i UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS - UEG UNU DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL MARIA LUISA RAMOS GODOI AVALIAÇÃO DAS PATOLOGIAS DO CONDOMÍNIO FIMIANI LOCALIZADO NA CIDADE DE ANÁPOLIS-GO ANÁPOLIS / GO 2015 ii MARIA LUISA RAMOS GODOI AVALIAÇÃO DAS PATOLOGIAS DO CONDOMÍNIO FIMIANI LOCALIZADO NA CIDADE DE ANÁPOLIS-GO ORIENTADOR: Prof. Dr. Juliano Rodrigues da Silva ANÁPOLIS / GO 2015 iii FICHA CATALOGRÁFICA GODOI, Maria Luisa Ramos. AVALIAÇÃO DAS PATOLOGIAS DO CONDOMÍNIO FIMIANI LOCALIZADO NA CIDADE DE ANÁPOLIS-GO. XIV, 77p. 210 x 270 mm (ENC/UEG, BACHAREL, ENGENHARIA CIVIL, 2015). PROJETO FINAL – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS. UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS. CURSO DE ENGENHARIA CIVIL. 1. Edifício Fimiani 2. Avaliação 3. Construção Civil 4. Patologias REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA GODOI, M. L. R. AVALIAÇÃO DAS PATOLOGIAS DO CONDOMÍNIO FIMIANI LOCALIZADO NA CIDADE DE ANÁPOLIS-GO. Projeto Final, Publicação ENC. XXX2015, Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, GO, XIV, 77 p. 2015. CESSÃO DE DIREITOS NOME DO AUTOR: Maria Luisa Ramos Godoi TÍTULO DA MONOGRAFIA DE PROJETO FINAL:Avaliação das patologias do Condomínio Fimiani localizado na cidade de Anápolis-GO. GRAU: Bacharel em Engenharia Civil ANO: 2015 É concedida à Universidade Estadual de Goiás a permissão para reproduzir cópias deste projeto final e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. A autora reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte deste projeto final pode ser reproduzida sem a autorização por escrito da autora. ____________________________ Maria Luisa Ramos Godoi Avenida Anhanguera Nº 54 - Universitário Goiânia-Go – Brasil [email protected] iv FICHA DE APROVAÇÃO MARIA LUISA RAMOS GODOI AVALIAÇÃO DAS PATOLOGIAS DO CONDOMÍNIO FIMIANI LOCALIZADO NA CIDADE DE ANÁPOLIS-GO PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovado por: ____________________________________________________ Prof. Dr. JULIANO RODRIGUES DA SILVA (UEG) (ORIENTADOR) ____________________________________________________ Prof.ª M.Sc. JULIANA LUIZA MOREIRA DEL FIACO (UEG) (EXAMINADOR INTERNO) ____________________________________________________ Prof.ª M. Sc. MARINA ALBERTI MACEDO (UEG) (EXAMINADOR INTERNO) ANÁPOLIS / GO, 20 de fevereiro de 2015. v Dedico esse trabalho, aos meus amigos e familiares, e todos aqueles que estiveram ao meu lado nessa jornada, fazendo possível essa conquista. vi AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus e à Nossa Senhora da Abadia, por me abençoarem e me acompanharem sempre, permitindo que tudo isso acontecesse, ao longo da minha vida e nessa jornada, me possibilitando a realização de mais um sonho . Agradeço aos meus pais, pelo carinho e amor, por me apoiarem nas minhas escolhas, e sempre me incentivarem a buscar novas conquistas. Agradeço aos meus amigos e todos os colegas de faculdade, que me ajudaram nesses anos de estudo, pela paciência e pelo companheirismo nos momentos difíceis. Agradeço à gentileza da Lorena Teodoro, síndica do Condomínio Fimiani, que permitiu as visitas ao edifício, fundamentais à realização deste trabalho. Agradeço aos professores que me proporcionaram conhecimentos nesses anos de estudo, principalmente ao Professor Dr. Juliano Rodrigues, meu orientador, pela paciência e dedicação nesse período em que trabalhamos juntos. Agradeço à minha Lisa por todo carinho e amor, por estar sempre ao meu lado e alegrar a minha vida. vii RESUMO O objetivo desta pesquisa foi a realização de uma inspeção predial em um edifício multifamiliar de quatro pavimentos. Foi realizada uma avaliação visual com a classificação quantitativa das deteriorações da edificação, com isso contribuir para a definição das ações necessárias à garantia da durabilidade da edificação, nos aspectos de segurança, funcionalidade e estética, auxiliando a tomada de decisões de engenheiros e técnicos da área de manutenção e recuperação das estruturas do prédio. Foi realizado um laudo final da edificação, com a elaboração do relatório fotográfico, com a classificação das anomalias e falhas quanto ao risco, além de suas descrições técnicas e propostas estratégicas para manutenção. Foi observado que as patologias que mostraram maior relevância foram as que tem origem devido a umidade e à variações de temperaturas. Palavras chaves: Edifícios, Patologia, Avaliação, Manutenção, Condomínio. viii ABSTRACT The objective of this research was to conduct a building inspection in a multifamily building of four stories. A visual assessment with quantitative classification of deterioration of the building was carried out, thus contributing to the definition of the actions necessary to ensure the durability of the building, in safety, functionality and aesthetics, helping the making of engineers and technicians of the area decisions maintenance and restoration of the building structures. We carried out a final report of the building, in the format of photographic report, with the classification of anomalies and failures on the risk, beyond their technical descriptions and strategic proposals for maintenance. Key words: buildings, Pathology, Evaluation, Maintenance, Condominium. ix LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 Causas de Patologias ................................................................................................ 5 Figura 2.2 Diferentes desempenhos de uma estrutura ............................................................... 7 Figura 2.3 Circulo da qualidade para a construção civil ......................................................... 12 Figura 2.4 Fissuras horizontais no revestimento provocadas pela expansão da argamassa de assentamento............................................................................................................................. 16 Figura 2.5 Fissuras regurlamente espaçadas em piso externo ................................................. 17 Figura 2.6 Pilar fissurado devido à movimentação térmica das vigas de concreto ................. 17 Figura 2.7 Trinca horizontal na base da alvenaria por efeito da umidade do solo .................. 19 Figura 2.8 Fissuração típica da alvenaria causada por sobrecarga vertical ............................. 20 Figura 2.9 Fissura em parede externa, causada pela retração de lajes intermediárias............. 22 Figura 2.10 Fissuras na argamassa derevestimento provenientes do ataque por sulfato......... 23 Figura 2.11 Infiltração em parede ........................................................................................... 25 Figura 2.12 Eflorescência em encontro de vigas e pavimento de garagem............................. 25 Figura 2.13 Presença de mofo em muro com exposição à umidade ....................................... 26 Figura 2.14 Eflorescência em piso .......................................................................................... 27 Figura 2.15 Fissuras, manchas e mofos em parede externa coberta ........................................ 29 Figura 2.16 Superfície com bolhas na pintura ......................................................................... 29 Figura 2.17 Descascamento de tinta em parede externa coberta ............................................. 30 Figura 2.18 Superfície com manchas de ferrugem .................................................................. 30 Figura 3.1 Localização do condomínio ................................................................................... 31 Figura 3.2 Fachada do condomínio ......................................................................................... 32 Figura 3.3 Planta de forma do pavimento tipo ........................................................................ 33 Figura 3.4 Croqui da disposição dos blocos ............................................................................ 33 Figura 4.1 Fissuras no muro .................................................................................................... 36 x Figura 4.2 Trincas no muro ..................................................................................................... 37 Figura 4.3 Trincas no muro ..................................................................................................... 37 Figura 4.4 Trincas no piso de concreto externo ...................................................................... 38 Figura 4.5 Trincas no piso de concreto externo ...................................................................... 38 Figura 4.6 Manchas de umidade ............................................................................................. 39 Figura 4.7 Manchas de umidade ............................................................................................. 39 Figura 4.8 Pintura externa descascando .................................................................................. 40 Figura 4.9 Pintura externa descascando .................................................................................. 40 Figura 4.10 Ferrugem nas grades de segurança....................................................................... 41 Figura 4.11 Ferrugem nos portões ........................................................................................... 41 Figura 4.12 Fissuras nos cantos das janelas ............................................................................ 42 Figura 4.13 Fissuras na parede interna entre as portas ............................................................ 42 Figura 4.14 Manchas na cerâmica interna ............................................................................... 43 Figura 4.15 Manchas na cerâmica interna ............................................................................... 43 Figura 4.16 Descamação da pintura ........................................................................................ 44 Figura 4.17 Trincas na fixação do corrimão na parede ........................................................... 45 Figura 4.18 Pintura interna descascando ................................................................................. 45 Figura 4.19 Pintura interna descascando ................................................................................. 46 Figura 4.20 Manchas de sujeira ............................................................................................... 46 Figura 4.21 Manchas de sujeira ............................................................................................... 47 Figura 4.22 Porcentagem de ocorrência de patologias na área externa .................................. 48 Figura 4.23 Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco A ....................................... 