escova e
detergente, enxaguando bem, caso necessário, use o auxilio
de limpadora de alta pressão
Caso necessário, prossiga com uma repintura
5.3
Patologia das áreas externas
As anomalias visualizadas em uma maior quantidade na área externa foram as fissuras
nos muros, ferrugens nas grades de proteção e trincas na calçadas. Embora essas patologias
tenham uma maior repetição, manifestam-se em pequenas regiões.
Ao contrário disso a ocorrência de manchas de umidade e pintura descascando são as
patologias com menor número de repetições, porém que apresentam a maior área.
5.4
Sugestões de metodologia de reparo para área externa
Como propostas de manutenção e recuperação das manifestações visualizadas na parte
externa dos prédios, foi elaborado o Quadro 5.2, com o objetivo de apresentar métodos para a
realização de reparos nas respectivas patologias estudadas.
Deve-se ressaltar que a metodologia mais eficiente para o reparo de todos esses tipos
de patologia só poderá ser definida após estudos e investigações aprofundadas em cada caso.
Desta forma será possível tomar providencias com efetivos resultados.
56
Quadro 5.2 - Sugestões de metodologia de reparo das patologias da área externa
Patologia
Metodologias de reparo
Fissuras nos muros
Remoção do revestimento da parede em aproximadamente
10 a 15 cm, aplicação de bandagem sobre a fissura,
alicação de chapisco externamente à bandagem e
recomposição do revestimento.
Trincas em paredes
Trincas no piso de concreto
Manchas de umidade
Descascamento da pintura
Ferrugem
Pintura reforçada com uma finíssima tela de náilon.
Recuperação com uso de selantes flexíveis.
Proteção com pintura flexíveis.
Remoção do concreto solto
Aplicação de resina epóxi na cavidade do concreto
Aplicação de nova camada de argamassa
Criação de juntas de dilatação elástica
Utilização de argamassas menos rígidas
Substituição do reboco da superfície
Eliminição da causa do problema
Aplicação de impermeabilizante específico
Elimine a fonte de umidade
Retire a camada afetada, raspando e lixando a superfície
Repinte com tinta de alta qualidade
Limpeza do local
Lixamento
Aplicação de fundo anticorrosivo
Realização de nova pintura
57
6
6.1
CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
CONCLUSÕES
Este trabalho foi realizado com o objetivo de estudar os problemas patológicos do
Condomínio Fimiani localizado na cidade de Anápolis-GO.
Os levantamentos realizados, objetivaram apenas a apresentação dos resultados, e para
a realização da análise, os problemas foram classificados em grupos, quantificados e
comparados de acordo com as localizações.
Foi observado a princípio, que por se tratar de uma construção nova com
aproximadamente dois anos de uso, por meio da análise visual das patologias, não foram
encontradas visualmente anomalias significativas.
Há a necessidade de controle dos pontos em que são abordados problemas com a água,
e respectivamente a umidade. Foi apontado neste trabalho a ocorrência de manchas de
umidade, infiltrações, trincas e descascamento das pintura. Estes problemas, que podem ser
decorrentes de umidade, não se resolvem com soluções paliativas, principalmente por
ocorrerem em sua grande maioria em locais que sofrem a ação natural do tempo e
capilaridade da água em relação ao solo.
Este estudo pode servir de base para a comunidade técnico - científica, bem como para
os usuários em geral. O conhecimento básico de manifestações patológicas primárias, pode
ser útil para evitar preocupações exageradas com problemas de pouca gravidade, e da mesma
forma alertar para a gravidade de outros tipos de manifestações.
Foi observado que o bloco que apontou o maior número de anomalias foi o Bloco B,
porém não foi possível identificar nenhuma causa em particular para essa maior frequência de
patologias, tudo em vista, que os tipos de patologias encontrados são similares nos demais
blocos, e os valores encontrados nos demais blocos não possuem uma diferença exagerada.
As patologias visualizadas na parte interna dos Blocos (A a D) são decorrentes
principalmente do uso e ocupação da edificação, da falta de qualidade dos materiais e de
variações de temperatura na cura do concreto. Enquanto que as patologias encontradas na
parte externa sofrem influência principalmente das variações climáticas e do contato com a
umidade do solo.
58
6.2
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
O estudo das patologias de uma edificação deve ser constante, com análises
periódicas, que vise a detecção de possíveis evoluções das anomalias.
Como sugestões para trabalhos futuros, seguindo esse mesmo tema, e possivelmente
tendo a mesma construção como objeto de estudo, podem ser considerados como trabalhos
futuros:
- Estudo aprofundado das causas das patologias apontadas, com ensaios e análises
laboratoriais onde for possível;
- Estudo aprofundado das trincas do piso externo, para especificações do grau de
controle
e locais onde devem ser aplicados as juntas de dilatação plásticas,
levando em consideração a exposição ao calor, às chuvas e os coeficientes de
expansão do concreto;
- Estudo das fissuras nas paredes internas, junto com a análise dos projetos
estruturais, observando além das vigas, pilares e lajes, as vergas e contra-vergas
que apresentaram fissuras nos primeiros anos de uso do prédio;
- Estudo aprofundado a longo prazo das infiltrações, avaliando suas possíveis
evoluções, que podem afetar a saúde do edifício tanto externa como internamente.
Com base em trabalhos de monitoramentos constantes, é possível evitar que os
problemas da construção atinjam um nível grave, e até mesmo irreversíveis.
59
REFERÊNCIAS
AECweb.
Patologias
da
pintura:
saiba
evitá-las.
Disponível
em
<http://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/patologias-da-pintura-saiba-evita-las_6272_0_1>
Acesso em 10/01/2015.
AMORIM, A. A. Durabilidade das estruturas de concreto armado aparentes.
Monografia. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Manutenção de edificações –
Procedimento, NBR 5674. Rio de Janeiro, ABNT, 1999.
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concreto – Procedimento, NBR 6118. Rio de Janeiro, ABNT, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Impermeabilização – Seleção e
projeto, NBR 9575. Rio de Janeiro, ABNT, 2010
BRANDÃO, R. M. L. Levantamento das manifestações patológicas nas edificações, com
até cinco anos de idade, executadas no Estado de Goiás. Dissertação (Mestrado).
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2007.
CARDOSO, F. H. As interfaces entre teorias democráticas, participações políticas e
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2013.
DNIT. Patologias do concreto – Especificação de Serviço. Norma DNIT 090/2006, Rio de
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Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, Cabo Verde, 2014.
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INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE ENGENHARIA, Norma
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60
INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERICIAS DE ENGENHARIA DO RIO
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PAULO. Inspeção Predial, a Saúde dos Edifícios, 2012.
JUNIOR, M. P. C. Avaliação Pós-Ocupação e manutenção estratégica de escolas públicas.
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LICHTENSTEIN, N. B. Patologia das construções. Boletim técnico 06/86, Escola
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