49 Figura 4.24 Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco B ......................................... 50 Figura 4.25 Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco C ......................................... 51 Figura 4.26 Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco D ........................................ 52 xi Figura 5.1 Porcentagem de ocorrência de patologias nos Blocos A, B, C e D ....................... 53 xii LISTA DE QUADROS Quadro 2.1 Principais mecanismos de deterioração das estruturas de concreto armado .........9 Quadro 2.2 Classes de agressividade ambiental...................................................................... 11 Quadro 2.3 Cobrimento nominal............................................................................................. 11 Quadro 5.1 Sugestões de metodologia de reparo das patologias da área interna .................... 54 Quadro 5.2 Sugestões de metodologia de reparo das patologias da área externa ................... 56 xiii LISTA DE TABELAS Tabela 4.1 Quantitativos da ocorrência de patologias na área externa .................................... 47 Tabela 4.2 Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco A.......................................... 49 Tabela 4.3 Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco B .......................................... 50 Tabela 4.4 Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco C .......................................... 51 Tabela 4.5 Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco D.......................................... 52 xiv LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS UnUCET Unidade Universitária deCiências Exatas e Tecnológicas UEG Universidade Estadual de Goiás UNU Unidade Universitária PIB Produto Interno Bruto IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia NBR Norma da ABNT ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte UR Umidade Relativa CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia CONFEA Conselho Federal de Engenharia e Agronomia xv SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1 1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 2 1.1.1 Geral ............................................................................................................................. 2 1.1.2 Específicos.................................................................................................................... 2 1.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA .......................................................................................... 2 1.3 DESCRIÇÃO DO TRABALHO ......................................................................................... 3 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 4 2.1 ORIGEM DA PATOLOGIA ............................................................................................ 4 2.2 DETERIORAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO.............................................. 6 2.2.1 Sintomas das patologias ....................................................................................................7 2.2.2 Causas físicas .................................................................................................................... 8 2.2.3 Causas químicas ................................................................................................................ 9 2.3 DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES ......................................................................... 10 2.4 MANUTENÇÃO E RECUPERAÇÃO .......................................................................... 12 2.5 INSPEÇÃO PREDIAL ................................................................................................... 13 2.6 CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS .................................................................................... 14 2.6.1 Roteiro de inspeção ......................................................................................................... 14 2.7 PATOLOGIAS ................................................................................................................ 15 2.7.1 Fissuras causadas devido variações térmicas .................................................................. 15 2.7.2 Fissuras causadas por movimentações higroscópicas ..................................................... 18 2.7.3 Fissuras causadas pela atuação de sobrecargas ............................................................... 19 2.7.4 Fissuras causadas por retração de produtos a base de cimento ....................................... 20 2.7.5 Fissuras causadas por alterações químicas dos materiais de construção ........................ 22 2.7.6 Infiltrações....................................................................................................................... 23 2.7.7 Manchas em pisos cerâmicos .......................................................................................... 26 2.7.8 Patologias incidentes na pintura ...................................................................................... 27 3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 31 3.1 CARACTEIZAÇÃO DO EDIFÍCIO FIMIANI .............................................................. 31 3.2 FICHA TECNICA DO EMPREENDIMENTO ............................................................. 34 3.3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 34 3.3.1 Procedimento para análise............................................................................................... 34 3.3.2 Procedimento de classificação e comparação ................................................................. 34 xvi 4 4.1 RESULTADOS ................................................................................................................ 36 PROBLEMAS NAS ÁREAS EXTERNAS .................................................................... 36 4.1.1 Fissura nos muros ............................................................................................................ 36 4.1.2 Trincas em paredes externas ........................................................................................... 37 4.1.3 Trincas no piso de concreto............................................................................................. 38 4.1.4 Manchas de umidade ...................................................................................................... 39 4.1.5 Descascamento a pintura externa .................................................................................... 40 4.1.6 Ferrugem ......................................................................................................................... 41 4.2 PROBLEMAS NAS ÁREAS INTERNAS ..................................................................... 42 4.2.1 Fissuras em paredes......................................................................................................... 42 4.2.2 Manchas na cerâmica interna .......................................................................................... 43 4.2.3 Descamação da pintura e argamassa ............................................................................... 44 4.2.4 Trincas na fixação do corrimão na parede ...................................................................... 45 4.2.5 Pintura da parede intrna descascando ............................................................................. 46 4.2.6 Sujeira abaixo da escada ................................................................................................ 47 4.3 QUANTITATIVO DAS PATOLOGIAS DA ÁREA EXTERNA ................................ 48 4.4 QUANTITATIVO DAS PATOLOGIAS DA ÁREA INTERNA ................................. 49 4.4.1 Bloco A .......................................................................................................................... 49 4.4.2 Bloco B ........................................................................................................................... 50 4.4.3 Bloco C ........................................................................................................................... 51 4.4.4 Bloco D ........................................................................................................................... 52 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................................. 54 5.1 PATOLOGIAS DAS ÁREAS INTERNAS .................................................................... 54 5.2 SUGESTÕES DE METODOLOGIA DE REPARO PARA ÁREA INTERNA ............ 55 5.3 PATOLOGIAS DAS ÁREAS EXTERNAS................................................................... 56 5.4 SUGESTÕES DE METODOLOGIA DE REPARO PARA ÁREA EXTERNA ........... 56 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..................... 58 6.1 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 58 6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................................................... 59 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 60 1 1 INTRODUÇÃO De acordo com Cardoso (2013), a construção civil no Brasil obteve crescimento expressivo a partir do ano de 2004, com um grande crescimento até meados de 2010. Nos anos posteriores sofreu uma desaceleração, passando de uma média anual de 5,18% para cerca de 3,8% em 2011, mais ainda apresentou um crescimento superior ao PIB nacional para esse período. Este desenvolvimento da construção civil no país, ainda conta com um déficit de mão de obra qualificada. Para Machado (2013), a indústria da construção civil é a que mais sofre com a falta de qualificação profissional. Segundo Resende e Sousa (2014) 81% das empresas pesquisadas sofrem com baixa ou média oferta de mão de obra. As conjunturas socioeconômicas de países em desenvolvimento, como o Brasil, fizeram com que as obras fossem conduzidas a velocidades cada vez maiores, com poucos rigores nos controles dos materiais e serviços (THOMAZ, 1989). Como as empresas necessitam de determinados profissionais, cerca de 60% têm diminuído a exigência para a contratação de técnicos. Essa dispensa de qualificação técnica influencia diretamente na queda dos padrões de qualidade e produtividade da obra (RESENDE E SOUSA 2014). De acordo com Fortes (2014), por meio de análise realizada com dados concretos, um treinamento adequado dos trabalhadores fornece à empresa, como resultados, uma economia no custo, na qualidade da obra, na execução, na economia do tempo e na satisfação dos funcionários. Souza, U. (2006) explica que a produtividade de mão de obra, do ponto de vista físico, poderia ser definida como a eficiência na transformação do esforço dos trabalhadores em produto de construção. Essa eficiência está intimamente relacionada à qualidade final da obra, ou seja, uma obra que não possua uma equipe com treinamentos adequados, certamente não poderá oferecer ao seu cliente um bom resultado final. Os problemas resultantes de uma má qualidade do serviço prestado, de processo intempéries, do mal uso, ou do desgaste natural e de utilização, são chamados de patologias. O diagnóstico das patologias é o entendimento dos fenômenos em termos de identificação das múltiplas relações de causa e efeito que normalmente caracterizam um problema patológico. Lichtenstein (1986) considera que a prática profissional da análise desses problemas seja muitas vezes caracterizada pela falta de uma metodologia 2 mundialmente aceita, onde prevalecem as intuições pessoais e as habilidades no lugar do método. Em uma designação genérica tem-se na patologia das estruturas um novo campo da engenharia civil, onde se ocupa de estudar as origens, as formas de manifestações das patologias, as consequência e mecanismos de ocorrência das falhas e do sistema de degradação da estrutura (RIPPER e SOUZA,1998). Considerando as patologias de uma estrutura vista como uma “doença” da edificação, na realização deste trabalho foi escolhido um condomínio multifamiliar de quatro blocos, com quatro pavimentos cada, situado na cidade de Anápolis-Goiás, para ser realizada uma inspeção predial, na área comum, a fim classificar as deteriorações dos edifícios. 1.1 OBJETIVOS 1.1.1. Geral Analisar as patologias de um condomínio multifamiliar localizado na cidade de Anápolis- GO, caracterizando as possíveis causas dessas patologias. 1.1.2. Específicos Foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: Identificar os tipos de patologias encontradas na edificação; Classificar e quantificar os danos de acordo com as possíveis causas; Realizar um comparativo entre os danos de cada bloco, e entre a área interna e a externa; 1.2 Sugerir propostas para reparos e manutenções na edificação. LIMITAÇÕES DA PESQUISA Esta pesquisa se limita em analisar as patologias externas da edificação, em virtude de não se utilizar métodos não destrutivos para a sua avaliação. 3 1.3 DESCRIÇÃO DO TRABALHO No capítulo 1 é apresentado o processo de análise das patologias, os objetivos deste trabalho e suas limitações. O capítulo 2 faz uma revisão de literatura sobre os processos de deterioração de estruturas, problemas patológicos e manutenção dessa estrutura. O capítulo 3 mostra as características técnicas da edificação. O capítulo 4 descreve as patologias encontradas por meio da avaliação visual in loco. No capítulo 5 será procedeu-se a análise das patologias encontradas, por meio de um comparativo entre os blocos, e entre a área interna e externa às edificações. No capítulo 6 são apresentadas as conclusões e sugestões para trabalhos futuros. E por fim, as referências utilizadas no trabalho. 4 2 2.1 REFERENCIAL TEÓRICO ORIGEM DA PATOLOGIA “Desde os primórdios da civilização que o homem tem se preocupado com a construção de estruturas adaptadas às suas necessidades, sejam elas habitacionais, laborais, ou de infraestrutura” (RIPPER E SOUZA 1998). Através deste processo construtivo a humanidade colecionou um acervo científico, permitindo o desenvolvimento de tecnologias construtivas. A patologia da construção civil ocorre quando um edifício apresenta defeitos, onde este deveria exercer diversas funções para atender às necessidades humanas. Diz-se também, que um edifício apresenta uma patologia quando não atende adequadamente uma ou mais funções para as quais foi construído, assim, o reparo (conserto) de uma patologia tem como objetivo recuperar essa função (IBAPE-RS, 2013). Há necessidade, por um lado, de conhecer, avaliar e classificar o grau de agressividade do ambiente e, por outro, de conhecer o concreto e a geometria da estrutura, estabelecendo então a correspondência entre ambos, ou seja, entre a agressividade do meio versus a durabilidade da estrutura de concreto (HELENE; MEDEIROS; ANDRADE; 2011). Ripper e Souza (1998) defendem que uma vez iniciada a construção, podem ocorrer falhas das mais diversas naturezas, considerando causas como falta de condições locais de trabalhos, não capacitação profissional da mão de obra, inexistência de controle de qualidade de execução, má qualidade de materiais e componentes, irresponsabilidade técnica e até mesmo sabotagem. Assim torna-se fundamental que as empresas promovam oportunidades para aplicação de programas de treinamentos a fim de qualificar seus funcionários (FORTES, 2014), com isso minimizar as duas principais causas de erros ligados à mão de obra, que são a falta de conhecimento e a falta de orientação. Na Figura 2.1 são ilustradas as principais causas de patológias na construção civil. 5 Figura 2.1 – Causas de Patologias (IBAPE, 2013) O processo de realização de uma edificação compreende as fases de projeto, execução e utilização, a ocorrencia de falhas em uma ou mais destas fases provoca defeitos que podem comprometer a segurança e a durabilidade do empreedimento (OLIVARI, 2003). De acordo com Olivari (2003) os principais erros na construção podem ser resumidos em: a) Patologias decorrentes de erros no projeto estrutural - Falta de detalhes; - Erros de dimensionamento; - Não consideração do efeito térmico; - Divergência entre os projetos; - Sobrecargas não previstas; - Especificação do concreto deficiente; - Especificação de cobrimento incorreta. b) Patologias decorrentes de erros na execução - Erro de interpretação dos projetos; - Falta de controle tecnológico; - Uso de concreto vencido; 6 - Falta de limpeza ou estanqueidade das fôrmas; - Falta de saturação das fôrmas; - Armadura mal posicionada; - Falta de espaçadores e pastilhas para garantir o cobrimento; - Falta de cuidado com os ferros superiores das lajes, permitindo o seu rebaixamento; - Segregação do concreto por erro de lançamento; - Falta de cura ou cura mal executada; - Cimbramentos mal executados e desfôrmas antes do tempo; - Erros de vibração; - Junta de concretagem mal posicionadas ou mal executadas; - Adição de água no concreto fora das especificações; - Falta de fiscalização; - Erro no dimensionamento ou no posicionamento das fôrmas. c) Patologias decorrentes de erros na fase de utilização - Falta de programa de manutenção adequado; - Sobrecargas não previstas no projeto; - Danificação de elementos estruturais por impactos; - Carbonatação e corrosão química ou eletroquímica; - Erosão por abrasão; - Ataque de agentes agressivos. 2.2 DETERIORAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO Segundo a NBR 6118 (2014), mecanismos de deterioração da estrutura são todos aqueles relacionados às ações mecânicas, movimentações de origem térmica, impactos, ações cíclicas, retração, fluência e relaxação. Ripper e Souza (1998) chama atenção para a necessidade de determimar a origem da deterioração, não apenas para que se possa proceder aos reparos, mas também para se garantir quea estrutura não volte a se deteriorar. As causas da deterioração podem ter diversas origens, desde o envelhecimento "natural" da estrutura, acidentes, e até mesmo a irresponsabilidade de alguns profissionais que 7 optam pela utilização de materiais fora das especificações, na maioria das vezes por alegadas razões econômicas (RIPPER E SOUZA, 1998). A análiseda deterioração da estrutura possibilita que se tenha um jugamento das condições da estrutura, obtendo-se uma caracterização satisfatoria da vida útil e dos custo de recuperação. Na figura 2.2 há o ponto em que cada estrutura, em função da deterioração, atinge níveis de desempenho insatisfatórios varia de acordo com o seu tipo. Figura 2.2 - Diferentes desempenhos de uma estrutura (RIPPER E SOUZA, 1998) Algumas dessas estruturas, por falhas de projeto ou de execução, já iniciam as suas vidas úteisde forma insatisfatória, enquanto outras chegam ao final de suas vidas úteis projetadas ainda mostrando um bom desempenho (RIPPER E SOUZA, 1998). 2.2.1 Sintomas das PatologiasI Olivari (2003) classifica os principais sintomas de problemas patológicos nos edifícios em: Fissuras ou trincas em elementos estruturais e alvenarias; Esmagamento do concreto; Desagregação do concreto; 8 Disgregação do concreto (ruptura do concreto); Carbonatação; Corrosão da armadura; Percolação de água; Manchas, trincas e descolamento de revestimento em fachadas. De acordo com a Norma do DNIT 090 (2006) classificam-se as causas das patologias em físicas e químicas. 2.2.2 Causas Físicas Ripper e Souza (1998) entendem que as causa físicas intrínsecas ao processo de deterioração da estrutura são resultantes da variação extrema da temperatura, da ação do vento, da água (sob a forma de chuva, gelo e umidade) e do fogo. Alguns exemplos de causas físicas de patologias são: A abrasão refere-se a atrito seco e é a perda gradual e continuada da argamassa superficial e de agregados em uma área limitada; bastante comum nos pavimentos, pode ser classificada, conforme a profundidade do desgaste. A erosão da superfície de concreto ocorre devido o contanto com um fluido em movimento, ar ou água, contendo partículas em suspensão, provocando colisões, escorregamento ou rolagem das partículas. A cavitação provoca um desgaste irregular da superfície do concreto, dando-lhe uma aparência irregular e corroída, muito diferente das superfícies desgastadas de forma regular pela erosão de sólidos em suspensão. Fissurações, devidas a gradientes normais de temperatura e umidade, a pressões de cristalização de sais nos poros, a carregamento estrutural e à exposição a extremos de temperaturas, tais como congelamento ou fogo. Sempre que as mudanças de volume nos elementos de concreto, causadas por gradientes de temperatura e umidade, provocarem tensões de tração superiores às tensões de tração admissíveis, poderá haver o aparecimento de fissuras de origem física. 9 O concreto pode deteriorar-se por tensões resultantes da pressão de sais que cristalizam nos poros. Sobrecargas excessivas, impactos não previstos e cargas cíclicas podem provocar solicitações que ultrapassam as solicitações de fissuração, provocando o aparecimento destas patologias (DNIT 090, 2006). 2.2.3 Causas químicas As reações químicas se manifestam através de efeitos físicos nocivos, tais como o aumento da porosidade e permeabilidade, diminuição da resistência, fissuração e destacamento. A degradação química do concreto ocorre devido causas externas à estrutura, reação direta dos agentes externos, com os constituintes da pasta de cimento e causas internas, no Quadro 2.1 podem-se ver as principais condições propicias para a ocorrência dos problemas, as alterações iniciais e os efeitos a longo prazo referentes aos processos químicos abaixo apresentados. Considerando a sigla UR como umidade relativa. 10 Quadro 2.1– Principais mecanismos de deterioração das estruturas de concreto armado (HELENE, MEDEIROS E ANDRADE, 2011) agressividade do ambiente natureza do condições particulares processo carbonatação UR 60% a 85% lixiviação atmosfera ácida, águas puras retração fuligem umedecimento e secagem, ausência de cura UR baixa (<50%) particulas em suspensão na atmosfera urbana e industrial consequências sobre aestrutura alterações iniciais na efeitos a longo prazo superficie do concreto redução do pH corrosão imperceptível da armadura fissuração superficial redução do pH eflorescências, manchas corrosão da armadura brancas desagregação superficial fissuras manchas escuras fungos e mofo temperaturas altas (>20ºC e <50ºC) com UR > 75% manchas escuras e esverdeadas concentração salina, Cl atmosfera marinha e industrial imperceptível sulfatos esgoto e águas servidas fissuras álcali-agegado composição do concreto umidade, UR > 95% 2.3 fissuras corrosão de armaduras redução do pH corrosão de armadura redução do pH desagregação superficial corrosão de armaduras despassivação e corrosão de armaduras expansão → fissuras desagregação do concreto corrosão de armaduras fissuras expansão → fissuras gel ao redor do agregado desagregação do concreto graúdo corrosão de armaduras DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES Em função dos crescentes problemas de degradação precoce observados nas estruturas, das novas necessidades competitivas e das exigências de sustentabilidade no setor da construção civil, observa-se, nas últimas duas décadas, uma tendência mundial no sentido de privilegiar os aspectos de projeto voltados à durabilidade e à extensão da vida útil das estruturas de concreto armado e protendido (HELENE, MEDEIROS E ANDRADE, 2011). Segundo a NBR 6118 (2014), durabilidade consiste na capacidade da estrutura resistir às influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e o contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto. As estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que sob as condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme preconizado em projeto conservem suas segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o período correspondente à sua vida útil. Para a NBR 6118 (2014), vida útil de projeto é o “período de tempo durante o qual se mantêm as características das estruturas de concreto, desde que atendidos os requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor”. 11 Ripper e Souza (1998) definem a vida útil de um material como o período durante o qual as suas propriedades permanecem acima dos limites mínimos especificados. O conhecimento da vida útil e da curva de deterioração de cada material ou estrutura são fatores de fundamental importância para a confecção de orçamentos reais para a obra, assim como de programas de manutenção adequados e realistas. No estudo de durabilidade, deve-se analisar o meio ambiente em que o concreto será utilizado, a permeabilidade e a camada de superfície a ser coberta, sempre avaliando suas etapas de preparo, como na concepção e execução do projeto, até a sua utilização (AMORIM, 2010). A NBR 6118 (2014) define que a agressividade do meio ambiente está relacionada às ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das ações mecânicas, das variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras previstas no dimensionamento das estruturas de concreto. São indicadas no Quadro 2.2 a classificação da agressividade ambiental de acordo com as condições de exposição da estrutura ou suas partes. Quadro 2.2 – Classes de agressividade ambiental (NBR 6118, 2014) Classe agressividade ambiental de Agressividade I Fraca II Moderada III Forte IV Muito Forte Classificação geral do Risco de deterioração tipo de ambiente para da estrutura efeito de Projeto Rural Submersa Urbana Marinha Industrial Industrial Respingos de maré Insignificante Pequeno Grande Elevado O cobrimento nominal é a espessura da camada de concreto sobre o aço de pilares, vigas e lajes, e varia de acordo com a classificação da agressividade do ambiente em que a obra é construída, o cobrimento é estabelecido seguindo os dados do Quadro 2.3. Segundo NBR 6118 (2014), o cobrimento mínimo da armadura é o menor valor que deve ser respeitado ao longo de todo o elemento considerado e que se constitui num critério de aceitação. 12 Quadro 2.3 – Cobrimento nominal (NBR 6118, 2014) Classe de agressividade ambiental Tipo de Estrutura Componente elemento ou I II III IV Cobrimento nominal (mm) Concreto Armado Concreto Protendido Laje 20 25 35 45 Viga/ Pilar 25 30 40 50 Todos 30 35 45 55 De acordo com a NBR 5674 (1999) a omissão em relação à necessária atenção para a manutenção das edificações pode ser constatada nos frequentes casos de edificações retiradas de serviço muito antes de cumprida a sua vida útil projetada, já que não atendem mais os critérios de utilização e segurança, causando transtornos aos seus usuários e um sobre custo em intensivos serviços de recuperação ou construção de novas edificações. 2.4 MANUTENÇÃO E RECUPERAÇÃO Ripper e Souza (1998) definem manutenção de uma estrutura como o conjunto de atividades necessárias à garantia do seu desempenho satisfatório ao longo do tempo, procedimentos que tem por finalidade prolongar a vida útil da obra a custos compensadores. Estudos demonstram que os custos anuais envolvidos na operação e manutenção das edificações em uso variam entre 1% e 2% do seu custo inicial, valor que acumulado ao longo da vida útil das edificações pode chegar a ser superior ao seu custo de construção (NBR 5674, 1999). De acordo com a NBR 5674 (1999) a manutenção de edificações inclui todos os serviços realizados para prevenir ou corrigir a perda de desempenho decorrente da deterioração dos seus componentes, ou de atualizações nas necessidades dos seus usuários. A responsabilidade da manutenção fica a cargo dos proprietários, investidores e usuários, que tem o dever de manter a estrutura realizando manutenções, para que esta respeite o que foi concebido pelo projetista e viabilizado pelo construtor (RIPPER E SOUZA, 1998), são apresentadas na Figura 2.3 as características para uma construção de qualidade. 13 Figura 2.3- Circulo da qualidade para a construção civil (RIPPER E SOUZA, 1998) Segundo a NBR 5674 (1999) Estudos realizados em diversos países, para diferentes tipos de edificações, demonstram que os custos anuais envolvidos na operação e manutenção das edificações em uso variam entre 1% e 2% do seu custo inicial. Este valor pode parecer pequeno, porém acumulado ao longo da vida útil das edificações chega a ser equivalente ou até superior ao seu custo de construção. A necessidade de realizar uma manutenção preventiva, para que maiores danos sejam evitados, visando assim uma economia de custos e comprometimentos à estrutura. A inspeção predial propicia uma avaliação da edificação classificando não conformidades constatadas na edificação quanto a sua origem e grau de risco, e indica orientações técnicas necessárias à melhoria da manutenção dos sistemas e elementos construtivos. 2.5 INSPEÇÃO PREDIAL Segundo a NBR 5674 (1999), inspeção trata-se da avaliação do estado da edificação e de suas partes constituintes, realizada para orientar as atividades de manutenção. De acordo com a Norma de Inspeção Predial, inspeção predial é a avaliação isolada ou combinada das condições técnicas, de uso e de manutenção da edificação. 14 Na prática, é uma avaliação com o objetivo de identificar o estado geral da edificação e se seus sistemas construtivos, observados os aspectos de desempenho, funcionalidade, vida útil, segurança, estado de conservação, manutenção, utilização e operação, consideradas às expectativas dos usuários (IBAPE-SP, 2012). Para tanto, o trabalho de inspeção predial considera a edificação como o corpo A Os níveis de inspeção predial são classificados em função da complexidade da vistoria e a elaboração do laudo final, e quanto à necessidade do número de profissionais envolvidos e a profundidade dos fatos. A inspeção é definida quanto à natureza do elemento a ser inspecionado. As inspeções prediais deverão ser realizadas apenas por profissionais, engenheiros e arquitetos, devidamente registrados no Conselho Regional de Engenharia E Agronomia (CREA) com especialidade ou experiência comprovada, e dentro das respectivas atribuições profissionais, conforme resoluções do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) (IBAPE-SP, 2012). As inspeções prediais possuem características multidisciplinares, consoante à complexidade dos subsistemas construtivos a serem inspecionados, tal que o profissional responsável pela realização do trabalho pode convocar profissionais de outras especialidades para assessorá-lo, conforme o nível de inspeção predial contratado. 2.6 CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS A Norma de Inspeção Predial Nacional (2012) define como critérios de classificação das anomalias e falhas constatadas em uma inspeção predial o risco oferecido aos usuários, ao meio ambiente e ao patrimônio, dentro dos limites da inspeção predial. O grau de risco das anomalias e falhas constatadas na inspeção predial é classificado segundo a Norma em: a) CRÍTICO Pode provocar danos contra a saúde e segurança das pessoas e/ou meio ambiente, perda excessiva de desempenho causando possíveis paralisações, comprometimento sensível de vida útil e desvalorização acentuada. aumento de custo, 15 b) REGULAR Pode provocar a perda de funcionalidade sem prejuízo à operação direta de sistemas, perda pontual de desempenho (possibilidade de recuperação), deterioração precoce e pequena desvalorização. c) MÍNIMO Pode causar pequenos prejuízos à estética ou atividade programável e planejada, sem incidência ou sem a probabilidade de ocorrência dos riscos críticos e regulares, além de baixo ou nenhum comprometimento do valor imobiliário. 2.6.1 Roteiro de inspeção O roteiro proposto tem o objetivo de proporcionar um plano para o estudo da durabilidade da edificação quanto à segurança, funcionalidade e estética (SILVA, 2008). Este roteiro considera: - Agressividade do ambiente: está relacionada às ações físicas e químicas que atuam no concreto. A Tabela 2.2 apresenta a classificação da agressividade do ambiente. - Registro fotográfico: é a melhor maneira de analisar os problemas da estrutura - Tipos de danos em estruturas: para facilitar o entendimento do problema é importante ter conhecimento dos danos que possam ser encontrados. 2.7 PATOLOGIAS O dicionário Houaiss (2008) define patologia como "estudo das doenças e alterações que elas provocam no organismo". Ao adotar esse termo na engenharia, consideram-se as patologia da construção como "doenças" do edifício, e neste trabalho é realizado o estudo da origem, sintomas e naturezas de anomalias na construção civil. 16 2.7.1 Fissuras causadas devido variações térmicas Os elementos de uma construção estão sujeitos a variações de temperaturas sazonais e diárias, e essas variações geram uma variação dimensional dos materiais de construção, os movimentos de contração e dilatação são restringidos pelos diversos vínculos que envolvem os elementos, desenvolvendo nos materiais tensões que poderão provocar o aparecimento de fissuras (THOMAZ,1989). A intensidade da variação dimensional, para uma dada variação de temperatura, varia de material para material. As movimentações térmicas de um material estão relacionadas com as propriedades físicas do mesmo e com a intensidade da variação da temperatura. A variação de temperatura é maior em elementos mais expostos, como coberturas e paredes externas (MAGALHÃES, 2004). Segundo Thomaz (1989) as trincas de origem térmica podem também surgir por movimentações diferenciadas entre componentes de um elemento. As principais movimentações ocorrem em função de: - Junção de materiais com diferentes coeficientes de dilatação térmica, sujeitos à mesma variação de temperatura; - Exposição de elementos a diferentes solicitações térmicas naturais; - Gradiente de temperaturas ao longo de um componente. De acordo com Thomaz (1989) é possível classificar as patologias decorrentes da variação de temperatura em: a) Movimentações térmicas em argamassas de revestimento As fissuras em argamassas de revestimento, provocadas por movimentações térmicas das paredes, irão depender sobretudo do módulo de deformação da argamassa, sendo sempre desejável que a capacidade de deformação do revestimento supere com boa folga a capacidade de deformação da parede propriamente dita. As fissuras induzidas por movimentações térmicas no corpo do revestimento geralmente são regularmente distribuídas e com aberturas bastante reduzidas, assemelhandose às fissuras provocadas por retração de secagem como pode ser visto na Figura 2.4. 17 Figura 2.4 - Fissuras horizontais no revestimento provocadas pela expansão da argamassa de assentamento (THOMAZ, 1989) b) Movimentações térmicas em pisos externos A movimentação térmica em pisos externos representam um fator preponderante no desenvolvimento de fissuras ou destacamento do revestimento, particularmente no caso de pisos com grandes áreas, com formas muito alongadas ou com cores muito escuras. Na fase de aquecimento o revestimento do piso dilata-se, sendo o material solicitado à compressão, por efeito de sua vinculação com a base. Na fase de resfriamento o material é solicitado à tração, criando-se, na medida em que é ultrapassada a resistência à tração do revestimento ou da própria base, fissuras regularmente espaçadas. Pode ser observado na Figura 2.5,em planta,a ocorrência de fissuras no piso externo. Figura 2.5 - Fissuras regularmente espaçadas em piso externo (THOMAZ, 1989) c) Fissuras provocadas por cura térmica do concreto São as fissuras resultantes do resfriamento relativamente brusco do concreto após processo de cura térmica, passando de temperaturas da ordem de 50 ou 60 °C até a temperatura ambiente, o concreto sofre uma contração térmica que poderá induzir a formação de fissuras, facilitadas pela resistência relativamente pequena do material nas primeiras 18 idades. O problema é mais grave em peças esbeltas, não armadas, como no caso de paredes monolíticas constituídas por concreto autoadensável. A Figura 2.6 apresenta um exemplo de um pilar de concreto que sofreu fissuras devido a variação térmica. Figura 2.6 - Pilar fissurado devido à movimentação térmica das vigas de concreto armado (THOMAZ, 1989) 2.7.2 Fissuras causadas por movimentações higroscópicas Segundo Souza, M. (2008) os defeitos mais comuns na construção civil são decorrentes da penetração de água ou devido à formação de manchas de umidade. As mudanças higroscópicas provocam variações dimensionais nos materiais porosos que integram os elementos e componentes da construção, o aumento do teor de umidade produz uma expansão do material enquanto que a diminuição desse teor provoca uma contração. No caso da existência de vínculos que impeçam ou restrinjam essas movimentações poderão ocorrer fissuras nos elementos e componentes do sistema construtivo (THOMAZ, 1989). Souza (2008) classifica as origens da umidade na construção como: - Trazidas durante a construção; - Trazidas por capilaridade; - Trazidas por chuva; - Resultantes de vazamentos em redes hidráulicas; - Condensação. 19 As trincas provocadas por variação de umidade dos materiais de construção são muito semelhantes àquelas provocadas pelas variações de temperatura. Entre um caso e outro, as aberturas poderão variar em função das propriedades higrotérmicas dos materiais e das amplitudes de variação da temperatura ou da umidade (THOMAZ, 1989). Trincas horizontais podem aparecer também na base de paredes, como é visto na Figura 2.7, onde a impermeabilização dos alicerces foi mal executada. A fissuração dos revestimentos em argamassa será mais acentuada em regiões onde, por qualquer motivo, ocorra a maior incidência de água. Os peitoris, as saliências e outros detalhes arquitetônicos, caso não tenham sido bem projetados ou bem executados, poderão causar problemas em regiões localizadas da fachada (THOMAZ, 1989). Figura 2.7 - Trinca horizontal na base da alvenaria por efeito da umidade do solo (BRANDÃO, 2007) 2.7.3 Fissuras causadas pela atuação de sobrecargas A atuação de sobrecargas pode produzir a fissuração de componentes estruturais, tais como pilares, vigas e paredes. Essas sobrecargas atuantes podem ter sido consideradas no projeto estrutural, caso em que a falha decorre da execução da peça ou do próprio cálculo estrutural como pode também estar ocorrendo a solicitação da peça por uma sobrecarga superior à prevista. Vale frisar ainda que não raras vezes pode-se presenciar a atuação de sobrecargas em componentes sem função estrutural, geralmente pela deformação da estrutura resistente do edifício ou pela sua má utilização (THOMAZ, 1989). Nas alvenarias constituídas por tijolos maciços, sob ação de cargas verticais, a argamassa de assentamento, apresentando deformações transversais mais acentuadas que os 20 tijolos, introduz nestes um estado triaxial de tensões: compressão vertical e tração nas duas direções do plano horizontal; nessas condições, a argamassa fica portanto submetida a um estado triaxial de tensões de compressão. Ultrapassada a resistência à tração dos tijolos, começam a manifestar-se fissuras verticais no corpo da parede (TÉCHNE, 1998). Segundo Thomaz (1989) em trechos contínuos de alvenaria solicitadas por sobrecargas uniformemente distribuídas, dois tipos característicos de trincas podem surgir: - Trincas verticais(caso mais típico): provenientes da deformação transversal da argamassa sob ação das tensões de compressão, ou da flexão loca dos componentes de alvenaria. - Trincas horizontais: provenientes da ruptura por compressão dos componentes de alvenaria ou da própria argamassa de assentamento, ou ainda de solicitações de flexocompressão da parede. Vários fatores exercem influência na resistência final e na fissuração de paredes em alvenaria submetidas a sobrecargas de compressão: a forma, seção transversal e esbeltez da parede; o tipo e forma geométrica dos componentes (tijolos ou blocos); a resistência mecânica e os módulos de deformação destes componentes e da junta de argamassa; a rugosidade e porosidade dos componentes; o poder de aderência, elasticidade, retração e retenção de água da argamassa; o tipo de junta de assentamento, sua espessura e regularidade; o tipo de fixação da parede e outras estruturas; e , as técnicas construtivas e qualidade de execução (MAGALHÃES, 2004).Na Figura 2.8 são vistas várias fissuras causadas por sobrecarga. Figura 2.8 - Fissuração típica da alvenaria causada por sobrecarga vertical (THOMAZ, 1989) 21 2.7.4 Fissuras causadas por retração de produtos a base de cimento São chamadas fissuras causadas por retração as manifestações originadas pela movimentação de elementos construtivos por retração de produtos à base de cimento (MAGALHÃES, 2004). Em função da trabalhabilidade necessária, os concretos e argamassa normalmente são preparados com água em excesso, o que vem acentuar a retração. Segundo Magalhães (2004) a retração desses produtos não obedece à ação de cargas externas e podem ser classificadas em: - Retração plástica: perda de água nas misturas em estado plástico; - Retração hidráulica: perda de água por secagem; - Retração química: pela reação química de hidratação do cimento; - Retração por carbonatação: pela carbonatação da cal nas argamassas; - Retração térmica: resfriamento dos produtos à base de cimento logo após a cura. A ocorrência de fissuras de retração numa viga de concreto armado dependerá da dosagem do concreto (principalmente da relação água/cimento), das condições de adensamento (quanto mais adensado, menor a retração) e das condições de cura(aumentará substancialmente a retração). Dependerá ainda das dimensões da peça, da rigidez dos pórticos. da taxa de armadura e da própria distribuição de armaduras ao longo de sua seção transversal (THOMAZ, 1989). A retração das argamassas aumenta com o consumo de aglomerante, com a porcentagem de finos existentes na mistura e com o teor da água de amassamento. Além de fatores intrínsecos, diversos outros estarão influenciando na formação ou não de fissuras de retração nas argamassas de revestimento: aderência com a base, número de camadas aplicadas, espessura das camadas, tempo decorrido entre a aplicação de uma e outra camada, rápida perda de água durante o endurecimento por ação intensiva de ventilação e/ou insolação (THOMAZ, 1989). O problema mais significativo, contudo, decorrente da retração de argamassa de assentamento de alvenarias, é aquele que se verifica nas fachadas constituídas por alvenaria aparente, onde a penetração de água através de fissuras ou destacamentos gera uma série de patologias correlatas (manchas de umidade, bolo, lixiviação etc.) (THOMAZ, 1989). Na Figura 2.9 são demonstrados fissuras causadas pela retração de lajes. 22 Figura 2.9 - Fissura em parede externa, causada pela retração de lajes intermediárias (THOMAZ, 1989) 2.7.5 Fissuras causadas por alterações químicas dos materiais de construção Embora os materiais de construção devessem ser estáveis quimicamente, é comum existirem sais solúveis em excesso nas juntas de argamassa que podem sofrer reações expansivas no processo de cristalização capazes de provocar fissuras, como mostrado na Figura 2.10. As reações mais comuns são a expansão das juntas de argamassa pela reação do cimento com sulfatos, a hidratação retardada das cales e a hidratação de agregados que contenham argilas (MAGALHÃES, 2004). Os materiais de construção são suscetíveis de deterioração pela ação de substancias químicas, principalmente as soluções ácidas e alguns tipos de álcool. Segundo Thomaz (1989) o uso de cales mal hidratadas podem apresentar teores de óxidos livres, que sempre estarão disponíveis para reagir com água. Caso ocorra uma umidificação do componente, haverá uma tendência dos óxidos livres se hidratarem como consequência disto, apresentará um aumento de 100% no volume. Sua expansão pode provocar fissuras horizontais preferencialmente no topo da parede. O efeito mais nocivo ocorre junto aos revestimentos em argamassa, além de fissuras, descolamento, desagregação e pulverulências. Os sulfatos poderão vir de várias fontes, como o solo, águas contaminadas ou mesmo componentes cerâmicos constituídos por argilas. A reação de elementos do cimento, com 23 sulfatos e água resulta em uma grande expansão do material. No caso da expansão de argamassa de assentamento, ocorre inicialmente uma expansão geral da alvenaria, no caso de alvenarias revestidas as trincas são semelhantes às que ocorrem na retração da argamassa. (THOMAZ, 1989), um exemplo é observado na Figura 2.9. Figura 2.10 - Fissuras na argamassa de revestimento provenientes do ataque por sulfato (THOMAZ, 1989) 2.7.6 Infiltrações A NBR 9575 (2003) define infiltração por: penetração indesejável de fluidos nas construções. De acordo com Oliveira (2013) ao se tratar de impermeabilização em uma construção, mesmo que sejam adotados materiais adequados e de boa procedência, ainda assim não há garantias. Patologias em impermeabilização podem ser ocasionadas por falhas de concretagem, má execução do revestimento ou chumbamento inadequado de peça e equipamentos, falhas na especificação, caimento mal dimensionado, detalhes de acabamento e execução inadequada (JUNIOR, 2001). Esses problemas são decorrentes de falhas de projeto; da escolha inadequada de materiais ou sistemas; do dimensionamento; de detalhes de juntas; da não execução do rodapé de impermeabilização 20cm acima do piso acabado; da falta de proteção da base de platibandas, permitindo a infiltração sob a impermeabilização (JUNIOR, 2001). Algumas infiltrações são causadas quando uma edificação absorve de modo exorbitante a umidade do solo prejudicando os materiais que formam a estrutura (REFORMAR, 2011). 24 Segundo Hussein (2013) umidade de infiltração é a passagem de umidade da parte externa para a parte interna, através de trincas ou da própria capacidade de absorção do material. Considerando principais manifestações patológicas é possível dividir-las em dois grupos: a) Manifestações provocadas pela infiltração d'água, devido a ausência ou falha da impermeabilização; - Corrosão das armaduras; - Carbonatação do concreto; - Eflorescência. b) Manifestações originárias do processo construtivo, que podem provocar danos à impermeabilização. - Trincas e fissuras em estrutura de concreto; - Variações térmicas; - Deformação excessiva da estrutura; - Recalques diferenciais; - Retração hidráulica; - Falhas de concretagem; - Recobrimento das armaduras. As patologias consequentes do excesso de umidade mais comuns, são também as mais fáceis de se identificar sem um estudo mais aprofundado. Podendo classificá-las em: - Fissuras; - Mofo; - Problemas na pintura; - Descolamentos de pisos e azulejos; As Figuras 2.11, 2.12 e 2.13 demonstram variadas manifestações patologias resultante de processos de infiltrações na construção civil. 25 Figura 2.11- Infiltração em parede (SOUZA, M. 2008) Figura 2.12 - Eflorescência em encontro de vigas e pavimento de garagem (SOUZA, M. 2008) 26 Figura 2.13 -Presença de mofo em muro com exposição à umidade (HUSSEIN, 2013) 2.7.7 Manchas em pisos cerâmicos Segundo Rhod (2011) as manchas que surgem em revestimentos cerâmicos podem ser causadas por: - Eflorescências: depósitos esbranquiçados na superfície do revestimento, causados pela infiltração de água e consequente dissolução de sais presentes no concreto, na argamassa e na cerâmica; - Bolor: aparecimento de fungos e algas, devido argamassa porosa e com presença de umidade; - Mancha d'água: alteração na tonalidade do revestimento devido manchamento abaixo do esmalte, afetando a estética da placa; - Manchas devido ao uso: manchas que acontecem pelo uso de procedimentos de limpeza mais fortes, cigarros, tintas, etc. Na Figura 2.14 é visualizada a ocorrência de eflorescência no piso. 27 Figura 2.14 - Eflorescência em piso (SOUZA, 2008) 2.7.8 Patologias incidentes na pintura Os fatores que estão diretamente relacionados às patologias das tintas vão desde a escolha do produto e a preparação da superfície até as condições climáticas, por exemplo, exposição excessiva ao sol, a umidade e ventos fortes. De acordo com Polito (2006) e artigo da AECweb temos como definições dos principais problemas nas pintura: a) Bolhas Aparecem sobre a superfície quando se utiliza massa corrida em ambiente externo, repinturas sobre paredes onde não foi extraída toda poeira, reaplicação de uma tinta sobre outra de má qualidade. b) Bolor É caracterizado por manchas ou pontos pretos, acinzentados ou amarronzados sobre a superfície. Aparece geralmente em áreas úmidas ou que recebem pouca ou nenhuma luz solar, como banheiros, cozinhas ou lavanderias. 28 c) Descamação Ruptura na pintura causada pelo desgaste natural do tempo, no inicio se apresentam como fina fissura e em seguida ocorrem as descamações da tinta. Entre as possíveis causas estão o uso de tinta de baixa qualidade, a diluição exagerada da tinta e inadequada preparação da superfície. d) Descascamento É quando placas de tinta se soltam da parede, acontece quando a superfície a ser pintada está empoeirada ou com partes soltas, ex: caiação e reboco novo não lixado. e) Ferrugem São manchas marrom avermelhadas sobre a tinta. A ferrugem é o exemplo mais característico de corrosão e oxidação do ferro, trata-se do produto da reação do ferro ao ser exposto ao oxigênio e umidade. f) Fissuras Pode ocorrer quando a tinta é aplicada em uma camada muito espessa, geralmente, sobre superfície porosa ou sobre um produto de baixa qualidade. O acumulo de tinta nos cantos da superfície também podem causar trincas na superfície. g) Mofo É o surgimento de manchas escurecidas e que exalam fortes odores. Aparecem em ambientes úmidos ou com frequentes mudanças de temperatura. Outro fator propício é a pouca iluminação, pois favorece o desenvolvimento de fungos. a) Sujeira Acúmulo de sujeira, poeira e outros fragmentos sobre a superfície pintada, pode ser confundido com bolor. 29 Nas Figuras 2.15, 2.16, 2.17 e 2.18 é possível observar exemplos de manifestações patológicas em pinturas. Figura 2.15 -Fissuras, manchas e mofos em parede externa coberta (HUSSEIN, 2013) Figura 2.16 - Superfície com bolhas na pintura (POLITO, 2006) 30 Figura 2.17 - Descascamento de tinta em parede externa coberta (HUSSEIN, 2013) Figura 2.18 - Superfície com manchas de ferrugem (POLITO, 2006) 31 3 METODOLOGIA Neste tópico serão descritas as principais características e detalhes do condomínio Fimiani. 3.1 Características do Condomínio Fimiani A área em estudo, o Condomínio Fimiani, é um empreendimento de classe média, situado no Bairro J. K. na cidade de Anápolis-GO. Trata-se de um edifício multifamiliar, com quatro blocos de quatro pavimentos cada. Cada pavimento é constituído por 16 apartamentos, resultando em um total de 64 apartamentos. Cada apartamento possui uma área útil de 54 m². A construção foi finalizada em agosto de 2013. A Figura 3.1 representa a localização do condomínio em estudo. BFigura 3.1- Localização do condomínio 32 A Figura 3.2, mostra a fachada do bloco B do edifício. Figura 3.2 – Fachada do Condomínio Fimiani (Acervo do Orientador, 2014) Para conhecimento da construção em estudo, a Figura 3.3 mostra a planta de fôrma do pavimento tipo, e a Figura 3.4, um croqui com a disposição dos blocos de A a D. 33 Figura 3.3 – Planta de fôrma do pavimento tipo (VILELA, 2010) Figura 3.4 – Croqui da disposição dos blocos do condomínio 34 3.2 Ficha técnica do edifício compreende: Nº de dormitórios: 2 dormitórios; Nº de vagas na garagem: 1 vaga; Nº de torres: 4 torres; Nº unidades por andar: 4 unidades; Total de unidades: 64 unidade; Localização:Anápolis - GO; Idade: 2 anos; Sistema construtivo: Concreto armado; Classe de agressividade ambiental/ condições de exposição: Classe de agressividade ambiental II (moderada) de acordo com a NBR 6118 (2014); 3.3 Metodologia 3.3.1 Procedimento para análise Foi realizada uma visita ao Condomínio Fimiani, em novembro de 2014, para uma análise visual e um levantamento dos danos encontrados no local. Essa análise foi realizada levando-se em consideração as patologias, de acordo com cada família de elementos prédefinidas. O estudo foi realizado nas áreas comuns dos prédios, não possuindo dados do interior de cada apartamento em particular. Para um melhor entendimento do problema as anomalias em estudo foram primeiramente classificadas quanto à sua localização na construção (área interna do prédio e área externa), a área externa sofre constante influência direta do tempo, enquanto no condomínio em estudo não existem áreas cobertas na parte externa dos blocos. Para o estudo detalhado das patologias, foi realizada uma catalogação de imagens obtidas em visita ao edifício, quanto ao tipo e origem da patologia. 35 3.3.2 Procedimento de classificação e comparação Para realizar a análise dos problemas, após a classificação das patologias, foram anotadas as quantidades de ocorrência de cada tipo de dano quanto à localidade, as patologias foram divididas em: parte interna, referente aos blocos do A ao D, e parte externa (de todo o condomínio). As comparações foram feitas utilizando valores de repetição. De posse desses valores foi realizada uma análise entre os blocos, e posteriormente entre as áreas internas e externas. Assim foi possível apontar o Bloco que apresenta maior número de anomalias, e diferenciar os tipos de patologias que podem ocorrer na parte interna e na parte externa dos edifícios. 36 4 RESULTADOS Após visita ao edifício, e a obtenção de imagens das patologias existentes, foi realizada uma análise dos problemas e suas possíveis causas. Os resultados são apresentados conforme a metodologia empregada, ou seja, quanto a sua localização (área externa e interna), suas potenciais hipóteses causais e quantitativo das patologias. 4.1 Problemas nas áreas externas Nas áreas externas foram detectados os seguintes danos: fissuras, trincas, manchas de umidade, descascamento da pintura e ferrugem. 4.1.1 Fissura nos muros Nos muros da entrada do condomínio junto às grades de proteção, foram encontradas fissuras. Estas ocorrem nas regiões de ligação dos pilares com a alvenaria, e também por todo o comprimento do muro. Na Figura 4.1 observa-se a existência de fissuras na região. Figura 4.1 - Fissuras no muro (GODOI, 2014) As causas prováveis das fissuras encontradas no muro foram causadas: - Devido variações térmicas; - Pela cura inadequada do concreto; 37 - Pela retração do concreto, e da argamassa; - Pelo teor de finas na argamassa. 4.1.2 Trincas nas paredes externas Na região do muro de arrimo, foram encontradas várias trincas, e em alguns locais pode-se observar a deterioração da camada de cobrimento e a desagregação do concreto (Figura 4.2). Figura 4.2- Trincas no muro com camada de solo em evidencia (GODOI, 2014) Figura 4.3- Trincas no muro (GODOI, 2014) As causas prováveis das trincas nos muros estão relacionadas com: - A variação térmica; - As movimentações térmicas em pisos externos; - A cura inadequada do concreto; 38 - A variação do teor de umidade do solo do aterro. 4.1.3 Trincas no piso de concreto No piso de concreto da calçada externa foram encontradas trincas em vários locais, consequentemente também foi observada a falta das juntas de dilatação. As Figuras 4.4 e 4.5 mostram dois pontos onde ocorreu trinca no piso. Figura 4.4- Trincas no piso de concreto externo (GODOI, 2014) Figura 4.5- Trincas no piso de concreto externo (GODOI, 2014) As causas prováveis de trincas no piso estão relacionadas com: - A variação térmica; - A movimentações térmicas em pisos externos; - A cura inadequada do concreto; - A deficiência nas juntas de dilatação. 39 4.1.4 Manchas de umidade Nas paredes externas do prédio as manchas de umidade podem ser vistas em diferentes locais, manchas estas que tratam de um sério problema patológico, tendo em vista que podem vir a causar danos também à parte interna. As Figuras 4.6 e 4.7 mostram que as manchas ainda estão localizadas somente na base das paredes externas. Figura 4.6- Manchas de umidade nas paredes externas (GODOI, 2014) Figura 4.7- Manchas de umidade nas paredes externas (GODOI, 2014) As causas prováveis desse tipo de dano estão relacionadas: - A falhas na execução; - A escolha inadequada de materiais; - A Ineficiência da impermeabilização; - A absorção capilar de água; - A absorção de águas infiltradas ou de fluxo superficial de água; 40 4.1.5 Descascamento da pintura externa A pintura da parte externa do prédio, por estar exposta à variações climáticas e intempéries, apresenta trincas e descascamento em diversos pontos. As Figuras 4.8 e 4.9 exemplificam as condições da pintura dessas paredes. Figura 4.8- Pintura externa descascando na região inferior da parede (GODOI, 2014) Figura 4.9- Pintura externa descascando na região do muro de arrimo (GODOI, 2014) As causas prováveis da pintura descascando podem ser causadas devido: - A aplicação de tinta sobre uma superfície úmida ou molhada; - A infiltração de umidade; - A superfície exposta à umidade; - A aplicação de tinta de baixa qualidade e inadequada para o local; - A aplicação de camada muito espessa de tinta; - A ação de sulfatos. 41 4.1.6 Ferrugem Foi observada a ocorrência de ferrugem nas grades de segurança e nos portões de entrada da área externa do prédio. A maioria das grades e portões não possui cobertura, estando ao ar livre, submetida a sol e chuva. Figura 4.10- Ferrugem nas grades de segurança (GODOI, 2014) Figura 4.11- Ferrugem nos portões (GODOI, 2014) As Causa prováveis estão relacionadas: - Ao tratamento anticorrosivo ineficiente da superfície; - A exposição à umidade e ao ar. 42 4.2 Problemas nas áreas internas Nas áreas internas dos Blocos A à D do Condominio Fimiani foram encontrados os seguintes danos: fissuras, manchas e a descamação da pintura e argamassa. 4.2.1 Fissuras em paredes Nas paredes das áreas internas das edificações foram observadas a ocorrência de fissuras nos cantos inferiores das aberturas das janelas, e também entre as aberturas das portas. Nas Figuras 4.12 e 4.13 são vistos exemplos destas patologias. Figura 4.12 - Fissura nos cantos das janelas Figura 4.13 - Fissura na parede interna entre as portas As causas prováveis desse tipo de dano estão relacionadas: 43 - A deficiência de vergas e contravergas; - A fissuras causadas por retração do concreto e argamassa; - A atuação de sobrecargas nos local. - Ao comprimento dos apoios da verga que deverá ser aumentado. 4.2.2 Manchas na cerâmica interna Nas cerâmicas dos halls dos apartamentos e escadas internas, pôde-se observar em alguns locais manchas nas peças. As Figuras 4.14 e 4.15 foram obtidas dos Blocos C e A, respectivamente. Estas manchas não tem ligações com problemas estruturais, porém visualmente tornam-se incomodas. Figura 4.14- Manchas na cerâmica interna (GODOI, 2014) Figura 4.15- Manchas na cerâmica interna (GODOI, 2014) As causas prováveis para ocorrência desse tipo de dano estão relacionadas: - A má qualidade da placa cerâmica; - Ao uso de produtos de limpeza incompatíveis; -A especificação de material inadequada; - Ao assentamento incorreto da cerâmica. 44 4.2.3 Descamação da pintura e argamassa No hall de entrada do Bloco C, é visto um ponto de descamação da pintura junto à porta da entrada, demonstrado na Figura 4.16. Figura 4.16- Descamação da pintura (GODOI, 2014) As causas prováveis desse tipo de dano estão relacionadas : - Ao desgaste natural do tempo; - Ao uso de tinta de baixa qualidade; - A preparação inadequada da superfície; - A diluição exagerada da tinta; - A aplicação de argamassa sobre base contaminada, engordurada ou impermeabilizada; - A deficiência na aplicação do chapisco. 4.2.4 Trincas na fixação do corrimão na parede A fixação dos corrimãos apresentou problemas de trincas em diversos pontos. O ponto considerado mais crítico, é mostrado na Figura 4.17. 45 Figura 4.17- Trincas na fixação do corrimão no Bloco C (GODOI, 2014) As causas prováveis deste dano são: - A fixação inadequada do corrimão; - A Solicitação pontual por uma sobrecarga resultante do peso do corrimão. 4.2.5 Pintura da parede interna descascando Nas regiões inferiores das paredes internas, principalmente junto às escadas, ocorreu diversos locais com problemas de pintura. As Figuras 4.18 e 4.19 mostram a pintura descascando próximo aos degraus. Figura 4.18- Pintura descascando próximo aos degraus (GODOI, 2014) 46 Figura 4.19- Pintura descascando próximo aos degraus (GODOI, 2014) As causas prováveis deste dano estão relacionadas com: - O uso de tinta de baixa qualidade; - A umidade infiltrando pela parede externa; - O acumulo de tinta nos cantos; - Uma camada muito espessa de tinta. 4.2.6 Sujeira sob da escada A presença de manchas escuras na pintura sob as escadas pode ser confundida com bolor, ou até mesmo com trincas, mas visualmente trata-se de acúmulo de sujeira. Como pode-se observar nas Figuras 4.20 e 4.21, as manchas aparecem sempre nos cantos internos dos degraus. Figura 4.20- Manchas de sujeira aparente (GODOI, 2014) 47 Figura 4.21- Manchas de sujeira aparente (GODOI, 2014) As causas prováveis dos danos estão relacionadas com: - O uso de tintas de baixa qualidade; - A ação de agressores externos; - A falta de cuidados com a manutenção da limpeza. 4.3 Quantitativo das patologias da área externa Para uma análise dos resultados da pesquisa, foi preparado um quadro com os valores de repetições de cada tipo de patologia encontrada no condomínio. Assim de posse desses valores realizou-se análises comparativas. Na Tabela 4.1 os quantitativos de ocorrências de patologias na área externa aos prédios. Tabela 4.1- Quantitativos da ocorrência de patologias na área externa (GODOI, 2014) Classificação Fissuras no muro Ferrugem nas grades de proteção Trincas na calçada de concreto Fissuras na pintura Manchas de umidade Pintura descascando Trincas no muro Total Quantidade de repetições 30 22 33 7 4 2 4 102 48 Com os resultados obtidos, foi elaborado um gráfico com a proporção de cada manifestação patológica visualizada na área externa. Na Figura4.22 são mostradas as quantidades de repetições em porcentagem com patologias de maior ocorrências, as trincas em calçadas de concreto, a ferrugens nas grades de proteção e as fissuras nos muros. Problemas esses ligados diretamente à exposição de ações naturais do tempo. Figura 4.22 - Porcentagem de ocorrência de patologias na área externa do Edifício (GODOI, 2014) 4.4 Quantitativo das patologias da área interna Os quantitativos das patologias das áreas internas dos prédios foram divididas de acordo com os blocos do condomínio (A ao D). 4.4.1 Bloco A Foram visualizados no Bloco A, um total de 26 ocorrências de patologias. A patologia que teve maior número de repetições foi a fissura nas paredes. Estas localizadas principalmente abaixo das aberturas das janelas e entre as portas. A Tabela 4.2 mostra os dados referentes aos quantitativos das repetições das patologias da área interna do Bloco A. 49 Tabela 4.2- Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco A (GODOI, 2014) Classificação Manchas na cerâmica interna Sujeira abaixo das escadas Pintura descascando Fissuras nas paredes Trincas na fixação do corrimão Total Quantidade de repetições 5 4 5 9 3 26 Para uma visualização completa da proporção destas anomalias, são mostrados, na forma de gráfico, na Figura 4.23, os percentuais correspondentes às ocorrências das patologias encontradas no Bloco A. Figura 4.23 - Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco A (GODOI, 2014) 4.4.2 Bloco B No Bloco B foram detectadas um total de 28 ocorrências de patologias. Os problemas que tiveram maior número de repetições foram as fissuras nas paredes, de forma semelhantes às citadas no Bloco A e o descascamento das pinturas, localizadas principalmente nas partes inferiores das paredes. A Tabela 4.3 apresenta os dados referentes aos quantitativos das repetições. 50 Tabela 4.3- Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco B (GODOI, 2014) Classificação Manchas na cerâmica interna Sujeira abaixo das escadas Pintura descascando Fissuras nas paredes Trincas na fixação do corrimão Total Quantidade de repetições 4 4 8 8 3 27 Para uma visualização completa da proporção destas anomalias, é apresentado em forma de gráfico, na Figura 4.24, os percentuais correspondentes às ocorrências das patologias encontradas no Bloco B. Figura 4.24 - Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco B (GODOI, 2014) 4.4.3 Bloco C No Bloco C foram visualizadas um total de 22 ocorrências de patologias. As patologias que tiveram um maior número de repetições, de forma semelhantes aos Blocos A e B foram as fissuras, localizadas entre a aberturas das portas e abaixo da abertura das janelas. Na Tabela 4.4 os dados referentes aos quantitativos das repetições. 51 Tabela 4.4- Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco C (GODOI, 2014) Classificação Manchas na cerâmica interna Sujeira abaixo das escadas Pintura descascando Fissuras nas paredes Trincas na fixação do corrimão Total Quantidade de repetições 4 4 1 8 4 21 Para uma visualização completa da proporção destas anomalias, é apresentado em forma de gráfico na Figura 4.25 os percentuais correspondentes às ocorrências das patologias encontradas no Bloco C. Figura 4.25 - Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco C (GODOI, 2014) 4.4.4 Bloco D No Bloco D foram visualizadas um total de 19 ocorrências de patologias. Os problema que tiveram mais repetições foram as fissuras, localizadas entre a aberturas das portas e abaixo das aberturas das janelas, e as manchas na cerâmica interna. Na Tabela 4.5 os dados referentes aos quantitativos das repetições. 52 Tabela 4.5 - Quantitativos da ocorrência de patologias no Bloco D (GODOI, 2014) Classificação Quantidade de repetições (%) Manchas na cerâmica interna 5 Sujeira abaixo das escadas 4 Pintura descascando 3 Fissuras nas paredes 6 Trincas na fixação do corrimão 1 Total 19 Para uma melhor visualização da proporção destas anomalias, é apresentado em forma de gráfico na Figura 4.26 os percentuais correspondentes às ocorrências das patologias encontradas no Bloco D. Figura 4.26 - Porcentagem de ocorrência de patologias no Bloco D (GODOI, 2014) 53 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS A análise das manifestações patológicas será apresentada neste capítulo seguindo a classificação em grupos de anomalias mostrados no Capítulo 4. As patologias foram divididas em: - Área interna das edificações; - Área externa das edificações. 5.1 Patologias das áreas internas A Figura 5.1 mostra um resumo dos percentuais correspondentes às patologias existentes nos quatro blocos, para uma melhor análise dos resultados. Figura 5.1 - Porcentagem de ocorrência de patologias no conjunto do Blocos (A a D) (GODOI, 2014) Foi detectado que as patologias com maior número de repetições, em todos os blocos, foram as fissuras nas paredes. Possivelmente por ser a patologia mais simples, e com causas mais comuns na construção, quando as fissuras podem ser visualizadas ao fim da cura do concreto. Também foi observado que as patologias sob influencia do uso e ocupação apresentaram valores percentuais próximos, visto que os blocos possuírem a mesma idade de uso. 54 A análise das patologias foi apresentada considerando cada tipo de patologia e sua ocorrência, em uma comparação entre os blocos. - Manchas na cerâmica interna Essa patologia foi registrada nos quatro blocos do condomínio. Foram observados mais repetições nos blocos A e D, com 5 pontos patológicos em cada um. - Sujeira sob a escada A sujeira na parte inferior das escadas, junto ao encontro dos degraus, foi observada em todos os blocos e em todos os andares. É necessário um cuidado maior por parte dos responsáveis pela limpeza, para que essa ocorrência diminua, ou mesmo seja eliminada. - Pintura descascando O bloco que apresentou o maior numero de repetições dessa ocorrência foi o Bloco B, com 8 pontos de manifestações. No Bloco C foi observado apenas uma manifestação dessa patologia. - Fissuras nas paredes Essa anomalia obteve maior número de incidência, com um total de 31 pontos. O Bloco que possuiu um maior número de incidências é o Bloco A, com 9 pontos. - Trincas na fixação dos corrimãos: Essa patologia mostrou um valor inferior de ocorrências, quando comparados às demais patologias encontradas. O bloco com maior número de repetições foi o Bloco C, com um total de 4 pontos. 5.2 Sugestões de metodologia de reparo para a área interna Quadro 5.1 - Sugestões de metodologia de reparo das patologias da área interna Patologia Fissuras em paredes Metodologia de reparo Proteção da parede com uso de pintursa flexíveis Remoção do revestimento da parede, em aproximadamente 10 a 15 cm, aplicação de bandagem sobre a fissura, aplicação de chapisco externamente à bandagem e recomposição do revestimento Pintura reforçada com uma finíssima tela de náilon Recuperação com uso de selantes flexíveis Manchas na cerâmica Substituição das peças danificadas 55 Quadro 5.1 - CONTINUAÇÃO - Sugestões de metodologia de reparo das patologias da área interna Patologia Descamação da pintura e argamassa Metodologia de reparo Remoção dos fragmentos de tinta com uma raspadeira ou escova de aço, ou lixe a superfície. Caso as rupturas sejam mais profundas, é necessário o uso de massa corrida, e prossiga com a repintura Remoção do concreto solto, posteriormente realizar a Trincas na fixação do corrimão aplicação de resina epóxi na cavidade do concreto, e por na parede fim a aplicação de argamassa no revestimento Elimine a fonte de umidade Descascamento da pintura Sujeira abaixo da escada Remoa os fragmentos de tinta com raspadeira e repinte Realizar a limpeza da região afetada com escova e detergente, enxaguando bem, caso necessário, use o auxilio de limpadora de alta pressão Caso necessário, prossiga com uma repintura 5.3 Patologia das áreas externas As anomalias visualizadas em uma maior quantidade na área externa foram as fissuras nos muros, ferrugens nas grades de proteção e trincas na calçadas. Embora essas patologias tenham uma maior repetição, manifestam-se em pequenas regiões. Ao contrário disso a ocorrência de manchas de umidade e pintura descascando são as patologias com menor número de repetições, porém que apresentam a maior área. 5.4 Sugestões de metodologia de reparo para área externa Como propostas de manutenção e recuperação das manifestações visualizadas na parte externa dos prédios, foi elaborado o Quadro 5.2, com o objetivo de apresentar métodos para a realização de reparos nas respectivas patologias estudadas. Deve-se ressaltar que a metodologia mais eficiente para o reparo de todos esses tipos de patologia só poderá ser definida após estudos e investigações aprofundadas em cada caso. Desta forma será possível tomar providencias com efetivos resultados. 56 Quadro 5.2 - Sugestões de metodologia de reparo das patologias da área externa Patologia Metodologias de reparo Fissuras nos muros Remoção do revestimento da parede em aproximadamente 10 a 15 cm, aplicação de bandagem sobre a fissura, alicação de chapisco externamente à bandagem e recomposição do revestimento. Trincas em paredes Trincas no piso de concreto Manchas de umidade Descascamento da pintura Ferrugem Pintura reforçada com uma finíssima tela de náilon. Recuperação com uso de selantes flexíveis. Proteção com pintura flexíveis. Remoção do concreto solto Aplicação de resina epóxi na cavidade do concreto Aplicação de nova camada de argamassa Criação de juntas de dilatação elástica Utilização de argamassas menos rígidas Substituição do reboco da superfície Eliminição da causa do problema Aplicação de impermeabilizante específico Elimine a fonte de umidade Retire a camada afetada, raspando e lixando a superfície Repinte com tinta de alta qualidade Limpeza do local Lixamento Aplicação de fundo anticorrosivo Realização de nova pintura 57 6 6.1 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS CONCLUSÕES Este trabalho foi realizado com o objetivo de estudar os problemas patológicos do Condomínio Fimiani localizado na cidade de Anápolis-GO. Os levantamentos realizados, objetivaram apenas a apresentação dos resultados, e para a realização da análise, os problemas foram classificados em grupos, quantificados e comparados de acordo com as localizações. Foi observado a princípio, que por se tratar de uma construção nova com aproximadamente dois anos de uso, por meio da análise visual das patologias, não foram encontradas visualmente anomalias significativas. Há a necessidade de controle dos pontos em que são abordados problemas com a água, e respectivamente a umidade. Foi apontado neste trabalho a ocorrência de manchas de umidade, infiltrações, trincas e descascamento das pintura. Estes problemas, que podem ser decorrentes de umidade, não se resolvem com soluções paliativas, principalmente por ocorrerem em sua grande maioria em locais que sofrem a ação natural do tempo e capilaridade da água em relação ao solo. Este estudo pode servir de base para a comunidade técnico - científica, bem como para os usuários em geral. O conhecimento básico de manifestações patológicas primárias, pode ser útil para evitar preocupações exageradas com problemas de pouca gravidade, e da mesma forma alertar para a gravidade de outros tipos de manifestações. Foi observado que o bloco que apontou o maior número de anomalias foi o Bloco B, porém não foi possível identificar nenhuma causa em particular para essa maior frequência de patologias, tudo em vista, que os tipos de patologias encontrados são similares nos demais blocos, e os valores encontrados nos demais blocos não possuem uma diferença exagerada. As patologias visualizadas na parte interna dos Blocos (A a D) são decorrentes principalmente do uso e ocupação da edificação, da falta de qualidade dos materiais e de variações de temperatura na cura do concreto. Enquanto que as patologias encontradas na parte externa sofrem influência principalmente das variações climáticas e do contato com a umidade do solo. 58 6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS O estudo das patologias de uma edificação deve ser constante, com análises periódicas, que vise a detecção de possíveis evoluções das anomalias. Como sugestões para trabalhos futuros, seguindo esse mesmo tema, e possivelmente tendo a mesma construção como objeto de estudo, podem ser considerados como trabalhos futuros: - Estudo aprofundado das causas das patologias apontadas, com ensaios e análises laboratoriais onde for possível; - Estudo aprofundado das trincas do piso externo, para especificações do grau de controle e locais onde devem ser aplicados as juntas de dilatação plásticas, levando em consideração a exposição ao calor, às chuvas e os coeficientes de expansão do concreto; - Estudo das fissuras nas paredes internas, junto com a análise dos projetos estruturais, observando além das vigas, pilares e lajes, as vergas e contra-vergas que apresentaram fissuras nos primeiros anos de uso do prédio; - Estudo aprofundado a longo prazo das infiltrações, avaliando suas possíveis evoluções, que podem afetar a saúde do edifício tanto externa como internamente. Com base em trabalhos de monitoramentos constantes, é possível evitar que os problemas da construção atinjam um nível grave, e até mesmo irreversíveis. 59 REFERÊNCIAS AECweb. Patologias da pintura: saiba evitá-las. Disponível em <http://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/patologias-da-pintura-saiba-evita-las_6272_0_1> Acesso em 10/01/2015. AMORIM, A. A. Durabilidade das estruturas de concreto armado aparentes. Monografia. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Manutenção de edificações – Procedimento, NBR 5674. Rio de Janeiro, ABNT, 1999. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR 6118. Rio de Janeiro, ABNT, 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Impermeabilização – Seleção e projeto, NBR 9575. Rio de Janeiro, ABNT, 2010 BRANDÃO, R. M. L. Levantamento das manifestações patológicas nas edificações, com até cinco anos de idade, executadas no Estado de Goiás. 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